E O Sol Voltou A Brilhar

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E O SOL VOLTOU A BRILHAR Petrucio Ps�cografado por Ariston S. Teles INDICE: O COME�O ....................................................... 7 O DRAMA DA FAM�LIA................................ 18 AUMENTAVA O CONFLITO .......................... 32 REMINISC�NCIAS ......................................... 44 OVERDOSE ..................................................... 53 UM PONTO DE LUZ.................................... ... 60 NO RIO DE JANEIRO ..................................... 67 DOLOROSA SURPRESA................................ 75 DESCE UMA LUZ ........................................... 86 O REENCONTRO........................................... 102 O AMIGO OCULTO ....................................... 116 A MENSAGEM ............................................... 125 Na primeira semana de junho/96, fomos visitados aqui no Monte Alverne, durante trabalhos medi�nicos, por um Esp�rito que se deixou ver por v�rios m�diuns. .Em reuni�o de estudo e preces ofereceu-nos, por via psicogr�fica, uma p�gina em que deixou clara sua inten��o de escrever um romance, trazendo a p�blico a hist�ria de um adolescente que cresceu no ambiente sombrio das drogas. c demonstrando desejo de escrever na primeira hora da manh�. Assim foi feito. Durante seis dias, das 5 �s 6 horas, mergulhei na hist�ria. Vvi cerca de quarenta anos em apenas seis dias, de segunda a s�bado. Ao final de cada sess�o, que durava aproximadamente uma ' hora, eu ficava emocionalmente esgotado. O amigo espiritual trazia o firme prop�sito de cumprir uma miss�o. Petrucio � seu nome. Quis apresentar-se com apar�ncia romana e escrevia como se o trabalho j� estivesse pronto no Plano ' Espiritual. � s� isto o que pretendia dizer na apresenta��o desta emocionante hist�ria, agradecendo ao seu autor espiritual a oportunidade de vivenciar profundamente uma situa��o dolorosa e, ao mesmo tempo, gratificante. Ariston S. Teles Bras�lia, Primavera de 1996 Rafael era o mais novo dos dois irm�os, filhos do casal Carmem Medeiro e o eletricista Silvano Medeiro. Moravam na promissora cidade de Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais. Em casa tudo era simplicidade e esperan�a. Nos tr�s primeiros anos do matrim�nio os c�njuges viveram em paz apesar das dificuldades financeiras, mas o necess�rio n�o faltava, at� porque Silvano tinha o emprego que garantia sal�rio razo�vel sem ter que pagar aluguel. A casa era pr�pria. Enquanto o marido trabalhava na f�brica de carrocerias, Carmem, em casa, confeccionava roupas infantis que eram vendidas numa feira livre aos finais de semana. As crian�as nasceram nesse ambiente de tranq�ilidade e alegria. Nada faltava, embora Silvano fosse pessoa inquieta e um tanto insatisfeita com a vida. Isso � normal, principalmente, quando n�o se cultiva

uma religi�o. Era o caso dos dois que iam � igreja cat�lica somente em ocasi�es especiais, cerim�nias de casamento ou batizado. O irm�ozinho mais velho de Rafael chamava-se Wilson. Os dois eram inteligentes e nos primeiros dias de capesar da influ�ncia do Rio de Janeiro Capital do pa�s. O �ndice de crimes e drogas era muito baixo. S� alguns anos depois � que a situa��o iria mudar com a revolu��o s a m�sica no mundo, desencadeando uma s�rie de altera��es nos costumes entre adolescentes e jovens. Quando os meninos do casal Medeiro entravam na adolesc�ncia uma onda de liberdade varria os meios sociais no Brasil, causando problemas e conflitos no seio das fam�lias. Era uma nova gera��o bombareando tabus e preconceitos, chegando �s aias da libertinagem e da desordem. mundo teve que se adaptar aos novos nceitos que a mocidade impunha. A essa altura a pequena fam�lia de 'Ivano n�o andava bem, ele passara a q�entar bares, contraindo o v�cio do �lcool. os finais de semana os filhos n�o toleravam comportamento do pai e sa�am em busca liberdade e alguma distra��o . Enquanto , Carmem permanecia em casa fazendo vontades do homem que j� n�o era o ,mesmo. 9 bl03.txt migos hav�am ins�stido para que ele n�o faltasse ao encontro na noite seguinte. Aqu�lo, no fundo, j� representava um comprom�sso. Precisava rever os companheiros at� mesmo para falar da rea��o que havia sentido durante a noite. O dia transcorreu normal. Apenas uma ansiedade em rela��o ao encontro de loga mais � noite. Na escola, dois colegas que pertenc�am ao grupo de Elvis foram procurar Rafael para dizer que estariam � sua espera no mesmo local � noite. �s 20 horas, o ambiente estava composto no espa�o de Elvis. Eram seis rapazes entre 1S e 23 anos. O mais velho era o chefe. - Ol� Rafael! Tudo bem? - Cumprimentou cordialmente Elvis. E aproximandose com mais intimidade, disse: - Olha, o cigarrinho custa dinheiro. Se voc^e puder colaborar...fique � vontade. Mas n�o precisa se preocupar. Importante mesmo � a nossa am�zade. s Na realidade, Elvis mantinha ali um ponto de venda de maconha e eventualmente outras drogas que eram trazidas por pessoa mais experiente, sempre que necess�rio. Rafael tinha poucos recursos. N�o trabalhava. Era sua m�e quem lhe dava um dinheirinho para os gastos normais de um adolescente que desfrutava de tudo em casa. O tempo passava. Um m�s depois da primeira tragada, Rafael estava dependente. 1� n�o conseguia passar dois dias sem a Joaninha. Seu irm�o come�ou a trabalhar numa loja de cal�ados depois de fazer um curso profissionalizante. Estavam mais afastados um do outro. Havia pouca conversa entre os dois. A mudan�a de comportamento de Rafael era atribu�da � faixa et�ria. "Pessoas nessa idade sempre d�o trabalho." Conseguiu ocultar o v�cio por mais de um ano. Era discreto e quando os pais lhe interrogavam 16 �s atitudes de inesperada rebeldia, argumentar. Em dezembro passou nas 5 e mudou de ano letivo sem Isso dava aos cora��es paternos certo reconforto. O clima dom�stico piorava paulatinaente. S�lvano continuava perturbado. Wilson acabou unindo-se maritalmente a uma

mo�a, quando apenas contava 19 anos, e a m�e entregue � costura e aos afazeres de casa. Alma boa. Vinte anos de casamento representavam longa caminhada para dentro de si mesma. As adversidades e problemas enfrentados com paci�ncia e f�, tornam-se oportun�dades de cresc�mento espiritual. i Em fevereiro do ano seguinte recome�aram as aulas. Rafael n�o desejava retornar ao col�gio, contudo, estimulado pela m�e e pelos professores, assumiu o compromisso por mais um ano letivo, prometendo o poss�vel para corresponder aos anseios dos entes queridos. Se n�o houvesse boa vontade em seu cora��o, certamente abandonaria tudo para ingressar nos grupinhos que o atra�am com as luzes da fantasia e da ilus�o. s Uma voz oculta dizia: "pensa no teu futuro, meu filho! N�o te entregues ao mal; prossegue nos estudos." Concomitantemente outro som chegava aos seus ouvidos: "Aprove�ta a macidade, o futura pertence aos velhos; o que �mporta � gozar a vida enquanto � tempo." Infelizmente n�o tinha discernimento nem for�as para romper em def�nitivo com as sombras. Rafael, apesar do temperamento que se tornava sempre mais dif�cil , era muito estimado pelos professores e colegas. Guardava na alina qualidades indiscut�veis. Simpatia e senso de humor, bondade e desprendimento - eram marcas de sua personal�dade. O uso di�rio da maconha, em contatos clandestinos com o pessoal de Elvis, alteravalhe as energias mais �ntimas quase que despercebidamente. No m�s de junho daquele ano seu professor de matem�tica, Alexandre Silva, � 05.txt Algo precisa ser feito com urg�ncia! O bem tem que vencer! Rafael estudava cada vez menos. As aten��es do professor �s vezes incomodavam. Queria l�berdade, liberdade! Que ningu�m interferisse na sua vida. Ali�s, seus companheiros noturnos tamb�m lhe prestavam "apOio" e "orienta��o". A influ�ncia negativa do grupo pesava muito. Se hauvesse alguma predispos���o � mudan�a, tuda seria mais f�cil , todavia, esp�r�tos sombrios j� estavarn participando efetivamente do processa. O mo�a teria que se levantar, transpor esses obst�culos e buscar novo caminha. Teria que cartar rela��es cam sua turma. Urn transporte dessa ardem n�a � t�o f�cil e uma determina��o que para lograr �xito, depende de muita for�a interior com o aux�lio dos Protetores Espirituais. Rafael estava enfraquec�do, mesmo assim prOsseguiu no Col�gio at� o final do 26 ano, quando ent�o demonstrou total des�nteresse, e desvinculou-se definitivamente dos estudos, apesar do paternal esfor�o do professor Alexandre. Ano seguinte. Novos impulsos nas sendas pedregosas. Rafael agora � visto camo um vagabundo, sem escola, sem trabalho, �ndo a casa somente para descansar e pedir dinheiro � m�e. Ele pr�pr�o sent�a-se marginal�zado como se passasse a pertencer a outra sociedade. Havia descoberto um para�so nas sombras da noite, nessa onda colorida ia caminhando, apesar dos momentos de ang�stia e depress�o, Mil coisas aconteciam na sucess�o dos �ias e das noites. Levado por amigos a conhecer um terre�ro de Umbanda, l� deparou-se cam um outro setor da vida humana. Ali estavam pessoas de v�rias idades, ambos os sexos, em d�vertidas pr�ticas med��nicas.

27 Embora alguns cavalos {m�diuns) tomassem beb�das a�co�licas durante as sess�es, tudo que se dizia era na sentido do bem. Os caboclos e pretos-velhos falavam coisas interessantes a respeito dos visitantes, O recinto apresentava caracter�sticas folcl�ricas: flores, altares, bandeirolas, velas, �ncenso, dan�as, roupas brancas, sendo que o pai de santo, ou seja, o babalorixc� que comandava as cerim�nias, era homem de cor, comunicativo, bondoso e cativante. Os v�sitantes lim�tavam-se em assist�r a tuda, recebendo apl�ca��o de passes � rnoda da casa, enquanto esp�ritos comunicavarn-se ao mesmo tempo, rodopiando, conversando e atendendo indiv�dualmente as pessoas interessadas. Rafael, meio assustado coM o que v�a, lembrou-se de sua rn�e que sempre demonstrou s�mpatia pelas coisas espirituais, levantou-se e foi Ver com urA entidade incOrporada no babalorix�. 28 ~ - M� fio, chega p� perto. Preto V�io vai te aben�o�. �ia, tu ainda � um menino. Percisa de muntia ajuda. Tem muntia coisa imbara�ada na tua cabe�a. Chega pr� c�, m� fio. Rafael, embora estivesse perplexo, com o toque magn�tico do esp�rito amigo, sentiu-se tranq�ilo, e p�s-se a escutar com profundo respeito as paiavras que lhe balsamizavarn o cora��o. - Seu Preto Velho - disse Rafael na sua ingenuidade - eu estou muito contente em falar com o senhor e poder ouvir a sua voz. M�nha m�e j� me disse que eu deveria dar mais import�ncia �s coisas de Deus. Eu ando muito confuso, minha cabe�a realmente n�o est� bem. Se o senhor puder me orientar , eu agrade�o. - Claro, m� fio! � pra isso que n�is tarno aqui. Hoje tem mais gente pra s� atendido, entonce, v� te d� uns passes, mas antes, anota na cabe�a uma coisa: oc� n�o 29 nasceu pra vagabund� , nem pra cher� ne fum� porcaria. Oc� percisa rez� todo dia qu � pra afast� as coisa ruim que te acompanha. Quando Rafael quis levantar-se do toco, em que se acomodava agradecendo com humildade, o mensageiro generoso, segurando-lhe pelas m�os, disse: - T� aqui um papel que oc� vai lev�, vai l� e vai guard�. � u'a li��o que um home um dia escreveu antes de morr�. A entidade amiga, imediatamente entregou ao visitante uma linda p�gina que mais tarde seria deixada com Carmem. Aquela noite foi diferente. Os companheiros de Rafael naquela experi�ncia, talvez n�o tivessem levado t�o a s�rio a sess�o quanto ele. Momento inesquec�vel. Rafael guardaria para sempre as impress�es daquele trabalho espiritual. Sem d�vida, tudo aquilo representava uma cultura afro-brasileira, sem refletir as luzes da atualidade cient�fica, 30 por�m, havia boas inten��es com elevado prop�s�to de amor ao pr�x�mo. O que estaria escrito na p�gina que mereceu tanto carinho? Rafael achou por bem dorrnir em casa, despedindo-se dos amigos por volta das 24 horas, ap�s o encerramento das atividades espirituais no terreiro de Pai Asa Branca. Antes de dormir leu a mensagem, na presen�a de sua m�ezinha. Relatou as experi�ncias da noite, que Carmem ouviu com grande respeito. Pediu-lhe, em seguida, que guardasse a referida p�gina e p�s-se a dormir. 31

u~v ~r Nosso jovem respirava dentro de uma teia de vibra��es antag�nicas, e assim o problema se complicava dia ap�s dia. Ora perdia o apetite,~ ora tinha fome de le�o. L�bios ressequidos, p�lpebras intumescidas e dormia pouco. O sistema nervoso descontrolado, �mpetos de agressividade, mente obnubilada e o cora��o j� assinalava certa disritmia. A alma oscilava entre a sensa��o de euforia que a droga proporciona e a dolorosa 32 depress�o das horas em que o organismo reclamava a falta dos estimulantes. Depend�ncia org�nica e psicOl�g�ca. Nada que pudesse substituir as efeitos sensacionais e degenerativos do v�cio. A essa altura j� estava usando outros aditivos como coca�na e at� mesmo cOla de sapateirO. O trabalho de adapta��o,supera��o e reposi��o qu�mic� do organ�smo � �ntenso e desgastante. O cOrpo absorve esses elementos agressivOs dentro de certo l�mite de resist�ncia at� um dia. Ningu�m viola as leis da natureza �mpunernente. QuandO come�ava a sentir dores no cora��o, recorria a algum tranq�ilizante e ficava tr�s ou quatro dias liberadO. Em seguida o impulso parecia mais forte e irresist�vel. Elvis, seu l�der, t�nha orienta��o para esses e outros casos, exercendo cantrole sobre os rapazes, dos quais, ali�s, dependia para o cansumo e distribui��o dos produtos. 33 Ele mesmo usava pouca droga. . Precisava estar l�cido para n�o perder o dom�nio da situa��o. Afinal era chefe de um grupo que n�o podia ser dispersado. No ateli� ou noutros pontos come�aram a surgir diferentes manifesta��es de comportamento. Numa certa ocasi�o, na ch�cara de outro amigo, apareceram dois rapazes viciados que moravam juntos...eram "casados". Rafael j� havia se deparado com homossexuais por v�rias vezes, contudo, ainda n�o tinha visto situa��o t�o ex�tica um casal de homens. O mal quase sempre atrai e desencadeia outros males. A promiscuidade nasce de algum desequih'brio aparentemente sem import�ncia, assim como o inc�ndio de uma floresta p�de ter origem numa pequenina chama. 34 Na noite em que dormiram todos na mesma casa, sendo um dos quartos ocupado pelo "casal", Rafael passou muito mal. Sua alma entrou num vazio insuport�vel e a consci�ncia ardia que nem fogo. Em plena madrugada resolveu sair sozinho pelo campo. Onde surgiu uma cancela aberta ele entrou at� descobrir um riacho. �gua cristalina a refletir as �ltimas estrelas. O vento fresco da manh� constituia refrig�rio para sua alma cansada e triste. Sentou-se numa pedra, e, mergulhando os p�s e as m�os na �gua, lavou o rosto. Acalmou o cora��o. Nesse momento lembrou-se de sua m�e e sentiu sua falta. Recordou-se da morada e trouxe � tela mnem�nica recorda��es da inf�ncia e do Col�gio. A figura do professor Alexandre surgiu-lhe na mente de tal forma que lhe abalou o campo emocional e teve �ntima saudade do grande amigo que tantas vezes lhe estendera as m�os. 35 Rafael continuava sentado, impass�vel. De s�bita, levantau os olhos e viu a sol

nascendo par tr�s do horizonte azul bordado de nuvens rosadas. O quadra manifestava beleza indescrit�vel. Em seguida, por�m, ele abaixou a cabe�a e se mirou no espelho l�mpido das �guas. Havia dolorosO contraste entre o sol nascente e sua express�o facial. - Meu Deus, este sou eu? Envelheci bastante. Estou desfigurado e feio. Perdi o respeito a mim mesmo - refletia. Vale assegurar que naquela mesma hora, �s cinco e meia da manh�, Carmem estava em prece, projetando vibra��es amOrosas aa filho desgarrado. Na sala de costura, sazinha, segurando um cruc�fixo, dirigia-se a Jesus, dizendo em pensamentO; - Senhor, cuida de meu filho. Sei que tu tens piedade de todas n�s e est�s sempre a nas proteger, mas, � um cora��o de m�e que 37 Mais tarde, voltou e disse � Carmem: - Eu havia esquecido de lhe dizer que conheci uma m�e que talvez sofra mais que voc�. � a m�e da Telma - Concluiu. - Quem � Telma, meu filho? - � uma j�ia que fiquei conhecendo no meio da gandaia. Ela tem dezoito anos, � bonita, gostou de mim e usa droga a dois anos. - Fale mais da Telma - pediu a genitora. - Bem. Eu estava, semana passada, no Clube X, numa rodinha de amigos, quando ela chegou e me foi apresentada. Dali sa�mos os dois para um local onde pod�amos curtir uma "viagem". Ela tinha coca�na no bolso, e foi nessa que embarcamos. Dali fomos a um jardim e l� descobrimos que nos am�vamos. : Depois fui lev�-la em casa. A m�e me agradeceu e conversamos muito. Gente fina! - Cuidado, meu filho! O relacionamento de homem com mulher � muito delicado. Mas vou pedir a Deus para que a ' Telma seja algu�m a trazer luz ao teu cora��o. . 38 De repente as dois juntos poder�o encontrar a reden��o. - � isso a�, mam�e! T� feliz. Dizendo isso, Rafael saiu apressado. Os dois toxicomanos, ligados por rnister�osos la�os, encontraram-se v�rias vezes. - Telma, eu quero que vac� veja um poema que tenho guardado. Rapidamente fai em casa e trouxe a mensagem da Preto Velho. Leu-a em vaz alta, mas, para sua decep��o, Telma soltou uma gargalhada e disse: voc� acred�ta nisso? Jesus � uma figura criada pelos rel�giosos, ass�m como as personagens do Walt Disney. - Tudo bem! Minha m�e guarda esta p�gina cam muito carinho. - arrematou. O amor entre dois seres � com a �gua: pode ser pura ou polu�da, cristalina ou lamacenta. Para permanecer pura e saud�vel a �gua deve receber tratamento especial em vaso limpo; o amar tamb�m pede prote��a, 39 precisa que o rec�piente da alma esteja preparado contra as investidas da vicia��o do ci�me doentio, da maledic�ncia e d agressividade. Bonito o relac�onamento dos dois, por�m era constantemente perturbado pelo tipo de vida que levavam. Numa determinada circunst�ncia, quando ambos conversavam � sombra de uma �rvore, Telma quis saber o significado de uma tatuagem que ele trazia no antebra�o esquerdo. - Eu j� te disse: � um p�ssaro que simboliza a liberdade. Tenho pressentimento de que sou uma ave que ainda vai voar e encontrar o seu ninho bem longe daqui esclareceu. Liberdade - eis a quest�o. Todos anseiam ser livres mas s�o poucos os que sabem se movimentar no espa�o do livrearb�trio sem invadir o terreno alheio e sem violar as leis divinas. A� vem a rea��o da Lei na forma de sofrimento e defici�ncias.

- Rafaelzinho, - disse a namorada tenho que ir. Minha m�e anda muito nervosa e preocupada. Ali�s, ela est� vindo em nossa dire��o. Dona Yolanda chegou e disse: - Telma, vim � tua procura porque teu tio Am�ncio est� de f�rias e se acha em nossa casa, conforme sabes. Ele pretende viajar de volta amanh� ou depois e deseja tua companhia. Enquanto as duas seguiam andando pelo jardim, a bondosa genitora continuava o assunto: - Acho que seria bom passares uma temporada longe daqui. Talvez l�, com a prote��o de teus tios, possas ser submetida a algum tratamento cl�nico. Que pensas? - �...eu gosto muito do tio Am�ncio e da tia Anita, contudo, n�o queria ficar distante do Rafaelz�nho. - � por pouco tempo, filha. N�o faz bem ficarmos muito tempo num s� lugar. 41 A mudan�a de ambiente e clima traz nov �nimo e navas exper��ncias. - Vou pensar - cancluiu Telma sem ocultar uma certa preocupa��o. Dia seguinte Telrna deixava uma carta na resid�ncia de Rafael, ernbarcando imed�atarnente. Posteriormente Rafael ficou sabendo que sua querida namorada havia partida para uma terra long�nqua, sem dizer quando afinal retornar�a. Mais tarde foi informado de que a fam�lia da mo�a resolvera mudar de Ju�z de Fora. O rarnpimenta fo� abrupto e inesperado. 4 amor sempre finca ra�zes na . alma. E uma planta que n�a deve ser violentada; por isso Rafael sofreu bastante a falta de sua conf�dente, seu amor. A vida prossegue. Meses, anas...altos e baixos... O rapaz continua na mesma, n�o obstante receber tanta ajuda. Cam a passar 42 do tempo a mente desgastava-se e a sa�de como um todo se esv�olava lentamente, sem que o "paciente" rsvelasse leg�tima vontade de recupera��o. Ali�s, a dificuldade ma�or de liberta��o nesses casos reside exatamente no enfraquec�mento da vontade. Entretanto, a luz da esperan�a nunca se deve apagar. Deus � pai que determina a evolu��o de todos os seus filhos. A desgra�a de qualquer criatura se reflete no Universo assim como a fel�cidade de algu�m repercute positivamente no Infinito. Ningu�m ca� sozinho e ningu�m sobe sem abrir rastros luminosos em favor de todos. 43 REMINISENCIAS Rafael, a cada dia, mergulhava um pouco mais. Em casa, sua m�e representava uma luz alimentada pela f�. O filho-problema tornou-se objeto de suas ora��es d��rias. Conversando com o esposo ou algu�m de fora sobre o assunto, ela dizia: Rafaelzinho n�o � pessoa m�; apenas adoeceu. � uma doen�a que torna a criatura incapaz de reagir favoravelmente. Sozinho, sei que ele se torna ainda mais debilitado. Debaixo de acusa��o e censura, busca compensa��o de outra 44 forma. Meu filho precisa de muita compreens�o e preces. Em contato com uma vizinha, ela comentou: - Silvano virou as costas ao filho, afirmando ser incapaz de ajudar; eu, por�m, continuo achando que Rafaelzinho vai se libertar um dia. N�o sei quando, mas ele n�o est� nem estar� desamparado. Tenho conversado com outras m�es v�timas do mesmo drama. .Algumas est�o efetivamente desesperadas, outras chegam a desejar a morte para o filho. Eu penso o contr�rio: esses rapazes ca�ram em armadilhas e,

n�o dispondo de for�as para se reerguer, t�m que ser socorridos. Quem sabe, todos temos uma parcela de culpa: a sociedade, o Governo, os professores, os pais. O problema � de todos. Em minhas preces tenho recebido a luz da compreens�o. Enquanto Carmem permanecia na resid�ncia ao lado, dialogando com a amiga, 45 Rafael entrou em casa, abriu a geladeira, tomou �gua e deixou sobre a mesa uma carta. Estava apressado, por isso, n�o esperou a m�e. Momentos depois, Carmem, ao chegar, verificou a exist�ncia do respectivo envelope. Logo percebeu tratar-se de carta escrita pelo filho amado. Sentou-se...eram 9 e meia da manh�...Abriu o envelope e leu a missiva. Minha querida m�e, beijos. Voc� me comove. Penso sempre em voc�. Sei do seu sofrimento. No come�o at� pensei que tudo fosse voltar ao normal. N�o consegui. Eu tamb�m tenho sofrido. N�o desejo a ningu�m ter a vida que eu levo. As noites que fico fora de casa s�o mais tristes. N�o estou inconsciente e n�o sou o filho-rebelde que muita gente acha. Estou escrevendo para lhe dizer aquilo que pessoalmente n�o consigo, entende? Sou 46 traido pelas minhas emo��es. Tamb�m ocorre o seguinte: vejo nas pessoas um olhar de censura que me constrange e me humilha. Uoc� sabe, s� voc� sabe que eu n�o sou o que pensam por a�. Sou uma pessoa que est� vivendo uma experi�ncia interessante, fazendo parte de uma minoria discr�m�nada pela sociedade hip�crita. M�e, n�o quero faz�-la sofrer ainda mais. Minha presen�a em casa � um espinho no seu cora��o. Vou tirar esse espinho, t� legal? Hoje decidi afastar-me de casa. Papai . vai sentir-se aliviado. Claro! E um torto querendo desentortar os outros. Mesmo assim, fica aqui um abra�o pra ele. Se ele vier pra casa hoje, diga que eu j� n�o estou aqui. Vou morar com amigos, tentando trabalhar de alguma forma. Preciso de dinheiro como qualquer ser humano normal. E eu sou normal. Sou produto de uma m�quina diab�lica - a organiza��o social hip�crita que os homens constru�ram. 47 N�o deixo meu endere�o porque ainda n�o sei prec�samente ande vou ficar. Lugar definitivo sei que n�o vou ter. Um amigo anteantem me convidou pra f�car no s�t�o dele. N�O dou o endere�o porque l� ele mexe com droga e quer que tudo fique em sigilO. M�e, n�o se preOcupe mais comigo. VOu Me cu�dar na medida do poss�vel. Continue rezando. Qualquer d�a eu passo aqui. Ah! eu ia esquecendo: diga a Wilson que eu gosto dele e Csendo seu irm�O. Que tamb�m n�O se esque�a de mim. Beijos! Rafaelzinho Carmem leu a carta sem conseguir cantrolar o pranto. Num gesto de extrema amargura, molhou o papel carn as pr�prias l�grimas e depo�s beijou a ass�natura do filho. F�cou d�f�cil trabalhar naquela manh�. E agora? Encomendas urgentes, visitas, as almo�o a preparar...Wilson ficou de vir almo�ar com ela naquele dia. E agora, o que fazer da v�da? O espa�o em volta tornara-se sombrio. O cora��o estava despeda�ado. A f�, por instantes, cedeu lugar a uma total desola��o. Em seguida foi ao quarto e prostrou-se numa poltrona. A casa estava fria que nem um c�rcere. F Vinte minutos depois, levantou-se e saIu pelas ruas, sedenta de paz e al�vIo. Na pra�a mais pr�xima uma igreja t�nha as portas abertas. Passou pelo jardim que nem uma sombra e, sentindo que trazia no cora��o uma grande ferida, adentrou o templo. Dentro, um agrad�vel sil�ncio. Havia apenas um pianista ensaiando m�sicas que seriam apresentadas logo mais � noite em cerim�nia de casamento.

C 49 dourados e encantadores, quando conheceu e se casou com Silvano. Os meses de namoro, as promessas de uni�o e harmonia, as estrelas da esperan�a, um pal�cio de sonhos onde suas almas passariam a viver. Os ilhos que seriam recebidos e educados com alegria e dedica��o. Qualquer sacrif�cio seria superado , pela presen�a do amor, que um dia naquela ' mesma �greja seria aben�oado por um sacerdote do Evangelho. V'mte anos depois, tudo mudou. Dura realidade. Ap�s um lindo d�a coberto de flores perfumosas, ca�ram as sombras de uma longa e dolorosa noite. Carmem viajou por aquele mar de recorda��es enquanto vibrava aos seus ouv�dos as harmonias do �rg�o. Naquele amplo audit�rio, ladeado de altares, ela estava sozinha... e sozinha adormeceu. Mais tarde, por volta de meio-dia, algu�m lhe toca no ombro. Era o zelador da so igreja, avisando que as portas seriam fechadas. Despertou e agradeceu. Enquanto reassumia a normalidade de sua consci�ncia, via tudo azul em volta. Mensageiros espirituais ali estiveram, derramando luminosas p�talas de consola��o e amor. Carmem fez uma prece silenciosa e saiu em paz, de volta ao lar, onde Wilson estaria � sua espera. Realmente l� estava o rapaz, � porta, conversando agradavelmente com D. Helena - a vizinha amiga. Aquela senhora, ali�s, era um arrimo para a alma combalida de Carmem, nas horas mais dif�ceis. � sempre assim. A miseric�rdia dos C�us est� presente em toda parte. Mesmo quando tudo parece ru�nas cobertas de trevas; adiante, m�os invis�veis descortinam horizontes de paz. 51 Wilson e Carmem entraram. Ela relatou o �ltimo acontecimento, sem se alongar. O filho, observando que n�o havia comida pronta, convidou a m�e para almo�ar fora. Durante duas horas de conv�vio, Wilson encheu o cora��o materno de boas not�cias: fora promovido no emprego...Resolvera casar-se oficialmente com a jovem com quem convivia h� alguns anos...Ganhara uma bolsa para estudar nos Estados Unidos...e dentro de sete meses Carmem estaria ganhando seu primeiro neto. Quanto reconforto, meu Deus! Novas e belas paisagens na longa estrada do destino. Sementes de renovadas alegrias acabavam de ser plantadas em seu cora��o. 52 As festinhas dos primeiros tempos, na casa de Elvis, tinham um colorido que acabou. Agora tudo aparecia em preto e branco. Ingratid�o de amigos, antigos colegas que fingiam n�o conhec�-lo, inseguran�a e saudades de Telma. A cena do �lt�mo encontro borbulhava no espelho de sua mem�ria. Dona Yolanda chegara a pensar que os dois, se levassem vida saud�vel, formariam um belo casal. 53 Telma, sob forte influ�ncia dos tios, despediu-se do rapaz friamente, com . esperan�a de fazer um tratamento m�dico e retornar imediatamente. Nos seus olhos, por�m, havia um brilho diferente que tocou profundamente a alma de Rafael. - N�o fique preocupado, meu bem! Meus tios me prometem o melhor poss�vel. Tio El�i para mim � um segundo pai. Volto breve - concluiu.

Os dois estavam bem naquele momento. Choraram juntos e puderam refletir um pouco sobre o futuro. Um senso de responsabilidade movia-lhes o esp�rito. - S� pe�o uma coisa, Telma, onde voc� estiver; pense em mim. Tenho receio de que a gente n�o volte a se ver. - Se eu tivesse essa mesma impress�o - respondeu a mo�a - desistiria de viajar. Sei que volto. Fique tranq�ilo. Adeus! Ser� que havia verdadeiro amor naquele relacionamento? Talvez um dia a pr�pria vida responda. De quando em quando, o cora��o de Rafael se enchia de tristeza e saudade. Pensava: Telma foi a �nica mulher que amei nesta vida. Sua aus�ncia machuca minha alma. Ap�s dois meses de conv�v�o , separamo-nos pela primeira vez. Sua aus�ncia d�i muito. Antes eu n�o valorizava tanto 0 sentimento que nos ligava; hoje, por�m, sinto o quanto a sua presen�a signif�ca para mim. Quando se perde algo � que se reconhece o real valor. �... talvez ela se recupere e volte pra me ajudar. Sozinho a caminhada � mais dif�cil... Nosso jovem continuava conjecturando, enquanto brincava naturalmente com um galho seco entre as m�os. Prosseguia: Sinto-me cada vez mais desamparado e s�. Sei que ningu�m tem culpa. H� mais de uma semana n�o vejo minha m�e. Ela n�o pode sair � minha procura todos os dias. Trabalha muito. Minhas amsiezades s�o alimentadas pela droga. 55 dourados e encantadores, quando conheceu e se casou com Silvano. Os meses de namoro, as promessas de uni�o e harmonia, as estrelas da esperan�a, um pal�cio de sonhos onde suas almas passariam a viver. Os ilhos que seriam recebidos e educados com alegria e dedica��o. Qualquer sacrif�cio seria superado , pela presen�a do amor, que um dia naquela ' mesma �greja seria aben�oado por um sacerdote do Evangelho. V'mte anos depois, tudo mudou. Dura realidade. Ap�s um lindo d�a coberto de flores perfumosas, ca�ram as sombras de uma longa e dolorosa noite. Carmem viajou por aquele mar de recorda��es enquanto vibrava aos seus ouv�dos as harmonias do �rg�o. Naquele amplo audit�rio, ladeado de altares, ela estava sozinha... e sozinha adormeceu. Mais tarde, por volta de meio-dia, algu�m lhe toca no ombro. Era o zelador da so igreja, avisando que as portas seriam fechadas. Despertou e agradeceu. Enquanto reassumia a normalidade de sua consci�ncia, via tudo azul em volta. Mensageiros espirituais ali estiveram, derramando luminosas p�talas de consola��o e amor. Carmem fez uma prece silenciosa e saiu em paz, de volta ao lar, onde Wilson estaria � sua espera. Realmente l� estava o rapaz, � porta, conversando agradavelmente com D. Helena - a vizinha amiga. Aquela senhora, ali�s, era um arrimo para a alma combalida de Carmem, nas horas mais dif�ceis. � sempre assim. A miseric�rdia dos C�us est� presente em toda parte. Mesmo quando tudo parece ru�nas cobertas de trevas; adiante, m�os invis�veis descortinam horizontes de paz. 51 Wilson e Carmem entraram. Ela relatou o �ltimo acontecimento, sem se alongar. O filho, observando que n�o havia comida pronta, convidou a m�e para almo�ar fora. Durante duas horas de conv�vio, Wilson encheu o cora��o materno de boas not�cias: fora promovido no emprego...Resolvera casar-se oficialmente com a jovem com quem convivia h� alguns

anos...Ganhara uma bolsa para estudar nos Estados Unidos...e dentro de sete meses Carmem estaria ganhando seu primeiro neto. Quanto reconforto, meu Deus! Novas e belas paisagens na longa estrada do destino. Sementes de renovadas alegrias acabavam de ser plantadas em seu cora��o. 52 As festinhas dos primeiros tempos, na casa de Elvis, tinham um colorido que acabou. Agora tudo aparecia em preto e branco. Ingratid�o de amigos, antigos colegas que fingiam n�o conhec�-lo, inseguran�a e saudades de Telma. A cena do �lt�mo encontro borbulhava no espelho de sua mem�ria. Dona Yolanda chegara a pensar que os dois, se levassem vida saud�vel, formariam um belo casal. 53 Telma, sob forte influ�ncia dos tios, despediu-se do rapaz friamente, com . esperan�a de fazer um tratamento m�dico e retornar imediatamente. Nos seus olhos, por�m, havia um brilho diferente que tocou profundamente a alma de Rafael. - N�o fique preocupado, meu bem! Meus tios me prometem o melhor poss�vel. Tio El�i para mim � um segundo pai. Volto breve - concluiu. Os dois estavam bem naquele momento. Choraram juntos e puderam refletir um pouco sobre o futuro. Um senso de responsabilidade movia-lhes o esp�rito. - S� pe�o uma coisa, Telma, onde voc� estiver; pense em mim. Tenho receio de que a gente n�o volte a se ver. - Se eu tivesse essa mesma impress�o - respondeu a mo�a - desistiria de viajar. Sei que volto. Fique tranq�ilo. Adeus! Ser� que havia verdadeiro amor naquele relacionamento? Talvez um dia a pr�pria vida responda. De quando em quando, o cora��o de Rafael se enchia de tristeza e saudade. Pensava: Telma foi a �nica mulher que amei nesta vida. Sua aus�ncia machuca minha alma. Ap�s dois meses de conv�v�o , separamo-nos pela primeira vez. Sua aus�ncia d�i muito. Antes eu n�o valorizava tanto 0 sentimento que nos ligava; hoje, por�m, sinto o quanto a sua presen�a signif�ca para mim. Quando se perde algo � que se reconhece o real valor. �... talvez ela se recupere e volte pra me ajudar. Sozinho a caminhada � mais dif�cil... Nosso jovem continuava conjecturando, enquanto brincava naturalmente com um galho seco entre as m�os. Prosseguia: Sinto-me cada vez mais desamparado e s�. Sei que ningu�m tem culpa. H� mais de uma semana n�o vejo minha m�e. Ela n�o pode sair � minha procura todos os dias. Trabalha muito. Minhas amsiezades s�o alimentadas pela droga. 55 � medida que o tempo passa percebo maiores dificuldades. � corno se eu estivesse andando num deserto cheio de dunas e pedregulhos, cercado apenas por miragens. Os amigos me d�vertem rnas n�o me oferecem seguran�a. Uma vez rninha m�e disse que eu seria amparado pelo Cristo. Sinceramente n�o acredita. Se isso fosse verdade, ele j� teria feito alguma coisa por mim. Jesus certamente se esqueceu de mim. Tem mais com que se ocupar. Mais tarde, por volta das vinte e uma horas, Rafael estava no "s�tio", em companh�a de dois jovens com o mesmo drama. Naquela noite nosso irm�o achou que devia "afogar a saudade", e ent�o injetou nas veias uma dose excessiva de coca�na, Imediatamente entrou em convuls�o. Os companheiros puseram-no num carro e deram entrada no hospital. A crise teria

sido fatal se n�o fosse a habilidade dos m�dicos em plant�a. 56 Quinze dias internado. Al�vio para ele ' e para a fam�lia. Carmem continuava esperan�osa. Depois que o filho foi submetido a processos de desintoxica��o, mostrava-se renovado e sereno, embora estivesse sob constante efeito de tranq�ilizantes. Nas visitas, Carmem aproveitava para ler mensagens esp�ritas ao lado de Rafaelzinho. Ela, embora n�o estivesse ligada a nenhuma institui��o, aprendera a gostar da ; literatura kardequiana. - Filho, falei hoje com seu pai, e t achamos que voc�, logo que receba alta, deve ir para nossa casa. Que pensa? Rafael, debilitado pelo sofrimento, aqueesceu ao apelo discreto da m�e. Semanas agrad�veis e tranq�ilas. Enquanto Carmem costurava; o filho, de m�os no bolso ou tomando caf�, ia ouv�ndo coment�rios da m�e que, � medida que passava o tempo, revelava-se mais serena e mais compreensiva. 56 As fugas prematuras denotavam as longas noites insones, preocupada com o paradeiro de Rafaelzinho. Resignara-se finalmente, gra�as ao conhecimento assimilado na Doutrina que os C�us puseram em suas m�os. O rapaz ficou 38 dias em casa. O caf� e o c�garro acalmavam-Ihe os �mpulsos. � noite, o sono era sempre agitado. - Mam�e, essa noite sonhei com um "cara" muito simp�tico- disse certa feita - me chamando para uma festa. - Filho, embora voc� n�o leve a s�rio muita coisa que eu digo, devo esclarecer que esse "cara" certamente � algu�m que vive do outro lado: um esp�r�to malfeitor, tentando persuadi-lo a retornar ao ambiente degradado das infelizes criaturas que se afastaram de Deus. Tome cuidado! No trig�simo nono dia de perman�ncia em casa, desentendeu-se com o pai e saiu sem dizer quando voltava. 58 Na primeira esquina deparou-se com um velho companheiro de devaneios e aventuras. Dali seguiram para a cidade vizinha de Tr�s Rios, onde um traf�cante do Rio de Janeiro mantinha um ponto de vendas. Mais uma armadilha! Rafael foi novamente tragado pelas sombras. 59 UM 'OP'ho D� LUZ Longo per�odo de rotina no submundo de prazeres doentios. Em meio a tanta perturba��o e promiscuidade fica at� dif�cil sonhar. Se n�o houvesse alguma prote��o a n�vel espiritual, tudo seria resumido a lama. Rafael oscilava entre o labirinto pernicioso e os intervalos de refazimento e repouso ao lado dos pais. Em casa j� havia um estado de aceita��o. Nada ou quase nada podia ser feito. Muitas tentativas com terapias diversas tinham sido encetadas, sem maiores resultados. � A conclus�o era simples: o rapaz estava doente. O tratamento exigia a participa��o decisiva dele mesmo, entretanto, n�o se verificava essa disposi��o. � prec�so pensar numa or�enta��o preventiva nas escolas antes que problemas dessa ordem se manifestem, gerando tanto sofrimento no seio das fam�lias. O Cristo disse "faz por ti que o C�u ajudar�." comentava Carmem, demonstrando, a essa altura, elevado espirito de compreens�o. Rafael assemelhava-se a folha seca levada pelos ventos para qualquer lugar. O irm�o, que havia conhecido os Estados Unidos, tendo estudado na Fl�rida , ultimamente resolveu morar l� com mulher e filhos. Era um bom profissional, o que

ali�s , aumentava o conflito de Rafael. As pessoas comparavam sempre, de tal forma que, quando o drogado passava nalgum lugar, algu�m d�zia: l� vai o �rm�o de W�lson. 61 A fam�lia carregava verdadeiro estigma, e Silvano encontrava nesse fato motivo para se . ausentar ainda mais, buscando at� mesmo aventuras extraconjugais. Carmem tinha consci�ncia de tudo, sem se perturbar. Enquanto o marido aderia �s for�as sombrias, ela mergulhava a mente nas claridades da ora��o. - Confio na bondade infinita de Deus - exclamava sempre. Um dia, teve duas surpresas: pela manh�, logo cedo, o carteiro lhe trouxe correspond�ncia de Wilson: uma linda carta acompanhada de muitas fotografias. Belas e confortadoras not�cias! As fotos evidenciavam tudo que ele dizi~a: sucesso no trabalho, a esposa aprendia ingl�s, as crian�as estavam felizes na escola... A provid�ncia Divina � s�bia. A Lei da Compensa��o age em tudo. Ningu�m sofre sem justo merecimento, mas a miseric�rdia dos C�us � infinita. � tudo feito proporcionalmente. 62 ~ Ningu�m reclame nem exija o que talvez n�o mere�a. Que cada um procure entender os des�gnios de Deus e agrade�a ; constantemente. Serlamos todos fel�zes se, no pret�rito, houv�ssemos semeado somente as sementes da felicidade. Isto, por�m, n�o aconteceu com ningu�m. Pois bem...Apesar da aus�ncia de Silvano e Rafael, aquele foi um dia de conforto para seu esp�rito at� �s dezessete horas, quando chegaram � sua res�d�nc�a dois guardas de tr�nsito, informando que seu marido acabara de falecer num acidente de carro. Noite de muito sofrimento. Ela n�o admitia facilmente a hip�tese de viver sozinha. Devia mesma carregar a cruz da saudade at� o fim? O filho com quem mantinha la�os de afinidade mudou-se para outro pa�s. Agora, o companheiro que, apesar das dificuldades de relacionamento, partia, deixando no seu cora��o mais um espinho. 63 Andar pelo deserto das prova��es sozinha, isso � terr�vel - pensava durante o vel�rio por toda a noite. Notando que sua f� estava sendo perturbada, procurava reassumir o comando da mente e corrigia: bem, preciso confiar em Deus e seguir o exemplo de Jesus. Ele dizia que nos resign�ssemos porque estaria conosco todos os dias at� a consuma��o dos tempos. Nessa ocasi�o, orientada por amigos de determinada institui��o, decidiu estudat O Evangelho Segundo o Espiritismo em casa, uma vez por semana, com a presen�a de dois casais da vizinhan�a. De certa forma, sentia-se agora mais livre para viver conforme os conceitos do Cristianismo. No d�a seguinte, por�m, a sensa��o de vazio era imensa. Sua sa�de, que n�o era boa, come�ava a dar sinais preocupantes. Trazia um problema cong�nito no cora��o que , pouco a pouco, vinha � tona. Com a aus�ncia dos filhos e o falecimento do marido, sentiu 64 Os irm�os do Grupo fizeram-se presentes a todo momento, deixando no ambiente vibra��es de serenidade e paz. O pequeno n�cleo de estudo e ora��o que j� se reunia duas vezes por semana, ma�s uma vez revelava-se fonte de renova��o e luz. O c�rculo de amigos tornou-se mais s�lido e conf��vel. Eram pessoas que se

distinguiam pela eleva��o de sentimentos e nobreza de prop�sitos. Um ar de renova��o varreu sua rnorada. Quem l� estivesse sentia uma vibra��o de paz que parecia emanar das paredes. �(r) ftIO DE d10 Rafael passou a freq�entar mais a casa da m�e. No fundo, sentia-se obrigado a prestar algum apoio � mulher que significava o anjo bom de sua vida. Procurava comparecer aos cultos que l� se realizavam. S� n�o o fazia quando a perturba��o se agravava, quando estava fora da cidade ou quando os amigos o �mpediam com seus programas. Rafael, contudo, havia encontrado certa estabilidade emocional. Estava manso. 67 As rea��es bruscas e v�olentas, pr�prias do v�cio, j� n�o eram constantes. Exercia algum controle, embora sua mente continuasse inquieta e deslocada das no��es de tempo e responsabilidade. Ele tinha qualidades que atra�am a admira��o das pessoas e lhe amenizavam o sofrimento. 'Il~do seria pior se o seu cora��o fosse animado pela maldade. Felizmente vibrava em seu esp�r�to sentimentos de honestidade e afeto. O ambiente n�o havia polu�do tanto seu mundo interior. O pior das drogas acontece quando se misturam com viol�ncia e assaltos. A cr�minalidade nos grupos organizados constitui verdadeira amea�a � civiliza��o. De vez em quando Rafael viajava ao Rio de Janeiro, onde costumava hospedar-se com um primo, v�tima do mesmo conflito. Em certa ocasi�o os dois conversavam junto ao mar, em Ipanema. Era noite. Estavam s�brios. O momento e a c�rcunst�ncia faziamse prop�cios �s melhores reflex�es. �s As estrelas davam continuidade ao desfile de l�mpadas na grande avenida. o firmamento, naquelas horas, abria um leque de beleza incompar�vel, um convite de Deus � liberta��o das almas que pululam nas sombras do erro e da dor. Benito {o primo) , falava das vis�tas de um pastor evang�lico � sua morada, em Botafogo, considerando a necessidade da convers�o ao Cristo, enquanto Rafael recordava o exemplo de vida e os ensinamentos que havia absorvidojunta � sua inesquec�vel genitora. Existem, de fato, aqueles que tentam fazer proselitismo com a ferramenta da palavra e aqueles outros que convencem naturalmente utilizando apenas a comunica��o dos gestos. o exemplo sempre fala mais alto. - Duas pessoas do sexo feminino marcaram profundamente meu destino afirmava Rafael - primeiro, uma mo�a 69 chamada Telma que conheci h� muitos anos, a outra � minha m�e. Telma tinha do�ura na voz e na alma. Namoramos durante um per�odo muito atribulado de minha vida. Eu c - Voc� sente saudades? - perguntou Benito. - Claro! - respondeu deixando rolar duas l�grimas. - Mudemos de assunto - sugeriu o primo. - Ok! Estou pensando atualmente em fazer uma psicoterapia. Talvez tenha que me internar. Minha m�e vive praticamente s� , entre a costura e as atividades espirituais de , um grupo que resolveu constituir em casa. E pessoa que soube transpor grandes obst�culos o e est� de p�, demonstrando muita dignidade. ! Seu jeito de viver mexe muito com a minha

, : consci�ncia. - Tenho ponderado ultimamente prosseguiu Rafael - Imagine que ela resolveu me oferecer a pens�o que meu pai deixou, limitando-se ao pequeno rendimento das confec��es que vende. Essa situa��o � desconfortante para mim. Em princ�pio, eu aceitei "numa boa". Era exatamente o que me faltava para sobreviver sem o constrang�mento de ter que vender maconha ou coca�na. Digo constrangimento porque esse com�rcio sempre me deixou arrasado. Felizmente nunca induzi ningu�rn ao v�cio. As pessoas que me procuravam j� estavam em viagem. Nunca ofereci carona a quem n�o estivesse � be�ra da estrada. Benito silenciou. Nada disse a respeito, sentindo-se talvez desautorizado pela pr�pria consci�ncia. O rel�gio assinalava vinte e uma horas. As �guas do Atl�ntico refletiam, em graciosas cintila��es, a claridade da lua. Agrad�vel clima de harmonia dominava a paisagem. Benito, normalmente desligado das quest�es espirituais, foi tocado pela magia do momento e pousou o olhar quase im�vel nos montes distantes. Do lado esp�ritual mensageiros abnegados trabalhavam silenciosamente, no sentido de despertar aquelas consci�ncias. Naquela noite chegaram cedo em casa. Indescrit�vel necessidade de descansar o corpo e a alma dominou-lhes sutilmente. Dia seguinte, o pastor da Igreja Batista, que costumava visitar fam�lias em Botafogo, foi surpreendido pela presen�a, no templo, dos jovens transviados. Durante a cerim�nia, conquanto n�o estivessem acess�veis �quele tipo de doutrina��o, receberam ajuda espiritual, tendo sido pacificados pela harmonia dos 72 c�nticos. O ambiente de alegria com a fe participa��o de muitos jovens transmitia otimismo e f�. Mais uma experi�ncia edificante. Mais um est�mulo � renova��o sob a b�n��o de Deus. e A vida, por�m, no dia-a-dia voltou praticamente � rotina de sempre. O t�xico costuma produzir uma sensa��o de euforia intercalada de vazios dolorosos e insuport�veis. Tudo se torna sem base e sem horizontes. Felizmente, Rafael estava em processo de recupera��o, embora continuasse dependente. Faltava-lhe for�a interior para assumir postura de real l�berta��o. Mas, sonhava com essa oportunidade, predispondo-se lentamente ao aux�lio dos verdadeiros amigos que n�o haviam se afastado totalmente. Durante a temporada de quinze dias na "cidade maravilhosa", pode ir duas vezes 73 � refer�da igreja. A m�e do Ben�to era evang�lica. Quando, finalmente, retornou a Juiz de Fora, apresentava nova aura, levando assuntos novos para comentar no grupo de Carmem. O pastor havia injetado em sua mente li��es e d�vidas. Aquela foi a mais proveitosa viagem ao R�o. Momentos marcantes v�nham � baila, nas suas reflex�es. Diferentes estrelas brilhavam no seu caminho. 74 DOLOROSk SUS Nosso irm�o contava trinta e cinco anos de idade quando, ao regressar do conv�vio dos parentes, no Rio, decidiu morar definitivamente com a m�e. J� n�o usava drogas "pesadas". Somente maconha, discretamente. Carmem sabia, mas isso n�o era motivo de preocupa��o. O problema j� havia estado muito pior. - Meu filho est� bem, gra�as a Deus! suspirava contente. Agora ele precisa cuidar especialmente da sa�de. 75

� referida igreja. A m�e do Benito era, evang�lica. Quando, finalmente, retornou a Juiz de Fora, apresentava nova aura, levando assuntos novos para comentar no grupo de Carmem. O pastor havia injetado em sua mente li��es e d�vidas. Aquela foi a mais proveitosa viagem ao Rio. Momentos marcantes vinham � baila, nas suas reflex�es. Diferentes estrelas brilhavam no seu caminho. .ra Nosso irm�o contava trinta e cinco anos de idade quando, ao regressar do conv�vio dos parentes, no Rio, decidiu morar definitivamente com a m�e. J� n�o usava drogas "pesadas". Somente maconha, discretamente. Carmem sabia, mas isso n�o era motivo de preocupa��o. O problema j� havia estado muito pior. - Meu filho est� bem, gra�as a Deus! suspirava cantente. Agora ele precisa cu�dar especialrnente da sa�de. 75 De fato , Rafael n�o andava be As seq�elas incomodavam bastante taquicardia, ins�nia, tontura e uma �lcera qu havia s�do detectada pelos m�dicos. Para alegria geral, Rafael, agora era ' homem, passando a colaborar com a m�e n produ��o e venda da confec��o. Jamais houve tanta tranq�ilidad naquela casa. Carmem estava feliz. As velhas amizades do filho desapareceram. As amea�as, tamb�m. Companhe�ros novos surgiam aqui e ali, trazendo novas oportunidades e diferentes assuntos. A vida sempre oferece impulsos de renova��o. Tr�s meses depois do seu retorno ao lar, ocorreu desagrad�vel surpresa. Oh! meu Deus. Por volta das 22 horas chegaram dois polic�ais, cumprimentaram Carmem, que ainda estava acordada, e invadiram a casa procurando Rafael Medeiro. Traziam intima��o da Justi�a. 76 Vasculharam a casa at� que a suspeita fosse confirmada: ao lado da cama onde Rafael se encontrava deitado, havia um arm�rio guardando pacotinhos da "erva"... As explica��es de Carmem n�o alteraram a a��o dos agentes. Rafael foi imediatamente algemado, conduzido � delegacia e levado para a pris�o. O processo vinha da capital carioca, de modo que a situa��o se tornava bastante complicada. Se tudo dependesse das autoridades locais, a quest�o seria resolvida facilmente, tendo em vista os contatos de amizade que Carmem p�de fazer, abrindo caminhos; por�m, se a ordem procedia do Rio, a coisa ganhava outra propor��o. Dia seguinte ficou esclarecido que Rafael andou se envolvendo com traficantes daquela cidade, e acabou sendo denunciado por um deles, quando soube que o companheiro de Juiz de Fora resolvera abdicar do uso e com�rcio das produtos. Tratava-se, poi de uma vingan�a. Rafael passou a ser visto como "ovelha negra", traidor. Naqueles d�as o primo Benito, sob mesma acusa��o estava foragido. A "organiza��o" trabalha na sombra, fazendo todas as manobras para garantir o poder sobre todos os elementos vinculados. Depois de seis dias de provid�ncias junto aos amigos da fam�lia, Carmem conseguiu, gra�as a um advogado, que o filho cumprisse pena em Juiz de Fora mesmo, sob a alega��o de ser r�u prim�rio. Muita investiga��o, por�m, teria que ser feita, antes de qualquer senten�a.

Certamente se fosse poss�vel constituir bons advagados, o caso seria logo resolvido; entretanto, tudo ia depender da boa vantade de um e de outro. O flagrante era evidente. O homem fora encontrado com droga. Paci�ncia! 78 mas, Na segunda noite de c�rcere, Rafael, so numa cela sombria e malcheirosa, viuse violentado pela pr�pria vida, e, curtindo extrema amargura, sozinho como nunca, levou as m�os ao rosto e chorou, chorou copiosarnente. Num instante, pensou em se destruir. o suic�dio n�o ser�a d�f�cil, por�m , ao mesmo tempo lembrava-se dos ensinamentos esp�r�tas, e expulsou a id�ia �nfeliz. Suic�dio significa mergulhar voluntariamente num po�o de sofrimentos inimagin�veis. Estando mais calmo, elevou o pensamento e desabafou: Por qu�, Jesus?! Pensei que meu sofrimento estivesse no fim, quando tudo se renova a ponto de me deixar ,' perturbado e deprimido. Jamais me senti t�o abandonado e s�. N�o vejo uma m�o que me possa levantar, uma palavra que me reconforte, uma luz no fundo do t�nel. Parece que o t�nel de meu destino n�o tem fundo . nem luz. 79 Exausto e abatido, inclinou a cabe�a e adormeceu. Em seguida, fora do corpo f�sico, percebeu algu�m se aproximar com semblante de compaix�o , e dizer: "Calma, filho. Ningu�m est� desamparado. Ora e confia. O amor cobre multid�o de pecados." O mensageiro espiritual, querendo dar �nfase ao que dizia, tocou com a destra a fronte de Rafael e prosseguiu: - Seu esfor�o na estrada da reabilita��o, depois de tantos desvios e' quedas, tem sido observado com respeito e carinho. Aqueles que perseveram no Bem, acabam por merecer a coroa das alegrias e da paz. Filho, resigna-te, aproveitando o imprevisto desta hora para exercitar a humildade e a f�. A vontade Divina funciona infalivelmente acima de todos os c�digos e estatutos humanos. Em todo o percurso da exist�ncia o Cristo � luz que orienta e reconforta! so t O cen�rio recendia indiz�vel beleza. Por instantes, o querido presidi�rio desejou n�o retornar ao corpo. Melhor seria permanecer definitivamente nesse lado luminoso e puro da vida. ` Mais tarde, contudo, Rafael despertou com o eco daquela voz paternal na ac�stica de sua alma. Levantou bem disposto e saiu para cumprimentar fraternalmente os outros detentos indiv�duos que tamb�m carregavam ' dificuldades e prova��es. No d�cimo quinto dia, tendo sensibilizado policiais e delegados, recebeu alvar� de soltura. Mais um momento de l�grimas quando teve que se despedir dos companheiros. No fundo, gostaria que aquela liberdade fosse para todos. Carmem e mais um casal amigo j� estavam � sua espera na portaria da pris�o, e dali partiram rumo a uma fazenda onde o seu si grupo pretendia festejar com um almo�o a liberdade de Rafael. - Voc� � um vitorioso! Parab�ns! Voc� va� vencer sernpre! Estamos fel�zes com seu exemplo! - todos exclamavam, desejosos de envolver o irm�o nas melhores vibra��es de : entusiasmo e alegria. Antes da refei��o, Rafael banhou-se e rnudou de roupa. Algu�m fez quest�o de lhe

oferecer uma linda camisa, o que motivou palavras de admira��o e j�bilo. O sol voltou a brilhar. Gra�as a Deus! No dia �mediato todos estavam reunidos para as atividades habituais na resid�ncia de Rafael e Carmem. Ali�s, Tina l� permanecia; era quem arrumava a sala. Naquela noite, enquanto os companheiros do Plano F�sico dialogavam harmoniosamente, na Esfera Espiritual, ali mesmo, Entidades amigas formavam outro c�rculo de ora��o e palestra. 82 i a Em dado momento nosso companheiro Andr�, irrad�ando bondade e sabedoria, c� comentou: eu "O problema da educa��o no mundo � ~e muito s�rio. Os profissionais e estudiosos ~e dessa �rea precisam fazer profunda e urgente revis�o de conceitos e atitudes. e Na faixa et�ria entre catorze e vinte e e um anos, o esp�rito encarnado vivencia uma s�tua��o ps�col�g�ca mu�to espec�f�ca , caracterizada pelos impulsos precipitados de contesta��o e pela �nsia de liberdade. Entram em erup��o for�as latentes, exigindo controle e compreens�o para que as energias sejam, dentro do poss�vel, canalizadas convenientemente. Observem que � exatamente nessa fase que a criatura corre os maiores riscos no campo das manifesta��es diversas, exteriorizando id�ias e sentimentos sem a necess�r�a pondera��o. 83 O que ocorre com os pensamentos qu saltam desgovernados, tamb�m se verifica com os impulsos da sexualidade. Educa��o � o tema fundamental nesse momento de defini��o e busca em que o esp�rito se v� pressionado no desencontro do velho com o novo. A sensa��o que o jovem carrega nesse per�odo � a de quem est� sendo agredido por velhas e antiquadas estruturas. Geralmente os adultos, mesmo �nstru�- ' dos e bem formados, precisam envidar grandes esfor�os para mergulhar na alma verde da mocidade e compreender-Ihe as aspira��es e os sonhos, as fraquezas e os �mpetos, a �nexper��nc�a e a sede de renova��o. Essa � uma travessia dif�cil da exist�ncia humana. A ponte p�nsil pela qual todos passam. Cercear a l�berdade dessas mentes equivale a prender urn p�ssaro em gaiola em 84 plena floresta. A floresta � o mundo; a gaiola , a opress�o. Conv�m n�o esquecer que essa gaiola � fr�gil e , portanto, pode a qualquer momento ser destru�da. Adolescentes e jovens devem ser orientados com afeto, e nunca com animos�dade. Educa��o � trabalho de paci�ncia e amor. O encerramento da reuni�o no Plano Espiritual coincidiu com a prece no desfecho das atividades na resid�ncia amiga. 85 D Ul LUZ O �ltimo acontecimento na vida de Rafael gerou coment�rios impiedosos. Elej� n�o se sent�a � vontade em Juiz de Fora. As portas lhe pareciam fechadas. Desgostou-se da cidade. Mesmo assim, relutava em deixar a

m�e. Tentou um e outro emprego, mas n�o se adaptava. Depois de muitas experi�ncias, deliberou ir para Niter�i. L� certamente receberia apoio da fam�lia de Evandro... Jovem que fora salvo pela sua iniciativa, h� 8 alguns anos. Ainda guardava o cart�ozinho que o filho de Dr. Hil�rio Cunha lhe dera. Soube que Wilson desejava retornar ao Brasil, fixando resid�ncia l� mesmo em Juiz de Fora, e isso lhe deixava contente. - Preciso ficar algum tempo longe daqui - pensava - Cada esquina desta cidade me traz recorda��es que precisam ser apagadas. O sofrimento que a pris�o lhe imp�s foi necess�rio para que deixasse definitivamente o v�cio. �gua fluidificada e passes constituiam o tratamento a que se submetia , substituindo certos alop�ticos, causadores de efeitos colaterais. Contudo, precisava agora encontrar seu verdadeiro caminho, ou melhor, tomar um rumo com mais seguran�a. Passado algum tampo, Rafael escreveu uma carta ao Dr. Hil�rio, expondo suas inten��es e, tendo chegado a resposta, deliberou viajar. Carmem e os dema�s elementos do Grupo concordaram com a iniciativa. Certamente noutra cidade, noutra paisagem, noutro clima, a situa��o poderia melhorar. Rafael n�o tinha condi��o psicol�gica para continuar em sua terra natal. Perdera o �nimo de prosseguir tentando emprego, mesmo porque havia um estigma que ele n�o podia ocultar, por mais que demonstrasse esp�rito de sincera renova��o. De certo modo continuava marginali zado. Chegando � resid�ncia do Dr. Hil�rio Cunha, foi recebido calorosamente. Havia nos cora��es profundo sentimento de gratid�o para com o visitante. Fa�amos um retrocesso: Evandro fugiu de casa. Estava na boca do fumo, iludido por um motoqueiro, quando Rafael chegou. Era garoto de apenas dezesseis anos, muito influenci�vel. A figura do motoqueiro significava forte atrativo. Alegria, festa, farra, rock, namoradas, ~ curti��o, bagun�a, aventuras, liberdade - tudo �sso, na performance de um playboy, consegue despertar a admira��o da mo�ada que ainda n�o tem os p�s no ch�o. Nessas horas descortinam-se sonhos que logo se transformam em pesadelo. Rafael viu o "artista" e teve pena do menino ing�nuo que vinha de garupa, pronto para experimentar o baseado. J� estava de cabe�a feita. A essa altura o filho de Carmem j� tinha consci�ncia de tudo, lutando consigo mesmo para transpor a barreira das sombras. Embora o primeiro passo n�o pudesse ser evitado, Rafael passou horas conversando com Evandro, tentando demov�-lo das id�ias da turma. Tarefa dif�cil, entretanto, consegu�u marcar um encontro no dia seguinte e ent�o as trevas foram dissipadas. Afinal, Rafael falava com a for�a de quem conhece e vivencia o problema. Evandro ouvia tudo com aten��o e respeito. 89 Claro que Rafael corria risco de se apanhado como traidor; por�m, em dad ` momento, era incontrol�vel o seu desejo d fazer o bem. Posteriormente teve tamb�m o cuidado de telefonar aos pais de Evandro, e depois foi ter com eles pessoalmente. Aquele trabalho, encetado nas caladas da noite, em ambiente de degrada��o, resultou posit�vamente - uma alma foi socorrida a tempo. Agora a vida fechava um ciclo...seu reencontro com Evandro, regenerado e

tranq�ilo, dava-se em n�vel superior. Felizmente o rapazinho soube trocar as prazeres fict�cios e doentios de algumas horas por um estado de permanente e saud�vel alegr�a. Naquela noite Rafael foi utilizado pelo Plano Superior. Chegava ao ponto de sugestionar o interlocutor claramente: "Seja forte! 90 ter N�o caia nessa armadilha. As luzes da fantasia logo se apagam. Existem outras formas de prazer, que n�o danificam o corpo nem a mente. o Veja meu exemplo. Hoje sou uma pessoa doente. Estou aqui porque ainda n�o encontrei a porta de sa�da. Depois que se criam v�nculos, tudo fica mais dif�cil. Voc�, que ainda n�o entrou nesse castelo de loucos, fique fora. Depois que estamos dentro as portas se fecham. A droga ilude e mata. � um fruto venenoso." Valeu o esfor�o. Hoje, Rafael estendia as m�os, pedindo ajuda � fam�lia de Evandro, sendo recebido como amigo. Depois do jantar, contando, inclusive com a presen�a do rapaz, que acabara de chegar da Universidade onde fazia o �ltimo ano de medicina, o dono da casa chamou Rafael � varanda do apartamento e disse: 91 - Voc� vai pernoitar hoje aqui, e amanh� deve seguir para um albergue onde ser� admitido na condi��o de funcion�rio. Conversei com seus diretores, amigos nossos, e concordaram com o meu pedido. Falei do seu passado, de suas experi�ncias de vida. Vamos l�. Espero que voc� se adapte ao trabalho que lhe espera e seja bem sucedido. A informa��o foi ouvida com humildade e alegria. Dia seguinte, Rafael, logo cedo, era apresentado pelo amigo ao pessoal da referida institui��o. Tudo bem. O entrosamento se fez imediato. Pela primeira vez na vida Rafael sentia-se efetivamente �til. A cada m�s, aproveitando um final de semana , tomava um �nibus e visitava a m�ezinha. Qualquer profiss�o digna abre horizontes ao esp�rito. Qualquer trabalho 92 desenvolv�do com amor � fonte de experi�ncias ed�ficantes. Rafael ficou nesse albergue durante tr�s anos. Todas as semanas conversava com Dr. Hil�rio, que ali estava em dia determinado, prestando assist�ncia gratuita. N�o havia ficado livre completamente das seq�elas. Sofria tontura em certos momentos; o c�rebro parecia n�o funcionar bem. Alguma nuvem lhe impregnara os neur�nios. Al�m disso, do�a-lhe o est�mago quando se alimentava sem maiores cuidados. Entendendo-se com o Dr. Hil�rio, foi orientado a fazer um tratamento em clinica ' especializada, em Porto Alegre. Haver�a despesas, por�m, Rafael t�nha possibilidades. No espa�o de trinta e se�s meses depositou suas economias em Caderneta de Poupan�a. Assim, sem i delongas, pediu demiss�o, j� que n�o pretendia continuar no mesmo emprego, e ' seguiu para Juiz de Fora. Passados dez dias , 93 fez as malas e embarcou, levando toda

orienta��o poss�vel do bom amigo, Dr. Hil�rio. A temporada de trabalho em Niter�� foi muito positiva. A disciplina de hor�rios a que n�o estava habituado, o cumprimento de obriga��es di�rias em regime de paci�ncia e perseveran�a, o servi�o de muitas horas com m�quinas datilogr�ficas, visita a bancos e reparti��es diversas - tudo isso contribuiu para o amadurecimento de sua personalidade. Nosso estimado irm�o atraiu de centenas de pessoas, de v�rias proced�ncias, as melhores vibra��es de s�mpatia e gratid�o. Portanto, levava consigo um cr�dito espiritual e novo �nimo. Por in�meras vezes teve que levantar � noite para hospedar pessoas ou fam�lias carentes. Era todo um servi�o de recep��o, orienta��o e acomoda��o que transcendia os limites profissionais, passando a exigir sentimentos de abnega��o e altru�smo. 94 Naquelas horas, quando surgiam problemas mais delicados, Rafael lembravase de Carmem que, de longe, continuava orando pelo filho. Aqueles tr�s anos, sem d�vida, faram at� agora, o melhor trecho de sua cam�nhada pelo mundo. * Porto Alegre. Cidade l�mpa e bonita. Cultura e costumes diferentes das outras que at� ent�o conhecia. Ele, contudo, estava sozinho, mais uma vez s�. N�o conhecia n�ngu�m naquele mundo de pr�dias e jardins. Enquanto o taxi o conduzia do aeroporto para o hotel e depois para a casa de sa�de, onde um m�dico amigo do Dr. Hil�rio Cunha j� estava � sua espera, seus olhos contemplavam as avenidas. Tudo era novo. N�o sabia at� quando ficaria naquele lugar. Era certo que o seu tratamento demandava tempo, mas que tempo? Alguma ` surpresa? A sa�de sofreria alguma complica��o? 95 Misterioso pressentimento lhe constrangia o esp�rito, embora estivesse reanimado pela f�. Tudo iria correr bem, com a prote��a de Deus - pensava. - Meu Jesus, por que mais uma vez eu me vejo s�? Cidade grande, lange de minha terra, nenhum parente nem amigo... Ia pensando e olhando as ruas, quando finalmente o ve�culo parou defronte ao hospital. Tinha pressa em conhecer o local onde seria internado. Entrou, perguntou ao funcion�rio da recep��o pelo m�dico que estava � sua espera, sendo informado de que deveria aguardar ali mesmo. Dr. Epif�nio chegaria dentro de poucos minutos. Ap�s os primeiros entendimentos com o novo personagem de sua hist�ria , ele seguiu para o pequeno hotel da periferia. A �nterna��o estava marcada para o�to dias depois. - Fazer o qu� durante esse tempo? perguntava a si mesmo. 9s No dia imediato saiu andando pelas ruas, at� se deparar com uma livraria. Entrou e logo viu que se tratava de livros esp�ritas. Alegrou-se profundamente com o atendimento fraterno que uma senhora de nome Vera lhe prestou. Conversaram bastante durante algum tempo, foi informado sobre dias e hor�rios das reuni�es p�blicas da federa��o local, adquiriu meia d�zia de livros e despediu-se com luminoso sorriso. Teria finalmente o que fazer nas horas vagas. A leitura talvez seja o melhor passatempo. Relaxa e instrui. A boa leitura revigora o esp�rito. Dois dias depois Rafael comparece � sess�o p�blica da institui��o, recomendada, e, para sua surpresa, D. Vera encontrava-se � porta recepcionando os visitantes. Aproveitando vinte minutos que faltavam para o in�cio das atividades, voltaram a conversar.

97 - A senhora � minha primeira amiga e, por enquanto, a �nica aqui em Porto Alegre declarou com respe�to e simpatia. - Muito obrigada! N�s todos pertencemos a uma s� fam�lia. Somos filhos de Deus, sendo que a nossa verdadeira morada � o Universo. Quero que o senhor n�o se s�nta em terra estranha. Quando ocorrer a sua interna��o para o tratamento previsto, eu e meu esposo iremos visit�-lo. Fique tranq�ilo - completou D. Vera com natural alegr�a. Iniciada a reuni�o, ap�s uma prece , algu�m leu do Evangelio Segundo o Espiritismo, a seguinte p�gina: A paci�nc�a Q A dor � uma b�nc�o que Deus envia a seus eleitos; n�o vos afl�ja�s, pois , quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a gl�ria no c�u. Sede pacientes. A pac��ncia tamb�m � uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres � a mais f�cil de todas. Outra h� por�m, muito mais penosa e, conseq�entemente, mu�to mais merit�ria: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem � prova a paci�ncia. A vida � dif�cil, bem eu se�. Comp�e se de mil nadas, que s�o outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir. Se, por�m, atentarmos nos deveres que nos s�o impostos, nas consola��es e compensa��es que, por outro lado recebemos, havemos de reconhecer que s�o as b�n��os muito mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte. Coragem, amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo. Mais sofreu ele do que qualquer de v�s e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que v�s tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro. Sede, po�s, pacientes. Sede crist�os. Essa palavra resume tudo. - Um Esp�rito amigo. ( Havre, 1862.) Veio em seguida bel�ssima explana��o em torno da leitura - o que facilitou melhor entendimento por parte da plat�ia. Na sa�da, Rafael, ao despedir-se de D. Vera e outros companheiros, disse inesperadamente: - Tenho n�tida impress�o que estou entrando em novo ciclo de experi�ncias. Acho que minha vida vai tomar novo rumo a partir desta viagem. N�o sei sinc�ramente se volto ou quando volto para Minas Gerais, mas a verdade � que algo novo desponta no meu destino; espero que isto ainda n�o seja minha desencarna��o. Gostaria de ficar mais tempo neste mundo. Preciso corrigir erros e crescer para o Bem. - Concluiu. o Belos e proveitosos foram os dias que antecederam sua ida para o hosp�tal. Passeio, cinema, visita a obras beneficentes, caminhada pelo parque, leitura e reuni�es de ' palestra na federa��o. Saber aproveitar o tempo � demonstra��o de intelig�ncia. Em tudo nosso Rafael demonstrava boa vontade. Nisto residia a base de sua recupera��o. Os bloqueios mentais e o problema estomacal provavelmente seriam resolvidos. Quest�o de tempo e paci�ncia. A casa de sa�de que iria receb�-lo era especializada em doen�as neurol�gicas. Dr. Epif�nio fazia regress�es e procurava tratar o inconsciente das pessoas. T�nha que conf�ar no futuro. Quando procurava fazer uma retrospectiva em sua exist�ncia, percebia uma oculta prote��o, A evolu��o � uma senda de tristezas e alegrias. Importante mesmo � n�o

desanimar. o No hospital psiqui�trico tudo corria bem. Os prime�ros dias de�xavam a melhor impress�o poss�vel. Dr. Epif�nio e a enfermeira C�lia Maria eram pessoas visivelmente educadas, o que predispunha os pacientes �s t�cn�cas de tratamento e recupera��o. Rafael ficou sabendo que seria submet�do a uma gsicoterapia com base em medicamento homeop�tico, alimenta��o adequada, banhos e exerc�cio f�sico. 102 O ambiente do hospital refletia o mais avan�ado pensamento m�dico: higiene, m�sica, aparelhagem moderna e pessoal realmente habilitado para lidar com enfermos. Os pacientes de uma casa de sa�de n�o s�o ratos inteligentes, pass�veis de experi�ncias sem maiores cuidados; s�o almas que , acima de tudo, precisam de apoio, compreens�o, di�logo e afeto. Muitas vezes a pessoa tem que reagir a um est�mulo agrad�vel , abrindo os refolhos do psiquismo aos agentes da terapia indicada. M�dicos, enfermeiros e terapeutas de todas as �reas, deveriam se colocar como instrumentos dos Mensageiros Espirituais, de cuja esfera procede o melhor rem�dio para qualquer mal. Rafael estava contente. Novas amizades surgiam em sua vida atribulada. Cada cora��o amigo representava mais uma luz no c�u pardacento de seu destino. Quem sabe, um dia o espa�o estaria todo iluminado! 103 A leitura di�ria e a conversa��o edificante, a m�sica selecionada e as visitas simp�ticas contribu�am para o �xito do tratamento. Nosso amigo aprendera a cultivar a ora��o. Todas as manh�s, ap�s o banho habitual, juntava-se a outros companheiros para orar e meditar. Assim, tudo se renovava nas energias do bem. Passados quarenta dias, Dr. Epif�nio, auxiliado por outros m�dicos, constatou que a cura no caso de Rafael, seria na ordem de 70% , ou seja, ele n�o ficaria completamente restabelecido. Muitos neur�nios haviam sido destru�dos pelos entorpecentes e narc�ticos. Abrindo-se um intervalo no tratamento neurol�gico, Dr. Epif�nio encaminhou seu paciente a outro hospital, onde seria provavelmente submetido a uma cirurgia. Rafael ficaria pouco tempo l�, o suficiente aos exames de praxe, � poss�vel interven��o e ao repouso necess�rio. 104 Confirmado. �lcera g�strica, devendo ser extirpada mediante opera��o norrnal. Doloroso pressentimento dominou-lhe o cora��o. Um certo medo. C�rurgia no ' est�mago � sempre coisa preocupante. Por mais que os m�dicos tentassem acalm�-lo, nosso �rm�o sentia-se deprimido e receoso. Algo estava pra acontecer. A aus�ncia da mam�e do�a-lhe na alma. No dia aprazado , quando Rafael j�~se encontrava na mesa de opera��o, por um momento o m�dico saiu e entrou a anestesista para os servi�os iniciais de asseps�a. Quando a mulher, irradiando simpatia, cumprimentou o paciente e come�ou a desempacotar um rolo de algod�o, fez-se im�vel de repente e aproximou-se para ver de perto uma marca que o homem trazia no bra�o esquerdo. Era uma tatuagem na forma de p�ssaro. Ficou l�vida e at�nita; fechando os olhos, franziu a testa e fixou o homem.

Soltando a resp�ra��o que se lhe represava no peito, perguntou: - voc� � Rafael Mede�ro? O paciente, tentando contralar a forte emo��o do momento, contemplou a mo�a de cima a baixo e respondeu � queima roupa: - Sim, Telma! Que surpresa! Eu sou aquele que jamais esqueceu voc�. Um misto de alegria e pavor invadiulhes o cora��o. Rafael n�o tinha corno articular outras palavras. Telma, igualmente, empalideceu e retirou-se do recinto, buscando l� fora um pouco de ar l�vre, onde pudesse respirar e coordenar ~id�ias e sentimentos. O cirurgi�o, percebendo que algo estranho havia acontecido com a anestesista, seguiu-lhe os passos at� o instante em que Telma, ernocionada e tr�mula, disse o que se passava, justificando sua impossibilidade quanto ao trabalho do momento. Dr. Renato imediatamente foi ter com Rafael, ambos conversaram durante dez minutos, e a cirurgia teve que ser adiada. Rafael, de fato, n�o tinha a m�nima cond���o de sofrer aquela interven��o. O imprevisto abalou inclusive a alma do m�dico que passou a semana comentando o assunto. Mais tarde, ap�s desabafar com uma coleg�, Telma foi visitar Rafael, que a esperava com luminosa e t�mida express�o de fel�c�dade. Ah! o mesmo sorriso, a mesma do�ura na vaz, a rnesma alma, talvez pronta a preencher o vazio que Rafael mantinha no cora��o h� tanta tempo. Depois de agrad�vel e emocianada conversa, descobriram que nada absolutamente impedia a reencontra afetivo dos dois. � noite, estando em prece, nosso Rafael exclamou com o pensamento na luz da alegria: Senhor, j� n�o estou sozinho! Reencontramo-nos, ela e eu. M�os invis�veis se incumbiram de religar nossas almas. V�da nova...Aben�oa, Senhor, nossas vidas! Uma semana depois, o noivo de Telma j� estava operado e passanda bem. A emo��o da inesperada felicidade transformara-se em suaves energias de paz, capazes at� rnesmo de ajudar na cicatriza��o das fissuras. Mais oito dias, teve alta, retornando ao tratamento neuropsiquico, com Dr. Epif�nio, onde continuaria em repouso. Curiosamente o m�dico constatou que Telma era o navo e excelente rem�d�o que faltava ao querido paciente. O progn�stico j� podia ser outro: 95% de recupera��o no quadro geral. Passa o tempo. Rafael n�o pensava em voltar para Minas. N�o havia raz�o, at� porque o casamento j� estava marcado. Corria o m�s de dezembro de 1992, quando ambos andavam providenciando apartamento para morar. c uma prece com a presen�a de seus pais e am�gos. As alegrias teriam sido maiores se Carmern pudesse estar presente. N�o foi poss�vel. Seu problema card�aco agravara-se ult�mamente. A lua de mel aconteceu no litoral paranaense . Praias, sol, vida nova sob a B�n��o de Deus! A passagem de Telma pelas drogas foi curta; Felizmente recebeu socorro da fam�lia, por �sso n�o guardava seq�elas; apenas recorda��es desagrad�veis, ou melhor, experi�ncias

que lhe ajudaram a compreender o mundo e a ser mais prudente no dia-a-dia. As conseq��ncias s�o proporcionais ao tempo de uso e ao tipo de droga. A simples experi�ncia que os mo�os s�o levados a ter, constitui perigo. Por que arriscar? Esse � verdadeiramente um risco de vida. uo O mal n�o precisa ser experienciado intencionalmente. O mal � sempre prejudicial. Se outros j� fizeram a experi�ncia e constataram a negatividade da coisa, tornamse desnecess�rias novas tentativas. O fogo queima. Ponto passivo. Ser� preciso algu�m meter a m�o em brasas ou em chamas para acreditar que ele queima e destr�i? O mesmo acontece em rela��o �s drogas. Os jovens maduros, ou seja, mais inteligentes, n�o entram nessa onda. Maioria � falso crit�rio. Tudo aquilo que facilmente x`a..:' atrai muita gente � destitu�do de leg�timo valor, embora a dor tamb�m ensine e desperte. ; Todo adolescente precisa ter muito cuidado com o instinto de imita��o. c est�o nesse v�cio s�o infelizes. Houve urna hora, nos primeiros dias de relacionamento, em que Rafael e Telma resolveram comentar o passado. Um exame de consci�ncia que serviu inclusive para tirar conclus�es sobre as fraquezas e poss�bil�dades do ser humano num mundo que exige vigil�ncia e ora��o, conforme recornendou o Divino Mestre. O prazer sens�rio das drogas � ilus�rio e prejudic�al. Na verdade trata-se de um veneno capaz de destruir pessoas, fam�lias e povos. Ali�s, esse � um dos maiores problemas da atual�dade mund�al. Aut�ntico flagelo... Vale lembrar que a perturba��o proveniente do v�c�o, desencadeia outros problemas, como assaltos, seq�estros, estupros, mortes e toda sorte de violencia. A situa��o � grav�ssima. At� o presente momento milhares de pessoas morreram tragicamente, outras est�o encarceradas, outras lesadas e muitas internadas em manic�mios. 112 O mal � maior do que se imagina. A salva��o est� no Evangelho - o maior e mais perfeito comp�ndio de educa��o que nos foi dado conhecer. At� mesmo nas religi�es a droga tem atuado. Existem seitas adotando ervas alucin�genas, sob o pretexto de desenvolver a sensibilidade espiritual. Mentira! Na realidade, a droga apenas agu�a os sentidos, excitando o psiquismo, atrav�s de rea��es qu�micas no c�rebro, levando a consci�ncia a estados alterados e provocando paralelamente depress�o e depend�ncia. Os governantes do mundo inteiro deveriam se reunir mais em congressos e ; confer�ncias para discutir e deliberar sobre esse mal que se alastra por toda parte, arrastando adolescentes e jovens ao p�ntano da desgra�a. Referimo-nos aqui aos chefes de ! na��o, mas, na realidade, o combate deve partir de todos: religiosos, professores, 113 pol�ticos, pais, estudantes, l�deres e cidad�os de todos os seguimentos da sociedade. � preciso que se diga que muita gente vem sendo alvo de investida das trevas que, nos �ltimos tempos, se organizaram com o prop�sito de desencadear o mal em larga escala atrav�s do sexo e da droga. O com�rcio clandestino dessas subst�ncias tem crescido assustadoramente, entre v�rios pa�ses, envolvendo autoridades de diferentes n�veis. A ambi��o gera uma esp�cie de cegueira que acaba impedindo o homem de enxergar a

realidade. Uns usam a droga pelo prazer de entrar em estados alterados, experienciando fantasias e alucina��es; outros comercializam o produto pelo prazer de ganhar dinheiro f�cil, mesmo perdendo a dignidade. A civiliza��o vem sendo, aos poucos, destru�da pelo pr�prio homem. Este � o quadro atual. 114 Se, portanto, os pr�prios habitantes da Terra n�o tomaram nem tomam provid�ncia decisiva diante desse e de outros males, chegar� o momento em que a Lei Divina far� prevalecer a sua for�a e a sua vontade, acionando mecanismos de sofrimento coletivo para que assim a humanidade desperte e reassuma seu destino de trabalho e entendimento, progresso, educa��o e paz. Vejam quem tem olhos de ver, ou�am quem tem ouvidos de ouvir - assim dizia Jesus. i15 o OCULTO L� em Juiz de Fora, nossa querida Carmem prosseguia com os trabalhos do Grupo. Dele participavam professores, m�dicos, donas de casa, comerci�rios pessoas simples, unidas pelo mesmo ideal de vida. As reuni�es se real�zavam em clima de muita espiritualidade. Essa era a t�n�ca principal. Leitura, coment�rios e passes com amor e alegria. 116 Em verdade, aquela resid�ncia havia se transformado em verdadeiro posto de assist�ncia espiritual. De quando em quando seus membros visitavam institui��es beneficentes, levando aos cora��es necessitados o aux�lio que se fizesse poss�vel. O prop�sito era aprender e servir. Um dia compareceu determinado casal ao Culto de Evangelho, desejoso de falar com Rafael. Morava noutra cidade e n�o sabia da aus�ncia do nosso amigo. Haviam se conhecido num dos momentos mais dif�ceis da vida, numa roda de drogados, em noite de devaneios e perturba��o. Embora Rafael estivesse na mesma faixa de vicia��o, dignou-se chamar o casal � parte e falar das suas experi�ncias e conclus�es a respeito de tudo que vinha fazendo ao longo do tempo. Falava como se n�o fosse dependente. Naquela altura chegou mesmo a confessar: ` - Olha, gente, eu entrei numa "canoa furada". Todos que est�o nessa onda perdem o controle da pr�pria vida. Somos marionetes , joguetes das sombras, conforme diz minha m�e... Por incr�vel que pare�a, o rapaz passou cerca de quarenta minutos tentando convencer o casal a deixar as drogas, prometendo fazer o mesmo. Rafael era assim. Havia tanta sinceridade em suas palavras, que conseguiu atingir a alma dos interlocutores, deixando marcas para posteriores reflex�es. O casal visitante concluiu seu relato, dizendo: - Felizmente est�vamos h� pouco tempo naquela situa��o, influenciados por amigos que, certamente, quer�am companheiros. 118 Doutra feita - prosseguiram - falou-nos de sua m�e e das ora��es que fazia em

casa. Anotou nossos nomes que seriam entregues a este grupo, prometendo ajuda espiritual. Felizmente nossa liberta��o foi imediata, tudo se iluminou em nossas vidas, de modo que recentemente, passados alguns anos, decidimos procurar Rafael para agradecer. Guard�vamos conosco seu endere�o, e foi com essa inten��o que viemos aqu� hoje completaram. Essa explana��o foi feita antes da reuni�o. Rafael n�o estava presente, mas a irm� Carmem e rnais alguns elementos do c�rculo puderam ouvir o emocionante relato. Ficaram de ligar depois para o casal Rafael e Telma. Em seguida foram convidados a participar dos estudos, que teriam in�cio imediatamente, com apl�ca��o de passes a pessoas necessitadas. 119 Bel�ssimo trabalho! Perfeito entrosamento entre os dois Planos da vida. O grupo da tia Carmem - conforme passou a sar identificado -, era um ponto de luz na cidade, uma fonte de paz e refazimento para os cora��es necessitados e sens�veis. Casos como aquele registrado antes da reuni�o, chegavam constantemente ao conhecimento dos amigos que Rafael deixara em Ju�z de Fora. * Na capital ga�cha os dois agora se mobilizavam para v�sitar a quer�da cidade mineira - objeto de muitas e marcantes recorda��es. Coincidindo per�odos de f�rias, dois anos depois do matrim�nio, arrumaram as malas e embarcaram de avi�o para o Rio de Janeiro. De l� seguiriam de taxi com destino � terra natal. Assim aconteceu. 2 As alegr�as da chegada n�o foram mais expressivas porque a irm� Carmem estava enferma; as dores no peito provocadas pela angina tornaram-se preocupantes. Na v�spera tivera que ser hospitalizada, mas tudo estava sob controle, as m�dicas que cuidavam do caso eram dos melhores, gra�as a Deus! Dez dias de emo��a... O contato com . velhos amigos, o reencontr� com o professor Alexandre, as sess�es no Grupo de t�a Carmem - tudo representava motivo de saudades e alegrias. Passado algum tempo, as passagens de volta tiveram que ser remarcadas, vez que o problema no hospital se agravou. Era justo permanecer na cidade enquanto fosse preciso. Nas sucessivas visitas que fizeram � querida m�e no hospital, tudo parecia voltar ao normal, contudo, a enfermidade avan�ava sorrateiramente. - Voltemos a ver mam�e. - Vamos l�. 121 - Primeiro liguemos para o m�dico. Talvez ele n�o permita. Ela entrou num estado de muita complica��o de ontem para hoje. Tendo fe�to a l�ga��o telef�n�ca, os dois foram ter com a estimada Carrnem que, apesar do sofrimento, mantinha-se serena e confiante. A visita tem que ser r�pida! - avisou o m�dico - ela n�o pode fazer nenhum esfor�o. - Ok! - Ol� mam�e, tudo bem? - cumprimentou Rafael. - Gra�as a Deus! - respondeu a paciente que, ali�s, naquela manh� estava gozando de vis�vel melhora. Passados alguns minutos, quando o casal ensaiava retirar-se, Carmem segurou nas m�os do filho e disse: - Escuta. Numa das gavetas de minha c�moda, no quarto, deixei um livro. Presente para voc�s. Dentro desse livro, uma mensagem que h� muito tempo voc� me ped�u que guardasse. Estou devolvendo.

Falando assim, em tom muito baixo, a enferma desatou leve sorriso e fechou os olhos. Estava cansada. Retornaram para casa debaixo de dolorosa expectativa. Uma hora depois, Rafael corre ao telefone. Chamada do hospital... Conversa breve... Monoss�labos... Sua m�e acabava de deixar o corpo f�s�co, seguindo naturalmente para uma vida melhar, bem melhor. Dia seguinte, ap�s o funeral, que transcorreu em atmosfera de harmonia e prece, fai dec�dido pelos filhos e noras que o n�cleo de trabalhos espiritua�s fundado por "tia" Carmem deveria prosseguir normalmente. A casa passaria a pertencer legalmente ao grupo. Rafael e Telma, antes de viajar, lembraram-se do livro a que a mam�e fizera refer�ncia no �ltimo contato. 123 Era o Evangelho de Jesus, numa primorosa encaderna��o. ` De posse do rico presente, foram at� � janela que se achava aberta para um imenso c�u azul. Dentro do precioso livro, a p�gina de i que Rafael j� n�o se lembrava. Junto, um retrato seu que tamb�m tinha sido guardado ' com muito carinho. Indescrit�vel emo��o! Enquanto Telma beijava a foto amarelada pelo tempo, o esposo querido, com voz quase embargada, passou a ler o poema que dizia: Uma noite eu tive um sanho... Sonhei que estava andando numa praia com o Senhor. No firmamento passavam cenas de minha vida. , Em cada momento de minha hist�ria ; percebi que eram deixados dois pares de pegada.s na areia: um era o meu e o outro, � do Mestre. Que bam! Ele andava ao meu lado. I Quando a r�ltima cena passou, olhei para tr�s e via as pegadas na areia. Notei 125 por�m que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas a marca de dois p�s. Observei tamb�m que �sso aconteceu nos momentos mais dif�ceis e angustiosos da minha vida, Fiquei profundamente aborrecido. A� perguntei ao Senhor: - Mestre, tu me disseste que se eu resolvesse te seguir, Tu andarias sempre comigo na longa estrada do destino. Contudo, notei que durante as maiores atribula��es que sofri havia apenas um par de pegadas na areia. N�o compreendo por que nas horas em que eu mais necessitava de ti, tu me deixaste sozinho. O grande Amigo me olhou com ternura e respondeu: - Meu querido filho, ,jamais eu te deixaria nas horas de prova e de sofrimento. Quando viste, na areia, apenas a marca de dois p�s, era dos meus. Nos trechos mais dificeis eu te carreguei nos bracos. 126 LivROS DA LlVREE BOA VIDA Jos� Grosso e Corn�lio Fires

O MUNDO DE FRANCISCO DE ASSIS Tagore e Dam�ano GR�OS DE AMOR Tagore e Romanelli NOVAS LUZES Andr� Luiz e Hil�rio Silva NOT�CIAS DO CRISTO Diversos Espiritos MINUTOS DE LUZ Pastor�no BOA ID�IA Pastorino UM MINUTO COM JESUS Pastorino EXPANS�O Andr� Luiz AL�M DAS ESTRELAS Tagore CONFER�NCIAS ESP�RITAS NA EUROPA Ariston S. Teles O M�DIUM DOM BOSCO Ariston S. Teles P�GINAS DO COTIDIANO Hil�rio Silva PLENTTUDE Chiang-Ching CARTILHA DA MEDIUMDADE Damiano ... E O SOL VOLTOU A BRILHAR Petrucio Pedidos � LIVREE - Livros Esp�ritas Editora Caixa Postal 7610 - CEP 73001-970 Sobradinho DF - Brasil Tel./Fax: (061) 327-2202 327-2290

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