Domingos Filgueiras

  • November 2019
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domingos filgueiras domingos filgueiras nasceu domingos de barros lima filgueiras na cidade do rio de janeiro, a 10 de mar�o de 1846, dois anos antes que os esp�ritos do senhor dessem in�cio, na cidade de hydesville (e.u.a), � maior revolu��o do s�culo xix. aos 10 de abril de 1869, foi ele aceito como guarda da alf�ndega da ex-capital federal, chegando mais tarde, por promo��es sucessivas, de acordo com a lei, a 2�. comandante dos guardas, posto que ocupou at� a sua desencarna��o. filgueiras naquele tempo j� estava casado, visto que o fizera aos 19 anos de idade, com uma senhorinha meiga, carinhosa e dedicada, tal como seu esp�rito j� formado idealizara. a sra. am�lia rosa filgueira lima deu � luz quatro filhos, que receberam educa��o esmerada, dentro dos princ�pios da moral esp�rita, e que souberam honrar o nome venerado do pai. nome�-los-emos segundo a ordem de nascimento: carlos, que foi corretor de navios; luisa, que se consorciou com um subdiretor do tel�grafo nacional; ot�vio, que exerceu o cargo de escritur�rio da alf�ndega de santos; e, por fim, o dr. nestor filgueiras lima, subdiretor aposentado do tesouro nacional, espiritista culto e distinto. a este senhor, que nos atendeu gentilmente em sua resid�ncia, � que devemos boa parte dos dados que aqui coordenamos, inclusive o retrato de seu pai. corre o tempo... certo dia, apontam em filgueiras faculdades medi�nicas. a conselho de um esp�rita ele procura jo�o do nascimento, e � sob a dire��o deste m�dium muito conhecido que aquelas s�o desenvolvidas. posteriormente recebe a orienta��o de bittencourt sampaio, o eminente ap�stolo do espiritismo. a mod�stia, mod�stia que, no dizer de um seu bi�grafo, tocava as raias da mais infantil timidez, a humildade e a alma bondosa do exemplar funcion�rio p�blico cativaram de imediato o sublime cantor de �a divina epop�ia�, que prezou para sempre como um dos seus melhores disc�pulos. pouco depois, revela-se no m�dium a sua verdadeira miss�o, �rdua, mas bela, qual a de beneficiar a sa�de org�nica do pr�ximo, indiretamente concorrendo para o despertamento espiritual de muitos. seus servi�os de m�dium curador, receitista, como intermedi�rio do esp�rito do dr. francisco de menezes dias da cruz, que fora professor catedr�tico na faculdade de medicina e que desencarnou em 1878, iniciou-os em 1886, prestando-os ininterruptamente at� o fim de sua exist�ncia. a princ�pio, apenas alguns consulentes paup�rrimos o procuraram, mas as curas conseguidas s�o t�o extraordin�rias, que o nome do m�dium rapidamente se propala de boca em boca, e, em pouco tempo, o humilde medianeiro do alto se v� quase perseguido por multid�es de todas as classes sociais, em todos os cantos em que aparecia, at� mesmo no seu lar. �e com que carinho e solicitude � informou um companheiro dele � a todos atendia! como se lhe iluminava o rosto de um largo sorriso de bondade e satisfa��o todas as vezes que um doente grave e desenganado pelos m�dicos lhe era confiado, e que se seu amoroso guia recebia animadores progn�sticos! ele compreendia que todo triunfo, em tal sentido conquistado, era um triunfo, n�o para ele, modesto e obscuro, de si mesmo nada podendo, mas para a doutrina, que amava com enternecido carinho. �quantas vezes � continua quem de perto o conheceu � o vimos chorar de ternura e de reconhecimento, pelo �xito de uma cura dific�lima! o seu amor pela doutrina, por�m, n�o era esse apego cego e fan�tico que tem muito orgulho e pouco de verdadeira dedica��o. se ele se regojizava com as curas, como vit�rias palp�veis para o espiritismo, de que era ap�stolo fiel, n�o o fazia menos pelo amoroso interesse que lhe mereciam, um por um, todos os seus doentes, cujas dores aliviadas eram tamb�m al�vio para a sua pr�pria alma.�

diariamente, como era seu costume, levantava-se �s cinco da manh�, e j� a essa hora o pequeno jardim de sua resid�ncia, � rua �lvaro (hoje rua joaquim t�vora) n�.6 (engenho novo), recebia os primeiros necessitados que vinham pedir receitas, antes de o m�dium sair para o trabalho na alf�ndega. sua fama chegou a tal ponto, que os doentes insistiam em procur�-lo naquela reparti��o, a fim de obterem um lenitivo ou uma cura para as suas enfermidades. mais tarde, com aquiesc�ncia do guarda-mor lu�s da gama berqu�, que havia tamb�m sido curado homeopaticamente pelo m�dium filgueiras, a este foi autorizado servir-se de uma saleta, que n�o tinha uso algum, para, nos momentos de descanso, atender ao receitu�rio de maior urg�ncia. a simpatia e a estima em que o tinham os seus chefes permitiram, logo depois, que essa toler�ncia se estendesse at� mesmo durante as horas do expediente de filgueiras, desde que isso n�o estorvasse as suas obriga��es. a coisa ia bem, quando o ajudante-inspetor jos� Joaquim fernandes, que n�o cria em caridade de al�m-t�mulo, se insurgiu contra tais liberdades, achando-as por demais abusivas. a fim de evitar desentendimentos que poderiam prejudicar seu chefe e amigo, filgueiras resolveu suspender o exerc�cio da mediunidade na alf�ndega. transcorre algum tempo... e eis que agora a peste bub�nica grassa no rio de janeiro, duplicando, triplicando o trabalho dos m�diuns. um filho do citado ajudante-inspetor, posteriormente o distinto advogado doutor carlos fernandes, cai vitimado pelo terr�vel mal. m�dicos v�rios s�o chamados, mas tudo em v�o... o doentinho caminha para morte. quando jos� Joaquim fernandes estava no auge do desespero, vem a ele um escritur�rio da alf�ndega, o senhor cahet, e em conversa lhe narra as curas verdadeiramente �milagrosas� obtidas pelo m�dium filgueiras. o incr�dulo inspetor, de alma desesperan�ada, agarra-se ent�o �quela �ltima t�bua de salva��o que lhe apresentavam. solicita do m�dium uma receita para o filho. e, logo � primeira medica��o, o doente j� desenganado entra em per�odo de sens�vel melhora, os bub�es desaparecem, e a convalescen�a se opera com estranha rapidez! o inspetor, chocado profundamente com esse maravilhoso fato, n�o mais obstou, em sinal de gratid�o, a que o m�dium continuasse distribuindo a caridade dentro da alf�ndega, como antes o vinha fazendo. e apesar de todas as facilidades e liberdades que lhe foram concedidas para aquele mister, filgueiras jamais excedeu os limites do direito e do justo. a fama de suas curas crescia sempre, e o povo se encarregava de difundi-las. pedidos de receitas, �s centenas, vinham de todos os lados do brasil e de alguns pa�ses estrangeiros, contando-se entre a sua clientela altas personalidades do mundo pol�tico e social, muitas das quais tentaram remunerar-lhe os servi�os, mas sempre encontravam pela frente a rejei��o honesta, sem alarde, mas inabal�vel, firmada sobre a advert�ncia contida no cap. 11, vers.7 de mateus: �de gra�a recebeste, de gra�a da�.� conta-se que por interm�dio de marechal bittencourt, o �marechal de ouro�, o pr�prio prudente de morais, na ocasi�o presidente da rep�blica do brasil, foi consulente de filgueiras. o fato se passou desta maneira: o dr. prudente de morais achava-se muito doente, em tratamento com o dr. joaquim murtinho. num certo dia, o enfermo piora sensivelmente, assustando os familiares, e, quando correm em busca do seu m�dico, sabem ent�o, que se encontrava, no momento em petr�polis. o marechal carlos bittencourt, grande amigo do presidente, enquanto enviava um mensageiro � procura do dr. murtinho, vai aflito, no encal�o do m�dium filgueiras, j� dele conhecido, e lhe pede uma receita urgente, em vista da gravidade do caso. os rem�dios prescritos foram imediatamente ministrados ao doente.

s� muitas horas depois chega o dr. murtinho, preocupad�ssimo com as alarmantes not�cias, e vai varando os quartos at� chegar junto ao enfermo. ap�s examin�-lo, declarou sorrindo que tudo parecia normal, ao mesmo tempo em que numa folha de papel receitava dois produtos homeop�ticos. o assombroso de tudo ocorreu a�: os medicamentos eram exatamente os mesmos que o esp�rito do dr. dias da cruz transmitira a filgueiras! o sr. a. de speyer, ministro da r�ssia em paris, conheceu nessa capital francesa um embaixador brasileiro com que fez amizade. num dos t�te-�-t�te, speyer falou-lhe de terr�vel nefrite que havia muito o atormentava, apesar dos esfor�os de v�rios pa�ses europeus, em procurar debel�-la. o diplomata brasileiro narrou-lhe ent�o as curas extraordin�rias que filgueiras obtinha com as suas receita medi�nicas, citando-lhe o seu pr�prio caso pessoal. o ministro russo entusiasmou-se de tal maneira, que logo escreveu ao m�dium solicitando-lhe uma receita. tempos depois, filgueiras, era informado da cura do sr. speyer, que, em sinal de gratid�o ao seu benfeitor, lhe remeteu, em rico estojo de veludo verde, uma bel�ssima cigarreira de fino metal, verdadeiro trabalho de arte, em que a tampa e o fundo formam respectivamente dois vitrais multicoloridos, sendo representado num deles um cisne entre folhagens e flores, e no outro um pav�o e uma borboleta, tamb�m entra folhagens e ramos floridos. juntamente com a cigarreira, a n�s mostrada pelo dr. nestor filgueiras lima, que a guarda com extremado carinho, veio um cart�o de visita impresso com o nome e o t�tulo do remetente: a. de speyer (ministre de russie) e, logo a seguir, escritas a m�o, essas palavras que copiamos: evoie avec s�s sinc�res remerciements ce petit produit de l�industrie russe � Mr. filgueiras. outro caso: o dr. lu�s francisco masson, m�dico da assist�ncia municipal aqui do rio, possu�a uma filhinha de nome veridiana, posteriormente professora municipal aposentada. em outubro de 1891, com apenas sete meses de vida, ela era atacada de enterocolite aguda. n�o desejando tratar de sua pr�pria filha, deixou-a aos cuidados do dr. olympio ribeiro fonseca, pai do grande cientista dr. olympio da fonseca filho, professor catedr�tico na faculdade nacional de medicina e antigo diretor do instituto oswaldo cruz, o qual, depois de lutar alguns dias com a insidiosa enfermidade, sem infelizmente obter qualquer resultado ben�fico, declarava positivamente que nada tinha a fazer e que s� um milagre a poderia salvar. desesperado, o pai se dirigiu, como �ltimo recurso, � casa do m�dium filgueiras, seu tio, que, ao abrir-lhe a porta, foi logo dizendo: �tua filhinha est� muito mal, mas n�o morrer�, porque deus ainda n�o o determinou. vai para casa e d�-lhe esses rem�dios (e apresentou uma receita medi�nica) de quinze em quinze minutos.� seguindo rigorosamente a prescri��o, o dr. masson teve a alegria de ver doze horas depois, pela manh�, sua filhinha rindo e brincando, inteiramente livre do perigo, o que foi constatado pelo dr. olympio da fonseca (pai), quando ali compareceu naquele mesmo dia. � vista da transforma��o espantosa que se operara na crian�a, o dr. olympio aconselhou ent�o continuassem com as aguinhas, que nenhum mal poderiam fazer... muitos espiritistas brasileiros, cujos nomes permanecem cercados do respeito e de reconhecimento geral, ingressam em nossa doutrina atrav�s da mediunidade de domingos filgueiras. destacamos, entre os mais conhecidos tr�s nomes: manoel quint�o, frederico f�gner e d. abigail lima. quint�o, em seu livro �fen�menos de materializa��o�, narra como antes de ser esp�rita, foi parar no consult�rio do dr. dias da cruz(1), em completa ru�na org�nica, desesperan�ado da medicina, pois que at� ao s�bio homeopata dr. joaquim duarte murtinho j� havia recorrido.

queria agora quint�o ser tratado pelo espiritismo, como o aconselhara um amigo. dias da cruz, ante o desespero que ia na alma daquele jovem, indicou-lhe o m�dium filgueiras. deixemos que o autor do mencionado livro continue a narrar-nos os acontecimentos que se seguiram: �fomos procur�-lo � rua �lvaro n�. 6, levando-lhe o nosso papelucho (uma dessas tiras que tanto incomodam e sobressaltam ao academicismo oficial). �recordemos: filgueiras habitava mais que modesta vivenda. � frente, um terreno pontilhado de arbustos. nesse terrenos, ao cair do crep�sculo, premiam-se vinte ou trinta pessoas humildes, gente do povo, os coxos e estropiados do evangelho, seriam... �eram os consulentes do taumaturgo e n�s (oh! vergonha das vergonhas), colgados � nossa cegueira moral, ro�dos da gafeira dalma, que � o cepticismo, ao vermos aquele punhado de criaturas, rotas umas, descal�as outras, grandes, por�m, todas, na sua f�, monologamos pedante: - e � isto o espiritismo! triste coisa de bruxaria... �enfim, ali est�vamos. entregamos o papelucho. filgueiras n�o aparecia aos consulentes. tinha dois filhos que se encarregavam de arrecadar as receitas e distribu�-las com os medicamentos, porque tamb�m os dava a quem pedia. �ap�s meia hora de duvidosa expecta��o, ouvimos gritarem nosso nome e recolhemos o papelucho, confessemos, envergonhado de ali nos encontrarmos naquela patuleia. �mas, oh surpresa! (e vede como � grande tudo isto) � poss�vel que as outras intelig�ncias e a outros cora��es estas coisas n�o abalem, mas a n�s falaram definitivamente: �fosse o diagn�stico doa males de que sofr�amos, fosse a indica��o da data da infec��o que os originara, ficamos assombrado. todos os nossos castelos filos�ficos, todas as nossas teorias mon�sticas ru�ram fragorosamente! como poderia aquele homem que n�o nos viu, que nos n�o conheceu, saber os antecedentes, precisar detalhes da nossa vida? �excogitamos o mist�rio e acabamos por concluir que dev�amos conhecer o super-homem, cujas as virtudes mir�ficas cresciam na propor��o das melhoras que experiment�vamos com suas aguinhas. �calculai, agora, o dobrado espanto quando, logrando aproximar-nos desse homem, em vez de um douto encontramos uma simples, em vez de um s�bio um bom, mas dessa bondade que transluz e edifica, porque � ess�ncia de f�, n�o simulacro de f�. �e quando pretend�amos relatar-lhe a odiss�ia da nossa terap�utica falida, enaltecendo-lhe os m�ritos de ap�stolo, respondia: - n�o; est� enganado, eu nada sou, nada sei, nada valho; agrade�a a deus a sua cura... �senhores! hoje, o tuberculoso, o card�aco, o hep�tico, o sifil�tico, o condenado de h� vinte e tantos anos est� diante de v�s para afirmar a veracidade deste fato e de muitos outros que h�o-de, mau grado a fil�ucia, as presun��es escol�sticas, os interesses contrariados, fazer a felicidade do homem na terra.� e quit�o, depois que escreveu as linhas acima, ficou ainda por aqui trinta e quatro anos, desencarnando em 1955. com respeito a f�gner, o fato se passou assim: o bondoso industrial se rodeara de uma infinidade de amigos que lhe apreciavam sobremaneira a palestra e o car�ter integro. um destes era o dr. pedro say�o, esp�rita convicto com seu ilustre pai ant�nio lu�s say�o, e da�, de quando em vez, a conversa entre os dois girar em torno do cristianismo e espiritismo. o filho de israel a tudo ouvia respeitoso, mas n�o ligava import�ncia ao assunto. em certa ocasi�o, soube ele que a esposa de um velho empregado se achava acamada, necessitando, segundo os m�dicos, de delicada opera��o cir�rgica. veio ent�o � mente de f�gner, sem d�vida por inspira��o do alto, solicitar

de pedro say�o uma receita medi�nica para o caso, daquelas que faziam verdadeiros milagres, conforme lhe contava esse amigo. quem lha forneceu foi filgueiras. o efeito foi assombroso. a doente, seja pela a��o dos medicamentos prescritos, seja pela atua��o direta do pr�prio esp�rito de dias da cruz, ficou curada sem a menor interven��o dos m�dicos terrenos. este fato, impressionou vivamente o esp�rito sincero de f�gner e levou-o, juntamente com outros fatos que logo se seguiram ao primeiro, ao estudo do espiritismo e � sua conseq�ente convers�o. o que se passou com d. abigail lima, ela mesma no-lo contou por telefone, conforme o resumo a seguir. d. abigail achava-se casadinha de novo, com apenas 17 anos de idade, e era, como todos os seus familiares, cat�lica praticante. nesse meio tempo uma sua irm� cai bem doente, e embalde os m�dicos procuram cur�-la. o pai, em estado angustioso, � aconselhado a se dirigir ao m�dium filgueiras, de quem se contavam coisas maravilhosas. assim o faz, e de volta traz uma receita para a filha. sem que ningu�m o soubesse, iniciou a medica��o vinda de outro mundo. certo dia, abigail, estando de visita � irm� enferma, cai de s�bito, diante de todos, em transe inconsciente, e, pedindo um l�pis, escreve uma receita m�dica. fato incompreens�vel para todos, menos para o pai, que fica ent�o, abismado com o que via, pois a receita assim obtida pela filha era c�pia exata da que lhe fora fornecida pelo m�dium filgueiras. este � cientificado do caso, e comparece ao local do belo acontecimento. pedindo � menina abigail se concentrasse para ver se recebia psicogr�ficamente mais alguma coisa, ela responde que n�o compreendia o que ele desejava dizer com aquilo. recebendo a necess�ria explica��o, portou-se abigail conforme lhe foi ensinado, a ap�s algum tempo, declarava nada sentir, mas que vira ao lado do m�dium um homem, cuja a descri��o confirmou ali a presen�a do esp�rito do dr. dias da cruz. fora um meio de que este se servira para tocar mais fundo aquelas almas. filgueiras aproveita a oportunidade para falar sobre espiritismo e aconselha a menina a ler obras esp�ritas, prenunciando-lhe uma bela miss�o na terra. abigail, naquele mesmo instante, sente-se irresistivelmente atra�da para a nova revela��o, mas o esposo impede por todos os meios a sua inicia��o esp�rita. s� mais tarde obt�m o consentimento se seguir o que seu cora��o lhe indicava, e atrav�s de �o livro dos esp�ritos�, a ela fornecido por pedro richard, na federa��o esp�rita brasileira, que finalmente ingressa nas fileiras espir�ticas. filgueiras come�ou a prestar seus servi�os medi�nicos no �grupo esp�rita fraternidade�, fundado em 1880. esse precioso n�cleo de trabalhadores da causa esp�rita possu�a uma sec��o para o tratamento de doentes, dirigida pelo ent�o prodigioso m�dium jo�o gon�alves do nascimento. a convite de bittencourt sampaio, filgueiras passou a fazer parte dos trabalhos medi�nicos da sociedade, onde condignamente desempenhou as suas tarefas, distinguindo-se tanto por sua assiduidade quanto por sua mod�stia inalter�vel. al�m de se consagrar ao receitu�rio medi�nico, que constituiu sua principal miss�o e onde de esp�rito lhe sobejavam, filgueiras tamb�m compartilhava os trabalhos experimentais, na qualidade de m�dium sonamb�lico. a pouco e pouco sua colabora��o se estendeu a outras associa��es espiritistas, e, mais tarde, depois de organizada, em 1890, a assist�ncia aos necessitados na federa��o esp�rita brasileira, com um servi�o medi�nico a parte, ele e v�rios companheiros se transferiram da �fraternidade, em decad�ncia, para a casa de ismael. a�, a princ�pio, n�o havia ainda a farm�cia homeop�tica para distribui��o gratuita de medicamentos aos mais necessitados, de sorte que muitas vezes era visto ele tirar do seu pr�prio bolso o dinheiro necess�rio para alguns doentes,

em estado de extrema mis�ria, pudessem mandar aviar as receitas. in�meros foram os m�diuns que privaram com filgueiras e que abnegadamente tamb�m exerciam na federa��o esp�rita brasileira a mediunidade receitista. entre outros, podemos relembrar os nomes de: pedro richard, dr. maia lacerda, manuel jos� de lacerda, jos� In�cio pimentel, jos� Guimar�es, in�cio dias pereira nunes, francisco marques da silva, francisco pereira lima, frederico j�nior, o trabalho era por vezes quase esmagador, mas o amparo do alto se fazia sentir de maneira constante e salutar sobre aqueles obreiros da caridade, e, para maior alegria destes mesmos, sobre os pr�prios doentes que vinham em busca da cura para o seus diferentes males. em 1905, as receitas fornecidas pela federa��o atingiam o expressivo n�mero de 1465.589, ou seja, cerca de 470 por dia, exclu�dos os domingos, tendo sido aviadas gratuitamente, pela farm�cia da casa, um total de 101.645.(2) apesar de assoberbado com as constantes e sempre multiplicadas solicita��es de almas aflitas, num trabalho extenuante que freq�entemente n�o lhe permitia sequer alimentar-se a horas certas, filgueiras n�o se esquecia da esposa e dos filhos, aos quais votava extremado amor, jamais lhe faltando com sua aten��o, seu carinho e sua palavra evangelizadora. por isso mesmo, dentro do lar foi sempre respeitado e sobretudo querido, tendo deixado exemplos sem n�mero de amor ao pr�ximo. pela estat�stica acima, bem se v� que os m�dicos em geral n�o podiam andar muito satisfeitos com esse estados de coisas. a grita era grande, e a sa�de P�blica, como de outras vezes, se viu obrigada a interferir no sentido de coibir, apoiada em determinados par�grafos da leis, o receitu�rio medi�nico. filgueiras, por ser um dos mais conhecidos e mais queridos do povo, era sempre o mais visado, informando-nos o �reformador� de 1906 que seu nome figurara em mais um processo, por suposto exerc�cio ilegal da medicina, de todos, por�m, saindo ilesa sua reputa��o. essas persegui��es chocavam profundamente o bondoso cora��o do m�dium, cujo o retraimento e singeleza de h�bitos n�o se harmonizavam com a publicidade que em torno desses casos se fazia. o �ltimo processo movido contra ele, �glorioso coroamento de seu tiroc�nio medi�nico�, segundo palavras de leopoldo cirne, datou de 1905, e dele daremos um apanhado hist�rico: no dia 15 de abril do referido ano, a sede da federa��o esp�rita brasileira, ent�o estabelecida � rua do ros�rio, 97, era inopinadamente invadida por verdadeiro batalh�o de altos funcion�rios da diretoria geral da sa�de P�blica, e ali lavraram contra o m�dium domingos barros lima filgueiras um auto de infra��o do art. 250 e seus par�grafos do regulamento sanit�rio de 8 de mar�o de 1904 (veja-se �reformador� de 1905, p�gina 142). foi filgueiras autuado com incurso no art. 156 do antigo c�digo penal (exerc�cio ilegal da medicina), e a federa��o foi intimada a pagar uma multa. a defesa do m�dium e da casa ficou a cargo do ent�o vice-presidente desta, o ilustrado dr. aristides sp�nola. aquela invas�o semi-policial na verdade n�o tinha significado m�dico, por assim dizer; nada mais era que um revide da sa�de P�blica � vit�ria que a federa��o acabara de obter em outro processo semelhante, em que a justi�a despronunciara a casa de ismael e julgara improcedentes as den�ncias contra ao acusados leopoldo cirne, presidente da feb, e o m�dium curador joaquim jos� Ferraz, que em 1868 havia tamb�m sido absolvido, em importante julgado, pelo eminente magistrado dr. francisco jos� Viveiros de castro. o processo instaurado contra filgueiras teve o seu fim em fevereiro de

1906. o di�rio oficial de 23 do mesmo m�s publicava a longa e judiciosa senten�a absolut�ria do acusado, proferida pelo merit�ssimo juiz de feitos da sa�de P�blica, dr. elieser g. tavares. entre as afirma��es contidas nos numerosos considerando apresentados pelo esclarecido juiz destacamos essas duas, que asseguraram, ante a lei ent�o vigente, a legitimidade das curas pelo espiritismo: �ainda quando a opini�o que atribui aos esp�ritos a faculdade de curar, e de cujo pensamento � o m�dium transmissor, n�o fosse rigorosamente cient�fica, ela constituiria, em todo o caso, mat�ria de cren�a ou de f� religiosa, porque o espiritismo � tamb�m uma religi�o.� e, logo a seguir, esta outra: �� princ�pio constitucional que todos os indiv�duos podem exercer p�blica e livremente o seu culto, t�o somente conden�veis as pr�ticas que ofendam a moral p�blica e as leis, n�o admitindo persegui��o por motivos de cren�a ou de �fun��o� religiosa.� aludindo a este sucesso, �reformador�, em artigo necrol�gico, juntava esse coment�rio: �coube assim a filgueiras a rara fortuna de ser escolhido pela provid�ncia para receber por fim das m�os de um magistrado verdadeiramente digno deste nome a senten�a liberat�ria, que fechou com chave de ouro essa eternizada quest�o da medicina esp�rita. �e nenhum outro m�dium tinha como domingos filgueiras direito a essa distin��o; porque nenhum melhor que ele compreendeu e desempenhou com desinteresse, abnega��o e humildade mais completas o papel de m�dium, isto �, de instrumento da caridade divina, de sacerdote do cristo, que foi exemplar�ssimo. aos 29 de mar�o de 1906, com o organismo esgotado pelo excesso de trabalho, domingos de barros lima filgueiras, n�o podendo resistir a uma gripe intestinal, serenamente cerrava os olhos ao mundo e penetrava os p�rticos da espiritualidade. o que foi a recep��o dessa alma justa e c�ndida no outro lado da vida, � quase imposs�vel descrever com palavras humanas. cumpria-se nele a promessa de jesus: �bem-aventurados os humildes de esp�rito, porque deles � o reino dos c�us.� em sess�o ordin�ria do grupo �ismael�, na federa��o esp�rita brasileira, pouco ap�s o desenlace do grande servidor do cristo, o famoso m�dium frederico j�nior, em transe sonamb�lico, descreve estar presenciando um dos quadros mas belos j� vistos em sua exist�ncia de m�dium, e desenrolado nas regi�es espirituais. anota, guiado pelo esp�rito de bittencourt sampaio, a presen�a de uma multid�o de iluminados servos do senhor, e presidindo a grande assembl�ia, em plano mais alto, estava o glorioso ismael. � tudo uma festa de luz e harmonia! de repente, frederico v� fender-se o espa�o infinito e por uma estrada de flores baixam, � frente, os esp�ritos de dias da cruz e filgueiras, ladeados por romualdo, bezerra, say�o, geminiano, lacerda, silva, santos, isabel sampaio e outros trabalhadores da federa��o esp�rita brasileira. frederico (em esp�rito, desprendido) dirige-se a filgueiras: �soubeste compreender bem a miss�o que escolhestes. tu dizes: �n�o sou digno.� � nisso mesmo que consiste a tua grandeza. entende como eu os olhos de teu esp�rito, que n�o foram velados pela morte, e olha essa multid�o que te aguarda, neste mesmo recinto onde tantas l�grimas enxugaste. por isso, ontem dizia o nosso bittencourt: �felizes daqueles que partem cobertos de b�n��os e saudades!� dias da cruz, esp�rito eleito do senhor, a ti tamb�m uma palma desta vit�ria. incans�vel como ele te mostraste sempre em favor dos enfermos, daqueles que o procuravam.� celina, et�rea mensageira da virgem, compareceu igualmente �quela festa-homenagem, e suas palavras ao rec�m-chegado da terra, de grande beleza, s�o transmitidas atrav�s do m�dium frederico:

�sim, aqui mesmo onde soubeste plantar as flores mais odorantes da caridade, aqui mesmo, onde a dor foi sempre guarida, nesta tenda onde todo faminto encontrou o p�o, todo sequioso uma gota d�gua, aqui mesmo vieram receber-te os mais altos esp�ritos, aben�oados pelo senhor, e a mais humilde das servas de maria. sim soubeste compreender tua miss�o na terra, atravessando o teu cruciato de dores. quando a conting�ncia da mat�ria te levava quase � cegueira (3), como que a l�mpada sagrada do teu esp�rito feria as pupilas de teus olhos, e tua alma se irradiava, dando os seus derradeiros lampejos �queles que precisavam do teu conforto, das inspira��es que recebias, para abater o sofrimento. n�o chores. � em nome de maria que eu venho tamb�m saudar-te. ela n�o pode ser estranha apoteose que te preparam neste dia de tua passagem. anjos do c�u, esp�ritos benditos, cantai hosanas! � terra fica o que � Terra pertence. o esp�rito se evola, retempera-se e vai por um pouco descansar das suas fadigas, para come�ar de novo. �repousa em paz � diz a minha m�e -, cobra novas for�as e meu filho uma verdade no mundo deixastes.� descansa por instantes, aben�oado esp�rito, no aroma dessas flores da caridade, do amor, que tu mesmo plantastes, embalsama todo o teu ser espiritual, e quando o pai celestial de novo te chamar a nova jornada, que saibas como desta vez, rasgando os p�s, escondendo l�grimas, chegar at� ao fim, aben�oado e cheio de saudades.� filgueiras, enternecido ante tais manifesta��es de carinho, n�o pode conter as l�grimas da como��o, e de sua boca sa�ram apenas essas palavras, simples como ele:�eu n�o tenho o que dizer...n�o fiz nada... n�o fiz nada.� o fiel disc�pulo do cristo recebia o pr�mio de suas virtudes peregrinas, mas a sua grande e sincera humildade n�o lhe permitia compreender porque era cercado de tanta miseric�rdia do senhor... rememorando aos nossos leitores fatos da vida deste diligente obreiro, cujo apan�gio foi a caridade, temos em vista apresentar para a nossa edifica��o mais um exemplo de perseveran�a no bem e no amor ao pr�ximo, ou seja, um modelo crist�o, e felizes seremos se pudermos imitar! ____________________________ (1) francisco de menezes dias da cruz, m�dico como seu pai de mesmo nome, presidente da federa��o esp�rita brasileira de 1890 a 1895, falecido em 1937. (2) �reformador� de 1906, p�gs. 91 e 92. (3) filgueiras tinha deslocamento da retina em ambas as vistas, e nos seus �ltimos anos de vida ficara quase que totalmente cego.(nota explicativa devida ao seu filho dr. nestor) fonte: livro �grandes esp�ritas do brasil � autor zeus wantuil digitado por j.carlos

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