UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI RODRIGO KIRCHNER ROCHA
ENFERMEIRO DE COMBATE/TATICO: UMA ESPECIALIDADE EMERGENTE
SÃO PAULO 2007
RODRIGO KIRCHNER ROCHA
ENFERMEIRO DE COMBATE/TATICO: UMA ESPECIALIDADE EMERGENTE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção de titulo de Graduação do Curso de Enfermagem, da Universidade Anhembi Morumbi.
Orientadora: Profª. Rosana Chami Gentil
SÃO PAULO 2007
K65e Kirchner, Rodrigo Rocha. Enfermeiro de combate/tático: uma emergente/ Rodrigo Kirchner Rocha. – 2007. 20f. : il.; 30 cm.
especialidade
Orientador: Rosana Chami Gentil Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2007. Bibliografia: f. 18. 1. Enfermagem. 2. Medicina de Combate. 3. Medicina Tática. I. Título. CDD 610.73
Epígrafe
Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: Há tempo para nascer, e tempo para morrer; Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que se plantou; Tempo para matar, e tempo de curar; Tempo para derribar, e tempo para edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; Tempo de prantear, e tempo de saltar de alegria; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; Tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; Tempo de guardar, e tempo de deitar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; Tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de aborrecer; Tempo de guerra, e tempo de paz. ECLESIASTES, 3; 1à 8 "E também ouvi a voz do senhor, dizendo, Quem devo eu mandar, e quem irá por nós? Então disse eu, Aqui estou; mande a mim." ISAIAS, 6:8
Resumo
Os Socorristas de Combate operam em um ambiente muito diferente dos serviços de emergência tradicionais, eles prestam atendimento, quando não há ambulância, resgate aéromédico ou pronto socorro. O ambiente que caracteriza as operações de combate e táticas apresentam condições desgastantes e perigosas, com troca de tiros, explosivos, etc., desta forma, modificando as prioridades, bem como o enfoque do atendimento de emergência. Este trabalho tem o objetivo de analisar através de revisão de literatura, publicações referentes à inserção do enfermeiro de combate/tático no mundo e identificar a formação e treinamento necessário para o enfermeiro de combate/tático no Brasil e as transformações ocorridas em sua atuação. Trata-se de um estudo de revisão de literatura considerando materiais localizados nas bases de dados bibliográficos LILACS, SCIELO e BDENF, usando como expressão de pesquisa os unitermos “Medicina de combate” e “medicina tática”, com recorte temporal de 1997 à 2007. Foi procedida a leitura e inclusão dentro das seguintes áreas temáticas: “Historia do APH Militar” e “O Enfermeiro de Combate/Tático”. No Brasil quase sempre os próprios integrantes das equipes especiais com pouco ou nenhum treinamento de APH acabam prestando precariamente o atendimento no local, o Enfermeiro de Combate/Tático poderá integrar grupos de operações especiais das policias e das forças armadas, evitando-se assim a difícil escolha entre arriscar a própria vida e salvar um “operador” ferido através do treinamento adequado.
Abstract
The Combat Medics operate in an environment very different from the traditional emergency services, they provide care, when there is no ambulance, aero medic rescue or emergency room. The environment that characterized the operations of combat and tactics have stressful and dangerous conditions, with exchange of shots, explosives and so on. Thus changing priorities and the focus of care emergency. This work is intended to look through review of literature, publications relating to the inclusion of tactical/combat-nurse in the world and identify the training and training necessary for the tactical/combat-nurse in Brazil and the changes in his performance. This is a study of the review of literature recital materials located in databases bibliographic LILACS, SCIELO and BDENF, using as an expression search the unitermos "Combat Medicine" and "Tactical Medicine" with cut time from 1997 to 2007. It was proceeded the reading and inclusion in the following subject areas: "the PHLS Military History" and "Combat / Tactical Nurse." In Brazil almost always themselves members of the special teams with little or no training in PHLS end precariously providing the service on the spot. Combat / Tactical Nurse can integrate groups of special operations of the police and armed forces, thereby avoiding the difficult choice between risking their lives and save an "operator" cut through the appropriate training.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 6 2. OBJETIVO ..................................................................................................... 8 2.1. Objetivo Geral 2.2. Objetivo Específico 3. MATERIAL E MÉTODO................................................................................. 9 3.1. Tipo de Estudo 3.2. Método de Obtenção do Material 3.3. Período 3.4. Analise dos Materiais 4. RESULTADOS............................................................................................. 11 4.1. História do atendimento Pré-Hospitalar Militar 4.2. Formação e Treinamento do Enfermeiro de Combate/Tático 4.3. Proposta de Formação para o enfermeiro de Combate/Tático no Brasil 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 17 REFERÊNCIAS................................................................................................ 18 ANEXOS .......................................................................................................... 19
6 1. INTRODUÇÃO O Atendimento de combate não é apenas “primeiros socorros”, ou qualquer outro termo eufemistico para, "mantenha-os vivos ate o médico chegar”, os Socorristas de Combate são treinados não apenas para atender, mas para ser a única resposta em casos de obstetrícia, desastre de massa, cirurgia, farmacologia, ortopedia, nutrição e quando não há ambulância, resgate aéromedico, posto de saúde ou pronto socorro, os princípios básicos da medicina de combate não podem ser igualados aos outros tipos de atendimento pré-hospitalar (COMBAT MEDICINE, 2005). O médico tático1 opera em um ambiente muito diferente dos serviços de emergência medica tradicional. Troca de tiros, risco de ataque de armas químicas e explosivos, condições desgastantes e perigosas, todas essas situações caracterizam as operações táticas, desta forma, modificando as prioridades, bem como o enfoque do atendimento de emergência. Guerras e outras operações táticas ocorrem em todas as partes do mundo, e em todas as condições possíveis. Temperaturas extremas são comuns, assim como a exposição prolongada aos elementos da natureza, como o calor, frio, lama e o vento do clima temperado dos ambientes de montanha, selva, deserto e pólos. Além disso, as operações contínuas podem durar 24, 48, 72 horas ou mais, sem a possibilidade de dormir, expondo o operador2 a um cansaço físico extremo. As operações policiais podem ter um tempo prolongado sob condições similares (DE LORENZO, PORTER, 1999). O Brasil gasta 10% do PIB com problemas de saúde provenientes da violência, são mais de R$ 15 bilhões por ano. O professor de Cirurgia do Trauma da Faculdade de Medicina da USP, Renato Sérgio Poggetti, refere que a falta de preparo pode dificultar o atendimento ao traumatizado. Segundo ele, estatísticas revelam que no Brasil cerca de 30% das mortes são resultados de um atendimento ineficaz, quando em paises desenvolvidos esse índice não ultrapassa 2%.
1
Segundo Mc Devitt (2002), o termo “médico” se refere a todo o pessoal tático de campo que exerça a atividade de socorrista, incluindo enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem das equipes de saúde dos grupos de operações especiais Militares e Policiais. 2 Ibid. O termo “operador” se refere ao membro da unidade tática.
7 Mas as causas externas de morte, também denominadas de “trauma”, não param por ai. Mais do que no transito, os brasileiros são vitimas das armas de fogo, das facadas, das brigas, isto é, das chamadas violências interpessoais. No país, estas são as principais causas externas de morte, principalmente nas grandes metrópoles. As estatísticas revelam que quanto menos desenvolvida uma região, mais morte por homicídios ela terá. Basta comparar: enquanto na Europa Ocidental o suicídio é a principal causa de morte por trauma (28,1%), no Brasil são os homicídios, que atingem 27,8% dos óbitos. O índice aumenta em regiões consideradas extremamente violentas, como Recife (PE), onde os homicídios representam mais de 61% das causas das mortes por causas externas. O próprio Ministério da Justiça divulgou que 50% dos homicídios cometidos no País concentram-se em 27 municípios, a maioria capitais. Além de matar, a violência ainda deixa um rastro de sequelados, que perdem suas vidas produtivas e representam um enorme custo social. Dados da Organização Mundial da Saúde demonstram que cerca de 2% da população mundial esta incapacitada em decorrência da violência. O próprio Ministério da Saúde aponta que 800 mil pessoas sofrem de algum tipo de trauma por ano, e mais de 150 mil delas morrem. Segundo o Instituto Sou da Paz, na capital paulista, por exemplo, há seis bolsões de violência, todos eles localizados na periferia, neles, a taxa de homicídio é maior do que 100 por 100 mil habitantes (MOURA, 2006).
Nesse cenário, as armas de fogo se destacam como geradoras de grande morbimortalidade, no Brasil, um dos aspectos mais preocupantes e dramáticos desse quadro contemporâneo da violência, é a mortalidade por armas de fogo, que apresenta incremento ao longo das ultimas décadas e atinge, sobre tudo, adolescentes e jovens do sexo masculino que vivem em áreas metropolitanas densamente povoadas como as periferias dos grandes centros urbanos. Em 2003 40% dos óbitos por causas externas ocorreram devido a homicídios (51 mil óbitos), dentre os homicídios, 70% ou 36 mil óbitos tiveram como instrumento a arma de fogo. Preocupante também é o fato de que as mortes por arma de fogo, no Brasil, apresentam expressivo envolvimento de adolescentes e jovens como autores e vitimas (PERES, 2004). Desta forma a realização desse estudo pretende agregar um corpo de conhecimento teórico que compreende a historia e a formação do enfermeiro de combate/tático, como uma contribuição teórica para formação do enfermeiro de combate/tático no Brasil.
8 2. OBJETIVOS
2.1. Geral
Analisar através de revisão de literatura, publicações referentes à inserção do enfermeiro de combate/tático no mundo.
2.2. Específico
Identificar a formação e treinamento necessário para o enfermeiro de combate/tático no Brasil e as transformações ocorridas em sua atuação.
9 3. MATERIAL E MÉTODO
3.1 Tipo de Estudo
Trata-se de um estudo de revisão de literatura considerando materiais localizados nas bases de dados bibliográficos LILACS, SCIELO e BDENF, usando como expressão de pesquisa os unitermos “Medicina de combate” e “Medicina tática”.
3.2 Método de obtenção do material
Outros materiais foram obtidos por meio de pesquisa não estruturada em bibliotecas locais com consulta a livros-texto consagrados e em sites dos principais órgãos associados na área de medicina de combate e medicina tática.
3.3 Período
Os limites estabelecidos ou critérios de inclusão estabelecidos foram: a) recorte temporal de 1997 a 2007, b) idioma: português e inglês, c) tipo de publicação: artigo cientifico.
10 3.4 Analise dos Materiais
A analise dos materiais foi procedida inicialmente pela leitura critica dos resumos obtidos via pesquisa bibliográfica nas referidas bases de dados bibliográficos. De acordo com a pertinência do resumo com o tema da pesquisa, foi feita a recuperação eletrônica do material completo. Após foi procedida a leitura e sua inclusão dentro de áreas temáticas previamente estabelecidas. Estas áreas temáticas são: “Historia do APH militar”, “O Enfermeiro de Combate/tático”.
11 4. RESULTADOS
Tratando-se especificamente do ambiente pré-hospitalar, muito se tem falado e publicado a respeito, porém, na América latina, a diferença entre o atendimento ao traumatizado no campo de batalha e no trauma civil urbano esta cada vez menor, com o aumento de ataques por grupos terroristas como as Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (FARC), e especialmente no Brasil por facções criminosas aliadas ao narcotráfico, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, e o Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro, que, por varias vezes lançaram mão do emprego de explosivos, granadas, fuzis e táticas de guerrilha, tornaram a população civil vulnerável a situações tradicionalmente enfrentadas apenas por soldados em uma guerra.
4.1. História do Atendimento Pré-Hospitalar Militar
O exercito nem sempre prestou assistência médica durante os combates. Durante a maior parte da historia, os soldados feridos eram abandonados à própria sorte ou dependiam da compaixão dos companheiros para receber atendimento. Uma notável exceção foi o Império Romano, que estabeleceu um sistema de saúde militar com hospitais (valetudinária) nos postos permanentes de fronteira, providenciando atendimento institucionalizado aos seus soldados. Contudo, quando o Império caiu, a idéia de um exercito responsável pela saúde de seus soldados ficou perdida por séculos, o atendimento em campo de batalha reapareceu nos primeiros estados nacionais modernos da Europa, quando os exércitos da França pós-revolucionária organizaram um sistema de atendimento pré-hospitalar que incluía uma unidade de carregadores de padiola (bracardiers) para remover os feridos do campo de batalha e a ambulância voadora ou ambulance volante, do Barão Dominique Jean Larrey, para transportar os cirurgiões para frente de batalha e as vitimas para a retaguarda (PHTLS, 2004).
12 A origem do atendimento tático de emergência moderno se deu por volta de 1792, e também pelo trabalho do Barão Dominique Jean Larrey, cirurgião geral do exercito de Napoleão. Além do desenvolvimento dos princípios da triagem de campo moderna, Larrey desenvolveu um grupo para tratar e evacuar baixas durante a batalha. Em Konigsberg, Larrey liderou pessoalmente as ambulâncias volantes3 no campo de batalha (SZTAJNKRYCER, BÁEZ, EBERLEIN, 2005). O pai da triagem moderna é o Barão Dominique Jean Larre, um cirurgião do exercito de Napoleão. Seu sistema de atender primeiro os soldados mais necessitados de cuidado, independentemente da patente, permanece uma doutrina básica ate hoje. Na guerra civil americana, John Wilson observou que o cuidado aos outros poderia ser expandido se o cuidado para aqueles com ferimentos provavelmente fatais fosse adiado. (DE LORENZO, PORTER, 1999). Infortuitamente, esta abordagem inovadora não foi adotada nos Estados Unidos, e em 1862, aproximadamente 3000 soldados feridos foram deixados sem tratamento por três dias durante a segunda batalha de Bull Run (SZTAJNKRYCER, BÁEZ, EBERLEIN, 2005). O início da Guerra Civil Americana mostrou claramente que nenhum dos exércitos estava preparado para tratar adequadamente as vitimas de combate, “O destino dos feridos esta nas mãos de quem faz o primeiro curativo”. A necessidade absoluta de atendimento pré-hospitalar feita por pessoal treinado, no âmbito militar, foi reconhecida por todos durante a Primeira Guerra Mundial (PHTLS, 2004). Na primeira guerra mundial, a triagem começou a assemelhar-se a métodos modernos quando as ambulâncias motorizadas eram mandadas à hospitais apropriados por pontos de distribuição. A segunda guerra mundial trouxe avanços significativos na sobrevivência, pelo menos em parte por uma melhor triagem. Nas guerras de Koréia e Vietnã houveram refinamentos
3
Ambulâncias Voadoras (aviões) que levavam os médicos ate o front de batalha para realizar cirurgias e traziam feridos para os hospitais.
13 adicionais na triagem no campo de batalha e uma queda importante na mortalidade. A rápida evacuação do campo de batalha para os hospitais de campo foi percebida como um fator chave (DE LORENZO, PORTER, 1999). Na guerra do Vietnam, o conceito de atendimento de baixas sob fogo, evacuação rápida e reanimação, aliada a triagem apropriada, ajudou a reduzir a taxa de mortalidade para 1%, abaixo dos 4.7% da segunda guerra mundial. Apesar de ambos os avanços no atendimento militar de baixas e o desenvolvimento das unidades táticas policiais, pouco foi feito sobre o atendimento médico sob fogo no cenário civil. (SZTAJNKRYCER, BÁEZ, EBERLEIN, 2005).
4.2. Formação e Treinamento do Enfermeiro de Combate/Tático
Segundo HARGREAVES (2000) o Médico Tático deve possuir perfil para esse tipo de atuação. Deve ser uma pessoa com bom equilíbrio emocional, paciente, em boas condições de saúde, ágil, excelente capacidade de concentração, coordenação motora, analise de informações e extremamente disciplinado, capaz de agir sob stress e que tenha capacidade de trabalhar em equipe. Para o mesmo autor o treinamento do médico tático inclui cursos de emergência como Suporte Básico de Vida (BLS), Suporte Avançado de Vida (ACLS), Suporte de Vida no Trauma Pré Hospitalar (PHTLS), Suporte Avançado de Vida no Trauma (ATLS), Suporte Avançado de Vida em Pediatria (PALS) e outros cursos tais como, tiro defensivo, ações táticas, operações aeromédicas, defesa pessoal e comunicações de emergência, como currículo básico. O principal curso ministrado na Escola de Guerra JFK no Fort Bragg, Carolina do Norte é o curso de sargento médico das forças especiais. Este curso é dividido em dois segmentos, no primeiro, de “Médico de Combate de Operações Especiais”, com duração de 24 semanas, fornece o treinamento básico de “trauma do combate” para o pessoal médico de combate das Forças
14 Especiais (F.E.) inclui, anatomia, fisiologia, farmacologia, e o curso “Advanced Trauma Life Support” (ATLS), e treinamento de Técnico de Emergências Médicas - Paramédico (EMT-P). O segundo segmento do curso é o de “Medico de Combate em Operações Especiais Avançado”, que em 20 semanas abrange anatomia e fisiologia, farmacologia, doenças infecciosas, traumas e cuidados (BUTLER, 2002). McDevitt, (2002) acredita que para operações policiais é mais fácil transformar um médico em um “operador” da SWAT4 do que um “operador” da SWAT em um médico pela simples razão de que o médico tem em sua mente que o atendimento ao ferido é sua primeira prioridade. Para operações militares, a primeira prioridade do medico deve ser a segurança da equipe e o cumprimento da missão, podendo ser necessário, por exemplo, deixar de lado interesses médicos e adicionar poder de fogo à situação para atingir esses objetivos. Em um estudo da SWAT, grupos operando nas 200 maiores áreas metropolitanas dos EUA, 69% dos comandantes das unidades indicaram que o atendimento dos feridos foi conduzido por equipes de APH civis em “stand-by” em uma localização segura. Em 94% dos casos, as equipes de APH não tinham treinamento especializado e por isso não estavam aptos a entrar na chamada “zona quente”. Durante a tragédia de Columbine, os operadores táticos foram forçados a retirar as vitimas para uma localização mais segura para triagem e tratamento pelo APH. O Suporte Médico Tático de Emergência (TEMS) tem sido definido como “Suporte medico pré-hospitalar para equipes táticas durante treinamento e operações especiais”. O primeiro curso formal de TEMS foi criado em 1989, e co-patrocinado pelo departamento de policia de Los Angeles e a Associação Nacional de Oficiais Táticos, desde aquela época, houve um enorme crescimento nesse campo, incluindo o desenvolvimento pelo Departamento de Defesa, do Programa de Suporte Médico para Operações Táticas Contra Narcóticos (Counter Narcotics Tactical Operations Medical Support Program - CONTOMS), inúmeros cursos de TEMS particulares em nível nacional e internacional, e o desenvolvimento do técnico de emergências 4
Special Weapons and Tactics: “Armas e Táticas Especiais” unidade de elite da polícia Americana.
15 medicas - tático (EMT-T), se tornou um aspecto integrado de alguns sistemas de emergência medica. (SZTAJNKRYCER, BÁEZ, EBERLEIN, 2005).
4.3.
Proposta
de
Formação
e
Treinamento
para
o
Enfermeiro
de
Combate/Tático para o Brasil
É de conhecimento publico que os serviços de saúde, em particular os de atendimento pré-hospitalar não proporcionam aos seus profissionais, treinamento e condições de trabalho para executar esse tipo de serviço, tão pouco o Estado possui hoje estrutura para viabilizar esse tipo de profissional, que em vista da realidade hoje vivida nos grandes centros torna-se tão necessário. A maioria das 51 mil mortes por ano decorrentes de confrontos armados ocorre no local do trauma ou próximo ao mesmo, antes de as vitimas chegarem a uma unidade hospitalar devidamente hierarquizada pelo SUS. Pessoal não oriundo da área da saúde, quase sempre os próprios integrantes dessas equipes Policiais e Militares, com pouco ou nenhum treinamento acaba prestando atendimento precário no local do confronto ou próximo à linha de frente, expondo-se a riscos de ordem biológica, física, psicológica e as vitimas quando sobrevivem, são transportadas aos hospitais, para dar continuidade ao tratamento. Pode-se evitar a difícil escolha entre arriscar a própria vida e salvar um policial ferido através do treinamento adequado para operar neste tipo de ambiente. No Brasil o Enfermeiro de Combate/Tático poderá integrar além de grupos de operações especiais das policias, como o Grupo Especial de Resgate (GER), Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), Comando de Operações Especiais (COE), Batalhão de Operações Especiais (BOPE), etc.,
16 grupos de operações especiais das forças armadas como o GRUMEC (Grupamento de Mergulhadores de Combate), BFE (Batalhão de Forças Especiais),
COMANDOS
e
PARASAR.
,
considero
importante
a
complementação da capacitação deste profissional com cursos de: Explosivos, Mergulho, Paraquedismo, e Sobrevivência na Selva/deserto e mar, tornando-o um profissional polivalente e aumentando assim sua capacidade de atuação. Também, deve estar capacitado a, realizar triagem de desastre de massa, tratar e evacuar baixas de combate quer sejam de sua própria equipe ou de civis envolvidos nas operações, prescrever medicamentos, acessar e gerenciar emergências de trauma e procedimentos de maior complexidade, auxiliar o médico em procedimentos cirúrgicos de pequeno porte, ter uma visão geral sobre o planejamento de operações de suporte de saúde. Em uma operação militar/policial o Enfermeiro de Combate/Tático pode desempenhar mais de uma função, em um grupo de Operações Especiais todo o homem deve ser treinado, no mínimo, em outras duas especialidades básicas, por exemplo, além de cuidar dos feridos e tratar os doentes, deve saber também regular fogo de artilharia e utilizar explosivos para minar estradas e pontes. Pode-se considerar que a maior fonte de satisfação no trabalho do enfermeiro em unidade de atendimento pré-hospitalar concentra-se no fato de que as suas intervenções auxiliam e são decisivas na manutenção da vida humana.
17 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados desse estudo, conclui-se que é de suma importância para o enfermeiro saber a dimensão do seu campo de atuação, bem como os riscos a ele agregados, este saber compreende o conhecimento quanto à atividade de APH no âmbito policial/militar. A realização desse estudo permitiu agregar um corpo de conhecimento teórico que compreende a historia e a formação do enfermeiro de combate/tático, que se estende à capacidade que o enfermeiro deve ter para que possa reconhecer seu campo de atuação, bem como o conhecimento sobre as intervenções pertinentes, desta forma há maior probabilidade de dispensar uma assistência mais efetiva e com maior nível de qualidade. O Principal resultado do estudo foi uma contribuição teórica para formação e treinamento do enfermeiro de combate/tático, contudo, torna-se necessário a realização de maior investigação, sob a forma de treinamento e aplicação
em
pratica
para
comprovação
dos
apresentados como resultado da pesquisa bibliográfica.
pressupostos
teóricos
18 REFERENCIAS
ATENDIMENTO Pré-hospitalar ao Traumatizado: básico e avançado. Tradução de Renato Sergio Poggetti... et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, 1ª reimpressão da 5ª edição. p. 382 – 418. BUTLER, Frank K. Medical Support of Special Operations In: Pandolf, Kent B. Burr, Robert E. Medical Aspects of Harsh Environments vol.2 chap.37 Borden Institute USA: 2002. COMBAT MEDICINE: The Dark Side of War, Disponível em: . Acesso em: 5 maio. 2007. DE LORENZO Robert A, PORTER, Robert S. Tactical Emergency Care: Military and Operational Out-of-Hospital Medicine. Brady Prentice Hall. USA: 1999. 384 p. HARGREAVES, Luiz Henrique H. Medicina Tática de Emergência In: TIMERMAN, Sergio. et al. Suporte Básico e Avançado de Vida em Emergência Câmara dos Deputados, Centro de Documentação e Informação, Coordenação de Publicações, p. 458 – 477. Brasília: 2000. MCDEVITT, Ian. Tactical Medicine: An Introduction to Law Enforcement Emergency Care. Paladin press USA: 2002. 98 p. MOURA, Aline. Trauma, uma questão de saúde publica. Revista da Associação Paulista de Medicina (APM). São Paulo: Fevereiro de 2006. PERES, Maria Fernando T. (coord.) et al, Mortalidade por Armas de Fogo no Brasil: 1991 – 2000. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. SZTAJNKRYCER, Matthew D., BÁEZ, Amado A., EBERLEIN, Christopher M.: Resident and Faculty Involvement in Tactical Emergency Medical Support. The Internet Journal of Rescue and Disaster Medicine. USA: 2005. Volume 5 Nº. 1. Disponível em: . Acesso em 5 maio. 2007.
19 ANEXO A –
Atendimento de campo, Dia “D” 2ª Guerra Mundial. Fonte: www.archivesnormandie39-45.org
Atendimento em hospital de campanha, Guerra do Iraque. Fonte: www.nursingspectrum.com