Docgo.net-teologia Do Nt - Gerhard F. Hasel.pdf

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I ^ I I I I Questões Fundamentais no Debate Atual

á

GERHARD F. HASEL

TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO

Questões Fundamentais no Debate Atual

Di gi tal iza do por:

Jolosa

GERHARD F. HASEL

Questões Fundamentais no Debate Atual

A

JUEWP

GERHARD F. HASEL

TRADUÇÃO DE JUSSARA M AR INDIR PI NT O" SIMÕES ARIAS

Todo s os direitos reservado s. C opyright © 1988 da Jun ta de Ed ucaç ão ReJigiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira. Kdicão em Portuguê s au toriza da , m ediante co ntrato, pela Will iam M. herd m an s Pub lishing Co., G ra nd R apids, Michigan USA. Copyright © 1972 by William B. Eerdmans Publishing Co. É proibida a reprodução do texto, no todo ou parcialmente, sem a expressa autorização do editor. Tra duçã o do srci nal in Current Debate,

HA S-TEO

em inglês: New Testam ent Theo logy: Basic Iss ues

Teol ogia do No vo Teslam enlo: questõ es iund am entai s debate amai trad. de Jussara Marindir Pinto Simões Arias. Rio de Janeiro. Junta de Educação Religiosa c Publi cações, 1988 193p.; 20.5 — título srcinal: New Testament Theology: basie is sues in the e u r r e m d e b a t e . — ínciui b ib lio g r af ia . 1. Novo Teslamenio — Teologia — 1. Título. CD D

225

Capas: QueilaMallet Códi go p a ra P edidos: 22.108 Ju nta de Ed ucaç ão R eli giosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira Caixa Po stal 320 — CEP : 200 01 Rua Silva Vale, 781 — Cavalcanti — CEP: 21370 Rio d e Jan eiro, RJ, B rasi l 3.000/1988

110

Im presso em gráficas própria s

Sumário ABREVIATURAS.................................................................................. IN T R O D U Ç Ã O ......................................................................................

7 9

1. PRIMÕRDIOS E DESENVOLVIMENTO DA TEOLOGIA DO Refo N T rm ................................................................................................. Da a ao Ilu min ism o ............................................................ A E ra do Ilum inismo ....................................................................... Do Iluminism o à Teologia Dialética ............................................ Da Teolo gia Dial ética até o P re s e n le ............................................

13 13 17 25 43

2. M ETO D O LO G IA NA T EO LO G IA DO N T ............................. 58 A Abordagem T e m á tic a .................................................................. 58 A Abord agem E xis te ncia li sta ......................................................... 65 A Abord agem Histórica .................................................................. 80 A Abo rd ag em d a Histó ria da S a lv a ç ã o ........................................ 87 Observações F in a is ........................................................................... 104 3. O CENTRO E A UNIDADE DA TEO LO GIA DO N T ........... A Questão .......................................................................................... A Busca do Centro do N T ................................................................ A n tro p o lo g ia .................................................................................. História da S a lv a ç ã o .................................................................... Pacto, Amor e O utr as Pro postas ..............................................

110 110 113 113 116 120

C ris to lo g ia ...................................................................................... 121 O Centro do NT e o Can on D en tro do C â n o n ............................. 128 4. A T E O LO G IA D O NT E O A T ..................................................... Padrões de Desunião e Desco ntinuidade ................................... Sup erva lorizaçã o do N T/ Desvalorização do A T .................. Desv alorização do N T / Superv alorização do A T ..................

133 134 135 138

Padrões de Unidade e Continuidade ............................................ Conexão H istó ric a ......................................................................... D ependência E scritura i .............................................................. V o c a b u lá rio .................................................................................... T e m a s .............................................................. ................................. Tipologia ...................................................... ......................................

142 144 144 145 146 147

Promessa-cumprimento .................................................................. 149 Histó ria da Salvação * ....................................................................... 151 U nid ade de Perspectiva .................................................................. 151 . PROP OSTA S BÁS ICAS PARA UMA TE OL OG IA DO NT: UM A ABORDAGEM M ÚLTIP LA ............................................ Biblio grafia S ele cio nada.................................................................. ín dic e de Nom es de A u to re s............................................................ ín dic e de Assuntos ...........................................................................

158 171 187 191

Abreviaturas AUSS BTB CBQ EOTH ET EvTh IDB IBD Sup. JB L JB R NNTT NTS OTCF PTNT SBT ThQ ThLZ ZAW ZNW

Andrews Universi ty Seminary Studies Biblical Theology Bulletin Catholic Biblical Quarterly Essays on Old Testament Hermeneutics, ed. Claus W csterm anti (Richm ond, Va ., 19 63) Expo sitory Times Evangelische T heologi e In terp ville,reters 1962) D ictionary o f the B ib le, 4 vols. (Nash Interpreter's Dictionary o f the B ib le . Supple m entary Volume (Nashville, 1976) Jo ur na l of Bibl ical L iterature Jou rn al of Bi ble an d Reli gion R. Morgan, The Nature o f New Testam ent The ologv (SBT 11/25; Londres, 1973) New T esta m ent Studies TheAnderson Old Testament and Christian ed. B. W. (New York, 1963) Faith, D as Proble m der Theologie des N euen Testa m ents, ed. G. Strecker (D arm stad t, 1975) Studies in Biblical Theology Theologische Quartalschrift Theologi sche L iteraturzeitung Zeitschri ft für alttestam entliche W iss enschaft Zeitschrift für neutestam entliche W iss enschaft

ZThK

Zeitschrift für Theologie und Kirche 7

Introdução A teologia do Novo Testamento está hoje inegavelmente em crise. Isto não quer dizer que não haja interesse no estudo acadêmico da teologia do NT ou que haja falta de monografias com o título de Teologia do Nóvo Testamento ou similar. Na realidade, nos aproxi madamente duzentos anos de existência da disciplina Teologia do NT, n u nca houve um a década em que mais de dez diferentes teologias do NT fossem publicadas, tendo este evento ímpar ocorrido entre 1967 e 1976. 1 E ê surp reend ente que nenh um dos est udios os que produziram estes trabalhos concorde a respeito da natureza, função, método e escopo da teologia do NT. Norman Perrin, da Universida de de Chicago, começa um recente artigo em jornal sobre a teologia do NT c om a afirm ação categórica: “ O est udo acadêm ico da Teologi a do NT está hoje num estado de con fusã o.” 2 O estudioso alem ão pó s1 A prim eira teologia do NT desta dé cada foi pu blicad a po r H. C onze lm ann , Gnindris s der Theolo gie d es N eu en T e sta m e n ts (Munique, 1967), trad. ingl.: Air O u t line of the Theo lo gy o f the N ew Testamen t (New York, 1969); K. H. Schelkle, Theologie des Neuen Testaments, 4 vols. (Düsseldorf, 1968, 74), trad. ingl.: Theo logy o f the New Testam ent , 4 vols. (Collegeville, Minn., 1971,77); W. G. Kümmel, D ie T h eologie d e s N eu en T e sta m e n ts nach sein en H a u p tzeu g en : Jesu s-P aulu sJoh an n es (Gõttingen, 1969), trad. ingl.; The Theolo gy o f th e New Testamen t A c c o rd in g to Its M a jo r W itn esses: Jesu s-P aul- John (Nashville, 1973); J. Jeremias, N e u te sta m e n tlic h e Theolo gie . E rste r T eil: D ie V erk ü n d ig u n g Jesu (Gütersíoh, N ew T e sta m e n t T heolo gy: T h e P ro c la m a tio n o f Je su s (New York, 1971), trad. ingl.: 1971); M. G. Cordero, Teologia de l a B iblia II e t ITT: Nuevo T estam en to, 1 vols. (Madri, 1972); G. E. Ladd, A T h eology o f the N ew T e sta m e n t (Grand Rapids, M ich ., 1974), t rad. port.: Teol ogi a do Novo Testam ento, (Rio de Janeiro, JUERP, 1985); C. R. Lehmann, B ib lic a l Theolo gy, 2: N ew T e sta m e n t (Scottdale, Pa., 1974); E. Lohse, Grundriss der neutestamentlichen Theologie (Stuttgart, 1974); L. Gop pelt, Theol ogi e des Neuen Te stam ents , 2. vols. (Gõttingen, 1975-76); S. Neill, Jesu s Thro ugh Many Eyes. Introducti on to t he Theol ogy o f New Testamen t (Nashville, 1976); A. T. Nikolainen, Uuden T est am enti n Tulkint in fa tutkimu s (Porvoo-Helsinki, 1971). 2 N. Perrin, “Jesus and the Th eology of the New T esta m en t” , consu ltar na Ca tholical

Biblical Association, Denver, Colo., 18 a 21 de agosto, 1975.

9

bultm anniano E. K ãsem ann reto rnou novam ente a aspectos essen ciais da teologia do NT. Num ensaio recenle sobre o assunto, ele faz uma reflexão a respeito do ensaio programático de William Wrede, escrit o em 1897,3 e con clui que nesta “ pen etr aç ão sem pa r, refl exão radical e concentração brilhantemente concisa sobre o essencial, o autor Wrede revelou o beco sem saída em que nos encontramos hoje — ou ao qual novam ente retornam os” .4 E sta avaliação não deix a de se relacio nar com as opiniões d e Jam es A. Ro bin so n.5 R. M org an, da Universidade de Lancaster, está seguramente certo ao afirmar que “A teologia do Novo Testamento é um ponto crucial no debate teológi co con tem po rân eo ."0 Est e de bate prossegue com força total e às vez es se inflam a. Muitos problemas básicos no debate contemporâneo sobre a teolo gia do NT não estão de svinculad os daqu eles da teologia do A T .7 Em ambos os cas os, o debate s e preo cup a co m pro blem as fun dam entais, e não com aspectos periféricos. Podemos ilustrar a afirmativa com a questão do teologia lugar de Jesus teologia do“A NT. R. Bultmann começa sua famosa o enunciado: mensagem de Jesus é mais com na uma pressuposição para a teologia do NT do que uma parte da teol ogia e m si. ” 8 Ele acha que a pró pr ia teol ogia do NT come ça com a íeologia de Paulo. Após uma longa reflexão, Perrin aceitou o dictum de Bultmann. Perrin agora crê que a proclamação de Jesus é “a pres suposiç ão d o Novo T es tam en to” .9 Como tal, não é em si um a p ar te da teologia do NT. Enquanto Bultmann inclui a “mensagem de Jesus” como uma parte de sua história da religião como introdução à teologi do NaTteologia ,10 E. Kdo ãseNT m an n ea G. Stre cke r com eçam confe rênc iasasobre com teologia de Pa u lo .11 suas H. Co nzel mann omitiu uma parte sobre a mensagem de Jesus, em sua teologia 3 W. Wrede, “Uber Aufgabe und Methode der sogenannten neutestamentlichen Theologie”, D as P ro blem d e r T h eologie des N euen T e s ta m e n ts , ed. G. Strecker (Darmstadt, 1975), p. 81-154, trad. ingl.: "TheTask and Methods of ‘New Testa ment Theology'”, por R. Morgan, The Nature of New Testam ent Theology (SBT 2/25; L. Londres, 1973), p. 68-116. 4 E. Kãsemann, ‘‘The Problem of a New Testament Theology", N ew T e stam e n t Studies 19(1973), p. 237. 5 J. A*. Rob inson, ‘‘T he Future of N ew Testa m ent T heo logy” , R elig io u s S tu d y R e view 2 (1976), p. 17-23. 6 R. Morgan, The N ature o f New Testament Theol ogy , p. 1. 7 Veja Gerhard F. Hasel, Old Testament Theology: Basic Issues in the Current De b a te (2 .a ed.; Grand Rap ids, Mich., 1975) . 8 R. Bultmann, Theo lo gy o f th e New Testam ent (Londres, 1965), I, p. 3. 9 N. Perrin, The N ew Testament: An Introduct ion (New York, 1974). Ver o titulo do 12.° e do último capítulos. 10 Bultmann, Theol ogy of the N T , I, p. 3-32. 11 G. Strecker, ‘‘Das Problem der Theologie des Neuen Testaments”, D a s P ro blem d e r T h eologie des N T , p. 1-31, esp. 30; Kãsemann, “ Th e Pro bl em o f a N T Theo

logy", p. 243.

10

do NT . W . G. K üm m el 12 e E. L oh se1-’ en co ntra m -s e no outr o extremo. Ambos apenas começam a proclamação de Jesus. J. Jere mias é antigo particip an te deste debate e tra ta da mensagem de Jesus em um volume i nteiro sobr e a teologia do N T .'4 O estudioso britânico S. Nei ll afirm a sem hesitação, em seu último trab alh o sobre a te ologi a do NT: “ T od a teol ogi a do Novo T estam ento tem que ser um a teolo gia de Jesus o u não é abso lutam ente n a d a .” 15 Profundos problemas históricos, teológicos, filosóficos e metodoló gicos se escondem atrás destas posições díspares. Os problemas que subjazem a estes posicionamentos podem ser melhor apreciados e entendidos com base no desenvolvimento histórico dos estudos do NT em geral e da teologia do NT em particular. Esta é a razão para começarmos nossa discussão das questões básicas no debate contem porâneo sobre a teologia do NT com um exame histó rico dos prim órdios e do desenvolvimento da teologia do NT (Capítulo 1). É evidente que o presente tem suas raízes no passado e não pode ser adequada mente entendido sem o seu conhecimento. A seleção de assuntos, no corrente debate, em termos da questão da metodologia (Capítulo 2), os vários problemas associados ao centro do NT (Capítulo 3) e a varied ade dc aspectos relacion ado s à teologia do NT e ao AT , isto é, o relacionamen to entre o s Testam entos (Capítulo 4 ) não pretendem ser exaustivos e completos. Eles buscam abordar aqueles fatores e questões que parecem exercitar os estudiosos contemporâneos de várias escolas de pensamento e que são grandes problemas não resol vidos. Nas bases de nossa discussão, tentamos fornecer algumas sugestões preliminares para se fazer teologia do NT (Capítulo 5). Uma farta bibliografia procura servir como fonte para estudos e pesquisa pessoal. Esperam os que o leitor se sinta estim ula do a se empenhar em pensamentos informados e criativos à medida que for se familiarizando com as questões básicas, no debate atual sobre a teologia do NT.

12 Kümmel, The Theol ogy of the N T, p. 22-135. 13 Lohse, G rundriss der nt l. Theologi e. p. 18*50.

rncla u tion o f Jesu s { 1971). 14 Neill, Jeremias, 15 JesusN T ThTheology: rou gh M anTh y eh'yP es, p. m10.

1

Primórdios e Desenvolvimento da Teologia do N T Este capítulo oferece um exame histórico das principais tendências dos primórdios da teologia bíblica. Damos uma ênfase especial ao desenvolvimento da teologia do NT1a partir do início do século XIX2 às primeiras décadas deste século. O debate atual sobre o escopo, propósito, natureza e função d a teologia do N T3 tem suas origens no passado e com freqüência no passado distante. A teologia do Novo Te stam ento é a fonte principal d a teo log ia bíblica e, p ortan to, devem ser est u dadas ju n tas .

A. D a Ref orma ao Ilumini smo A Igreja pós-NT dos primeiros séculos do cristianismo não desen volveu nenhuma teologia bíblica nem do NT. A razão foi o dictum de que o conteúdo dos escritos canônicos, se corretamente entendido, era idêntico ao dogma da Igreja e tido como de validade universal.4 1 Entre as principais histórias da teologia do NT se enco ntram as seguintes: R. Schnackenburg, N e u te sta m en tlic h e Theologie . S ta n d d e r F orschung (2.a ed.; Munique, 1965), trad. ingl. feita da primeira edição de 1963: N ew T e sta m e n t (Londres, 1963); H.-J. Kraus, Theology Today D ie b ib lis c h e Theologie . Ih re (Neukirchen-V luyn, 1970 ); O. Merk, B ib lisch e T h eo Geschichte undProblematik logi e des Neuen Testam ents i n ihrer A nfa ng szeit (Marburgo, 1972); W. Harrington, The Path o f Biblical Theology (D ub iim , 1973 ); L. G opp elt, Theologie des N euen T esta m en ts (Gõttingen, 1975), p. 19-51; G. Strecker, “Das Problem der Theologie des Neuen Testaments”, em D a s P ro b lem d e r T h eologie d e s N eu en Testaments (Darmstadt, 1975), p. 1-31. 2 A primeira teologia do NT do século foi publicada por G. L. Bauer, B ib li sch e Theol ogi e des Neuen Testam ents ( Leipzig, 1800-1802). 3 Ist o te m sido radical m ente questionado por J. M. R obinso n, "D ie Zukunft der neutest am entli chen Th eologie” , N eues T e sta m e n t u n d c h ristl ic h e E xis ten z. F estsch rif t f ü r H . B raun zu m 70. G e b u rtsta g am 4. M a i 1 9 7 3 , ed. H. D. Bctz (Tübin gen, 1973), p. 387-400; trad. ingl.; “The Future of New Testament Theology", R elig iou s S tu d ies R evie w 2(1976), p. 17-23. 4 O. Kuss, "Zur Hermeneutik Tertuilians". Schriftauslegung, Beitrage zur Hermen e u tik d es N T u n d im N T , ed. ] . E m st (M unique, 1972) , p. 55-87.

13

D uran te a Idade M édia, a Igrej a Católi ca Ro m ana consi derava o NT, como o AT, uma parte da tradição eclesiástica.5Não se lia o NT fora da ou contra a tradição, porém mais ou menos interpretado pela tradição ou l evad o a harm oniza r-se com el a. A Refo rm a libertou-se da trad ição eclesiást ica e da teol ogia es col ástica 6 e usou como bra d o de gu err a o princ ípio p rote stan te da "sola scrip tura ” .7 Com est e princípio, a Es critura passou a não mais ser in terpre tada pel a tradição. Recon hec eu- se na Es critura uma autoridade superior à tradição, que resultou na auto-interpretação da Escritura (,sui ipsius interpresf e se tornou a fonte do desenvolvimento subseqüen te d a teo logia bí blica. Entre os reformadores, a contribuição de Martinho Lutero foi particula rm ente sig nificativa.9 Ele reje itava fundam entalm ente o senti do qu ád ru plo da E sc ritu ra 10 e desen vol veu sua “ nova ” he rm e nêutica entre 1516 e 1519. A ênfase no contraste entre “letra e espírito” (littera et spiritus),'1 a distinção determinante de “lei e evangelho” (lex et evangelium ) , 12 e o pr in cíp io cristo lógic o “ O que manifesta Cristo” (was Christum treibet ) 13 m ar ca m a essê ncia da “nova” hermenêutica da “sola scriptura” de Lutero. O princípio da “sola scriptura” funciona, para Lutero, de duas maneiras: (1) a dis tinção entre Cristo e Escritura, isto é, a verdadeira Escritura é a "que manifesta Cristo”, e (2) a diferença resultante entre lei e 5 W. G. Kümmel, The New Te stam ent: The H ist ory o f the I nvestigati on o f It s P ro b le m s (Nashville. 1972), p. 13-19. 6 Impulsos cis ivos(cf.nest reção s ão encontrados no hum anismo arm1966], ente através dedeErasmo E. aW.diKohls, CBasiléia, D ie T h eologie des E ra sm u, sparticul I, p. 126 e ss. ; H, Sch liti gensiep en, “ Erasm us ai s E xeg et” , Z e its c h r ift f ü r K irch en g e sc h ich te II [19 29 ] p. 16-57), Lauren tius V alia (cf. E. M ühlen berg , “ Laurentiu s Valia ais Renaissancetheologe", Z T h K 66 [1969], p. 466-480), e Cajetan (G, Hennig> Cajetan und Luther (Stuttgart, 1967). Este s hum anistas consider avam que a Bihlia e a tradição se aproximavam, mas a autoridade eclesiástica permanecia suprema. 7 A função da “ sol a sc rip tura" no período pré-Reforma é resum ida por H. Obermann, The H arvest o f M edieval Theolog y (2.a ed,; Grand Rapids, Mich.. 1967), p. 201. 361-363, 377, 380-390. 8 G, Ebeling, “The Meaning of ‘Biblical Theology"’, (Londres, Word and Faith (1963), p. 81-86. 9 Ver K. Holl, “Luthers Bedeutung für Fortschritt der Auslegungskunst” G esa m m e lte A u fs a tz e z u r K irc h e n g e sch ic h te (6.a ed.; Tübingen, 1932), I, p. 544582; F. Hahn, “Luthers Auslegungsgrundsàtze und ihre theologischen Voraussetzungen ” , Z e itsc h rift f ü r syste m . Theo lo gie. 12 (1934), p. 165-218; G. Ebeling, “Die A nfange von Luth er s H ermeneutik” , Z T h K 48 (1951), p. 172-230. 10 Ver suas conferências sohjre Gálatas (W A 57, p. 95 e s.) e Romanos (W A 5 6 , p. 175-439) e tamb ém W A 2, p. 249 e ss.; W A 5, p. 644 e ss. 11 Ver, por exem plo, W A 3, p. 11-17, 254-257, 456 e s. 12 Por exemplo, W A 4, p. 45-49, 97, 135, 174-176. P. Schempp, L u th ers S tellu n g z u rH e ilig e n S c h rift (Munique, 1929), p. 70-78. 13 Ver W A , DB 7, p. 384; W A 3, p. 492; WA 4, p. 379; W A 39 1, p. 47; Teses 41,

49, 51; cf. Ebeling,

14

W ord and Fait

h, p. 82 e s.

evan gelho .14 Com est as dist inções, Lutero p roje tou um a enorme sombra, que alcança os nossos dias em forma de questões a respeito da un idad e da Bí bli a (e do N T )15 como tam bé m do p roblem a do “cânon den tro do cân on .” lb Lutero e os outros reformadores não aplicavam as conseqüências hermenêuticas do princípio “sola scriptura” ao domínio total da teologia, e assim não desenvolveram o que se tornou conhecido como a disciplina teologia biblica. A designação “teologia bíblica’’ é em si ambígua, pois pode ser usada com duplo sentido: (1) Designar uma teologia que tem suas srcens nos ensinamentos da Escritura e sua base nela17 ou (2) desig nar a teologia que a Bíblia em si contém .18 No segundo sentido é u m a discip lina teoló gica específica, que se bifurcou ao longo das linhas da teologia do A T 19 e da teologia do NT na vira da do século XVIII par a o século X IX .20 Os precursores daqueles que desenvolveram o termo “teologia bí blica" pertencia m à reform a radic al, isto é, o movimento, anabatis14 Merk, B ib lisch e T h eolo gie d es N T , p . lie s . 15 Ver A. Stock, E in h e it des N euen T esta m e n ts (Zürich/Finsiedeln, Kõln, 1969); A. Kümmel, “Mitte des Neuen Testaments", E É van gile h ie r e t au jo u rd'h ui. M ela n g es o fferts au F.-J. L e e n h a rd t (Genebra, 1968), p. 71-85; F. Courth, “Der historische Jesus ais Auslegungsnorm des Glaubens”, M ü n ch en e r th eola fiische Z eitsc h rift 25 (1974). p. 301-316; W. Schrage. “Die Frage nach der Mitte und dem Kanon im Kanon des Neuen Testaments in der neueren Diskussion”, R ech tfe rtig u n g . F estsch rift f ü r E. K ã sem an n zu m 70 G e b u rtsta g , eds. J. Friedri ch, W . P ôhlman e P. Stuhlm achcr (Tüb ingen, 1976) , p. 415-442. 16 Ver E. Kãsemann, ed., D as N eu e T e s ta m tn t ais K a n o n . D o k u m e n ta tio n u n d e in A nthe a lyModern se z u rWorld G eg en w ã rtig enYork, D isku ssion (Gõttingen, J. Barr (kritisch The Bible (New 1973), p. 30-40) afirma 1970). que a Bíblia é “soteriologicamenle funcional". Inge Lónning, K a n o n im K a n o n . Z u m d o g m a tischen G ru n dlag en p ro h le m d e s n eu testa m en tlic h e n K a n o n s ("Forschungen zur G eschichte und Lchr e des Protestanti sm us") (10/X L III) (M uniqu e, 19 72 ); F. M il denberger, "The Unity, Truth and Validity of the Bible", In te rp re ta tio n 29 (1977), p. 391-405, esp. p. 399-404. 17 Neste sentido, F. C. Baur ( Vorlesungen über neutestamentliche Theologie, ed . F. F. B aur CLei pzi g, 1864 1 p. 2) e antes dele D. Sche nk el (" D ie A ufgab e der b iblis chen Th eologie I n de m gegenwãrtigen E ntwicklungsstadium der theologis chen Wissenschaft", Theologische Studien und Kritiken 25 [1852], p. 40-66, esp. p. 42-44) sugeriram que os reformad ores se enga jassem na teologia bíblica. Uber A ufgabe und M ethode der sogenannt en n eutest am entli cher 18 W. Wrede, Theologie (Gõtingen, 1897), p. 79, reimpresso em D a s P ro b le m d e r T h eo logie des N euen T e sta m e n t, ed. G. Strecker (Darmstadt, 1975), p. 81-154, esp. p. 153; trad. ingl., “The Task and Methods of 'New Testament Theology’", de R. Mor gan, The N ature of N ew Testamen t Theol ogy (SBT 2/25; Londres, 1973), p. 68116, esp. p. 115; Ebeling, Word and Faith , p. 79-81; K. Stendahl, “Method in the Study of Bibli cal Theology ", The B ibl e in M odern S cholarsh ip, ed. J. P. Hyatt (Nashville, 1965), p. 202-205; Merk, B ib lisch e T h eologie des N T , p. 7 e s. 19 O D esenv olvim ento e as questões atuais da teolog ia do A T são d escritos no primeiro volume desta obra, G. F. Hasel, Old Testament Theology: Basic íssues in the Curr ent D eba te (2.a ed.; Grand Rapids, Mich., 1975). 20 G. L. B auer foi o primeiro a trat ar da teologia dos doi s T estam ento s sep arad am en

te. Ver acima, n.° 2.

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ta ,21 no tada m en te Osw ald G lait e A ndre as F ischer, po r volt a de 1530.22 M as som ente cem anos depois a ex pre ssã o “ teologia b íblic a” aparece de fato pela primeira vez no D euts che bib lische Theologie (Kempten, 1629) de Wolfgang Jacob Christmann. Seu trabalho hoje não existe mais.23 Mas o trabalho de Henricus A. Diest, intitulado Theologia Biblica (D ave ntri, 1643) está dis ponível e perm ite a pr im ei ra v isão pro fun da na natu rez a de um a discipl ina em ergente. Entendese que a indiscriminadamente “teologia bíblica” consiste de os“textos-prova” Bíblia, extraídos de ambos Testamentos, da a fim de manter os tradicionais “sistemas de doutrina” da antiga ortodoxia protestante. O papel subsid iário da “ teologia bíblica” contra a dogmática foi firmemente estabelecido por Abraham Calovius, um dos mais significativos representantes da ortodoxia protestante, quando ele usou "teologia bíblica” como designação do que antes se chamava the olog ica exe ge tica .24 Em sua obra os “textos-prova” bíbli cos, que se chamavam dieta probantia e mais tarde se designaram collegia biblica, tinham o papel defoisustentar a dogmática. buiç ão perm anente de Calovius desig nar à teolo gia A bíbcontri lica o papel de disciplina subsidiária, que apoiava as doutrinas ortodoxas protes tantes. A teologia bíblica como disciplina subsidiária da dogmática ortodoxa é evidente nas teologias de Sebastian Schmidt (1671), Johann Hülsemann (1679), Johann Heinrich Maius (1689), Johann W ilhelm Baier (1716-19) e C hristian E be rh ard W eis m an n (1739).2 5 A ênfase de volta à Bíblia do pietismo alemão fez aflorar uma m ud an ça de direção p ar a a t eologia bíblic a.26 No pietismo a teol ogia bíb tornou-se ump inJacob strumSpener ento da(1635-1705), reação contrauma árida orto doxia p rolica testan te.27 Philip dos fundadores do pietismo, fazia uma oposição entre o escolasticismo protestante e a 21 Ver W . Klnsse n, “ An abaptist Herm eneutics". M e /m o n ile Q u a rterly R evie w 4 0 (1966), p. 83-111; idem, Covenant and Community (Grand Rapids, Mich., 1967). 22 G. F. Hasel, “Capito, Schwenckfeld and Crautwald on Sabbatarian Anabaptist Theology”, M e n n o n ite Q u a rterly R eview 46 (1972), p. 41-57. lio theeprimeiro c a realis th eo por log ica o m in iu mW orda m arteria 23 Citado Lipensius, (Frank em furt,M. 1685 ), t om o I , col.B ib 1709, ci tado Eb eling, n Fairuth,m p. 84 n.° 3. 24 Calovius, System a loco rum theol ogicor um I (Wittenbergue, 1955). 25 Schmidt, Collegium Biblicum in quo dieta et Novi Testamenti iuxta seriem loco ru m co m u n iu m th eo lo g ico ru m e x p lin a tu r (Estrasburgo, 1671); Hülsemann, Vindicia e S a n c ta e S c rip tu ra e p e r lo ca cla ssica siste m a tis th e o lo g ic i (Lipsiae, 1679); Maius, Syno psis theologi ae jud icae veteris et nov a (Giessen, 1698); Baier, A n a lysis (Altdorf, 1716-19); Weissmann, et vindicatio illustrium scripturae In stitu tio n es th eo lo g iae e x eg e tic o -d o g m a tica e (Tübingen, 1739) . 26 O. B etz, “History of Biblic al T heo logy” , ID B , I, p. 432, 27 R. C. Dentan, P refa ce to O T Th eology (2.a ed.; New York, 1963), p. 17; Merk,

B ib lisch e T h eologie d es N T , p. 18-20; K ra u s, B ib lisch e T h eo lo g ie, p . 24-30.

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“ teologia bíb lica ” .28 A influên cia do pietism o se reflete nos trab alh os de Carl Haymann (1708), J. Deutschmann (1710) e J. C. Weidner (1722), que fazem uma oposição entre os sistemas ortodoxos de dou trina e a “ teol ogia b íb lic a" .29 Logo em 1745 a “ teologia bíblic a” sep ara-se cla ram en te d a teologi a dogmática (sistemática) e a primeira é tida como a fundação da segunda.Isto significa que a teologia bíblica se emancipa de um papel m eram ente subsidiáariopossibilidade à dogm ática. a este novo desenvolvimento encontra-se de a Inerente teologia bíblica poder to rnar-se rival da dogm ática e transform ar-se num a discip lina completamente separada e independente. Estas possibilidades se realizaram sob a influência do racionalismo na época do iluminismo.

B . A Era do Iluminism o Na era do ilum in ism o (A u fk la ru n g ) um enfoque totalmente novo para o estu lugar do daestava Bíblia se desenvolveu, sobcontra diversas influ ências. Em primeiro a reação do racionalismo qualquer form a de sup er na tura lism o.31 A razão h um an a fo i elevada a crit ério final e fonte principal de conhecimento, o que significava que a autoridade da Bíblia como o registro infalível da revelação divina foi rejeitada. O segundo ponto de partida principal do período do iluminismo foi o desenvolvimento de uma nova hermenêutica, o métod o histó rico -cr ítico ,12 que ain da hoje influe ncia os estudiosos 28 P. J. Spener, Pia ü e s id e r ia (Frankfurt, 1675), trad. e editado por T. G. Tappert (Filad élfia, 1964), p. 54 c s. 29 Haymann, B ib lisch e T h eologie { Leipzig, 1708); Deutschmann, Theologia Biblica (1710); W eidner. D e u tsch e T h eolog ie B ib lic a (Leipzig, 1722). 30 De um artigo não assinado, publicado em J. H. Zeller. ed., Grossas vollstandiges Universallexikon (Leipzig und Halle, 1754; reimpresso por Graz, 1962), Vol. 43, cols. 849 , 866 e s., 920 e s. Ct, M erk, B ib li sch e T h eologie d es N T , p. 20. 31 O deísm o inglês conforme represen tado po r John Locke (1632 -170 4), John To land (1670-1722), Matthew Tindal (1657-1733) e Thomas Chubb (1679-1747), com ênfase sobre a supremacia da razão sobre a revelação encontrou um paralelo no' continente na "ortodoxia racional” de Jean A. Turrentini (1671 1737), e figuras como S, J. Baumgarten, J. Semler (1725-1791), J. D. Michaelis (1717-1791). The H.-J. NT: Kraus, The H ist ory oGeschichte f the Investigati on o f Its Problem Ver W. G.1972), K üm p. mel,51-72; (Nashville, der historisch-kritischen E rfo rsch u n g d es A T ( 2 .a ed.; N eukirchen -Vluy n, 1969), p . 70 e ss . 32 G. Ebcling, ‘‘Thu Significanec of the Criticai Historical Method íor Church and Theology in Protestantism”, p. 17-61; U. Wilkens, "Uber die Word and Faith, Bed eutun g historisc her K rit ik in der B ibelexeg ese” , Was heisst Auslegung der H eilig en S c h rift? eds. W. Joest et. al. (Regensburg, 1966), p. 85 e ss.; J. E. Benson, “The Hist ory oft he Histori cal- Critic al M ethod in the Church", D ia log 12 (1973), p. 94-103; K. Scholder. Urspriinge und Prubleme der Bibelkririk iti 17 J ah rh u n dert. Ein B eitra g z u r E n tste h u n g d e s h isto ris ch k rili sc h e n T h eologie (Munique, 1966); E. Krentz, The H istori cal-Criti cal M etho d (Filadélfia. 1975); G. Maier, D as E n de der h isto ris ch -k rit isch en M e th o d e (2.a ed.; Wuppertal,

1975). Trad. ingl.

The End o f the H ist orical -Crit ical M ethod

(St. Louis, 1977).

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liberais e vai mais alé m ,” em bo ra não se deva men osp reza r o fato de que um novo estágio da crítica se nivela contra ele3'1e que ele se en co ntra n um a crise me todo lógica .35 O terceiro é a aplicação da crítica literária radical da Bíblia desenvolvida por J. B. Witter (1711) e J. Astruc (1753) para o AT, e J. J. Griesbach (1776), G. E. Lessing (1776) e J. G. Eichhorn (1794) para o NT. Fi nalmente, o racionalismo, por sua própria natureza, foi levado a ab an do na r a opinião ort odoxa da i nspiração da Bíbli a, de modo que a Bíblia passou a ser principalmente apenas um dos documentos antigos a ser estudado como qualquer documento antigo. ''1 Sob o ímpeto parcial do pietismo e com uma forte dose de racionalismo, as publicações de Anton Friedrich Büsching (1756-58) revelam pela primeira vez que a “teologia bíblica” se tornara rival da do gm ática.3 7 A dogm áti ca pro testan te, tam bém ch am ad a de “ teol o gia escolástica” , é criticad a p or suas especul ações vazi as e teorias 33 Krentz (The H ist oric al-Cri ti cal M ethod , p. 76) fala da “trégua desconfortável do conservadorismo” com o método histórico-crítico. Ele se refere a G. E. Ladd (Grand Rapids, Mich., 1967), que muda (The New Testament and Criticism certas pressuposições racionalistas. 34 Ver especialmente H. Frey, “Um den Ansatz Theologischcr Arbeit’’, A b ra h a m unser Vut er. F estschrift fü r O. M ichel (Stuttgart, 1963), p. 153-180; A. Nitschkc, “Historische Wissenschaft und Bibelkritik”, E vT h 27 (1967), p. 225-236; W. Marxsen, D e r S tre il un d ie B ib e l (Gladbeck, 1965); R. M. Frye, “A Literary Perspective for the Criticism of the Gospels", Jesus a n d M a n 's H o p e (Pittsburgh, 1971), II, p. 193-221; idem, “On the Historical-Critical Method in New Testa ment Studie s; A Reply to Prof esso r Ach tem eier” , P e rsp e ctive 14 (1973), p. 28-33; G. Maier, D as E n d e d er h isto risch -k ritisc h e n M e th o d e. 35 Os seguintes livros fornecem uma introdução à crise: W. Pannenberg, Grundfragen sys te m a tis c h e r T h eologie (Gõttingen, 1967), p. 44-78. Trad. ingl. B asic Questions in Theology (F iladélfia, 1971), p. 38-80; F. Hah n, “ Problem e hist orischer Kritik’’, Z N W 63 (1972), 1- 17 ; K. Lehm ann, “ Der herm eneutische Hori zont der his toris ch-kritis chen E xeg ese” , E in fü h ru n g in die M eth o d en d e r bi~ blis chen E xeg ese, cd. J. Schreiner (Tyro lia, 1971 ), p. 40- 80; M. H enge l, “ H is tor is che Methoden un d theol ogische Auslegung des Neuen T estamen ts", K e ry g m a und Dogma 19 (1973), p. 85-90; F. Beisser, “Irrwege und Wege der historischkritischen Bibelwissenschaft; Auch ein Vorschlag zur Reform des Theologiestudiums", N eu e Z e itsc h r ift f ü r syste m . T h eo logie u n d R elig io n sp h ilo so p h ie 15 (1973), p. 192-214; R. Surburg, "Implications of the Historical-Critical Method in Interpreting the OT", Crisis in Lutheran Theology, ed. J. W, Montgomery (M inneapo lis, M inn., 1973) , II , p. 48-80; H asel, OT Theology, p. 59-61, 72-75, 132-137; P. Stuhlmacher, Schrif tausl egung a uf dem W ege zur bibl isc hen Theolo g ie (Gõttingen, 1975), p. 59-127. 36 A figura principal é J. S. Semler, cuja obra de quatro volumes, A b h a n d lu n g von (1771 -75), lutava contra a doutrina ortodoxa d e rf fe ie n U ntersu ch u n g des K a n o n s da inspiração. H.-J. Kraus, Geschichte der historisch-kritischen Erforschung des A T , p. 103-113. 37 F. Büsching, D isse rta tio in au guralis ex h ib en s e p ito m e n th eo lo g iae e solis lit eris sacris co n cin n ata e (Gõttingen, 1756); idem, E p ito m e Th eologia e (Lemgo, 1757); idem, Geda nken von der Beschaffenheit und dem Vorz ug der bibli sch-dogm a-

tisch en T h eolo gie vo r d e rsc h o la stisc h e n (Lemgo, 1758).

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inertes. G. Ebeling sintetizou competentemente que “de meramente uma disciplina subsidiária da dogmática a ‘teologia biblica’ tornouse agora ri val da dog m áti ca p red om ina nte .”38 Um dos mais importantes catalisadores na “revolução da herme nêutica”39 foi o racionalista Johann Solomo Semler (1725-1791), cujo trabalho de quatro volumes “Treatise on the Investigation of the Canon" (1771-75) declarava que a Palavra de Deus e a Escritura Sag nãoassão ab solu tam enforam te id êninticas em é um que nèmrada tod as pa rtes da Bíblia sp ira.40 da Isto s41 eimplicava que a Bíblia documento puramente histórico, que, como qualquer outro, deve ser investigado com uma metodologia puramente histórica e, portanto, crí tica .42 R esu lta dist o qu e a teologia não p od e ser n ad a ma is que um a discipli na hist órica que está num a posi ção de antít ese em rel ação à dogm ática trad icio na l.43 Deu-se um passo altamente significativo em direção à separação da teologia bíblica da dogmática na obra de quatro volumes de teologia bíb lica (1771-75) de G otthilfnaTdogmática rau gott Z eacharia (1729-1777).44 Sob a influência da nova orientação na hermenêutica ele tentou construir um sistema de ensinamentos teológicos baseado num cuidadoso traba lho exe gét ico. C ada livro das Esc rit uras tem sua própria época, lugar e in te nção. M as Z achariâ se ateve à in spiração da Bíblia,45 como J. A. Ernesti (1707-1781),46 cujo método bíblicoexegético ele seguiu.47 A exegese histórica e o entendimento canônico da Escritura não entram em choque no pensamento de Zachariâ, porque “-o aspecto histórico é um a questã o de im portância secundária na teo logia” .48 Deste m odo, não h á nece ssida de de s e fazer d istinção entre os Testamentos. Eles se encontram em ligação recíproca entre si. Basicamente, o interesse de Zachariâ ainda estava no sistema dogmátic o, que e le preten dia limp ar de impu rezas.

38 Ebeling, W ord and Fait h, p. 87. 39 Dentan, P refa ce, p. 19. 40 Kümmel, The NT: The H ist ory , p. 63. 41 G. Hornig, D ie A n fa n g e d e r h isto risc h -kritis ch e n T h eologie (Gõttingen, 1961), p. 56 e ss . 42 Merk, B ib lisch e Theolo gie des N T , p. 22. 43 Hornig, D ie A n fà n g e, p. 57 e s. ; M erk, B ib lisch e T h eologie des N T , p. 23 e s. 44 G. T. Zacharia, B ib lis ch e Th eologie o d e r U n tersu c h u n g d e s b ib li sch en G ru n des d e r v orn eh m sten th eolo gisch en Leh ren {Gõttingen e Kiel, 1771-75); Dentan, P reface, p. 21; Kraus, B ib lis ch e T h eologie, p. 31-39; Merk, B iblis ch e Th eologie , p. 23-26. 45 Zachariâ, B ib lisch e T h eo lo g ie , I, vi. 46 J. A . Ernesti, I n stitu tio in terpres N o v i T e sta m e n ti (Leipzig, 1761); Kümmel, The NT : The H ist ory, p. 60 e s. 47 Kraus, B ib lisch e T heologie, p. 35.

48 Zachariâ,

B ib li sch e T h eolog ie , 1, lxvi.

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Os tra ba lh os de W . F. H ufn age l (1785-89)4 9 e do rac ion alista C. F. von Am m on (1792 )50 dificilmente se distingu em e m e str u tu ra e objetivo daquele de Zacharia. A teologia bíblica de Hufnagel consiste em “uma seleção histórico-crítica de textos-prova bí blicos a favor da d o g m á tica ''.51 Von Ammon to m ou idéias de Semler e dos fil ósof os Les sing e K ant e apre sen tou, na r ealida de, mais uma “teologia filosófica”. É significativa em seu tratamento uma avaliação ta domNT que do T .52 é um do prim em di reçãomais a umaltrata en do to inde pen A den te odaque teologia A eiro T ,53 passo o que reali zou qu atro anos mais tard e através de G. L. B auer. O neologista e racionalista Johann Philipp Gabler (1753-1826), que nun ca escreveu ou seque r teve a intenç ão de es creve r um a teol ogia bíblica, ofere ceu a mais decisiva e abrangente contrib uiç ão ao desenvolvimento da nova disciplina em sua aula inaugural na Univer sida de de. A ltd or f em 3 1 de m arç o de 178 7.54 Este an o m ar ca o início do papel da teologia bíblica como uma disciplina puramente histó rica, completamente dapossui dogmática. Diz a histórico, famosa defi nição de Gabler: “A independente teologia bíblica um caráter que transmite o que os escritores sagrados pensavam a respeito das questões divinas; a teologia dogmática, pelo contrário, possuí um caráter didático, ensinando o que determinado teólogo filosofa sobre as questões divinas, de acordo com sua capacidade, época, idade, lugar, doutrina ou escola, e outras coisas do gênero.”55 O enfoque induti vo, hist órico e descri tivo de G ab ler a respeito da teol ogia bíblica se baseia em três considerações metodológicas essenciais: (1) A ins piração não deve ser levada em conta, po rque o “ Espírito de Deus não destruiu em nenhum homem santo sua habilidade própria de enten

49 W. F. Hufnagel, lland bu ch der bibl is chen Theol ogi e (Erlangen, Vol. I, 1785; Vol. II, 1789). 50 C. F. von Ammon, E n tw u r f ein er rein en b ib lis ch en T h eolo g ie, 3 vo!s. (Erlangen, 1792). Cf. Kraus, B ib lis ch e T h eolog ie, p. 40-51. 51 D. G. C. von Cò lln, B ib lisch e T h eologie (Leipizig, 1836), I, p. 22. 52 Kraus, B iblisch e T h eo lo gie, p. 51. P refa‘'Oratio c e, p. 26. 53 54 Dentan, J. P. Gabler, de iusto discrimine theologicae biblicae et dogmaticae regundisque recte utriusque finibus” [“Sobre a Distinção Correta da Teologia Bíblica e Dogmática e a Correta Definição de Suas Metas”! em K le in e T h eo lo gi sch e S c h r ifte n , eds. Th. A. Gabier e J. G. Gabler (Ulm, 1831). II, p. 179-198. Tradução alemã completa fornecida por Merk, B ib lis ch e T h eolo gie d e s N T , p. 273-284. e reimpressa em D a s P ro b le m d e r T h eologie des N T , ed. G. Strecker (Darmstadt, 1975), p. 32-44; tradução parcial em inglês pode ser encontrada em Kümmel, Th eN T : The H is tor y, p. 98-100. 55 “Oratio”, em K le in e .th eo lo g isch e S c h r ifte n , II, p. 183-184. Cf. R. Smend, “J . P. Gablers Begründ ung der biblischen T heologie" , E vT h 22 (1962), p. 345-367; Kraus, B ib lisch e T h eolog ie, p. 52-59; Merk, B ib lis ch e T h eologie d es N T ,

p. 29-140.

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der nem a m edida do d iscernim ento das coisas” .56 O que co nta não é a “autoridade divina", mas “só o que eles [os escritores bíblicos] p ensaram ” .67 (2) A teologia bíb lica tem a ta refa de reunir cuid adosa mente os conceitos e idéias dos escritores bíblicos individualmente, pois a Bíblia não contém as id éias de apenas um hom em . Logo, as opiniões dos escritores da Bíblia precisam ser “cuidadosamente reco lhidas da Bíblia, devidamente organizadas, relacionadas aos concei tos gerais eesta cuidtarefa ado sam ente co pa rad as en treconsistente s i. ,. ” 58 Pod sempenhar através de muma aplicação doe-s e de método histórico-crítico com o auxílio da crítica literária, da crítica histó rica e da c rítica filosófica.5 9 (3) A t eologia bíb lica com o d isciplina histórica está, por definição, obrigada a “distinguir entre vários perío dos d a velha e da nova religiã o” .60 A ta refa princip al é investigar quais são as idéias de importância para a doutrina cristã, a saber, quais “se aplicam hoje” e quais não têm “validade para o nosso tempo ” .61 Estas decla raçõe s pro gram áticas d eram rum o ao futuro da teologia bíblica (AT e NT), apesar do fato de que programa Gabler para a teologia bíblica era condicionado poro sua época de e contém limitaçõe s sign ificativas .62 A meta de uma teologia bíblica “puramente histórica” é pela prim eira vez alc ançada por Georg Lorenz Bauer (1 755-1806),6J que, como J. P. Gabler, era aluno de J. G. Eichhorn. Bauer e Gabler eram professores em Altdorf. Bauer deve ser consid erado o prim eiro acadêmico a publicar uma teologia do NT.04 Embora influenciado por G abler, a sua com preensão da teologia bíb lica avança sig nificati vamente elelem vaiasalém interpretação defend idapara po além r G abdaquele, ler p ar aporque os prob das da questões fil osóficas. 65 Para Bauer, a “teologia bíblica deve ser um desenvolvimento — purific ado de to dos os conceitos estranhos — da te oria religiosa dos ju deus anteriores a Cristo e de Jesus e seus apóstolos, um desenvolvi mento traçado a partir dos escritos dos autores sagrados e apresenta do em termos dos vários pontos de vista e níveis de entendimento que 5b K le in e th eo log isch e S c h r ifte n . II, p. 186. 57 58 59 60

H isto ry, ry, p. P. 187; 186; Kümmel, Kümmel, P. H isto p. 99. 100. Merk, B ib lis ch e T h eology, p. 68-81. Gabler, “Oratio". em Kleine theol ogisc he Sch riften , II, p. 186; Kümmel, H is to ry, p. 99. 61 P. 191; K üm m el, H is to r y . p. 100. 62 Merck, B ib lisch e T h eologie, p. 87-90, 111-113. 63 Ver especialmente Kraus, Uiblische Theologie, p. 87-91 e Merk, B ibli sch e T h eo logie, p. 141-203. t>4 B iblis ch e T h eologie d e s N euen T e s ta m e n ts , 2 vols. (Leipzig, 1800-1802). Um pou co antes ele publicara uma B ib li sch e T h eologie des A lte n T e sta m en ts (Leipzig, 1796), Cf. Hasel, O T Theol ogy, p. 22 e s; M eik . B ib lis ch e T heo logie, p. 157-167.

65 Merk, B ib lis ch e T h eo lo g ie, p. 172 e s.

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reflet em ” .66 Co nseqü entem ente, el e trat a sepa rada m ente e em se qüência (1) a teoria da religião dos sinópticos, (2) a teoria da religião do Evangelho de João e das Epístolas de João, (3) o conceito de religião do Apocalipse e (4) de Pedro, (5) as Epístolas de II Pedro e Judas, e (6) a doutrina de Paulo. Como "racio na lista histórico-crítico” ,67 a posição de term inan te de Bauer, no desenvolvimento da teologia bíblica (AT e NT), era sua aplicação do sobre método sustentada pelanstruçã o ênfase d o consistente raciona lismo a histórico-crítico, razã o his tóric a.68 Sua reco histórico-crítica da multiplicidade dos testemunhos bíblicos levantou, entre outros problemas, a questão do relacionamento entre os Testa mentos, um problema em caloroso debate hoje. Outrossim, o proble ma inteiro da teologia bíblica como disciplina puramente histórica, conforme vigorosamente sustentado por Gabler e conseqüentemente por Bauer e outros, é novam ente questionado no debate atu al, como também a natureza da tarefa descritiva, Não obstante, Gabler e Bauer fundadores da disciplina independente da teologia bíblicasão e doosNT. Foi no período do iluminismo que o método histórico-crítico se desenvolv eu e pas so u a ser ap licado ao estud o d a B íb lia.69 A inf luê n cia da revolução científica encabeçada por N. Copérnico (1473-1543) e aperfeiçoada por J. Kepler (1571-1630)70 e Galileu Galilei (15641642 )71 trou xe um a nova com pre en sã o d a B íb lia. 72 As su gestões dos dois últimos cientistas citados relacionavam-se com a independência do estudo da natureza. A ciência não depende mais das informações da Bíblia, mas a Bíblia é que deve ser interpretada através das 66 Bauer, B ib lisch e T h eologie des N T (L eip zig, 1SOO), I, p. 6. A tra du çã o é a en co n trada em Kümmel, The NT: The History , p. 105. 67 Merk, B ib lisch e T h eolog ie, P- 202, 68 P. 199. 69 A história destes desenvolvimentos é descrita por A. Richardson. The B ible i n the A g e o f S cience [Lon dres, 1% 1], p. 9-31, Scholdcr, Urspriinge und Probleme der B ih e lk ritik em 1 7. J a h r h u n d er t , p, 60 c ss., que foi resumida por Krentz ( The Hhp. 75-99. to rica l- C rit icu l M e th o d , p. 10-22), e Stuhlmacher, Schriftauslegung, D ie (Tübingen. T h eolo gie1975); Jnhartnes K ep le rs zw Johann is ch en OK rth o dr oun x ied die u n dBN 70 J. Híibner, tu rw is sen sch aft A. Deissmann, e p le ibael (Giessen, 1910). 71 J. J. Langford, Galileo, Science and the Church (New York, 1966); O. Loretz, G alilei un der Irrtum der Inquisiti on (Münster, 1966). 72 Ver especialmente C.F. von Weizsiickcr. "Kopernikus. Kepler, Galilei", íunsichte n, G e rh a rd K rü g er zu m 60 . G e b u rtsta g (Frankfurt. 1962), p. 376-394; H. Karpp, “Die Beitrãge Keplers und GaJileis zum neuzeitlichen Schriftverstãndnis’’, Z T h K 67 (1970), p. 40-55; R. Hooykaas, R eligion a n d th e R is e o f M od ern S cie n ce (Grand Rapids, M ich.. 1972), p. 35-39; G. F. H asel , “ Founders of the Modern Understandig of the Relation Between Science and Religion” (dis curso não publicado, lido na Michigan Academy of Science, Arts, and Letters.

6 de abril de 1973).

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conclusões da ciência.” Assim, “a autoridade da Bíblia foi diminuí d a " .74 E ra da pertin ên cia da s questões da fé e da m o ra l,75 mas não das questões da ciência. Pode-se notar um desenvolvimento similar com respeito à História nos escritos do filósofo político francês Jean Bodin (1530-1596), que argumentava pelo uso da razão na escrita da H istó ria ,76 e*na insistênc ia de Joa ch im V ad ian n a observ ânc ia q ua nto à ciên cia da g eo gra fia.77 A segu inte c on trovérs ia pr é-a d am ita 78 foi acio na daaopoPentateuco. r is aac de Estes l a Peyrère, 1655,79 que a crítica literária eventos em juntaram-se aos aplicav avanços a no campo da filosofia. René Descartes fez da razão o critério único da verdade e elevou a dúvida a uma extensão ilimitada através da es tru tur a total das convi cçõe s conven cionais.8 0 Um pou co mais tarde, Bened ito Spino za81 pu blico u seu fam oso Tractatus Theologico-Polilicus (16 70), no qual trata va da que stão da relação entre a teologi a e a filosofia. Ele argumentava que ambas precisavam ser cuidadosamen te separadas e sustentava que a razão é o guia do homem para a verdade. Todas estas influências foram catalisantes para a formação cio método histórico-crítico em sua plenitude. Diz-se que em 1728 o teólogo genovês da “ortodoxia racional” Jean A. T urre tini, declarou que “ as Esc rituras Sagrad as não podem exp licada s a não ser atravé s de outro s livros” .82 Ele a firmou :

ser

Posto que Deus, como já percebemos com freqüência, é com toda certeza tanto o autor da razão como da revelação, é, portanto, impossível que possam se contradizer...Conseqüentemente, se de terminado sentidocontradiz se nos oferece emconceitos, certas passagens da Escritura, que abertamente todos os então tudo tem que 73 Galileu escreve: "Havendo chegado a quaisquer certezas em fisica, temos que utilizá-las como as auxiliares mais apropriadas na verdadeira exposição da Bíblia” (Opere, conforme traduzido por S. Drake, ed., D isco v eries a n d op in ion s o f Gaiileo (Garden City, N. Y., 1957), p. 183). Kepler declara que os escritores inspira dos "nunca tiveram a intenção de instruir os homens às coisas da natureza, exceto no primeiro capítulo do Gênesis, que trata da srcem sobrenatural do mundo" (iOpera Omnia, ed. Chr. Frisch [p. 185 e ss.], II, p. 86). 74 Krcnty, The H istorical- Critical M eth od , p. 13. 75 Hasel, “Founders of the Modern Understanding of the Relation Between Science and Reliyion", p. 9 e s. 76 Scholdcr. Ursprün ge und Problem e de s B ibelkritik im 17. Jahrshund ert, p. 91. 77 P. 96. 78 P. 98-1 04. 79 Kraus, Geschichte , p. 59-61. 80 Scholder. Ursprüng e und Prob leme der Ribe lkrit ik im 17. Jahrhundert, p. 132-158. 81 R. M. Grant, A S h o rt H is to ry o f th e In te rp re ta tio n o f S c rip tu re (2.a ed.; New York, 1966), p. 146-150. 82 As conferências de Turrentini foram publicadas por terceiros, sob o título D e Sa crae S c rip tu ra e in te rp re ta n d a e m e th o d o tr a cta tu s b ip a r titu s (T ra je c ti T h u v ia n im ,

1728), p. 196.

23

ser atacado ou censurado, em vez de se aceitar este dogma. Logo, essas passagens têm que ser explicadas de outro modo, ou, se isto for impossívef, como não genuínas, ou o livro não pode ser consi de rad o divino.8 3 A prioridade da razão sobre a revelação bíblica é aqui totalmente realizada à custa da autoridade da Bíblia. Naturalmente, Turretini não sabia ainda que os princípios da razão natural que ele tentava elevar a critér io pa ra a interpretaçã o eram em si um a “ com preensão" tot almente determ inada , hist oricamente trazida ao t exto ”.s* As idéias de Turretini exerceram pouca influência em sua época. O trabalho marcante sobre o cânon e a inspiração de J. J. Semler, sumariamente mencionado acima, que apareceu cerca de cinco décadas após o Bip artite Tracta tu s Concerning th e M eth o d by W hich the Sacred. Scriptures Are to Be Interpreted (Tratado Bipartido a Respeito do Método Pelo Qual Deve-se Interpretar as Sagradas Escrit uras) de T urretini, m ost rou- se d e im po rtância perm anente para a fund ação do m étodo históri co-crí tico no estudo da B íbl ia. A se pa ra ção entre a Palavra de D eus e a E sc ritur a85 e a aplicação c onsistente das regras básicas da crí tica pr ofan a à B íblia, 86 jun tam en te com um a profunda distinção entre o conte údo divino e a form a hu m an a da E sc ritu ra ,87 colocam o texto bí blico de libera da m en te d en tro do cenário antigo e o explicam como testemunho de seu próprio tempo, sem a i nten ção de fa lar ao l eitor m od ern o,88 Esses conceitos pe rm an e cem fundamentais para a crítica histórica e valeram a Semler a designação p ai dae teol ogia histórico -crítica A disti nção feita po r Semler entredeteologia religião, uma distinção que.89separava “local mente e temp oralm ente” os determinados theologoumena da religião definitiva, foi realizada por F. C. Baur, no século XIX, e chegou à sua formulação clássica através de E. Troeltsch no começo do sé culo XX.

isto r y , p. 68-61. 83 P. 312. Cf. K "Uber üm m el,dieHBedeutung 84 U. Wilckerts, der historiscben Kritik in der modemen Bibelexegese”, Was heisst Auslegurtg de r H eil igen Schrift?, p. 94. 85 Semler decl ara: “ A Escri tura Sagrada e a Palav ra de D eu s são claramen te distin tas, pois conhecemos a diferença... À Sagrada Escritura pertencem Rute, Ester, Cantares de Salomão, etc., mas nem todos esses livros, chamados de sagrados, pert encem à Pal avra de D eu s... " D . Joh. S a lo m o S e m lers A b h a n d lu n g von f r e ie r Untersuchung des Canons, 4 vols. (Halle, 1771-1775). I, p. 75. 86 Kraus, Geschichte , p. 113. 87 Semler, conform e ci tado por K üm m el, H is to r y , p. 64. 88 J. S. Semler, Vorbereitung zu r theol ogis che/ ! H erm eti eutik (Halle, 1760), p. 6-8, 149 e s. , 160- 162.

89 Krentz,

24

The H ist oric al-Cri ti cal M etho d, p. 19.

C. Do Iluminismo à Teologia Dialética A era do iluminismo trouxe mudanças, na teologia, de influência definitiva. A teologia bíblica libertou-se de seu papel de subsidiária da dogmática, para tornar-se sua rival. Transformou-se numa disci plina descritiva e tornou-se um a ciência histó ric a que descreve o que os escritores bíbli cos pens av am , isto é, “ o qu e qu eria m dize r” .50 A interpretação (de “opredominante que queriamnadizer”) própria natureza, da filosofia época.depende, Ao lado pela dos enfoques “ pu ram en te hist óricos” desenv olv era m-se tam bém enfoques “ histórico-posi tivos” , o enfoque d a “ história das religiões” e o d a “ história da salvação” , Os anos 1 813-1821 testem un ham o surgim ento de D ie biblische Theologie , de Gottlob Philipp Christian Kaiser, em três volumes. Ele constrói sua obra com o que chama dc "método de interpretação h istórico-gram atical” combinado com “ o ponto de vista de um a hi stó ria d a religi ão filosófico-un iversal” .91 Isto significa um a rejeição de qualquer tipo deda supernaturalismo. Kaiser é e oa subor prim eirototal a aplicar um enfoque “ histó ria das religiões” dinar todos os aspectos bíblicos e não-bíblicos ao princípio da religião u n iv er sa l.92 Wilhelm Martin Leberechte de Wette publicou seu Bib lische Dogmatik des Alíen und Neuen Testaments em IS IS .1” Ele foi alu no de Gabler. Sua obra marca um movimento para fora do racionalismo ao adotar a filosofia kantiana conforme interpretada por J. F. Fries,94 combinando a teologia bíblica com um sistema filosófico. Sua síntese mais alta de c sentimento transformou-se num “desenvolvimento genético” da féreligião, a partir do hebraismo, via judaísmo ao cristian ism o.95 Ist o signi fica um a q ue bra da u nida de m aterial do AT e do NT ,96 e a teologia do NT passa a ser en ten did a como um fenôm eno da história das religiões. Tudo o que é local e temporal tem que se despir, a fim de chegar ao atemporal, geral e permanente. Não obstante, a tentativa de de Wette indica que há um problema metodológico não resolvido, pois ele tentou combinar a teologia bíb lica com interesses dogm áticos. A abordagem de de Wette recebeu uma refutação radical da parte 90 A terminologia de K. Stendahl, "Biblical Theology, Contemporary”, W B , I, p. 418-432. 91 Kaiser, D ie biblisc h e T h eologie (Erlangen, 1813), I, íii. 92 Ver Dentan, P reface, p. 28 e s.; Kraus, B ibli sch e T h eo lo g ie , p. 57 e s.: Merk, B ib lisch e T heologie, p. 214 e s. 93 R . Sm end, W. M. L. de W et tes A rbeit am Alten un d am Neuen T estament (Basi léia, 1958). 94 Kraus, B ib lisch e T h eolog ie , p. 72. 95 Merk , B ib lisch e T h eo lo gie, p. 210-214.

96 Strecker,

D a s P rob lem der Th eologie des N T , p. 5.

25

de K. W. Stein, que argumentou que a questão fugia ao programa de Gabler e da teologia do NT de Bauer. A insistência de que “só o enfoque histórico-crítico pode levar a uma teologia bíblica pura e com ple ta” 97 e que o s pen sam en tos difere ntes dos escritores do NT não podem ser reunidos num sistema aponta para o problema de que o NT é composto de várias teologias, mas que não existe uma teologia do NT.98 De Wette tenta fazer da doutrina de Jesus, a saber, aquela em que do os escrit d o NTdo concordam, centro doe esta N T continua ." Aqui toda a questão centroores e unidade NT passa à odianteira; sendo a questão prin cip al até hoje. Â tradição de Gabler e de Bauer, no que toca à natureza “puramente histórica”'00 da teologia bíblica (NT), pertence D ie bibl ische The ologi e des Ne uen Testam ents (Leipzig, 1836). dc Daniel G. C. von Cõlln.101 Considerado o últi m o a ap resen tar um a te ologi a bíblica ba sead a no rac ion alism o,102 von Cõll n delineou um evolucionism o do hebra ísmo ju apresento um a história da espiritualização, dedaísm pu raç o-cristianísm ão ética e umoa ea m pliaçã o uuniversa l da idéia de te ocr ac ia.103 O. Merk assinala que o resultado final de von Cõlln era uma teologia dogmática modificada, porque ele não separou profundamente a tarefa da teologia bíblica histórico-crítica (puramente histórico-crítica) da tar ef a da int er pr et aç ão (d o gm átic a).1114 O ápice do enfoque de Gabler e Bauer de uma teologia do NT “p uram ente hi stóri ca” é al cançado pel a obra de F erdinan d Christ ian B au r (1792-1 860).1 0s B au r é o fun da do r e incon testável líd er da E scola de Tübingen. No ano de 1835, seu aluno David Friedrich Strauss 97 K. W. Stei n, “ Ú ber d en Begriff die Beh and lungsarí der bibli schen Th eologie des NT” , A n a le c len f ü r d as S tu d iu m d e r exegetis ch en u n d syste m a tisc h e n T h eolo gie , eds, C. A. G. Keil e H. G. T?,schirner(1816), III, p. 151-204, esp. p. 180. 98 Merk. B ib lisch e T h e o lo g ie , p. 214, 99 Stein, Üb er den Begriff e", p. 189-204. 100 A distinção do desenvolvimento de um método “puramente.histórico" se justifica com base na designação empregada por E. Troeltsch, "Über historische und dogmatische Methode”, (Tüb ingen, 1913), p. 729-753, Studien II , ed. G, Sauter (Munique, 1971), reimpresso em Theologie Gesammelte ais Wissenschaft p. 105-127. 101 Sua teologia do AT lo i publicada com o V ol. I, do qual sua teologia do NT era o Voi. II, sob o título geral de B ib lis ch e T h eologie {Leipzig, 1836). Cf. Kraus, B ib li sch e T h eolog ie , p. 60-69. 102 Merk, B ib lisch e T h e o lo g ie , p. 222. 103 Kraus, B ib li sch e T h eo lo g ie , p. 67. 104 Merk, B ib lisch e T h e o lo g ie , p. 225 e s. 105 P. C. Hodgson, The Form ati on o f H ist orical Theol og y. A Study o f Ferdinand Christian Baur (New York, 1966 ); W . G eiger, Spekulation und Kritik. Die Gesch ich tsth e o lo g ieF . C. B au rs (Munique, 1964); E. Barnikol, C. Baur ais ratio-

n a listisc h -k irch lich er Th eologe ( Berlim . 1970).

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(1808-1874) publicou o seu Das Leben Je su ,'06 uma interpretação radical dos relatos de Jesus. Strauss não ofereceu uma interpretação nem supernatural nem racionalista, apenas mítica, dos relatos do Evangelho, que dão uma base do fato histórico, transformado e enriquecido pela fé das primeiras comunidades cristãs, O método filosófico hegeliano da tese de uma interpretação supernaturalista, que era confrontada com uma antítese de interpretação racionalista, leva Strauss síntese interpretação dialética heg eliana de àterm ina odamétodo de trabmitológica. alh o ” 107 de“Esta Strauss . As Vorlesungen über Neutestamentliche Theologie (Conferências Sobre a Teologia do Novo Testamento), de F, C. Baur, foram publi cadas postumamente em 1864'08 e representam a conclusão de seus trab alh os ac ad êm ico s.109 A dialética h ege liana de B au r levo u-o a encarar a história do cristianismo como uma luta entre a tese do cristianismo juda ico (escri tos de Pedro, M ateus, Apocalip se) e a antí tes e do crist ianismo ge nti o (G ál., M I Co r., R om ., Luc. ), o qu e resultava na síntese do cat encontra olici smo um primponto iti vode (Maapoio rcos,naJoão, Atos) do século II.110 Este enfoque teologia do NT, que é um a “ ciência pu ram en te h istór ica” , 111 mas está res trita aos escritos do N T .111 De ac ord o com seus prim eiros estu do s, Baur distingue três períodos: O primeiro é caracterizado pelos conceitosde-doutrina ( Lehrbegriffe) das quatro epístolas autênticas de Paulo (Gál., I-II Cor., Rom.); o segundo período contém Hebreus, as epístolas menores de Paulo, I-II Pedro, Tiago, os Sinópticos e Atos; e o terceiro período en cerra as epístol as p astor ais e as de João. A “ dou trinamas de Jesus” tem espaço seqüência estritamente históri ca, Baur não a coloca antes nesta dos três períodos e a reduz a um “ elemento pu ram en te m ora l” . 113 Logo, a ênfase de Bau r está na reconstrução dos conceitos históricos e do progresso do desenvolvi mento das várias doutrinas. Ao contrário da teologia do NT de G. L. Bauer, maior credor de B aur d o que J. P. G abler, Ba ur considera a “ do utrina de Jesus” u m a pré-história da teol ogi a do NT, e não uma parte básica da teologia do NT etn si. R. Bultmann parece se 106 D a s L eb en J e s u , 2 vols. (Tübingen, 1835-36). Tracl. ingi. de G. Eliot, The Life o f Jesu s C rit ica ll y E x a m in e d (da 4 9 ed. alemã; Londres, 1846). Cf. A . Schw eitz er, The Q uesl o f the H ist orical Jesus (New York, 1964), p. 78-120. 107 Schweitzer, The Q uest o f lhe H is tori cal Jesu s, p. 80. 108 F. C. Baur, ed. F. F. Baur Vorl esunge n ii bcr neu testam entliche Theologie, (biip/.ig, 1864). 10 9 M erk , B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 227. 110 B. Rigaux. P a u lu s u n d sein e B n e fe (Munique, 5964), p. 14 e s.; R. C. Briggs, I n te r p r e tin g th e N ew T e sta m e n t T oday (Nashville, 1973), p. 145-148. 111 Baur, Vorles ungen. p . t . 1 1 2 P .38 .

113 Kümmel,

H is to ry, p . 142. 11

colocar na tradição de Baur, quando declara: “A mensagem dc Jesus é mais um a pressuposiçã o p ar a a t eologi a do Novo T estam ento do q ue um a par te dessa teologi a em s i" .114 E sta que stão co ntinua a ser importante hoje. Os notórios principais defeitos do enfoque dc Baur são a aplicação da dialética hegeliana e a ênfase excessiva Ainfluência do jud aísm o no cristianismo primiti vo. Ao con trário das abo rdag ens “ pu ram en te históric as’ ’ da (eologia do NT havia estudiosos nas primeiras décadas àdoescola século"histórico-positiXIX que podem ser classificados como pertencentes va”lis do NT. Entre os fundadores desta escola estão M. F. A. Los sius116 e D. L. Cramer,117 ambos com essencialmente a mesma concepção. Suas obras exerceram uma importante influência no séc ulo passado . Los sius com bina a abordagem dogm áti ca do “ conceito-de-doutrina” com o sistema histórico. Ele sugere que há somente três possibilidades de se escrever uma teologia do NI’. Ou trata-se cada escritor do NT separadamente ou usa-se uma abordagem sistemática “conceitos-de-doutrina” ou combinam-se ambos os métodos.118dos A partir da perspectiva da abordagem de Gabler-BauerBaur. de um a te ologi a do NT “pu ram ente histórica", a abordagem de Lossius-Cra me r, de um a teol ogia d o NT “ históri co-po sitiva” , pode ser con siderad a um a reversão m etod ológ ica,1 ' 9 mas, pa rtindo-se dc outra perspectiva, isto pode ser visto como uma antítese necessária à crítica r ad ica l das teologias do N T .120 Deve-se conferir um lugar de destaque ao totalmente conservador G rundzü ge der bibl isc hen Theol ogi e (1828), de Ludwig F. O. Baumga n- C ru Sua ob ra , Consideram-se a ltam en te va loriza influência de rte G abler sósiu at s.121 é certo ponto. os do dais, reflete Tes tamaentos um a unidade. Baumgarten-Crusius procura “apresentar um sistema de conceitos puramente bíblicos que sirva como fundamento e norma para a doutrina e como ponto de p artid a para a história do do gm a” .122 Ele r econhece a validade da in terp reta çã o histórico-g ra m atic al, ,2J reco nhe ce-se d eve do r de K aise r, de de W ette e L os siu s,124 114 R. Bultmann,

Theol ogy of t he N ew Test ament

(Londres, 1965), 1. p. 3.

ogime en destsN oTd,e rI, die 115 Ver particularmente Gopp , Theol p. 41-45. 116 B ib lisch e T h eologie d es Nelt euen T e sta L eh ren d e s C h risten th u m s aus den ein zeln en S ch riften d es N . T. e n tw ic k e lt (Leipzig, 1825). 117 Vorl esunge n üher die bibli sche Theologi e des Neuen Testam ents, ed. F. A. A. Nàbe (Leipzig, 1830). 118 Lossius, B ib lis ch e T h eologie des N T , p. 11 e s. Cf. Merk, B ib lis ch e T h eologie , p. 217, 11 9 Tam bém M erk, B iblisch e T h eo log ie, p. 218. 120 Também Goppelt, Theol ogi e des N T , 1. p. 41. 121 G rundzü ge der bi bli schen Theol ogie (Iena, 1828), Cf. Kraus, B ib lisch e T h eologie, p. 218. 122 B aum garten Crusius, Gru ndzüge der bibli schen Theologie, p. 3.

123 P. 6.

28

mas argumenta seriamente contra os excessos da crítica deísta da religião com vistas a defender-se das influências estrangeiras sobre a teologia bíblica. Baumgarten-Crusius sustenta que a unidade da Bíb lia é reconhecida com base no tema co mu m do reino de Deus, que une ambos os Testamentos. Este centro da Bíblia tem hoje adeptos que pertencem a uma linha não -conservadora de acadêmic os. O prob lem a da un idade e diver sidade dentro do NT torna -se uma questão importante na exposição de August Ncandcr, cujos dois volumes for am p ub lica do s em 183 2-3 3.125 Após tr açar a histó ria do perío do apostólico (V ol. I), distingue os diferentes apóstolo s, a saber, as correntes cie Paulo, Tiago, Pedro e João (Vol. II). A diversidade de apresentação da mensagem destes apóstolos serve para enfatizar a “ un ida de viva’ ’126 da do utrin a de Cristo de ntro de sua m ultip licid ad e. Esta interpretação tornou possível que ele desenvolvesse em sua últim a pa rte os tem as do N T .127 A influencia de Neander sobre Christian Friedrich Schmid ê livremente reco nh ecid a pelo se gund o, 128 que co nsid era que o m étodo de sua Bib lische Theologie des Neuen T esta m en ts, 2. vols. (1853)‘2<> consiste de uma apresentação “hisíórico-genética” dos escritos canô nicos do NT. Schmid acha que há uma unidade essencial subjacente ao NT qu e se reflete nas dife rentes d ou trin as dos escritores do N T .'10 George Ludwig H a h n ,131 em 1854, tem um a opiniã o s em elhan te e tam bé m H erm an n M es sn er ,132 em 1856. Estes eru ditos con cord am que há unidade na diversidade, que a teologia do NT se preocupa apenas com os escritos canônicos, que o método apropriado é o “histórico-crítico” e que é certo apresentar a doutrina do NT mais ou menos sob a direção tradicional da dogmática. A tendência da teologia do NT chamada “positiva moderna” foi encabeçada por um oponente da Escola de Tübingen. O Lehrb uch der (1868 )1” gozou de um a biblischen Theologie des Neuen Testaments grande po pu laridad e, com se te edi çõe s num período de quase qu are n 124 P. 10. 125 G eschichte der Pflanzung u nd Leitung der chri st li chen K irche durch die Apostei, ais se lb s ta n d ig e r N a ch tr a g zu d e r a ll gem ein en G esch ic h te d e r ch ristlich en R e li gio n u n d K ir c h e , 2 vols. (Hamburgo, 1832-1833). 126 II, p. 501. 127 11, p. 501-711. 128 C. F. Schmid, “Über das Interesse und den Síand der biblischen Theologie des Neuen Testaments in unserer Zeit", Tuhinger Zeitschri ft fü r Theologie 4 (1838), p. 125-160, esp. p. 159. 129 B ib lis ch e Th eologie d e r N euen T e sta m e n ts , ed. C. von Weizsácker, 2 vols. (Stuttgart, 1853). 130 Merk, B ib lisch e T h eologie , p. 219 e s. 131 D ie T h eo lo g ie des N euen T e sta m e n ts (Leipzig, 1854). 132 D ie L eh re d e r A p o s te i (Leipzig. 1856).

eh bu ch d e r B ibThe lis Theol ch en Togy h eologie N euen ent T esta(Londres, m e n ts (Berlim, 133 Lingl. da3.aed. 1892). 1868). Trad. o f the Ndes ew Testam

2‘ )

ta anos.134 Ao contrário das opiniões radicais do F. C. Baur, o enfoque de W eiss era co ns erv ad or ,135 pois ele consid erav a ge nu ína a maioria dos escritos do NT; comparando-se a A. Ncander, C. F. Schmid, G. L. Hahn e F. Messner, o enfoque dc Weiss é menos conservador, embora ainda positivo, pois ele não se direciona total mente ao relacionamento do AT com o NT, e o Evangelho de João está totalmente excluído de servir como fonte para a doutrina de Jesus.136 Wei ss suger e que "a teologi a do N T tem que descrever a multiplici  dad e das form as de do ut rin a dos d iferente s escritores do NT ” . 137 Documentos extracanônícos não têm lugar na teologia bíblica do N T .138 “ O au xiliar m ais im po rtan te d a teologia bíblica é o método, isto é, uma exegese que siga as regras da interpretação histórico-gram atic al” .13!) Isto qu er dizer, p ar a W eis s, que a fun daç ão h erm en êu ti ca tem r aíze s na posiç ão que “in terp reta cada escritor a p artir de den  tro del e m es m o ",140 e não a p a rti r dos sistemas dogm ático ou fil osófi  co nem dos chamados textos paralelos da Escritura. Por outro lado, as palavras dos auto res individuais t êm que ser prev istas pela teologi a bíblica. O m étodo de Wei ss caracteriza-se totalmente por um enfoque do “conceito-de-doutrína” teológico (Lehrbegriff) , muito embora ele reconheça um “desenvolvimento interno’' das “duas correntes princi pais” , a saber, “ a apostó lico-prím itiv a” e ‘‘a p a u lin a ” . 14’ O enfoque do “conceito-de-doutrina” na teologia do NT foi passado a todos os estudiosos que podem ser considerados representantes da escola “positiva moderna” da teologia do NT. Um dos enunciados programáticos de Weiss é típico da escola “positiva moderna”: “A teologia bíblica não pode se preocupar com as investigações crític as e especia  lizadas a respeito da ori gem dos es cri tos do NT po rque é apenas um a ciência históric o-d esc ritiva” .142 E sta d efinição está m ais ou menos na base das teologias do NT de W . Beyschla g,143 P. F ein e,144 F. 134 7 .a ed.: S tuttgart/B erlim , 1903. A s pri meiras dezesse is páginas da pri meira edi ção de 1868 foram reimpressas em D a s P ro b lem d e r T h eologie d es N T , p. 45-66. 135 Kraus. B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 151. 136 Kümmel, H isto r y , p. 173. 137 D a s P ro b le m d e r T h eo logie d es N T , p, 52. 138 P. 60. 139 P. 61. 140 P. 62. 141 P. 56 . 142 Weiss, L e h rb u c h , p. 8. Cf. D a s P ro b le m d e r T h eologie d e s N T , p. 53. 14 3 W ill ibald Beyschlag, N e u te sta m e n tlic h e T h eologie o d e rg e s c h ich tlic h e D a rsteil u n g d e r L eh ren Jesu u n d des Ü rch risten th u m s nach den n e u te sta m e n tlic h e Q u ellen, 2. vols. (H aíle, 1891-1892). Cf. M er k, B ib lis ch e T h eo lo g ie , p. 2 40 e s . 14 4 Paul Feine. Theologie des Neuen Testaments (Leipzig, 1910). A oitava edição foi

publicada em

30

1951.

Hiichsel145 e, em língua inglesa, nos trabalhos de F. Weidnci-,''‘'' J:. I\ Gould,147 G. B. Stevens,148 e outros. I )ma ou tra reação “c ons ervad ora” ao enfoque "p ura m en lc histó\ ico" da teol ogia do NT apa receu na " escola história da salvação" que eslava liga da a Go ttfried M en ke n (1768-18 31),149 Jo ha nn T . Beck I I804 -187 8)1SD e sua figu ra prin cip al 1. Ch. K on ra d von Ho fm an n (. (<S10-1 877).151 A "es cola his tó ria da sa lv ação” do séc ulo XIX baseia-se: do povo de Deus "expressa na Palavra"; (2)(1)na Na idéiahistó da ria inspiração da Bíblia; e (3)como no resultado prelim inar da histó ria entre Deus e o homem em Jesus Cristo. Von Hofmann encontrou na Bíblia o relato de uma história salvífica linear, em que o Deus ativo da História é o Deus trino cuja meta e propósito é redim ir a hum anidade. Visto que Jesus Cristo é a m eta prim ordia l do mundo, que a história da salvação tem como objetivo e do qu al receb e seu sign ifica do ,152 o AT e o NT c ontêm a p rocla m ação histórico-salvífica. Isto é o que uma teologia bíblica tem que expor. Cada livro da Bíblia tem seu lugar lógico no esquema da história da salvação. A Bíbl ia não d eve ser co nside rada bas icam ente um a col eçã o de textos-prova ou uma doutrina repositória, mas um testemunho da açã o de Deus na Histór ia, q ue não e star á com pleta até a consumação escatológica.153 A abordagem histórico-salvífica de von Hofmann foi elogiada por P. Feine como “o desenvolvimento teológico mais frutífero do sé culo X IX ” .154 L. G opp elt tam bém lhe conf ere um lug ar significati  vo,155 ao passo que outro s pa rece m su be stim ar s ua im po rtân cia, tra tan d o -a como p arte da “ reli gião do bibli cism o” 156 ou não a 145 F. Büchsel, Theologi e des Neuen Testam ents. G eschichte de i W ortes G aites i m N euen T e sta m e n t (Gütersloh, 1935). 146 F. Weidner, B iblica l Theologv o f th e N ew T e s ta m e n t, 2 vols. (Chicago/Londres, 1891). 147 E. P. Goutd, The B ibli cal Theol ogy o f the New Testam ent (New York, 1900). 148 G. B. Stevens, The Theol ogy o f the New Testamen t (Ediniburgo, 1901; 2.a ed., 1906). 149 Kraus, B ib lisch e T h eologie , p. 240-244. 150 P. 244-247. 15 1 J. C h. K. von H ofm an n, Weissagung und Erfüllung im Alten und Neuen Testamente (Nõrdlingen, 1841-44); idem, D e r S ch riftb ew e iss (Nõrdlingen, 185256); idem, B ib lisch e H e rm e n e u tik , eds. J. Hofmeister e Volck (Nõrdlingen, 1880). Trad. ingl. In te rp r e tin g th e B ib le (Minneapolis, 1959). 152 W eis sagung un d Erfüllung, I, p. 40. 153 K. G. Steck, D ie Id e e d e r H eil sg esch ic h te. H o fm a n n -S ch la tter-C u llm a n n (Zollikon, 1959). 154 Feine, Theo lo gi e des N T , p. 4. 155 Goppelt, Theologie des NT, I, p. 45 e s. Também G. E. Ladd, .4 Theol ogy o f t he N ew T e sta m e n t (Grand Rapids, Mich,, 1974). p. 16. Trad. port. Teologia do Novo Testamento (JUERP, Rio de Janeiro. 1984).

156 Betz, ID E , 1, p. 434.

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m encion and o n u n c a .157 A influên cia de von H ofm ann tem sido significativa de vários modos. As razões para isto são várias. Ao contrário de seu contemporâneo F. C. Baur, von Hofmann não integrou o NT na história geral do pensamento, mas levou-o a uma relação histórica com o AT, isto é, introduziu-o na história da salvação. Note-se que, ao fazer isto, ele combina o princípio da Reforma de deixar a Bíblia interpretar a si mesma com uma com pree nsão m od ern a d a H istó ria .158 Po r outro lado, dev e-se reco nhecer que von Hofmann afirma que a história do povo de Deus é um a história q ue “ se apres enta na P ala vr a” . 159 Não pode, p ortan to, ser descartada como uma filosofia da história da srcem da humani d ad e.160 Deve -se enfa tizar no vam ente que p ar a vo n H ofm ann a “ ação do Esp írit o Santo pro du ziu os l ivros bíbli cos, a ação do Esp írit o Santo tam bé m os re u n iu ” .161 Visto que o Espírito San to é o respon  sável pela srce m dos escr itos bí bli cos e pe la fo rm ação do câ no n, um a teologia da história da salvação tem como tarefa a investigação do local histórico dessas produções do Espírito Santo. Isto se consegue melhor através de uma interseção orgânica de toda a Bíblia ao longo das linhas da história da salvação, e não através de um texto-prova irrespo nsáv el pa ra com o co nt ex to .162 A influência de von Hofmann é evidente no erudito Theodor Z ah n ,16'5 o ho mem cuja cr ítica era tem ida po r A dolf v on H a rn a e k .164 Zahn não concebe a teologia do NT como um sistema científico da religião, mas como uma apresentação da teologia contida na B íblia ,’65 o que tem q ue ser ap re se nt ad o em seu “ desenvolvimento histórico” e “organizado de acordo com os passos da história da salv ação ” .166 Su a teolog ia do NT com eça com João B atista , que é a personificação da prediç ão profétic a e ao mesmo te m po o “ cum pri mento da promessa que aponta para a revelação divina final e o iniciador da época fin al da h istória da salvaçã o” . 167 Zah n seguia, em 157 Bultmann, “The History of NT Theology as a Science”, (Londres, 1955), II, p. 241-251. 158 Goppelt, Theol ogi e des N T, i, p. 46, 159 160 161 162 163

164 165 166

Theology of the NT

W ei ss agung und E riüll un g , I, p. 49. Von Hofmann, Kraus, B ib lisch e T h eo lo gie, p. 250. Von H ofm ann, W ei ss agun g un dE rfüll ung, I, p. 49. Von Hofmann, 1852 56); cf . G opp elt, Theologie D e r S eh rif be w eis (Nordlingen, des N T , I, p. 46. T. Zahn, Geschichte des neutestamentlichen Kanorts , 2 vols. (Erlangen/Leipzig, 1888-92); idem, E in le itu n g in d as N e u e T e sta m e n t, 2 vols. (Leipzig, 1906-07); idem, Grundriss der neutestamentlichen Theologie (Leipzig. 1928). Cf. Kraus, B ib lis ch e T h eolo gie, p . 18 e s. Kümmel, H isto ry, p. 197. Zahn, G run driss d e.r ntl. Th eologie, p. 1. I b id .

167 P. 5.

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sua exposição, a abordagem do "conceito-de-doutrina" ( L eh rbeKriíf),l6a m as s ó raram ente re torn a ao A T. O lugar de Adolf Schlatter,169 no aspecto do desenvolvimento da teologia do NT, tem sido debatido.170 Schlatter “é talvez o único eru dito ‘conse rvad or’ do N ovo Testa m ento desde B engel , que pode ser i-uíocado n a me sm a escola de Bau r, W rede, Bouss et e B ul tm an n” . 171 Incluímos Schlatter no grupo associado ao enunciado geral da história d a salvação ( H eilsgeschic hte ) porque ele tem que estar ligado a este movimento. Em seu provocante ensaio “Métodos Ateus na Teolog ia” (190 5),172 Sc hla tter rejeita o at eísm o ine ren te ao m étodo histórico-crítico moderno e afirma que nem a cultura, com sua cosmovisão ( Weltanschauung ), nem o método histórico moderno são adequados à teologia do NT. Os métodos que tentam estudar o desenvolvimento do cristianismo sob uma base puramente histórica sem o em prego da ação de D eus são ''a te u s” .173 E sta com preen são de Schlatter na realidade total , inclusi ve div ina, torn a sua “ sol uçã o pa ra o problema da teologia do Novo Testamento inaceitável para qual quer pessoa que deseja vê-la como disciplina puramente histórica a ser estudada através dos métodos compartilhados por todos os his to ria d o re s" .174 Isto levanta a que stão fun da m en tal da m eta da pesquis a histó rica.

168 Merk (B ibli sche Theologie ), p. 251, n° 137) declara que Zahn é o último a utili zar es te ti po de abordagem . 169 A. Schlatter, D e r G la u b e im N euen T e sta m e n t { DarmsU idt. 18 85; 5 .a ed ., 1963), cham ado de "NT theo logy in nuce" (Bultmann, Theol ogy o f the N T , II, p. 248); idem, D ie T h eologie des N euen T e s ta m e n ts , 2 vols. (Stuttgart, 1909-10), que foi publicada com os títulos Geschichte des Chrislus (Stuttgart, 1923), e D ie T h eolo g ie d e r A p o s te i (Stuttgart, 1922), respectivame nte. O imp ortante ensaio pr ogra mátíco de Schlatter, “Die Theologie des Ncucn Testaments und die Dogmatik", B eitr ã g e z u r F b rd eru n g c h rístlich er T h eologie 13 (1909), p. 7-82, foi reproduzido por A. Schlatter, s m K I e in e S c h rifte n , ed. U. Luck (Munique, 1969), p. 203-255, e em D a s P roble m d e r T h eologie d e s N T (daqui em diante citado como P T N T ), p. 155-21 4. Trad. ing l. “ The T heol ogy of the New Testam ent and D ogm atícs” , de R. Morgan, The Nature o f New Testam ent Theol ogy, p. 117-166 (daqui em diant e citado com o N N T T ). 170 Bultmann {The ol ogy o f t he N T, II, p. 248) afirma que Schlatter confere um “lugar único para si em todo o desenvolvimento da teologia do NT. O. Betz declara que “Schlatter se fixou a uma linha somente sua” (ÍDB I, p. 436), mas Goppelt o coloca inteiramente dentro da escola da “história da salvação” na erudiçào do NT (Theol ogie des N T, I, p. 47), enquanto Harrington diz (Pat h o f Biblical Theology, p. 116), surpreendentemente, que Schlatter produziu “uma alternativa pouco satisfatória à h e il sg esch ich tli ch e po sição ’'. 171 N N T T , p. 27. 172 A. Schlatter, "Atheistische Methoden in der Theologie" (1905). reimpresso in K le in e S c h r ifte n , p. 134-150. 173 P. 139.

174 Morgan,

N N T T , p. 33.

33

Em primeiro lugar, Schlatter concebe “o objeto do (colu^ia do Novo T estam ento, que quer perm anecer como cicncín pura ser a pala vra do Novo T e stam e n to ".176 A teolo gia do NT como Ijd restrin ge-se aos escrit os canônicos do NT e não contém a lil crnlimi com pleta do cristianismo primitivo (contra Wrede e seguidores). A igreja foi o resultado da proclamação do NT e não vice-versa.1"' “O fato de a história do Novo Testamento e de a palavra que lhe confere lestemunho ser em a base da existência do cristianism o é expresso pel o fato de o Nov o Testa m en to ser o se u c ân on ” .177 Sch latter susten ta u m a teologia canônica do NT porque considera autênticos todos os do cum entos do N T (exceto II P ed ro ).178 Schlatter é altamente sensível à questão da objetividade histórica. Ele agride nervos sensíveis ao declarar que “a objetividade histórica é ilusó ria” ,178 se a teologia do N T pa rtic ip a de todos os de bate s suscitados pelas escolas filosóficas (racionalista, hegeliana, kantiana), como t em sid o o caso. A po stu ra de que o teól ogo do NT funcion a como u m historiad or que “ explica” e “ observa o No vo Te stam ento de modo neutro” significa “começar imediatamente uma luta determi na da co ntra ele” .180 Po r quê ? Sc hlatter respo nde: “ A pa lav ra com que o Novo Testamento nos confronta pretende ter crédito, e assim exclui de uma vez por todas qualquer tipo de tratamento neutro. Q uand o o historiado r põ e de lado ou entre parên teses a questão da fé, está transformando seu interesse 110 Novo Testamento e sua apresen taçã o do mesm o n um a polêm ica tota l e rad ical co ntra ele” .181 Ao rejeitar a reivindicação de objetividade da parte daqueles que usam um enfoque “puramente histórico”, Schlatter antecipou o debate en tre os estu dios os do AT O . E issfe ldt e W . E ich ro dt, em 1 92 0.18:1 As críticas dirigidas por Schlatter contra a perspectiva “puramente histórica” da teologia do NT nem ao menos implicam que ele seja insensível à investigação histórica. Schlatter defendia a teologia do NT com o discip lina histó ric a contra aqueles que afirm am que um a interpretação que explica a teologia do NT historicamente “é funda

175 N N T T , p. 164. ' 176 AW 7T, p. 12 0: “V isto que o cristi anism o se baseia no Novo T estam ento, a interpret ação do Novo Testam ento é um a to que toca sua est rutura". 177 N N T T , p. 120. 178 P. 146-148. 179 P. 123. 180 P. 122. 181 Ib id . 182 O. E issfel dt, “ Israel iti sch-jüdis che R eligi onsgeschichte un d alttest am entliche Theologie", Z A W 44 (1926), p. 1-12 ; W. E ichrodt, “H at die alttestam entlich e

Theologie noch selbstãndige Bedeutnng innerharlb der alttestamentlichen Wis se n sc h af t? 1’ Z A W 47 (1929), p. 83-91; cf. Hasel, O T Theol ogy, p. 32.

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m entalm ente irreligiosa” .183 “ Se se exclui a his tór ia da influê ncia de Deus com base em que ela é meramente transitória e humana, não existe nenhuma relação consciente de Deus com a nossa vida pes soal” .18'1 Sch latter criti ca, p or um lado, a com preen são liber al de história como um círculo fechado de causa e efeito que não deixa espaço para a transcendência185 e, por outro lado, uma ortodoxia estreit a que afir m a que Deus atu a pa ra além d a História e não nel a ou através dela. “Portanto, o Novo Testamento repudia literalmente a tese de que a revelação e a História não podem se unir, o que ao mesmo tempo destrói a visão de que a pesquisa histórica é uma negaç ão d a revelação” .186 E ste enu nc iado só pode ser lido cor re ta mente s e ti ver mos e m m ente que nossa compreensão da realidade tem a ação de Deus n a H istória. É neste sentido qu e R. M o rg an 187 observa que a posição de Schlatter tem muito em comum com alguns aspectos da posição teológica de W. P ann en be rg 188 e com a sua crítica da subseqüent e “ teologi a da Palavra” . Sch latter afirm a que não se deve ir além das fontes do NT. “ O p en  samento histórico não deve estender-se além daquilo que as fontes revelam; de outro modo a pesquisa histórica transforma-se numa novela” .181' Ele p ar te do pre ssup osto de que o teste m un ho do N T é unificado, apesar de toda diversidade, e que a fé é a pressuposição p ara a com preensão apropriada dos escritos do N T .190 A unidade do testemunho do NT tem uma fundação histórica no ‘‘ambiente de Jesus e de seus seguidores, que era o jud aísm o p ales tin o” .19’ Sc hlatter declara o seguinte a respeito da Bíblia como um todo: A unidade, que a Bíblia precisa e tem, suas instruções se reúnem num todo. ponto de lado sem com prom ete r o ponto sem perder o todo; não posso m ir o t odo e ser guiado por ele ...

consiste em que todas as Não posso colocar certo todo; não posso elim in ar um me unir a um ponto sem assu

183 N N T T . p. 151. 184 P. 152. 185 Ver a recente declaração a respeito do historiador R. W. Funk, “The Hermeneutical Probletn and Historical Criticism'', eds. J. M. RoThe New Hermeneulic, binson e J. B. Cobb, Jr. (New York, 1964), p. 185: “O historiador não pode pressupor uma intervenção sobrenatural no nexo causai como base para seu trabalho.” 186 N N T T . p. 152. 187 N N T T . p. 32. 188 W. Pannenbere, B asic Q u estion s in T h eo log v. 2 vols. (Filadélfia, 1970-71). Cf. Hasel, O T Theology , p. 68-75. 189 Schlatter, Theol ogi e des N T , I, p. 11. 190 Ver especialmente G. Egg, A d o lf S c h la tte rs k ritisch e P ositi on . g e z e ig t an sein er

in ter p re ia lio n (Stuttgart, 1 91 M P. a55ttheàs u., s123-125.

1968). p. 55, 6 4-66, 107 e s.

35

E Paulo, que enfatiza a singularidade da palavra du NT de modo bastante m arcante , assum e com extrem o vigor o aparente m ente mais distante membro do AT: a lei. Nisto ele experimenta com força nova o que a lei deseja e ressurge na plenitude e lilu rdade da fé.’'*2 L. Goppelt e H. J. Kraus estão corretos ao ver na perspectiva de Schlattercomo um aumconcepção história da sal vaç ão.a natureza Sch latter senta-se gigante quedatomou em consideração de apre toda a teologia do NT, mas cujas opiniões não receberam a atenção que mereciam. Ele é um biblicista fanático.194 Ele acha que a autoria apostólica não milita contra a possibilidade de um desenvolvimento do pensam ento 110 NT. R. Morgan observa corretamente: ‘‘Posto que a teologia cristã, como interpretação contemporânea da tradição cris tã, consi ste sem pre ne sta co ntínua discussã o en tre conservadores e liberais ou modernistas, o estudo do protestantismo liberal pode encontrar um equilíbrio proveitoso levando-se Schlatter cm conside raç ão” .’96 Sc hlatter é pre cur sor daqueles p a ra quem a qu estão “ teol ógica” é pred om inante. Uma perspectiva da teologia do NT provavelmente não muito diferente daquela de Schlatter é a que foi esboçada por William Wrede (1859-1906) em seu ensaio programático Uber Àufgube und M ethode der sogenannte n N eutesta m entlichen Theologie publicado em 189 7.1y6 Este en saio tra ns fo rm a W rede no pione iro d a fas e '‘histó rico -re ligio sa” 197 da teolog ia do NT, q ue surg iu on ze anos apó s as primeiras teologias do AT que continham o enfoque da ‘‘história da religião” serem publicadas por Augu.st Kayser (1886) e C. Pie pe nb ring (18 86 ).198 Antes de q ua lqu er co ns ide raç ão a respeito dos pontos mais im portante s dos argum entos de W rede devemos analisar

192 A. Schlatter, E in leitu n g in d ie B ib e l (4.a ed., 1923), p. 481 e s., conforme citado par Kraus, B ib lis ch e T h eolog ie, p. 177 e S. B ibli sch e T h eo lo g ie , p. 178. 193 Goppelt, Theol ogie des N T, I, p. 47 es.; Kraus, 194 Kraus (Biblische Theologie, p. 177) afirma que o tipo de teologia de Schlatter não é biblicismo, porque ele não separa o ato do pensamento do ato da vida e se preocupa constan tem ente com a atual r ecepção do que é hist órico. 195 N N T T , p. 32... 196 W. Wrede, Uber Aufgabe und Methode der Sogenannten neutestamentlichen Theologie (Gõttingen, 1897), reimpresso em P T N T , p. 81 154. Trad. ingl. de R. Morgan, em N N T T , p. 68-116, sob o titulo; "The Tastc and Methods of ‘New T estament T heology’", 197 Hajiiiifílon. p. 115, está totalmente fnra dos The Puth o f B iblical Theology, limites de sua declaração de que ‘‘o ensaio de Wrede é o programa da escola

h e ils g eOs cThTheol ic h tlicogy k '\ , .p. 29-31. 198 Hasel,

36

(.ipnlameníe a obra de H. J. Holtzmann, que havia aparecido icccntcinente e era al vo m aior do ataq ue de W rede. O monumental Lehrbuch der neute sta m entlic hen Theologie, em ■ti 'is volumes, de H einrich Ju lius H oltz m an n (1832-1 910) apa rec eu em [H‘)7.1‘' 9 R. B ultm an n o c ham a de “ um mo delo da con sciê ncia i rílica”200 e R. Morgan de “um clássico da erudição histórico-crítica rejeitou as opiniões conservadoras de Weiss sobre a autoria, seu isolamento do Novo Testamento pensamento circun dante e especialmente sua opiniãododemundo que adorevelação poderia ser pressuposta pela discip lina” .2t>1 H oltzm ann segue a metodologia de I C . Baur, mas deixa d e fora o hegel iani smo. Ele não dese ja i sol ar o NT de seu meio cultural, m as recai no método do “ conceito-d e-d ouuina” ( Lehrbegriff) e coloca lado a lado os escritos do NT, mais ou meno s sep ar ad am en te.202 H oltzm ann manteve o nome tradicion al da Icologia do NT e se restringiu, por razões pragmáticas e não metodológicas, aos escritos canônicos do NT, mas declarou que “a separação entre o central e o periférico será a conseqüência inevitável de todo o tratam en to dos pro blem as bíbl ico-t eológicos sob a perspectiva histórica” .203 E ste procedim ento leva a um m éto do atomista parcialmente tradicional e parcialmente crítico. Ãs doutrinas do homem, da lei, do pecado, da corrupção e da revolução (conver são) seguem-se as da cristologia, da redenção e da justiça divina. Os capítulos finais discutem a ética, o misticismo e, por fim, a escatolo gia. “A cada passo torna-se evidente como é artificial uma organiza ção do material que deixe de fora as conexões inerentes ao siste ma”.204 Holtzmann apega-se, em geral, à noção de que a pesquisa histórica no campo da teologia bíblica é uma empresa teológica. A teologia do NT de Holtzmann e seu método de justificativa da tare fa teológica des pida do que (em val or etern o ( ornam evidentes que no final do século XIX a teologia do NT partiu do princípio de J. P. Ga bler e G. L. B auer. Surpreendente m ente Adolf D eissm ann conclui, em seu ensaio “Zur Methode der biblischen Theologie des Neuen Testaments” (1893),105 que cem anos depois de Gabler “não há mais nenhuma dúvida a respeito do caráter puramente histórico da

199 H.-J, Holtzmann, L eh rbu ch d e r n eu te sta m en tlich en T heologie, 2 vols (Freiburg/ Leipzig, 1897). 200 Bultmann, Theo logv of t he N T , II, p. 245. 201 N N T T , p. 7. 20 2 M erk, B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 242; Kümmel, H isto ry, p- 191. 203 Holtzmann, L eh rbu ch d e r n e u te sta m e n tlich en T h eo lo g ie , I, p. 25. 204 A. Schweitzer, P a u l a n d H is In te rp r e te rs . A C ritica i H isto rs 1 (Schoc ken e d. ; NewYork, 1964), p. 102. 205 Â. D eissman n, “Zur M ethode der bibl isc hen Th eologie des Neu en Testamen ts’ 1,

Z T h K 3 (1893, p. 126-139, reimpresso em

P T N T , p. 67-80.

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teologia do N T ” .20* D eiss m an n, no en tan to , su strn ln que nAo se pode sobrepor “conceitos-de-doutrina” ( Lehrbegriffv) uo NT.'"' A nature za da histó ria do NT exi ge, “ em p rin cíp io” , que ria víi além dos escritos canônicos, de modo que “a aparência dc unm mia predeter m inad a sej a rem ovid a” .208 A m eta da teol ogia d o NT é “ le p io d u /ir os pensam ento s ético-religiosos do cristianism o prim iliv o” . o que inclui as segui nte s três tarefas princi pais: “p rimeiro, dc lcnn inai d eonteúdo do pensamento ético-religioso da época em que apareceu a cristandade e para a qual seu evangelho se destina”/"'' se^mido, determinar “ as prim eira s m anife staçõ es d a consciên cia cr islil p rim iliva ” ;210 e, terceiro, estabelecer “a apresentação da consciência lotai do cristia nism o prim itivo ” .211 A ênfase está n a terce ira, que qu er di/.er, p or um lado, que é inevitável ao historiador lutar por uma apresentação sistemática, e, por outro lado, que há uma “jiislifiealiva histórica para a te nta tiva de dem onstrar a unidade na diversid ade do te ste m u nho clássico do cristianismo primitivo. Certamenlc itào há uniformi da de !” 212como A siste ção do pe ns am en to do homem, NT c a Cristò, coroaç ão da empresa tal.mÉatiza a interseção entre “Deus, sa lva çã o” .213 William Wrede também combateu a perspecliva do “conceito-dedoutrina” (Lehrbegriff) em seu ensaio, que marcou época, escrito em 1897,214 Ele confia menos do que Deissnuinn que o programa de Gabler da teologia bíblica como disciplina puramente histórica tenha se realizado. Wrede afirma enfaticamente: "A teologia bíblica hoje...não é ainda, no sentido verdadeiro e estrito^ uma disciplina bsenfoque oluto ” .215 W rede “ proclam a clara ae terce consistentemente ahistórica autono memia ado histó rico” .216 Ele rejeita ira ta ref a de Deissmann, de uma “interseção”, porque “seria apenas abstração da história real” e “não temos o costume de fazer exigências semelhan-

206 207 208 209 210 211 212 213 214

Deissmann. P T N T , p. 67 (o grifo é dele). P. 74-76. P. 67. P. 68. P. 73. P. 78. P. 79. I b id . Ver, acima, n.° 196. Para avaliação do ensaio de Wrede, ver M. Dibelius, “Biblische Theologie und biblische Religionsgeschichte II. des NT”, R elig io n in Geschichte und Gegenwart (2 .a ed .; Tü bingen, 1927), I, p. 1 .191 -1.194 , esp. p. 1.192 e s.; G. Strecker, “William Wrede. Zur hundersten Wiederkehr seines Geb urtst ages” , Z T h K 57 (1960), p. 67-91: Kümmel, H isto r y , p. 304 e f.; Kraus, B ib lisch e T h eo log ie, p. 163-166; R. Morgan, N N T T , p. 8-26. 215 P T N T , p. 154; N N T T , p. 116.

216 Kraus,

38

B ib lisch e T h eologie, p. 164.

tes em outras áreas da história da religião”.217 Ele ataca a pesquisa histórica do NT do século XIX, particularmente a Escola de Tübin gen, de F. C. Ba ur, mas tam bém a teol ogia de A. R itschl ( 182 2-18 89). O segundo confiava nas estruturas históricas, mas abandonou-as arb itr ariam ente quan do en traram em con flito com a dou tri na ou co m o cânon. Wrede lutava por uma aplicação consistente do método histórico-crítico, isto é, os escritos do NT têm que ser entendidos e interpre tado s un icam ente com base n a cu ltura do próp rio tem po .218 Isto quer dizer tanto que o princípio da Reforma da auto-interpretação da Bíblia é completamente rejeitado, como se não existisse inspi ração,219 mas que o quadro histórico do cristianismo histórico pode ser traçado a partir dos três princípios enumerados pelo “dogmático da escola da história das religiões”220 Ernst Troeltsch (1865-1923), a saber, crítica histórica, analogia e a correlação entre os processos histórico s.221 E sta afirm ação leva W rede a de clara r q ue o método dominante da teologia do NT conforme manifesto nas obras de F. C. Baur, B. Weiss e H. J. Holtzmann, isto é, o método dos “conceitos-de-doutrina” (Lehrbegriffe ), deve ser rejeitado.222 “Con tanto que a teologia do Novo Testamento retenha uma ligação direta com a dogmática como meta e espere com isto obter material de trabalho p ara a dogmática — e isto é um a perspect iva com um — ser á natural que a obra teológica bíblica mantenha um olho na ( hinschielen) dogm ática. A teo logia bíblica será pressio nad a a respon der às questões da dogmática que não são respondidas pelos documentos bíblicos e tentada a elim inar os resultados que forem proble m áticos p ara a dogm ática".223 W rede transm ite a im pressão de que a teologia do NT é um a em pre itada que t em " um olho n a ” dogm áti ca e que dela recebe suas questões. Se isso só dá ou não, é discutível. Em todo caso, Wrede sustenta que o erudito que trabalha consistentemente com o método histórico-crítico não estuda a teologia ou doutrina de um movimento (cristianismo primitivo), mas investiga e apresenta a sua “reli gi ão” . 217 P T N T , p. 1S2, n.° 96; N N T T , p. 193, n.° 96. 218 P T N T , p. 108-123; N N T T , p. 84-95. 219 P T N T , p. 83; “A antiga doutrina da inspiração é reconhecida pela teologia aca dêmica, inclusive amplamente entre as da ‘direita’, como insustentável. Para o pensam ento lógico não pode hav er posição intermediária entre os escri tos inspi ra dos e os documentos históricos, embora não faça, de fato, falta um quarto entre três quartos de doutrina inspirada.” O corolário resultante é o seguinte: “Onde foi descartada a doutrina da inspiração, não se pode mais manter o conceito dogm áti co do cânon ” (PTNT, p. 85). Cf. N N T T , p. 69 e s., com, tradução inexata. 220 Morgan, p. N10.N T T , ' * 221 Troeltsch, em Theologie ai s W issenschaft, ed. G. Sauter, p. 107.

TN NT T ,, p. N N mi T T , nha) 222 PP T p. 891-108; p. 73-84. 223 2 (tradução ; N N T T , p. 69.

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O método da "história das religiões” de Wrede224 trouxe também uma nova avaliação do título da disciplina da teologia do NT. Wrede assinala que, como disseram outros antes dele, “o nome ‘teologia bíblica’ orig in alm ente não significava um a teologia que a Bíblia contém, mas uma teologia que tem um caráter bíblico e extraída da Bíblia. Podemos considerar isto irrelevante”.225 Kraus acha surpreen dente esta irrelevância, “pois Wrede, não obstante, projeta seus próprios conceitos, sem reflexão poste rio r — conform e ele acha — no ‘significad o orig in al ’ da ‘teologia bíb lic a’ ” .226 Na ver da de , a qu es tão não é tão irrelevante quanto foi dito. Wrede propõe um novo título p ara a discip lina, sob a in fluência de G. K rüger,227 pois o nome é controlado pela matéria de estudo. “O nome ‘teologia do Novo Testamento' está incorreto em ambos os seus termos. O Novo Testa mento não t ra ta m eram ente da t eol ogi a, m as, na verdade, tra ta muito mais da religião... O nome apropriado para a matéria é: História da Religião do Cristianismo Primitivo ou a História da Religião e da Teologia Cristãs Primitivas”.228 Isto quer dizer que a teologia do NT, em s eu s entido m ais amplo, está morta. De acordo com dar um novo nome e transformar a disciplina, Wrede define a incumbência sarcástica em resposta à sua própria pergunta: “ O que esta m os realm ente procurando? Em últim a instân cia, queremos pelo menos saber o que se pensava, acreditava, ensinava, esperava , pedia e lutava por no período mais antigo do cristianismo; não o que certos escritores dizem a respeito de fé, dou trina, e spe ran ça, etc” .229 A m atér ia de estudo de term ina a tarefa . Em seu todo, não está em poder do pesquisador histórico servir à Igreja através de seu trabalho. O teólogo que obedece ao objeto histórico como a um mestre não está em posição de servir à Igreja através de seu trabalho propriamente histórico-científico, mesmo que estivesse pessoalmente interessado em fazê-lo. Ter-se-ia então que considerar a investigação da verdade histórica a serviço da Igreja. É aí que está a dificuldade principal de toda a nossa situa ção teológica, ela não é criada por vontades individuais: a Igreja

224 Podem-se encontrar boas discussões sobre o método e a escola da história das religiões em S. Neill, Th e Interpret ati on o f T he New Testam ent 1861- 196 1 (Londres, 1964), p. 157-190; Kümmel, H is to r y , p. 206-324; Kraus, B ib lisch e Theologie, p. 160-169. 225 P T N T , p. 153; N N T T , p. 115. 226 Kraus, B ib lisch e T h eologie, p. 165. 227 Gustav Krüger, D a s D o g m a vom N eu en T e sta m e n t, P ro g ra m m d e r U n ive rsitm Giessen (G iessen, 1896), p. 34. Cf. M e r k , B ib lis ch e T h eo lo g ie , p. 245.

N são N T dele) T , p. 116. 228 P T N T , p. 109; 153 e N s. N(tradução 229 (os grifos . T T , p. 84 ems.inha);

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repousa na História, mas a História não pode fugir à investigação e a i nvestigação d a H istória p ossui suas pró pr ias leis inte rn as .230 A História é, portanto, autônoma: o teólogo não tem nenhum mes tre, a não ser “o objetivo histórico”. Kraus enfatiza corretamente: “Wrede anuncia uma troca de mestres. Até agora os ‘conceitos-dedoutrina’ eram os mestres; de agora em diante a História é o mes tr e ” .231desempenhar M as o pr óp um rio W redimportante e adm ite que “ os conceitos devem, sem dúvida, papel na teologia do NT. São a paFte da religião cristã prim itiva mais fácil de se apreender, e a maioria dos resultados do desenvolvimento religioso estão resumidos neles. Nossa disciplina, contudo, não lida com todos os conceitos, mas apenas com os normativos e dominantes, e, portanto, com os car acte rísticos e ind icativos” .232 W red e esp era d a teologia do NT qu e ela “nos mostre o caráter especial das idéias e da percepção dos antigos cristãos, profundamente elaboradas, e nos ajude a com preendê-las ente ” .233 novoe program a delevantadas W rede é, assim , (1) totalmentehisto livrericam de interesses da OIgreja das questões pela dogm átic a, (2) suposta m ente desin te ressado d a teologia como tal, (3) totalmente comprometido com uma metodologia histórica consistente, (4) uma busca em apresentar a religião do mais antigo cristianismo, (5) obrigado a estudar as fontes sem levar em conta o cânon, (6) uma tentativa de mostrar o caráter especial das idéias e perc epções dos prim eiros cristãos, (7) um a descrição dos “ conceitos” da religião cristã primitiva, com a intenção de apontar para o desenvolvimento, e (8) seguidor da abordagem da história das religiões. Como iria Wrede estruturar a sua “história da religião cristã prim itiva” ? “ O prim eiro tem a prin cipal da teologia do NT é a pregação de J e su s”, 234 embora “não estejamos de posse da ipsissima verba (mesm íssima s palavras ) de Jes us” .235 A isto deve seg uir u m a descrição da fé e da doutrina das comunidades cristãs judaicas e ge ntias. “ A segu ir vem um cap ítulo esp ecial a resp eito de Pa ulo ” .236 A se cçã o a respeito d a “ teologi a jo an in a ” fo rm ará o capítulo f ina l.237 O programa histórico-religioso de Wrede não se realizou numa publicação dele próprio. Ele m orreu em 1906. M as sua influência foi 230 231 232 233 234 235 236

P T N T , p. 90 (tradução minha); N N T T , p. 73. Kraus, B ib li sch e T h eo lo g ie , p. 164. P T N T , p. 95 e s.-, N N T T , p. 76 e s. P T N T , p. 104; N N T T , p. 83. P T N T , p. 135: N N T T , p. 103. P T N T , p. 136; N N T T , p. 104. P T N T . p. 139; N N T T , p. 106.

237 P T N T , p. 147-150;

N N T T , p. 112-114.

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definitiva. Henrich Weinel foi o primeiro n utül/ai o imvo programa numa obra que surpreendentemente inlituUu» ilr Híblisrtu’ Theologie desNeuen Testaments (1911).23S O subtílulo, "A Religião dc Jesus e o Cristian ism o P rim itivo ” , revela cla ra m en te a siut iiil
238 H. Weinel, B ib lisch e T h eologie d e s N euen T e sta m en ts {Tübingen , 191 1; 4 .a ed., 1928). 239 P. 3. 240 P. 130 e ss. 241 Merk, B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 247. 242 Bultmann, Theo lo gy o f the N T, 11, p. 246. 243 3. Kaftan ( N e u te sta m en tiic h e T h eologie im A b ris s d a r g e s ts llt ["Berlim, 1927] ) também pertence à escola da história das religiões. Ele concebe a religião do NT como um a “reli gião éti ca da redenção” . 244 W. Bousset, K yrio s C hris to s. G esch ic h te des C h ristu sg la u b en s von den A n fán gen d e s C h riste n tu m s b is Ire n a eu s (Gò ttingen, 1913 ; 6 .a ed.; Dar m stadt, 1967).

y rsioCshCristos, h ris tosp. (Nashville, Trad. ingl.K yrKio 1970). 245 Bousset, 99.

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história da religião.246 "Por que foram o judaísmo e o helenismo rejeitados como elementos estranhos, se, como já foi dito aqui, a igrej a primitiva nas ceu del es em con tinuidade históri ca? A ap resen ta ção pu ram en te his tóri ca não con seg ue exp licar est e hiato e, p ortanto, fazer um retrato completo, pois faz da continuidade histórica uma pressuposiç ão. Do mesmo modo, o quadro da cristolo gia prim itiv a está pressuposto no princípio histórico da correlação: os mitos red en tore s dos arr ed ore s são t rans ferido s p ara Jes us !” 247 É evidente que um enfoque puramente histórico não é exatamente idêntico à “objetividade pura” ou ciência objetiva. E. Troeltsch havia mesmo declarado que o próprio mctodo histórico-crítico tem como pressu posição m enta l “ toda um a visão de m undo” .248 Isto im plica que a pesquisa his tó rica está sem pre condic io nada à corrente filosófica da época. Façamos um resumo. Na virada do século XX, a teologia protes tante é representada num vasto panorama. Primeiro, há Franz Overbeck, que ab an do na v oluntariam ente a cadeira de exegese do NT e história da igreja antiga na Universidade de Basiléia em 1897 por causa da metodologia histórica pura, que o levou à sua “descrença básica” .249 Sua descrença radic al nega a tarefa da teologia num estudo puramente histórico do NT. Segundo, há a escola da história das religiões com seu programa de uma teologia histórico-religiosa baseada num m éto do histó ric o-crític o consiste nte (W rede, Troeltsch, Weinel, Bousset, etc). E, finalmente, há a crítica teológica incisiva do método “puramente histórico” de Schlatter, um estudioso extrema mente erudito, com um sólido interesse no enfoque da história da salvação ( Hei/sgeschichte ). É neste cenário que chegamos à ascensão da teologia dialéti ca.

D. D a Teolog ia Dialética até o Prese nte No perío do seguinte à Prim eira G rande G uerra, vários fatores, inclusive um Zeitgeist (espírito da época) trouxeram uma nova situação ao mundo teológico. R. C. Dentan aponta para os seguintes fatores: (1) Uma perda total de confiança no naturalismo evolucionista; (2) uma reação contra a convicção de que a verdade histórica

246 K. Holl, "Urchristentum utid Religionsgeschiehte”, Gesammelte Aufsatze zitr fC ie rc/iengesch ic htc (Tübingen, 1938), II, p. 1-32; Goppelt, Theol ogi e des N T, I, p. 31. 247 Goppelt, Theol ogi e des N T, I, p. 31.

248 por ppelt, 24 9 Conforme Kümmel, ciH tado is to ry , p.Go 203.

ibid.

4.1

pode ser obtida através da p ura “ objetividade cie ntífic a” ou que ta l objetividade seja realmente acessível; (3) a tendência para um retorno à idéia da revelação na teologia dialética (neo-ortodoxa);250 e a isto podemos adic ionar (4) o renovado in te resse n a teologia como tal. Descobriu-se que o historicismo do liberalismo251 era inadequado e nov as perspec tivas surgiam no horizonte. Karl Barth assinalou uma mudança radical tanto na hermenêu tica252 como na teologia. A Primeira Grande Guerra ensinou-lhe a inadequação da teologia liberal. Expressou seu desencanto com pala vras provocante s no prefácio de seu pesado com entá rio sobre Romanos, publicado na Alemanha em 1918: O método histórico-crítico da investigação bíblica tem sua vali dade. Ele aponta para a preparação à compreensão, que nunca é supérflua. Mas se eu tivesse que escolher entre ele e a velha doutri na da inspiração, decididamente escolheria a segunda. Ela tem a validade maior, mais profunda e mais importante , pois apcnta p ara o trabalho da com preensão, sem o qual to da a preparação é inútil. Estou contente por não escolher entre os dois. Mas a minha atuação voltou-se para a investigação através do histórico dentro do Esp írito da B íblia, q ue é o Esp írito E te rn o .253 Estes golpes audaciosos da pena de Barth faziam, parte do que deu à luz a teologia dialética (neo-ortodoxa), o que levou a questão da interpre tação e da teo logi a a um nov o rumo . B arth e nfati zava o lado divino do relacionamento Deus-homem, isto é, Deus como a fonte da revelação, e exige e pratica uma “interpretação pós-crítica da Bí blia” .25,1 Isso significa um a inte rpretação da Bíb lia que não se atém a proble m as histórico-críticos, mas pen etra no te stem unho da revelação contido na Bíbli a. Uma das figuras mais importantes do estudo do NT no século XX emerge e parte da teologia dialética. A carreira acadêmica de Rudolf 250 D e n ta n , P re fa ce, p . 61. 25 1 Ver especialm ente C. T. Craig , "B ibli cal Theology and the Rise of H istori cism” , JBL 62 (1943). p. 281-294; M. Kãhler, “Biblical Theology", Th e f c SchaffH erzog E n cyc lo p ed ia o f R elig iotts K n o w le d g e {rei mp r. , G rand Rapids. M idi., 1952), II , p. 183 e ss .; C. R. North, “ OT T heology and the History of Hebrew Re ligi on” , Scattish Journal of Theology 2(1949), p. 113-126. 252 G adam er. "H crnicneutik und H istorismus". P h iln soph is eh er R evue 9 ( 1962 ). p. 246 e ss.; }. M. R obinson, “H ermeneuti c Si ncc Bart h” , The New Herm eneut ic . N ew F rn n tie rs in T h eo lo g y, eds. J. M. Robinson e J. B. Cobb, Jr. (New York, 1964), p. 1-77,esp. p. 22-29. 253 K. Barth, D e r R ò m e rb r ie f ( Berna, 1918), p. v. (os grifos são dele). Há uma trad. ingl. de E. C. Hoskyns, The E pisil e to R om ans (Londres, 1933).

254 R. Smend, “Naehkritische Schriftauslegung", PARRHESIA. B a rth zu m 80 . G e b u rtsta g { Zurique, 1966), p. 215-237.

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F estsch rift f ü r K.

Bultmann durou mais de seis décadas. Ele foi o pioneiro lanlo na crítica da forma255 como no programa da denútização,2^' e contribuiu 110 deba te so bre a nova bu sca do Jesus h is tó ric o,257 en tre imiilas outras coisas. Sua obra produziu uma enxurrada de literatura, tanto contra como a favor de suas opiniões. Bultmann parece ter absorvido e combinado várias influências importantes. Primeiro, ele vem da escola da pesquisa “puramente his tór ica ” , isto é, da escola da his tória da s religiões.2 58 Ele perm ane ce den tro de um a co rrente d a “ escatologia co nsisten te” .259 Tem am bos 255 R. Bultmann, D ie G e sc h ich te d er syn o ptis ch e n T ra d itio n (Gõttingen, 1921; 2.a ed., 1931). Trad. ingl. The H ist ory o f the Syno ptic Traditi on (New York, 1963); R. Bultmann e K. Kundsin, F o rm C ritic is m . Tw o E ssays on N T R esearch (New York, 1962). Bultmann foi precedido no método da crítica da forma por M. Dibelius, D ie F o rm g esch ic h te des E van geliu m s (Tíibing en, 19 19 ; 3 .a ed., 1959). Trad. ingl. F rom T ra d it ion to G o sp e l (New York, 1934) e por K. L. Schmidt, D e r R a h m e n d e r G esch ic h te Jesu (Berlim, 1919). Avaliações importantes deste método deTheologische pesquisa sãoRundschau fornecidas por 24 G. (1957-58), Iber, “Zurp.Formgeschichte Evangelien”, 282-338; W. E.der Bames, (Edijnburgo, 1936); E. B. Redlich, Gospel Criticism and Form Criticism F orm Criti cism, Its Valu e an dL im itution (2.a ed., Edimburgo. 1948); E. Güttgemanns, Offene Frage n zur Form geschichte des Evangeli um s (M un ique, 1970 ); H. Koeste r, “ One J esus a nd Four Primit ive Go spels", Trajectories through Early Christianity, eds. J. M . R obinson e H. Ko ester (New York, .1970), p . 158-204 ; D . L ührman n, D ie R e d a k tio n d e r L o g ien q u elle (Neukirchen-VIuyn, 1969); C. E. Carlston, The Para bles o f the Triple T radit ion (Filadélfia, 1975). 256 O discurso de Bultmann, “Neues Testament und Mythologie”, foi srcinalmente apresentado em 19 41 e tr aduzido e publicado em inglê s “ New T estam ent and Mythology", em K ery g m a a n d M y th , ed, H .-W . Bartsch (Lond res, 1954), I , p. 1-44. O primeiro debate levantado sobre este assunto está contido nos volumes de K e r y g m a u n d M yth o s, ed. H.-W. Barlsch. Trad. ingl., em dois volumes, K e ty g m a a n d M yth (Londres, 1954, 1962). Ver também os ensaios de E, Kinder, W. Kilnneth. R. Prentcr, G. Bornkamm, em K e rig m a a n d M y th , eds. C. E. Braaten e. R. A. H arrisville{Nas hville, 196 2), p. 55-8 5, 86-1 19, 120-137 , 172-196. Ver tam bém R. H. Fuller, The New Testament in Current Studv (New York, 1962), p . 1 2 4. 257 R. Bultmann se opunha, em D a s Verh altniu d e r urch ristl ich en C h ris tu sb otsch a ft zu ni historis eh en Jesus (Heildelberg , 1960; 4 .a ed ., 19 65). Trad. ingl. The Histo rical J esu s a n d th e K er y g m a tic C h rist, eds. C. E. Braaten e R. A. Harrisville (Nashville, 1964), p. 15-42. Este últi m o contém tam bém ensaios sobre a s matéri as de E. Stauffer, H. C onzelm ann, H. B raun, C. E. Braaten, H .-W . Bartsch, H. Ott, R. A. Harrisville, Van A. Harvey e S. M. Ogden. Ver também J. M. Ro binson, A N ew Q u est o f th e H isto rica l Jesus (SBT, 25; Londres, 1959); K. Schubert, ed., D e r h is torisch e Jesus u n d d e r C h ris iu s un seres G la u b e n s (Viena, 1962); E. Fuchs, Stud ies an the H istori cal Jes us (SBT, 42; Londres, 1964); Fuller, N T in Curr ent S tu dy , p. 25-53; L. E. Keck,/4 F u tu re f o r th e H is to rica l J esu s: The P lace o f Jesus in Preach ing a n d T h eology (Nashville, 1971); G. Auíén Jesus in C o n te m p orary H is to r ica l R esearch (Nashville, 1976). 258 Bultmann, Theo lo gy of t he N T, II, p. 250. 259 Ver Johnmies W l - í s s . D ie P redig t Jesu rom R eic h G o tie s (Gõttingen, 1892; 2.a cd., 1900) e especialmente as opiniões de Bousset, que, segundo Bultmann, são essencialmen te corretas (Glauben und Verstehen , I [Gõttingen, 19333, p. 256

H isto ry, p. 225-244; G. E. Ladd, Jesu s a n d th e K in g d o m . e s.). Cf. Kümmel, Th e E schatohtgy o f Bibli cal R eali sm ( 2 .a e d .; W aco, Tex as, 1970), p. 3-38.

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os pés plantad os n a tradição histórico-mlii- ii.""’ Secundo, Bultman n adota como pressuposição mental a íilosoíiii predomitianlc em sua época na forma do existencialismo de M. Hei dc j
Theo lo gy o f the N T , II, p. 250. 260 Bultmann, 261 Particul armen te conforme expre sso em Being and Ti me, de Heidegger (New York, 1962). Primeira edição alemã em 1927. J. Macquarrie trava incisiva discussão a respeito da influência do existencialismo heideggeriano sobre Bultmann, em A n E x isten tia list T heolo gy: C o m p a rim n o f H e id eg g er a n d B u ltm a n n (New York, 1955). Ver tam bém J . M . Robinson e J . B. Cobb, Jr., eds., The ta re r Heid egg er a n d T h eology, “New Frontiers in Theology I” (New York, 1963). 262 Bultmann, Theo lo gy o f t he N T , II, p. 251. 263 Vol. 1, p. 21; Cf. K ery g m u a n d M y th , I, p. 42 e s.: “Por meio da palavra da Pregação, a cruz e a ressurreição se fazem presentes: o 'agora' escatológico é aqui...”

B ib lisch T hcal e o lo 264 , p. 257Con e s. temporary” , I D B , I, p. 419. 265 Merk, K. Ste ndahl, “B e ibli Thg ie eology, 266 Bultmann, Th eo log y ofthe N T , II, p. 250 e s.

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teologia do No vo T es tam en to (1 967 ),267 P. V ielha ue r e seus discípulos G ünth er K lein ,268 Geor g S tre ck er ,269 e W alte r S ch m ith al s. 270 A reação mais significativa contra Bultmann aconteceu em 1950, partindo de seus próprio s discípulos, que são com um ente cham ados de pós-bultmannianos.271 O mais importante deles foi Ernst Kâsemann, que lançou formalmente a nova investigação a respeito do Jesus histórico em 19 5 3 ,272 E rn st Fu chs , J. M . R ob ins on 2” e G ün th er Bornkamm.274 bom ter-se mente queore Martin Káhler (18351912) foi o precuÉ rso r dos novem os pes qu isad s.2,5 Os pós bu ltm an nia nos se opunham à afirmação de Bultmann de que o Jesus da História era irrelevante para a fé. Para alguns pós-bultmannianos, o Jesus histórico é a base do querigma (Kãsemann, Bornkamm, etc.), enquanto para outros ele é a base da fé (Fuchs, Ebeling,276 etc.). Declarou-se recentemente que “o fracasso em se obter resultados claros na dita nova investigação do Jesus histórico resultou numa d err ub ad a das expectat ivas crítica s” .277 No início da década de 1960, vários pós-bultm annianos, principal mente E. Fuchs, G. Ebeling, J. M. Robinson e também R. W. F u n k ,278 foram além d a herm en êu tica de B ultm an n,27'' pa rtic u lar  mente de sua adoção do existencialismo de Heidegger,280 criticando a 267 H. Conzelmann. (Munique, Grundriss der Theologie dos Neuen Testamenrs 1967). Trad. ingl. (New York. 1969). 268 G. Klein, "D as Ãrgcrni s des Kr euzes” , Streit um Jesus, ed. F. Lorenz (Munique, 1969), p. 61-71. 269 G. Strecker, “Die historische und theologischc Pinblematik der Jesus-frage", E vT h 29 (1969), p. 453-476; idem, “Das Problem der Theologie des Neuen Testaments”, P T N T , p. 1-31. 270 W. Schmithals, “Kein Streit uni Kaisers Bart” E va n g elisch e K u m m e n ta re 3 (1970), p. 76-85. 271 W. G. Dotv, Contemporarv New Testament Interpreration (Englewood Cliffs, N .J ., 1972 ), p. 28-5 1. 272 Publicado sob o título "Das Problem des historischen Jesus", Z T h K 51 (19S4), p. 125-153. Trad. ingl. E. Kãsemann, E ssays on N ew T esta m en t Th em es I.SBT, 41; Londres, 1964), p. 15-47. 273 Ver, acima, n.° 57, para literatura. 274 Ver Jes us ofN azare th (New York, 1960). D e r so g en a n n te h isto risch e Jesu s u n d d e r 275 Em 1896, ele publicou o seu livro gesch ic h tlich e, bib lisch e C h ristu s (Leipzig, 1896). Trad. ingl. The-Called Históri ca /J esu s a n d th e H isto rie B ib lic a l C h ris t (Filadélfia, 1964). 276 Gerhard Ebeling. Word and Faith (Londres, 1963); idem, The Nature of Faith (Londres, 1961); idem, Theology and Proclum ation: Dialogue on Bu lt m ann Filadélfia, 1966). 277 H. C . Kee, “Biblical Criticism, NT”, I D B S u p p l. (1976), p. 103 e s. 278 R. W. Funk, Language, H erm en eu ti c, a n d W o rd o f G o d (New York, 1966). Ver , acima, os n.° 261-276. 279 Doty oferece um resumo conciso em Con tempo rary N T Int erpret ati on, p. 28-51; P. J. Aehtemeier, A n In tro d u e tio n to th e N ew H e rm en eu tic (Filadélfia, 1969); G. Stachel. D ie N eue H erm en eu tik . E in V b e r b lic k (Munique, 1968).

280 Robinson e Cobb, eds.

The LaterHe

idegger an

d The ol ogy .

47

compreensão bultmanniana do modo como a linguagem funciona. Na herm enêutica tradicional, o texto tem de ser interpretado. A nova hermenêutica reverte este processo. O homem deve ser interpretado através do texto. Uma discussão adequada da complexidade da nova hermenêutica nos desviaria do caminho certo. Tem-se falado o bastan te para indic ar que a erudiç ão crític a moveu-se para m uito além de Bultmann e tem encontrado uma fraqueza decisiva em seu enfoque.281 O ensaio publicado em inglês em 1976 por um pós-bultmanniano, que é conhecido mem bro tanto do movimento da nova busca como da nova he rm en êutica , é carac terístico da t eologia do NT en tre u m deles. J. M. Robinson deu-lhe o provocante título “The Future of New T esta m en t Theology” .282 Ele d eclara q ue com W rede a “ teol ogia do Novo T estam ento chegou ao fim ...” 283 “ Após vári os des vios e evas ões , devemos simplesm ente ad m itir que Wrede estava certo e, portanto, negar qualquer futuro à teologia do Novo Testam ento; devem os... canalizar a teologia do Novo T esta mento para dentro da disciplina menos problemática da história das religiões... Contudo, uma concentração exclusiva sobre a tarefa, como forma da teologia do Novo Testamento adaptada ao século XX, poderia se cham ar reconhecid am ente de ‘H istória da Religião Cristã Primitiva’, e não ‘Teologia do Novo Testamento’.”284 Mas Robinson acha que B ultma nn ab riu um no vo cam inho em dir eção ao futu ro da teologia do NT. “Este procedimento, que realmente aponta para a nov a herm enêu tica e suas pressuposi ções na fil osofi a da lingua ge m ,... obtém teologiaento do “Novo m ento”[s/c] .285 resultados Com base importantes nu m a linhapara de apensam cosmTesta ológica” , e não “antropológica”, como no caso de Bultmann, a teologia do NT pode ser levada a efeito “ em te rm os do fanatism o sobrenatural da congregação primitiva, movendo-se em direção ao antimundanismo de Paulo e João, mas também ao mundanismo de Lucano e Constantino. uma tendência constantemente acompanhada por uma ala de esquerda, de crescente tendência gnóstica a escapar do mun do”.286 Robinson, deste modo, pede uma “mudança para além do sis dou trinai NovoserT esta m en to... em p artermos a dentrodedos movimentos da tema linguagem que do possam interpretados alternati 28 1 Ver o re sumo de N. Perri n, "T he Challe nge of New Testam ent T heology Today", N ew T e sta m e n t J ssv e s , ed. R. Batey (New York, 1970), p. 15-34, e os pontos da crí ti ca m encionados por D oty, Contemporary NTInterpretalion, p. 43 e s. 282 Ver, acima, o n .° 5. 283 “T he Future of N T Theology” , p. 17 . 284 P. 20. 285 Ib id .

286 P. 21.

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vas ao mundo moderno, estendendo-os ‘teologicamente’, ‘ontologicamente ’, ‘co sm ologic am ente’, ‘po litica m en te’, e tc .” 2*7 Será que esta intencionada renovação do veiho programa, com uma compreensão da História orientada pela totalidade da sociedade e a filosofia da linguagem atual, não integra o NT na História de ta! modo que seu significado seja eliminado através de uma visão a priori do m und o?288 Direção oposta a que acabamos de resumir é a de Peter Stuhlmacher, da Universidade de Tübingen, tendo sido um de seus professo res o pós-bultmanniano E. Kâsemann. O livro de Sluhltnaeher, Schriftauslegung auf dem Wege zur biblischen Theologie (1975),289 contém suas reflexões c sugestões básicas. Ele trabalha extensivamen te com a herança bultmanniana, mas conclui que “o poder integran te do esquema hermenêutico de Bultmann foi amplamente esgota do”290 e assinala, em acréscimo: “Ainda não chegamos à hermenêuti ca de que nec es sita m os ",291 Isto imp lica um “ Não ” aos bultm an nia nos e aos pós-bultmannianos. Em oposição a eles, Stuhlmacher fala de uma “hermenêutica do consentimento'' ( H erm eneutik des Einversfàndnisses) ,292 que deve reservar um amplo espaço para (1) o “ poder inere nte d a palavr a da Bíblia” ; (2) o “ horizonte da f é e da exper iênci a da Igreja” ; (3) um a “ ab ertu ra pa ra um encontro com a verdade de Deus, que nos chega através da transcendência”; e (4) um a “ ab er tu ra p ar a a pos sibili dad e d a fé” .293 Ele se v ê como detentor de uma posição intermediária, como “uma linha divisória entre a teologia querigmática, o pietismo, e um luteranismo de or ienta ção bíb lica ” .29'’ Pode ser espantoso para alguns observar que Stuhlmacher propõe um a “ teologia bíblic a do No vo T es tam en to” .295 Ele segue a linh a dos erud itos do VT (G . von Rad, W . Zim m erli e especialm ente H. Gese) e levanta a questão sobre um a teologia do NT que “ não deve s e pro jetar como uma teologia bíblica, isto é, como uma teologia do Novo Testamento aberta em direção ao Velho Testamento e que procure retrabalhar a conexão entre tradição e interpretação de tradição do AT e do N T ” .296 O ce ntro de um a teologia bíblica é a proclam a-

287 P. 22. 288 Ver Gopp elt , Theol ogi e des NT . I, p. 40 e s. 289 P. Stuhlm acher, Schrift auslegung au f dem (Gõttingen, 1975). 290 P. 99. 291 P. 48. 292 P. 120-125. 293 P. 125 e s. 294 P. 61.

W ege zu r bi bli schen

Theol ogi e

295 296 P. P. 127, 138. 138, 163.

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çào da reconciliação arraigada na mensagem de Jesus Cristo,297 pois “a mensagem da reconciliação [é] o centro (VersWinungsbotschaft) determinante da Sagrada Escritura como um tod o.. . " 2W As posições de J. M. Robinson e de P. Stuhlmacher refletem, em seus conceitos da teologia do NT, a divergência radical daqueles que vieram da escola bultmanniana. O programa do primeiro parece retorn ar à perspect iva pura m ente histór ica , e nq uan to o program a do segundo s e aproxim a do di to moviment o d a “ história da sal vação” . Ante.s de retornarmos às abordagens da questão “histórico-salvífica” (heilsgeschichttiche ) da teol ogia do NT, deve mos re gistra r tam bém os pro gressos na erudiç ão cató lica rom ana e os enfoques classificados representantes da tendência “positiva moderna” da erudição do NT. A erudição católica romana produziu sua primeira teologia do NT em 1928. O estudioso francês A. Lemonnyer apresentou em sua La Theologie du Nouveau Testam ent 299 uma abordagem temática. É este também o método da popu lar Die Theologie des N euen Testaments. Eine Einfürung (1936), de O. Kuss.300 Obras muito mais significativas apareceram no início dos anos 50. M. Meinertz publi cou, em 1950, uma teologia do NT em dois volumes,301 que já havia sido concluída oito anos antes. Embora discuta a relação da teologia do NT com a dogmática, ela não discute a srcem e o desenvolvi mento da disciplina. Jesus Cristo desempenha um papel unificador nas variadas teologias dos escritores do NT. O relato da revelação divina exibe, nos diferentes livros do NT, a riqueza que encontra diferentes formas de expressão, mas que se unifica na pessoa de Jesus Cristo.302 Meinertz dividiu seus dois volumes em quatro partes. A primeira trata de “Jesus”, na qual João Batista também aparece como precursor de Jesus.303 A segunda parte discute a com unidade cristã prim itiv a (Atos, Tiago, Ju d as).304 a te rceira parte, com a d ou trina de

2 9 7 P .127 e 1 7 5 . 298 P. 178. 299 A. Lem onnyer, O . P ., L a T hénln gie d u N ou veau T e sta m e n t (Paris, 1928). Trad. ingl. The Theol ogy o f the New Testam ent (Londres, 1930). Edição revisada e aumentada ioi publicada por L. Cerfaux em Paris, em 1963. Cf. Harrington, P a th , p. 117 e s. 300 O. Kuss, D ie T h eologie d es N euen T estam en ts. E ine E in fü h ru n g (Regensburg, 1936). 301 M. Meinertz, Theologie des Neuen Testaments , 2 vols. (Bonn, 1950); idem, "Randglossen zu meiner Theologie des NT" T h Q 132 (1952), p. 411-432; idem, “Sinn und Bedeutung der neutestamentlichen Theologie", M ü n c h e n e r th eolo g isch e Z e itsc h rift 5(1954), p. 159-170. 302 Meinertz, The ol ogi e de sN T , I, p. 3 e s. 303 I, p. 8-211.

304 P. 212-247.

50

Paulo, é a mais longa,305 seguindo-se a última parte, sobre o pensam ento joan ino.306 Sua conclu são resume a tônica dos dois volumes: “O Cristo vivo concilia finalmente todas as linhas de pensam ento do Novo T esta m ento” .307 J. Bonsirven apresentou sua Théologie clu Nouveau Testament em 1951308 e está também interessado numa apresentação unificada da teologia do NT. A tarefa da teologia do NT “é reunir as verdades reveladas contidas no Novo Testamento, definir seu significado conforme entendido pelo autor e tentar classificar estas verdades em uma ordem de importância, de modo a fornecer as bases do dogma cristão".309 Isto revela uma abordagem essencialmente históricodescritiva, que “segue a cronologia da História, não os documentos em que no s bas ea m os ” .310 Bonsirven divide sua teologia do NT em quatro partes. A primeira tra ta de Jesus C risto .311 A cu rta s eg un da pa rte , do “ cristianism o prim itiv o” .312 A te rceira discute os ensin am ento s de P au lo ,313 e, por fim, há uma parte sobre os outros testemunhos apostólicos, sob os títulos de teologia , vida cris tã e es ca tolo gia .314 O movimento moderno católico bíblico foi inaugurado pela encíclic a Divino A ffla n te Spiritu (1943), de Pio XII, que instruía os eruditos católicos romanos a usar os métodos modernos para o estudo da Bíblia. Em meados dos anos 50, a intelcctjialidade treinada nos métodos da crítica bíblica assumiu posições de magistério cm facul dades, seminários e universidades. O secretário da Comissão Bíblica Pontificai declarou, em 1955, que agora os estudiosos católicos romanos tinham “completa liberdade” (plena libertate ) respeitante aos decretos de 1905-1915, exceto onde se tocava na fé e na moral.315 Quanto aos meados dos anos setenta, é difícil se falar em diferenças na aplicação dos métodos da crítica bíblica entre os eruditos não católicos e os católicos. Duas das teologias do NT católicas, escritas a p artir da reorientação da erudição cató lica, usam a abordagem

305 306 307 308 309 310 311 312 313 314

II, p. 1-254. P. 267-338. P. 346. J. Bonsirven, S. I. (Paris, 1951). Trad. ingl. Théologie du Nouveau Testament Theo lo gy o f th e New Testamen t (Westminstcr. Md., 1963). Theo lo gv nfthe N T, p. xiii. P. xvi. " P. 3-1S2 . P. 153-189. P. 191-368. P. 369-405.

315 R.p. E. Brown, 111.

B ib lic a l R eflectio n s on C ris es F a cin g th e Church (New York, 197S),

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U-mática. Temos a obra de quatro volumes do alemão Karl H. Schelkle (1968-1974) e a de dois volumes do espanhol M. Garcia Cordero (1972).316 Ã parte estas, tem havido estudos sobre a nature za e o método da teologia do NT feitos por Rudolf Schnackenburg (1961)317 e teologia bíblica (AT e NT) por Wilfrid Harrington (1973).318 Há muitos ensaios significativos que tangem todas as quest ões princ ipais da teol ogia do N T ,319 mas ain da não h á n en hu m a teologia do NT escrita por um católico que se baseie nos métodos m oder nos da c rítica bí blic a.320 Existem várias teol ogias do NT que p odem ser li vrem ente classi fica das como pertencentes à corrente “positiva moderna” da teologia do NT. Em seus prim eiros estágios, esta corrente se fez representa r por B. Weiss, W. Beyschlag, P. Feine. F. Büchsel, F. Weidner, E. P. Gould e G. B. Stevens. E. Stauffer publicou sua Die Theologie des Neuen Testa m ents em 19413’ 1 e cita B. Weiss ex plicitam en te como Theologie des Neuen Testaments 316 K. H. Schelkle, , 4 vols. (Düsseldorf, 1968-74). Trad. ingl. Theology of the New Testament (Collegeville, Minn., 1971): M. G. Cordero. Teologia de Ia Biblia II et III: Nuevo Testamento , 2 vols. (Madri, 1972). 317 R. Schnackenburg, La T h éologie du N ou veau T e sta m e n t (Bruges, 1961). Trad. alemã N e u te sta m e n tlic h e Theologie . D e r S ia n d d e r F orsch u n g (Munique, 1963; 2 .ã ed. 1965). Trad. ingl. N ew T e sta m e n t Th eology T od a y (Londres, 1963). 31 S Ve r , aci ma, o n ç l. 319 Os trabalhos dos. seguintes autores parecem estar entre os mais importantes: W. Hilmann. "W ege zur neutestam entlichen T heolog ie” , Wissenschaft und Weisheit 14 (1951), p. 56-67. 200-211; 15 (1952), p. 15-32, 122-136; C. Spicq, "L'avenemcnt de ia théologie biblique”, R S P T 35 ( 195 1), p. 56 1-574; idem, P T 4261(1958 réflexions théologie biblique”, 209-219; F“Nouvelles .-M Braun, “ La sur théoliaogie bi blique", (1953),), p. p. 221-253; R evu e T h oRmS iste H. Sehlier, Uber Sinn und Aufgabe einer Theologie des Neuen Testaments”, B ibli sch e Z e ilsc h rifi I (1957), p. 5-23. Trad. ingl. “The Meaning and Funclion of a Theology of the New Testament", D o g m a tic vs. B ib lic a l T h eo lo g y , e d . H.'Vorgri mler (Ba ltí m orc/D ublin, 196 4) , p. 87-113 ; A. D eseam ps, “R éfl ect ions sur Ia méthode en théologie biblique”, Sacra Pagina I (Gembloux, 1959), p. 132 15 7; A. Vògtle, “ Progres s and P roblem s i n N T Ex ege sis” , D o g m a tic p. 31-65; D. M. Stanley, “Towards a Biblical Theology of vs. Biblical Theology, 1hc New Testament. Modem Trends in Catholic Bible Scholarship", Contemp o ra ry D e v e lo p m e n ts in T h eology (West Hartford. 1959), p. 267-281; A. Võgtle, ‘‘New Testament Theology”. Sacramentum Mitndi (Londres, 1969), IV, p, 216"Evan220; K. H. Schelkle, ‘‘Was bedeutet ‘Theologie des Neuen Testaments'? g e lie n fo rsc h u n g , ed. J. Ban er (VVü rz bur g, 19 68), p. 29 9-312 ; P . Gree h, “ Contemporary Metbodological Problems in New Testament Theology”, B T B 2 (1972), p. 262-280. 320 Há três ensaios curtos, mas significativos, sobre os aspectos da teologia do NT n o je r o m e B ib lic a l C o m m e n ta r y , eds. R. E. Brown, 3. A. Fitzmyere R. E. Murphy (Englewood Cliffs, N. J., 1968); D. M. Stanley, S. J., e R. E. Brown, S. S., ‘‘Aspeets of New Testament Thought” (II, p. 768-799); I. A. FitzmveT, S. J., “Pauiine Theology” (II, p. 800-827): c B. Vawter, C. M, ‘'Johannine Theology” (II, p. 828-839). 321 E. Stau ffer, D ie T h eo logie des N euen T e s ta m e n ts (G ütersloh, 1941 ; 5 . a ed .. 1948) . Trad . ingl. da 5 .a ed. N ew T e sta m e n t Th eologv (Londres, 1955).

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ponto de p a rtid a para sua o b ra .322 Sta uffer não organiza suas obras de acordo com a ordem cronológica dos escritos ou blocos de escritos do NT, mas escolhe uma abordagem sistemática organizada de acordo com temas teológicos. Sua ordem material segue a linha da “teologia cristocêntrica da história do Novo Testamento”. Essa abord agem con tém um a pe rspectiva básica “ históri co-salvífica” ,323 e o m étodo é “ estritam en te descriti vo” / 24 A teol ogia da histó ria” de Stauffer não dáHebreus, espaço para teologia dos exclui Sinópticos325 ou de Jesus, Paulo, João, etc. aSeu método a apresentação de qualquer desenvolvimento histórico. Isto é tão mais surpreendente, porque Sta uffer não reconhece o cânon como norm ativo p a ra a teologia do NT .326 É ele, p or tan to, o prime iro a ate nder à exigência de W rede , m as não pel a mesma raz ão. Stauf fer pro cura dem onstrar que a “teologia cristocêntrica da História” é construída pela “antiga tradição bíblica”127 e se move em linha reta na direção da teologia do pós-cristia nis m o.328 Ê in útil procurar um a ju stific ativa p a ra este procedim ento.329e A quadro unificoado o jucedaís mo que o preced e abeleza t eologido a do crist ianism quedoo NT, seguecom , apare à custa de se permitir que o testemunho do NT permaneça sozinho con tra os progressos a nteriores e posteri ores. O erudito americano F. C. Grant escreveu, em seu A n Introduction to New Testament Thought (1950), que este estudo não aspira a ser uma teologia do NT,330 embora ele afirme que “existe uma teologia do Novo Testamento, ou talvez várias teologias, contíguas, parcialm ente sobreposta s — como as esferas ou m ônadas em certas filosofi ra listaCristã s” .331em“ Adesenvolvimento, teologia d o Novo T esta m to era a teologiaasdapluIgreja conforme o en Novo Testamento reflete, não um produto acabado, mas uma teologia em processo” .332 Ele argum enta que “ um a organiz ação genética dos dados teológicos” do NT está fora de cogitação. A organização mais útil é a das “ áreas de pe ns am en to” .333 C onse qüe ntem ente, a tare fa 322 Stauffer, N T T h eology, p. 49. 323 Elogio de O. Cullmann, Christ and Time

(Londres, 1962), p. 26 n.° 9; "mérito

definitivo”. Stendahl, ZDi?, I, p. 421. Schlier, em D o g m a tic vs. B ib lic a l T h eo lo g y, p. 98. Stauffer, N T T h eo lo g y, p. 44 e s, e 73-79. P. 51. P. 235-257. Merk, B ib lisch e T h eo lo gie, p. 253 ; W . G. K üm m el, "Revi ew of E . Stauff er, D ie T h eolo gie des N T " , TLZ 75 (1950), p. 421-426, esp. p. 425. 330 F. C. Grant, A n In tro d u c tio n to N ew T e sta m e n t T h ou gh t (Nashville, 1950), p. 43-46. 33 1 P. 2 6 es . 332 P. 60. 324 325 326 327 328 329

333 P. 24.

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"n ão c mais d e descri ção do que de in ter pr eta çã o ” .334 De acordo com estas considerações metodológicas, Grant segue desenvolvendo as segui ntes ‘'área s de pen sam ento” : “ Revel açã o e E sc ritura ” (p. 63-98), “A Doutrina de Deus” (p. 99-143), “Milagres” (p. 144-159), “A Doutrina do Homem” (p. 160-186), “A Doutrina de Cristo” (p. 187-245), “A Doutrina da Salvação” (p. 246-267) “A Dou trina da Igreja” (p. 268-299) e “Ética do Novo Testamento” (p. 300324). A base desta apresentação é que “há uma unidade real no Novo Testa m ento — não devem os nunca perdê-la de vista ” , enquanto se reconhece claramente que a “diversidade implica algumas idéias .básicas da teol ogia do No vo T es tam en to” .335 Se G ra n t é ou não responsável pe lo afa stam ento en tre rec ons trução e inter pr eta çã o,336 porque id entifica o “ m éto do descritivo” com “ in terpretação” ,337 perm anece um a questã o em aberto . O breve e popular estudo intitulado "lntroducing New Testament Theology , de A. M. Hunter, da Escócia, destina-se a ser um roteiro da teologia do NT para sacerdotes e leigos interessados. Revela uma abordagem mais ou menos histórica da teologia do NT, baseada no “ fato de C risto ” ,338 que con tém seções sobre “ O R eino de D eus e o M ini sté rio de Jesus” , “ O Evangelho d o R eino” e “ A R essurreição ” , seguidos de “Os Primeiros Pregadores do Fato”,339 e conclui com “ Os I ntérpretes do F ato ” , na forma d e Pau lo, Pedro, o auto r de Hebreus e João.340 “Este livro brilhantemente claro”341 está parti cularmente interessado na unidade dos teólogos do NT, sem des div ersid um um em preendim entoThenada pprezar ara umsuaerudito queade,342 escreveu livro sobre Unitysurpreendente of the New Testament (1944).343 As teologias do NT de Alan Richardson (1958), F. Stagg (1962) e R. E. Knudsen (1964)344 foram seguidas, no continente, por uma

334 P. 27. Merk (Biblische Theologie, p. 265) interpreta mal a declaração de Grant de que “interpretação" deve ser definida como o “método descritivo’’. 335 3 0.. 33 6 PP..51 337 Afirmação de Merk, B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 265. 338 A. M. Hunter, lntroducing New Testament Theology (Londres, 1957; 2.a ed., 1963), p. 13-61. 339 P. 63-85. 340 P. 87-151. 341 Harrington, P a th , p. 128. 342 Hunter, lnt roduci ng N T Theol ogy, p. 7. 343 A. M. Hunter, The U nit y of the New Testam ent (Londres, 1943). Trad. alemã D ie E in h e it d es N euen T e sta m e n ts (M unique, 1959) . 344 A. Richardson, A n In tr o d u c tio n to th e T h eology o f t h e N ew T e sta m e n t (Londres,

1958); F. Stagg, N e w T e s ta m e n t T h eology (Nashville, 1962); R. E. Knudsen, (Chicago, 1964). Theol ogy in t he New Testam ent. A B asis fo r C hris ti an Faith

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abordagem “histórico-moderna” mais rigorosa na teologia do NT de W. G. Kümmel (1969), J. Jeremias (1971,1975) e E. Lohse (1974).345 "Jesus T hrough M any Eyes. Introd uctioti to t he Theol ogy o f the New Testament (1976) é o mais recente trabalho dentro da corrente “histórico-moderna” da teologia do NT. A maioria destas teologias receberá atenção mais detalha da no próximo capít ulo. Em termos de classificação, encontra-se sozinho o quarto volume da obra de Martin Albertz, sob o título B otschaft des N euen Testamentes (1946-57).346 Em 1.230 páginas, o ex-aluno de T. Zahn e A. von Harnack toma seu próprio rumo. Ele sugere que a introdução crítica tradicional ao NT e a teologia histórico-crítica tradicional do Novo T estam ento precisam ser relançadas em cam in hos radic alm ente novos.347 Os primeiros dois volumes tentam reelaborar o campo da introdução ao NT na linha da crítica da forma e têm o subtítulo de “Origem da Mensagem". Os dois volumes restantes srcinam-se organicamente dos primeiros e contêm o “Desvendamento da Mensa gem". Foi W. Michaelis que incentivou Albertz “a levar a uma crítica fund am en tal t oda a te ologi a tradiciona l (cr ítica) a p ar tir da época e m que colocou o homem, mesmo o devoto, no centro do pensamen to ” .348 Ele argu m enta co ntra o pro gra m a bultm an nian o de demiti zação, ao declarar que Bultmann “não retira do NT o conceito de m ito” , m as da “ erudiçã o do século X IX” , e assinala qvie as “ epíst olas pastorais ter-lh e-ia m ensin ado que não há mitos na Igreja , e Paulo lhe diria qu e C rist o não é um m ito p a ra ele” .349 Não é necessário diz er que este argum ento foge do uso que Bu ltm ann faz d o mit o. Albertz diz qu e a “teolog ia do NT é filha do Ilu m inis m o” .350 Ele critica a abordagem filosófica de F. C. Baur, o método dos “conceitos-de-doutrina” ( Lehrbegriffe) usado por B. Weiss, as abordagens 345 W. G. Kümmel, D ie T h eologie des N eu en T e sta m e n t nach sein en H a u p tze u ge n : Jesu s, P au lu s, Johannes (GõttíngerL, 1969; 2.a ed., 1972). Trad. ingl. The Theo lo gy o f the New Testam ent Accurding to Its M ajor W it ness es: Je sus -Pa ul -J ohn (Nashville, 1973); J. Jeremias, N e u te sta m en tlic h e T h eo lo g ie , 1. Teil (Giitersloh, 1971). Trad. ingl. N ew T e sta m e n t T heology: Th e P ro cla m a tio n o f Jesu s (New York, 1971); E. Lohse, (Stuttgart, Grundriss der neutestamentlichen Theologie 1974). 346 M. Albertz, B o tsc h a ft d es N euen T e s ta m e n te s, 1. Band: D ie E n ts te h u n g d er B otsch aft, 1. Halbband: D ie E n tste h u n g d e s E va n g eliu m s (Zollikon-Zurique, 1946); 2. Halbband; D ie E n tste h u n g d e s a p o stolisch en S c h riftk a n o n s (ZollikonZurique, 1952), 2. Band: D ie E n tfa ltu n g d e r B o tsc h a ft, 1. Halbband: D ie Vora u ssetzu n g en d e r B o tsc h a ft (Zollidon-Zurique, 1954); 2. Halbband: D e r ín h a lt d er B o tsc h a ft (Zolli kon-Zu rique, 1957). 347 1/2, p. 306. 348 II/2, p. 15.

3 49 I /i, p. 10 es. 350 II/l, p. 15.

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psico-religiosas de A. von H arnack e A. D eissm ann, o méto do históri co-religioso de W . Bo usset e outros, e a tenta tiva de inte rpre tar o NT com base n um a vis ão do m und o m ode rno, como é o caso em E. Stau ffer e R . B u ltm an n .351 Assim, o lug ar d a teologia d o NT tem que ser tomado por um "desvendam ento da mensagem do N T” . O esquem a deste desvendam ento s e enco ntra em II Cor. 13:13, que é a fonte do s tít ulos das par tes principais: (1) “ A gra ça do Senhor Jesus Cristo”; Santo”. (2) “O amor de Deus"; e (3) "A comunhão do Espírito Diante do fato de Albertz vir da escola da crítica da forma, não está claro por que ele se apega à crítica da forma, que é também influenciada pelo Zeitgeist 352 e invalida os outros ramos da pesquisa que também refletem o Zeitgeis t. Revela-se outra inconsistência em sua condenação da abordagem histórico-religiosa e no fato de ele não qu erer ficar s em a “ E str u tu ra da M ens age m ” h istórico-reli giosa.3 53 Ê evidente que Albertz usa uma abordagem altamente individualista. Mas concordamos Fascher que "nadapara distopesquisas deve nosfuturas, impedir de admitir que esta com obra E. é plena de sugestões e só po demos p ed ir ao s jovens que e ntrem em lu ta corpo a cor po com ela".354 Agora devemos retornar à abordagem da teologia do NT via Heilsgeschichte (história da salvação). Já vimos que a primeira fase desta abordagem foi associada a J. Ch. K. von Hofmann, T. Zahn e A. Sch latter. E sta linha de pe squ isa é segu ida mais vigorosam ente no s doi s m ais im po rtan tes estudo s de O. C ullm an n.355 A teologia do NT da Europa Continental recenteta m debém L. Goppelt, postum am ente em doismais volumes, segue as publicada perspectivas da história da salvação.356 O conhecido erudito evangélico americano George E. Ladd teve sua magnun opus publicada em 1974, sob o título de A Theology o f th e N ew T esta m en t, e C. K. Lehman, outro

351 U/l, p. 15-21. Ver também M. Albertz, "Die Krisis der sogennanten neutestam entli chenT heologie” , Z eich en d e r Z e it 10 (1954), p. 370-376. 352 353 354

What is Farm(San Criticism? Ver McKnight, ed. E. OldV. Testament Form Criticism Antonio, Tex.,(Filadélfia, 1974). 1969); J. H. Hayes, Albertz, D ie E n tfa h u n g d e r B o ts c h a f t , 11/1, p. 22-64. E. Fascher, “Eine Neuordnung der neutestamentlichen Fachdisziplin?” T L Z 83 (1958), p. 618. Ver também Sehnackenburg, N T T h eolo gy T o d a y , p. 38 e s.; Kraus, B ib li sch e T h eo log ie, p. 188 n.° 87; Merk, B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 262 e s.; Harrington, P a t h , p. 117. 355 O. Culmann. (Zollikon-Zurique, 1946). Trad. ingl. Christus und die Zeit Christ a n d Tim e (Londres, 1951); idem, f í e il ais G esch ich te : H eils gesch ich tl ie h e Exis te n z irrt N eu en T e sta m e n t (Tübingen, 1965). Trad. ingl. Sulvation in History (New York, 1967). 356 L. Goppeit, Theologie des Neuen Testaments, 2 vols., ed. J. R oloff (G õttingen ,

1975-76).

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erudito evangélico, publicou no mesmo ano sua Bib lical Theology, 2: N ew T e sta m e n t ,357 As obras de Cullmann, Ladd e Goppelt serão discuti das no próxim o ca pítulo sobre a m etodol ogia. B. S. Ch ilds358 faz um a excelente descrição do “ M ovim ento Te oló gico Bíblico” na América a partir de 1940. Sua ênfase de que este movimento foi distintamente americano tem sido contestada por J. Barr, que assinala que “na Grã-Bretanha e no Continente existiam as me sm as ten dên cias, em bo ra o cenário fos se outr o” .359 O M ovi  mento Teológico tinha as seguintes características: (1) oposição aos sistemas filosóficos, (2) comparação entre o pensamento hebraico e o grego, (3) ênfase sobre a unidade dos Testamentos, (4) singularidade da Bíblia, a despeito de seu ambiente, (5) reação contra a antiga teologia “liberal” e (6) a revelação de Deus na História. Childs acha que “ o fim do Movimento Teo lógi co Bí blico como força do m inante na teologia americana” ocorreu em 1963.360 Logo, necessita-se de uma nova teologia bíblica. Deve-se reconhecer claramente que, no pensar de Childs, “a empreitada da teologia bíblica é uma disciplina diferen te ta n to da teol ogia do AT com o do N T ” .361 Isto q ue r dizer que em sua opinião existem campos legítimos da teologia do AT e da teologia do NT. A teologia do NT seria “principalmente uma empresa de scr itiva” , o que a d isting ue da teo logia bíb lic a.362 E m o utro livro, tratamos da abordagem de Childs. Posto que Childs não trata diretamente da teologia do NT, parece desnecessário descrever aqui suas prop ostas p ar a a teologi a bíbli ca. Este esboço hist órico escl areceu a ori gem e en rique ceu a h istória da teologia do NT. As questões fundamentais permanecem insolúveis e são assun to de deba te con tínuo en tre os erud itos de vári as formações e escolas de pensamento. Fizemos uma tentativa de esclarecer as raízes prin cip ais do debate atual a respeito da natu reza, função, propósito e limitações da teologia do NT.

357 G. E. Ladd, A Th eolo gy o f th e N ew T e s ta m e n t (Grand R aptds, M ich., 197 4) ; C. K. Lehman, B ib lic a l T h eology, 2: N ew T e s ta m e n t (Scottdale, Pa., 1974). 358 B. S. Childs, B ib lic a l T h eolo gy in C ris is (Filadélfia, 1970), p. 13-87. 359 I. Ba rr, “B iblical T heo logy '’, ID B S u p . (Nashville, 1976). p. 105. Ver também J. Barr, Ol cl an d New in In terpretati on (New York, 1966); idem, The Bible in the M o d e m W o rld ( New York, 1 973). 360 Childs, B ib lic a l T h eolo gy in C ris is , p. 85. 36 1 Com unicação privada citada em Hasel , O T Theol ogy , p. 50, n.° 67.

lic eol a l Togy h eo, logy in C risis , p. 99. 362 363 Childs, Hasel, OBTibTh p. 49-55.

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2

Metodologia na Teologia do N T A questão da metodologia é fundamental. Foi levantada de ma neira sem igual por J. P. G abler , em 1787 ;1 sua s op iniões foram catalisadoras p a ra o pensam ento fu turo e aind a o s ão ho je. As inúm e ras questões ligadas à e ao redor da teologia do NT (e da teologia bíblica) foram debatidas no passado e ainda o são, com um vigor inesgotável, atualmente. A complexidade das questões compõe-se do fato de qu e mesmo o s eruditos que seg uem o m esmo enfoq ue m etodo lógico da teologia do NT nem sempre concordam, às vezes até em questões básicas. Logo, há uma fusão de métodos. Este fato faz com que s eja não s ó di fícil co mo tem erário atrib uir de term inad a teol ogia a um dado método qualquer. Nosso procedimento será deixar que as questões da metodologia venham à tona, enquanto delineamos as abordagens atuais mais da o.teologia do NT, cada uma represen tada por m aisimportantes d e um e rudit A. A Abordagem Temática 1. A lan Ric hardson. A apresentação da teologia do NT feita po Alan Richardson, sob o título A n Introductio n to the New Testam ent Theology (1958), foi saudada como “a maior teologia do Novo Testam ento que já exist iu” .2 1 A aula inaugura l de Johann Phillip G abler, “ Ora tio de iusto discrim ine theologiae biblicae e t dogm aticae , regundisque rect e utri usque finibus” , na Universidade de Altdorf, em 30 de março de 1787, marcou o início de uma nova fase no estudo da teologia bíblica, por m eio de sua declaração de “ que a teolog ia bíblica é histórica em caráter (e gênero histórico) porque estabelece o que os escritores sagrados pensavam sobre as questões divinas...” (e m G abler i Opuscula A cad êm i ca II [1831], p. 183 e s.). Cf. R. Smend, “J. Ph. Gablers Bergriindung der biblishen Theologie”, E vT h 22 (1962), p. 345 e ss. O ensaio programático de William Wrede, “Uber Aufgabe und Methode der sogennanten neutestamentlichen Theologie (Gõttingen, 1897), p. 8. Trad. ingl. de R. Morgan, The Nature of N ew T c stu m en t T h eology (SBT2/25; Londres, 1973). p. 69, enfatiza novamente o caráter "puramente histórico” da teoíogia (bíblica) do NT.

2 W , H. H anington,

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The Pa th o f Biblical T heolog y (Dublin. 1973), p. 186.

Richardson nos oferece um panorama a respeito de sua compreen são da te ologi a do NT no prefác io. Ele declara q ue a ún ica m ane ira de saber se “a igreja apostólica possuía uma teologia comum e que ela pode ser reconstruída a p a rtir da literatu ra do Novo T estam ento ” é “moldar uma hipótese por meio da referência ao texto daqueles documentos à luz de todo o conhecimento crítico e histórico disponí vel” .3 Entende -se que esta ab orda gem inclui m étodos “ hist óric os, críticos, literários, filológicos, arqueológicos” e outros. V. Taylor aponta diretamente para a questão em jogo nesta metodologia, a saber, que a hipótese de Richardson “é nada mais que a declaração de que os eventos da vida, os ‘sinais’, a paixão e a ressurreição de Jesus, conforme os testemunhos apostólicos, podem servir como ‘d a ta ’ do Novo T estam en to melhor que q ua lqu er hipótese atu a l” .4 A hipótese que Richardson defende é “que o próprio Jesus é o autor da brilhante reinterpretação do esquema salvífico do Antigo Testa mento (‘Teologia do Antigo Testamento’) encontrado no Novo Testa m e n to ,...”5 Espera -se , ass im, um abrang ente est udo hi stóri co d os dados do NT, a respeito da totalidade de confiança do NT no Jesus6 histórico, do mesmo tipo que o de J. Jeremias. Esta esperança está garantida a partir da aprovação dos métodos enumerados por ele. Ela, contudo, se frustra. Richardson decidiu estruturar seu livro em dezesseis capítulos. Aqui, nosso assunto é a natureza do NT e. portanto, a questão metodológica. Embora Richardson nos tenha informado que “a teo logia do Novo Testamento, quando escrita por um crente, começará, necessariamente, com a fé apostólica”7e declare, na primeira frase do Capítulo I, intitulado “A Fé e o Ouvir”, que é “bom começar uma consideração sobre a teologia do Novo Testamento com um estudo sobre o conceit o fun da m en tal de fé” ,8 ele não explica por que a questão da fé é mais adequada para se iniciar uma teologia do NT do que, digamos, “ a proclam ação de Jesus”9 ou “ o que rigma da com unidade primitiva e da com unida de g rega ” , 10 sem ao menos 3 Richardson,

A n In tro d u c tio n to th e T h eology o f th e N ew T e s ta m e n t (Londres,

1958), p. 9. 4 Vincent Taylor, “Th e Theology of the New Testam ent", E T 70 (19 58 /59) , p. 16 8. 5 Richardson, A n In tro d u c tio n to th e T h eology o f th e N T , p. 12. 6 Richardson (p. 13 e s., 41-43, 135, 1 99, 362) emp enha -se em um a polêmica c ontra R. B ultman n. Ver L. E. Theck, "Problems of New Testam ent Theology", N ovu m Testamentum 7 (1964/65), p. 225es. 7 Richardson, A n In tro d u c tio n to th e T h eology o f th e N T , p. 11. 8 P. 19. 9 E. Loh se, Grundriss der neutestamentlichen Theologie (Stuttgart, 1974), p. 18 e ss. 10 Também H. Conzelmann, A n O u tlin e o f th e T h eolo gy o f th e N ew T esta m en t (Lond res, 1969), p. 29 e ss.

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m enc iona r a “ mensa gem de Jesu s” de B u ltm an n .11 É difí cil de se aceitar que Richardson desejava insinuar que uma teologia do NT, escr ita com um prim eiro capítulo diferent e, não sej a “ cristã ” . E stará Richardso n tentando apresen tar um a teo logia “ cristã” do NT , em vez de um a teologi a não-c ristã? Isto levanta a questão metodológi ca, se uma teologia do NT, no verdadeiro sentido, só pode ser escrita por um crente. K. Stendahl é conhecido como firme defensor da abordagem descri tiva na teo log ia do NT e do A T .12 Ele afirm a que ...a tarefa descritiva pode ser desempenhada tanto pelo crente como pelo agnóstico. O crente tem a vantagem da empatia auto mática com os crentes do texto — mas a sua fé ameaça-o de não modernizar o material, se ele praticar os cânons da erudição descri tiva rigorosamente. O agnóstico tem a vantagem de não cair em tal tentação, mas seu poder de empatia tem que ser considerável, se ele pr ete nde se ide nt ific ar o suficien te com o cre nte do século I .1J Richardson discorda completamente da posição de Stendahl: “ ...fo ra da fé, o signif icado interior do NT é ininteli gível.” '4 “ U m a compreensão adequada das srcens do cristianismo ou da história do Novo Testa m ento só é possível através do discernim ento da fé cris tã .” 15 Deste modo, Rich ards on o pta pe la pressup osição da f é p a ra se escrever uma teologia do NT. Isto quer dizer, para ele, que “não há pretensão de se perm anecer dentro dos limites da ciência puram ente des cr itiv a.. .” 16 Em vista deste po sicion am ento , é quase impossível aceitar descrever o método de Richardson, com O. Merk, como um métod o descritivo .17 A cred itam os que estam os próxim os da verda de ao sugerir que o método de Richardson c “o método confessionaldescrit ivo” , qu e tam bém é em preg ado na teol ogia do A T .18 Há um problema crítico não resolvido a respeito do método confes sional de Richardson que se refere à questão se deve escrever uma teolo gia do NT a pa rtir da estru tura da “fé cristã” ou d a fé do NT ou 11 R. Bultmann,

Theo lo gy ufihe N ew T estament

(Londres, 1965), I, p. 3 e ss.

I D iB n, M 12 K. “ Study Biblicalof Theolo ontem porary” 1, od p. em 418-432; idem, “ M Stendahl, ethod i n the Biblicalgy,ThCeology” , The ,Bible Scholars hip, ed. J. P. Hyatt (Nashville, 1965), p. 196-208. 13 Stendahl, I D B , I, p. 422. 14 Richardson, A n In tro d u c tio n to th e T h eologv o f the N ew T e s ta m e n t, p. 19. 15 P. 13. 16 P. 12. 17 O. Merk, B ib lisch e Th eolo gie des N eu en T e s ta m e n ts in ih re r A n fa n g sz eit (Marburg, 1972), p. 266. 18 Ver Th. C. Vriezen, A n O u tlin e o f th e O T T h eology (2.a ed.; Newton, Mass., 1970); G. A. F. Knight, A C h ris ti an T h eology o f th e O ld T e s ta m e n t (2.a ed.; Londres, 1964). Ver também R. de Vaux, “Peuton écrire une ‘theologie de

1 'AT’?" B ib le e t O rien t (Paris, 1967), p. 59-71.

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da minha fé.19 A p ar tir do m om ento que R icha rds on fala da ” fé cristã” de modo indefinido, sentimo-nos tentados a pensar em “fé cristã” conforme entendida pelos anglicanos.20 Que apelo à objelividade terá tal teologia confessional do NT? Será que os anglicanos escrevem teoiogias do NT válidas para irmãos anglicanos com a mesma com preensão da “ fé cristã” , e os luteranos p ara os lut eranos, etc.? Parece que a teologia do NT precisa manter sua independência contra um domínio confessional ou doutrinário. Istoprocurada não querpara dizera que o método descritivo seja a panacéia há muito teologia do NT. Veremos mais algumas coisas a respeito das questões que cercam o método descritivo mais adiante. Retornemos à questão da estrutura da teologia do NT de Richard son. Todos reconhecemos que todo historiador ou teólogo seleciona seu m aterial subje tivam ente .21 Co ntudo , nós que stionam os a respei to da estrutura metodológica dos seguintes 16 capítulos: A Fé e o Ouvir, Conhecimento e Revelação; O Poder de Deus Para a Salvação; O Reino de Deus; O Espírito Santo; O Messiado Reinterpretado; A Cristologia da Igreja Apostólica; A Vida de Cristo; A Ressurrei ção, Ascensão e Vitória de Cristo; A Expiação Forjada por Cristo; O Cristo Total; O Israel de Deus; O Ministério Apostólico e Clerical; Ministérios Dentro da Igreja; A Teologia do Batismo; e A Teologia Eucarística do Novo Testamento. Esta é uma estrutura temática. Serão a ordem, o número, a seqüência destes capítulos determinados pela “ fé cristã” ou pela “ fé apostó lic a” ? Se “ o próprio Jesus é o ver dade iro a uto r da teolo gia d o Novo T es tam en to” ,22 então a es tru tu ra temática provém dele? A temática de Richardson nãoosé nossa questão principal, masestrutura (1) a falta de relacionamento entre capítulos, (2) a omissão dos temas de maior importância, como a cria ção, o ho m em , a le i, a ética2 -1 e (3) p ar ticu lar m en te a jus tificativa m e todológica pa ra a abo rdag em tem átic a.24 R icha rdso n fala da te ologi a "subjacente aos documentos do Novo Testamento” e do “conteúdo e caráter da fé da Igreja Apostólica”, o que deveria levá-lo a uma apre sentação da teologia destes documentos e da fé da Igreja Apostólica. Mas não é isto que o livro apresenta. Uma teologia do NT escrita com um a estru tura temá tica d eve en co ntrar os temas, mot ivos e relaciona 19 Hasel, Old Testament Theology: Basic Issites in the Current Dehate (2.a ed.; Gran d Rap ids, M ich., 1975), p. 39-42 . „ 20 K eck, “ Problem s of NT Th eolog y” , p. 237, fala do qu adro de Jes us segund o Richardson: “O Jesus que ensina tudo o que Richardson lhe atribui... é ura teólo go cristão, provavelmente anglicano." 21 Stendahl, ID B , l. p. 422. 22 A. Richardson, (Londres, 1961), p. 144. The Bihle i n the A ge o f Science 23 Ist o é observado particularm ente por W. G. Kü m mel, “ Rev ie w of A. Richardson ", T L Z 85 (1960), p. 922, Merk, B ib li sch e T h eo log ie, p. 266, n.° 180.

24 Ver esp. K eck, “ Problems of NT Th eology", p. 221-225.

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mento entre eles dentro do próprio NT. Kidumlsuii não parece ter chegado a seu assunto a pa rtir de “ de ntro ” , mus ; i pa rtir de estrutu ras sobrepostas d e fora, em bora ten ha basicamen te a abordag em teológica-antropológica-soteriológica (Deus-Homem-Sulvaçíio) da teologia do gm ática (sistemática) u sad a pel os primeiros teól ogos . 2. K url H. Sch elkle. O N eutestam enitler católico romano Karl H. Schelkle, da Universidade de Tübingen, Alemanha, começou a publicar, em 1968, um a Theologie des Neuen Testaments em quatro volumes,2 5 Este projeto am bici oso pro cu ra m os trar “ um a teologi a un ifica da do Novo T es tam en to ” .26 A m etodo logia de Schelkl e não “segue o desenvolvimento histórico do querigma e da reflexão como se encontram na estrutura do Novo Testamento em si". Pelo contrário, ele busca “as palavras, conceitos e temas de maior importância através do Novo Testamento, e descreve em resumo sistemático o que se deve pensar a respeito de sua formação e significado reais nos escritos individuais e grupos de escritos que estão contidos no Novo Testamento”.27 Assim, ele segue um caminho que já havia sido con sidera do por J . P. G able r,28 sug erido po r A. D eis sm an n29 e que não havia sido rejeitado nem por W. Wrede, que não achava, con tudo, que i sto fizesse pa rte da t eologia do NT p rop riam en te d ita .30 Surpreendentemente, Schelkle espera até o início de seu terceiro 25 K. H. Schelkle, Theologie des Neuen Testaments I: Schbpfung: Welt-ZeitM en sch (Düsseldorf, 1968). Trad. ingl. Theol ogy of t he New Testamen t I : Creation: World-Time-Man (Coll cgevill e, M inn., 1971) ; Theologie des Neuen Testaments II: Gott war in Christus (Düsseldorf, 1973). Trad. ingl. Theology of the N ew T e sta m e n t II: Salv ario n H isto ry-R e vela lio n (a ser publicado); Theology o f N ew T e sta m e n t III : M o ra lity (Collegeville, Minn. 1973); Theologie des Neuen Testam ents I V: Reich-Kirche-Voll endttng (Düsseldorf, 1974), Trad. ingl. Theolo g y o f th e N ew T e sta m e n t IV : Th e R u le o f G o d -C h u rch -E sch a to lo g y (a ser publi cado). 2 6 Theo lo gy o f t he N T, III, p. v. 27 I, p. v . 28 Gabler, em G able ri Opuscul a Acadêm ica II (1831), p. 185 e s. e 189 e s. Cf. Merk, p. 2 77 e 279 e s. Theologie, Biblische 29 A. Deissmann, “Zur Methode der biblisehen Theologie des Neuen Testaments", Z T h K 3 (1893), p. 137-139; reimpresso em D a s P ro b le m d e r T h eolog ie d es N euen Testaments, ed. G. Strecker (D arm stad t, 197 5), p. 78 e s . (daq ui em dian te cit ado como P T N ’T) 30 W. Wrede, Uber Aufgabe und Methode der sogenannten neutestamentlichen Theologie (Gôttingen, 1897), reimpresso em P T N T , p. 95, n.° 18. Trad. ingl. “The Ta .sk and M ethod of ‘New Testam ent Th eology” ', em R. M organ, The N a tu re o f N ew T e sta m e n t Theology (SB T 2 /25 ; Londres, 1973), p. 186, n.° 19: “Ao lado da ‘teologia do Novo Testamento’, uma 'História do Novo Testamento ou conceitos cristãos primitivos' seria um suplemento valioso e desejável. Investi garia a srcem histórica ou os conceitos mais importantes do Novo Testamento; descobriria as mudanças por que passaram e suas razões históricas, esclarecendo também sua influência. Tal tarefa tem muitos pontos em comum com a teologia do Novo T estam ento, mas é be m diferent e dela. "

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vol ume pa ra d iscutir a sua v isão da me todol ogia, n atur eza c propósit o da teologia do N T .31 “ A teologia do Novo T es tam en to. .. pod e ser defi nida como ‘Palavra acerca de Deus’, com base na palavra cm que Deus se revela no novo pacto — que. de fato, assimila em si o vellio pacto — e tal palavra está escrita 110 livro do Novo Testamento eoiuo atestado desta revelaçã o.” 32 A pa rtir de sta asserti va, espera-se que a teologia do NT seja, por definição, restrita ao cânon dos escritos do NT. Sem dúvida, Schelkle afirm a que “ a fonte d a teologia do Novo Testam ento está contida n o cânon do N ovo T estam ento ” , ma s acresce nta l ogo que “ os escrit os dos pa is da Igreja, especialm ente dos pais mais antigos, têm que ser analisados ju n to com eles” .33 Schelkle não justifica este proce dim ento. Por um lado, el e se ref ere ao cânon do NT como “fonte” da teologia do NT, por esse meio separando-se de um a apresentação puram ente ou com plet amente his tór ica , confor  me Wrede e seus seguidores, e, por outro lado, ele deseja tomar em consideração os antigos pais da Igreja, juntamente com os autores do NT. Este procedim ento metodológico le vanta a seguin te questão: Até que ponto pode 0 NT amparar-se sobre seus próprios pés e até que ponto ele é lido através dos olhos dos primeiros pais da Igreja? Ou. em outras palavras, até que ponto 0 método de Schelkle permite que ele ap res en te as “ pa lav ras , conceitos e tem as de maio r peso” 34 como aqueles do próprio NT? Não estará o seu método solicitando uma abordagem histórico-religiosa ( religionsgeschichliche ) da apre sentação das “palavras, conceitos e temas de niaior peso” da literatu ra cristã prim iti va como um todo? E stará Schel kle seguindo a abordag em metodológi ca em sua teori a do NT? Sua resposta é explícita: “A teologia do Novo Testamento não só descreverá o relato do Novo Testamento, como também o interpre ta rá ” .35 Eis aqui um a ab ordagem dupla: descri ção e interpretação. Neste aspecto Schelkle difere da abordagem descritiva da teologia do NT, confo rm e defendida por S tend ahl,36 que segue a tradição de Gabler-Bauer-Wrede. Schelkle fala do aspecto descritivo em termos de tentativa de “pesquisar seu conteúdo e os propósitos das formas de suas declarações, formas essas que talvez não nos sejam familia res” .37 O aspecto da inte rpre tação pro cu ra “ ligar as declarações do 31 É um a vers ão ligei ram ente m odifi cada de se u ensaio “ W as bedeutetet Th eolo gie des Neuen Testaments’?’1 E va n g elien fo rsch u n g . ed. J . Bauer (Gr az/W ien/K õln, 1968), p. 299-312. 32 Th eology of the NT , III, p. 3. 33 P. 9. 34 P. 10 e s. 35 P. 17. 36 Stendahl, ID B , I, p. 422.

37 Schelkle,

The ol ogy ofih e N T, III, p. 17.

Ó.1

Novo Testamento às nossas questões m od ern as e a o nosso tem po ” .38 Seria totalmente incorreto entender a "interpretação” de Schelkle nos termos da interpretação existencialista bultmanniana. Schelkle enca ra a teologia do N T como um a p reparação para a teo logia dogm áti ca. A interpretação é a faceta da teologia do N T que “faz o que está ali contido [NT] claramente inteligível e dê continuidade se relacionando com o que a li havia co m eç ad o" .39 A interp retaç ão , po rtan to, contém um a corr elação dos pensam entos do NT que precisam se relac ionar às ques tõe s m ode rnas e ao s te mpos modernos. Schelkle é altamente sensível à questão da unidade do NT e da unidade da Bíblia. “Uma exposição da teologia do Novo Testamento, em bora não possa ap ag ar as difer enças entr e os escri tos em separado, terá, não obstante, o dever de reconhecer e expor a unidade do Novo Testam ento dentro da sua dive rsida de ."40 E m bo ra h aja “ disti ntas teologias dos Sinópticos, de Paulo e de João, ainda assim é um a teologia, a teologia do Novo Testamento... os escritos do Novo Testamento como um grupo se unificam através de dois fatos bem reais: todos giram em torno de Jesus Cristo e todos têm sua srcem na Ig reja” .41 A respe ito do pr im eiro fato, Schelkl e d eclara : “ Se Cristo é realmente a Palavra de Deus (João 1:1), então ele não é apenas parte, m as o próp rio cen tro da teol ogia do No vo T es tam en to.” 42 Nesse p onto precisam os lem brar que Schelkle procura “ um a teologia do Novo Te stam ento un ificad a” .43 A com preensão de Sche lkle d a u nidad e do NT é a chave da abordagem tem átic a que adota . . Schelkle está convencido de que ...basicam ente há du as possi bil idades que s e apre sen tam no esbo ço de um a te olo gia do NT. U m a delas é tra ta r as époc as da pro clam a ção do Novo Testamento de acordo com seus personagens princi pais, cada um num a seção separada: Sinópticos, Congregação P ri mitiva, Paulo, João, Escritos Apostólicos Posteriores... A outra possib ilid ade é pesquisar idéias e te m as da proclam ação do Novo Testamento do início ao fim e tratar com abrangência as áreas da fé e da vida.44 Schelkle opta pela segunda. (Pode haver discussão a respeito da existência de apenas duas possibilidades.) A abordagem temática o leva a organizar sua teologia do NT ao longo de quatro temas 3 8 Ihid. 3 9 Ibid. 40 P. 10es. 4 1 P .8. 42 P. 17.

43 P. 21. v. 44 P.

()4

prin cipais, cada um tratad o num volume separadam ente: 1. A C ria ção (O Mundo, O Homem); II. A Revelação na História e na história da salvação (Jesus Cristo e a Redenção; Deus, Espírito, Trindade); III. A Vida Cristã (Moralidade do NT); IV. A Soberania dc Deus, A Igreja, A Consumação. Observa-se que esta organização segue as "loci do gm áticas tradic ion ais” .45 É difí cil fugir inteiram en te a esta concl usão. Schel kle se ma ntém abe rto à acusação de que sobrepõe um esquema externoeuaotota NT. não se esclarec lmEmbora en te.46 pareça antecipar-se à crítica, ele A abordagem temática tem a vantagem de permitir que a unidade do NT a p ar eç a.47 Pode ser que o pró prio interesse n a unida de do NT ten ha fei to co m que Schelkl e optasse po r est e tipo de a bo rd ag em .48 Seja como for, um dos aspectos mais estranhos na abordagem temá tica, conforme praticada por Schelkle, é a investigação longitudinal das idéias e temas do NT em seu desenvolvimento cronológico nos testemunhos do NT. Deve-se louvar também ter ele seguido estas idéias os e tem as, retro en te, Esclar ece r estas entre T estam entoativ s50 am é con tribuatéir opA arTa .49 a teologia bíbli ca, conexões que está dividida desde os tratamentos em separado de G. L. Bauer no fim do sécul o X VIII.

B. A Abordagem Existencialista 1. R u d o lf B u ltm a n n . Já assinalamos anteriormente que a herança de Bultmann vem da escola de pesquisa “puramente histórica” e que ele tem raí zes p rofu nd as na escola da “ histó ria das reli giões” .51 Isto 45 P. Stuhlmacher, Schrif tausl egung a u f dem W ege zur bibl is chen Theol ogi e (Gõttingen, 1975), p. 130. 46 Schelkle, Theol ogy of t he N T , III, p. 15: “Não se pode impor de fora uma orga nização e sistematização da teologia do NT, mas extraída do próprio Novo Testa mento. Aplicar esquemas sistemáticos modernos ao Novo Testamento é uma agre ssão a ele .” 47 P. 21. 48 Não o fato de Schelkle ser acusado de Schelkle, falta de apreciação da diversi dadesurpreende do NT. Ver. G. Haufe, "Review of ‘K. H. Theol ogi e des N T ThLZ 94(1969), p.909es. 49 Também corretamente Merk, B iblisch e T h eo lo gie, p. 269; Harrington, P a th , p. 139; Stuhlmacher, p. 137. Schriftauslegung, 50 A continuidade entre os Testamentos, sob uma perspectiva diferente, é também enfatizada por F. F. Bruce, N ew T e sta m e n t D e v e lo p m e n t o f O ld T e sta m e n t Themes (3.a ed.; Grand Rapids, Mich., 1973); M. Burrows, A n O u tli n e o f B iblical T h eology (F iladélfia ,T 946) ; e J. B lenkinsopp, a Sketchbook o f Bíb li ca! T heo logy (Londres, 1968). 51 Aqui, o famoso livro de Bultmann, D a s U rch ris te n tu m im R alt m en d e r a n tik en (Zurique, 1949), Trad. ingl. R eligion en P rim itive C h risiia n ity in Its C o n tem p o ra ry

Setting (Ed im burg o, 1956), tem seu l

ugar .

65

quer dizer, em primeira lugar, que suas raízes históricas estão firmemente plan tad as no m étodo de pesquisa histórico-crí tico.” Sua segunda raiz histórica eneontra-se em sua associação à teologia dialética nos anos 20, particularmente Karl Barth e F. Gogarten. Disto surgiu um catalisador poderoso para sua colocação da questão teol ógica. B ultm ann não estava sati sfeit o com a qu estão histórica, isto é, “ o ato d e pe n sa r” .53 Ele e outros que o ante ced eram (p or exemplo, A. Schlatter) acreditavam que os escritos do NT "têm algo a dizer ao presente” .54 Esta pressuposição brota de sua com preensão da H istó  ria, que já fo i am plam ente descrita n a intro du çã o de seu livro intitulado Jesus, escrito em 1926,56 que dá base ao seu famoso H isto ry o f Synoptic Traditio n (1921 ).56 B ultm ann pre ten dia “ evitar tudo que estivesse para além da História e encontrar um posiciona mento pa ra mim dentro da História... Pois o essencial da História não é, na realidade, nada de s«£>er-histórico, mas acontecimentos ocor ridos no tem po ” .57 Sua com preen são d a História e da ex ist ência humana levaram-no a incorporar a seu sistema o existencialismo heideggeriano,58 em cuja base ele é o mais inflexível proponente de uma “interpretação existencialista”. Bultmann combina a reconstru ção hi stórica com a “ inte rp reta çã o existen cialista” .59 A “interpretação existencialista” está intimamente ligada ao seu program a de dem itização.60 A literatura e o escopo de program a de B ultm an n de dem itizaçã o do NT são tão complexos e volum osos61 que 52 Corretamente aluno G. 1Bornkamm, “Die Theologie Bultmanns” enfatizado (Munique, 1968), p. 157 e s.Rudolf Geschichtepor undseu Glaube 53 Bultmann, The ol ogy o f t he N T , II, p. 250 e s. 54 P. 251. 55 R. Bultmann, Jesus (Berlim, 1926), p. 7-18. Trad. ingl. Jesus a n d th e W o rd (Lond res, 1934; 2 .a ed ., 1958), p. 11-19. 56 R. Bultmann, D ie G esc h ich te d e r syn o p tisch e n T ra ditio n (Gõttingen, 1921). Trad. ingl. The H ist ory o f t he S ynoptic Tradit ion (New York, 1963); 2.a ed. 1976). 57 Bultmann, Jesus a n d th e W o rd , p. 14. 58 A importância da análise da existência de Heidegger e a própria filosofia da his tór ia de B ultm ann se expressam nas “G ifford Lectures” , de B ultm ann , de 1955, publicadas com o título dc H isto ry a n d E sc h a to lo g v: Th e P resen ce o f E te rn ity (New York, 19 57 ; 2 .a ed ., 1962) . 59 R. Bu ltma nn , “Forew ord” , em I. M acquarrie, A n E x isten cia íist T h eology ÍHarpy Torchbook ed.; New York, 1965), p. vi i, dec la ra: “ ...o princí pio herm enêutico que subjaz minha interpretação do Novo Testamento brota da análise existencial do s er do hom em , dada por M arti n H eidegger em sua obra B eing a n d Tim e. ” 60 Ver as notas de rodapé do Cap. 1, n.° 256 e s. e 261. Ver também, sobre este as sunto, J. Macquarrie, The Scope o f D em ythologizi ng Bu lt m ann and H is Cri tics (New York, 1960); R. Marle, In tro d u c tio n to H e rm en eu tics (New York, 1967), p. 32-66. 61 Um e xcelente exame de cer ca d e 50 0 pub licações sobr e a herm enêutica e a teolo gi a de Bultmann é ofe reci do pel o pós- bultm anniano G . B ornkamm , “D ie Th eolo

Rundschau gie Bultmanns in der neueren Diskussion”, p. 33-14 1, reimpresso i n Bornkam m , GeschichteTheologische und G la uhe /, p. 173-275.29 (1963),

66

nos limitaremos, sob o risco de uma exposição unilateral, a algumas poucas observações tiradas do ensaio origin al de B ultm ann, de 1941, intitulado Novo Testam ento e M itologia e seu mais recente Jesus Chris t a nd M ytol ogy (1958). Bultmann define: “A demitização é um método hermenêutico, isto é, um método de interpretação, de exege se ."62 A dem itização como m étodo de i nte rp reta çã o é necessária porque “ a cosmologia Novo T esta m ento temdeum te r essencial mente mítico. O mundo édovisto como uma estrutura trêscará andares, com a te rra no centro, o céu ac im a e o inferno ab aix o” .63 E sta vis ão do mundo, tomada como correta, “é inacreditável para o homem inoderno, pois ele está convicto de que a visão mítica do mundo é ob soleta” .64 Assim, só existem dois cam inhos a seguir na perspectiva bultm anniana: ou se espera que o homem m oderno aceite a im agem do evangelho e com ela a visão mítica do mundo ou “a teologia deve assumir a tarefa de despir o querigma de sua estrutura mítica, de ‘de itizá-lo’ ” .65 Isto nãodoqu dizer , p “ara B ultm quea crítica se deve submtrair ou elimina r al go quererig m a.66 Nossa tare an fan,é usar para in terpretá-lo” ,67 a saber, “ exis tencialm ente.” 68 O conceito bultmanniano de “reconstrução” e “interpretação” é básico para o e ntendim ento de sua Teologia do Novo Testamento, Ele declara: A apresentação da teologia do Novo Testamento oferecida neste livro está, por um lado, dentro da tradição das escolas históricocrítica e da história das religiões, e busca, por outro lado, evitar o seu erro, que consiste em separar o ato do pensamento do ato da vida e, conseqüentemente, o fracasso em reconhecer o significado dos pr on un ciam en tos teol ógicos.6 5 A “reconstrução” dos escritos do NT segue, portanto, os cânons do método histórico crítico e a escola da história das religiões, mas não p ara reconstruir um retrato do cristianism o primitiv o com o um fenô meno do passado histórico. “A reconstrução está a serviço da inter preta ção dos escritos do Novo Testa m ento sob a pressuposição de que

62 K. Bultmann, Jesu s C hris t a n d M yth o lo g y (Londres, 1960); New York, 1958), p. 45. 63 R. B ultm ann, “ New Testam ent and M ythology1 ’, K eryg m a a n d M yrh , e d . H. W. Bartseh (New York. 196Ü, p. 1 . 64 P. 3. 65 Ihid . 66 P. 9. 67 P. 12.

68 P. 10. 69 Bultmann,

Theo lo gy o f th e N T , II, p. 250 es.

(>7

têm algo a nos dizer.”70 “Interpretação” quer dizer explicar “os pensam ento s teológicos do Novo T estam ento em sua ligação com o ‘ato da vida’ isto é, como uma explicação da autocompreensào cristã.” Na opinião de Bultmann, isto quer dizer que a “tarefa da exposição da teologia do Novo Testamento" é “esclarecer esta autocom preensão crist ã em sua referência ao q u er igm a" .71 B ultm ann explica aqui que a coordenação entre “reconstrução” e “interpreta ção” é a chave para o entendimento de sua teologia do NT. Escolhe mos tratar da teologia do NT de Bultmann sob o título de “Aborda gem Existencialist a” p orqu e su a exposi ção, como esperam os já have r mostrado, faz parte daquelas teologias que são condicionadas por um determinado sistema filosófico,72 a saber, o existencialismo de Hei de gg er .73 Com base neste conhecimento, podemos alcançar uma apreciação da estrutura da The olog y o f the New Testam ent de Bultmann. A Par te I se intitula “Pressuposição e Temas da Teologia do Novo Testa m ento ” , e contém capítulos sobre “ A M ensagem de Jesus” ,74 “ O Querigma da Igreja Primitiva” ,75 e “ O Q uerigm a da Ig reja G rega à Pa rte de P au lo” .76 A pa rte II nos le va ao centro d a exposição de B ultm ann , com “A Teologia de Pa ulo ” ,77 com capítulos sobre “ O Ho mem Antes da Revel ação da F é” ,78 em que tr a ta de con cei tos an tro  pológicos, inclu in do o corpo, a vida, a m ente , a consciência, o coração, a carne, o pecado, o mundo; e sobre “O Homem sob a Fé” ,79 que s e divi de em seções sobre a ju sti ça de D eus, a graç a, a fé e a liberdade. A Parte III é independente da teologia de Paulo, com “ A Teologia do Evan gelho de João e as Ep ístolas Jo an ina s” ,80 com capítulos sobre. “ O rien taç ão ” , “ D ualism o Jo an ino ” , “A ‘ K risis ’ do M un do” e “ Fé ” . A Par te I V, conclusóri a, se intitula “ Progr ess o Rum o à Igre ja A n tig a" ,8' que s e divide em ordem da Igreja, dou trina, desenvolvimento e vida cris tã. Este procedimento metodológico da apresentação da teologia do

70 P. 251. 71 I b id . 72 N. A . Dahl, “Die Theologie des Neuen Testaments”, Theologische Rundschau 22 (1954 ), p. 25. 73 Ver J. M . Ro binso n e John B. C obb, Jr. , The La ter Heide gger and Theology , “ New Frontier s i n Theo logy I" (New Y ork, 1963) . 74 Bultmann, The ol og y ofth e N T, I, p. 3-32. 75 P. 33-62. 76 P. 63-183. 77 P. 185-352. 78 P. 190-269. 79 P. 270-352. 80 Vol. II, p. 3-92. N o srcinal alem ào esta é aind a a Parte IIÍ.

81 P. 95-23 6.

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NT revela im edia ta m ente sua dív id a ao program a de W . Wredc*2 e, mais diretamente, ao Kyrios Chrístos,83 de W . Bousset, cuja divisão ele seg ue com os t ítulos de “ O Q uerigm a da Ig reja A ntiga ", “ O Q ue rigma da Igreja Grega”, “A Teologia de Paulo” e “A Teologia de João” como expoen tes do querigm a da Igrej a Grega. Bultmann abre sua teologia do NT com a seguinte frase provoca tiva: “A m ensagem de Jesus é mais um a pressuposição pa ra a teo logia do Novo Testamento que uma partea esta da frase teologia emimpli si.’’84 Provavelmente, ninguémdo declarou o oposto e suas cações mais entusiasticamente do que Stephen Neill, em sua recente teologia do NT: “Toda teologia do Novo Testamento tem que ser um a teol ogia de Jesus — ou não é abso lutam ente n a d a .” 85 Tem-se registrado co rreta m ente 86 que o enunciad o-chav e de Bu ltm an n cor responde à dem and a de F. C. B aur pa ra a exposi ção da mensagem de Je su s.87 A fo rm a dos estu do s críticos de B ul tm an n, dos S inóp ticos88 e seu livro sobre Jesus, de 1926, formam a base para a exposição da mensagem de Jesus. Em outras palavras, a mensagem de Jesus é reconstruída com metodologias críticas a partir do querigma sobre Jesus Cristo, o crucificad o e ressu scitad o. A reação crítica à teologia de Bultmann, da qual sua teologia do NT é o clímax, tem chegado de várias partes. As opiniões de B ultm an n sobre o Jesus históri co e o C rist o querigm ático são a s bases do debate atual sobre este aspecto da teologia do NT. No capítulo anterior descrevemos a insatisfação com as opiniões de Bultmann entre seus próprios alunos, tais como E. Kãsemann, G. Bornkamm, H. B raum , J. M. Rob inson, E. Fuch s e G. E be ling ,89 que são geral mente chamados de “pós-bultmannianos”. Pode-se considerar que eles pertencem ao centro da crítica de Bultmann. Eles se empenha ram na “nova busca” do Jesus histórico, para explorar a questão da co ntinu idad e en tre o Jesus h istórico e o Cristo qu erig m ático .90 Há tam bé m os “ crít icos de direita ” ,91 como K. B arth , J. Schn ie82 Ver, acima, o n,° t. 8 3 W . Bousset, K yrio s C hrís to s. G esch ic h te des C h ristu sglau ben s von den A nfàn gen dTrad. es Cingl. h ristcKn tu m ss Cbhrís is Iren a eu s (Gõttingen, yrio to s (Nashville, 1970). 1913, 6.a ed.; Darmstadt, 1967). 84 Bultmann, Theol ogy o f the N T, J, p. 3 (os gr ifos são de le). 85 S. Neill, Jesus Through M an y Eyes, In tro d u c tio n to th e T h eolo gy o f th e N ew T es ta m en t (Filadélfia, 1976), p. 10. 86 O, Merk, B ib lis ch e T h eolo g y , p. 254. 87 Ver F. C. Baur, ed. F. C. Baur Vorl esu ngen übe r neu testam entliche Theologie, (Leipzig, 1864), p. 45-127. 88 Ve r , ac im a o n .D 56 . 89 Literat ura significativa citad a nas nota s n .° 257, 272 -276, no C apítulo 1 acima. 90 Ver a críti ca de N. Perrin, R eâ isco v erin g th e T ea ch in g o f J esu s (2 .a ed,; New York, 1976), p. 233 es .

91 H. Fu ller, The N ew Testamen t in C urre nt Study

(New York, 1962), p. 16.

wind, J. Jeremias, E. Ellwein, E. Kinder, W. Künneth, H. Diem, H. T hielicke e P. A ltha us .92 Os críti cos da o rtodox ia lu teran a acusam Bultmann de negar a realidade objetiva de eventos redentores como a encarnação, expiação, ressurreição, ascensão c segunda vinda. Norman Perrin, que faz uma distinção entre “conhecimento da Histó ria ” , “ conhe cimen to histórico” e “ conh ecim ento da fé’ , assinala que ...o ataque de direita à posição de Bultmann procura estabelecer laços mais íntimos do que Bultmann permitiria entre o conheci mento histórico e o conhecimento da fé... A ala de direita pressu põe que a E ncarnação ou o conceito bíblico do Deus agente na His tória ou a visão tradicional do cristianismo ligado a certos eventos revelatórios na História ou coisas do gênero exige um relaciona m ento real e íntimo e ntre o conhec imen to hist órico e o conhecime n to da fé, e que jus tiça tem que s er feita em nossa discussão da qu es tão do Jesus h istó ric o.93 É evid ent e que aqui há um a divisão de águas entre a herm enêu tica exist encia lista bu ltm an nia na da correlação entre reconstrução e inter pretação e a dos “ críticos de direita” . Entre os “críticos de esquerda” estão o teólogo liberal suíço Fritz Buri, o filósofo existencialista alemão Karl Jaspers e o teólogo ameri cano Schubert M. Ogden.94 Buri sugere que Bultmann não foi muito longe em seu programa de demitização. Ele deixou o ato de Deus perm anecer como rem anescente da m itologia. O ato de Deus em Jesus Crist o preci sa ser “ desqu erigm atizado” . Há inconsi stênci a na prop os

92 K. Bar th, “ Rudolf Bultmann — An A tt empt t o U nderstand-H im” . K ery g m a a n d M yth II, ed. H. W. Bartsch (Londres, 1962), p. 83-132; J. Schniewind, “A Reply to Bultmann, K er y g m a a n d M yth I, ed. H. W. Bartsch (New York, 1961), p. 45-101; J. Jeremias, (Filadélfia, 1964); The Problem of lhe Historical Jesus F.. Ellwein, “ R. Bu ltma nn's Interpret ation of the K erygm a” , K ery g m a a n d H is to iy , eds. C. E. Braaten c R. A. Harrisville (New York, 1962), p. 25-54; E. Kinder, "Hist ori cal Criti ci sm and D em ythologizing", ibid., p. 55-85; W . K ünneth, “ Bul tm ann’s Philosoph y and the Rcali ty of Salva tion” , ibid., p. 86:119; H. Diem, "The Earthly Jesus and the Christ of Faith", ibid., p. 197 211; H. T hielicke , "The R est atement of New T est am ent M ythol ogy” , K er y g m a a n d M y th I, p. 138174; P. Althaus, F aith a n d F a c t in lh e K e ry g m a T oday (Filadélfia, 1959). Deve-se observar que F. Gogarten, D e m y th o lo g izin g a n d H isto ry (Londres, 1955). vem a defender Bultmann contra os "críticos de direita”. 93 Perrin, R ed isco verin g th e T each in g o f Je s u s , p. 239. 94 F. Buri, ‘‘Entm ythologis ierung oder E ntkerygm atizi erung?” , K ery g m a un d M y th o s II, ed. H. W . B a n sch (Ha m burgo, 1954), p. 85 e ss. ; idem , “T heologie de r E xistenz” , K e r y g m a un d M yth o s III , ed. H. W. Bartsch (Hamburgo, 1955), p. 81 e ss.; K. Jaspers, R. Bultmann, D ie F rage d e r E n tm yth o lo g isieru n g (Munique, 1954); idem, P h ih s u p h ic a l F ait h an d R eve la tio n (New York, 1967), p. 287 e 324 e s.; idem, e R. Bultmann, M yth a n d C h ristia n ity (New York, 1958); S. M. Ogden,

Christ W it hout M yth (New York,

70

1961) .

ta d e B ultm ann no que e le enten de a fé cristã co mo u m a transi ção da existência inautêntica para a autêntica, mas mantém incoerentemen te com a primeira um elo necessário com o Jesus histórico neslc processo. Jaspers condena B ultm ann por introduzir um fato r objetivo num movimento existencialista, onde não há lugar para a manuten ção de um elo com o Jesus histórico. Ogden condena Bultmann porque “ ele anula com pleta m ente sua própria proposta construtiva em favor de uma solução para o problema teológico contemporâ neo” ,95 no que ele faz um a d isti nção inconsistente en tre “ possibilida de de pr inc ípio” e “ possibilidade de fato ” .96 Og den su sten ta que a possib ilid ade de prin cíp io é sem pre um a possib ilid ade de fato, o que signi fic a o ab an do no de pa rtic ula rid ad e da f é cri stã .97 B ultm ann respondeu a estas críticas ao questionar se a acusação de inconsistên cia não é o “caráter legítimo e necessário do que o Novo Testamento ch am a de obs tácu lo” .98 O argu m en to cu ja prova o s “ crí ticos de esquerda” tentaram apresentar consiste na convicção de que, mesmo que possamos falar de Deus ou do transcendente de maneira signifi cativa, "a relatividade essencial de todos os eventos históricos signifi ca que não podemos pensar em termos de um conhecimento de Jesus que seja diferente em espécie do conhecimento que podemos ter de outros per son ag ens históricos” .99 Isto q uer d izer que Jesus é na da mais que um exemplo suprem o capaz, de s er i m itado (Buri, Jaspers), ou a “manifestação decisiva” do que também é conhecido em outras parte s (O gden). A apresentação feita por Bultmann da teologia paulina é correta mente entendida como o centro de sua teologia do NT. Ele considera Pau lo “ o fu nd ad or da teologi a cristã” .100 Ist o q ue r dizer que, “ em comparação com a pregação de Jesus, a teologia de Paulo é uma estrutura nova e que não indica nada mais que Paulo teve seu lugar dentro do cristianism o greg o” .10’ Esta discriminaçã o parece refletir por que a teologia do NT de B ultm ann em prega am plam ente o método descritivo, ao tratar dos tópicos da Parte I de sua obra, enquanto nas Partes II e III, com a apresentação das teologias de Paulo e de João , usa a inte rp re taç ão an tro po ló gi ca .102 No que di z respeito a Paulo, Bultmann resume: “A teologia de Paulo pode ser 95 96 97 98 99 100 101 102

Ogden, Christ Without Myth, p. 215. P. 111 e ss. P. 143,151, 156 e 160. R. Bultmann, “Review of S. M. Ogden, Chris t W it hou t M vth ", Journal o f R eli gio n 4 2 (1 9 6 2 ) , p. 22 6. Perrin, R ed isc a vertn g th e T eachin g o f J esu s, p. 239 ( o grifo é dele). Bultmann, Theol ogy o f th e N T, I, p. 191. P. 189. Stendahl, ID B , I, p. 420 es.; C. E. Cox, “R. Bultmann: Theology of the New Tes-

tament", R e sto ra tio n Q u a rterly 17 (1974), p. 157.

71

melhor tratada como sua doutrina do homem: primeiro, o homem anterior à revelação da fé e, segundo, o homem sob a fé, pois deste modo a orientação antropológica e soteriológica da teologia de Paulo é ap re se n tad a.” 103 A conversão do pró prio Pa ulo é interp re tad a, em categorias existencialistas da primeira fase de Heidegger, como uma rendição de “seu entendimento anterior de si mesmo, isto é, ele abriu mão do que até en tão havia sid o a no rm a e o signifi cado de sua v id a... Sua conversão não foi uma conversão de arrependimento, ...era uma submissão obediente ao juízo de Deus, tornado público na cruz de Cristo, sobre todas as realizações e ostentações humanas. É assim que sua conversão se reflete em sua teologia".lü" Bultmann considera “ a teol ogia de Pa ulo ao m esmo tem po um a an trop olo gia ” .105 O m é todo empregado para explicar este ponto de vista predeterminado é uma análise terminológica das palavras usadas por Paulo, tais como corpo, alma, espírito, mundo, lei, morte, justiça, graça, fé e liber dade. As reações a esta tentativa de uma interpretação antropológica ou existencialista de Paulo variam. M. Barth descreve o resultado final dos métodos de Bultmann na exposição da teologia paulina assim: “Bultmann descreve Paulo como o apóstolo da verdadeira autocompreensão e existência, em resumo, com o um apósto lo de existência autêntica. Paulo é transformado num existencialista entre os apósto los. Mas Paulo se chama a si mesmo incansavelmente de apóstolo de Jesus C ris to ." 106 B arth ac ha que ain da que as mesm as c artas conside radas inau s por B ultm ann incluídas (Efés ios,noCol oss ens es, II PauUnum, Tess aloni censes, I-II têntica Timóteo, Tito) fossem Corpus nem assim a exposição feita por Bultmann, da teologia paulina, m uda ria d e direçã o, porq ue el e se empe nha n a “ crí tica do conteúdo" Sachkritik ,107 em cuja ba se as d ecla raç õe s pau lin as a re spe ito do 103 Bultmann, Theol ogy o f th e N T , I, p. 191. 104 P. 188. 105 Bultmann, p. 187. A trad. ingl. “Paul’s theology can be best Theologie des NT, tre ate d as bis doctri ne of m an ” ( A teologi a de Paulo p ode ser melhor tratada como The ol og 'Theologie y ofth eN Tdes , I,Neuen sua Barth. dout ri“Die na doMethode homem von ), emBultmanns p. 191, Testaments"', é imprecisa. 106 M. Theologische Z eitschrif t 11 (1955), p. 15. 107 Ver R. B ultmann , Glauben und verstehen / ( 4 . a ed. ; G õtti ngen, 1961) , p. 38- 64; ide m, “Th e Probl em of a Th eological E xegesis” , th e B egin n in g o f D ia le c tic a l Theology, ed. J. M. Robinson (Richmond, Va., 1968), I, p. 236-256; idem, "Is Exegesis Without Pressupositions Possible?” E x isten ce a n d F aith : S h o rte r W r it ing s o f R ud olf Bult m ann, ed. S. M. Ogden (New York, 1960), p. 289-296. A no ção bu ltman niana dc “crí ti ca do con teúd o” é discuti da por J. M. Ro binson, “ He rineneutic Si nce B arth” , The New H ermeneuti c. “ New Frontie rs in T heology I I” , eds. J. M . Ro binso n e J. B. C obb, J r. (New Y ork. 1964), p. 31-34; W . Sch m ithals, D ie T h eolo gie R u d o lf B u ltm a n n s: E in e E in fü h ru n g (2.a ed.; Tübingen, 1967),

Contemporary New Testament Interpretation p. 251; W. G. Doty, Clif fs , N .J ., 1972) , p. 21 e s.

72

(Englewood

Espírito Santo, da ressurreição, do segundo Adão, do pecado srcinal e do conhecimento são eliminadas . 'm Este procedimento cn minha dc mãos dad as com o conceito bultm an nia no de p ree nte nd im cn lo1"'' e interpretação: “Não há nenhuma interpretação simples do ‘que existe’, mas de algum modo... a interpretação do texto sempre caminha de mãos dadas com a interpretação de si mesmo do e x eg eta ."110 O círculo her m enê utico pa rece im plica r m ais subjet ivi da de do que de ve ria ,111 B ar th conclui: “ É prováve l qu e a pen as um método de pesquisa e exposição seja adequado para Paulo, se o testemunho do apóstolo a respeito de Cristo (e não sua filosofia de vida ) for colocado no cen tro do qu estio na m en to e da des cr içã o".112 Barth deseja colocar o ponto de vista cristológico no centro do palco, que é ocupado pela antropologia no sistema de Bultmann. Isto não deixa de ter algo a ver com a tentativa do discípulo católico de Bultmann, H. Schlier, que talvez tenha ido mais longe que o profes so r.113 Schlier diz: “ Na m inh a op inião , a teologia do Nov o T es tam en  to, ao tratar de São Paulo, desenvolverá sua teologia [de Paulo] como uma função do evento em cujas características básicas ele vê com preendidas a histó ria e a existê ncia da h um anidade. E sta é a ressurreição de Jesus Cristo, o Senhor crucificado, que foi exaltado perante sua vinda, de m odo que sua ascensão foi um ato final ou escatológico.’’114 Contrariando Bultmann, Schlier argumenta por uma apresentação da teologia dos Sinópticos lado a lado com as teologias de Paulo e João.lls Em vez de fazer da teologia paulina a base da teologia do NT (conform e B ultm ann), Schlier se propõe a fazer das fórmulas confessionais dos cristãos primitivos a base da teol ogia do NT, poi s “ elas são o pr on un ciam en to srcinal da rev elaçã o de Jesus Cristo, conform e de cla ra do ” . 116 Seg und o E. Kâsem ann , Schlier “girou suas idéias [de Bultmann] ou, como geralmente se diz, c olocou-as de ca be ça p ara ba ixo ’’.117

108 109 110 111 112 11 3

114 115 116

Barth, "D ie M etho de ” , p. 1 5. Bultmann. E xis ten ce a n d F a it h , p. 289-296. The B eginn in gs <>/D ia le e tic a l T h eo logy, 1, p. 242. Bultmann, Ver a crítica de E. Bctti, D ie H e rm eiieu lik ais a llg e m ein e M e th o d ik d er (T übingen, 1962) . Geisteswissensehuften Barth, “D ie M etho de ” , p. 15 e s. H. Sctdi cr. “U bcr Sinn und Aufgabe einer Th eologie des Neuen Testam ents” , B ib li sch e Z e itsc h rift 1 (1957), p . 6- 23; reimpress o em P T N T , p. 323-344. Trud. ingl. em D o g m a tic vs. B ih li ea l T h eology, ed. H. Vorgrimler, (Baltimore, 1964), p. 87-113. Schlier. D o g m a tic vs. B ih lie a l T h eolo gv, p. 90. P. 99. Ib id .

117 H. Kãsemann, “The Problem of p. 240.

a New Testament Thcnlogy",

N T S 19 (19731.

7.1

O ex-aluno de B ultm an n, H . B ra u n ,118 levantou a q uestão d a possibilidade de um a teologia do NT, pois o NT é n ada mais que um a série de enunciados discrepantes sobre os principais assuntos teoló gicos. Ele expõe sua opinião por meio de discussões de assuntos como a cristologia, a soteriologia, lei, escatologia e a doutrina dos sacra mentos. A tese de Braun é a seguinte: “Os autores do Novo Testa mento a respeito da em salvação e de sua relação Deus, fazem coisas declarações que não podem entrar harmonia entre si e com que provam, através de suas discrepâncias, que sua m até ria de estu do não é o que declaram, expressis verbis, em con tra diç ão m ú tu a .’' 11'’ A so lução para estes problemas é uma interpretação antropológica de Deus mais radical. “De qualquer forma, Deus não seria entendido como aquele que existe por si, como uma espécie que só seria compreensível sob esta palavra. Deus, então, significa muito mais o porquê de m inha inquietação.” 12u Braun, em seu livro Jesu s, 121 levou aaparição uma conclusão sua interpretação da de Jesus consistente e do NT. L.aGoppelt classifica oantropológica antropocentrismo de Braun, em sua tese e em seu livro, como “um seguir até o fim o caminho do historicismo, no qual se desiste da teologia do NT; ...em termos de história da pesquisa, ele marca o fim de uma ép oc a.” 122 Até mesmo n a visão do pó s-b ultm an nian o K ãsem ann “este tipo de misticismo [de Braun] significa falência, e dever-se-ia protestar, em nom e da honestidade in tele ctu al, qu ando o hum anism o é um a m oda que tom ou posse do cristianism o” .123 N enhum erudito pós-bultm anniana produziu, qualquer teologia do da NT.escola Isto não quer dizer que esteja morto até o agora, interesse neste assunto. J. M. Robinson voltou a ele num provocante ensaio,124 que foi discutido no capítulo anterior. Robinson pretende trab alh ar a “ nova herm enê utica” e suas pr essup osi ções na fil osofia da linguagem, e trocar a interpretação antropológica de Bultmann por um movimen to “p ara dentro da li nguage m, que pos sa ser interp reta

118 H. Braun, "Die Problematik einer Theologie des Neuen Testaments", Beihelit 2 (1961), p. 3-18, reimpresso em H. Braun, Gesammelte Studien zumZ T h K N euen T e sta m e n t u n d sein er U m w e lt (Tübingen, 1962), p. 325-341, e em PTNT, p. 405-424. Trad. ingl. "The Problems of a New Testament Theology”, Th e B ult m ann S c h o o l o f B ib lic a l In te rp re ta tio n s: N ew D ire tc tio n s? ed. R. W. Funk (New York, 1965), p. 169-183. 119 Braun, "T he Problem of a N T T he olog y” , p. 169. 120 P. 182 e ss. 12 1 H. B ra u n, Jesu s. D e r M a nn a u s N a za re th u n d sein e Z e it (Stuttgart Berlim, 1969). 122 L. Goppelt, Theol ogi e des Neue n Te stam en ts, ed. J . R oloff (G õtting en , 1975), 1 , p. 38. Ver também sua opinião sobre o livro de Braun, J esu s, em ThLZ 95 (1970), p. 744-747.

12 3 K ãseman n, “T he Proble m of a New Testam ent Theo logy", p. 2 41. 12 4 Ver o Ca pítulo 1, nota de rodapé n .° 3.

74

do nos termos das alternativas no mundo moderno, ampliando-as ‘teologicamente’, ‘ontologicamente’, ‘cosmologicamente’, ‘polilkam ente’, e tc ,.. ” 125 Robinson que r p erm an ece r com a correlação cn liv “reconstrução” e “interpretação” ou, como ele o chama, “o histórico e o no rm ativo ” . 126 Algum as teses de E. K ãse m an n volt am-se tota l mente contra Robinson. Ele (Kãsemann) não fala do duplo aspecto da “reconstrução” e da "interpretação” dentro da tradição bultmanniana. Explica, porém, que “a teologia do Novo Testamento é..., ne cessa riam ente, um a disciplina hi stó ric a. ..” 127 “ No qu e se refere ao método, os diferentes aspectos e perspectivas da escatologia fornecem as diretrizes para a teologia do Novo Testamento. Quanto ao conteú do, eles oferec em o pan o de f und o pa ra seu s tem as princ ipais em seus suce ssivos estágios de desen volvim ento.” 128 K ãsem ann não e nt ra em detalhes a respeito da elaboração real de uma teologia do Novo Testamento. N orm an Perrin movia-se cada vez mais em direção ao te rreno pós-bultm annia no e p ara longe de seu professor J. Jerem ias.119 Perrin critica Bultmann, por não elaborar nenhuma teologia do Novo Testamento, mas apenas uma teologia de Paulo e de João. “Simples mente não é verdade que tudo antes de Paulo e João seja uma preparação p ara eles, e que tu do depois deles seja um a apostasia de suas rea liz aç õe s.” 1-10 Pe rrin, co ntu do , fin alm en te conc ord a com Bultmann (e com Conzelmann) que Jesus é “a pressuposição do Novo Te stam ento” . ' 11 A pre ocupação dc um a te ologi a do NT é, por tanto, não o Jesus histórico, isto é, a “mensagem memorial de Jes us ” , mas a “ im age m de fé de Je su s” 132 pó s-r es su rre içã o, isto é, o Cristo histórico. Isto quer dizer que Perrin não pode se guir Jeremias, Kümmel, Goppelt, Neill e outros que iniciam sua exposição da teologia do NT com o Jesus histórico. Nem segue o 12 5 126 12 7 128 129

Robinson, “ The Futur e of N T Theology ", p. 22. P. 20. Kãsem ann, “Th e Probl em of a NT Th eology” , p. 242 . P. 244. Isto está evidente em suas recentes publicações; observar especialmente o seu R ed isco verin g lh e Teachin g o f Jesus (2.a ed.; New York, 1976) ; N. Perr in, The New Testament' An Intr oducti on (New York, 1974); idem, A M o d e m P ilg rim a ge in N ew T esta m e n t C hris tology (New York, 1974); idem, Jesus a n d th e Language o f th e K in g d o m (New York, 1976). 130 N. Perrin, "Jesus and the Theology of the New Testament", discurso não publica do. lido na Catholic Biblical Association (Denver, Colo., 18-21 de agosto de 1975) p. 6. 131 Perrin, The NT: A n Introduction, p. 5 e 277-302 , 132 Perrin, R edisco verin g th e Teachin g o f J esu s, p. 243-248. Independentemente de Perrin, o americano Van A. Harvey desenvolveu, em seu livro The Historian and p. 265-281, a desi gnação “ imagem perspecti va” , th e B eliever (New York, 1966),

que é igual à “ ima gem da fé” de Perrin, um a des igna ção para o Cristo históri co.

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“ m étodo herm enê utico i m perfe ito” 113 de dem itização de B ultm ann . O que Bultmann designava como mitologia apocalíptica judaica é o simboli smo apocalípt ico judaico . P errin segu e aqu i, p articu larm en te, as teo ria s do sí mbo lo 13* de P aul Ric oeur135 e d e P. W heelw right.136 Segundo Perrin, uma genuína teologia do NT pós-bultmanniana baseia-se na obra filosófica sobre a natureza e fu nção dos signos e dos símbo los. Pcomo errin um já assinalara entend através e “ rei no D eus” , nos lábios de Jesus, símbolo queque funciona dade evocação de um mito, o mito do Deus ativo dentro da história de todo o seu povo em seu nom e.137 A tese de Perrin é que “ a teologia do Novo Testamento pode ser concebida enquanto seguimos a função do Jesus-personagem, Jesus-matéria, Jesus-história dentro dos diferentes sist emas teológ ico s r ep rese ntad os pelos escrit os apoca lípticos cristãos prim itivos e pelos Evangelhos Sinópticos e A to s” . 138 Perrin acha que “uma pesquisa semelhante dos sistemas teológicos representados por Paulo, emergente” de pode ser que é fe ita .139João O fae toda r uliteratura nif ica nte do“ écatolicismo a figura simbólica Jesus, constante em todos os sistemas teológicos desenvolvidos no Novo Te stam ento” . 140 A lcançaria Pe rrin um a “ interp reta çã o” rad icalm en te diferente daquela de Bultmann? Ele mesmo previu que provavel mente também chegaria a uma posição próxima à de Bultmann, no que diz respeito à interpretação da mensagem de Jesus no século XX, mas, “baseando-se numa compreensão e interpretação do uso feito por Jesus da ‘linguagem sim bólica’, e não n um a herm enêutica de de m itizaç ão ...”então 141 SePerrin B ultmconstruiu ann co nstruiu sua her mna en decifraêutica na de m i tização do mito, sua hermenêutica ção do símbolo. Se a teologia do NT de Bultmann deve ter como característica a demitização do mito, então espera-se que a teologia do NT pós-bultm ann iana proposta por Perri n se em penhe na deci fração do símbolo. Se o uso da filosofia da linguagem na teologia do NT tornar-se-á ou não um campo de batalha como a filosofia existencia lista, ainda não se sabe.

133 Perrin, “Jesus and the Th eology of the N T ” , p. 14. 134 N. Perrin, “Eschatology and Hermeneutics: Reilections on Method in the Interpretat ion of the New Testam ent", JB L 93 (1974), p. 3-14. 135 P. Ricoeur, The Sy mbali sm o f Evii (Bo ston, 1960) ; ver agora “ Paul R icoeur on Bibli cal Herm eneutics", Semeia 4 (197 5), p. 1-148. 136 P. W heelwright, M e ta p h o r u n d R e a lity (Bloomington, 1962). 137 Isto é esclarecido em detalhe por Perrin, em seu recente trabalho Jesu s a n d th e L an guage o f th e K in g d o m . 13 8 Perrin, "Jesus and the T heo logy of the NT ", p . 26. 139 P. 26.

140 P. 15. 141 P. 14.

76

2. H ans C onzelm ann. Conzelmann é o único discípulo dc Hullmann que publicou uma teologia do NT; sua obra tem por tílulo Grundriss der Theologie des Neuen Testaments e foi publicada cm 1967 .142 De fato, esta é a pr im eira teologia p ro te st an te do NT a aparecer na Alemanha desde a publicação dã teologia do NT do próprio B ultm ann. E m bora geralm ente se concorde que em conteú do ele não faça nenhum progresso significativo para além de B u ltm an n ,143 há algu m as m ud anç as d istintas n a m etodologia que já se tornam aparentes, pelo menos até certo ponto, na estrutura de sua obra. A "In tro d u ç ã o "144 tra ta do pro blem a de um a teol ogia do No vo Testamento do ambiente grego e judaico. Segue-se a Parte I, intitu lada “O Querigma da Comunidade Primitiva e da Comunidade G reg a” 145 e a P a rt e II, "O Q uerigm a S in óp tico ".146 C onzelm ann trata da “ Teologia de Pa ulo ” na Pa rte I I I ,147 m as, ao co ntrá rio de B ultm ann , a P ar te IV tra ta do “ Desenvolvi mento Após P aulo ” ,148 e entã o segu e-se a teolog ia de Jo ão .149 A estru tura da teo logi a do NT de Conzel mann, qu and o co m parada à de Bultmann — da qual ele diz que “permanecerá o fundamento ainda por muito tempo, e o esboço aqui apresentado traz sua dívida para com ele em inúm eras p a rte s " '50 — revela três grandes m odifica ções, que têm um significado metodológico distinto: (1) “A mensa gem de Jesus", que é, para Bultmann, a “pressuposição para a teologia do Novo Testamento, em vez de uma parte da teologia do Novo T estam ento em si” , 151 é to ta lm ente om itid a por Conzelm ann. Ele insiste “que o ‘Jesus histórico' não é um tema da teologia do Novo 142 H. Conzelmann, (Munique, Grundriss der Theologie des Neuen Testaments 1967). Trad. ingl. da 2.a ed. de 1963 A n O u tli n e o f th e T h eology o f th e N ew Testament (New York, 1969). 14 3 Ver as reações de W. G . K üm m el, “D ie E xegetische Erforschung des NT in dies em Jahrhundert", D a s N eu e T e s ta m e n t im 20. Jah rh u n d ert (Stuttgarl, 1970), p. 123 e s.; G. F. Hasel, “Review of H. Conzelmann, Grun dris s der Theologi e des N T ”, A U S S 8 (1970), p. 86-89; P. Stuhlmacher, “Neues vom Neuen Testament", P asto ra lt h eo log ie 58 (1969), p. 424 e s.; H. Küng, M en sch w erd u n g G o tle s (Freiburg, 1970), p. 588; E. Güttgemanns, "Literatur zur neutestamentlichen Theologie", Verkündigung und Forschung 15 (1970), p. 47-50; M. Bouttier, “Théologie et E lu d e s T h éo logiqu es et R elig ieu ses 45 (1970). p. 188-194, Philosophie du NT", esp. p. 189 e s.; W. J. Harrington, “New Testament Theology. Two Recent Approaches", B T B 1 (1970), p. 173-184; Merk, B ib li sch e T h eologie, p. 258 e s.; Kásemann, “The Problem of a NT Theology", p. 241; Robinson, “The Future of NT T heology", p. 19 e s . 144 Conzelmann, A n O u tlin e o f N T T h eolog y, p. 1-25, 145 P. 29-93. 146 P. 97-152. 147 P. 155-286. 148 P. 289-317. 14 9 P. 321 -358.

150 P.Bultmann, xv. 151

The ol ogy o f the N T

, I , p. 3.

77

Testamento", no que concorda com Bultmann, mas discorda dele em não considerá-lo uma pressuposição da teologia do NT. Ele o faz em função da “consciência metodológica e como resultado da base exegéti ca de minh a ab or da ge m ” .152 “ O p rob lem a bási co d a teol ogia do Novo Testamento não é como o proclamador, Jesus de Nazaré, tornou-se o Messias anunciado, o Filho de Deus, o Senhor? É, pelo contrário: Por que é que a fé manteve a identidade daquele que foi exaltado com Jesus de Nazaré depois das aparições da ressurrei çã o? ” 153 (2) Co nze lm ann reserva a seqüên cia de d ua s últim as par tes conforme comparadas com a obra de Bultmann. Supõe-se várias razões para isso: (a) Evitar o julgamento ético de que o movimento rumo à igreja primitiva era um retrocesso; (b) a associação especial de literatura paulina; e (c) o fato de que as eras “apostólica” e “pós-apostólica” não são tanto uma pressuposição quanto um ingre diente da teologia ” .164 Isto qu er dizer que C on zelm ann pr ocu ra ser consistente em sua exposição da teologia do NT ao eliminar ou reclassificar as pressuposições da teologia do NT. Se ele luta pela coerência, então que base lógica tem a sua primeira parte, que reconstrói o querigma das comunidades judaicas e grega? (3) Con zelmann avança mais notavelmente além de Bultmann em sua inclusão do conteúdo dos Evangelhos Sinópticos como parte do conceito de teologia do NT. Este é o resultado direto dos estudos críticos da red aç ão feitos na p es qu isa do E va ngelh o,155 de que o próprio Conzelm ann foi o pioneiro.156 Infelizm ente, “ seu ceticismo histórico quase n ega o re su lta do ” .157 Ao lado destas mudanças refletidas pela estrutura ou plano da teologia do NT de Conzelmann há as questões-chaves adicionais, que levam diretamente à metodologia na teologia do NT. Conzelmann faz, até ce rto po nto , o qu e Sch lier dizia ser ne ce ssá rio ser f eito ,158 isto é, ele procura, com base no método da Traditionsgeschichte (história da tradição), reconstruir “os textos srcinais da fé, as mais antigas formulações da d o utr ina ” . 159 Ao contrário da abo rdag em de 152 153 154 155 156 157 158 159

Conzelmann, A n O u tli n e o / N T Th eology, p. xvii. P. xviii. P. xvi. Ver especialmente J. Rohde, D ie red a k ti o n sg esch ich tU ch e M e th o d e (Hamburgo, 1966). Trad. ingl. R ed isc o v erin g th e T each in g o f lh e E van g elis ts (Filadélfia, 1969); N. Perrin, W hat is Redacrion C riii cism? (Londres, 1960). Ver H. Conzelmann, D ie M itte d e r Z e it (Tübingen, 1953). Trad. ingl. The Theo lo gy o f St. Luk e (Londres, 1960). Harrington, "New Testam ent Th eology” , p. 183. Schlie r, “A Th eology oi t he N T ” , p. 99-101. Conzelmann, A n O u tlin e o f N T T h eo log y, p. xv. Ver também H. Conzelmann, Theologie ais Sehriftauslegung. Aufsátze zum NT (M un iqu e, 197 4), p. 1Oõ-119,

131-151.

78

Schlier, Conzelmann supõe uma doutrina cristã primitiva e se recusa a fazer qualquer concxão entre ela e os Sinópticos. Isto lhe dá a possib ilidade de retornar à posição de B ultm ann, “ isto é, de conside rar as fórmulas confessionais a objetivação da autocomprcensão cristã, que no processo subseqüente da interpretação é parcialmente elucidado, parcialmente mais uniformizado e parcialmente distorci do’’.160 De várias partes são lançadas objeções à reconstrução de uma doutrina cristã primitiva. E. Güttgemanns fala da reconstrução da doutrina como uma “empresa perigosa, que é muito arriscada diante da natureza fragmentária da literatura do cristianismo primitivo e da pobrem ente docum entada his tória do cristianism o primitivo, que se esconde nas trevas da história antiga (F. Overbeck), especialmente quando esta reconstrução é transformada na fundação da unidade dos kerygmuta " , 161 Kãse m ann enu ncia u m a restrição sem elhante: “Em minha opinião, uma doutrina cristã primitiva já está excluída pela varie dade de doutrin as existentes. Até o perío do pós-paulino, até mesmo nele, um tanto raramente, não podemos verdadeiramente dizer que os autores do Novo Testamento vêem sua tarefa com o esclarecim ento da co nfiss ão.” 162 A que stão em jogo é se as do utrin as confessionais são consideradas objetivaçòes da autocompreensão da fé ou se a cristologia substitui a autocompreensão da fé enquanto ponto focal. Schlier procura um a base mais am pla ao in clu ir os Sinópticos na tradição definitiva e pensa em fazê-lo anteriormente à procla m ação da encarnação, paix ão e ressurreição.163 Nas linhas anteri ores observa mos como Conzelmann conse gue re torn ar à posi ção de Bultmann, apesar de seu ponto de partida diferente. No todo, perm anece verdadeiro ta m bém p a ra Conzelm ann que a teologia não fala objetivamente a respeito de Deus e do mundo; a teologia é antropologia. A fé revela um novo auto-entendimento. Harrington declara: “Tudo isto é Heidegger, através de Bultmann; não é nem Paulo, n em J oão — nem Je su s.” 164 Em qu alq ue r caso, Co nzelma nn com partilha da interpretação exi stencial ist a de B ultmann . Mas estará ele tão excessivamente orientado para a interpretação coino Bultmann? Conzelmann reve la um a m uda nça na correl ação entre reconstrução e interpretação, isto é, o histórico, em vez do normativo. Contra a época de. B ultmann , na qual havia um a necessidade de um a fort e ênfase sobre a “interpretação do sentido do que foi dito e da 16 0 161 162 163 164

K ãseman n. “T he Prob le m o f a NT Theology", p. 24 1. G üttgem anns, "Lite rat ur zur ne uteitam entlich enT heo logie" , p. 49. Kliseman n, “Th e Problem of a NT Theology ", p. 241. Schlier. "A T he olo gy of the NT ", p. 101 e s. Harrington, The Paih o f Bibli ca! Theology. p. 197; idem, “New Testament Theo logy", p. 184.

79

mensagem dos textos” , Co nzelm ann sente que “ as perspect ivas m u d a ra m ".165 Hoje há “ um a nova tend ên cia rum o ao pos itivismo histórico e ao relativismo. A tendência ascendente em que a erudição bíb lica se deleitou durante décadas m ostrou-se um tanto escapista — para dentro do histó ric o” . 166 C onzelm ann p rocura conte r esta tendên cia rumo ao positivismo histórico e relativismo através de uma tática que se opunha a Bultmann, que enfatiza a “interpretação", isto é, o que a reconstrução significa para o homem moderno conforme traduzida através do meio filosófico do existencialismo. Conzelmann acentua “a reconstrução histórica, isto é, a apresentação do universo de pensamento do Novo Testamento segundo o condicionamento de sua ép oc a” .167 E sta g uin ad a em d ireção ao h istórico é significat iva para Conzelm ann, que perm anece totalm ente com prom etido com a correlação bu ltm an nia na da “ recon strução” e da “in terp reta çã o” . 168 Conzelmann parece ter o apoio de Kãsemann, que considera a teolo gia do NT “ um a d isciplina histó rica” .169 E stas m ud an ça s no terren o bultm anniano revelam que a teologia do NT se encontra em um a con dição de fluxo mesmo entre aqueles que são conhecidos por serem a favo r da abord agem exist encial ist a. Não se deve passar por alto que as abordagens existencialistas, tanto de Bultmann como de Conzelmann, fracassam na representa ção das perspectivas do NT como um todo. A abordagem existencia lista só pode tratar das partes do NT que são acessíveis à interpreta ção existencialista. As partes do NT que não se prestam a esta abordagem estão sofrendo uma “crítica de conteúdo” ou são todas deixadas fora de questão. As abordagens existencialistas de Bultmann e de Conzelmann parecem considerar documentos como Hebreus, I e II Pedro, Tiago, Judas e Apocalipse como enteados, que não merecem atenção. Isto levanta outras questões a respeito da adequação da abordagem existencialista. C. A Abordagem Histór ica 1.

Werner G. Kümmel.

Não poderia haver nada mais profunda

mente diferente da tese de Conzelmann — “O problema básico da teologia do Novo Testamento não é como o proclamador, Jesus de N azaré, to rnou-se o M essias anunciado, o Filho de Deus, O Se nh or ” 170 — do qu e a teologi a de K üm m el, pu blic ad a dois ano s mais 165 166 167 168 169

Conzelmann, A n O u tlin e u f N T T h eo lo g y, p. xiii (o grifo é dele). I b id . P. xiv. Robinson, "T he Fulure of NT Theology", p. 19. K ãseman n, “T he Prob lem of a NT Theology", p. 2 42.

170 Conzelmann,

80

A n O u tlin e o f N T T h eo lo gy , p. xviii.

tard e (196 9).171 Kü mmel não p erten ce à escola de B ultm an n; pelo contrário, ele representa a corrente histórico-moderna da pesquisa c procura fazer precisam ente o que Conzelm ann acredita va não ser o proble m a básico da teologia do NT. Kümmel estabelece sua tarefa com palavras concisas: “Tentarei manifestar a pregação de Jesus, a teologia de Paulo à luz da comuni dade primitiva, e a mensagem de Cristo no Evangelho de João, em suas características essenciais, e, com base nesta apresentação, ind ag ar sobre a unidade ex posta n estas formas de pro cla m aç ão .” 172 A es tru tu ra de seu l ivro reflet e su a inc um bên cia.*73 O C ap ítulo I tra ta da “Proclamação de Jesus Segundo os Três Primeiros Evange lhos” ,174 em que a m ensag em de Jesus é co nsc ientem ente coloca da no início da teologia do NT, a fim de mostrar como o Proclamador se tornou o Anunciado. O Capítulo II volta-se para “A Fé da Comuni dade C ristã P rim itiv a" ,175 que vê as coisas sob nova luz, po r ca us a do event o da ressu rreição . “ A Teo logia d e Pau lo” , no Ca pítulo I I I ,176 coloca-se na transição da comunidade apostólica palestina para a poste rio r com unid ade cris tã gentia. Paulo é “ o prim eiro teólogo do cristianismo ge ntio” , ma s en tre e le e a pessoa e pregaç ão do Je sus terreno há não apenas um relacionamento histórico, mas também su bst an ci al .177 Küm mel dif ere r adicalm ente em su a resposta à questão de “P aulo e Jes us ” ,178 em qu e B u ltm ann 179 (e Con zelm ann ) vê um hia to, ju n to com W, W red e.180 K üm m el sus tenta que Paulo é um a testem un ha e intérprete idôneo de Jesus. Isto não quer dizer, naturalmente, que 171 W. G. Kümmel, D ie T h eolo gie des N euen T e sta m en ts nach sein en H a u p tzeu g e n : J esu s-P aulu s-Joh annes (Gõttingen, 1969; 2.a ed., 1972). Trad. ingl. The Theology o f th e N ew T e sta m e n t A cc o rd in g to its M a jor W itn esses: Jesus-P aui- John (Nash ville, 1973). 172 Kümmel, Theo lo gy o f the N T , p. 18 . 173 Ver as reações de M. Hengel, “Theorie und Praxis im Neuen Testament?” E van gelisch e K o m m e n ta re 3 (1970), p. 744 e 745, esp. p. 744; Güttgemanns, “Luteratur zur neutestamentlichen Theologie'', p. 44-46: Küng, M en sch w erd u n g Gotles, p. 588 e 591; Merk, B ib li sch e T h eolo gie, p. 259-261; Lohse, Grundriss d er n e u te sta m e n tlic h e T h eo log ie, p. 12. 174 Kümmel, Th eo log y ofth eN T , p. 22-95. 1 7 5 P .96-13 6. 176 P. 137-254. 177 P. 244-254. 178 Ver H. Riderbos, P au l a n d Jesus (Grand Rapids, Mich., 1957); E. E. Ellis, P a u l a n d I lis R ec e n t In te rp re ters (Grand Rapids, Mich., 1961), p. 26-34; H. Ridderbos, P a u l A n O u tl in e o f H is Th eology (Grand Rapids, Mich., 1975), p. 13-43. Também A. Schweilzer, P a u l a n d H is In te rp re ters (New York, 1964), p. 24 4 c s. 179 R. Bu ltma nn, “Jesus and P au l’' , E x is ten ce a n d F a ith , p. 183-201. 180 W. Wredi', P uuhts (Tübingen, 1904) (reimpresso cm K. H. Rcngsloií e U. Luck,

D as P a u lu sb ild in d e r neueren de u ts ch en F orsch un g (Tübingen, 1964), p. 1 e ss.). Trad. ingl. P u u l (Londres, 1908).

81

não há diferenças entre eles, mas elas não são, em essência, apenas periféricas. Conclui-se que “Jesus e Paulo são testem unhas da mesma verdade histórica, mas Paulo só aponta para o passado e em direção ao futuro par a a salvação trazi da p or Jesus e esp era da de Jes us” .181 A teol ogia d os escrit os joan inos é abo rd ad a no cap ítulo IV, intitulado “A Mensagem Joanina do Cristo no Quarto Evangelho e nas Epísto las” .182 Os escrit os joa nin os ap re se nta m a ob ra e a preg ação de Jesus Cristo “deliberadamente e consistentemente a partir da perspectiva da fé da comunidade do último período do cristianismo primiti vo” .183 João “u ne rigo rosa m en te nã o só a pessoa de Jesus, más também a salvação forjada por Jesus e sua salvação como evento salvífico escato lóg ico” .184 No cap ítulo fina l, Küm mel inte rro ga a respeito da unidade da mensagem de Jesus, Paulo e João, sob o titulo de “Jesu s-Pau lo-João : O Ce ntro do Novo T es tam en to ” . 185 Kü mmel afirma que há uma evolução do pensamento e que não há uma continuidad e em linha reta em t odos o s aspe ctos do pensam ento, mas que os principais testemunhos do Novo Testamento proclamam daí uma mensagem comum, de que em Jesus Deus, o Senhor do mundo, chega até nós. Mas esta vinda de Deus só pode tornar-se uma realidade pessoal para nós se nos permitirmos ser arrebatados pelo am or de Deus, que veio a nós em Jesus Cristo, que nos tran s forma em novas pessoas, que deixa nossa luz resplandecer (sic) “ dian te do s home ns pa ra que v ejam as vos sas boa s o bras e glorifiquem a vosso Pa i, que está nos céu s” (M at. 5 :1 6 ),186 Küm mel nos o fere ce a prim eira teologia do NT dest e sécu lo, na qual a dem an da de A. D eis sm an n187 — e de mod o algo distinto, a de G . L. B au er188 — vem p ara a linha de fren te, a sab er, a q ues tão da u nida de do NT. E m bora Küm mel não cons iga responder à quest ão da uni dade do NT inteiro, porque sua teologia do NT se limita ao testemunho prin cip al de Jesus, Paulo e João, é seguido, neste proceder, por E. Lohse, que conclui seu Grundriss der neutestamentlichen Theolo gie (1974) também com um capítulo sobre “A Unidade do Novo T es tam en to” .189 181 Kümmel, The ol og y ofth e N T, p. 254. 182 P. 255 -321 . 183 P. 321. 184 íbid. 185 P. 322-333. 186 P. 333. 187 A. Deissmann, "Zur Methode der biblischen Theologie des Neuen Testaments”, P T N T , p. 79. 188 Merk, B ib lisch e T h eologie, p. 260.

189 Lohsc, Grundriss der neuiestamentlichen Theologie. p.

161-164.

Estará Kümmel comprometido com a correlação entre “reconslrução” e “interpretação” conforme a encontramos na abordagem existencialista da teologia do NT? Kümmel responde: “O interesse cient ifico na com preensão do Nov o Testam ento tem que, precisam en te, quando seguido no contexto da Igreja e a partir da pressuposição da fé, levar em conta o fato de que podemos também chegar a uma audiência crente da mensagem do Novo Testamento apenas de um modo: a saber, procurando tornar compreensíveis os pronunciamen tos dos antigos autores do Novo Testamento, exatamente conforme seus leitores e/ou ouvintes contemporâneos podem e têm que entendê -los ."150 E nq ua nto pa ra Bu ltman n e Co nzelman n a “ interp reta  ção'' está separada da reconstrução e a ser atingida por meio do existencialismo, Kümmel reúne a reconstrução e a interpretação de modo que a segunda é aliada da primeira, pois “muito depende de se quem se dedica a tal pesquisa o faz sem envolvimento e desapego consciente ou o faz internamente envolvido e por isso lhe dá ouvidos ab erta m en te” .191 Pare ce ev idente que Küm m el está ba sicam ente in teressado em oferecer uma reconstrução crítica moderada, que freqüentemente se aproxima das colocações de O, Cullmann e que aba nd on a totalme nte a interp reta çã o.192 2. Joachim Jeremias. O primeiro representante da corrente de pesquisa “ histórico-positiv a” é o erudito conhecido in te rnacionalm en te, da Universidade de Gõttingen, J. Jeremias. Ele se tornou um dos prim eiros críticos da te ntativ a de B ultm ann de fazer da teologia do NT um a “ teologia querigm ática” 193 e desenvolveu um “ anticriticismo histórico i ntens ivo” ,194 no qu al E. K ãse m an n no tou q ue a tendênci a an teri orm ente “ pietist a” tornara- se histori cam ente orienta da e que a anteriormente “puramente histórica” está engajada na teolo gia .195 A pesq uisa de Jerem ias p ro cu ra servir à verdad e h istóric a e pro tege r a Pa lav ra da e vap oraç ão do eeta .19*’ Ele já hav ia alcan çado reconhecimento internacional com seu trabalho sobre as parábolas e seus estudos sobre as palavras eucarísticas de Jesus e o embasamen

190 191 192 19 3

Kümmel, Theo lo gy o f the N T, p. 16. Ih id , Ver também Merk, B ib lis ch e T h eo lo g ie, p. 260 e s. Goppelt, The ol ogi e des N T , I, p. 44. J. S . Stewart oferece um a apreciação crítica em "The Christ of Fa ith” , The New Testament in Historical and Comemporary Perspective. Essays in Memory of G. H. C. Maegregor (Oxford, 1965), p. 261-280, 194 Goppelt, Theol ogy des N T , I, p. 43. 195 E. Kãsemann, E x eg etisch e V ersuche u n d B esin n u n gen (Gõttingen, 1964), II. p. 32-41. 196 J. Jeremias, "The Present Position in the Controversy Coneeming the Problem of the Historical Jesus". ET 59 (1958), p, 333 e ss.; idem, The Problem of the

H isto rica l Jesu s (Filadélfia, 1964).

83

to aramaico da logia de Jesus.197 Nisto tudo estava ele interessado na ipsissima vox Jesu (mesmíssima voz de Jesus),196 a fim de permitir ao homem de nosso tempo ouvir a voz de Jesus como os contemporâneos de Jesu s a ou vira m .199 U m a com pree nsão deste q ua dro no cenário da erudição contemporânea é vital para a apreciação e avaliação da magnun opus de Jerem ias. Em 1971 Jeremias publicou simultaneamente na Alemanha e na primeiro volume de ,100 suado qualNjá eutesta entlic Theologie JInglaterra Teil: Dieo Verkündigung J esu se temmdito quehe“pode se provar ser o mais im portante livro escrito a respeito do Novo T esta mento nos últimos cin qü en ta a no s” .201 Pode-se dizer sem he sitaç ão que nes te trab alho de Jeremias não há a correl ação entre reconstrução e interpretaçã o do t ipo conhecido de B ultma nn e s ua escola. A “ inte r pretação” é, quando m uito, a siste m atização da procla m ação de Jesus, ob tida por meio d a reconstru ção de suas pa lavr as, o que é feito com uma metodologia crítica.202 Isto quer dizer que, em essência, temos aquiãouma próxima da “teologia descritiva do NT” na tra diç de Sabordagem ten d ah l.203 O Capítulo I leva o título de “Até Onde É Confiável a Tradição das Declarações de Jesus?”20'’ Este capítulo ocupa-se do problema do Jesus histórico, o mesmo assunto considerado por Bultmann como a pressuposição da teologia do NT e que C onzelm ann decla rou não fazer, em absoluto, parte da teologia do NT. Jeremias está interessado em investigar "se nossas fontes são suficientes para nos capacitar a The Eu charisti c 197 J. Jeremias, The Parables of Jesus (3.a ed.; Londres, 1972); idem, W únl s o f Jes us (2.a ed.; Londres, 1966); idem, A h b a S tu d ien z u r n c u te s to m e n tlichen Theologie und Zeitgeschichte (Gõuíngen, 1966); idem, The Centrai Message o f th e N ew T e sta m e n t ( New York, 1965). 198 Jeremias escreve o seguinte, em The Parables o f Jesus , p. 9: “Espera-se que o leitor perceba que o objetivo da análise crítica contida na segunda parte deste livro nào é nada menos que um retorno, o mais fundamentado possível, às pró pri as pal avras de Jes us. Som ente o Filho do H om em e sua palavra pod em inv est ir nossa mensagem de autoridade total,” 199 Jeremias, The Parable s o f J esu s, p. 114: “Nossa fé é retornar à viva voz verdadeira de Jesus. Qu ão eno rm e será o l ucro, se obtivermos su cesso em redescobrir, aqui e

200 201 202 203 204

ali, por detrás dossozinho, véus, asdar características Filho do Homem! O simples fato de encontrá-lo pode, força à nossadopregação." J. Jeremias, N e u te sta m e n tlic h e T h eologie / , Tei l: Die Verkü ndigung J esu (Gütters loh, 1971; 2 .a ed ., 1 973). T rad. ingl. N ew T e sta m e n t Th eology: T h e P roclum ati on o f Jesus (New York, 1971 ). S. Neill, Jesus T h rou gh M a n y E yes. In tr o d u c tio n to th e T h eo log y o f th e N ew Testa m e n i (Filadélfia, 1976), p. 169. Harrington, P a th , p. 201, não alcança a i ntenção re al da m etodolog ia da N T T h eo logy de jeremias, em sua avaliação de que ele “é um corretivo terrivelmente neces sár io par a o ceticis m o da perspectiv a e xistencialista” . Siendahl, I D B , I,p.422. Jeremias, N T T h eology, p. 1-41. Deve-se observar que este título não está estrutu

rado n a forma de u m a pergunta no srci

84

nal alemão .

apresentar as idéias básicas da pregação de Jesus com algum grau dc probabilidade” ,20Ão que significa a reconstrução histó ric a da “ lindi ção pr é-P ás co a” .106 Isto deve ser alcan çad o por meio de (1) "m éto do comparat ivo ” ( “religionsvergleichende Methode"),w que cmpreg;i basicam ente o “ critério da desigualdade” , com base no qual “ unia declaração ou um tem a” pode ser t estado se prové m do “judaísm o ou da igreja pr im itiv a” ;208 e (2) o “ exa me d a linguagem e do estilo" ("sprachlich-stilistiche Tatbestünde").109 Estesuma doisreconstru métodos produ zem resultados moderadamente corretos e permitem ção da ipsissima voxJesu.2'0 No que diz respeito aos Sinópticos, “é a inautenticidade, e não a autenticidade das declarações de Jesus, que deve ser demonstrada'’.211 O Ca pítulo II tr at a da “ M issão de Jes us” ,212 com os sub títulos de “Jesus e João Batista”, “O Convite de Jesus”, “Passando Adiante a Revelação”, “Aba Como um Endereçamento a Deus” e “Sim à M issão” . Em ca da ca so ele segue o m étodo d e inves tigar as fontes, o conteúdo, o significado ou sentido respectivo item. Este padrão não é seguido nos Capítulos III e IV,doque tratam da proclamação de Jesus, com os títulos “A Aurora da Era da Salvação”213 e “O Período da Graça”,214 respectivamente. Jeremias concluí; “O tema central da procla m ação pública de Jesus era o majesto so rein o de D eus.” 215 O Capítulo V descreve o apelo pessoal da mensagem de Jesus, que leva à form açã o do “ Novo Pov o de D eu s” 216 como com un idad e remanescente da fé, que adora a Deus sem cessar. Jeremias demons tra sua metodologi a no Capít ulo VI, “ O T estem unho de Jesus Jun to à Sua M issã título alem ãoque é mais preenciso: Das“ oHoheitsbewusst sei no”Je,217 su "cujo , no qu al mostra-se Jes us tendia‘ ser po rta  dor da salvação”.218 Jeremias argumenta que o uso enfático da pala vra ego não tem paralelo no mundo de Jesus, e, portanto, sustenta uma cristologia implícita.219 “Filho do homem c o único 205 P. l. 206 P. 3. 207 P. 2. id . 208 209 P.I b3. 210 P. 29-37 . Ver t am bém J , Jere m ias, p. 108-115. 211 Jeremias. N T T h eologv, p. 37. 212 P. 42-75. 213 P. 76-121. 214 P. 122-158. 215 P. 96. 216 P. 159-249. 217 P. 250-299. 218 P. 250-257.

The P rayer o f Jes us (SBT 2/6; Londres, 1967),

219 P. 254 e s.

H5

título aplicado por Jesus a si mesmo, cuja autenticidade deve ser levada a serio."220 Ele remonta a Daniel 7:13. Jeremias argumenta, contra a conclusão de seus próprios alunos, que o título tem srcem na mitologia de Canaã, assinalando que “diante do enorme lapso de tempo entre os textos de Kas Shamra e o livro de Daniel, isto é quase impossível”.22' A compreensão dc Jesus de sua paixão é reconstruída. “Jesus viu sofrimento iminente claramente e o anunciou antecipada mente... Jesus havia considerado a questão da necessidade de sua morte e encontrado a resposta nas Escrituras, basicamente em Isaías 53, o capítulo sobre o servo sofredor, mas também em outras passagens, tais como Z acaria s 13:7".222 As alusões mais im porta nte s ao sofrime nto de Jesus são as palavr as eu ca rístic as .223 No capítulo fin al, "A Mais A ntiga Tradiç ão e a M ais A ntiga Inter pretação” ,224 Jerem ia s vai além da procla m ação de Jesus em sua tentativa de relaciona r a proc lam ação de Jesus com a Pásco a, a saber, a ressurreição. A segunda edição alemã contém um acréscimo pequeno, porém significativo, no qual Jeremias revela o que entende por rela cio nam ento entre a procla m ação de Jesus e teste m unho da Tgreja: Ambas as coisas, a proclamação de Jesus e o testemunho da fé da igreja, as mensagens pré-Páscoa e pós-Páscoa, estão indissoluvelmente ligadas... relacionam-se entre si como convite ao responsório. A oferta graciosa da salvação — na forma das palavras e obras de Jesus, sua morte na cruz e sua exaltação — é o convite de Deus ao mundo; o testemunho — emlínguas multiplicidade tanto formal como material, o coro da de Igreja incontáveis que cantam louvores a seu nome e que o confessam perante o mundo — é o respo nsório lavrad o pelo Esp írito S an to p ara o co nv ite.225 As últi ma s frase s resumem , nu m a linguagem soberba, o intento de Jerem ias: “ O convi te e stá acim a da re spos ta, pois Jesu s é o Kyrios, e o Kyrios está acima dc seus mensageiros. O Kyrios acima é o início e o fim, o cen tro e a m edid a de tod a a teologia c ri stã ." 226 A primeira parteo da Teologia do NTUma de Jeremias reúne magistral mente tudo o que tornou conhecido. crítica recente resumiu-o dizendo: “Poucos eruditos do NT poderiam haver escrito este li

220 221 222 223 224 225

P. 258. P .2 6 8 ,n .u 1. P, 286. P. 288-292 . P. 300 311. Jeremias, N e u te sta m en tlic h e T h e o lo g ie , I, p. 295.

226 I b id . 86

vro.”227 Jeremias aparece novamente como um crítico conservador, que insiste que há uma conexão entre todos os temas importantes do NT e a procla m ação de Jesus. A igreja pós-Páscoa respondeu ao convite de Jesus, mas não se engajou no tipo de criatividade atribuída a ela por aqueles que não vêem, ou virtualmente não vêem, nenhuma conexão entre o querigm a da Igreja e o Jesus hi stór ico, O. W erk assi nala que n a obra dc Jerem ias a diferença entre os evangeli stas recu a à sua formação a favorto,daJerem reconstrução e daG.mensagem Jesus. Neste aspec ias se apdaroxforma im a de L, B auer.de228 Aind a não se sabe até onde o segundo volume da teologia de NT de Jeremias tra ta d a teologia dos evangelist as. Nos ter mos do método com parativo empregado por ele, L. Goppelt, que tenta mostrar os elos entre o Jesus histórico e a proclamação da Igreja, lamenta que o princípio da analogia a respeito do ambiente judaico transforme Jesus num fenômeno pu ram en te ju d e u .229 “ O crit ério de desigu aldad e” , que Jeremias adota de N. Perrin para a demonstração da autenticidade, tem problemas.230 questão metodológica primá ria é seus a quepróprios diz respeito ao silêncioAexasperante por parte demais Jeremias na questão da justi ficação, por apre sen tar a proclam ação de J esu s como parte da teologia do NT. Diante da situação do debate sobre esta questão metodológica (Bultmann, Conzelmann, Perrin) não se sabe por que Jeremias não usou nenhuma palavra que sugerisse uma ju stific ativa p a ra seu procedim ento metodológico ou que indicasse que o faria no volume seguinte. Será evidente que a proclamação de Jesus constitui a fundação e a base da teologia do NT? D. A A bordagem da H ist ória d a Sal vaç ão (“ Heilsgesehicht e” ) 1. Oscar Cu llm ann. O conheci do professor em érit o da U niversi da de da Basiléia e da Sorbonne, em Paris, O. Cullmann, não escreveu nenhum livro com o título de Teologia do NT,23' Ele deve ser incluído 227 C. E. Ca rlston, “ Review of J. Jerem ias, N ew T e sta m e n t T heology: T h e P raclam ation o f Jesu s". JBL 91 (1972), p. 260-262, esp. p. 261. 228 Merk, B ib li sch e T h eologie, p. 262. 229 Goppelt, Theologi e des NT , í, p. 44. 230 H. K oeste r, '‘ The Histori cal Je sus : Som m e Do m m ents and Thoug hts o n N om ian Perrin's R e d is c o w rin g th e T eaeh in g o f J esus" , C h risto logy a n d a M o d e m Pilg rim a g e . ed. H. D. Betz(Filadélfia, 1971), p. 123-136. 231 K. Frõhlich, "Die Mitte des Neuen Testaments. Oscar Cullmanns Beitrag zur Theologie der Gegenwart", Oikonom iu: Heils geschichte ais Thema der The ol ogi e. F estsch rif t fü r O. C ullm an n (Stuttgart, 1967), p. 203-219, esp. p. 213, assinalou que outros eruditos dão o título de “Teologia do Novo Testamento” ao tipo de livro que Cullmann publicou com o título de D ie C hristo logy des N euen T e s ta m en ts (Tübingen, 1957). Trad. ingl. The Christol ogy o f the New Testament

(2.a ed.; Filadélfia. 1967).

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na discussão da metodologia na disciplina da teologia do NT, porque é o prim eiro re pr es en tan te da ab or da ge m h istórico-salvífica2 32 do N T neste século. A introdução à "história da salvação" do NT dç Cullmann foi publicada em 1946, sob o título Cristus und die Zeit,233 seguido pelo profundo estudo H eil ais G eschichte , publicado pela prim eira vez em 1965.1,4 Esta s obras cria ram um debate acalorado.235 Em seu pri meiro est udo, Cu llm ann tentou tr aç ar um esboç o bá sico hi stóri a da salção vação do sti NTanismo atravésprimiti de um vo,a recon do t empo edasua interpreta no cri como strução um a época plena de tensão entre o “já ” e o “ ainda nã o” . Crist o é o “cen tro do tem po ” ou o “ po nto ce ntr al” do tem po ,236 o que dev e ser enten did o como um a concepção linear do tempo. Não é, contudo, “uma linha reta, mas uma linha flutuante , que pode m os trar u m a am pla v ariaç ão” .237 Deve-se entender claramente que a abordagem histórico-salvífica de Cullmann não de ve ser i gua lada nem com as anteri ores, que também tinham este nom e, dos erud itos dos sécul os XV II ao XIX, nem com as que usa m o term o “ no m au se ntido de ‘positivo’, ‘san to’, ‘b ea to ’ ou ‘não-crítico’”.238 Para Cullmann, a abordagem da história da salva ção significa um£ “luta por nada mais que a resposta à velha pergunta: ‘O que é o cris tia nis m o?’ ” .239 232 Este escritor prefere a tradução “história da salvação” para H eils gesch ich te e “históricosalvííi ca" par a h eilsg e sc h ic h llich , ein ve z de "história redent ora", a f im de evi tar a im pressã o de qne a H istória em si tem o poder redentor. 233 O. Cullmann, Ch ris tus und die Zei t. D ie urchrist li che Ze it un d G eschicht sauffassu n g (Zurique, 1946; 3.a ed., 1962). Trad. ingl. Christ an d T ime (Londres, 1951; 2.a cd., 1962). 234 O. Cullmann, Hei! ais G esch ic h te: H e ih g e s ck lc k tllc h e E x is te m im N eu en T estam e n i (Tübingen, 1965: 2.a ed., 1967). Trad. ingl. Salvation in H istory (New York , 1967). 235 Ver especialmente a reação do próprio Cullmann a críticos como Bultmann, E. Fuchs, F. Buri, J. Komer, H. Conzelmann, K. G. Steck e J. Barr, em Christ a n d T im e (2.a ed.), p. xv-xxxi. Entre os mais importantes tratamentos recentes das perspectivas de Cullmann estão: Stcndahl, ID E , 1, p. 42Ü e s.; Frõhlich, “Die Mitte des NT", p. 203-219; D. Braun, "Heil ais Geschichte", E vT h 27 (1967), p. 57-76; Kraus, B ib lisch e T h eo log ie, p. 185-188; Bouttier, “Theologie et Philosophie d u N T ” , p. 188 e s .; E. G üttgem ann s, ‘‘Liter atur zur neutestam entlichen Verkündigung FTheologie. orschungRandglossen 1 2(1 96 7), zu p. ausgewâhlten 38-87 , e sp. Neuerscheinungen”, 44- 49; Harrington, "New Testam ent Tund he o logy” , p. 184-189; i dem , P u th , p. 197-201; G. Klein, “Bibel und Heilsgeschichte. Die Fragwürdigkeit einer Idce", Z N W 62 (1971), p. 1-47; J. T. Clemons, “Critics and Criticism of Salvation History”, R elig io n in L ife 41 (1972), p. 89-100; G. E. Ladd, “The Search Perspective”, I n te rp r e ta tio n 25 (1971), p. 41-62; K. Schubert, "GeschichteundHeilsgeschichte ”,Keiros 15 (1973), p. 89-101; I. G. Nicol, “Event and Interpretation. O. Cullmann’s conception of Salvation History”, Theology 77 (1974), p. 14-21. 236 Cullmann, Chri st and Tim e, p. 121-174. 237 Cullmann, Salvation in History, p. 15 ( o grifo é dele). 23 8 P .11 .

23 9 P .19 .

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É no sso propósito organizar um a peq uen a pesquisa do conteúdo da magnum opus de Cullmann, H eil ais G eschichte, antes que questio nemos como ele entende o funcionamento da história da salvação. A Pa rte I contém os “ Prolegôm enos” .240 Faz u m a pe squ isa a respeit o do gnosticismo do século II, escatologia no século XX, hermenêutica, no que se relaciona à história da salvação, e fornece uma definição de história da salvação. A Parte II leva o título ‘‘Gênese da Abordagem da História da .2"1 Seu conteúd ta do eve interpretação, da Salva fé dasção” testemunhas bíblicas, odotraconstante e nto a e da contingência, e da consolidação dos excertos histórico-salvíficos no NT. As "C aracterís tic as Fenom enoló gicas” 242 são tra tad as na Parte III, com ênfase sobre História e mito, história da salvação e História, e a tensão entre o “j á ” e o “ ain da n ão ” , Na Pa rte V, chegamos ao âmago do livro, em seu tratamento histórico-salvífico dos “Tipos Principais do N ovo T esta m en to” ,143 a saber, os prim órd ios da história da salvação com Jesus,244 o seu período intermediário245 e o Evangelho de João a história salvação.247 V oferece “ Um Esb246 oçoe da TeologiadaSist em ática eFinalmente, a História da oParte Dogma: Históri a da Sa lvação e o Períod o Pó s-B íblico ” .248 Este es tu do revela de imediato que Cullmann procura a história da salvação como a estrutura fundamental dos testemunhos do NT e propõe um desafio à abordagem exist enciali sta da Teologi a do NT, conform e m anifestada por B ultm ann e seus seguidores. Dentro dos limites de nosso propósito, será impossível tratar adequadamente dos ricos e frutíferos estímulos oferecidos por Cullmann. taremos escl arec rapidam ente atureza para da hist óri a da salvaçãoTen conforme entendida porercic, antes de nosa nvoltarmos as questões metodológicas. Cullmann não entende a história da salvação “como uma história ao longo da História...; ela se revela na História e neste sen tido pe rtenc e a ela ” .249 O aspe cto in teg ral da história da salvação bíblica é que certos eventos “historicamente controláveis” estão “abertos à investigação histórica... eventos per tencentes à história secular, que estão colocados numa conexão defin ida não desco berta pela H istória em si” ,250 “ Os even tos perte n 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249

P. 19-83. P. 84-13 5. P. 136-185. P. 186-291. P. 187-236. P. 236 -248. P. 248-268 . P. 268 291. P. 292-338. P. 153.

250 P. 139es.

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centes à história secular" recebem uma interpretação histórico-salví fica. Admite-se livremente uma dependência de Cullmann das opi niões de G. von Rad,-'5 1 um a persp ectiva q ue tem p rob lem as distin  tos .252 A resp eito do movim ento de evento e int er pre taç ão , C ullm an n escreve: "A história da salvação não surge através de uma simples soma de eventos reconhecidos na fé como salvíficos. É melhor dizer que empreendem-se correções da interpretação de eventos salvíficos passados à luz dos novos eventos.”25J O processo de evento e interpretação é complexo. “O ato da interpretação... é tido como pertencente à histó ria da salvação em s i." 254 Cullm ann resume sua persp ectiva dessas questões com plexas enfatizando três aspectos distintos: “ ...p rim eir o, o ‘evento n u ’ [nackte Ereignis], do qual o profeta deve ser te stem unha ocula r e que é percebido ta m bém por não-crentes, que são incapazes de enxergar qualquer revelação nele; segundo, a revelação de um plano divino que se descortina ao profeta no evento com o qual ele se alinha na fé; terceiro, a criação de uma associação a revelações histórico-salvíficas mais antigas, dadas a conhecimento de outros profetas na reinterpretação destas revela ções” . J e s u s “se inc lui no even to que oco rre no lugar o nde s e encontra. Mas a nova revelação era coerente ao proclamá-lo como o heus decisivo de toda a história da salvação.256 Pode-se afirmar, com toda justiça, que a perspectiva de Cullmann da revelação, conforme exposta acima, tanto 110 evento como na interpretação, contém ambigüidades.2” Tem-se observado que Cullmann adota a posição de von Rad, que entende m os como seguidor “ das li nhas da história da salvação ” ,2SH a saber, “a reinterpretação progressiva das velhas tradições de Israel é co ns tante m en te de sp erta da pelos novos eventos no pre se nte ” .259 Enquanto Cullmann fala [nackte Ereignis],160 von 110 “evento nu” Rad nega sua existência: “Não existem brut a fac ta em absoluto; só possuím os história na fo rm a da inte rpretação, som ente na refle xão,’’261 É decisi vo p ara a ar gum en taç ão dc von R ad qu e no q ua dr o 251 P. 54 e 88. 252 Hasel, O T Theolo gy, p. 57-75. , p. 88 ( o grifo é dele). 2 5 3 Cullmann, Salvation in History 254 P. 89. 255 P. 90. 256 P. 117. 257 Ver especialm ente Nicol, “ Evcnt an d Inte rpretati on” , p. 18- 21. 258 Cullmann, Salvati on in H ist ory, p, 54. 259 I b id . 260 P. 90. 26 1 Co nclusão de G . v on Ra d, “A ntwort auf C onzelm ann ’s Fra gen” . E v T H 24 (1964), p. 393, num a discussão com H. C onzelma nn, “ Fragen an Gerhard von Rad ” , E vT h 24(1964), p. 113-125.

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histórico-crítico da história de Israel nenhuma premissa da fé ou tia revelação seja levada em conta, visto que o método histórico-crítico tra b alh a sem um a hipótese de D eu s.262 Israei, co ntud o, “ só po de ria compreender sua história como uma estrada ao longo da qual viajava guiada por Javé. Para Israel, a História só existia onde Javé se revelara através de at os e pa lav ra s” .zw Von R ad reje ita a escolha alternativa de se considerar o quadro querigmático como não-histórico e o qua dro históri co-críti co como históri co. Ele discute que “ o q u a  dro querigmático também... se funda na história real e não foi inventado”. Não obstante, ele fala das “experiências históricas” prim itiv as da história antig a em term os de “ poesia histó ric a” , “ lend a” , “ sag a” e “ histórias poéticas” ,264 que contêm anacronism os.265 O im po rtan te p ar a von Rad não é o núcleo histórico esta r enco berto pela “ ficção” , m as a experiência do hori zonte da fé do próprio narrador, confo rme interpretada dentro da saga, ser “ histó ri ca”266 e resultar num enriquecimento do conteúdo teológico da saga. Tudo isto faz parte do método da história das tradições. Ele declara: “O processo pelo qual se srcinou a perspectiva da história da salvação não é mais totalmente compreensível em todo o Novo Testa mento. Em primeiro lugar, as ocasiões históricas para as srcens e futuro desenvolvimento das mais antigas tradições não podem ser sempre relatadas com certeza, especialmente quando tradições orais e kerygmata orais estão envolvidos, os quais são então publicados em fórmulas confessionais litúrgicas... Somente nos grandes sistemas históricos... podemos nos tornar mais familiarizados com a srcem das interpretações e reinterpretações da história da salvação.”267 A dí vida de Cullmann para com o método histórico-tradicional dc von Rad, que ele reelabora em sua abordagem histórico-salvífica, com a constante interpretação do dito “evento nu” e reinterpretação poste rior da " tra diçã o histórico-salvífica” ,26K levan ta a q uestão de ser a aborda gem de Cullm ann realmente capaz de sup erar o s problem as re lacionados com o total das questões da História e da história da tradi ção, com seus dois quadros da História, a saber, a estabelecida pelo método histórico-crítico e a apresentada pelo querigma dos testemu

262 G. von Rad. O ld Test am ent Theol ogy (Edimburgo, 1965), II, p. 417. 263 G. von Rad, "Offene Fragen im Umkreis síner Theologie des AT”, (1963), p. 409. O prohlema do relacionamento entre palavra e evento, palavra e atos. etc.. é o assunto de um ensaio de G. F. Hasel, “The Problem of History in OT Th eology” . A U SS 8 (1970), p. 32-46. 264 Von Rad , O T Theol ogv , I, p. 108 e s. 265 Vol. II , p. 421 c s . 266 P. 421. 267 Cullmann, Salvation in H istorv, p. 89. 268 P. 90.

ThLZ

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nhos bíblicos.269 Cullmann expressou sua opinião a respeito da crítica de W. E ich rod t e F. Hess e a von R ad, onde o qu erigm a é posto no lu gar da “história real”, ao sugerir que “na realidade existe um acordo maior entre estes eruditos do que talvez eles mesmos pensam”.270 E nq ua nto isso, torna -se claro que não é este o ca so .271 Cullm an n assinala enfaticam ente que “ o que disti ngue a H istória da história da salvação é o papel que a revelação representa nesta, tanto na experiência das eventos e fatos como na apropriação dos relatos e sua interpretação {‘querigma’) por intermédio da fé. Aqui os eventos são experimentados como revelação divina, e desse modo os relatos e interpretações são atribuídos à revelação divina”.272 A revelação é o critério distintivo, de modo que “o processo histórico da salvação é o cen tro de toda a H istória , incl usive da p rim itiva e da escatoló gica” .273 A revelação atua na classificação do processo histórico total, “a sele ção de eventos” contida na história da salvação que se determina no plano de D e u s" .174 Em toda esta história da salvação está a categoria classificatória, dentro da qual estão incorporados vários esquemas bíblicos. A tipolo gia “ pressupõe a perspectiva da história da salva ção ” .285 O esqu em a de “ prom essa e cu m prim en to” tem relação com a história da salvação, porque “o cumprimento, dentro da estrutura bíb lica, nunca é com pleto . A história da salvação continua se desenvolvendo. Embora Deus permaneça fiel à sua promessa, ela se cumpre de um modo difícil de se examinar detalhadamente e de uma maneira que não se encontra, de uma vez por todas, ao alcance do conhec imento hu m an o ” .276 Credita-se a Cu llma nn a exposição de um program a cuidadosam ente pensado “ da histó ria da salvação, en q u an  to rep res en tan te da essência da m ensagem do N ovo T es ta m en to ...” 277 Ele o faz durante conversas com as principais cabeças do cenário teológico e se refere aos principais críticos da história da salvação.278 Em 1962, K. Stendahl sugeriu, em Chri st and Tim e, que Cullmann

269 Ver H asel, O T Theol ogy , p. 57-75. 270 Cullmann, Salvation in History, p. 54. 27 1 F. H esse, A b s c h ie d von d e r H eils g esch ic h te (Zurique, 1971). Ver também J. Barr, "Story and History in Biblical Theology”, J o u rn a l o f R elig ion 56 (1976), p. 1 e ss. 272 Cullmann, Salvation in H istory, p. 151 es. 273 P. 148. 274 P. 154. 275 P. 133. 276 P. 124. 277 P. 150. 278 Por exem plo, K. G . Steck, D ie Id ee d e r H eik g e sc h ic h te. H o fm a n n -S ch la tte rCullmann (Zurique, 1959); G. Kiein, “Offenbarung ais Geschichte? Marginalien zu einem theologischen Programm”, M o n a issc h rift f ü r P a sto ra lth eo lo g ie (1962), p. 65 e ss.; G. Fohrer, "Prophetic und Geschichte”, ThLZ 24 (1964), p. 481 e ss.,

etc.

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“ rec ap turo u o modo de pe ns ar dos escrit ores do NT, e aí perm anece o tempo suficiente para elaborar as implicações dos diferentes aspectos do pe nsam ento do N T ” .279 Stenda hl tem u m a po stu ra positi va em relação à questão metodológica da teologia do NT conforme levanta da por Cullmann. Ele sugere que a abordagem de Cullmann continua “descritiva”. O. Merk percebe que é uma “reconstrução” da com preensão do te m po dos cristãos prim itiv os.2S0 Cullm ann não se empenha na "interpretação”, isto é, na transformação ou tradução do entendimento religioso da história da salvação do NT numa estru tura ad eq ua da ao homem m ode rno.2 81 Será que Cullmann considera tal "interpretação” ou “o que quer dizer” arbitrária ou anti-historicista nos dias de hoje? Cullmann fornece agora uma resposta parcial. Está convencido, juntamente com Bultmann, que o NT cobra uma decisão: “ O evento divino, ju n to com sua interpreta ção revelada aos profetas e apóstolos... exige de mim uma decisão... de ajustar minha existência à história concreta a mim revelada com tal seqü ênc ia de ev en tos .” 282 “ Se a decisão da fé inten cio na da no Novo Testa m ento nos ped e que nos ajustemo s à seqüência de eventos, então a seqüência de eventos não pode ser demilizada, de-historizada ou desobjetivizada. Ao contrário da demitização de Bultmann, que reinterpreta existencialmente a escatologia, despindo-a de sua temporalidade, isto é, transformando a riqueza do querigma do NT numa “escatologia pontual” no aqui e agora, temos a alternativa de Cullmann, que argumenta que a tensão histórico-salvífica entre o “já” e o "ainda não” é a chave da compreensão do NT. “Toda a teologia do Novo Testamento, inclusive a pregação de Jesus, está contida nesta tensão.”28'1O homem de hoje vive o “período interme diári o da história da sal vação” , um “ estágio interm ed iário en tre dois pólos: o do período bíblico e o do final dos te m pos” .285 Cullm ann nos lembra: "Crucial para a teologia histórico-salvífica é a sua relação com o presente.”786 Parece que a tarefa descritiva é, para Cullmann, decisiva. Ele se recusa a transportar para o presente a história da salvação por meio do existencialismo, do platonismo287 ou de qual quer outro sist ema. 2. George E. L ad d. O Prof. G. E. Ladd é o mais famoso erudito 279 Stendahl, I D B , I, p. 421. 280 Merk, B ib li sch e T h eologie , p. 253. 281 Ro binson, “Th e Future o f NT T heolog y” , p. 19 . 282 Cullmann, Salvation in History, p. 69. 283 P. 70 (o gri fo é dele). 284 P. 172. 285 P. 293. 286 P. 308, n.“ 2.

287 P. 204.

93

evangélico do continente norte-americano,188 cuja erudição tem o reconhecimento inclusive de outras escolas de pensamento. Ele é um dos dois americanos que publicaram uma teologia do NT completa após o silêncio dc cerca de sete décadas por parte dos eruditos am eric an os sobre o ass u n to .28* A magnum opus de Ladd se intitula A Theology o f the New Testam ent (1974) c pertence totalmente à abordagem da história da salvação na teologia do NT. A intenção do livro de Ladd é “familiarizar os estudantes dos seminários com a disciplina conhecida como Teologia do Novo Testamento”.190 Ladd não faz diferença entre teologia bíblica e teologia do NT, como B. S. Childs,291 pois define a História e o método hi stór ico com base em diferent es pressupostos. “ As pressu po  sições de qualquer indivíduo podem influenciar diretamente a pers pectiva com que estu da e encara os fato s."292 A veracid ade da histó ria bíb lica é a questã o em desta que. “ As pressuposições sobre a natureza da história bíblica... têm continuamente inseridas reconstrução da mensagem Os eruditos sido adeptos de umnamétodo histórico, cujas pressuposições são secularistas, não vêem lugar para homens divinos na História. Conseqüentemente, atrás do relato da pessoa de Jesus nos Evangelhos deve ocultar-se um Jesus histórico.”293 A pres suposição da História como um círculo fechado de causas e efeitos horizon tais não pode tr a ta r com a realidade expressa na Bíbl ia. Logo, qua lquer abordagem , p ara que sej a ade qu ad a ao conte údo da Bíbl ia, tem que estar em harmonia com as pressuposições dela tiradas e com 288 As seguintes obras c estudos são particularmente importantes: G. E. Ladd, Cru cia l Q u estion s A b o u t th e K in g d o m o f G o d (Grand R apids, M ich., 1973) , id em, Jesu s a n d th e K in g d o m . The E sch a to lo g y o f B ib lic a l R ea lis m (2.a ed.; Waco, Tex., 1970); idem, The New Testament and Criticism (Grand Rapids, Mich., 1967); idem, “Why Not Prophetic-Apocalyptic?", JB L 81 (1962), p. 230-238; idem, "Histor y and Th eology in Biblical Ex ege sis” , I n te rp r e ta tio n 20 (1966), p. 54-64; idem, “The Problem of History in Contemporary NT Interpretation”, , I n te r Studia Evangéli ca 5 (196 8), p. 88-100; idem “T he Seareh for Perspective” p r e ta i io n 25(1971), p. 41-62. 289 Em 1906, G. B. Stevens, da Yale University, publicou a segunda ediçào de sua Theology o f the N ew 'I 'es tament ( l . a ed.; Edim burgo, 1901). O s l iv ros de F. Stagg, N ew T e sta m e n t T h eology (Na shville, 1962 ) e R. K nud sen, Theology in the New Testamen t. A Basis fo r Ch ri st ian Faith (Chicago/Los Angeles, Calif., 1964). fo ram escritos para leigos e não fingem ser teologias do NT maduras. O outro trabalho em escala total foi escrito por outro erudito da tradição evangélico-conservadora, a saber, C. K. Lehman, B ib lic a l T h eology 2: N ew T e sta m e n t (Scottdale, Pa., 1974). 290 G. E. Ladd, A T h eology o f the N ew T e sta m e n t (Grand R apids, M ich., 1974 ), p. 5. Trad. ver a port. Teol ogi a do Novo Testam ento (Rio de Janeiro, JUERP, 1985). 291 Ver, acim a, p. 70 e s.

292 Ladd, 293 P. 25.

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Teol ogi a do Novo T estam ento , p. 5.

a realidade total nela expressa. “Uma vez que a teologia bíblica preocupa-se com a auto -revelação de Deus e com a redenção dos homens, a própria idéia da revelação e redenção envolve certas pressuposições que estão im plícitas por to da parte e com freqüência explícitas na Bíblia. Essas pressuposições são: Deus, o homem e o p ecado.” 294 Elas im plicam em que a “ histó ria bíblica" não deve ser reconstruída modoiaque os historiadores a do s “ H istória” . do E mmesmo bora a Bíbl represente Deus emreconstroein ação atr avés eventos históricos “ordinários”, “Deus tem estado ativo redentora mente em um fluxo da História de um modo particular em que não esteve na história geral; ela [a Bíblia] demonstra estar cônscia de que em certos pontos Deus atuou na História de modo que transcende a experiência histórica ordinária”.255 A ilustração mais vivida da ação divina na H istória é a ressurreição de Jesus Cristo. “ Do pon to de vi sta da crítica históri co-científi ca, a ressurreição não pode ser “ históric a” , pois de e, umconseqüentemente, evento que não não foi causado por qualquer eventotrata-se histórico, tem analogia. Deus, e outro unicamente Deus, é a causa da ressurreição... Na realidade, a sua própria ofensa à crític a histó rico-cie ntífica é um a espécie de apoio negati vo com relação ao seu ca ráte r s o br en atu ra l” ,296 A verdad eira questão é uma questão teológica. "Eventos revelatórios não são produzid os pela H istó ria , mas através do Senhor da História, que está acima da História e age dentro da História, para a redenção das criaturas históricas.”297 A ação de Deus em eventos singulares da H ist f az pa rte a daa hsalv açã o.da sal vação é diferente da de A ória perspectiva de Lda históri add sobre istória Cullmann, pois ele não a liga à história da tradição. A história da salvação, que Ladd designa imprecisamente de “história da reden ção” ou “ história sag rad a” ,298 é m on tad a a p ar tir de um a sé rie de eventos nos quais Deus se revelou como em nenhum outro. Aqui ele segue C. F. H. Henry. Em sua descrição da história da salvação como um “fluxo de história revelatória”299 Ladd não segue o sistema de Cullmann, da “reinterpretação” de interpretações anteriores ou “correções” interpretações anteriores, masestá no em preg a a li de nguag em de G. E.histórico-salvíficas W rig h t,300 ao af irm ar que o NT 294 Ib id . 295 P. 28. 296 P. 29. Ver também G. E. Ladd, Rapids, Mich., 1975). 297 Ladd, Teologia doNT, p. 29. 298 P. 27. 299 P. 27.

I B eliev e in th e R essu rre ctio n o f Jesu s (Grand

300 G. E. Wright, Londres, 1966).

God Who Acts. Biblical Theology as Recital

(SB T 8; 8 .a ed.;

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fluxo da história da salvação e que “a teologia do Novo Testamento... cons iste prim ariam ente na recitação do que D eus reali zou em Jesu s de N azaré” .31" A substância da proclam ação cristã é do mesm o m odo “ a recitação dos atos de D eus n a H istória” .302 Será o método da teo logia do No vo T estam ento u m a “ rena rração ” ou “recitação” do que foi relatado nos documentos do NT? Será “recitação” a forma mais legítima sobre o apenas Novo Testamento? Isso significa que do o discurso teólogo teológico ou o pregador “recita” o que o NT disse, sem “traduzir” ou “decodificar" ou “interpretar” teologicamente para o homem moderno? Ladd o expli ca da seguinte maneira: "A tarefa da teologia bíblica é de expor a teologia encontrada na Bíblia em seu contexto histórico, com seus principais term os, cate goria s e form as de p ensam ento .” 303 E ain da especifica melhor: “A teologia do Novo Testamento deve ser prima riamente uma disciplina descritiva.”304 Aqui ele segue K. Stendahl, mas a definição de Stendahl advérbio “ primqualifica ariam ente” , que parece si gnipor ficarintermédio “ não-excldousiva mente” . P a  rece haver uma espécie de conflito em sua descrição da metodologia p ara a teologia do NT, por causa do qualific ador “ prim ariam ente” e outros enunciados que permanecem obscuros, como o seguinte: “Ela [teologia bíblica] constitui-se basicamente na descrição e inter pretação de atividade divina no contexto do cenário d a histó ria humana, procurando a redenção do homem.”305 Será que ele real mente quer di zer que al ém de se oc up ar d a “ descrição” , isto é, da tarefa descritiva, o teólogo do NT (ou bíblico) também precisa em penhar-se na “ interpretaçã o” , isto é, na tarefa t eol ógi ca de dar um significado à mensagem do NT? Do mesmo modo que o advérbio “primariamente” é intencionalmente exasperador, acontece com um outro advérbio, quando Ladd continua a definir mais acuradamente. A teologia bíblica “não está inicialmente preocupada com o significa do último dos ensinos da Bíblia ou com a sua relevância para os dias atu ais. E sta é a ta re fa da teologia siste m áti ca ’’.306 Se a t eologia bíblica e, por isso, a teologia do NT não está “primariamente” e nem “ inicial m ente” envolvi da c om a interp retaçã o do signi fic ado da Bíb lia para a atualidade, entã o ela o está “ secundariam ente” e “ por últim o” . O que é que ist o que r dizer, no que concerne à noção de “recitação”? Estas questões metodológicas cruciais pedem maior

301 302 303 304

Ladd, Teol ogi a do Novo Testam ento, p. 27, Ib id . P. 25. P. 5. “ A teol ogia bíbli ca é primariam ente um a disci plina descri tiva' ” , p. 24.

305 P. 25. 306 P. 25.

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iilrnçao. Por outro lado, parece que a tarefa “descritiva” envolve, p;u.i I a dd, ao mesmo te m po, a interpretação.307 1 .idd estruturou sua teologi a do NT em s eis gr andes partes, uma subdividida em capítulos. Cada um destes capítulos, por sua vez divididos em subseções, contém uma valiosa bibliografia da mais recente literatura em língua inglesa. A Parte I trata de “Os Evange

cada

lhos Sinóp ticos” ,308 e com eça com um cap ítulo ins trutivo sobre a história e a natureza da teologia do NT. (Esta introdução à disciplina Teologia do NT deveria, realmente, ser colocada como uma seção introdutória em separado, antes da primeira parte.) Infelizmente, Ladd não nos proporciona o estudo da teologia de Mateus, Marcos e Lucas que sc esperava, mas oferece uma interseção temática, da qual oito capítulos tratam de aspectos do reino segundo a pregação de Jesus, e cinco de aspectos dos conceitos cristológicos. Toda esta prim eira parte é de certo modo abru ptam ente introduzida por um capitulo sobre João Batista. É surpreendente que não haja nenhum capítulo equivalente sobre o pr óp rio Jesu s. A Parte II tra ta de “ O Quarto Ev ange lho” .309 L add ab re esta pa rte com um capítulo sobre os problemas críticos que expõem o seu objetivo: “procurar descobrir até que ponto ele é semelhante ou diferen te dos ...S in óp tico s” .310 Fá-lo ad m irav elm en te nos capítulos sobre o dualismo joanino, cristología, vida eterna, a vida cristã, o Espírito Santo c a escatologia. Não está claro por que Ladd pôde declarar que “os Evangelhos registram as obras e palavras de Jes us” 311 c tra ta r, na P ar te I, o s Sinóp ticos como fontes his torica m en -' te confiáveis da vida de Jesus,312 e, mais adiante, sustentar que “obviamente não é o intento dos Evangelhos Sinópticos dar um registro da ipsissima verba de Jesus...”313 Se o segundo enunciado de Ladd estiver correto, então não devemos tratar os Sinópticos teolo gicamente como o Evangelho de J oão ? Em que no s basearíam os p ara tra ta r os Sinópti cos de mod o diferent e? A Parte III incumbe-se da teologia do livro de Atos, sob o título “ A Igreja P rim iti va” .314 O prim eiro c apítu lo defende a con fiabili dade 307 Por exem plo, o significado de im inênc ia (p. 193), o significado da ress urrei ção de Jesus (p. 306), o significado da ascensão de Jesus (p. 316), o significado da con versã o de Pau lo (p , 344), o si gn ificado da visão pau lina da revelação (p. 3 62), ele. 308 P. 13-196. 309 P. 199-292. 31Ü P. 207. 311 P. 27. 312 P. 166-167: "Outras evidências fortalecem o ponto de vista de que a tradição do evangelho é histori cam ente co rr et a ...[e] que a I gre ja possui um a mem óri a corr et a ao relatar as palav ras e atos de Cristo.”

313 P. 207. 314 P. 295-335.

97

históri ca essencial do l ivro de Ato s, no q ue enc on tra agora apoio, com maior erudição, de W. W. Gasque.315 Os capítulos sobre a ressurrei ção, o querigma escatológico e a Igreja resumem a teologia de Atos. A teologia de Paulo, conforme explicada na Parte IV,316 forma, junto à teologia do Evangelho de Joâo, um dos ponto s altos da teologia do NT de Ladd. Paulo era um homem dos universos judaic o, grego e cristão.317 “ Paulo estava preparado, como teólogo ju deu, p ara pensar, sob a orientação do E spírito Santo , nas im plica ções do fato de que o Jesus de N aza ré c ruc ificado era de fato o M essias e o Filho de Deus ressurrecto e elevado ao céu. Isto o levou a muitas concl usõe s rad icalm en te di ferentes da qu elas qu e m a n tin h a ...” -’18 Isto significava "uma modificação radica) da visão de Paulo da Heilsgeschichte , que é uma partida radical do judaísmo."319 Visto que ahis tóri a da salvação envolve um conceit o un ili can te, Ladd con side ra o centro da teologia paulina, junto com W. D. Davies, "a realiza ção da nova era de redenção, através da obra de Cristo... O centro u nif ica do ré... a obra reden tora de Crist o co mo o centro da hist ória da redenção [Heilsgeschichte]" .3M Esta perspectiva difere da de H. N. Ridderbos, conforme exposta em seu monumental Paul: An Outline ofHis Theology .32‘ Ladd usa todas as treze epístolas canôni cas de Paulo (como Ridderbos) em sua elucidação da teologia pau lin a.322 Ele cham a a atenção p a ra o fato de poderm os falar de teologia pau lina. “ Será a ‘teologia’ ape na s um a disciplina des cri tiva do que acre ditavam os prim eiros cristãos o u terá Deu s se sati sfeito em usar Pau lo como o instrum ento indivi dual d estacado na igr eja antiga, para com unicar aos hom ens a verdade perem ptória e lib ertado ra?” O que Paulo fala é teologicamente normativo: “Há poucas dúvidas a respeito de como Paulo responderia a esta pergunta, pois suas cartas refletem um senso de autoridade, à luz da qual tem-se que ler todo o

315 W. W. Gasque, A H isto ry o f th e C rit icism o f A c ls o f t h e A p o stle s (Grand Rapids, Mich., 1976). 316 Ladd, Teologia do Novt> Testamento , p. 339-525. 317 340. . 31 8 P.P .341 319 P. 348. 320 P. 3 51 -352. 321 H. Ridderbos, Pau l; A n O u tlin e o f H is T h eo logy (Grand Rapids, Mich.. 1975). p. 39: “O tema dominante da pregação de Paulo é a atividade salvadora de Deus e o advento e a obra, particularmente na morte e na ressurreição de Cristo. Esta atividade é, por um lado, o cumprimento da obra de Deus na história da nação de Israel, logo o cumprimento da Escritura: por outro lado, alcança a consumação final da paro usia de Cristo e a vinda do reino de D eu s. 6 a grande estrutura his tórico-redentoraC/ieíVigraí/íiWií/ic/i] dentro da qual... todas as suas partes subor dinadas recebem seus lugares e se combinam organicamente.”

-

322 Ladd,

Teol ogi a do N T, p. 353-355.

pensam ento de P au lo .” 323 Isto nos deixa com a nítid a im pre ssão dt* que Ladd entende as tarefas descritivas em seu todo como iu h tiuiliviis para o homem m oderno.324 A in te rpretação do “ significado últim o dos ensinos da Bíblia ou a sua relevância para os dias atuais.,, é 8 tarefa d a teologi a s iste m átic a” .325 A Parte V tem como título “As Epístolas Gerais”3"'' e ía/ um resumo da teologia de Hebreus, Tiago, I Pedro, II Pedro, Judas r ics epístolas joaninas. Não fica claro por que Ladd não trata conjunta mente as epístolas e o Evangelho de João, pois considera se que provêm do mesmo autor. D a m esma form a, um a teologia de 1'edm poderia te r sido organiz ada a p artir de I e II Pedro e do(s) dilu(-,j discurso(s) de Pedro em Atos. Ou, conforme G. B. Steveus, us epístolas gerais, com exceção das de João, poderiam se incorporur tia Parte III, “A Igreja Primitiva”. Infelizmente, Ladd não nos oferece uma estrutura lógica. Isto novamente se aplica à sua última seçrto. Pa rte VI, “ O A poc alipse” .’27 A abordagem metodológica histórico-salvífica de Ladd eonlém fraquezas que já foram apontadas repetidas vezes e não precisam ser novamente citadas. Sua abordagem se presta a uma unidade concei tua i que, con tudo, não se realiza. Sua te ologi a do NT, por o utro lado, trata de todos os documentos do NT, inclusive as teologias dos enteados da disciplina, a saber, Hebreus, Tiago, Judas, I e II Pedro, etc. A abordagem histórico-salvífica também o levou a explicar os elos entre o NT e sua teologia com a do AT. Saiu-se melhor em sim descrição dos conceitos constituintes das teologias paulina e joiuiina ao cunhar palavras-chave, títulos, expressões, frases, etc., cotn grande discernimento. E o faz de maneira não tão diferente de mil m inidicionár io. De ste modo , ele nos ofere ce algo co mo u m a “ leologln bíb lica conceitu ai” ,328 isto é, um estu do dos conceitos bíblicos distintos expressas por intermédio de extensos estudos de palavni*, que sã o incorp orad as e expressam a história d a sal vação.

323 P. 35b.

324 Ladd, Jesu s a n d th e K in g d o m , p. xiii: "O Realismo Bíblico designa o esíoivn ein entender os escritos do Novo Testamento a partir de dentro da mente
328 No meu entender, esta Theol designação foi inventada por5),D.p. H. Scripture in Ree ent ogy (Filad élfia, 197 24, Kelscy, 29 e s. e 37 e s.

lh e

nf

99

3. Leonhard G oppelt. O Prof. Goppelt, antes de sua morte súbita em 1973, lecionava na Universidade de Munique (e antes em Ham burgo). D urante to da um a década trab alh ara incessante m ente num a teologia do NT, que foi publicada postumamente em dois volumes, em 1975 e 1976, respectivamente, por seu aluno J. Roloff. Goppelt já era fam oso devido a vários estudos,329 mas a sua Theologie des N euen Testam ents também merece uma tradução em língua inglesa. Goppelt fornece, nesta sua obra citada, a mais detalhada e infor mativa seção sobre “História e Problemas da Disciplina” de todas as teologi as do NT escritas até h oje.” 0 Nela, ele traça o contorno das várias posições, particularmente desde cerca de 1900, e se posiciona nas amplas abordagens histórico-salvíficas de G. von Rad e O. Cullmann. Contudo, ele aponta, contra Cullmann, que o NT não conhece “a história da salvação como plano de uma história univer sal, mas somente a correlação entre promessa e cumprimento. Por exemplo, as perspectivas histórico-salvíficas de Romanos 4 e 5 não podem se reunir num contexto total; desig nam , cada um a, que a fé ou o Crist o é (respectivamente) a prom essa cu m p rid a” .331 G op pe lt limita sua definição histórico-salvífica primariamente ao esquema de pro messa e cumprimento. A história da salvação não é uma história separada da história comum “nem por sua natureza milagrosa nem pela continuidade dem onstrável. A his tória da salvação é m uito mais uma seqüência de processos históricos que são finalmente caracteri zados entre si, e por intermédio dela é preparada a demonstração final de Deus em Jesus, quando então Jesus assume seu lugar entre ele s" .3-’2 G op pe lt não coloca a h istória da salvação ac im a do métod o históri co-críti co. Ele proc ura “ levar a um diál ogo crít ico o s princípios do método histórico-crítico de pesquisa bíblica, isto é, a crítica, a analogia e a correlação, com a au toco m pree nsão do N T” .333 E m ter mos de metodologia, o “diálogo crítico” leva a sério ambas as conexões históricas, a saber, a histórico-tradicional e a histórico-religiosa, e as histórico-salvíficas. Com respeito ao relacionamento entre Jesus e João Batis ta, isto que r dizer que um é “ relativo ” , e o outro , “exclusivo”. “A conexão histórico-tradicional e a histórico-religiosa

329 L. Goppelt, Typos. Die typologische Deutung des Alten Testaments im Neuen (Gü tersloh, 193 9; 3 .a ed.; Dar m stadt, 1969); i dem , D ie a p a stn li sch e un d nachap o sto lisch e Z e it 1.2,a ed.; Gõttingen, 1966). Trad. ingl. The Apostolic and PosrA p o sto lic T im es (Filadélfia, 1962). 330 L. Goppelt, Theologie des Neuen Testtiments . E rs te r Teil: Jesu W ir ken in sein er iheol o/i isc heii Bed eulu ng (Gòttingen, 1975). p. 19-51. 331 P. 49. Ver também L. Goppelt, “Paulus und die Heilsgcschichte", Christologie undEthik (Gõttingen, 1968), p. 202 e ss.

332 Goppelt, 333 P. 50.

100

Theol ogi e des N T, I, p. 82.

entre Jesus e João Batista é relativa, a histórico-salvífica e exclusi va .” 334 Es te diál ogo de co nfro nto dos testem un ho s do NT a respeito dc João Batista com a situação histórica tenta esclarecer o background imediato de Jesus e, em conjunto com as investigações histórico-religiosas, lev a a um a apresen tação da autoco m preensão de Jes us. Goppelt define a meta da teologia do NT como uma tentativa de “extrair, dos escritos ou grupos de escritos [do NT], quadros mate rialmente ordenados e relacionados de Além Jesus ou da procla maçã o e do ut rin a da igreja pr im da itivobra a” .335 disso, a teologia do NT “ reflete mais distintam ente as posições dos teólogos modernos, com seu respec tivo enten dim ento total e suas pressuposições, do que é possível nas in te rpreta ções de antologias p articu lares” .336 G oppelt não se limita à reconstrução ou à tarefa descritiva. O homem e a sociedade modernos não têm que se deparar meramente com a “ letra” do testem unh o do NT. “ Am bas a s partes, o NT e o ho mem de hoje, têm que ser conduzidos a um diálogo crítico.”337 Mesmo que tal “diálogo crítico”dasseja basicamente a tarefa da teologia sistemática, uma exposição múltiplas tentativas eruditas, na interpretação e suas pressuposições, “permite ao leitor participar do diálogo da pesquisa e possib ilita a form ação de sua própria opiniã o” .338 Cada um dos dois volumes de Goppelt se dedica a uma parte principal. O Volume I leva o subtítu lo de “ Os Significados Teológi cos da Atividade de Jesus” e se dedica totalmente ao conteúdo indicado no título. O primeiro capítulo discute as questões histórica e teológica relativas à questão do ponto de partida da teologia do NT. O udoé exo egé tico t emdam Páscoa, ostrado que o pon to adetradição pa rtid acristã d a teologi a doestNT querigma que,“ segundo prim itiv a, foi responsável pela form ação das igrejas cristã s e da contí nua influên cia de Jes us ” .339 A base da teologi a do NT era, não obstante, o relato da atividade terrena de Jesus, de modo que a teologia do NT, com base em sua própria estrutura, tem que indagar pelo Jesus te rreno. Ao contrário da “ velha busca” , não é para se te r o “ Jesu s histórico” ; “ a teol ogia do NT, con tudo, inda ga po r Jesus conforme se mostrou a si mesmo a seus seguidores em seu período ter no ,da e épró estep ria ta mestru bém tura o Jesu q uea teve ên ci a has is tódericpersona a” .340eli 341 Aorelado dosNT, falta in defluanalogi 334 335 336 337 338 339 340

P. 82. P. 17. Ib id . P. 18. P. 17. P. 56. Os adjetivos

gesch ich tlich th is to r is c h são t raduzi dos c omo “ hist órico”.

341 P. 58.

101

dades contemporâneas para a influência contínua de Jesus “oferece razões históricas que fazem mais apropriado começar uma apresenta ção da teologia do NT com a ativid ad e e o ca m inh o de Je su s” .342 A fim de fazê-lo, Goppelt desenvolve sua “própria análise crítico-tradicional”, em cuja base os Evangelhos Sinópticos fornecem o mate rial para “a apresentação de Jesus, a teologia da igreja cristã prim itiv a e, fin alm ente , a teologia dos evangelistas".343 C o ntraria mente à opinião crítica, o Evangelho de João “também oferece informação crítico-tradicional para a atividade terrena de Jesus".344 Após uma breve discussão da “estrutura histórica" da atividade de Jesus345 e “do ponlo de partida histórico-salvífico de João Batista”346 Goppelt dedica oito capítulos à proclamação de Jesus. O C apítulo II com eça com “ A vinda d a Re gência de D eu s” ,347 porque o centro da doutrina de Jesus é o rein o de D eus.346 O procedi mento normal de G oppelt c des cre ver rapidam ente o sist ema term ino lógico e seus correlatos nos Evangelhos. Fornece, então, um estudo sucinto de seu fundo histórico no AT, no judaísmo e no helenismo, e também discute a história da pesquisa. Finalmente, elucida seu próprio ente ndim ento dos dados do NT, em contraste ou concordân cia com outras opiniões. Isto, além de extremamente informativo, é altamente esti m ulante e con vida a um a interação de pensam ento. A questão da “conversão” enquanto exigência de Jesus e dádiva da regência divina é Iratada nos Capítulos III e IV.349 O Capítulo V, “A Ação Salvadora de Jesus Como Expressão da Renovação Escatológica” , ocu pa-se dos m ilagres como p ar te da ativid ad e de Jes us .350 A autoconsciência messiânica é o assunto do Capítulo VI. “O AutoE nlen dim en to de Jesu s” 351 de m on stra que Jesus usava p a ra si pel o menos a desi gnação d e “ Fil ho do Hom em ” . A me ta da ativi dade de Jesus é trata d a no C apítulo V II, “ Jesus e a Igre ja” .352 O último capítulo ocupa-se do “Fim de Jesus” e contém sua paixão, morte, ressurreição e ascensão.353 O segundo vol ume da teol ogia do N T de G op pelt foi pu blica do em 1976 e leva o subtítulo de “Multiplicidade e Unidade dos Testemu 342 P. 62. 343 P. 65. 344 P. 67. 345 P. 70-83. 346 P. 83-93. 347 P. 94-127. 34 8 P. 9 4 e 1 0 1 . 349 P. 128-188. 350 P. 189-206. 351 P. 207-253. 352 P. 254-270.

353 P. 271-299 .

102

nhos Apostóli cos Pa ra Cristo” . Contém o des envolvimento pós-pentecostal segundo a igreja primitiva, dividido em três partes: Parte II, “A Igreja Primitiva (A Igreja no Seio de Israel)”, com capítulos sobre “O Discipulado de Jesus Como Igreja” e “Os Primórdios da Cristo logia” .354 O p rincípio teol ógico utilizad o é “ a co rrelaçã o dialógi ca entre a formulação da tradição-de-Jesus e a explicação do querigma pascoal... na procla m ação e doutrina da igreja p rim itiv a ...” 355 Este prin cíp io de correlação dia ló gica é a resposta ao desenvolvim ento da mais antigacristologia (contra K. Koester).356 A Parte III, “Paulo e o Cristi anismo G rego” ,357 começa com um a introd uçã o sobre o proble ma do cristianismo grego e um capítulo sobre as pressuposições da teologia paulina. Centraliza-se na teologia paulina, particularmente na cristologia, o evento da proclamação, justiça e a Igreja. O centro da teol ogia pau lina é o conceito de justiça, que não é nem m ist ici smo de Cristo (W. Wrede, A. Schweitzer) nem um conceito puramente forense (R. Bultmann, H. Conzelmann) nem, primariamente, o aspecto subjetivo da natureza de Deus (A. Schlatter, E. Kãsemann, P. Stuhlmacher). Goppelt combina uma ênfase forense, a saber, "D eus col oca o homem no relaci onam ento justo consi go” , com a sub jetiva pela qual “ o hom em vive neste relacio nam ento” . A Par te IV, “ A Teolog ia dos Es critos Pó s-P au linos ” ,358 é est ru tu  ralmente incompleta. O primeiro capítulo trata tanto da teologia de I Pedro, sob o título “A Responsabilidade dos Crentes em Sociedade Segundo I Pedro”, como da teologia do Apocalipse, com o título “Os Crentes na João” Sociedade Fim dos Apocali pse de . O Pós-Cristo segundo cadopítulo ju nTempos ta a teolSegundo ogi a de o Tia go, isto é, uma teologia do império, à teologia de Mateus, sob o título “O Significado do Aparecimento de Jesus em Mateus”. O Capítu lo III dedica-se à teologia de Hebreus, seguida pela de Lucas, o teólogo da história da salvação. A separação dos tratamentos da teologia do Evangelho de Lucas daquela de Atos é ímpar. O capítulo final é sobre a teologia joanina e não está totalmente desenvolvido. O editor nos informa que a Parte IV da teologia de Goppelt foi recolhida de um usado aulas de uma gravada de suas aulas do manuscrito verão de 1973. Istopara pode ser elevado emfita consideração no caso de algum formato estrutural inusitado. Sente-se falta de estudos a respeito da teologia de Marcos, das ditas epístolas deutero354 L. Goppelt, . Vielfalt und Einheit Theologie des Neuen Testaments. Zweiter Teil des a p o sto li sch en C h ris tu szeu g n isses (Gõttingen, 1976), p. 325-255. 355 P. 353. 356 P. 354 . Ver H. K oester e J. M. R obinson , Trajectoriea Through Early Christianity (Filadélfia, 1971).

357 Goppelt, Theol ogi e des N T. p. 356-479. 358 P. 480-643.

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paulin as, inclusive Efésios, as Epísto la s Pastorais e II Pedro e Judas. Será que elas não se ajustaram à abordagem da história da salvação conforme entendida por Goppelt, ou será que outras questões causa ram a não-incl usão delas em sua o bra? Observações Finais Nosso estu do das quatro maio res abordagens à teologia do NT esclareceu o fato de não haver concordância entre os principais p raticantes da teologia do NT no to cante à questã o da metodologia. A complexidade das questões está ligada aos aspectos mais funda mentais da metodologia. Indicaremos alguns deles na conclusão deste capítulo. 1. A aborda gem tem ática cam inha de mãos dadas com o métod o da interseção, em que um ou mais temas principais são tratados longitudinalmente. Os estudiosos do NT passaram a levar a sério que h á inevit avelmente um eleme nto subjet ivo em tod a p esq uisa histórica. A subjetividade particular da abordagem temática é a questão da seletividade. O teól ogo do NT que se em pe nh a no método d a interse ção ao longo de um único tema principal ou muitos temas simples deve ser conduzido por um princípio de seleção. Intimamente ligado ao primeiro, está o princípio da congenialidade. O princípio da seleção leva o teólogo do NT a eleger um tema principal do NT ou de ambos, o NT e o AT, como, por exemplo, o pacto ou o reino de Deus, o princípio cristológico, etc. O princípio da congenialidade se refere a todos os outros temas, motivos ou conceitos congeniais ao tema princip al. M as aqui as diferentes limitações desta abordagem já se fazem sentir. Primeiro, sobre que base objetiva funciona o princípio de seleção? Funcionará ele, como no caso de Schelkle, com base na ordem Deus-Homem-Salvação da dogmática? Se é assim, então podem-se apresentar questões p a ra as quais o N T pode dar apenas as respostas mais acidentais ou respostas obtidas de questões nas quais o NT não tem inte resse. Segundo, o prin cíp io da congenia lidade só pode funcionar com rela ção ao te m a ou te m as escolhidos. Isto im plica em que outros temas, motivos ou conceitos importantes no NT são negligenciados ou forçados a adaptar-se a um molde que não lhes cabe. Terceiro, se o princípio de seleção for usado de um modo não relacionado ao tema principal, sobre que base senão a subjetiva (o problema de Richardson) pode-se incluir ou omitir alguns temas? Poderá o universo do pensamento do NT ou a fé ser sistematizada dest e mo do? Será algum tema sufici enteme nte vast o a ponto de poder englobar dentro de si todas as variedades de pensamento do NT (ou

bíblico)? A riqueza da natureza diversificada do m aterial bíblico requ er uma abo rdage m equivalente a o m aterial do qual trata.

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2. Vimos que um dos maiores prob lem as metodológicos da teol o gia do NT é a questão do lugar de Jesus dentro dela. Será “a mensa gem de Jesus... uma pressuposição para a teologia do Novo Testa mento, em vez de uma parte da própria teologia", para usar as famosas palavras de Bultmann? Este julgamento tem recebido, como vimos, o apoio de Conzelmann, na Alemanha, e mais recentemente de Perrin, nos Estados Unidos. Por outro lado, seus mais ferrenhos opositores são Jeremias, Kümmel, Goppelt e Neill, entre outros. Eles p rocuram dem onstrar historicam ente que o Procla m ador (Jesus) tornou-se o Proclamado (Cristo). Toda essa questão é, entre outras coisas, primariamente um problema da compreensão moderna da História e de seu método. Por definição, o método histórico-crítico funciona com base nos princípios da correlação, analogia e crítica (E. Troeltsch), dentro de um círculo fechado de causas e efeitos natu rais, em que não há espaço p ar a um a hipótese- de-Deus ou caus as sobrenaturais. Assim, história e fé são consideradas antônimas e uma não pode sustentar a outra. O método histórico-crítico da pesquisa do Evangelho é severamente criticado. O. A. Piper declara: “Não há nenhum método satisfatório pelo qual os registros dos Evangelhos possam chegar a um acordo com as m odernas perspectivas id ealistas ou positivistas da História.”-'59 Há muito tempo, M. Kahler escreveu um importante ensaio, no qual se dirigia à diferença entre o “Jesus histórico” e o “Cristo histórico” da Bíblia.360 Diz-se que “o Jesus histórico [ historische} é a criação do método histórico-crítico — um H olzw eg, um caminho que não conduz a parte alguma... A rejeição da descrição bíblica de Jesus em favor de um Jesus histórico hipotético e o esforço de estabelecer estágios entre os dois não é o resultado de nenhum estudo indutivo e de mente aberta com relação às nossas fontes, mas de pressuposições filosóficas a respeito da natureza da H istó ria” .361 E m bo ra isto possa ser verd adeiro , não coloca a qu estão para aqueles que aceitam tal pressuposiç ão como válida. C ontinua sendo um a das ques tõe s metodol ógica s principais da erud ição bíbli ca crítica. Remontará a fé cristã ao próprio Jesus ou será um construto da igreja primitiva? Essa questão continuará a exercitar os teólogos do NT ainda por algum tempo. 3. A que stão m etodo lógica inda ga se a teologia do NT exist e ou s e o estudo histórico do NT e do seu universo não deveria se chamar, como W. Wrede sugeriu em 1897, “História da Religião Cristã Primitiva”. Este problema está entre nós com força total. H. Koester e J. M. Robinson são os mais fortes partidários de um retorno à 359 O. A. Piper, “Ch rist ology and History” , Theol ogy Tod ay 19(1962), p. 333. 360 M. Kahler, The So-Called Históri ca/ Jesus an d the H ist orie B ibli cal C hrist .

trad.

por O. E. Braaten (Filadélfia, 361 Ladd, Teol ogi a do N T, p. 1964). 168.

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abordagem da história das religiões.362 Exatamente como a teologia dialética no período após a Primeira Grande Guerra trouxe consigo um renascimento da oposição entre teologia e religião, os anos 70 estão marcados por uma tentativa de um retorno da teologia à religião. Um aspecto importante deste problema é a questão de a teologia do NT estar limitada aos escritos canônicos. Do ponto de vista histórico, os escritos do Novo Testamento não são mais que uma parte da literatu ra produzida pelos os prim itiv os do e a NT. questão é que validade e significado existem noscristã escritos canônicos A que stão é, po r um lado , se o NT é pro du to da Igreja, ou se a Igreja é produto do NT, e, por outro la do, se a in clu são de docum ento s no cânon investe particular autoridade a estes documentos da Igreja ou se a Igreja incluía documentos particulares no cânon, por causa de seu reconhecimento da autoridade inerente a estes documentos. Nem mesmo o apelo de B. S. Childs por uma nova teologia bíblica dentro do contexto do cânon cristão365 foi atendido,364 por inúmeras razões, podendo-se o concordar com Perrin: “ C ontin ua sendo um fato que oentã Novo Testamentofacilm não é ente uma entidade, que, enquanto entidade, representou e ainda representa um grande papel na história do cristianismo, e não estou preparado para decompô-la em outra coi sa s em fund am entos m ais f ort es do que as am bigüidade s h ist óricas do processo de formação do cânon... Uma história da religião do cristianismo primitivo seria muito bem-vinda, mas, do ponto de vista das comunidades cristãs, uma teologia do Novo Testamento é uma necessidade urgente.”365 Será a teologia do NT uma disciplina descritiva ou teológica? metodológica central. Isto nos conduz ao problema final da questão 4. Um dos problem as meto dol ógi cos mais fun dam entais pa ra a teologia do NT é a questão da reconstrução histórica e da interpre tação teológica. O programa de demitização de Bultmann é parte e parcela do processo de despir a semente de sua casca e traduzir o querigm a pa ra o homem m oderno c om a ajud a da fil osof ia exist encia lista. O fardo mais pesado recai, no caso de Bultmann, sobre a interpretação existencialista. J. M. Robinson está pronto a declarar que “naturalmente, Jesus, Paulo ou João não poderiam nunca compreender a terminologia da demitização ou do existencialism o” .’“ O m ais fiel segui dor d e Bultma nn, H. Conzelmann, expres sa a tendência atu al e o peso d e sua p róp ria diretriz, a saber, “ a recons trução histórica, isto é, a apresentação do universo de pensamento do 362 363 364 365

Ver aci ma, o n .° 356. B. S. Childs, B ib lic a l T h eolo gy in C m is (Filadélfia, 1970), p. 91-148. J. Barr , "B iblical T heolo gy" , lüB Su p . (Nashville, 1976), p. 1L0 e s. Perri n, “ Jes us and t he Th eolog y of the N T" , p. 3.

366 Robinson, "T he Future of New Testam ent Th eology", p. 20 .

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Novo T esta m ento confo rm e condic io nado por seu tem po” .347 A re construção histórica está estreitamente ligada ao que K. Stendahl ch am a de “ m étodo descritivo” ,348 com sua rigorosa diferenciação entre “ o que que ria dizer” e “ o que qu er dize r” . Exis.tem vári as m ane iras364' em que a ab or da ge m histó rica e descritiva de “ o que queria dizer” — devemos sempre lembrar que isto também é uma interpretação — se a relaciona com a abordagem teológica e interprelat iva de “ o que qu er dizer” . Prim eiro, pode-se decidir que a abordagem descritiva que procura determinar “o que queria dizer” por in te rm édio de quais quer métodos de investigação estabelecidos é cons iderada idêntica a “ o que quer dizer” . Segundo, pode-s e deci dir que “o que quer dizer” contém proposições, idéias, etc., que devem ser decodificadas e traduzidas sistematicamente e explicitadas, e que isto é o “ que que r di zer” , mesm o que estas explic ações possam nunca ter ocorrido aos autores o riginais e possa m ter si do rejeitada s po r el es. Terceiro, pode-se decidir que “o que queria dizer” é uma maneira arcaica de falar, dependente de sua própria cultura e tempo, que precisa ser redescrilo no modo conte m porâneo de falar dos mesmas fenômenos e que esta redescrição c “ o que q uer d izer” . “ Ist o supõe que o teólogo tem acesso aos fenômenos independente da Bíblia e de ‘o que queria dizer’, de modo que possa verificar a descrição arcaica a ter u m a base p ar a a sua p ró p ria .” 370 Q uar to, pode-se decidir que “o que queria dizer” refere-se ao modo como os cristãos primitivos usavam os textos bíblicos e que “o que quer dizer” é simplesmente o modo como são usados pelos crentes modernos. Neste caso, há uma relação genética. D. H. Kelsey observa: “Nenhuma destas decisões pode ser validada pelo estu do exegético do texto, pois o que está em questão é precisamente como o estudo exegético está relacionado ao ato de faz er te olo gia .371 Se ist o se dá, en tão pod e-se p er gunta r sobre que base se faz um julgam en to te oló gic o a favor de uma e con tra a outra dela s ou outros modos de relacionar o “ o que queria dizer” ao “o que quer di zer” . Críticas da distinção entre “o que queria dizer" e “o que quer dizer” , isto é, entre a re con strução e a interp reta ção ou o que é histórico e objetivo e o que é teológico e normativo têm sido feitas por várias pessoas. Por exemplo, B. S. Childs372 se opõe ao método descritivo, devido à sua natureza limitada. A tarefa descritiva não 367 Conzelmann, A n O u tlin e o f N T T h eology, p. xiv. 368 Stendahl, ID B , I, p. 418-432; idem. "Method in the Study of Biblical Theology’', The Bibl e i n M odern Sch olarship, ed. J. P. Hyatt, (Nashville, 1965). p. 196-209. 369 Eles são sucintamente enunciados por D. H. Kelsey. The Uses o f Scripture R ec e n t T h eology, p. 202 e s., n.° 18, mas formulados de maneira ligeiramente diferente.

in

370 203. 371 P.Ihid .

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pode ser vista como um estágio neutro, que conduz à genuína interpretação teológica posterior. O texto, segundo Childs, é “um tes temunho além de si mesmo, para o propósito divino de Deus”. Tem que haver “a mudança de nível do testemunho para a realidade em si” .373 Sten da hl a ceita que a tare fa desc ritiva “ pode descrever o s textos bíblicos apontando para além de si... em sua intenção e sua função através dos tempos...374 Mas nega que a explicação desta realidade faça parte da tarefa do teólogo bíblico. Childs, contudo, insiste que “o que o texto ‘queria dizer’ é amplamente determinado por sua re lação com aquele a quem se dirig e” . Ele argum enta que “ qua ndo vi sto a pa rtir do context o do cânon, tan to a indagaçã o sob re o que o texto queria dizer como a sobre o que quer dizer estão inseparavelmente unidas e ambas pertencem à tarefa da interpretação da Bíbli a co mo E sc ritu ra ” .375 A. Dulles tem opinião p are cid a qu and o fal a do “ desc onfor to diante de um a separa ção rad ical... entre o que a Bíbl ia queria di zer e o que que r dizer” . E nq ua nto Stendahl atribui um valor normativo à tarefa do que a Bíblia quer dizer, Dulles sustenta que este valor normativo deve ser atribuído também ao que a Bíblia queria dizer. Se este for o caso, então a dicotomia estará seriamente enfraquecida, por causa da “possibilidade de uma abor dagem descritiva ‘objetiva’ ou descompromissada, e assim... uma das características mais atraentes do posicionamento de Stendahl tornase nulo.376 R. A. F. Mackenzie, C. Spicq e R. de Vaux chegaram a conclusões se m elh an tes .377 Com o pod e o m étod o d escriti vo não -nor372 "Interpretati on i n Fai th: The The olog ieal Resp onsib ilit y of an OT Co m m entary1 ’, In te rp re ta tio n 18(1964), p. 432-449. 373 P. 437, 440 c4 44 . 374 The Bibie in M odern S cho larship, p. 203, n.° 13. 375 B ib lica l T h eolo gy in C ris is , p. 141. 37t> "R esponse to Kris ter Sten dah l's M ethod in the Study of B iblical The ology ” , The Bible in Modern Scholarship, p. 210 e s . Stendahl, naturalmen te, sustenta que não há "objetividade absoluta” a ser alcançada ( I D B , I, p. 422: The Bible p. 202). Ele está completamente certo ao enfatizar que a in Modern Scholarship, relatividade da objetividade humana não dá uma desculpa para “nos excedermos em preconceitos” , mas também não n os dá, insist imos, a possibili da de de f aze r u m trabalho puramente descritivo. 377 R. A. F. Mackenzie, "The Concept of Biblical Theology”, Theology Today, 4, (1956), p. 131-135. esp. p. 134: “A objetividade friamente científica — no sentido racionalista — é totalmente incapaz até mesmo de perceber, muito menos de ex plorar, os valores religiosos da Bíblia. É preciso haver primeiro o compromisso, o reconhecimento, pela fé, da srcem e autoridade divinas do livro; o crente pode devidamente e lucrativamente aplicar todas as técnicas mais conscienciosas das ciências subordinadas, sem o menor risco de infringir sua devida autonomia ou ser desleal ao ideal cien tífico” . C. Sp icq, confor m e citado por J. Harvey, "T he N ew Diachroni c Theology of th e O T (1960 -1970)” . B T B 1 (1971). p. 18 e s.; R.

De Vaux, Study“Peut-on of Earlyéerire Hebrew emde 1' AT’”?The Bibl e Bi nibM uneHistory", ‘theologie dern S c h"Method o la r s h ipin , p.the15.17; le oe t Orient (Paris, 1967), p. 59-71.

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mativo, com sua ênfase histórica limitada, levar-nos à totalidade da realidade teológ ica con tida no t exto? Por defini ção e pressuposição, o método histórico-descritivo limita-se de tal forma que a realidade teológica total do texto não se mostra por inteiro. Precisar-se-á restringir a teologia do NT a nada mais que um “primeiro capítulo” da te ologi a hist órica? S erá que a t eol ogi a do NT pod e ter tam bém um valor normativo, com base no reconhecimento de que o que a Bíblia qu eria dizer é norm ativo em si? Poderá a teologi a do NT tra ça r seus próprio s prin cíp io s de apresentação e organiz ação a p a rtir dos documentos que compõem o NT, em vez de a partir das doutrinas eclesiásticas ou da tradição escolástica ou da filosofia moderna? Não seria um a das tarefas da teologia do N T (e do AT) um a luta corporal com a n ature za dos text os bí bli cos, com o se projetassem u m a meta para além de si mesmos, enquanto teológicos e ontológicos em sua intenção e função através dos tempos, sem definir antecipada mente a n atureza da reali dade bíblica?

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3 dOoCentro N T e a Unidade da Teologia A. A Questão Uma das questões de debate mais acalorado nos estudos do NT é a indagação a respeito do centro e da unidade do N T .1 Esta questão 1 O s seguintes estudo s s ão particularm ente signif icativos: A. M. Hu nter, The Unity o f th e N ew T e sta m e n t (Londres, 1943); idem, D ie E in h e it des N eu en T e sta m en ts (Munique, 1952); E. Kãsemann, "Begründet der neutestamentliche Kanon die Einheit der Kirche?'' E vT h 11 (1951/52); rcimpresso em D a s N eu e T e sta m e n t ais K a n o n , ed. E. Kãsemann (Gõttingen, 1970), p. 124-133; B. Reicke, “Einheitlichkeit oder verschiedene ‘Lehrbegriffe' in der neutestamentlichen Theolo gie” , Theologische Zeitschrift 9 (1953), p. 401-415; H. H. Rowley, The Unity of th e B ib le (4 .a ed.; Londres, 1968) ; G. E. Ladd, “ Esch atology and the U nity of New Testament Theology", E x p o sito ry T im es 68 (1956/57), p. 268-273; W . K ünn eth, “ Zur Frage nach de r Mitte der Sch rift” , D a n k an P. À lth a u s, eds. W. Kiinneth e W. Joest (Gütersloh, 1957), p. 121-140; H. Braum, "Die ProT hTh K eology” Testaments”, Beinheft ,2 (set. 3blematik 18 . einer Trad.Theologie ingl . "Tdes he Neuen Problem of a New T estam Zent J o ude rn1961), al fo r T h eo logy and Church 1 (1965), p. 169-185; F. Mussner, "Die Mitte des Evangeliums in neutestamentlicher Sicht”, Catholica 15 (1961), p. 271-292; R. Schnackenburg, N ew T e sta m e n t T h eology T oda y (Londres, 1963), p. 22 e s.; K. Frôhlich, “Die Mitte des Neuen Testaments; O. Cullmanns Beitrag zur Theologie Gegenwart” , Oikonomia. Heilgeschichte ais Thetne der Theologie Festschrift für O. Cullmann (Hamburgo-Bergstadt, 1967), p. 203-219; K. Haacker, “Einheit " und Vie lf al t i n de r Theologi e de s Neue n Testaments", The melios 4 (1968), p. 27-44; A. Kümmel, “Mitte des Neuen Testaments”, L ’E van gile, H ie r e t A u jo u r d ’hui. M ela n g es o fferts au F.-J. L e e n h a rd t (Genebra, 1968), p. 71-85; A. Stock, E in h eit des N euen T e sta m e n ts (Zurique, 1969); R. Smend, D ie M itte des A lie n T e s ta m e n ts (Zurique, 1970); I. Lõnning, “Kanon im Kanon". Zum d o g m a n tisch en G ru n d la g e n p ro b le m des n eu testa m en tlic h e n K a n o n s (Oslo/ Mu nique, 1972); A. T. Nikolainen, “Om Planlãggningens problem i en totalframstâlíning av Nya teslumentets teologi”, Svensk Exegetisk Arsbok 37/38 (1972/73), p. 310-319; H. R iesenfel d, "R eflecíi ons on the Unity of the New Te stam ent” , R eligio n 3 (1973), p. 35-51; U. Luz, “Theologia crucis ais Mitte der Theologie im Neuen Testament”, E vT h 34 (1974), p. 116-141; E. Lohse, "Die Einheit des Neuen Testaments ais theologische Problem. Uberlegungen zur Aufgabe einer Theolo gi e des Neuen Testam ents” , E vT h 35 (1975), p. 139-154; W. Schrage, “Die Frage nach der Mitte und dem Kanon im Kanon des Neuen Testament iii der neueren Diskussion", R e c h tfe rtig u n g F ests ch rift f ü r E. K ã sem a n n , eds. J. Frisdrich, W. Pühlmann e P. St uhlmacher (T üb ingen /G ottingen , 1976) , p. 415-442 .

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está, em muitos aspectos, no próprio âmago do debate atual sobre a na turez a da teolo gia do NT. O problem a do centro do NT está l igado à questão da apresentação de uma teologia do NT com base num único ou múltiplos centros, não importando como ele é definido. O problema da unidade do NT não pode se divorciar daquele do centro, porque este último é habitualmente tido como a chave do próprio a indagação se se icidade pode encon trar ums aqueteologia do N T ouNT. s e o ÊNTafinal pro duz u m a tal m ultipl de teol ogia não se p ode chegar a nenh um a unidade. Não é necessário in vestigar o desenvolvim ento desta questão nos dois últimos séculos, durante os quais surgiram exposições bastante diferentes da teologia bíblica.1 O problema do centro do AT, no debate atual sobre a teologia do AT, não deixa de ter relação com os da t eologia d o N T .3 A questão lev antad a de m odo ím pa r desde os anos 50 é até que grau o NT é homogêneo, se é que o é.4 Devemo-nos lembrar, já em com 1787base J. P. havia feito um convite à entretanto, tarefa de seque discernir, em Gabler seus próprios critérios, entre “os diferentes autores e as formas particulares de discurso que cada um usou, segundo sua época e localização... Há que se escolher cuidadosamente as concepções dos autores individuais e ordená-las cada uma segundo sua localização... A partir da época das novas formas de doutrina [do NT] deve-se recolher as concepções de Jesus, Paulo, Ped ro, João e T iag o’’.5 O co njunto dessas “ concep ções” dos diferentes autores do NT deve perscrutar por detrás delas, na mente dos que escri aquele tor es doque NT,for a f central im de e poderá nco ntrarse um a u niform no distinguir do idade que com tor base perifé rico. E sta abordagem apela à “ crític a do conteúdo” (Sachkritik ), que se encontra na linha de frente da questão atual. K. Haacker observa que is to i m plica em su as pressuposi ções no m étodo prop osto p o r G abler: (1) a possib ilid ade de discernir, por in te rm édio da razão humana, entre o divino e o humano, o transcendental e o histórico e relativo. A autoridade da Bíblia para interpretação foi substituída pela razão, como verdadeira fonte da revelação, porque ela decide o que é a revelação. (2) É oportuno indagar as “concepções” dos autores individuais, que levam a uma síntese eclética, sem nenhuma 2 Ver, acim a, o Ca pítul o 1 e part icular m ente Sm end, D ie M itte d es A T , p. 7, 27-46. 3 G. F. Hasel, “The Problem of the Center in the OT Theology Debate", Z A W 86 (1974), p. 65-82; idem, O T The ol ogy . p. 77-103. 4 P. Grech, “Contemporary Methodologicai Problems in New Testament Theo logy” , B T B 2 ( 19 72), p. 264 e s. 5 J. P. Gabler, “Oratio de iusto discrimine theologiae biblicae et dogmaticae", Gableri Opuscula Acadêm ica II (Ulm, 1831), p. 187. Trad. alemã em O. Merk,

B ib lisch e T h eo lo g ie d es N eu en T e sta m e n ts in ih re r A n fa n g sz e it (Marburgo, 1972), p. 285 e s.

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autorida de dog m ática.6 O resultado dist o e das pres suposi ções as sociadas parece estar entre as causas da ênfase contemporânea sobre a diversidade e a disparidade do NT. E. Lohse colocou esta questão nos seguintes termos: “A exegese histórico-crítica dos escritos do NT nos força a concluir que eles... não revelam uma doutrina unificada, mas oferece m diferentes expos içõ es teológicas.” 7 E. K ãsem ann tem enfat izado constantem ente que o NT cont ém “ um a m ult ipl ici dade de concei tos divergentes” ,8 e que no NT, “ de modo gera l, não há coerência interna. Os conflitos generalizados resultam, às vezes, em con tradiçõ es” ,9 a sabe r, “ contradições teol ógica s irreconciliávei s” .10 A. Stock nos lembra que a ênfase sobre as contradições e a diversi dade no NT é o resu ltado das tendê ncias do critici smo h istó ric o.11 ‘‘O problema [das divergências] torna-se particularmente agudo através da resistência da Bíblia a esta crítica, com base em sua própria re ivin dicação de autoridade. E sta autoridade im plica um a unidad e, não im po rta como ela sej a en ten did a.” 12 Vários erudit os têm afirmado que há unidade na diversidade, mas tal unidade é concebida ao longo de diferentes linhas e adquirida com abordagens contraditórias. É imp erati vo fazer um a distinção du pla a respei to do centro do NT. (1) o problema do centro e da unidade do NT em si, isto é, a questão a respeito da existência de algo que apareça como um sustentáculo, podendo-se, com base nele, descobrir a unidade apesar de to da diversidade, e (2) a questão do centro como princípio organizador da teologia do NT, por um lado, e como critério para a “crítica do conteúdo”, que afirma, de qualquer forma, um “cânon dentro do câno n” . A segunda impli ca num a antí tese, tal co mo “ autorid ade /desintegração” , ‘‘totalida de /sele çã o” e “ objetividad e/sub jetividade” .13 Será neces sár io haver um centr o pa ra a apres entação do NT? Esta pergunta não é facilm ente respondida. J. B arr fala de um a “ p lu rali dade de ‘ce ntr os ’” , qu e fazem os arr an jos mais diferen tes pos síveis.1 4 6 H aacker, "E inheit and Vielfalt in der T heo logie des N T ", p. 30 e s. 7 Lohse, "D ie Einhe it des N T t heologisehes Pro blem ” , p. 148. 8 E. Kãsemann, E x eg e tisc h e V ersuche u n d B esin n u n gen I I , (Gõttingen, 1964) p. 27 e 205. 9 E. Kãsemann, "The Problem of a New Testament Theology”, N T S 19 (1973), p. 242; idem, E xeg etisch e V ersuche u n d B esin n un gen I (2.a ed.; Gõttingen, 1960), p. 218: a multiplicidade “é tão ampla no NT, que não temos apenas con flitos significativos, mas temos que reconhecer as contradições teológicas irreconciliáveis”. 10 Kãsemann, E x eg etisch e V ersuche u n d B esin n u n gen I, p. 218. 11 Stock, E in h e it d e s N T , p. 9 e s. 12 P. 10. 13 Lõnning, "Kanon im Kanon ”, p. 214-272.

14 J. Bar r, “T rends and Prosp ects i n B iblical T he olog y” , Studies 25 (1974), p. 272.

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Jou rn al o f T h eo lo gica l

Para a organização e estrutura de uma teologia do NT, nenhum dos centros tem que “necessariamente reivindicar direitos exclusivos contra qualquer outra possibilidade... Para mim, a teologia bíblica, pelo menos em alg uns níveis, p articipa da natureza de um a arte, em vez da natu re za de um a c iênc ia” .15 Isto é um recon hecim ento im plí cito de que o problema da "objetividade/subjetividade” pende para o lado da subjetividade, tanto na seleção de um centro determinado entre vários possíveis como no fato de que a disciplina da teologia do NT é conhecid a como um a “ a rte ” . Fin alm ente , a questã o a respeito do centro mais adequado ao NT permanece, bem como a questão a respeito da necessidade de um centro para a apresentação de uma teologia do NT.

B. A Bu sca do Centr o do NT 1. Antr opologia. R. Bultmann e seu aluno H. Braun optaram ambos pe la antropo logia como o cen tro do N T .16 A recon strução crítica de B ultm an n do NT ser ve à inter pre taç ão e xis ten cia l.17 Ele é guiado pela “pressuposição de que eles [os escritos do NT] têm algo a dize r ao pres ente” .18 Co nseqüentem ente, a tarefa de um a ap resen  tação da teologia do NT significa, para Bultmann, “tornar claro esta autocompreensão crente em sua referência ao querigma... Este esclarecimento ocorre diretamente na análise da teologia de Paulo e de João ” .19 B ultm an n afirm a: “ T od a declaração a respeit o de Deus é, simultaneamente, uma declaração a respeito do homem e vice-versa. Por esta razão e neste sentido, a teologia de Paulo é, ao mesmo tempo, uma antropologia... Logo, a teologia de Paulo pode ser melhor entendida como a sua doutrina do homem.”20 O mesmo acontece com a teologia de João, também tratada antropologicamente. Será o cen tro antropológico das t eol ogia s de Pau lo e João a deq ua do à estruturação de uma teologia do NT? Bultmann acha que sim. Mas devemos nos lembrar que ele recorreu à “crítica do conteúdo”, conform e recom end ado por M. B a rth ,21 ao chega r às ex pre ssõ es 15 íbid. 16 Ver, acima , o C apítu lo 2, p. 82-94. 17 R. Bultmann, Theology of the New Testament (Londres, 1965), II, p. 251: "A reconstrução está a serviço da interpretação dos escritos do Novo Testa mento...” 18 íbid. 19 íbid. 20 Bultmann, Theo lo gy o f th e N T , I, p. 191.

21 M. Barth, "Die Methode von Bultmann’s Theologie des Neuen Testaments", Theologi sche Z eitschrift 11 (1955), p. 15.

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paulinas como o E spírito Santo , a ressurreiç ão, o segundo A dão, o pecado orig in al e o conhecim ento . E ste s não se enquadravam no centro antropológico. O centro escolhido por Bultmann impossibili tou o tra tam en to de Rom anos 9-11.2 2 E. Lohse observa que o centro da antropologia querigmática forçou Bultmann a colocar em segun do plano alguns escritos do NT, tais como os Sinópticos, Atos, as Ep ístolas Católi cas e o A poc alipse.2 3 E sta rá a an trop olog ia qu erigm á tica, enq uan to centro do NT, m ostrando-se m uito restrit iva e estrei ta? Não será um a categoria determ inada pela in terpretação existencial, um veículo predeterminado, que leva, a seu modo, ao “cânon dentro do câ n on ’’? H. Braun, um dos discípulos de Bultmann, dirigiu-se várias vezes à questão da unidade do NT. A exegese histórico-crítica divide o NT em sua multiplicidade de aspectos e camadas, de modo que “o Novo Testamento... não tem, em suas partes mais centrais, uma unidade de expressão (Aussage-Einheit) com referência aos artigos da fé”.24 Ele discute conceitos como a lei, escatologia, igreja e ofício, cristolo gia, soteriologia e sacramentos,25 e conclui que são doutrinas dís pares” .26 Ele re sume: O Novo Testamento abriga dentro de si idéias díspares; esclare cemo-las para nós mesmos em termos de cristologia, soteriologia, atitudes para com a Tora, escatologia e doutrina dos sacramentos. Estas diversidades referem-se, por sua vez, a um problema ainda mais profundo dentro dos enunciados do Novo Testamento: Deus como d ado e palpáve l e Deus como não palpáve l e da do .27 Parece que Braun é o erudito que levou a extremos de disparidade total a diversidade do NT. Não obstante, ele mesmo indaga se estas doutrinas díspares e camadas diversas negam um “centro interno, do qual se pode colher as partes essenciais, se não o todo [do NT]”.18 Braun responde afirmativamente: “A unidade encontra-se nos três grandes blocos da proclamação de Jesus, Paulo e o Quarto Evange lho... no modo como o homem é visto em sua posição diante de D eu s.” 29 A “ co ntrad ição m ú tu a” 30 dos autores do NT

é, segu ndo

22 H.-J. Kraus, D ie B iblis ch e T h eolo gie (Neukirchen-Vluyn, 1970). p. 191. 23 Lohse, "D ie Einheit d es NT ais theologisches Problem ", p. 15 0. 24 H. Braun, “Hebl die neutestamentlich-exegelische Forschung dcn Kanon auf?” G esamm el te St udi en zum Neuen T est am ent und s ei ner U mw eh (Tübim>en. 1%21, p. 314. 25 P. 314-319. 26 P. 320. 27 Braun, “ The Problem of a NT Th eology” , p. 18 2. 28 Braun, Gesumm el le Stud ien . p. 320. 2 9 Ib id .

30 Braun, “Th e Proble m of a NT Th eology” , p. 169 .

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Brau n, sup erad a por me io da antropologi a teol ógic a. “ A antropologi a é. .. a co nsta nte; a cristologia é a var iáv el."31 “ Só posso fa lar de Deu s onde fal o do homem , e, po rtanto , antropologicam ente. Pos so falar de Deu s qua nd o o meu ‘eu devo’ po de ser con tra dito pelo ‘eu p osso’, e, portanto, sote rio lo gic am ente ... Deus seria entã o um tipo definido de rel acionamento co m um com panheiro ( M itm enschlichkeit )” ,3Z O “centro interno" do NT, segundo Braun, é a antropologia teológica. O próprio Braun reconhece que este “centro interno” não pode conte r todos os escritos ou blocos de escritos do NT. Logo, ele afirm a o princípio do “ câno n d entro do cân on” .33 A. Stock assinala que “a unidade do NT entra em círculo para Braun tanto quanto a m ensa gem do ‘eu posso' e ‘ você deve’ pode ser ou vida por ele nu m a form a pu ra ” .34 Ele observa que t am bém aqu i a subjetividade é a cha ve no centro de B raun da antropologia teo lóg ica. R. B ultm ann afir m ava que sua intenção havia sido mai s consi stentemente levada a cabo por Braun, cujo conceito de unidade com a constante da autoeompreensão do crente é explicitamente aceito por ele.35 C on traria m en te à aceit ação de B ultm ann , vários pós-b ultm annianos se opuseram. E. Kãsemann fala do “centro interno” da teolo gia antropológica de Braun como um “tipo de misticismo [que] signi fica falência, e [que] dever-se-ia levantar um protesto em nome da honestidade intelectual, quando o humanismo se encontra nesta m oda as sum ida pe lo cristian ism o” .36 E. Lohse acusa B raun de “ reducionismo ra dic al” .37 Ao passo que a teol ogia do NT de B ult mann “apresenta a antropologia”, por intermédio de Braun a teolo gia se “dissolve em antropologia”.38 Lohse assinala que, se ao NT falta uma cristologia unificada, então deve-se observar que falta-lhe tam bém um a antro polo gia un ifica da .39 G. E beling s e opõe a o pr inc í pio de unidade de B raun porque falta-lh e até algo de cristã o. Na verdade, a antropologia teológica de Braun é a tentativa de definir a natureza do cristianismo sem falar de Deus e de Jesus Cristo. Ebeling se opõe, dizen do q ue Deus n ão é “u m a cifra ininteligível” 40 e qu e a 31 32 33 34 35

Braun, Gesam m el te Stud ien. p. 272. Braun, “T he Problem of a NT The olog y", p. 183. Braun, Gesamm el te S tudien , p. 227 e 229 232. Stock, E in h eit d e s N T , p. 32. R. B ultma nn, “T he Prim iti ve Christi an K erygma and the Historical Jesus” , The H ist orical Jesus and The K erygm atic C hrist, eds. C. E. Braaten e R. A. Harrisville (Nashville, 1964), p. 35 e s. 36 Kãsem ann, “ Th e Problem of a NT Theology", p. 241. 37 E. Lohse, G rundriss der neutest am entl ichen Theolo gie (Stuttgart, 1974), p. 13. 38 Lohse, “Die Einheit des NT ais theologischen Problem”, p. 152; idem; Grundriss d e r n tl. T h e o lo g ie , p. 13.

39 Lohse, Gru ndriss der ntl . Theologie, p. 13 e s. e 163. 40 G. Ebeling, Theol ogy an d Proclam ati vn (Filadélfia, 1966), p. 76.

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“cristologia é , na verdade, variável no modo em que se expressa (no seu Como), mas não no fato de que se expressa (no seu Que). Não há escolha — e isto por causa do auto-entendimento da fé — entre... o qu erig m a cris tológico e o não -cristológico ” .41 “ A co nsta nte do autoentendimento da fé", afirma Ebeling, não é a antropologia, mas que “que a fé é fé em Jesus Cristo, isto é, a fé que é endereçada ao querigma cristológico, e que aceita esse querigma em sua própria co nfiss ão” .42 E stas con tribuiç õe s críticas à ques tão do centro do NT, conforme sustentadas por Braun e que têm o apoio de Bultmann, revelam as questões fundamentais. Tanto a “antropologia querigmática” (Bultmann) como a “antropologia teológica” (Braun) deixam a desejar qua nd o a qu estão é o centro do NT. 2. História da salvação. Nossa discussão da abordagem histórico salvífica conforme representada por O. Cullmann, G. E. Ladd e L. Goppelt mostrou que, sob o mesmo nome, uma variedade de exposições de dife ren tes raízes e objetivos teológicos p od e s urg ir. 43 O erudito que mais se empenhou na pesquisa da história da salvação (Heilsgeschichte) neste século foi O. C ullm ann . Ele se opõ e veem ente mente àqueles que sentem uma “alegria sádica ao enfatizar a dispari dade e se enfurecem c on tra aquel es que ten tam de m on strar um elo de ligação em um dado assunto”.44 Parece que F. C. Grant segue Cullmann, em sua tentativa de elucidar a história da salvação, e declara que a “história do NT é a ‘história da salvação’ (Heilsgeschichte )" ,45 G ra n t tam bém se opõe ao atua l “p erigo ... de superes timarmos a diversidade, ignorando a unidade”.46 “Há uma unidade real na exposição da religião cristã, feita no Novo Testamento, com toda sua diversidade, em sua visão de Deus, de sua revelação, da sal vação, da fina lidad e e do po de r abso luto de C risto .” 47 E nq ua nto G ran t identif ica unida de na divers idade e afirm a a história sal vífica. diverge de Cullm an n, como outros ta m b ém ,48 em abster-se de em pregar a hist ória da salva ção como o centro unificado r do NT. Em seu livro Christ and Time , Cullmann traçou seu entendimento de Cristo como o centro do t emp o, c onform e descrito po r Jesus, Paulo

41 42 43 44 45 46 47 48

P .48. Ibid . Ver, acim a, o C apítulo 2, p. 57. O. Cu llman n, Chris to logi e des N eues Testam ents, p. 67. F. C. G rant, A n In tro d u ctio n to N ew T e sta m e n t T h ou gh t (Nashville, 1950), p. 41. P. 42. P. 29 . G. E. Ladd, A Theology of fhe New Testament (Grand Rapids, Mich., 1974). Trad. port. Teologia do Novo Testamento (Rio de Janeiro, JUERP, 1985); L. Goppelt, vols. (Gõttingen, 1975/76); Theologie des Neuen Testaments, 2

A. M. Hunter,

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In tro d u e in g N ew T e sta m e n t T h eology (2 .a- ed.; L on dr es,-1963).

e Jo ão .4* P ara C ullm ann , Crist o é o centro do tem po , m as não do NT. Já no s anos 50, C ullman n confe ssa q ue, “ pa rtindo de di ferent es ân gu  los, sempre chego novamente às mesmas conclusões, a saber, que o verdadeiro centro da fé cristã e do pensamento cristão primitivo é a história da redenção [salvífica] (Heilsgeschichte)" ,50O que isto quer dizer está explícito em seu ‘‘Christology of the New Testament ” (2.a ed., 1967), em que ele sugere que o NT não está interessado nas questões da natureza e do ser, mas apenas na “cristologia funcio n a r ’.51 A magnum opus de Cullmann, intitulada “Salvation in H istory" (1967 ), te n ta “ livrar dos abusos o term o ‘salvação’ ” .52 Procura demonstrar a evidência de que os principais modelos do NT da história da salvação estão em Jesus, no cristianismo primitivo, em Paulo e no Q ua rto E va ng elho .53 Isto qu er dizer que a “ perspe ctiva históri co-salvífica” se aplica a “ todas as áreas da fé, do pen sam ento e da ati vidade cristã prim iti va” .54 Deve-se observar que a “história da salvação” é, no pensamento de Cullmann, a base de que depende o cânon da Bíblia, tanto do AT como do N T .55 “ Parece que é impos sível ju stif ic ar o cân on fora da história da salvação e não é acidentalmente que sua justificativa seja ine vit avel mente questionada , qu and o q uer que a história da sal vaç ão sej a re jeita d a." 56 A “ mais pr ofu nd a essência da Bíbli a em si” é a “história da salvação”, de modo que “tanto a idéia de um cânon como o mo do de sua reali zação serão um a parte crucial da história da salvação da Bíblia ” .57 Cullmann fala do problema “do cânon dentro do cânon”, isto é, o problem a de um a norm a ou critério dentro da Bíblia, com o qual se possa fazer um a seleção de m ate ria l. Sua oposição ao proble m a luterano do “cânon dentro do cânon” é explícita. “Qualquer seleção de um critério está de stina da a ser subjetiva e arb itrá ria . Se levarmos a sério a idéia de um cânon que compreende ambos os testamentos, então temos que dizer que só pode ser a história da salvação que constitui a unidade da Bíblia... pois ela pode conter todos estes livros” .58 Deve mos da r a Cu llman n o crédito por haver lev ado a sér io o cânon total da Bíblia. Ele se recusa, pelo menos a priori, a ceder à tentação 49 50 51 52 53 54 55 56

O. Cullmann, Christ and Time (3.a ed.; Londres, Í962),p. xx. O. Cullmann, (Filadélfia, 1956), p. xxi. The Early Church O. Cu ll m ann, Christology ofthe AT (Fila dé l[ia, 1959) , p. 326 e s. Cullmann, Christ an d Tim e, p. xxiv. O. Cullmann, Sa lvation i n History (New York, 1967), p. 186-291. P. 15. P. 55. P. 294.

5 7 P.íbid. 58 298. (o grifo é dele) .

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de um princípio seletivo. Procura evitar “um cânon dentro do cânon” como concentração sobre uma determinada parte do todo, por meio da q ual o todo será julgado . O intere sse de C ullm ann não só po r todo o NT, mas também por toda a Bíblia, se equipara ao dos melhores entre o s erudi tos do NT da E urop a C ontinental . De vários lugares nos chegam as reações ao “centro” ou “essência” da Bíblia dasegundo Cullmann. C. F. Evans acha que “éa que falhaelada “história salvação” no pensamento de Cullmann pressupõe uma espécie de canal do evento sagrado ou ação divina fluindo dentro das fronteiras da história do mundo, com as definições e demarcações duvidosas conseqüentes, que vão determinando onde est e canal de ve ser enco ntra do ” .59 A prim eira re ação de C ullm an n ao conceito da Heilsgeschic hte de Cullmann foi que “ele transforma a teologia do Novo Testamento numa filosofia cristã da História”.60 Também se pode dizer isto a respeito de New Testam ent Theology, de E.ria Stauffer, princípio organização da ção de histó da salvqueaçãtoma o.61 como O utr os er ud itodes62 ap oia ra mo atema ac usa Bultmann de que Cullmann transformou a “história da salvação” nu m a “fil oso fia cristã da História” . A isto B ultm ann acrescentou que nem Jesus nem Paulo nem João pensavam num processo de salvação em andam ento, mas que Crist o era, p ar a o últ imo, o fim dos tempos, e não o seu centro.63 Nisto, Bultmann foi apoiado por E. Fuchs e W. K rec k,74 que vêe m C rist o como o f im d a H istória. Cu llman n respondeu que a “história da salvação” não é uma filosofia cristã da História, imde po de foraquanto p a raà questão cima do N T .65não Elesertem inadvertido E. sta Kãsemann de Cristo o fimo apoio da História na teol ogia d e Paul o: “ Pau lo não pod e e não quer fa lar de um fim da História que já aconteceu, mas menciona que o tempo do fim est á pr óx im o.” 66 De ste modo, a tese básica de Cullm ann de q ue a “história da salvação” é o princípio da unidade do NT, e até mesmo da Bíbl ia, parece con tinua r intato. 59 C. F. E va ns, As “Ho /y Scr ipture " Christi

an ? (Londres, 1971), p. 59.

E x isten ce u n d F aith (Cleve60 R. Bultmann, “History of Salvation and History", land/New York, 1960), p. 233; idem, ‘‘Heilsgeschichte und Geschichte. Zu O. Cullmann, Chri sl us un d die Z e it" , PT N T, p. 301. 61 Ver acim a, o Ca pítulo 1, p, 41. 62 Por exe m plo, K. G. Steck. D ie Id e e d e r H eils gesch ic h te: H o fm a n n -S ch la tte rCullmann (Zurique, 1959), 63 Bu ltma nn, “ History of Salvation and H istory’' , p . 237; P T N T , p. 306. d4 E. Fuch s, “Christus d as End e der G esch ich te” . Z u r Frage nach d em histo ri.schen Jesu s (Tübingen, 1960), p. 79 e ss.; W. Kreck, D ie Z u k u n ft des G e k o m m e n e n (1961). 65 Cullmann, Chrisi and Time. p. xviii-x.xi; idem, Salvation in History, p. 44-47, 56 e s. e 62 e s.

66 E. Kãsemann, “On the Topic of Primitive Christian Apocalyptic", Theol ogy a nd Churc h 6 (1969), p. 129.

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Jo u rn a l f(>r

Foi o aluno de Bultmann, H. Conzelmann, que produziu seu estudo crítico do Evangelho de Lucas, sob o título de Die M itte der Z eit (O Centro do T em po ),67 que tom ou em pre stad o de Cullm ann. Ele tentou mostrar que Lucas é o teólogo da história da salvação. Conzelmann sustentava o que Bultmann afirmara anteriormente, a saber, que “é um exagero flagrante dizer que o Novo Testamento pressupõe um a concepção unific ada da histó ria da salvação” .68 Segundo Cullmann, Conzelmann “queria esclarecer que toda a construção não é a perspectiva do Novo Testamento, mas a de Lucas — ou m elh or, é um a disto rção de Lucas. Com sua his tó ria da salvação, Lucas abandonou a essência da escatologia de Jesus... fê-lo com seu esq ue m a de ‘perío dos ’ da história d a sa lva çã o...” 69 A pesq ui sa da teol ogia de Luc as continua . A tualmente o con traste entre L ucas e Jesus e entre Lucas e Paulo não é mais visto conforme retratado por Conzelmann. As avaliações recentes indicaram que Lucas não “desescatologizou a tradição sem restrições”70 e que a história da salvação de Lucas “ con tém de ntro de si a esp era nça de um fim im inen te” .71 Enquanto Conzelmann enfatiza que a história da salvação é o esquema básico de Lucas-Atos, outros acentuam para Lucas-Atos ou a sal vação (I. H. M arsha ll) ou a eclesi ologi a (J. Jervell) ou a or todox ia (C. H. T al b er t).72 Neste caso, o ata qu e à tes e de Cu llm ann não foi t ão bem-sucedid o como B ultm ann pensara a prin cíp io . H.-J. K raus defende a visão cullmanniana da H eilsgeschichte contra as questões levan tadas por K. G . S teck .73 Também já se observou que Cullmann é um dos raros eruditos do Continente [Os ingleses, por habitarem numa ilha, fazem alusão ao restante da Europa como sendo o “Continente”. N do T . ] 67 II. Conzelmann. D ie M in e d e r Z e it (Tübingen, 1953). Trad. ingl. The Theology of St. Luke (Londres, 1961). 68 B ultm ann , "Hist ory of Salvati on and History", p. 23 5; P T N T , p. 303. 69 Cullmann, Salvation in History. p. 46. Conzelmann (An O utline o f the Theology o f t h e N T . p. 149-152) tem afirmado, ultimamente, que a teologia dc Lucas não é uma partida para o cris tianismo primiti vo. 70 A . J. Hultgren, “ Inlerpreting t he Go spel of Luke", In te rp reta tio n 30 (1976), p. 364; cf. S. Brown. A p a sta sy a n d P ersevera n ce in th e T h eolo gy o f L u k e (Roma, L u ke: H is to ria n a n d TheologUin (Londres. 1970); J. Jervell, 1969); I. H. Marshall, L u k e a n d th e P e op le a f G o d (M inne ap olis. 19 72) ; C. H. T albert, L iterary P a tte n is. rheíilo tf ic ul T h em es un d th e G enre o f L u k e -A c ts (M issoula, 197 4) ; E. Fran klin. Christ the Lord: A Study in the Purpose and Theology of f.tike-Aets (Londres, 1975 ); S . G. W ilson, The Gentiles and the Gentile Mission in Luke-Acti (Cambridgc, 1973); H, Fiender. St . Luke, Theol ogi an o f H edem prir e History (Londres. 1967); W. G. Kümmel, "Current Theological Accusations against Luke", A ndo16 (19 75 ), p. 131-145; C. H. Ta lber t, "Sh ifting Sands; ver Newum Qitunerly The Reeent Study of the Gospel of Luke", 30 (1975), p. 381-395. interpretation 71 Talbert . '‘ Sh ifting Sa n ds ” , p. 387. 72 Ver , acima, n° 70.

73 Kraus, D ie b ib lisch e T h eologie. p. 352-35S.

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que tentou encontrar um tema unificador de toda a Bíblia, de ambos os Testamentos. Ele demonstrou que a história da salvação, fora a questão de como é concebida, é um conceito bíblico importante. A questão con tudo perm anece sendo se e ste é de fato o tema unificante. Cullmann ainda precisa provar que todos os documentos do AT testi ficam e tem como tem a bási co a história da salvação. O mesmo se apli ca aos docum entos do NT. Ainda que a pró pr ia história da sal va sujeita a uma variedade deve-se que unifi éção umesteja conceito bási co na B íblia,7de4 definições, sem trans form á-loadmitir no centro cado r e em pregand o-o como o princípi o o rgan izador de um a teologi a do NT. 3. Pacto, Amor e Outras Propostas. O conceito de pacto (ou prom essa divina) da Bíblia veio p a ra a linha de frente dos estu dos bíblicos nos últim os ano s.75 Um dos gigantes da teolo gia do AT empregava o conceito de pacto como princípio sistemático da organi zação do AT. W, Eichrodt optou por um tratamento de interseção sistemá tica do AT com base no conceit o do p a c to .76 Vários erud itos têm suger ido que o pac to pode tam bém ser vir de princípio un ifi cador p ara o NT. O. Loretz 77 estava a favor e F. C. Fensham esboçou um a teol ogia ba se ad a no pa cto em um ensaio p ro gr am átic o.78 O fato é que nem todas as partes do NT estão diretamente ou mesmo indiretamen te relacionadas ao pacto. Logo, o conceito de pacto pode, na melhor das hipóteses, leva r a uni m étodo de inter seç ão 79 da teologia do NT, pois não é sufic ie nte m ente am plo p a ra conte r em si toda a riqueza e varie dadaos e dote stem pen sa m en to(bíblicos do N T .80 é teimposs ível" justiça unhos e) Pa do rec N Te pque o r in rm édio defazer um a abordagem linear, seja por meio de temas como conceitos, ou temas

74 E. Kãsemann, P e rsp e c tiv e s on Pau! (Filad élfia, 1971), p. 63; "Eu até diria que é impossível entender a Bíblia em geral ou Paulo em particular sem a perspectiva da hist ória da sa lva ção .” Este juízo nã o lev a K ãsem ann a transform á-lo num centro unificador, que ele vê na m ensage m de Paulo da justificação . O ld T estament Coveund nuntGesetz : A Survey(Berlim/New o f Curr ent 75 Ver espec ialm ente D. J1972); . McCarthy, íRichmond, E. Kutsch, Opinitms Verheissung York, 1973). 7h W. Eichrodt, Theol ogy nf the O ld T estam ent , 2 vols. (Filadélfia, 1965-67). 77 ü . I.orcl/. D ie W uhrheit d e r B ib e l (Freiburg, 1964) . 7S C. Fens ham , "C ovenant, Promisc and E xpe ctation in the B ible” , Theologische Z eits ch rift 23 (1967), p. 305-322. O tema da promessa divina do NT tem sido lambúm acen tuad o por D . R. H il lers , Covenu nt: The Hist ory ' o f a B iblica l Idea (Halümove, 19t>9), p. 178-18&. 79 Ver Hasel. <)T Theol ogy: Basic Jss ues t n the C urrent D eb ate , p. 43-46. 80 iam bé m W. W;irn ae' i. A y.i pe . D ie L ieb e ais G ru n d tn o tif d e r n e u te sta m e n tlich en Ih co lo g ie (Düsseldorf. 1951); C. Spicq. •‘Nouvelles réílcxions sur la théologie bi

blique". R evu e des S cien ces P h ilosttp h iqu es e t th eologitj u es 42 (1958). p. 212 e s.

120

como a auto rid ad e de D eus, 81 o reino de D eu s,82 o dom ínio de De us e a com unh ão en tre Deus e o H om em ,8J ou pr om es sa .84 Podem os nos arriscar a acrescentar que até um conceito central como a ressurrei ção85 não fa rá justiç a à riqueza do pen sam ento do NT p a ra se escre ver uma teologia do NT. Ao tocarmos no tema da ressurreição no NT, já estamos no domínio da cristologia, a que devemos dar atenção agora. 4. Cristologia. Sob o título de “Cristologia” podemos discutir uma variedade de propostas a respeito do centro do NT, que são, de um modo ou de outro, relativas a Jesus Cristo. A sugestão de B. Reicke nos conduz ao começo dos anos 50 e pode ser um ponto de partida adeq uad o p ara as propo stas de um centro cr istológ ico. Ele suge re que “no evento de Cristo... [existe] a unidade material do Novo Testa m en to” .86 To do s os escritos do NT se referem ao mesm o Jesus C risto e indicam o mesm o event o ligado a el e, mesm o que se possa re conhec er que "n os Sinópticos, João e Paulo e em p ar te entre os outros escri tore s dos livros do NT Jesus é apresentado em aspectos cristológicos diver gen tes” .87 F. C. G ra nt expressa sua opinião d e m odo sem elhante, ao afirm ar que o NT “ é gen uina m ente cristocên trico” .88 P. R obertson vê no “tema cristológico” o fator que pode “unificar toda a teologia do N T ... ” 89 M uitos eruditos prote stan tes e cat óli cos reconhecem em 81 II. Seebass, “Der Beitrag des AT zum Entwurf einer biblischen Theologie", Wort und Diensí 8 (196 5), p. 2 0-49, esp. p. 30 e ss. 82 G. Klein, ‘"Rcieb Gottes' ais biblischer Zentralbegriff” E vT h 30 (1970) p. 642670, sugere esi e com o o cenlro de ambos os Testam entos. 83 G. Fohrer, “Der Mittelpunkt Theologie des Alten que Testamcnts”. 24 (1968),einer p. 161 e ss.. argumenta o seu conceito dual faz Theolo gisch e Z e itsc h rift ju stiç a a a m b o s, o A T c o N T . 84 W. C. Kaiser, "The Centre of Old Teslament Theology: The Promise", 1'hemelios 10 (197 4). p. 1-10, considera a "prom essa" " um a chavc univers al para as Escrituras. suficiente para encerrar a grande variedade
86 87 88 89

1972), p. 335-357. Entre outros eruditos que têm a ressurreição como o cenlro do NT estão R. Baumann, M itte u n d N o rm des C hritl ic h en. E m e A u sle g u n g von I K o r. 1, 1-3,4 (Münster, 1968). J. Guillet. “Die Mitte der Botschaft; Jesus To und Auferstehung", In tern a ti o n a le kath oU sche Z e itsc h rift 2 (1973), p. 225-230; e F. Courth , “ D er hist orisc he Jesus ai s A uslegun gsnon n des G lauben s?” M u nch en e r th eo lo g isch e Z e itsc h rift 25(1974), p. 301-316. esp. p. 306es. R eicke, “ E lnheitlichk eit oder ve rschiedene ‘ Lehrb egriffe’ in der ntl. T he olog ie” ? p. 405. P. 406. Grant, In tro d u c tio n to N T T h o u g h t, p. 56. P. Robertson, “The Outlook for Biblical Theology". Toward a Theology of the F u tu re , eds. D. P. Wells e C. H. Pinnock (Carol Stream, III., 1971). p, 65-91,

esp. p. 80.

121

Jesus Cristo o centro do NT.90 A. L. Moore é grande adepto da história da salvação enquanto concepção básica do NT, mas acentua que “a partir do centro, Jesus Cristo, a linha da história da salvação corre para trás, passando pelo pacto à criação e mais além, e para a frente, pa ssan do da Ig reja e sua m issão à paro us ia e mais a lé m ''.91 Sem negar a concepção histórico-salvífica do NT, “a unidade cristológica” é a chave do N T .92 Pode-se d izer qu e G. E. Lad d es tá tão com prom eti do com a históri a da sal vação qua nto C ullmann , mas, em oposição a este, Ladd se recusa, contra sua antiga opinião, a deixar que a est ru tu ra histórico-salvífica ou esca tológ ica93 for ne ça a síntese p ara a organiz ação da teologia do NT. Ele acredita que a teologia do NT, escrita do ponto de vista de um únic o prin cíp io organizador, só pode ser feita assim com base num a “ grande p e rd a ” . “ H á grande riqueza na variedade encontradiça na teologia do Novo Testamento, que não deve ser sacrificada.’’94 W. Schrage não se opõe à centralização do NT em Jesus Cristo. Pelo contrário, ele argumenta que aqueles que pararam, ao dizer que Jesu s Cris to é o cen tro do NT, p ar ar am m uito ced o.95 Perspectiva semelhante é a de M. Hengel, que afirma um “centro cristológico”, mas suger e que há u m a variedade dc fórm ulas, tai s como “ ‘sol us Christus', ‘sola gratia’ e ‘iustificatio impii’, por intermédio das quais pode-se descrevê-lo” .96 Pelo menos duas desta s fórm ula s tê m tido fortes adeptos. Antes que nos voltemos para este assunto, parece aconselhável citar as várias outras sugestões em que o centro cristo lógico é mais am pla m en te definido. H. Riesenfeld, da Universidade de Uppsala, levanta a questão sobre como poderia ter acontecido que os “elementos díspares da fé [no NT], cujo único denom inado r comum era que, de a lgum modo, se refer iam a um hom em cha m ado Jes us, que supu nha-s e haver ressus ci 90 Por exemplo. H. Schlier, B esin n un g a u f d e s N eu e T e sta m e n t (Freiburg, 1964), p. 69; H. U. von Ba llhasa r, ‘ ‘E inig un g in C hristu s” , F reib u rg er Z e it sc h rif t fü r P h ib s o p h ie u n d Theologie 150968), p. 171-189, esp. p. 187; A. Vògtle, “Kirche und Schriftprinzip nach dem Neuen Testament*', B ib e l u n d Leben 12 (1971), p. 153-162, esp. p. 157; K. H. Schelkle, III. Theologie des Neuen Testaments,

91 92 93 94 95 96

D ie E n tste h u n g d er christlie h en B ib e l (Tübingen, p. 17; H. von Campenhausen. 1968), p. 378; W. Marxsen, D er “F rü h k a th o U zizsm u s" im N euen T esta m en t (Neukirchen-Vluyn, 1958), p. 67; Ladd, A T h eology o f th e N ew T e s ta m e n t , p. 33; Lohse. “D ie Einheit de s NT ais theolog ische s Prob lem", p. 152-154: Hancker. “ Hinhci t und V ielfalt i n der T heo logie des N T’' , p. 40 o s .; K üm m el, The Theologv o f th e N T . p. 332; e outros. A. L. M oore . The Parousia in the New Testament (Leidcn. 1966). p. 89 e s. P. 172. Ladd, “L schatology and t he Un ity o f NT Theology''. p. 273. Ladd, Teologiu do Novo Testamento, p. 32. Schrage, “ Die Frage nach de r Mitte und dem K anon i m K anon des NT ” , p. 438. M. Hcngel, “Historische Methoden und theologischen Àuslegung des Neuen

Testaments”.

12 2

K ery g m a u n d D o g m a 19 (197 3). p. 85-90.

esp. p . 90.

tado dentre os mortos, tinham sido recolhidos, integrados e consi derados homogêneos em tão surpreendentemente curto espaço de tem po ?” 97 Um “ mero querigm a que proc lam a a fé na ressurr eição de uma pessoa chamada Jesus, e agora considerada o Senhor celestial, não será suficiente para explicar por que havia uma variedade de títulos cristológicos e de fórmulas teológicas, mas apenas uma igreja c ri stã ...” 98 Por fim, só a autoco nsciência de Jesus p ode respo nde r à questão. “ Em último recurso, o sent ido e a cons ist ência estrutura l do querigm a proclam ado pela i greja primiti va dep end em do fa to de que, durante o período de seu ministério público, Jesus atribuíra à sua pessoa obras e atos — de modo alg um ao seu sofrim ento e morte — uma importância decisiva para a vinda e realização do reino de Deus.”99 Isto fica claro no uso feito por Jesus do título de Filho do Homem, que é típico do padrão de pensamento da cristologia do NT.100 Riesenfeld parece argumentar que o querigma de Jesus continha uma cristologia “explícita”, e não meramente “implícita”. W. Beilner sugere que é tarefa da teologia do NT mostrar como o Jesus histórico t orn ou- se o Cristo pro cla m ad o.101 Ele a ch a que “ a teo logia do NT deve ser entendida como unidade a partir de dois aspectos básicos, a saber, do Jesus proclamado como o Cristo e o locus da proclamação, a existência da Igreja. Estes dois elementos compõem o parêntese de todas as diferentes teologias do NT ou ca m ad as de exp ress ão ” .102 Isto qu er dizer, p a ra Beilner e seu co lega católico Schelkle, “que a unidade do NT tem seu fundamento na Ig re ja” .103 “ F. M uss ne r tem um a visão difere nte da un ida de do NT; sua tese é que “ ‘o centro do Evangelho’ é, segundo o NT, a aurora da era es catológica da salvação em Jesus C risto ” . 104 E sta me nsage m "forma, em determinado sentido, o parêntese unificador no cânon dentro do cânon”. Ele previne, entretanto, que não se deve elevar um “ determ inado q ue rigm a... a um lugar central d o evan gel ho ou mes mo transformá-lo num único evangelho”, porque, “funciona facilmente como um a carga expl osi va de ntro do câno n do N T, como a H istóri a o to rn a ev iden te” .105

97 98 99 100 101

R iesenfeld. “ Keflections on l he U nity of tl ie N T ” , p. 41. P. 49. íbid. P. 5 0 cs . W . Beilner. “ N eu testam entlie he T heo logie . M elho dise hc B eNÍnnun )>". D ieii st un d Lelire (Viena. 1%5), p. 145-165. esp. p. 159. 102 P. 15S. 103 Schelkle, Theologie des NT. III. p. 16; Beilner. “NcuieslanieiitlÍL'he Tlicologie" p. 160. 10 4 F. M ussner , " D ic M itte des Kvangelium s in ntl. Sicht" , p. 27 1 e 290.

105 F. Mussner.

P ru esem ia Sa/u ris (Munique. 1967), p. 174 e ss.

123

W. Beilner, K. H. Schelkle e F. Mussner são significativos exem plos de teólogos católicos que argum entam a favor d a unid ade do N T106 sem tran sfo rm ar, nece ssariam ente, os cent ros prop ostos em um princípio orga niza do r, com base e m que a teol ogia do NT deva ser construí da. Do l ado protes tante, podemos mencionar, pa rti cularm en te, W. G. K üm me l e E. Lohs e, ambos os quais org anizaram teol ogi as do NT. W. G. Kümmel observa que “o interesse na teologia do Novo Te stam ento enc ontra-se desde o início em confli to c om o problem a da diversi dade e un ida de no N ovo Te stam en to” .107 Com g ran de discer nimento, ele sugere “que a apresentação e a organização de uma ‘teologia do Novo Testamento’ só pode acontecer como resultado de um traba lho , com as diver sas f ormas d a proc lama ção do No vo Te sta m en to” . 108 Em outras palavras, n enh um centro pred eterm inad o pode funcionar como princípio organizador (pace Bultmann, Braun, Cullmann, etc.) para a apresentação de uma teologia do NT. Na “Conclusão” de sua teologia do NT, Kümmel retorna à questão do “ cen tro do Novo T es tam en to ” .109 Sua hipótes e é que o centro do NT encontra expressão “em sua mais pura versão” na (1) “mensagem e figura d e Jesus , q uan do se torn aram percept ívei s a n ós na mais antiga tradição dos Evangelhos Sinópticos; e então (2) na proclamação da com unidade p rim itiva...; e (3) na p rim eira refl exão t eol ógi ca de Paulo sobre esta proc lam açã o” .110 Com base nestes três blocos, Kü m m el suger e que o seguinte asp ecto duplo acerca de Jesus C rist o con stitui o centro d o NT: “ ... D eu s fez com que sua sal vação prom etida p ar a o fim do mundo começasse em Jesus Cristo, e, neste evento de Cristo, Deus entrou em contato conosco e pretende nos contatar como o Pai que pro cura nos livrar d e um aprisionam ento no m und o e no s libertar p ara o am or diligente .” 1" Visto que Küm m el acha que esta “ m ensa gem comum... pode ser rotulada como fundamental e por ela a mensagem do resto do No vo T esta m en to ser ava liada” , 112 temos que reagir levantand o um a questão. Que critér ios obj etivos pode Küm mel citar pa ra sua escol ha das tradições sinóptica s m ais antigas acerca de Jesus , o querigm a da com unidade prim itiva e a proc lam ação de Paulo como bl ocos d e m até ria do NT qu e revela m o seu cen tro, com o qu al o restante do NT pode ser avaliado? Kümmel, como teólogo luterano, 106 Outra? vives católicas são revistas por A, Kümmel, ‘'Mitte des Neuen Testaments", p. 79 c s. 107 W. G. Kümmel, The Thrology o f the N ew Testunient Accurdinp to it s M ajor W ii m sses: Jv\us-Pau l .h /hn (Nashville, 1973), p. 15. 108 P. 17. 109 Infelizme nte o termo alem ão M itte é traduzido como "coração" (“heart"), em ve/ de com o o costum eiro "centro", na Theo lo gv o f t he N T de Kümmel. p, 322-33.1. 110 P. 324. 111 P. 332 .

112 P. 324.

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se compromete com o princípio material do “cânon dentro do câno n” ,113 mas, ap es ar disso, n ão conseguiu ju stif ica r a seleção do s critérios escolhidos. E. Lohse está, do mesmo modo. comprometido com o pri ncípio do “cânon dentro do cânon ” , que funciona t anto como princípio de seleção quanto como princípio de juízo dentro do NT. Ele não está expondo seus próprios critérios para um centro do NT na form a de certos blocos de escritos com a exclusão de outros. Ele segue o pri ncípi o luterano “ o que Cri sto ma nifesta” (‘ k s Christum treibet")"4 e afirma que “a teologia dos testemunhos do NT só pode ser desvelada a partir da cristo lo gia ” .115 Inclu so aí está o fato de a antropologia só poder ser definida por incio da cristologia. Lohse insiste, corretamente, em nossa avaliação, que a multiplicidade das concepções teológicas do NT não pode ser reunida através de um simples conceito unificador, como a história da salvação (pace Cullmann) ou a antropologia (pace Bra u n ). 116 O cen tro e a u nid ad e da m ulti plici dade das expr ess ões do NT encontram -se defi niti vam en te no evento de Cristo na cruz, em que foi manifestado o amor de Deu s p elo m und o.117 Não será Jesus Cr isto o ce ntr o d o N T ?llfi Em concordância com a ênfase dos grandes reformadores, alguns eruditos colocam a idéia paulina da justificação dos ímpios (iustificatio impii) como o centro do NT. E. K ãsem ann n ão desej a ap ena s ver a mensagem da justificação dos ímpio s com o o centro da teol ogi a p a u lin a ,119 mas, sustentando o princíp io do "cânon dentro do câ no n” ,120 sugere que este é o cen tro de todo o N T .m Aq ui, Kãse mann se separa de seu professor, Bultmann, cuja antropologia qu erig m ática servi a como ce n tro .122 K ãse m an n afirm a que “ o Novo Testamento quer, na realidade, ser entendido em seu todo como um testem unh o de C risto” . 12’ As diferentes cristologias do NT são 113 W. G. Kümmel. "Notwendigkeil und Gren/e des neutestamentlichen Kanons", Z 77 i á ' 47(1950), p. 277-313. 114 Lo hse, “ D ie Einheit des NT ai s theolog isches Pr oblem ", p. 153. 115 Lohse, Grun driss der neu iest am entli cheti Theologi e, p. 14. 11 6 P. 162 e s . 1 17 P .164 . 118 Ver também E. Sehweizer, Jesus C h ris tu s im vie lf ultin gen Z eugn is des N euen Testaments (StuUgart, 1968). P. Stuhlmacher, Scliri/t tausleg un tí au f dem YVege zu r b ib lis ch en Th eolo gie (G õttingen , 1975), p . 178, fala da “ m ensagem da recon ciliação como um centro decisivo da Sagrada Escritura.” 119 E. Kãsemann, “Gottes Gerechtigkeit bei Paulus", E x egeti sch e Ve.rsm he a n d B esin n ungen , II, p. 181-193. 120 E. Kãsemann, "Kritische Atialyse'', D as N eue T e sta m e n t ais K a n o n , ed. E. Kãsem ann (Gõttingen, 1970) , p. 369. 121 Ver Stock, E inh eit des N T , p. 13-24, para uma exposição detalhada da unidade conceitua) de Kãsemann dentro de sua teologia. 122 Stock, E in h eit des N T , p. 62-65, oferece um resumo das objeções de Kãsemann

cont ra B ult m ann. 123 Kãsemann, D as N T ais K a n o n , p. 404.

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“adequadas para enfatizar claramente o que manifesta Cristo. Por que, desta maneira, a justificação dos ímpios é o centro de toda a procla m ação cristã, e, logo, ta m bém da B íb lia ...’-124 Ele explica enfaticamente que “para mim, a mensagem da justificação e a sola scriptura são idên ticas, a fórm ula teológi ca d a justificaçã o dos ímpi os contém, em meu entendimento, toda a Bíblia, inclusive o Antigo Testamento, visto que ele tem verdadeiramente a ver com Jesus Cristo” .125aE m bo ra es ta “ ,fórm ula teológica” vistera em correa lação com crist ologia” é anterio r a el a, deva pois ser q ua lqu crist“ologi real “ deve se o rie n ta r.. . na jus tificaç ão dos ím p io s" ,126 que “ como cânon d entro do câ n o n ... é o critéri o pa ra o t est e dos espíritos, mesmo com refe rên cia à do utr ina cristã no pass ad o e no pre se nte ” . 127 W. Joest concorda: “A proclamação paulino-reformadora da justifi cação [serve], dc fato, como uma interpretação central da Palavra de Deus...”12" O aluno de Kãsemann, W, Schrage, também salienta o mesmo ponto de Kãsemann. Para Schrage, “iustificatio impii (Rom. 4:5) .l2' é -o’ Ele centro e o tema-chave da bém proclamação e daparte teologia paulinas” encontra seu eco tam cm outras s do NT, tal como nas ditas epístolas dêutero-paulinas, I Pedro, I João e no Apocalipse.130 Chega-nos de U. Luz uma reação indireta à “ fórmula teológica” da justificação dos í mpios co mo o centro do NT, até mesm o de toda a Bíblia. Ele argumenta pela “teologia da cruz (theologia crucis) como o cen tro do Novo T es tam en to” . 131 Luz ac ha que os teólogos do NT da “teologia da cruz" são, p a r exce.Uen.ce, Mar co s e P a u lo ,1'12 mas que documentos, como o Quartoente Evangelho, boutros reu s,133 I P ed ro ,134 e possivelm outros, oa Apocalipse, contêm. AsHeseguintes pala vras resum em a proposta de Luz: A teologia da cruz (1) entende a cruz como o fundamento da salva ção, num sentido exclusivo, com o qual todos os outros eventos da 124 125 126 127 128

F. 405 . P. ,170. P. 405. I b id . W. Joest, “Die Frage des Kanons in der heutigen evangelischen Theologie", Wux hei.ssi Auslegung der Heihgen Schrifi? eds. W. Joest, F. Mussner. a ut. (Regensburg, 1966), p. 198; idem. “Erwiigungen /ur Kanonisehen Bedeuuing des Neuen T estaments” , D a s N eue Testa m enrx u h K a n o n . p. 258-281, esp. p. 276. 129 Schrage, “Die Frage nach der Mitte und dem Kanon im Kanon des NT”, p. 440. 130 P. 441. 131 U . Lu/ ., “T heologia cr ucis ai s M iue de r Th eologie des Neuen Testam ents" E vT h 34(1974), p. 116-141. 132 P. 121-131, sobre Paulo, e p. 131 -139, s obre Marcos. 133 P. 118.

134 P. 128.

126

salvação (is to é, a ressu rreição, a paro usia) estão relaci onados e são com preend idos... (2 ) considera a cruz de Crist o o ponto de pa r tida p ar a a t eol ogi a no senti do de que não exis te n en hu m a d outrina de Deus indepen dente da d ou trina da cru z... ( 3) a cruz de ve se r e n  tend ida como o ponto de orientação para a teologia, de onde se ori ginam os pontos de pa rtid a p ar a a antropologia, a fi losofia da H is tór ia, a eclesio logia, a éti ca , e tc .135 Luz inicia sua busca do centro do NT com Paulo, mas chega a um aspecto cris tol ógic o d iferente de Kã sem ann e de seus segui dores. O NT é cris tocênt ric o. E sta crist ocentrali zação tem um a variedade de aspectos interligados. A ênfase exclusiva sobre um ou outro aspecto corre o risco de minimizar ou maximizar um em detrimento do outro. Os vários aspectos precisam ser cuidadosamente investiga dos, expostos e vistos em relação a cada um dos outros. F. Mussner obse rva que “ a do utrina pau lina da j usti ficação revel a imed iatamente que a iustificatio impii pela graça sozi nha se baseia n a morte exp iató ria substitutiva de Jesus na cruz, em que a justiça redentora de Deus ‘se revela’ no ‘agora’. A justificação do homem é, na visão do apóstolo, fundamentada num fact um hi st ori cum” .136 E. Lohse, como teól ogo luteran o, não está menos interessado do que K ãsem ann e seu s seguidore s no concei to d a justificação . Ele recorre ao próp rio Lutero, a fim de sustentar sua conclusão de que “a doutrina a respeito da justific ação tem que se fund am entar somente na cristo lo gia ” .137 H. Diem se opõe, baseando-se em outros fundamentos. A justificação não é mais que um aspecto parcia l da Bíblia, por intermédio do qual outro s aspectos são inju stam en te critic ad os.138 Não se chegou a nenhum consenso a re speito d a questão do centro do Novo Testamento. As razões são muitas, como já demonstrou a discussão do debate. Devemos dar uma parada, para algumas considerações básicas. Tem-se observado incessantemente que um dos propósitos da busca do centro do NT é proporcionar uma base para sua unidade, por um lado, e p ara a exposição siste m ática ou estrutura de uma teologia do NT, por outro. Parece que a erudição do NT está, neste ponto, no controle de um a pressuposição especulativa teológica e filosófica, que declara que o material multiforme e múltiplo do NT, em toda sua rica multiplicidade, se adaptará e poderá ser siste m aticam ente ordenado e organiz ado por in termédio de um centro. Aqui emerge uma das questões fundamentais para a tarefa da teologia do NT. Poderá algum centro do NT ser suficiente 135 P. 115136 Mussner. “Die Mitte des Evangeliums in ntl. Sichi". p. 282. 13"7 Loh se, {jrundriss der neutesiantentlichen Theologie , p. 14.

138 H. Diem, “Die einheit der Schrift",

E vT h 13 (1953), p. 391 es., 3^7 e 400.

127

mente amplo, e, portanto, adequado para elaborar uma sistematiza ção do material do NT numa unidade estrutural formulada? O fato da proliferação dos centros propostos para o NT indica que isto não parece possível. Tornou-se evidente que mesmo os centros mais cuidadosamente elaborados, seja na forma de um esquema, fórmula, conceito, tema ou idéia, mostraram-se finalmente unilaterais, inade quados e insuficientes, e, portanto, levam, inevitavelmente, a con cepções errôneas qu an to à variedade, m ulti plici dade e riquez a do NT. O fenômeno do número constantemente crescente de novas sugestões para o que constitu i o centro do NT e como esse aum ento contrib ui para se escrever um a teologia do NT é, em si, um a testem unha oral da evidente ineficácia dos respectivos esquemas, fórmulas, concepções, temas ou idéias para a tarefa em questão. Com base nestas inegáveis limitações do s vári os centros, alguns teól ogos têm ap rese ntad o outros, mais longos em definição e/ou maiores em escopo. Pode-se dizer que até mesm o a “ histó ria da salvaçã o’’ se esticou pa ra além de seus limites no que se refere à sua capacidade de servir como um guardachuva, sob o qual pode-se con duzir a riquez a de todo o NT, Não estam os negando a legitim id ade da busca de um centro do NT (ou do AT). Mas, como estamos negando que qualquer estrutura externa baseada em categorias de pensamento alheias ao NT (ou à Bíblia) possa ter permissão para se sobrepor ao pensamento bíblico, isto é, ao esquema Deus-Homem-Salvação (Teologia-AntropologiaSoteriologia) emprestado da dogmática, estamos também convenci dos de que nenhum centro do NT (ou da Bíblia) é suficientemente amplo, profundo e vasto para fazer justiça ao todo do NT canônico quan to à su a capacidade de servir como princípio organizad or. A bu s ca do centro do NT (e do AT), se baseada nos mais profundos teste m unhos bíbl icos , é totalm ente justi ficável. P arece-nos ine gável que o NT seja cristo cêntric o do início ao fim. Jesus Cristo é o centro dinâmico unificador do NT. A atividade salvadora graciosa de Deus revela-se na vida e na ação, no sofrimento, na morte e na ressurreição, bem como no min isté rio celestial de Jesus Cristo. Jesus Cristo é o prin cíp io , o meio e o fim do NT. A cristo centralização do NT não pode se transform ar num a e stru tu ra com base em que um a teologia do NT possa ser escrita.

C. O Centr o do N T e o Cânon De ntro do Cânon O atual debate a respei to do cent ro do NT est á intim am ente ligado ao problema da crítica do cânon. A discussão anterior revelou que a questão do centro do NT está entrelaçada com a questão do “cânon

dentro do cânon”. Não é nosso propósito aqui fazer uma retrospectiva 12 8

da rica lite ra tu ra que exist e sobr e este a ss u n to .139 Te m os observado diversas vezes que o centro do NT é freqüentemente usado como fita métrica para se distinguir o que é e o que não é o verdadeiro evangelho. O problema não é absolutamente novo, pois o princípio luterano “was Christum treibet” implica o critério do “cânon dentro do câ non ” 1,10 e é um a chave en tre as ori gens da “ crise do cân on no protestantism o m oderno” . MI É surpreendente observar que os eruditos modernos de confissão (luterana), todos fortemente comprometidos em sua utilização do método histórico-crítico e também comprometidos com o princípio do “cânon dentro do cânon”, são incapazes de concordar em qual é este centro do NT que d eve fun cion ar c omo “um câno n d entro do cânon ” . Vimos que alguns deles, por exemplo, argumentam pela “justifica ção dos ím pio s” (K ãse m an n, Joe st, Sc hra ge )142 ou pela “ teologia da cr uz ” (L u z) ,143 e ou tros ex trae m seus crit érios c ríti cos da m ensag em do Jesu s his tóri co ( Jer emias ) ou de um a com binação da mensagem de Jesus co m o mais antigo que rigm a (Kü m m el, M arx sen )144 ou a pa rtir 13 9 Em acréscim o aos vár io s ensa ios já citad os na nota n .° 1 deste cap ítulo, os segu in tes estudos, desde 1965, são particularmente significativos: R. M. Grant, The Form a tio n o f th e N ew T e sta m e n t (New York, 1965); R. L. Morgan. "Let's Be Honest about the Canon: A Plea to Reconsider a Question the Reformers Failed to Answer”, Christian Century 84 (1967). p. 717-719; A. C. Sundberg, "Toward a Revised History of the New Testament Canon", 4 (1968), Studia Evangélica p. 452-461; idem, “Canon of the NT", I D B Su p. (1976), p. 136-140; C. S. C. W ill iam s, “T he Hist ory o f the Text and Canon of the Ne w Testam ent to Jer omc",

140

141 142 14 3 144

Cam bridgeE,HKàmann, ist ory ofed,, t he Bible York, 1969) , II , p. 27-53; 1970); D as, Ned. eu eG.T eWsta. mH.e nLampe t ais K a(New n o n (Gõttingen, K.-H. Ohlíg, Wuher nimtnt die Bibel ihre Autoritàt? Zum Verhaltnis von Schriftkanan, K irche und Jes us (Düsseldorf, 1970); I. Frank, D er Sin n d e r K am m b ild u n g (Freiburg, 1971); E. Kalin, "The Inspired Community: A Glance at Canon History", Cancardia Theological Monthly 42(1971), p. 541-549; H. F. von Campenhausen, D ie E n tste h u n g d er ch ristl ic h en B ib e l (Tübingen, 1968). Trad. ingt. The Fortnat ion o f the C hris ti an B ible (Filadélfia, 1972); H. Burkhart, “Grenzen des Kanons — Motive und Masstãbe”, Theologis che Beitrãge 1 (1970), p, 153- 160; G. M aie r, " Kan on im K anon — oder di e ganze Schri ft?" Theologische B eitrã g e 3 (1972), p. 21-31; D. E. Groh, “H. von Campenhausen on Canon. Positions and Problems", In te rp re ta tio n 28 (1974). p. 331-343; 1. Barr, The Bible in t he M odem W orl d (New York, 1973); D. L. Dungan, "The New Testament Canon in Recent Study”, I n te rp re ta tio n 29(1975), p. 339-351. Ver K. Barth, "Das Schriftprinz.ip der reformierten Kirche”, Z eic hen d e r Z e it 3 (1925), p. 223; H. Strathmann, “Die Krise des Kanons der Kirche”, D a s N T ais K a n o n s , p. 41, declara que Lutero descobriu, em Rom. 1:17, “um cânon dentro do cânon ” . Cullmann, Salvation in History , p. 297 e s. Lõn ning, "Kan on im Kanon ” , p. 39-49. Ve r, ac im a, o s n .,:,s 123 e 128 e s. Ver , acima , o n .° 131. W. G. Kümmel, “Notwendigkeit und Grenze des neutestamentlichen Kanons", D a s N T ais K a n o n , p. 62-97, esp. p. 94; e, acima, os n.°s 107-112; W. Marxsen. "D as Probl em des neutestam entlichen K anons aus de r Sícht des Exegeten",

D as N T ais K a n o n s . p. 233-246. esp. p. 246.

129

de dete rm ina do s blocos de escritos (H. B ra u n ). 145 Es te fato evidente conduz a uma conclusão: “Qualquer seleção de critério [de unidade] desti na-se a ser subjeti va e a rb itr á ria .” 146 Ad m ite-se, na tura lm en te, que a busc a de um centro e d e um crit ério pa ra a unida de não dev e ser confundida com um absolutismo de aspectos simples ou com idéias teol ógicas fav or itas.1 47 M as ter-se-á que ad m itir tam bém que a su bje tividade com que se faz uma seleção a partir do todo e com base em que o todo está sujeito à crítica do conteúdo chama à questão a objetividade do método em si e todo o procedimento. O abrangente estudo de I. Lõnning de toda a questão do "cânon dentro do cânon”, a pa rtir da R eforma até o presente, que chega a conc lus ões sem elhan tes às de seu professor Kâsemann, acrescenta a notável censura: “Não podemos transformar o ‘cânon dentro do cânon’ em um cânon.”148 O famoso si stem ata católi co H. K üng. cuja posi ção teol ógica é, em vários aspectos, semelhante à de Kãsemann, se opõe ao programa do “cânon dentro do cânon”, porque "não pretende nada além de ser mais bíblico do que a Bíblia, mais neotestamentário do que o NT, mais evangélico que o evangelho e até mais pa ulin o do que Pau lo ” .149 Ele se opõe a um dado preentendímento com base em que se deve testar os espíritos... Paulo nunca aplicou o princípio do teste dos espíritos ao cânon do AT. Assim, não temos o direito de usar este prin cíp io p ara o cânon do N T .1S0 Ele observa que tal preente ndim ento não s e fu nd am en ta no NT, mas na tradiçã o luteran a. Logo , pergun ta: “Não será essa uma posição para a qual não se pode oferecer razões que evitariam que outro erudito fizesse uma outra escolha, com base em um outro preentendimento tradicional para um outro centro, e assim encontrar apoio exegético para um outro eva ng elh o? ” 151 Fin al  mente, qualquer fórmula, princípio, idéia, etc. que se transforme no centro do NT com base em que se em penh e na crít ica do cânon com o prin cípio seletivo do “ cânon dentro do cânon” é a “ arbitrariedade subjet iva” , 152 porqu e “ um dado pre enten dim ento sobre a n ature za da

14 5 H. Braun, “H ebt d ie heutige neutestam entlich-exegetische Forschung den Kanon auf ?" D as N T ais K a n o n , p. 228 e s .; cf ., acim a, o n.° 28 c s. 146 Cullmann, Salvation in History, p. 298. 14 7 D o m esm o m odo, corretamente, Schrage, “ D ie Frage nach de M itt e und dem Kanon im Kanon des NT", p. 418. 148 Lõnning, "Kanon im Kanon ", p. 271. 149 H. Küng. ‘‘Der Frühkatholizismus im NT ais kontroverstheologisches Problem”. D a s N T ais K a n o n , p. 175-204, esp. p. 192. 150 P. 190. 151 P. 191 (o grifo é dele ).

b id \ também 152 I1957), p. 206. H. Diem,

130

Theologie ais Kirchliche Wissenchaft (2.3

ed.; Munique,

fé crista se lança de volta ao NT como um cânon crítico dentro do câ non” .153 O reducionismo inevitável é outra restrição feita a respeito de um centro que s irva como “ cânon de ntro do cân on ” , empregad o com o propósito de um a crítica ou crític a do câ n o n .154 O NT considerado como um todo contém “ a verdade em sua p le n itu d e ''.155 O pri ncípio do “cânon dentro do cânon" não pode fazer justiça à totalidade do NT. Q ualquer centro destinado a este propósito te nde em direção a uma concentração em um único aspecto. “Em que consiste essa conc entração ? C onsi ste no redu cion ism o.” ' 54 Este é o caso por que est á base ad a num p rocesso de s eleçã o. K üng a rg um en ta que a sel eção a partir da totalidade do cânon do NT leva a uma multiplicidade de denom inações e à heresia. Som ente q uan do se leva a sér io o cânon do NT em sua tota lid ade é que se pode esperar um a igreja.157 O erudito católico H. Schlier, ex-aluno de Bultmann, também tem reservas quanto à redução de todo o evangelho do NT por intermédio do “ cânon d entro do câ no n” . “ Se se desej a preservar a posi ção d a fé de Lutero... então se é forçado a anular o cânon da Bíblia. A Bíblia é a Bíblia. Qualquer paulinismo maior ou abstrato... finalmente declara quase to do o co nteú do d a Bíblia como não o brig ató rio .” 158 Vários teólogos protestantes têm também levantado sérias questões a respeito do princípio de seleção como se revela ao conceito do “ cânon den tro do câno n” . E. Schwei zer obse rva que a Bíbli a é sempre “ Bíblia em fu nç ão ". Logo , ele rejeita o “c ân on de ntro do câ no n” . 159 As opiniões do sistem ata luteran o H. D iem e s eu “ N ão” categóri co ao “ câno n d en tro do câ non” 160 ex er cit ara m vários eru dito s do N T .101 Semelhantemente, G. Ebeling recusa-se a afirmar “um cânon dentro do cân on ” . P ar a ele, tal princ ípio corre o r isco de se r arb itrár io. Ele fala de um a “ visão legal do câ no n... que se refer e à un idade da Bíb lia como a unidade de um sistema doutrinário dogmático. Tal visão só pode ser levada a efeito até sua conclusão lógica ou fazendo-se o que a Igreja Católica faz, a saber, recaindo na função hermenêutica da 153 Stock, E in h eit d es N T , p. 70. 154 H. Küng, D ie K irc h e (Freiburg, 1967), p. 151. 155 K. H. Sehelkle, D ie P etru sb riefe. D e r J u d a sb rie f (2 .a ed.: Freib urg. 1964). p. 245. 156 H. Küng, Struktur en der Kirche (Freiburg, 1962), p. 151; idem, D ie K irc h e . p. 27. 157 Küng, "D er Frü hk atho li/ ism us im NT a is kontroverstheologi sches Prob lem” . p. 188 es. 158 H. Schlier, D ie Z e it d e r K irch e ( 2 .0 e d .: Freibu rg, 1958), p, 311. 15 9 E. Schweizer, “ K ano u? ” E vT h 31 (1971), p. 339-357, csp. p. 354 e s. 160 Ve r particularm ente o seu “D ie Einheit der Sehrift” , p. 3 85-405 , e seu ensaio "D as Problem des Schrif tkanon s” . D as N T ais K a n o n , p. 159-174. 161 Ver. por exemplo, as reações dc Kiisemann, D a s N T ais K an ou . p. 359-371; e Schrage, "Die Frage nach der Mitle und dem Kanon im Kanou des NT", p. 421 424. Um bom resumo da posição de Diem é oferecido p o r Stock, E in heit des N T,

p. 36-38 e 100-11

2. incluindo reações de protestantes e católi

cos.

131

tradição ou, de maneira aparentemente arbitrária, estabelecendo um cânon den tro do câno n na form a de um corpo de escr itos esp ecíf ico o u de uma do utrin a espec ífica , como pad rão de crít ica” . '62 Ebeling faz esta sugestão porque nenhuma tradição única da diversidade e da variedade do NT “pode ser apontada como a traditum tradentum [tradição a ser passada adiante]; mas é isto que aponta para o fato decisivo de que o conteúdo da c... a própria traditum tradendum pessoa de Jesus como Pala vra de Deus en carnada, dando sua au torida de ao ev an ge lho ...” 163 G. M aier está entre os vári os crít icos do princíp io do “cân on dentro do câ no n” . Seu assunto princ ipal é o fracasso da busca de “ um cânon dentro do cân on ” . Ela duro u duzent os anos. ma s fracassou, poi s se baseia num a subje tivid ade descontrola da. N inguém foi capaz de convencer o que seria tal “ cân on de ntro do cân on ” .164 A variedade de problemas que os eruditos têm apontado em suas discussões sobre o centro do NT, entre eles a que funciona como “cânon dentro do cânon” e que serve como princípio material da crítica do cânon, são aparentemente insuperáveis. Uma abordagem da teologia do NT que procura ser adequada à totalidade do NT não pode sustentar a arb itrariedad e (K üng, Ebeling, Diem ), a subje tivi dade (Cullmann, Maier) e o reducionismo (Küng) inerentes na escol ha de um p rincípio selet ivo na form a de um centro sej a de for a da Bíblia (tradição) ou de dentro dela, na base em que são feitos os juízos de valor a respeito do conte údo d a Bíblia como um todo ou em suas partes. Poderá a natureza auto-autenticatória do NT e da Bíblia como um todo166 ceder espaço a um princípio seletivo ou externo como sua norm a?

162 G. Ebeling, The W ord of G od and Truditi tm (Filadélfia, 1968), p. 144. 163 P. 146. A questão a ser levantada, entretanto, 6 se o conteúdo do NT permanece aber to por causa da ênfase s obre a “Pessoa Jesus” . Ve r t am bém Stoek. E in hcii des N T , p. 24-28 e 82-88. 164 ü. Maier, “Kanon im Kanon — oder die ganze Schrift?”, p. 21-31; idem, D as Ende, d e r h islo ris ch -k rit isc h en M v th o d e (2.a ed.; Wupperhd. 1975). p. 10 e s. e 44. Trad. ingl. Th e E nd o f lhe H ktorica l Cri ti ca! M eihnd (St. Louis, 1977). p. 12 e ss. 165 Ver F. M iklenberg er, ‘' l he U nity, Tru th and Validitv of lhe B ible’', In terpreiu -

tinn 29(1975), p. 391-405. esp. p. 399.

132

4

A Teologia do N T e o A T

A teologia do NT se separou da teologia do AT desde 1800, quando o primeiro dos quatro volumes da Bib lische Theologie des N enen Testamento, de Georg Lorenz Bauer, foi publicado. Embora alguns poucos livros, de am bos,o otítulo AT de e o“ Teolo NT, gia te nham sido, 1 publicados nos tratando últim os anos, com Bíb lica” não se trata de falta de interesse no assunto da relação entre os T esta m en tos.2 G. Ebeling nos f az lem brar novam ente que tem-se qu e 1 Ver M. Burrows, A n O u tlin e o f Bíb lica! Th eolo gy (Filadélfia, 1946); G. Vos, B ib lic a l T h eology (Grand R apids, M ich., 1948 ); J. Blenkinsopp , A S k e tc h b v o k o f B ib lic at T h eology (Londres, 1968). 2 Ver os seguintes estudos e m acréscim o aos do s n .°s 70 e 80, abaixo: A . A . van Ruler, The Christian Church and the OT, trad. de G. W. Bromiley (Grand R apid s, M ich ., 197 1) ; S . Am sler, L 'A T dan s Vég lise (Neuchâtel, 1960); J. D. Sens ch rétie n Smart, Th e Interpretati on o f Scri pture (Filadélfia, 1961); P. Grelot, d e l ' A T (T ourn ai, 1962 ); B. W. A nderson , ed ., The O T an d Chri st ia n F ai th (New York, 1963; daqui para a frente citado como OTCE); C. Westermatin, The OT a n d J esu s C hris t (Minneapolis, 1970); R. E. Murphy, “The Relationship Between the Testaments1’, C B Q 26 (1964), p. 349-359; "Christían Understanding of the OT", Theology Digest 18 (1970), p. 321 e s.; F. Hesse, D as A T ais B uch d e r K irch e (Giitersíoh, 1966); K. Schswarzwãller, D as A T in C h ris tu s (Zurique, 1966) ; “D as Verhãltnis AT -NT im Licht e d er gegenwãrtigen Bestim m ung en” , E vT h 29 (1969), p. 281-307; P. Benoit e R. E. Murphy, eds., H ow D oe s th e C hris tian Confr o n t th e O T ? (New York, 1967); A. H . J. G unn ew eg, "Ü ber dic Prãd ikabilit ãt altte stam entlicherTexte” . Z T h K 65 (1968), p. 389-413; N. Lohfink, The Christian M e a n inder g oKirche” f th e O T ,(MD ileu watsch ukee, s, “D as AT Kraus, in de r Verkündigung es P1968 fa rre);rbHla. ttD .63Preus (1968), p. 73-79; D ie b i blisch e Th eologie , p. T93-305; E. CFDoherty, “The (Jnity of the Bible*', The Bible Today 1 (19 62 ), p. 53-57; C. Larcher, L 'A c tu a litê ch rêtien n e d e VAncie n T e sta m e n t d 'a p res le N o u vea u T esta m e n t (Paris, 1962); W. Neil, “The Unity of the Bible", The N ew Testam ent i n Histori cal and Con tempo rary Pers pecti ve, Ess ays in M e m ory o f G. f í . C. M a c g re g o r , eds. H. A nderson e W . Barclay (Ox ford , 1965), p. 237-259; Stock, E in h eit d es N T , p. 160-170; P. A. Verhoef, “The Relationship Betwee n the O ld and New T estamen ts”, N ew P e rsp e c tiv es on th e O ld T e s ta m e n ts , ed. J. B. P& yne (W aco/L ond res, 1970), p. 208-30 3; F. Ha hn, “ Da s Probl em ‘Schrif t und Tradition' im U rchristentum ” , E vT h 30 (1970), p. 449-468; F. Lang, “ Christ uszeugni s und biblisc he T heologie” , £V Th 29(1969), p. 523-534; H. Gese,

“E rwágungen zur Einheit der

biblisc hen T heo logie” , Vom Sinai zum Zion

(Muni133

estudar a interligação entre os Testamentos e “tem-se que fazer uma avaliação do entendimento da Bíblia como um todo, isto é, acima de todos o s prob lem as teol ógi cos que surgem da investi gação da unid ade inter na do m últiplo teste m un ho d a Bíblia’'.3 As ref lexões teológi cas fundamentais do erudito do NT de Tübingen, P. Stuhlmacher, levam-no a afirmar que a teologia bíblica do NT “pode c deve estar aberta ao Antigo Testamento como o fundamento decisivo da forma ção c da tradição do Novo eTestamento observações levantam a questão da continuidade descontinuidade" e.AEstas se 16 somente do AT ao NT, ou do NT retornando ao AT, ou recip rocam ente do AT ao NT e do NT ao AT. O que é básico ao total da questão não é meramente uma articulação do problema teológico da inter-relação entre os dois Testamentos, mas também uma investigação da natureza desta união e desunião, seja ela uma linguagem, forma de pensamento ou conteúdo. A fim de facilitar nossa tentativa de estudo das questões aí envolvidas, podemos limitar-nos a discutir as tentativas recentes consideradas significativas para a luta com as questões ou que refletem os mais importantes posicionamentos nesterelacionadas século. A. Padrões de Desunião e Descontinuidade No século II apareceu M arcion,5 que, sob o im pacto do gnosticismo,6 ace ntu ou a total d esu nião entr e o AT e o NT, en tre Israe l e a Igreja, e enlre o Deus do AT e o Pai de Jesus. O Deus do AT era o Demiurgo-Criador, um Deus da lei inferior, vingativo, que não tem nada a ver com o De us do NT , que é o Pai de Jesus, um De us de amor, graça e misericórdia. Assim, Marcion rejeitou completamente as Escrituras Hebraicas (AT) e também qualquer coisa no NT que se aproximasse das Escrituras Hebraicas (AT) ou de seu pensamento, conforme entendido por ele. Isto levou o cristianismo a tratar da questão de o que é a verdade cristã e a decidir-se a respeito da questão do cânon . que, 1974), p. 11-30; H. Gross e F. Mussner, "Die Einheit von Altem und Neueti tern a tioasn aGiving le k a th o lisc h e to Z eThe itse Relationship h rift 3 (1974), Testament” p. 544-555; F. C. Fensham, “The In Covenant Expression Between Old and New Testament’’, 'Tyndale Bullet in 22(1 97 1), p. 82-94; J. Sanders, Torali und Canon (2.a ed.; Filadélfia, 1974); idem, “Torah and Christ", In terp r eta tio n 29 (1975), p. 372-390. 3 G. Ebeling, W ord and Fait h (Filadélfia, 1963), p. 96. 4 P. Stuhlm acher, Schrif tausl egung au fde m Wege zu r bi bti schen Th eol ogi e (Gõttingen, 1975), p. 127. 5 A. von Harnack, M arcio n , D a s E va n g eliu m vom fr e m d e n G o it (2.a ed.; Leipzig. 1924); J. Knox, M a rc io n a n d th e N ew T e sta m e n t (Chicago, 1942); E. C. Blackmaij, M a rcio n a n d H is In flu en ee (Londres, 1948). 6 R. M. Grant, A S h o rt H isto ry o f th e In te rp r e ta tio n o f th e B ib le (2.a ed.; New

York, 1966), p. 60-65.

134

1. Sii perval oriz ação do N T / Desvalorização do A T . Existiu duran te muito tempo no cristianismo uma tendência marcionista, com a superioridade do todo ou de partes principais do NT, e ela se refletiu cm A. von Harnaek (1851-1930), cujo famoso tema se resume nesta Frase amplamente divulgada: “Ter deixado de lado o Antigo Testa mento no século II foi um erro que a Igreja corretamente rejeitou; havê-lo retomado no século XVI foi o fato que a Reforma não foi capaz de evitar; porém mantê-lo ainda após o século XIX como docum ento canôni co d entro do protestantism o é conseqüência d e um a paralisia religiosa e ecle siá stica” .7 A mesma tendência m arcio nista está evidente em Friedrich Delitzch (1850-1922), que foi uma figura importante na controvérsia Babel-Bíblia no começo deste século.s "Em raras ocasiões foi o Antigo Testamento sujeito a ofensa mais grave do que neste livro [The Great Deception].''9 O grande erudito do NT Emanuel Hirsch publicou um estudo sobre The OT and the Pre aching o f the N T em 1936, em que enfatiza a diferença fundamen tal entre o AT e o NT, na qual ambos os Testamentos são vistos num perm anente “ conflito antitético” .10 E m bora H irsch não dispense o AT do cânon cristão, seu acento recai distintamente sobre uma descontinuidade radical. H.-J. Kraus observa que “deve-se perceber com surpresa que Rudolf Bultmann, em seus ensaios sobre o Antigo Testamento, procura uma solução para o problema bíblico ao longo das m esm as diretrize s” .11 Não é tã o im portante se a postura negativa de B ultm ann a respeito do AT deve- se ou não à de clara ção da te nd ênc ia m arc ion ista 12 den tro dele. O im po rtan te é que ele busc a um a conexão entre os Testam entos no curso factua l da H istó ria.1-1M as B ultm ann de term ina esta conexã o de tal modo que a história do AT é uma história de fracasso. A apli cação da distinção luterana entre lei/evangelho e um tipo moderno de cristo m on ism o'4 leva-o a ver o AT como um “ nau frág io f Scheitern] 7 8 9 !0

Von Harnaek, M a rcio n , p. 221 e s. F. Delitzsh, D ie G rosse Tau sch u n g , 2 vols. (Stuttgart, 1920-21). J. Bright, Th e Autkori iy ofth e O ld Test ament (Nashville, 1967), p. 65. E. Hirsch, (Tübingen, 1936), p. 27. 59D eas83.A lte T esta m e n t u n d die P re d ig t d e s E van geliu m s 11 H.-J. Kraus, Geschiehte der historich-kritischen Erforschung des Alten Testa m e n ts (2 .a ed.; Neukirchen-VIuyn, 1969), p . 43 1 e s. 12 J. Bright, Th e Authuri ty o f the O T, p. 69-72; E. Voegelin, “History andünosis”, OTCE, p. (>4-89. que chama Bultmann de pensador gnóstico. C. Michalson, “Is the Old Testament the Propaedeutie to Christian Faíth?" OTCF, p. 64-89, defende B ultmann ferv oros amente contra t al acusação. 13 Bultmann . “ Prophecy and Fulfill m ent” , E ssays on O T H e rm en eu tics, ed. Clatis Westermann (Richmond, Va.. 1963), p. 73 (daqui para a frente citado como E O T H ). Cf. J. Barr, “The Old Testament and the New Crisis of Biblical Authority” , I n te rp re ta tio n 25(1971), p. 30-32.

14 Bultmann, in E O T H , p. 50-75; e OTCF, p. 8-35. Ver a crítica de G, E. Wright, e m Th e O T and Theo lo gy (New York, 1969), p. 30-38.

135

da História”, que somente através deste desastre se transforma numa espéc ie de p ro m es sa .'5 “ P ar a a fé cristã, o Anti go Testam ento não é mais reve laç ão, como o fora e ainda é p ar a os ju d eu s." Pa ra o crist ão, “ a história de Israel n ão é a histó ria da r ev ela çã o ".16 “ Assim, o Ant igo Testam ento é a pres supos ição do N ov o" ,'7 nad a m ais, nada menos . Bu ltm ann argu m enta pel a completa desconti nuidade te ológi  ca entre o AT e o NT. O relacionamento entre os dois Testamentos “ não é teol evant e empromissor a b so lu toprecisamente ".18 Não obstante, história tem,ogicamente segundo ele,relum carátcr por est a que, com o fracasso das esperanças concentradas no conceito da prom essa divina, no fracasso da autoridade de Deus e seu povo, torna-se clar o q ue “ a si tuação do hom em justi ficado só se ergue com base neste naufrágio \Sch eitem ]’ ’ Em r espo sta a este po sicion a mento, Walter Zimmerli perguntou corretamente se para o NT “as esperanças e a história de Israei são realmente simplesmente frus trad as ” . “ Não haverá cum prime nto aqui, mesmo em meio a fru stra  ções?” Eletransforma-se reconhece no claramente conceito pôde de “elevar fracassoa ou frustração meio peloque qualoBultmann mensagem de Cristo puramente para fora da História, na interpreta ção e x is te n c ia l..Z im m e rli sug ere, não sem raz ão, qu e o c on cei to de uma pura quebra da história de Israel tem que, necessariamente, levar a uma concepção a-histórica do evento de Cristo, a saber, a um “ novo mito de C rislo” .20 Ele assinala que h á um aspecto da f ru str a ção presente mesmo no AT, onde os próprios profetas rendem teste munho à libertação de Javé, para “legitimamente interpretar sua promessa seu cum prim , eo apara in terpretação [p or Javé] pode estar através cheia dedesurpresas, até ento mesm o próprio profeta” .21 W. Pannemberg observa que a razão por que Bultmann não encontra continuidade entre os Testamentos "está certamente ligada ao fato de ele começar c om as prom essas e sua estrutu ra, que p ar a Israel eram o fundamento da História... promessas que assim perseveram precisa ment e na m u d an ça ".22 A convicção de Friedrich Baumgãrt^l partilha com Bultmann a ênfa se sobre a desco ntinuidad e entre o s Testam en tos.2,1 Mas Baum15 Bultmann, E O T H , p. 73: "...o naufrágio da História se deve, na realidade, a uma promessa.” Ver, sobre isto, Barr, O ld and New in Interpretat ion, p. 162 e s. 16 Bultmann, E O T H , p. 31. 17 OTCF, p. 14. 18 P. 13. Cf. a crítica de W esterm an n, m E O T H , p. 124-128. 19 Bultmann, E O T H , p. 75. 20 ‘‘Promisse and Fulfillment’’, E O T H , p. 118-120. 21 P. 107. 22 Pannenb erg, “R edem ptive Event and Histo ry", E O T H , p . 325 e s. 23 F. Baumgartel, Verhei ss ung. Zu r Frage des evangelischen Verstándnisses des

A lte n T e sta m e n ts (Gü tersl oh, 1 952), p. 92.

136

yftitel não conse gue segui r a tese bultm an nia na de um frac asso total. F!r supõe um “pacto básico [ Grundverheissung ]” eterno.24 Todas as pio m essas (promissiones) do AT “ não tem realm ente nenhum a relevflin in pa ra nós ” ,25 exce to a ete rn a pro m es sa b ás ica {promissum ): “Eu si H1 0 .Senhor teu D eu s.” 26Ele ab an do na com pletam ente a pr ova d ap ro fç< t.i nm io inace itável p ara no ssa con sciê nc ia histó ric a. Além diss o, H>nini)>;tvtel vê o sentid o d o AT ap en as no q ue su a “ hi stó ria da salvação drMislrosa” inhao rel do igi hom a lei. t al, o AT
etieutical Prublem of t he O T ", E O T H , p. 151.

P. 151. 1S6. P. 1 35; c f. ThLZ, 86(1961), p. 806. P .15 6 . Pannenberg, E O T H , p. 326. "Ob servaçõ es Sob re a s T eses dc Bultmann e Ba um gãrtel” , E O T H , p. 133. “Ve rheissung” , E vT h , 13 (1953), p. 410. Ver também a crítica incisiva de Gunneweg, Z T h K 65 ( 1968), p. 398-400. 34 L. S chm idt, “ Die E inheit zwischeu Alten und Neuen Testam ent im Strei t zwis chen Fri edri ch B aum gãrtel und G erha rd v on R ad” E vT h 35 (1975), p. 119-138. ,15 E sp . p. 135 e s. 3 6 D as A T a h B uch d e r K ir c h e , p. 82. .'7 .'K 30 31 32 33

37 " l he Evaluation

and Authorit y of the O T T ex ts” , E O T H , p. 308-313.

137

Hesse pron un cia as mais adeq ua da s rest rições t eol ógi cas ao AT, com base em que certo s dados históricos suposta m ente não com binam com os fatos.38 Logo, o AT só pode ter algum significado para os crist ãos ac ena ndo em direção à sal vação que se en co ntra no N T .39 A crítica contra Baumgârtel também se aplica a Hesse. Não será suficiente, como aconteceu tantas vezes no caso de F. D. E. Schleierm ac he r40 ed ain da de acocum nteceprim comento B audamprofeci gâ rte l41a,e ex Hecet sseo,42 dis cuum tira os gum entos o NT, como apoa r  log ia antijuda ica, rel evant e a pen as pa ra o período do N T .43 Ê um erro acreditar, como Bultmann, que o significado da “prova da Bíblia” tem como propó sito “ prov ar” o que só pode ser alcançad o p ela fé ou abordar e criticar o método de citações do NT do ponto de vista da m oder na crítica liter ária .'' 4 C on tra esta posição limitad a, deve-se sustentar que as citações do NT pressupõem a unidade da tradição e indicam palavras-chave e temas e conceitos de importância, a fim de record um contexto mais dentro do AT. 2. arDesvalorização d oam N Tplo / Supervalo rização do A T . Do outro lado do espectro estão as tentativas que postulam uma desunião ou descontinuidade entre os Testamentos, supervalorizando o AT, em detrimento do NT. Alguns eruditos transformam o AT em todoimportante teológica e historicamente. O falecido dogmatista holan dês A. A. van Ruler tentou colocar o AT em um nível superior ao do NT, no que diz respeito ao pensam ento e do utrina cristãos. A tese de van Ruller se resume nestas frases: “O Antigo Testamento é e perm aneceexplanatório a verdadeira[Wõrterverzeichnis]’’.46 B íblia” .45 O NT nadaEmmdialética ais é que o seu “glossário estrita, “o Novo Testamento interpreta o Antigo Testamento, do mesmo modo qu e o Antigo o Novo” .4’ O interess e ce ntral em toda a Bíbli a não é a reconcili ação e a redenção , m as o reino de De us. Po r isso o AT é de especial importância; traz legitimidade, fundamentação, inter preta ção, ilustração, histo ricid ade e escato lo gic id ade.48 Van Ruler, desse modo, reduz a relação entre os Testamentos ao denominador

38 39 40 41 42 43 44 45 46

P. 293-299. P. 313. The Christian Faiih (2 vo)s.; New York, 1963). Verhnissung, p. 75 c ss . D a s A T ais B u rh d e r K ir c h e , p. 82 e ss. Pannenberg. E O T H , p. 324. Bultmann, E O T H , p. 50 -55 e 72-75. Van Ruler, The Chri st ian Church and the O T , p. 72. P. 74, nM 5.

47 P. 82. 48 P. 75 98.

138

espiritua l único do reino de D eu s,49 lendo o AT u nila ter alm en te, sem reconhecer a d iferença en tre teocracia e esca tolog ia.50 Em vista da superioridade dada ao AT por van Ruler, cabe aqui considerarmos um ponto importante em seu argumento. No seu segundo capítulo é tra ta d a a seguint e questão: Será que o AT so zin ho já vê Cristo? Ao tra ta r desta questão, van Rule r é essencialm ente crítico iti uatura. Dá proeminência ao que enfatiza a descontinuidade 110 AT o entre os Testamentos. Um dos pontos principais é que Messias é um homem, no NT, o próprio Deus; conseqüentemente, a deidadc de Cristo não pode se srcinar do prim eiro .’1 Um a das noções prin cip ais de todo o livro se resum e no seguin te enuncia do: “ Se posso dizê-lo em poucas palavras, Jesus Cristo é uma medida de emergência que Deus adiou o máximo possível (cf. Mateus 21:33-46). Logo, não temos que tentar encontrá-lo completamente no Antigo Testamento, muito embora como teólogos cristãos investiguemos o Antigo Testa men to em direção a D eu s.” 52 J. J. Stam m assinalou que v an Ruler relata os fatos do AT inacurada e impropriamente, por causa do co ntra ste .53 É corre to que van R uler le va em co nta so mente a natureza do rei israelita, e não, ao mesmo tempo, a posição autoritá ria relacionada com o ofício. Se se toma em consideração também a natureza autoritária do ofício, “pode-se, então, certamente, dizer simplesmente que no AT e no NT o Messias é divino, ali, per adoptionem , aqui, ex srcine”.5* Van Ruler não encontrou nenhum seguidor, ao chamar Jesus de meramente “uma medida de emergên cia de De us". Outro teólogo sistemático holandês que tende a transformar o AT em tod o-im po rtante é K. H. M isko tte.55 E m bo ra com pare o AT com o NT, através do esquem a le i/evangelh o, som bra/realidad e e prom es sa/cu m prim ento, ele sustenta que o AT contém um “ exc esso” contr a o NT. O “excesso" do AT expressa-se em quatro pontos, sobre os quais o NT é praticamente silente: ceticismo, revolta, erotismo e política. E m bora a religio sid ade e a ética do AT contenham elementos de alegria de viver, de apreciação dos bens mundanos, que parecem por demais atraentes homem moderno, a ética cristã , que sim ples mente estabeleceria os aovários aspectos da teocracia ou costumes matrimoniais do AT como o padrão ao qual o homem moderno ou a Igreja teriam que se adaptar, sem compará-los com a cruz de Cristo, 49 50 51 52 53

P. 95-98. V erT h. C. Vriezen, “T heocracy and So ter iot ogy” , E O T H , p. 221-223. Van Ruler, The Chri st ian Chur ch an d the O T, p. 51 e s. P. 69. J. J . Stam m , “Jesus Chris t i n t he Old T estam ent", E O T H , p. 200-210.

54 P. 208. 55 K. H. Miskotte,

When the Gòds are

Silem

(New York, 1967).

139

evidentemente fracassaria em seu dever. Podemos concordar com a declaração de Th. C. Vriezen de que “a Cruz não é simplesmente um elemento da mensagem bíblica, mas uma fonte de luz no centro, que lança sua graç a sobre todos o s outros ele m en tos .. ." 56 O erudito bíblico reformador W. Vischer se sobressai entre os teólogos bíblicos por sua adoção de uma abordagem cristológica completa do AT.57 afirma que a Bíblia, inclusive o AT, tem que ser interpretada à luzEle de sua verdadeira intenção, seu tema verdadei ro. Este tema verdadeiro é Cristo: “A Bíblia é a Escritura Sagrada somente na medida em que fala de Cristo Jesu s.”6* Vischer, logo, interpreta o AT por seu testemunho de Cristo. Ele acha que o AT oferece, em todas as suas partes, testemunhos de Cristo — não no sentido de que ele deva ser diretamente encontrado no AT, mas no sentido em que o AT, em todas as suas partes, aponta para ele e sua crucificação. Vischer explica que o AT nos diz o que Cristo é e o NT quem ele é.59 Se não entendermos que oo Cristo.60 Cristo do AT é, nunca reconheceremos e confessaremos Jesusocomo Com base nestes princípios, Vischer oferece interpretações total mente cristológicas do AT. Ele afirma que o AT, como um todo, não só apon ta para Crist o e lhe dá testem unho , mas que em cad a m íni mo detalhe o olho do crente pode reconhecer Cristo. “Não entendemos um a única palavra em toda a Bíbl ia s e não encon trar m os Jes us n est a palavra” .61 As pala vras “ H aja lu z" (G ên. 1:3) se referem à “gló ria de Deus n a fac e de C risto” .62 O sinal de C aim , em Gên esis 4:15, é a cru z.6-’ Oe pa tria rc ressurreição.64 a Eno qu e e suaA ascensão ap que on tam p a ra a ascensão de Jesus anterior profecia de Jafé “habitaria nas ten das de Sem ” é cu m pr ida n a igreja dos gentios e dos ju d eu s. 65 Falando da Presença noturna com quem Jacó lutou no Jaboque (Gên. 3 2), Vischer pe rgu nta quem era essa pessoa e responde que era Jesus Cristo.66 Vischer tem sido alvo de muitas criticas, até de críticas injustas e desdenhosas. Ele acha que uma exegese puramente histórica do AT não é suficiente, pois faria do AT um documento de uma religião 56 Th. C. Vriezen.

1970), p. 98.

57 58 59 60 61 62

A n O u tlin e o f O ld T e s ta m e n t Theology (2,fl ed.; Newton, Mass..

W. Vischer, Th e W it nes s o f the O T t o C hrist , 2 vols. (Filadélfia, 1949). Vo l. 1, p. 14. P. 7. P. 12 e 26 Vischer, conform e citado por W. Hertzberg, ThLZ 4(1949), p. 221. Vischer, T h e TViVflayjo f th e O T to C h r ist , I, p. 44.

63 P. 75 e s. 64 P. 87 e s.

65 P. 104 e s. 6 6 P .15 3 . 140

antiga e de pouca relevância aparente para os cristãos. Vischer é conhecido como um erudito extremamente competente, que insiste numa abordagem histórica e filológica da Bíblia.67 Há muitas coisas, na abordagem de Vischer, que não deveriam ser rejeitadas tão facilmente. Ao mesmo tempo, Vischer dá a impressão de que extrapolou em algumas limitações de sua abordagem, Ele escreve: “A história da vida de todos estes homens[do AT] são parte de sua Ide Jesus] história. Logo, são escritas com pouco interesse biográfico para com os indiv íd uos. O que está escrito sobre eles está , na realidade, escrito como uma parte da biografia daquele por intermé dio de que m e em direção a qu em eles vivem.” 68 Par ece que V ischer .sente-se numa posição de reconstruir uma biografia de Jesus a partir do AT. Se isto fosse possível, seria difícil perceber por que o AT fala em primeiro lugar de Abraão, Moisés, etc. Por que não fala logo de Jesus? Falaria dele apenas de uma forma misteriosa? Vischer inter preta o AT consiste nte m ente ao la do NT. Será queuma ele priv a o AT devaseu próprio testemunho distinto? Nãodohaverá também corrente de vida fluindo do AT para o NT? Não obstante, podemos concordar com John Bright que “Vischer certamente merece agrade cimentos por estar entre os primeiros a nos lembrarem que não podemos nos contentar com um a com preensão puram ente histó ric a do AT , mas devemos te n ta r vê-lo em seu significado cr is tã o ".69 A tendência em direção ao marcionismo, com sua ênfase sobre a descontinuidade e a desunião entre os Testamentos, está totalmente presente A. H arnack, que oreivindicou dispensa do AT, e em Friedrich em Delitszch, para quem AT era uma livro não-cristão. Uma tendência marcionista atenuada manifesta-se em E. Hirsch, para quem os Testa m ento s encontram -se num “ conflito antité tic o” entre si, e, em m enor grau , em B ultm an n, B aum gãrtel e H esse.70 O extremo oposto transforma o AT em todo-importante histórica e teologicamente para os crentes. Aparece numa variedade de formas em van Ruler, Miskotte e Vischer. Em outras palavras, de um lado estão aqueles que acentuam a diversidade entre os Testamentos até o 67 Á metodologia exegética de Vischer fo i recentemente dem onstrada clar am ente em sou “La Methode de 1'exegese biblique", R evu e d e ih eolo g ie et de p h ilo so p h ie 10 (1960), p. 109-123. 68 W. Vischer, D ie B ed e u iu n g des A T f iir das ch ris tlich e L eben (Zurique. 1947). p. 5. 69 Bright, The Au thority o f the O 7\ p. 88. 70 Os seguintes estudos criticam esta posição a partir de perspectivas bem diferen tes: U. Mauser, G ottesbil d und Menschwerdung. Em e Unters uchung ztir Einhci t d es A lte n und N enen T e sra m em s (Tübingen, 1971); G. Siegwalt, L e L o i. chemin du Su/u t. È iu d e su r ía xigni.fico.tion d e la kn d e T A T (NeuehâteL 1971); W. Zimmerli. D ie W eh lic h k e it des A T (Gõ ttingen, 1971); J , D . S m arí, The Stran-

g e S ilen ce o f th e B tb le in th e Church (Londres, 1970); J. Bright, th e 0 7 ’(Nashville, 1967) , p. 58-79.

The Authority of

141

ponto da tota l desuniã o e com pleta descontinuid ade entre o AT e o NT, enquanto do outro la do estão aqueles que supervalorizam o AT e relegam o NT a segundo plano. A ênfase cristológico-teocrática de van Ruler e Vischer, por exemplo, propõe dificuldades especiais, porque am plific am e elimin am virtu alm ente as m ultip licid ades de testemunhos bíblicos. Sofrem de um reducionismo da multiplicidade do pen sam ento do AT, o que s e torna sim plesm ente um pálido reflexo do Messias por vir. Aqui o brado, de certa forma agudo, do “cristom on ism o” 71 tem um objetivo. G. E. W rig ht, J. B ar r e R. E. M urp hy 72 enfati zam a ab ordagem trinitária, que v ai ao encon tro das necessida des de delinear melhor a relação entre os Testamentos. Esta aborda gem preserva o sensus literalis do testemunho do AT e evita o desenvolvimento de um método hermenêutico baseado simplesmente no uso feito pelo NT dos textos do AT. Uma vez alcançado o verdadeiro significado de Cristo dentro do contexto da Trindade, pode-se, entã o, dizer que Cristo é o destin atário e, ao mesmo tem po, o guia para a verdadeira compreensão do AT. W. Vischer colocou uma vez a questão, que permanece critica: "Estará correta a inter preta ção que lê todo o A T com o um te stem unho do M essias Jesus, ou será que v iola os escrit os do A T? ” 71 L. G op pe lt ap on tou p ar a o po nto critico com exatidão ao assinalar que “o tema de Cristo e do Antigo T esta m en to... é um a questão-chave pa ra a t eologi a co mo um todo ” .74 Nenhum teólogo cristã o pode evitar esta questã o.

B. Padrões dc Unidad e e Continuida de No começo de nossa discussão, levantamos a questã o a respeito de devermos ou não ler a partir do AT para o NT, ou do NT para trás, 71 WriglU. Th e O T und Thenl ogy, p. 13-38. Ele protesta contra a resolução do con flito entre o AT e o NT em termos de um “Novo tipo de monoteísmo baseado em Cristo” ("Historical Knowledge and Revelation", U nderstanding an d Trans lat ing th e O T , p. 302). 72 Wrighl. IJndvrsiu ndin g a n d Tr un.síatinf: th e O T , p. 301-303: Barr, O ld and Ne w in Inlerpretuiion , p. 151-154; Murphy, Theolo gy D igesl (1970), p. 327. 7 3 Christitszvugnis. p. 32. Naturalmente. Vischer dá uma resposta afirmativa à questão. E le desig na J esus com o o “ signif icado oc ulto dos eserilos do A T" (p. 33) . Em sen livro D ie H edeutu n g d e s A T f i i r d as ch ristlich e L eben (Zurique. 1947), p. 5, ele escreve: "Todos os movimentos de vida a que se refere o AT movem-se dele [Jesus] c em direção a ele. As histórias da vida de todos estes homens são part e da históri a de sua vida. Logo, são escritas com tão peq uen o interesse biog rá fico pelos indivíduos. O que se escreveu a respeito deles é, na realidade, pane da biografia daquele por meio de quem e para quem vivem." Isto significa que não poderíamos reconstituir uma biografia de Jesus a partir do AT. Se a posição de Vischer estivesse correta, seria difícil perceber por que o AT fala em primeiro lu gar a respeito de Abraão e Moisés. Por que não fala logo de Jesus e por que só

dele de forma tãoogi “ocu 74 L.fala Goppelt, Theol e de s Nlta"? T (Goitingen, 1976), II. p. 388.

142

íiti- <1 AT, ou, reciprocamente, do AT para o NT e do NT para o AT. Muitos teólogos famosos têm-se dirigido a esta questão. Como exemplos, podemos citar H. H. Rowley, que nos lembra que o "Antigo Testamento olha continuamente para a frente, para algo ulóin de si mesmo; O Novo T estam ento olha con tinu am en te p ar a trás, liara o A ntig o".75 Dois do s mais famosos teólogos do A ntigo T es ta mento deste século têm afirmado que ambos os Testamentos ilumi nam um ao outro em suas relações mútuas. W. Eichrodt declara: "Hm acréscimo a este movimento histórico do Antigo Testamento para o Novo há um a corrente de vida que flui em direção inversa, do Novo T esta m ento p a ra o Antigo. E ste relacio nam ento reverso também esclarece o significado total do domínio do pensamento do Antigo Testamento.”7®Semelhantemente, G. von Rad acentua que o conte xto m ais am plo do A T é o NT, e vice -ve rsa .77 H. W . Wolff sug ere que “ o signif ica do total d o Anti go Tes tam en to” é “ rev elado no Novo T estam ento” .78 Este s estudiosos apo ntam p a ra um a rela ção recíproca entre os Testamentos. H. H. Rowley lembra-nos que “existe uma unidade fundamental, de modo que, com toda sua diversidade, eles [os Testamentos] se pertencem um ao outro tão intima m ente que o Novo Testam ento n ã o - pode ser com preendido sem o Anti go, nem pode o Antigo Testamento ser compreendido totalmente sem o N ovo”.79 Está claro que a ênfase destes teólogos está colocada sobre as chaves internas, que abrem as portas de ambos os Testamentos. O AT parece um corpo sem membros sem o NT e o NT é um prédio que não tem alicerces sem o A T .80 Não é nosso propósito oferecer um esquem a am plo das vária s linhas 75 H. H. Rowley, The U nit y o f the Bib le , p. 95. 76 W. Eichrodt, The ol ogy of t he O ld Test ament (Filadélfia, 1961), I, p. 26. 77 G. von Rad, (Edimburgo, 1965), II, p. 369 (daqui para Old Testament Theology {rente citado como QTT)\ "O contexto mais amplo dentro do qual temos que colocar os fenômenos do Antigo Testamento, se devem ser significativamente apreciados, não é, contudo, um sistema geral de valores religiosos e ideais, mas o limite de uma história específica, que foi posta em movimento pelas palavras e atos de Deus e que, como o vê o Novo Testamento, encontra sua meta na vinda de Cristo, Somente neste evento vale a pena procurar pelo que é análogo e compa rável. E é tão-somente neste modo de encarar o AT e o Novo Testamento que as correspond ências e analogias ent re o s dois aparecem sob luz próp ria.” 78 H. W. W olf f, "The Herm eneuti cs of th e Old T estam ent", E O T H , p. 181. 79 Rowley, The Unity of the B ible, p. 94 (o grifo é dele). 80 Entre os estudos ligados ao assunto da unidade dos Testamentos, os seguintes oferece m u m a contribuição especial , em acréscimo aos citados nas notas n .° 2 e 70 deste capítulo: A. S. B. Higgins, The Christi an Signifi cance o f the O T (Londres, 1949): P. Auvray et al.. L'AT et les chrétiens (Paris, 1951); F. V. Filson, ‘‘The Unit y of the Q T and the NT: A Bibliographic al Surve y". I n te rp re ta tio n 5 (1951), p. 134-152: H. H. Rowley, The Unity of t he Bible (Londres. 1953); D, E. Nineham, ed., The Chu rchs Use of t he Bible (Londres, 1963); H. Seebass, "Der Bei-

Wart und Dienst trag des AT ztim Entwurf einer biblischen Theology", p. 20- 49; H. Ca zelles, ‘‘Th e Unity of the B ible and the Peop le of God" ,

8 (1965), Scriptu143

de conexão para as quais a erudição bíblica tem apontado nas rece nte s dis cuss ões. Limit ar-nos- emos aos padrõ es de u nidad e den tro da diversidade, que, em nossa opinião, são os que m ais se sobressae m e os mais promissores nas discussões acadêmicas atuais. Tudo isto reflete u m a reciprocidade esse ncia l entre os Testam entos. 1. Conexão H istórica . Enquanto tentam chegar a um acordo na questão da unidade entre ambos os Testamentos, os eruditos geral mente enfatizam a natureza histórica da história essencial da Bíblia. A marca comum do AT e do NT é a história contínua do povo de Deus. O AT é visto como um a pre pa raçã o históri ca pa ra o NT. A H is tória é proe m inente n a Bíbl ia. O intere sse prim ário na Bíbl ia é a açã o de Deus em nome da redenção de seu povo e suas nações. Assim, a unid ade entre o AT e o NT re sulta do fato de que a B íbl ia s e pre ocu pa “ inteiram ente c om Deus e com seu tratam en to com a h um an ida de ” 81 por meio de um e mesmo Deus trin o, que está presente e ativo na história do antigo Israel, em Jesus Cristo e na vida guiada pelo Espíri to e testemu nho da Igreja d o NT. Para o antigo Israel, esta história é o contato com o seu Deus. “A própria idéia de que a História é um processo com início, meio e fim é src inária de I sra el.” 82 É o pro pós ito e a vontad e de D eus que unificam o processo histórico. A carreira histórica de Israel ê conduzida pela vontade de Deus para cumprir seus desígnios. Estes desígnios são cada vez mais descobertos durante os tempos do AT e do NT. O Israel espiritual está em linha direta de co ntinuidad e com o Israel Temporal, estando o primeiro ligado ao segundo, comparti lhan do das m esma s m etas e obje tivos. 2. Dependência E scriturai. U m a das li gações t eológi cas entre o AT e o NT são as citações no NT de passagens do AT. Vários teólogos se ref erem a esta conexão co mo “ prova esc riturai” .83 Tem -se enfatizado que a “idéia da prova é im po rtante po rqu e as cit ações estão colocad as no contexto de um argu m ento e s ão feit as co mo pa rte da prom ulgação re 18(1966), p. 1-10; F. N. Jasper, “The Relation of the OT to the New", E x p ository T im es 78 (1967/68), p. 228-232 e 267-270; F. Lang, ‘‘Christuszeugnis und bibli sche T heologie” , E vT h 29 (1969), p. 523-534; A, H. van Zyl, "The Relation D a s A T ais B uch Bet ween O T and N T ” , H erm en eu tica (1970), p. 9-92; M, Kuske, mm C h risiu s (Gôttingen, 1971); S. Sidel, “Da.s A!te und das NT, Ihre Versehiedenh eit und E inhe it’ ’, Tüb ingerPrakti sche Q uartal schrif i , 119(1971), p. 314-324; J. Wenham, Christ and the Bible (Chicago, 1972); F. F. Bruce, The N T Deve lopm ent of O T Themes (Grand Rapids, Mich., 1973); Harrington, The Path of B ib lic a l T h eolo gy (Dublim, 1974), p. 260-336. 81 F. V. Fílson, “The Unity Between the T estam ents” , The Interpreter's One-Volum e C o m m e n ta ry on th e B ib le (Nashville, 1971), p. 992. 82 J. L. McKenzie, “Aspects of Old Testament Thought", The Jerome Bihlieal Commentary, eds. R. E. Brown, J. A. Fitzmvere R. E. Murphy(Englewood Cliffs, N. J., 1968), p. 755.

83 Sobre o todo, ver R . T. Fran ce, Jesus a n d th e O ld T e s ta m e n t (Londres, 1971). 144

' I'' eva nge lho” .04 O fato e o núm ero destas citações pod em ser Im ilmente o btidos folhean do-se o NT grego de N estle-A land, que marca 257 pass agen s como citações ex plícitas .85 I po nto de vist a histórico -crítico m ode rno , alg um as dessas cita>,>Vs não estão de ac ord o co m o sign ificado a pare nte m en te r eco lhido ilus lextos do AT. Isto tem levantado sérias objeções contra a visão de uma linha de ligação legítima os Testamentos >>.is mútuas. Certamente, as entre citações do AT feitasem no suas NT referênrequerem uma investigação mais completa. É difícil aceitar a idéia de uma i ' Irrencia esc riturai a rb itrá ria somen te c om a finalidad e de obter muierial p ar a ilustraçõe s.86 Não podem os co nco rda r com B ultm ann , i |\ h - diz que o uso do AT pode ser melhor explicado como uma projeção das convicções dos escritores do N T .87 A solução segundo a qual o uso que o NT faz do AT pode ser explicada em termos de .immodação à técnica dos métodos de exegese rabínicos conirm po rân eo sentre só oé objetivo útil atée ocerto o nto .88 Esterabínicas po nto e de de vist a náu distingue escopop das exegeses <.>umran, por um lado,89 e a perspectiva sem igual do uso que o NT Ia/. do AT, p or ou tro. P. A. V erhoef assinalou que “ co ntra as opi niões críticas afirmamos que o Novo Testamento, ao citar o Antigo Testa ment o, em nenhum lugar pressupõe um a fenda funda m ental entre o s Testamentos” .90 Ist o correspon de totalm ente à a ceitação do cânon de ambos os Testamentos pela Igreja Cristã. É verdade que as referên cias ao AT não foram feitas de modo sistemático, mas isto não diminui oVocabulário. significado de Um um aprocedimento 3. ou tra li nha de de citações cone xãoextensivo. entre o s Testamentos sc enco ntra na relação do voc abu lário ou pa lav ras d a B íblia .91 Jesus 84 Verhoef, "The R elati onship Between t he Old and t he New T estam ent” . p. 28 2. 85 R. Nieole. "New Testament Views of the Old Testament”, R evelati an a n d the B ib le , ed. C. F. Henry (1958), p. 137, conta pelo menos 295 referências dis tintas. das quais 224 são citações diretas, apresentadas por meio de uma certa fórmula definida. K. Grobel, “ Q uotations” , I DB (Na shvill e, 1962) , III, p . 977, escreve que o AT “é explicitamente citado somente 150 vezes e tacitamente umas 1. 100 vez es m ais” . D as “Prophecy A lte T e staand m e nFulfillment”, t ais B uch d e r K ir cEhOe T, p. 86 Hesse, 87 R. Bultmann, H 38. , p. 50-75, que foi criticado por C. Westermann, E O T H , p. 124-128. 88 E. E. Ellis. Pau l's U se o f th e O ld T e sta m e n t (Grand Rapids, Mich., 1957), p. 143; ver o estudo detalhado de R. Longenecker, B ib lic a l E xegesis in th e A p o sto lic P erio d (Grand Rapids, Mich., 1975). 89 F. F. Bruce. B ib lica l E x egesis in th e Q u m ran T exts (Grand Rapids, Mich., 1959), p. 66-77; R. H. Gundry, Th e Us e of the Old Testament i n St . M ath ew s G ospel (Leiden, 1967); J. A. Fítzmyer, “The Use of ExpHcit Old Testament Quotations in Qum ran and in t he New T est am ent", N T S 7 (1960-6 1), p. 297-333. 90 Verhoef, “The Relationshi p Between t he Old and New T estam ent” , p. 284. 91 Ist o é partic ularmente acentuado por J. L. M cK enzie, "Aspects of O T T ho ug ht” ,

The Jerome Biblical Commentary N .J ., 196 8) , p. 767.

, eds. R. E. Brown,

et. aI. (Englewood Cliffs,

145

e os apóstolos usavam termos familiares. Em outras palavras, a linguagem teológica que Jesus e os apóstolos usavam era a linguagem conhecida por eles e por seus ouvintes. Esta linguagem impregnada teologi cament e era produ to d e longa tradição. "Sem um em basam en to do AT e da fé israelita, a mensagem de Jesus teria sido ininteligí vel.” Reconhece-se que “quase toda palavra-chave teológica do Novo Testamento provém de alguma palavra hebraica que teve uma longa história de uso e de desenv olvi mento no Antigo T es tam en to” .92 A erudição tem dado m uita atenção à investi gação do hist óri co das pala vras do NT e suas origens no A T .93 Há vários modos de apareci mento das palavras. Finalmente, cada contexto individual determina o significado neste mesmo contexto. Não obstante, a variedade de usos de palavras únicas esclarece bastante as ordens semânticas do significado. Há muito poucas palavras-chave no AT que não tenham sido enriquecidas no NT. Apesar de sabermos que a mesma palavra expressa diferentes significados, não existe apenas uma palavra para cada idéia ou tema distintos. Teremos que alcançar a linha de conexão entre as “palavras gregas e seus significados hebraicos”,94 isto é, e nt re o A T e o NT. 4. Temas. J. B right a val iou a u nida de dos tem as teol ógic os bási cos do AT e do NT da segui nte m aneira: “C ada um dos mais im portan tes temas do AT tem seu correspondente no NT, e é de algum modo retom ado e respo ndido ali.” 95 Po r meio deste fato, constrói- se um a ponte herm enêutica entre os Testa m ento s, que nos perm ite o acesso a cada um dos text os do A T e define p ar a nós o proce dim ento a segui r, na tentativa de int erpretá-los em seu signif icado cri stão. É imposs ível fornecer um a lista d os m uitos tem as que ligam os dois T esta m en tos.96 Pensa-se de im ediato em criação , p rom essa, fé, eleição, justiça, amor, pecado, perdão, juízo, salvação, escatología, messianismo, povo de Deus, remanescente e muitos outros. Um dos temas que recentemente foi acentuado por dar expressão ao relacio nam ento en tre os Te stam ento s é o pa cto (ou pro m essa divina ).97 Mas mesmo o tema do pacto como tema simples não possui a chave 9 2 I b id . Tkeulogieal Dictiunury of the New Testament 93 G. R. Kittel e G. Friedrich, eds., (1962-1975), 8 vols.; L. Coenen et. ai., Theologisckes Begriffsiexikon zun> Neuen Testument (3.a ed.; Wuppertal, 1972), 3 vols.; X. Leon-Dufour, D ic tiu n ury o f B ih liea l T h eology (New York, 1968); C. Brown, ed., The New Internacional Diction ary o f N ew T e sta m e n t T h eology (1975 -78), 3 v ols . 94 D. Hill, Greek W ards an d H ebrew M eani ngs: Studies in the Sem antic s of Soter iological Terms (Londres, 1961); idem, B ih lie a l W ords f o r T im e (Londres, 1962). 95 Bright, The Au thority o f the OT> p. 211. 96 J, Guillet, Themes o f the Bibl e (South Bend.. 1960); F. F. Bruce, N e w Testament D e v e lo p m e n t o f O ld T e sta m e n t T h em es {Grand Rapids, Mich., 1969). 97 Fensham, "The Covenant as Giving Expression to the Relationship Between Old

and New T estam ent” , p. 86-94. 146

ilomada que revela todos os mistérios da relação entre os Testa mentos. 5. Tipologia. Um modo proeminente de ligar os dois Testamentos win ;io outro é o estudo das pessoas, instituições ou eventos no AT em '.eu relacionamento tipológico com o NT.98 Numa tal perspectiva, os 111>i>s de scr itos no AT s ão vistos com o mod elo s ou pr ot ót ip os de pessoas, instituições ou eventos no AT. A tipologia se desenvolve ao Inngo de linhas verti cai s e h o riz o n tais ." A discussão sobre a tipologia recebeu uma nova força de W. r u hro dt100 c de G. von R a d .101 E ich ro dt usa a tip olo gia “ como desi gnação de um modo pe culiar de v er a Histó ria” . Os tipos "s ão pessoas, instituições e eventos do Antigo T estam ento , que são vistos como modelos divinamente estabelecidos ou pré-representações das realidades correspondentes na história da salvação do Novo Testa m en to” .102 Sua exposição pare ce con co rda r com as opiniões trad icio  nais do cristianismo antigo. Mas suas opiniões divergem das de von Kad, cuja premissa básica é que o “Antigo Testamento é um livro de I n st óri a” .103 É a h istó ria do povo de De us e d as ins tituiç õe s e profecias dentro dele, que fornecem os protó tipos p ara os antítipos do NT dentro do dom ínio to ta l da História e da escato lo gia .104 Von R ad está amplamente fundamentado, como se pode inferir por haver relaci onado Jo sé a Cris to co mo tipo pa ra an títip o .'"5 Alguns eruditos rejeitam completamente a abordagem tipológic a .106 Contud o, a im po rtân cia de sta ab ord ag em tipológica não deve 48

99 10 0 101 102 103 104 105

Entre a literatura principa l sobre o assun to da tipolog ia e. sl ão os segu intes: t.. Goppelt, Typt js : Die typotogi sche D eutung des Alten Testam ents (2.a cd.. Darmstadl, 1966),• idem, "Tvpos", Thei ihi gi eal Dicti onary o f the New Testam ent 8 (1972), p. 246-259; A. Schultz, Nachfolgen Und Nachahmen (Munique, 1962), p. 309-331; Ellis, PuuTs U se o f th e O T , p. 126:139; Lurcher, L u e tu a lité ckret. de !'AT, p. 489-513; G. W. H. Lampe e 1. J. Woolcombe, E ssays on T yp olo gy (Londres, 1957); P. Fairbaim, (Grand Rapids, Mich., The Typology of Scripture s. d.) ; W . Eichrod t, “ Is T ypo logical Exegesis an Appropriate M ethod?" EOTH . p, 224-245; G . von Rad "Typologyc al Interpr etat ion of the Old T estam ent” , E O T H , p. 17-39; idem, Old Testament Theology, II, p, 364-374: P. A. Verhoef, ■ 'So me Notes on Typ ologic al E xegesis” . N ew L ight on S om e O T P ro b le m s (Praetoria, 1962), p. 58-63; H, D. Hummel, “The OT Basis of Typological Interpretation'\ B ib lic u l R esearch 9 (1964), p. 38-50; J. H. Stck, “Biblical Typology Yesterda y and T oday” , Calvin Theological Journal 5 (1970), p. 133-162; N. H. Ridderbos , "T ypologie” , Vox Theologica 31 (1960/61), p. 149-159Hu m m el. '' The OT Basi s of Typological Interpretati on” , p. 40-50. "I s T ypo logical Exegesis an Appropriate Method"? E O T H , p. 224-245. "Typ ological Int erpretation of the N T ” , E O T H , p. 17-39; OTT, II, p. .364-374. E O T H , p. 225. E O T H , p. 25; cf. OTT, II, p. 357. OTT, II, p. 365. OTT, II, p. 372.

ThLZ 86 (1961), p. 809-897e 106 F. Baumgãrtel, 901-906.Review R. Lucas, of Method in OT Hermeneutics”. (1966), p. 35; ''A tiThe Dunwoodie 6 “Considerations

147

ser negada, quando não é desenvolvida num método hermenêutico aplicado a todos os textos como se fosse uma varinha de condão. A correspondência tipológica tem que ser rigidamente controlada, com base no relacionamento direto entre vários elementos do AT e seus correlativos do NT, a fim de que opiniões pessoais fortuitas não se insin uem na exe ges e.107 Deve-s e ter m uito cu ida do p a ra nã o c air n a armadilha de aplicar a tipologia como o único plano teológico defi nido pelo qu al se estabelece a unid ad e dos Te stam ento s. A defe sa da unidade tipológica entre os Testamentos não está primariamente interessada em encontrar uma unidade de fatos históricos entre os protó tipos do AT e sua co n trap artid a do N T ,108 em bora isso não deva ser totalmente negado. Ela preocupa-se mais em reconhecer a conexão em termos de uma semelhança estrutural entre tipo e antítipo. Ê inegável que a analogia tipológica começa com uma relação que ocorre na História. Por exemplo, a analogia tipológica en tre Moisés e Cristo em II Coríntios 3:7 e ss. e He bre us 3:1-6 começa com um a relação que ocorre na H istória; mas o int eress e não está em todos os detalhes da vida e do ofício de Moisés, e. sim, primariamente em seu “ministério” e “glória”, na primeira passagem, e em sua “fidelidade" enquanto líder e mediador na dispensação divina, na segunda passagem. É igualmente verdadeiro que o antítipo do NT va i além do tipo d o A T ."’9 M esm o send o corre to, pelo men os a té certo ponto , que o curso da história que une tipo e antítipo ressalta a diferença entre eles, enquanto a conexão é primariamente descoberta em sua analogia estrutural e correspondência, isto não deve ser usado como argum ento c on tra a tipol ogia, a n ão ser que ela se ja vista ape nas em termos de um processo histórico,"0 O meio conceituai da correspologia sc ressente da /alta daquele critério que estabeleceria tanto sua limitação como sua validade... É uma teologia dos textos bíblicos. Deixa para trás o Antigo Testamento, em última análise, e descobre seu significado fora e além de seu tes temunho histórico.” Murphy, Theology Digest 18 (1970), p. 324, ach a qu e a tipo log ia não ( em criat ivi dade suficiente para as possibilidades da teologia e , em com paração com a i gre ja pri mitiva, “ é si m plesm ente me nos atraent e ao temperam ento moderno”. Ver também Barr, Old and New in Interpretation, p. 103-148. que não d esej a separar a tipologia da alegoria. 107 Ver também, a respeito de um uso apropriado da tipologia, as observações de H. W. Wolf, “The Hermeneutics of the OT", E O T H , p. 181-186; e Vrezen, A n O u tl in e o f O T T h eo lo g y , p. 97 e 136 e s. 108 Von Rad, E O T H , p. 17-19, advoga que a abordagem tipológica procura "readqui ri r referê ncia aos f atos atestados no Novo Testa m ento" , isto é, d escobrir a cone xão no processo histórico. 109 Eichrodt, E O T H , p. 225 e s. 110 Ê aí que Pannenberg, E O T H , p. 327, se perde. Para ele, a única analogia que tem algum valor é a histórica. Pannenberg adota o esquema de “promessa e cum primento" sem imaginar que esta "estrutura" (p. 325), como ele a cliama repetidam ente, funciona, em sua própr ia apres entação, com o um a outr a instânci a do princípio at emporal, sendo emp regad o par a substitui r a H istóri a. Pannenb erg

enfatiza que a liberdade, a criatividade e imprevisibilidade são centrais para a

148

poudência tipológica. tem seu lugar distinto em sua expressão da ijualificação do evento de Cristo, mas não pode em si expressar com pletam ente o evento de C risto em term os de histó ria do AT. I.o^o, íiUordagens adicionais serão necessárias para complementar a tipo Ingica. A Bíblia é muito rica em relações entre Deus e o homem para que elas se confinem a uma conexão especial. Considerando que tomos quecada hesitar em aceitar referências tipológicas casos definidos, tentativa de ver oastodo a partir de um único em ponto de vista deve acautelar-se quanto ao desejo de explicar cada detalhe cm termos deste úrtico aspecto e impor um quadro geral sobre a variedade de relações possíveis. Embora o contexto do AT tenha que ver preservado de sua prefiguração, de modo que os significados do NT não sejam extraíd os som ente dos textos do AT, parece que um a indicação clara doNT é necessária, de modo que as fantasias imagi nat ivas e as analogias ti pológi cas arb itrária s p ossa m ser evitadas. Isto quer dizer não quedeve a questão de um caráter a posteriori da abordagem tipológica ser suprimido. 6. Promessa-Cumprimento. Padrão de continuidade extremamen te significativo entre os Testamentos é o esquema de promessa-cumprim ento . E sta esquem a recebeu especial ate nção por p arte de W ester m ann, W . Zimmerli , G. von Rad e o u tro s. " 1Dest e modo, o cum prim ento possui um a passagem ab er ta em direção ao fu tu ro .112 liste aspecto escat ológi co está presen te em am bos os 1 estam entos. Westermann observa: “A promessa e o cumprimento constituem um evento integral, relatado tanto nomúltiplo Antigo do como no Novo Testamento da Bíblia.” Em vista do caráter relacionamento entre os Testamentos, W esterm ann adm ite que s ob a idéia única de pr omessacumprimento “não é possível resumir tudo na relação do Antigo História, mas acha que este aspecto central da História se preserva somente no que o cumprimento freqüentemente acarreta um “colapso” da profecia como "interpretação legítima", uma “transformação do conteúdo da profecia", que se cumpre de outro modo, e não do modo co m o os receberiores da palavra profética esperavam (p. 326). Aqui, Pannenberg, inconscientemente, a incompati bilidade entre a História e sua estrutura. Assim, mesmoadmitiu na posição de Pan nenberg, a estrutura e a construção tendem a substituir a História e transformam o uso dele da estrutura de prom essa e cum prim ento em a-históri co. U t Th e O T an d Jes us Ckris t (Minneapolis, 1970); W. Zimmerli, “Prnmise and Fulfillment”, E O T H , p. 89-122; G. von Rad, “Verheí.ssung", EvTh 13 (1953), p. 406-413; R. E. Murphy, “The Relationship Between tlie Testaments", CD Q 26 (1964), p, 349-359; iilem. "Christian Undcrstundinj; of the OT", Thrologv D ig esi 18(1970), p. 321-332. 112 Este conflito entre promessa e cum primento e uma caracterí sti ca di nâmica do AT. Visto que é um tipo básico de história interpretada que os próprios AT e NT nos apresentam, a tentativa de J. M. Robinson (OTCE. p. 129) dc dispensar a

categoria de promessa e cumprimento como uma estrutura imposta à história bí blica a partir do exterior é abortiva.

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Testam ento com Cristo” . " 3 Em escal a mai s am pla, temos admitir que o esquema promessa-cumprimento não resume toda a relação entre os Testamentos. Fundamental e frutífera como é a abordagem promessa-cumprimento, não é por si mesma capaz de descrever a natureza múltipla do relacionamento entre os Testa mentos. Se levantarmos a questão de como o AT pode se relacionar

que

adequadamente com o NT, temos que nos decidir quanto a uma base a priori de que ambos estão de algum modo ligados entre si. Temos que estar conscientes dessa decisão, que sempre conduz nosso questionamento do material do AT. Esta decisão a prio ri não é fácil. Isto é verdadeiro especialmente quando o AT é visto do mesmo modo que von Rad o vê, a saber, que “o Antigo Testamento só pode ser interpretado como um livro de expectativa sempre crescente”.1'4 Esta afirmação pressupõe uma compreensão particular da história da tradição do AT, isto é, a que desde o começo focaliza a transição p ara o NT. A perspectiva de von R ad só encontra sua ju stific ativa em termos de uma linha de conexão direta, que se movimenta do testemunho da ação inicial de Deus em direção ao juízo e prossegue p ara a esperança na ação renovada de Deus, em que ele prova seu caráter divino. É surpreendente ver como Israel nunca permitiu que uma promessa resultasse em nada, como expandiu ao infinito a prom essa de Javé e como, não colocando absolutam ente nenhum limite sobre o poder de Deus ainda a se realizar, transmitia as prom essas ainda não cum pridas às gerações futuras. Devem os, entã o, perguntar, com von Rad: "N ão será fictício, do ponto de vista cristão, o modo como a religião comparativa assimila o Antigo Testamento em teoria, como um objeto que pode ser adequadamente interpretado sem referência ao Novo T es tam en to? ” 115 Po r outro lado, nã o há na da de misterioso em nos esforçarmos quanto à questão do relacionamento entr e os Testam entos. Inici almente, p ortan to, n ão começam os co m o NT c suas múltiplas referências ao AT. Este método tem sido freqüentemente adotado, mais recentemente por B. S. Childs, como observamos acima. Tem também levado com freqüência à compara ção entre os Testamentos, com uma sagacidade que não faz justiça à grande flexibilidade hermenêutica do relacionamento entre eles. O m étodo ade qua do seri a, então, inici almente, um a tentativa de mostrar os meios característicos pelos quais o AT leva ao NT. O NT pode, deste m odo, com base nesta abordagem inicial, esclarecer o conteúdo do AT. 113 Tin- O íu iu ljeM is Ch risi . p. 78. 114 OTT. 11. p. 319.

115 OTT. II. p. 321.

150

7. História da salvação. Alguns dos padrões unificadores entre os i'estamentos não podem se separar do padrão da história da salvai, , i o . u ó de que já falamos b as tan te nos capítulos an teriore s. Tivemos a oportunidade de assinalar que nem mesmo a história da salvação é a i liave dourada que abre as portas a todos os mistérios no relaciona mento entre os Testamentos. A história da salvação não deve ser d es ca rta d a,'17 po rque " a afirmação do NT de que J esus é o Mess ias implica a unidade da História sob um único plano divino de salvaA história da salvação aponta para uma unidade de perspectiva.119 Unidade de Perspectiva. Muitos eruditos importantes concor dam que existe uma perspectiva apontando para o futuro, que une o AT ao NT. Th. C. Vriezen coloca-o deste modo: “O verdadeiro centro de am bo s os Testa m en tos é , p or tan to, a pers pec tiva e sca tológ ica.” 120 II. H. Rowley escreve o seguinte: “A consumação total das esperan ças do Antigo Testamento jaz ainda no futuro distante... Tampouco talha o Novo Testamento em percebê-lo... Ele ainda localiza a glória linal no fu tu ro .” 121 Exa tam en te como o crente do AT, o cren te em <'risto “se dirige a um novo caminho, sob um arco de tensão entre a promessa e o cu m p rim en to ...” 122 Todas as súplicas pelo cum prim en to, na congregação da Nova Promessa Divina, se fundam num único apelo: "Vem, Senhor Jesus.” (Apoc. 22:20; I Cor. 16:22). Assim, dentro do arco da promessa e cumprimento, o propósito redentor de Deus , sua história da salva ção s e rev ela do AT p ar a o NT e p ar a além ilo fim dos tempos. O AT rela ta dc fato um a história da sal vação incom um , po is é iruneada. O Messias esperado não veio nos tempos do AT. Neste sentido, o AT é um livro incompleto, apontando para além de si mes mo, que t erm ina num a po stura de espera. Até sua ú ltima página, fala de um cumprimento da promessa no futuro. O Deus que atuou na criação, no êxodo, na conquista, guiando seu povo, atuará novamente um dia. A conclusão desta história da salvação incomple ta é uma preocupação primária do NT. O ponto decisivo de toda a História aconteceu em Jesus Cristo. O Deus que atuou na história de Israel, atuou decisivamente na história humana, através de Jesus 116 Ver as teologias du NT mencionadas sob o límio de "Abordagem da História da Salv ação ” no Capítulo 2, p. 10 6- 12 5. 117 A ssim , D. Br rtun , “ Heil ais G ese hi eh te” , E vT h 27 (1967), p. 57^76. Paru unia avaliação apreciativa da história da salvação, ver Kraus, B ibli sch e Thuofa gie , p. 185-187. 118 M eK eruie. “A spects of O T Th eology" , p . 76b . I 19 Ver esp. Verh oef, "R da tions hip Between Old and New T estam ent''. p. 2 92 e s. 120 Vriezen, A n Q u ü in e o f O ld T esiu m en t T h e o lo g y , p. 123.

the Bible, 121 Zimmerli, Rowley, The 122 E OUnit T H y, op.f 114.

p. 109 e s.

151

Cristo. Este é o centro da mensagem do NT. O NT completa o incompleto do AT e ainda vai mais além do eschaton final. Do AT ao NT e m ais além, não há um movim ento contin uo em direção ao eschaton, a chegada do Dia do Senhor. De fato, toda a história do Apocalipse constitui uma peregrinação, que espera a cidade cujo arquiteto e edificador é Deus (Heb. 11:10). Nesta peregrinação há muitas paradas, muitas realizações iniciais, mas cada uma delas se transforma num ponto de partida novamente, até que todas as pro messas sejam finalmente cumpridas no fim dos tempos. Assinalou-se, corretamente, que o NT contém uma escatologia futurista. As predições a respeito dos últimos dias nos Evangelhos Sinópticos'e nos outros escrit os do N T d ão con tinuidad e às expectativas do A T .123 A unidade entre o AT e o NT é também uma unidade de sua perspectiva, pla no e propósito com uns p ara os homens e da ação contínua de Deus para sua realização.124 O AT fala da história de Israel em termos da história da salvação e prepara e conduz para a vinda de Jesus, o Cristo de Israel e o Salvador de todos os homens. Deve-se, certamente, admitir que nem tudo no AT pode ser resumido sob a ru br ica d a histó ria da salv açã o,125 pois er a um a histó ria que conduzia a Cristo e igualmente à rejeição de Cristo. Ã guisa de esclarecimento, deve-se assinalar que temos na Bíblia não só a revelação de Deus, mas também a reação dos homens. Temos que reconhecer que a reação dos homens não é normativa, não faz parte de todo o esquema do relacionamento entre os Testamentos. A "his tória” da reação de Israel e do judaísmo, que levam à rejeição de Cristo, não po deria ter sido um a pa rte da h istória da salva ção .126 Apesar das repetidas frustrações do plano e do propósito de Deus p ara os hom ens, Deus ainda encarregou-se das prom essas excepcio  nais a realizarem-se por seu intermédio no futuro. Toda a Bíblia, então, dirige-se para a consumação de todas as coisas, no céu e na terra. “Este é o tema penetrante tanto do Antigo como do Novo T es tam en to.” 127 A ob ra de Cristo tem co ntinu idad e no E spírito Santo e se com pletará n a consu m ação de toda s as c oisas . Em vista dessas considerações, parecer-nos-ia que o único modo adequado de nos empenharmos na natureza múltipla do relaciona mento entre os Testamentos é optar por uma abordagem múltipla. Tal abordagem deixa espaço para indicação da variedade de conexões entre os Testamentos e evita, ao mesmo tempo, a tentação de explicar os múltiplos testemunhos em detalhe através de um único ponto de 323 124 125 126

Verhoef, “ R elati onship Between the Old and New T estam ent” , p. 293. FiJson, Th eInterp reter’ s One-Volume C om m entar y\ p. 992. Bright, Th e Author ity o f the O T , p. 196. M. Meinertz, Theologi e des Neuen Tesiam ents (1950), I, p. 54.

127 Verhoef, “ Relationship Bet

152

ween Old and New T estam ent” , p. 293.

vista ou abordagem e assim impor uma única estrutura a testemu nhos que depõem sobre outra coisa. Uma abordagem múltipla levará ao reconhecimento do semelhante e do diferente, do velho e do novo. próprio vo n Rad fala do “ context o m ais am plo, a qua l pertence um fuiô m en o especí fico do Antigo T est am en to ,..’’ 128 Ele reflete o inter es  se de H. W. Wolff, que afirma que “no Novo Testamento encontra-se n contexto do Antigo, que, como meta histórica, revela o significado (otal do Antigo T e st a m e n to ..." 129 O teólogo sistemático H erm ann Diem se expressa da seguinte maneira: "Para a interpretação moder na da Escritura não é questão que precise de julgamento, quer a interpretação siga o testemunho apostólico e interprete o AT através dos seus (dos apóstolos) olhos qu er seja li do sem pressup osições, o que significaria uma leitura de um fenômeno da história geral da reli gião,.,’’130 De modo semelhante, Kurt Frõr sustenta que “o cânon forma o contexto compulsório e dado de todos os livros dos dois I esta m en to s".131 A idéia de “ co m plex o” n ão deve se lim itar ao relacionamento mais simples de uma antologia, nem mesmo à conexão dentro de um livro ou de uma obra histórica. No que diz respeito às aconexões o cânon, como umpasso, fato dado, recebe um rel evânci mais a hermamplas, enêu tica. “ O primeiro no caminho da continuação da auto-interpretação do texto, é dar ouvidos aos testem unh os bíbli cos re m an es ce nte s." 1'12 Hans-J oac him K raus ca pto u o que E ichr od t quer ia di zer, q uan do est e enfatizou que “ somente onde este relacionamento recíproco entre o Antigo e o Novo Testa mentos é entendido é que encontramos uma definição correta dos proble mas da teologia do AT e do m étodo pelo qual é possível reso lvê-los ” .133 Q ua nto a Kr au s, sua con tribu ição à que stão do contexto que "a do paracontexto decisivadapara a conexão dos textosmostra e temas. Istoquestão significa o AT, a éempresa exegese Icológico-bíblica: Como se referem o Antigo e o Novo Testamentos a certas i ntenções querigm áticas a pare ntes n um tex to?” ''5'' 128 0 7 7 ', I[ , p, 369.

129 E O T H , p. 181, 130 H. Diem, Theolngic ah k irch li ch e Wtssenschafi (GiHcrsloli, 1951), I, p. 75; cf. seu W as heisst sch rit igem ass? Gütcrsloh, 1958). p. 38 e s. 131 B ib lis ch e H ertyiencatik (3 .Aed. ; Munique. 1%7). p, bS. 132 Diem, Was keissi schriftgemüxs? p. 38.

133 Eichrodt, The ol ogy ofth e O T, I, p. 2ò. 134 Kraus. D ie bib Ü sche T hcologie, p. 381 (o grifo é dclc).

15 3

Nesta conexão, é de grande im portância esclarecer o que significt a teologia do NT — c também a teologia do AT — estar vinculada àl conexões dadas no texto do cânon. Alfred Jepsen escreve que “a inter preta ção do Antigo Testa m ento , sendo a in terpreta ção do cânon da Igreja, é determinada por sua conexão com o Novo Testamento ej pelas questões que se seguem disto ” .’J5 Tem os que acentuar fortememente que os eventos e significados bíblicos não devem ser examina dos por de trás, p or baix o ou por ci ma dos textos ,IJ- ma s dentro dos textos, pois os atos e palavras divinas deles receberam sua forma e expressão. A interpretação teológico-bíblica tenta estudar as passa gens dentro dc seu contexto histórico srcinal, o Sitz im Leben, em que se disse uma palavra ou uma ação ocorreu, e também a localização e as relações e conexões contextuais nos materiais mais recentes, como também o Sitz im Leb en no contexto dado do livro em que é preservado e a intenção querigmática mais ampla. Nisto tudo o contexto dado de ambos os Testamentos tem seu suporte na inter p retação .137 Assim , a questão do conte xto dado nas relações próxim as e nas distantes, dentro de ambos os Testamentos, terá sempre um suporte decisivo para a interpretação bíblico-teológica e para a tarefa dos teólogos b íblico s de f az er teolo gia do N T .1-’8 Um dos pontos críticos 110 interesse atual na teologia do NT é a reflexão sobre o inter-relacionamento entre os Testamentos. Tem-se visto começos frutíferos que forçosamente apontam para 0 fato de os Testamentos oferecerem testemunho a múltiplos relacionamentos. W. Eichrodt assinalou que há um relacionamento recíproco entre os Testamentos, a saber, “em acréscimo a este movimento histórico do 13 5 The Sciem ific Study of the O T ” , E O T H , p. 265. 136 E des te m od o que He.sse , K ery g m a u n d IV (195 8), p. 13, procura asseg u rar uma realidade que eJc sente que não está ali. F. Mildenbcrger, Goties Tat im W o n (Gütersloh, 1964). p. 93 c ss., argumenta pela unidade do cânon como regra de entendim ento, mas re vi ve um novo ti po de exeges e pn eum ática. 137 Childs. tíib iiv o l Thwrfo gy in C ris is , p. 99 e s.s., desenvolveu a relevância do “conlexlo canônico mais amplo" como horizonte adequado para a teologia bíblica e aplica-o à sua própria abordagem metodológica. 138 Apesar da ênfase de von Rad sobre a interpretarão eari.smátieo-querigmática. H e ik g e s c h k h le . Sua enfade sobre a tipologia sua abordagem segue as linhas da lí. p. 323 e ss.) pressupõe um alicerce histórico-salvífico mais amplo e une dois pontos nesse embasamento, como acontece com o renascimento atual da interpretação üpológica. Sobre o relacionamento entre a tipologia e a história ria salvação. ^er Cullmami, Sal vun on m H iston \ p. 132, 138 A reação nega tiva d e G. Fohrcr contra a noçã o d a história da salvaç ão (“ Pro phetie und Geschichie'\ THLZ 89 (1964). p. 481 e s.sj baseia-se em que tanto a salva rão como a condenado fazem parle da história da salvação. Grande parte da história da salvação é uma história de desastre. Mas mesmo aqui a continuidade se preserva, porque mais tarde a proclamação da salvação acontece sem ligavão com o desa parec ime nto da pregação da mensage m do juízo , A tese de Fohre r, de

que oseobjetivo ação dc é o comando de Deus o mundodae amesma. natureza, não opõe hda história daDeus salvação, sendo uma parte sobre característica

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^ntiwo l esta m en to pa ra o Novo, há um a corre nte dc vid a que flui em inversa, do Novo Tes tam en to par a o A ntigo. Este relaciotiamn iin inv ers o escl arece tam bé m o signi fic ado c om pleto do dom íni o 1'm sa n ien to d o AT” . Segue -se en tão a declaração notável de que “somente onde este duplo relacionamento entre o Antigo e o Novo 'JrU.imriitos c entendido encontramos uma definição correta do junlilctna da teologia do AT e do método pelo qual é possível revolvêIf ‘ 1" A enfase do G. von Rad sobre o contexto bíbli co m ais amp lo do 4 l M" lem o ap oio de H. W. W oif f,1'' H.-J. K rau s,M2 B. S. C hilds14-’ « ili uulro s que s e esforçam po r um a teol ogia b íb lic a ." '1 Vnatureza complexa do inter-rclacionamcnlo entre os Testamenti irijuer um a abordagem m últi pla. N ão se pode esp erar que um a ijuirn categoria, concepção ou esquema possa esgotar todas as jm v.ihilidades de inter-relacionam ento.145 E ntre os padrões de relaclniiamento histórico e teológico entre os Testamentos estão os st (.'inntes: (1) Um asp ec to com um a am bo s os T es tam en tos são a hlMitria contínua do povo de Deus e o retrato dos Iratos de Deus com a hu m an id ad e.1''6 (2) Tem -se da do um a nova ênfase à conexão entre I es tam en tos , com bas e nas ci ta ções .147 (3) En tre estes inte r-rela>.iuiiaine ntos ap ar ec e o us o com um de pa lav ra s-c ha ve teo ló gi ca s,148 Unasc ioda palavra-chave teológica do Novo Testamento se srcina dr alguma palavra hebraica que teve uma longa história de uso e I **> T id iro d t. Theol ogy o f the O T, I. p. 26. I In Von Rad , OTT, II. p. 320-325. Ml Wolff, E O T H . p. 181: "No Novo Testamento encontra-se o contexto do Antigo, qnc, com o meta hist órica, revel a n significado total do Antigo Testam ento” . M* Kraus, D ie bib h sch e Thenla gie , p. 33-36, 279-281, 344-347 e 380-387. I I l C h il d s. B ib lic a l Tfu-olog? in Crises, p. 99-107. I II Tan to na erud ição católica com o na protestante, há um ma rcante aum ento do número de vo/es que pedem unia teologia bíblica: F. V. Filson, "Biblische Theoloi;ic in Amerika", ThLZ, 75 (1950), p. 71-80; M . Burrows, A n O m li/ie o f B ib lic a l Theology (Filadélfia 1946); G. Vos, B ib lic a l Theolo gy (Grand Rapids, Mich., 1948 ); C, Spieq, "L'avcmcnt de ia T héolog ic B iblique ” . K evue B ib liq u e 35 (195 1), p . 561-574; F. M. B raun, “ La T héolog ie Biblique" , R evue T h am is te 61 (19 53 ), p. 221-253 ; K. d e Vaux, “ A propos de l a Théologie B ibliqu e" , Z A W 68 (1956), p. 225-227; P. Robertson, "The Outlook for Biblical Theology", p. 65-91; Harrington, The Path o f Bibl ical Theology, p. 260-335 e 371 -377. I 1;i Nest e aspecto conc ordam os com W. H. S chm idt, '" T heo logie de .s Ncuen Tcst ainents’ vor und naeh Gerhard von Rad", (Beiheft Verkiindigung und Forshung m v E v T k 17; Munique, 1972), p. 24. I4(i f-\ V. Filson, “ Th e Unity Between th e T estam cnts ’' , The Interpreter's One-Voium e C o m m e n ta ry on Th e B ib le , p. 992. 1)7 Childs. B ib lic a l T h eolo gy in C ris is , p. 114-118; Verhoef, “The Relationship Between the O ld and New T estam cnts” . p. 282 ; R. H. Gund ry. The Use of the O T in St . M ii tt fmw s G ospel (L eiden , 1967); R. T. F rance . Jesu s a n d The O T (Londres, 1971).

ysteriuI,mp. Salu tis. G ru n d ris s h eilsgesch ich tlieh er 148 Assim D o g m também a tik . eds.H.J. Haag, Feiner cm e M. LohrM(1965), 440-457.

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desenvolvimento no Antigo Testamento.’'14'’ Como ocorre os outros elos de ligação, a un idad e não signif ica unifo rm idad e, mesmo ond e'se fala das “ pala vr as g regas e seus sig nificad os he bra ico s” . 150 (4) A inter- relação entre os Testam entos tam bém se reve la atr avés da u nidad e essencial dos temas principais. “Cada um dos temas principais do Antigo [Testamento] tem seu correspondente no Novo, e está, de uma forma ou de outra , res um ido e res po nd ido a li. ” 151 Tem as com o o governo de Deus, o povo de Deus, a experiência do êxodo, eleição e pacto, ju íz o e salvação, escravidão e redenção, vida e m orte , cria ção e nova criação, etc. se apresentam para consideração imediata. (5) Um uso circunspecto e reservado da tipologia é indispensável para uma metodologia adequada que tente se enredar com o contexto do AT e sua rela ção com o N T .’52 A tipologia deve estar com ple tam en te sep ara da da aleg oria ,153 poi s é essenc ialmen te um a categ oria histórica e teológica entre os eventos do AT e do NT. A alegoria tem pouca afinidade com o caráter histórico do AT. (6) A categoria de promes sa/profecia e cumprimento esclarece um outro aspecto da interliga ção dos Testamentos. Esta interligação é fundamental e decisiva não apenas para a unidade interna do AT e compreensão do relaciona mento en tre o AT e Jesus Cri sto, m as t am bém p ar a o rel acionam ento entre os Testamentos. Mesmo sendo tão importante como esta categoria é, ele não esgota o relacionamento total entre o AT e o NT. (7) O conceito da história da salvação constitui uma liga ção entre ambos os Testamentos. A história secular e a história da salvação não devem ser consideradas duas realidades separadas. Os eventos particulares da História têm um significado mais profun do, percebido através da revelação divina; tais eventos são atos divinos na história humana. (8) Finalmente, temos a unidade de perspectiva, aquela orie nta ção p ara o futuro inerente a ambos os Testamentos. O NT preenche as lacunas do AT e ainda vai além do eschaion final. Devidamente considerados, estes inter-relacionamentos múltiplos entre os Testamentos podem ser tomados como elementos-chave na eluci daçã o da Untestemunhos idade dos Testam se m dos forçarTestamentos um a u niformida de aos diversos bíblicos.entos Nenhum é 149 J. L. McKenzie, “Aspecis of OT Thought", The Jerome Biblical Commentary, p. 767. 150 D. Hill, Greek W ords and Hebrew Muani ngs: Studies in the S em antic s o f Sot erio log ico l Term x; cf. J. Barr, The Sem antic s nf BiblicalLangu age. 151 J. Bright, The A uthorit y n f th e O T, p. 211. Cf. F. F. Bruce, Th e N T D evel opment o f O T T h em es. 152 Ver nota n .° 98, acima. 153 Esta separação básica foi atacada por Barr, Old and New in Interpretation,

TH p.ssays 103-111, corretamente por Eichrodt. E on m T y pas o lo g y , p. 30-35;defendida e F ra nc e,./ejus a n d th e O ET O, p. 4 0, p. e s 227 . e s; Lampe,

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monocromático em si, nem deve ser o relacionamento entre ambos visto de maneira monocromática. Qualquer tentativa em direção a uma teologia do NT deve refletir a natureza policromática do NT; uma verdadeira teologia do NT revelará um relacionamento policro mático com o AT. Espera-se que o espectro total das cores revele uma lusão compatível, e não uma dolorosa colisão.

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5 Propostas Básicas Para uma Teologia do NT: uma Abordagem Múltipla Nossa te nta tiva de focalizar as mais im portantes questões ainda sem solução que estão no centro dos problemas atuais da teologia do NT revelou que h á um a crise básica1 nas m etodologias e abordagens atuais. A questão que inevitavelmente surgiu é: A partir daqui, para onde vamos? Nossa crítica dos caminhos já trilhados mostrou que deve-se des envol ver uma ab ordagem mais ad eq ua da . Parece q ue um a das maneiras mais produtivas para se seguir está nas seguintes proposta s básicas p ara um a teologia do N T : 1. Deve-s e en ten de r a teol ogia bíblica como um a disciplina hist óri co-teológica. Isto é, o teólogo bíblico empenhado tanto na teologia do Antigo como na do Novo Testamento tem que afirmar que sua tarefa é desco brir e descrever o que o texto queria dizer e também esclarecer 0 que e!e quer dizer para a atualidade. O teólogo bíblico tenta “ volt ar pa ra lá ” ,J isto é, el e qu er abo lir o laps o tem poral construindo uma ponte no tempo entre os seus dias e os dos testemunhos bíblicos, atr avés do est udo da história do s do cum entos bíb licos. A na ture za dos documentos bíblicos, no entanto, visto que são eles mesmos testemu nhos do eterno propósito de Deus, conforme manifesto por meio dos atos divi nos e das palav ras de juízo e salvação na H istória, r eq ue r um a mudança do nível da investigação histórica da Bíblia para a teológi ca/ Os próprios testemunhos bíblicos não são apenas testemunhos 1 J. M . R obinson , "K erigm a and History i n the New T estam ent" , The Bible in M o dern S c h o h r s h ip , ed. J. P. Hyatt (Nashville, 1965), p. 144-150, esp. p. 117, fala de um a Gnindlagenkrise. 2 Esta frase vem de G. E. Wright, "The Theologioai SUidy of the Bible", The Interp r e te r s O n e-V o lu m e C o m m en ta ry on th e B ib le (Nashville, 1971), p. 983. 3 H. G. Wood, "The Present Position of New Testament Theology: Retrospect and Prospect "New Testament Studies 4 (1957/58), p. 169; "A teologia do Novo Testa mento deve ser a matéria de uma pesquisa histórica objetiva, mas como somos crist ãos, nosso inte resse pela matéri a não é nem exclusivam ente nem pred om inante mente histórico.”

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históricos no sentido de haverem se srcinado em determinadas épocas e em determinados lugares; são, ao mesmo tempo, testemu nhos teoiógicos na medida em que depõem como a palavra de Deus para a ativid ade e realidade divinas, como ela se insin ua na história do homem. Assim, a tarefa do teólogo bíblico é interpretar as Escrituras inteligivelmente, com o uso cuidadoso dos instrumentos adequados da pesquisa histórica e filológica, tentando entender e descrever, “voltando para lá”, o que o testemunho bíblico queria dizer, e esclarecer o que o testemunho bíblico quer dizer ao homem moderno em sua pró pria sit uação hist órica pa rtic ula r.4 O teólogo do NT deve retirar suas categorias, temas, assuntos e conceitos dos próprios textos bíblicos. No passado, ele os extraía freqüentemente dos “conceitos-de-doutrina” (LehrbegriffeY ou do esquema Deus-Homem-Salvação (Teologia-Antropologia-Soteriologia), na dependência da dogmática ou de ambos. A situação recente da teologia do NT revela que a introdução da filosofia contemporâ nea, de uma forma ou de outra, na disciplina tem substituído o proble m a mais antigo. A aparente substitu iç ão dos a prioris filosófi cos modernos pelos a prio ris da antiga dogmática, a favor da inter preta ção, não parece te r resolvido o proble m a. A. Dulles aponta um dos riscos modernos da teologia bíblica; "Quaisquer teologias supos tam ente bíblicas no s dias de ho je estão tão gravem ente infectad as pelo pensam ento personalista , existe ncia lista ou histó ric o conte m porâneo que levantaram -se altas suspeitas qu an to à sua base bíblica ” .6 Em nossa investigação teol ogias NT dosdprin cip ais escritores, vimos o res ulta do das a que várias isto levou. Na ddo isciplina a teologia do NT, os autores do NT são freqüentemente examinados diagonalmente, “com base na filosofia m oderna ou na dogm ática m oderna. Em muitos casos é possível obter respostas dos autores interrogados, mas não está claro se eles realmente pensaram nos assuntos sobre que queremos que falem’1.’ J. Munck prossegue, sugerindo, corretamen te, que “seria uma saudável mudança, se tentássemos encontrar e 4 F.einBeisser, "Irrwege und Wege historisch-kritischen Bibelwissenschaft. vorschlag z.ur Reform des der Theologiestudiums”, N eu e Z e its cAuch h rif t f ü r system a rische Th enlo gie u n d R etig io n sp h il o so p h ie 15 (1973), p. 192-214, lembra-nos os seguintes: "Todos sabem que os.escritos bíblicos não pretendem ser meramente relatos históricos, mas em primeiro lugar testemunhos da fé... Com esta pressupo sição Cda f é j a exegese não pode nunca se satisf azer com o objeti vo de des cre ve r como foi o passado . E m toda invest igação exegética, p ortanto, passa para o prim ei ro plano a questão: O que é que aquilo que foi descoberto significa para a fé?" (p. 214). 5 V ero Capitulo 1, p. 35-36. 6 A. Dulles. “ Respon se to Kri st er Sten daW s 'Method i n t he Study of Bibl ical T he o lo gy ’ ” , The Bibl e i n M ode m Scholars hip , p. 210-216, esp. p. 214.

7 J. M unck , "Pa uline Research Since p. 166-177, esp. p. 175.

Schw eitzer ", The Bible in M odern Scholarship,

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expressar os pensamentos dos autores do NT sem a ajuda de uma dogm ática m od erna ou de um a fil osof ia po pu lar” .8 A teo log ia do NT não tem que ser dominada por normas externas, venham elas da dog m ática ou de um a de term inad a fi los ofi a. D este modo a te ologi a do NT pode dizer algo a am bas e le vantar suas próprias questõ es. A teo logia do NT deve usar as categorias, temas e conceitos do NT. Freqüentemente, categorias, etc.,a rica bíblicos são por demais sugestivasestas e dinâmicas para temas, expressar revelação dos profundos m isté rio s de Deus no NT, O método adequado para a teologia do NT (e do AT) tem que ser tanto teológico como histórico desde o ponto de partida. Esta é a correlação necessária p ar a a elaboração da teologi a do NT (e do AT ) como uma disciplina teológico-histórica. Uma teologia do NT pressu põe um trabalho exegético min ucio so, baseado em princíp io s e procedim ento s sólidos. A exegese, por sua vez, precisa da teologia do NT. U m a nãoexegét podeicaexistir semlmente a outra. teologia NT, oa interpretação pode faci ficarSem com aprom etida, do isoland do todo os textos ou unidades individuais. Os vários escritos do NT são conjuntos amplos, construídos a pa rtir de um a sé rie de unidade s. Estas unidad es, por sua vez, são con struídas a pa rtir de um a séri e de sentenças ou cláusulas que consistem de palavras ligadas umas às outras, a fim de expressar determinado pensamento ou partes de um pensam ento m ais am plo ou toda um a cadeia de pensam entos. Cada uma dess as partes contribui p ara um entendim ento do pro du to fi nal : omento NT, conforme preservado para nós. tempo, das o entendi do produto final contribui paraAoo mesmo entendimento suas partes. A exegese cuid adosa, escla recid a e sólida poderá sempre veri fica r a teol ogia do NT , e a te ologia do NT p od erá sem pre info rm ar os procedimentos exegéticos. Que a teologia do NT permanece sendo a coroa dos estudos do NT é um truí sm o. Neste ponto , temos que fazer um a pausa p a ra observar o lembrete de H.-J. Kraus de que “uma das questões mais difíceis no que concerne à teol ogia bíblica hoj e é o po nto de p a rtid a , o signifi cado e a função da pesq uisa histórico-crítica”

.9 O debate atual sobre a nature-

8 P. 176. 9 Kraus, D ie b ib tisc h e T h eologie, p. 363; cf. a p. 377. Sobre este assunto, Childs escreve: "O método histórico-crítico é inadequado para o estudo da Bíblia como Escritura da Igreja, porque não trabalha a partir do contexto necessário... Quando vistas do contexto do cânon, tanto a questão do que o íexto queria dizer como a do que quer di zer estão inseparav elmen te unidas e ambas pertencem à t areia da inter pretação da Bíbtia como Escritura. Até onde o uso do método crítico coloca uma cortina de ferro entre o passado e o presente, é um método inadequado para o es tudo da Bíblia como Escritura da Igreja.” Sobre a inadequação do método histô-

rico-critico com respeito à nova busca do Jesus histórico, ver G. E. Ladd, “The Search f or Perspective” . I n te rp re ta tio n 26 (1971), p. 41-62.

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*a r a funç ão do m étod o h istóric o-c rítico,1 0 qu e hav ia recebido de F. T roe ltsch1 1 sua form ulaçã o cl ássica na virad a do século, revel a que há m uita insa tisfação qu anto à sua adequação. O método é prati cado ilr formas tão diver sas, que é mesmo dif íci l fa lar do m étodo hist óri coVl í(ÍL' 0.a

von Rad, um dos mais importantes teólogos do AT, captou, de iiinnci ra pers picaz, u m dos pro blem as e sug eriu que o teó logo do AT, r1podemos acrescentar o teólogo do NT, não pode se movimentar no utminho de um “mínimo criticamente assegurado” se ele estiver Irritando realmente alcançar “as camadas mais profundas da expei iénci a histó rica, onde a pes qu isa histórico-crítica nâo consegue pen e irar ” .13 A razã o da inca pa cid ad e do m étodo h istóri co-crítico em nlcançar as camadas mais profundas da experiência histórica, isto é, m unidade in terna do fat o e do signif icado , baseand o-se na invasão da 11anscendêncía na história como a realidade final para a qual os textos bíblicos oferecem testemunho, jaz em sua limitação para estudar a história com base em suas próprias pressuposições. O eru dito do NT W. Wink falou recentemente sobre a falência do método histórico-crítico.MO novo livro de G. Maier anuncia o fim do método hist óric o crític o.15 De to das as p artes chegam ata qu es viol ento s con tra o m étodo hist órico-crít ico, p oré m os mais sever os vêm dos que foram educados nest e m étod o.16 Alguns apo ntam a inad equ ação do princí pio da analogia,17 um dos três pilares do m éto do, enquanto outros lêm atac ad o seu a ntr op oc en trism o,18 sua falta de dim ensão fu tu ra 19 c outros problemas inerentes.20 Tem-se assinalado que o método hist órico- crí tico está limitado pela sua p ró pr ia concepção de com

pre

10 A li teratura pertinente é citada no Capítulo 1, notas 32-35. 11 E. Troeltsch, Ü ber hi stori sche und d ogm atis che M ethode in der Th eologi e" (1898), reimpresso em Theologie ais Wissenschaft, ed. G. Sauter (M uniqu e, 1971 ), p. 105-127. 12 Beisser , “ trrwege und Weg e der historisch-kritischen B ibelw issensch aft” , p. 19 2. 13 G. von Rad, Old Testament Theology. I, p. 108. 14 W. Wink, The B ibl e in Hum an Transf ormatio n: Toward a New P aradigm for B ib lica l S tu d y (Filadélfia, 1973), p. 1-18. Ele sugere um paradigma dialético, com fort e ênfas e sobre a sociologia e a psicaná lise. 15 G. Maier, The E nd o f the H ist orical -Crit ical M etho d (St. Louis, 1977), Ele fala de um “ m étodo histórico- bíblico" para substit uir o "m étodo h ist órico- crít ico” . 16 E. Krentz, The H ist oric al-Cri ti cal M ethod (Filadélfia, 1975), p. 81. 17 T. Peters, “Th e Use of An alogy in His tóri ca! Metho d", CBQ 35 (1973), p. 473-482. 18 Ver esp. Pann enberg, B a sic Q u estio n s in Th eology (197 0), 1, p. 39-50. 19 F. Hahn, “Probleme historischer Kririk", 7.NW 63 (1972), p. 1-17, esp. p. 15-17. 20 Ver P. Stulhmacher, “Krítischer müssten mir die Historisch-Kritischen Sein", Theologie Quartalschrift 153 (1973), p. 244-251; Schriftauslegung, p. 23 e s., 33, 98 e 120-126. J. H. Leitb, "The Bible and Theology”, In te rp r e ta tio n 30 (1976),

p. ‘‘A influência das pressuposições crítica e a conflitantes” precariedade dos227-241, métodosescreve: resultaram numa história de conclusões da e resultados (p. 238). 161

ensão e que ele está, p ortan to, confinado p or suas pró prias limitaçõ es de ar gu m en taç ão .21 "A crítica históric a tra z à Bíblia um conceito de verdade que não consegue abrir caminho para um acesso total da re al ida de na H i s t ó r i a . A razã o para e stas l imi taç õe s e para sua incapacidade de alcançar as camadas mais profundas da experiência e da realidade históricas em sua totalidade está no entendimento da História, auto-im posta pelo m étodo. O métod o hist órico-crítico prov ém do i lum inism o.23 Te m u m a visão própria do entendim ento histó ric o,24 ilustrada no prin cíp io de cor relação de Troeltsch. A História é vista como um círculo fechado, uma cadeia de causas e efeitos em que não há espaço para a trans cendência.25 Isto quer dizer “(1) que nenhum historiador crítico poderia fazer uso da inte rvenção sob renatural como prin cíp io da explanação histórica, porque isto destruiria a continuidade do nexo causai, e (2) que nenhum evento poderia ser considerado uma revelação final do absoluto, visto que toda manifestação de verdade e de valor seria relativa e historica m ente con dicio na da ” .26 Se “ o his to riador não po de pressupo r a inter venção sob renatura l no nex o causai como base de seu tra b a lh o ",27 po der á ele tr at ar a deq ua da m en te do texto bíbl ico, que com unica justam en te tal intervenção? U m a respos ta negativa está prestes a aparecer, pois o método histórico-crítico não consegue tratar da realidade total da História. P. Stuhlmacher, por exemplo, afirm a que o método histó rico-crític o levará ou a “um conflito entre a intenção teológica e a tendenciosidade do método ou introduzirá o criticismo histórico no pensamento teológico como elemento p er tu rb ad o r ou de stru ido r” .28 Isto s e deve às pr ess u posições e prem issas filosóficas acerca da natureza da H istó ria . C. E. 21 Stuhlmacher, Schriftauslegung, p. 19. 22 Krentz, The H ist orical -Crit ical M ethod, p. 86. 23 Ebeling, W or d and Fa it h , p. 42 e s. Krentz, The Histori cal-Cri ti cal M ethod, p. 85, chama o método histórico-crítico ou criticismo histórico de “filho do iluminismo c do historicismo, que ainda é dominado pelos princípios de Troeltsch (crítica siste m ática, analogia e correlação universal)” . 24 Stuhlmacher, Schriftauslegung, p. 14 e s. e 18. 25 Von Rad, Old Testament Theology, H, p. 418: “Para Israel, a História consistia apenas da auto-revelação de Javé através da palavra e da ação. Neste ponto, o con flito com a visão moderna da História seria mais cedo 011 mais tarde inevitável, pois ela acha que é perfeitamente possível construir um retrato da História sem Deus. Acha que é muito difícil supor que existe uma ação divina na História. Deus não te m um lugar natural neste esquem a." 26 Van Harvey, The Histor ian an d the Believer (2.a ed.; New York, 1969), p. 31 e s. 27 R. W. Funk, "The Hermeneutical Problem and Historical Criticism”. The New Henneneutic, ed. J. M. Robinson e J. B. Cobb, Jr. (New York, 1964), p. 185. Cf. R. Bultmann, E x iste n c e a n d F aith (Cleveland, 1960), p. 291. 28 P. Stuhlmacher, ‘‘Zur Methoden-und Sachproblematik einer interkonfessionellen Auslegung de s Neuen Testam em s", E v a n g e lisc h -k a th o lis c h e r K o m m e n ta r zu m N T .

Vorarbeiten,

162

H eft 4 (Neu kirchen-V luyn, 197 3), p. 11- 65, esp. p. 46.

Braaten refere-se incisivamente a este problema: “O historiador sempre começa afirmando que conduz sua pesquisa puramente com objetividade, sem pressuposições, e (crmina sub-repíicjanienfe in troduzindo um conjunto de pressuposições cujas raízes estão profun damente enterr adas num a Weltanschauung an ticris tã” .29 U m a teolo gia do NT que repouse sobre uma visão da História baseada num círculo fechado de causas e efeitos não pode fazer justiça à visão bíb lica d a Histó ria e da revelação nem ao apelo à verdade da E scr itura .30 Von R ad reconhece que “ um m étodo hist órico-cr íti co consistentemente aplicado [não] poderia realmente fazer justiça ao apelo à verdad e da esc ritura do A nti go T es tam en to” .31 O que von Rad declarou sobre o AT se aplica, do mesmo modo, ao NT. O que precisa ser enfaticam ente reforçado é que existe um a dim ensão trans cendente ou divina, na história bíblica, com que o método históricocrítico é incapaz de tratar. “Se todos os eventos históricos têm, por definição, que ser explicados por causas históricas suficientes, então não há espaço para de Se Deus História, é um personagem históos ricatos o” .32 se na te m um a pois visãoDeus da não H istó ria que não pode adm itir a in tervenção divina por meio de ato e pala vra na História, então não se pode tratar adequada e devidamente com o testemu nho da E scritu ra. Logo, somos levados a concluir que a cri se a respeito da História, nas teologias do AT e do NT, não é conseqüên cia do estudo científico das evidências, mas se srcina da própria crise33 do método histórico-crítico e de sua inadequação para tratar do pap el da tran sce nd ên cia na H istória, devi do a prem issas fil osóf ica s a respeito da anatureza da História. Se a realidade que do texto bíblico dá testemunho uma dimensão supra-histórica, transcende as limitações auto-impostas do método histórico-crítico, então tem-se que empregar um método que possa levar em conta esta dimensão e possa sondar as cam adas mais profundas da experiê ncia histó ric a e tra ta r ad eq ua da e devidamente d o ap elo à verdade da E sc ritur a.34 29 C. E. Braaten, "Revelation History and Faith in Martin Kãhler", em M. Kãhler, The S o-Ca lled Históri ca! Jesus an d the H ist orie B ibli cal Chris t (Filadélfia, 1964), p. 22. Thealogische Zeitschrift 30 D. W allace, “ Biblical Th eology. Past and Future", 19 (1963), p. 90; ef. Barr, “Revelation through History", p. 201 e s. 31 Von Ra d, O ld Test am ent Theolog y, II, p. 417. 32 Ladd, “The Search for Perspective", p. S0. 33 Krentz, The H ist orical -Crit ical M ethod, p. 84, fala do criticismo histórico como estando numa "crise metodológica". 34 Von Rad Old Testament Theology, I, p. 108. E. Osvvald, “Geschehene und geglaubte Geschichte’’, W iss enschaft Zeitschrift der U niversit at Jcna 14 (1965), p. 71 1: “C om o auxíl io da ciência crí tica não se pode, seguram ente, fa ze r nenhum a declaração a respei to de D eus, pois não há ca m inho qu e leve d a ciêíi cia objetiva dora da História a uma expressão teológica real. O processo racional do conhecimento

da Hist óri a perman ece li m it ado à dim ensão espa ço-tem por al.. .”

163

Afirmamos que o método adequado à teologia bíblica é ser teológico e histórico desde o começo. Supõe-se freqüentemente que a exe ges e usa a funç ão histórico-crítica, p ar a e lab or ar o si gnificado dos textos simples , e que a teologia do NT (ou do AT), a tarefa de unir a reconstrução à interpretação dentro do todo teológico, a saber, um procedim ento seqüencial. H.-J. K raus tem , correta m ente, procurado por “ um processo de interpretação biblico-teológic a” em que a exeg ese, desde o poanto de aspecto p arti d a,que é deum or ien taç ão bib lico-teo elógic a.15 Se acrescentarmos este método apropriado adequado de pesquisa do texto bíblico precisa levar em conta a realidade de Deus e de sua participação na História,36 pois os textos bíblicos te stific am a dim ensão transcendente na realid ade histórica,37 então teremos a base sobre a qual as interpretações histórica e teológica podem caminhar de mãos dadas desde o início, sem a necessidade de serem artificialmente separadas dentro dos processos seqü enc iais.3 8 Basean do-se nisto, pode-se “ voltar p a ra lá ” , p a ra o m undo do escri tor bíbli co, construi ndo um a pon te tem poral e cultu ral, e pode-se tentar entender histórica e teologicamente o que o texto queria dizer. É então pos sível expressar mais ad eq ua da e abran gentemente o que o texto quer dizer ao homem no mundo moderno e na situação histórica. Este proced imen to metodológi co não pro cu ra om itir a História, em beneficio da teologia. O teólogo bíb lico que tra b alh a com o m étodo 3 5 D ie b ib lisch e T h éo lo g ie , p. 377. 36 Conclusão a que chega também Floyd V. Filson, "How I Interpret the Bible”, In te rp re ta tio n 4 (1950), p. 186: “Trabalho com a convicção de que somente o mé tod o do es tudo realmente objet ivo le va em con ta a reali dade de D eus e de sua obra e que qualquer outr o pon to de vista está c arregado de pressuposições que realmen te, mesmo de forma sutil, contêm uma negação implícita da fé cristã em sua tota lidade.'’ 37 Troeltsch esc reve : “ O meio at ravés do qual a críti ca tom a-se a princíp io possível é a aplicação da analogia... Esta onipotência da analogia implica a identidade no princípio de todo acontecimento histórico” (Uber historische und dogmatische M ethode i n de r T héo logie” , p. 108). Von Rad oferece aqui uma observação inci si va a respei to do curso da Históri a conform e apresentado pelo m étodo histór ico- crít ico, e m Theol ogi e des Alt en Testam ents (Munique, 1960), II, p, 9: “Ê a História inter pretada cos n base nas pressuposições histôri co-fil osóficas, que não permite nen hum reconhecimento possível da ação de Deus na História, pois só o homem é notoria mente considerado cria dor d a H istória.” M ildenberger, G ottes Tat im W ort, p. 31, n.° 37, concorda com von R ad e acrescenta que a críti ca hist órica "pressupõe um a relaç ão fechad a da realidade que não pod e ofere cer causas ‘ sobr enatu rais'". 38 Sobre este asp ecto, von R ad, Tkeol ogi e des A T , II, p. ld, fez a seguinte observação: “A interpretação teológica dos textos do AT não começa realmente quando o exegeta, edu cado dentro da crít ica lit erária ou da H ist ória ( um a ou o utral), ter minou o seu trabalho, como se tivéssemos dois processos exegéticos: primeiro, o históricocrítico e então o ‘teológico’. Uma interpretação teológica que procura apreender um enunciado acerca de Deus no texto é ativa desde o próprio início do processo

do entendimen 164

to, ”

que é tanto histórico como teológico reconhece completamente a relatividade da objetividade humana.39 Conseqüentemente, ele está ciente de que não deve nunca permitir que sua fé o faça modernizar seu material com base na tradição e na comunidade de fé onde se encontra. Ele tem que interrogar o texto bíblico em seus próprios termos; abre um espaço para que a sua tradição e o conteúdo de sua fé possam ser desafiados, guiados, vivificados e enriquecidos pelas suas descobertas. Ele reconhece também que uma abordagem pura mente filosófica, lingüística e histórica nunca é suficiente para descerrar o significado total de um texto histórico. Podemos aplicar todos os instrumentos exegéticos da pesquisa histórica, lingüística e filosófica disponíveis e nunca alcançar o ponto central do assunto, a não ser que nos subm etam os à experiência bá sica d a qu al os escri tore s bíblicos falam , a saber, a fé. Sem tal subm issão, dificilmente chegaremos ao reconhecimento da realidade total que se expressa no test em unhopretendemos bíbl ico. Nãodescartar queremosa trans formdos ar alivros f é nu mbíblicos, método nem tampouco exigência como documentos do passado, de serem traduzidos o mais objetiva mente possível, por meio do emprego cuidadoso dos métodos de inter pretação adequa dos. Mas queremos d izer que a interpretação da Bíblia deve tornar-se parte de nossa própria experiência real. A inter preta ção te ológico-histórica deve estar a serviço da fé, se pretende sondar todas as camadas da experiência histórica e penetrar no significado total do texto e da realidade nele expressa. Temos, portanto, afirm ar que que,testemunhem quando a a inautomanifestação terpretação procura por declarações que e depoimentos de Deus como o Senh or do temp o e dos fatos, que escolheu se r evelar em acontecimentos reais e datáveis da história humana através de atos e pala vras de julg am ento e salvação, entã o o pro cesso de com preensão de tais declarações e depoimentos tem que ser, desde o início, histórico e teológico em natureza, a fim de apreender totalmente a realidade completa que se expressou. 2. O teólogo bíbl ico em pe nh ad o na teol ogia do NT tem seu assunto indicado de m antemão, visto seu esforço é por uma teologia do Novo Testa ento . Ela estáque fundada sobre matérias extraídas do NT. O NT chega até ele por intermédio da igreja cristã como parte das Escrituras inspiradas. A introdução ao NT procura esclarecer os est ági os e form as pré-literários dos livros do NT, traç an do sua história e formação, como também as formas dos textos e a canonização do NT. A histó ria do cristianism o prim itiv o é estudada no contexto da história da antiguidade, com especial ênfase sobre as culturas perifé ricas, das quais temos muitos textos e onde a arqueologia tem sido

39 Assim lambem Stendahl,

J D B , I,

p.

422.

165

inútil em proporcionar os cenários histórico, cultural e social para a Bíblia. A teologia do N T interroga os vários livros ou blocos de escritos do NT quanto à sua teologia .40 Pois o NT é composto de escritos cuja srcem, conteúdo, formas, intenções e significado são bem diversos. A natureza destas questões torna imperativo examinar o material disponível à luz do contexto, que é primário para nós, a saber, a forma em que os encontramos enquanto estrutura verbal de uma parte integrante de um todo literário.41 Vista deste m odo, a teologia do NT não será um a “ história d a religião”4 2 ou um a “h istóri a da transm issão d a trad içã o ” 43 ou qu alq ue r ou tra coisa.4 4 U m a teol ogia do NT fornece, primariamente, uma interpretação sumária e uma explanação de cada documento do NT ou blocos de escritos do NT, 40 Isto foi acentuado para a teologia do NT especialmente por Heinrich Schlier ("The M eaning and Function of a Theology of the NT ” , D o g m a tic vs. B ib lic a l Theology, ed. H. Vorgrimler (Baltimore, 1964) p. 88-90); para a teologia do AT de Kraus (Die biblische Tkeologie , p. 364), de D. ]. McCarthy (“The Theology of Leadership in Joshua 1-9 " .B iblica 52 (1971), p. 166). e com sua própria ênfase por Ch ilds ( B ib lica l T h eology in C ris is . p. 99-107). 41 Os críticos literários (não-bíblicos) contemporâneos dão ênfase especial à “nova crítica", que os alemães chamam de Cf. W. Kaiser, Werkinterpretation. D as spra ch lic h K u n s tw e r k (I0.a ed.; Berna-Munique, 1964); Emil Staiger, D ie K u n s i der I n te rp re ta tio n (4.3 ed.; Zurique, 1963); Horst Enders, ed., D ie W erk -in terp relution (Darmstadt, 1967). O interesse primário, segundo os praticantes da “nova crítica”, é ocupar-se com o estudo de uma peça literária completa, A “nova crítica" insiste na integridade formal da peça literária como obra de arte, a k u n stw e rk . Tal trabalho deve ser apreciado emé sua totalidade; passado, numa tentativa de descobrir sua srcem, irrelevante. A olhar ênfasepara está seu sobre o produto literário final c/uu obr a d e art e. U m crescente número d e er uditos do N T tem ad eri do à "nova crítica". Entre eles, estão: Z. Adar, The Biblical Narrative (Jerusalém, 395 9); S. Ta lmo n. "W isdom ’ in the Book of E sther", Vetus Testamentum 13 (1%3). p- 419-455; M. Weiss, “Wege der neueren Dichtungswissenschaft in ihrer Arwendun auf <Jic Psalmenforschung’’. B ib lica 42 (1961), p. 225-302; "Einiges über die Bauformen des Erzâhlens in der Bibel", 13 (1963), Vetus Testamentum p. 455-475; "W eiteres übe r die Ba úform en des Erzâh lens i n der B ibel” , B ib lica 46 (196 5), p. 18 1 206. O s eruditos do NT até agora ainda não a deriram a este procedimenlo. Certos aspectos da abordagem existencialista parecem conduzir-nos na direção da maior ênfase sobre a forma final dos documentos do NT. 42 Pode-se recordar o redirecionamento e renomeação da disciplina teologia do NT feito por W. W rcde. Ver o cap. 1, p. 26-31. 43 Para a teologia do AT, o método diacrônico adotado por G. von Rad é um exem plo tí pico; ver Ha sel, O T Theol ogy , p. 46-49. H. Gese aplica igualmente ao AT e ao NT uma história da transmissão da tradição cm Vom Sinai zum Zion (Munique, 1974), p. 13-30. 44 Kraus, D ie bib lisch e T h eo lo g ie , p. 365; “A ‘teologia bíblica' deve ser teologia b ib lica porque aceita o cânon nas conexões textuais dadas como a v erd a d e h is tó ri ca que necessita de explicação, cuja forma final precisa ser apresentada por meio da interpretação e do resumo. Esta deveria ser a tarefa real da teologia bíblica. Qualquer tentativa feita por meio de um procedimento diferente não seria teologia bíblica, mas ‘história da revelação’, ‘história da religião’ ou mesmo ‘história da

trad içã o’ " (os grifos são dele).

166

com vi stas a pe rm itir que seus concei tos, ternas e assu ntos ap areç am e revelem seus parentescos mútuos. O procedimento básico de explana ção da teologia dos livros ou blocos de escritos do NT em sua forma íinal como es trutu ras verbai s dos conjuntos literári os tem a vantagem de reconhecer as similitudes e as diferenças entre os vários livros ou blocos de escritos. Isto quer dizer, por exemplo, que as teologias dos Evangelhos individuais se sustentarão independentemente junto às outras. Cada voz pode ser ouvida em seu testemunho da atividade de Deus e da automanifestação divina. Uma outra vantagem desta abordagem, decisiva para toda a empresa da teologia do NT, é que não se impõe nenhum esquema sistemático, padrão de pensamento ou abstração extraposta ao material do NT. Visto que nenhum tema simples, esquema ou assunto é suficientemente abrangente para conter todas as diversidades de pontos de vista do NT, devemos nos abster de usar um determinado conceito, fórmula, idéia básica, etc, como o centro do NT, por meio de que se obtém uma sistematização dos testemunhos múltiplos e variados do NT. Por outro lado, temos que afirmar que, como Deus é o centro do AT,45 Jesus Cristo é o cent ro d o NT. '"5 Procuram os nos abs ter da sistematização baseada num único tema, esquema, assunto, etc., e as razões para isto já for am enunciadas anter iormente. 3. U m a aprese ntação da teol ogi a do NT pode com eçar melhor com a mensagem de Jesus, visto que ela está em todos os documentos do N I’. Nisto, supõe-se que é possível reunir aos poucos a mensagem de Jesus a partir dos respectivos Evangelhos e das poucas citações existentes nos outros documentos do NT. Pode-se então prosseguir com as teologias de Mateus, Marcos e Lucas-Atos. Neste tipo de avaliação, reconhecer-se-á que os vários Evangelhos têm seu próprio pro pósito distinto , tanto na seleção como na apresenta ção do m ate ria l preservado. Pode-se alcançar a teoiogia paulina descrevendo-se a teologia das diferentes epístolas de Paulo e sua comunidade, como também na disti nção dos tem as e assuntos. A ch ave pa ra a teol ogia pa ulin a não é fácil de ser alc an ça da , como ind icam as várias tentativa s rec en tes.47 Pode ser que alguns escolham apresentar a teologia de Pedro antes da de Paulo, como também as teologias de outros documentos do NT que testificam a pregação e a doutrina do cristianismo primitivo.

45 G. F. Hasel, “'lhe Problem of the Center in the OT Theology Debate", Z A W 86 (1974), p. 65-82, 46 Ver o Ca pítulo 3. 47 Ver J. Jere m ias, D er S ch lü sse l z u r Th eologie des A p o ste is P au lu s (Gütersloh. 1971); G. Eichholz, D ie T h eologie d es Pa u lus im U m ris s (Gòttingen, 1972); H. Ridderbos.

Paul. An O u ili n e o f H is Th eology (Grad Rapids, M

ich., 1975) .

167

Aqui, as datas dos respectivos escritos do NT tornar-se-ão o fator da seqüência da ap resen tação da teol ogia d o NT. A teologia joanina, conforme obtida no Quarto Evangelho e nas Epístolas, parece vir por último, com exceção da teologia do Apoca lipse , que dá a impressão de pertencer a u m a categoria própria, entre as teol ogia s do NT, e pode ser apre se nta da p or último. 4. Alivros teol ogia NT não ro cu ra ela ap ena s conhtenta ecer areunir teol ogia vários ou do grupos de pescritos; também e do s apre sen tar os tem as m ais im po rtantes do NT. A fim de pô r em pr ática o seu nome, a teologia do NT tem que permitir que seus temas, assuntos e conceitos se formem para ela por meio do próprio NT. A gama de temas, assuntos e conceitos do NT impor-se-á sempre, visto que fazem com que os do teólogo se calem, uma vez que as perspectivas teológicas do NT sejam realm ente assim iladas. Em prin cíp io , um a teologia do NT deve pender em direção aos temas, assuntos e econceitos tem que imp ser apresentada toda rio a sua diversidade tod as ase l imitações ostas a el es com pel o próp NT. A apresentação destas perspectivas longitudinais dos testemunhos do NT só pode ser obtida com base num tratamento variado. A ri queza dos testemunhos do NT pode ser alcançada por meio desta abordagem múltipla, pois ela é compatível com a natureza do NT. Esta abordagem múltipla com o tratamento variado dos temas longitudinais liberta o teólogo bíblico da noção de uma abordagem unilinear artificial e forçada, determinada por uma única concepção estru tural, seja ela o pacto, a comu nhão, o rei no de D eus ou qu alque r outra, à quai todos os testemunhos, pensamentos e conceitos no NT sej am forçad os a s e referir o u a nela se en q u ad ra r. 5. Quando se interroga o NT a respeito de sua teologia, ele responde, em primeiro lugar, revelando várias teologias, a saber, as dos livros individuais ou grupos de escritos, e então revelando as teologias dos vários temas longitudinais. Mas o nome de nossa disci plina, como teologia do NT, não está interessado em apresentar ou explicar a variedade de teologias. O conceito prognosticado pelo nome da discipli na tem um a teologia em vista, a saber, a teologia do NT. O objetivo final da teologia do NT é demonstrar a unidade que reúne as várias teologias e temas, conceitos e assuntos longitudinais. Esta é uma empresa extremamente difícil, que contém muitos perigos. Se existe um a realidade divina únic a por detrás da experiê n cia daqueles que nos deixaram as Esc rituras do NT, en tão parece-nos que, por detrás de toda a variedade e diversidade da reflexão teológica, existe uma unidade dentro dos escritos do NT. O objetivo

fundamental de uma teologia é, então, tirar a unidade o máximo possível de seu esconderijo e torná-la transparente.

168

A tarefa de alcançar este objetivo não deve ser executada precipita dam ente. A tent ação constant e de encon trar unidade nu m úni co tema ou conceito estrutural deve ser evitada. Aqui pode aparecer uma cert a apreensão, não apen as porq ue a teol ogi a do NT seria reduzida a um desenvolvimento de interseção ou de outro tipo de desenvolvi mento de um úni co t ema ou conceit o, mas p orq ue a verdadeira tar efa perder-se-ia de vista, que é precisam ente não subestim ar ou ig norar as diversas e variadas teologias e, ao mesmo tempo, apresentar e articular a unidade que aparentemente une, de modo oculto, os testemunhos divergentes e múltiplos do NT. Pode-se de fato falar de uma tal unidade em que os pronunciamentos e testemunhos teológi cos divergentes fundamentalmente se relacionam intrinsecamente entre si, do ponto de vista teológico, com base na pressuposição de que pr ovêm da inspiração e canonicidade do NT co mo E scritura. Um modo aparentem ente bem -suc edi do de luta r co m a questão da unidade é tomar os vários temas e conceitos longitudinais mais importantes e explicar onde e como as diversas teologias se relacio nam intrinsecamente entre si.48 Deste modo, pode-se iluminar o vínculo subjacente da teologia do NT. Na busca de descobrir e explicar a unidade, devemos nos abster de transformar a teologia de um livro ou grupo de livros em norma do que é a teologia do NT. Vimos que isto tem acontecido freqüentemente. Alguns eruditos Iransformaram a teologia de Paulo ou um determinado aspecto dela na norma ou “cânon dentro do cânon” da fé cristã primitiva, com base no que as outras parte s são critic adas. O procedim ento proposto aqui procura evit ar est e método. Ele tamb ém abre espaço às freqü en  temente rejeitadas teologias de certos escritos do NT, tais como Hebreus, Tiago, Judas e outros, p ar a se enc on trarem lado a lado co m outras teologias. Elas dão suas contribuições especiais à teologia do NT em iguald ade com aquela s mais reconhecid as, pois são ta m bém expressões das realidades do NT. A questão da unidade implica tensão, mas tensão não significa, necessariamente, contradição. Parece que onde a unidade conceituai dá a impressão de ser impossível, a tensão criativa desse modo produzida revelar-se-á mais frutí fera pa ra a teol ogia do NT. 6. O teól ogo bíbli co en ten de a teologia do NT como pa rte de um conjunto mais amplo. O nome “teologia do Novo Testamento” implica contexto mais amplo da Bíblia, elaborado por ambos os Testamentos. Uma teologia integral do NT encontra-se num relacio nam ento básico com o AT e a teol ogia do AT. P ar a o teól ogo crist ão, 48 A. Deissmann, “Zur Methode der biblischen Theologie des NT", P T N T , p. 78-80, j á h a v ia s u g e r id o a a p r e s e n t a ç ã o da te o lo g ia c r is tã p r im it iv a to t a l c o m o ta r e fa p r in

cipal da teologia do NT

.

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o NT t em o ca ráte r da Es critura e refl eti r-se- á co nstantem ente no que isto signi fica particu larm en te em relação a o outro T estam ento, Estas propostas indicam uma abordagem múltipla da teologia do NT. E sta abordagem procura fazer justiça aos vários escritos do NT e tenta evitar uma explanação dos múltiplos testemunhos através de uma única estrutura, pontos de vista unilineares ou mesmo uma abordagem composta de natureza limitada. A abordagem que esbo çamos acima tem a vantagem de permanecer fiel à rica variedade de pensam ento do NT, tanto no que diz respeito à sim iiitude quanto no que se refira à dissimilaridade, como também ao velho e ao novo, sem a menor distorção dos testemunhos históricos srcinais do texto, em seu sentido literal, e no contexto bíblico mais amplo a que pertence o NT. Perm ite que apareça a unidade dentro de toda a diversidade e multiplicidade, sem forçá-la a se adaptar à uniformidade. Não será um trabalho simples apresentar uma teologia do NT baseada nas linhas aqui traçadas, mas espera-se que este seja um desafio que alcan ce a vi tória acima de qua lquer tentação de procu rar um caminho mais fácil.

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Bibliografia Selecionada (Nota: A seguinte lista contem, primariamente, uma seleção das obras escritas nos últimos 100 anns, Deu-se preferência, onde possível, às obras que representam vários pontos de vist a e /o u têm , de um a forma ou de outra, con tribuído pa ra o debate atual.) Adeney, W. F. The Theol ogy of th e New T estam en t. Londres, 1894. /Ub ert? ., M . Die. B ozsch aft des N euen T e s ta m c n ts . Vol. I, p. 1, Berlim, 1946; Vol. I, p. 2, Zollikon Zu rique, 1952; Vo l. I I, p. 1, Zn llikon-Z uriq ue, !954; Vol. II, p. 2, Zollikon-Zurique, 1957. ------------. "Die Krisis der sogeiianntcri neutestamentlichen Théologie”, Zeic hen der Z e it 8 (1954). p. 370-376. ------------. “ K erigma und T heologie im Neuen T estam ent” , Z N W 46(19 55), p. 267 e s ., tT h L Z 8 1 (1956), p. 341-344. A lbright. W . F. “ Return to Biblical T he olog y” , Ch risti an Century 75 (19S8 ), p. 1328-1331. Alexandre, N. “The United Character of the New Testament Witness of the ChristEvent". The New Testam ent i n Históri ca! an d C ontem porary Perspecti ve. Essavs i n M e m o n o f G . H. C. M a cg re g o r, ed. Hugh Anderson (Oxford, 1965), p. 1-33. Allen, E. L. “The Limítsof Biblical Theology”, JB R 25 (19 56 ), p. 13 -1 8. F aithin aCn odnFtea m e t pino ra thry e KHer y grica m a lTRo edse a ya. rc Althaus,G.P. Jesus Filadélfia, 1959.1976. Aulén, istó h . Nashviüe, Bach m ann, Ph. “Zur M ethode de r bibli schen Th eologie des Neuen Testam ents” , F estg abe, d e r ph il o s. F a k u lta t d er F rie dric h A le x a n d e r-V n iv e r sila t E rlangen (Erlangen, 1925), p. 7-26. Balthasar, H. U. v. “Die Vielheit der biblischen Theologien und der Geist der Einheit im Neuen Testament”, 67 (1968), p. 159-169. SchweitzerRundschau -------------. “H in igu ng in C hr istu s" , F re ib u rg er Z e itsc h rift f u r P h ilosop h ie u n d T h eo lo g ie 15(1968), p. 171-179, Barr, James. O ld an d New in Interpretat ion: A Stady o f the Two Testam ents. N ew York, 1968. ------------. Th e Bible in the M ode m W orl d. NewYork, 1973,

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índ ice dos Nomes de Autores Aehtemeier, F. J., 47 Adar, Z., 166 Albertz , M ., 55-56 Althaus, P., 88 Amman, C. F. von, 20 Amslcr, S., 133 An derson. B. W ., 1 33 Astruc, J., 18 Au lén, G ., 45 Auvray, P., 143 Balthasar, H. U. von, 122 • Baier, J.-W ., 1 6 Bames, W. E., 45 Bam ikal , E ., 2 6 Barr, J., 15, 57, 88, 92, 106, 112. 129, 136, 142, 148, 156,163 Barth, K., 44, 69, 129 Barth , M ., 72 , 11 3 Bartsch. H .-W ., 45, 67. 70 Bauer, G. L., 13. 15, 20, 21, 26, 27, 37, 63, 82, 87, 133 Baumann, R., 121 Baumgãrtel, F., 136, 141, 147 Baumgartel-Crusius, L. F. O.. 28 Baumgartner, S. J., 17 Baur, F. C., 15, 24, 26, 30. 32, 33, 37, 39,42,55. 69 Beck, J. T., 31

Braaten, C. E., 45, 163 Braun, D ., 88, 15 1 Braun . F.-M ., 5 2, 155 Braun, H., 45, 69, 74, 110, 114-116, 124, 125. 130 Briggs , K . C .,2 7 Bright, J., 141, 146, 152, 156 Brown, C., 146 Brown. R. E., 51 Brown, S., 119 Bruce, F. F.. 65, 144, 145, 156 Büchsel. F., 31, 52 Bultmann, R., 10, 27, 32, 33, 37, 42, 45, 48, 55. 56, 60, 65-76, 77, 79, 81, 83, 87,88, 93. 103, 105. 113-115, 118, 119. 124, 125, 13 5-13 7, 138, 141, 145, 16 2 Buri. F., 70. 88 Burkhardt, H., 129 Burrows, M .. 65. 133, 15 5 Büsching, A. F., 18 Cajetan, 14 Calovius, A., 16 Campenhausen, H. von, 122. 129 Carlston. C. E.. 45 Cazdles. H., 143 Cerfau.x, L., 50 C hilds, B. S .. 57, 106, 107. 150, 155, 166

Beilner, F.,W18, ., 12 3 161 Beisser, 159, Benoit, P. 133 Benson. E. J., 17 Betz, O., 13, 87 Beysehlag. W ., 30, 5 2 Blac-kman, E. C., 134 Blenkinsopp, J., 65, 133 Bociin. J., 23 Bonsirven, J., 51 Bornkamm, G., 45, 47, 66, 69 Bousset. W., 33, 42, 56, 69

Christmann, Chubb, T., 17W. J., 16 C lemons. J. T .. 88 Cobb. J. B., 46. 47, 68, 72 Cülln, D. G. C. von, 20, 26 Ginzchiiami, H.. 9. 10. 45. 46, 47, 59. 97-81. 83. 87. 88, 103, 105, 106, 119 Cnpcrnito, N.. 25 Cnn lcro, M. G ., 9, 5 2 Courlh. F., 15. 121 Cox. C. i:., 71 Ciaií;, C. T., 44 Ctanicr, D. I... 2N

Bouttier, M ., 8 8

187

Cullmann, O., 53, 56, 83, 88, 93, 100, 116, 124, 125, 129, 132, 154 Dahl, N. A.. 68 Davies, W, D., 98 Deissmann, A., 22, 37, 56, 62, 82, 169 Deützsch, F., 135, 141 Dentan, R. C., 16, 18, 19, 20, 25, 43 Descamps, A., 52 Descartes, R., 23 Deutschmann, J., 17 Dibelius, 45 131, 132, 153 Diem, H.,M., 70,38, 127, Diest, H. A,, 16 Dot y, W. G ., 4 7 ,48 , 7 2 Duíles, A,. 108, 159 Dungan, D. L.., 129 Eb eli ng, C ., 14 , 16, 1 7,4 7, 69, 115, 132, 134, 162 E ss , G .. 35 Eid iholz, G ., 16 7 Eichhorn, í. G., 18, 21 Eichrod t, W ., 34, 92, 120, 143, 147, 148,153 Eissfeld, O., 34 Ellis, E. E., 81, 145, 147 Elhvcin. H,, 70 Ernesti, J. A., 19 Evans, C. F., 118 Fairbairn, P., 147 Fasclier, E., 56 Feinc. P., 30, 31. 52 Fcnsharn. F. C., 120, 134, 146 Filson. F. V., 143, 144, 152, 155, 164 Fiseher, A., 16 Fil/myer, J. A., 52. 145 Flender, H., 119 Fohrer. G., 92. 121. 154 France. R. T.. 144, 155, 156 Frank, 1., 129 Franklin. E., 119 Frey, H.. 18 Fries, J. F., 25 Frühlich. K.. 88, 110 Frõr, K,, 153 Fryc, R, M ., 1 8 F ud is, E., 45, 47, 69, 88 Fnller, R. H., 45. 69 Fn hler nk, R. Ga , .1W . P.,., 35, 20, 47, 21. 74. 22 162 , 26 , 37 , 38, 58, 62.63. 111 Gadamer. H. G., 44 Galilei, Galileo, 22 Gusque, W. W., 98 Geiger, W., 26 Gese, H., 49, (33, 166 Glail. O., 16 Gogarten, F., 66. 70 Goppoll. L., 9. 13. 28. 31. 32. 33. 36. 42. 43, 49, 56, 74, 75, 83, 87. 100-104, 116. 142, 147

Gould.E. P.,31,52 Grant, F. C., 53, 116. 121 Gr ant. R. M ., 23, 129, 134 Grech, P., 52, 111 Grelot, P., 133 Griesbach, J. J., 18 Grobel, K., 145 Groh, D. E., 129 Grosi, H., 134 Guillet, J., 121, 146 Gundry, R. H. H.,H.,145. Gunneweg, 133,155 137 Güttgemanns, E., 45, 88, 77, 79, 81 Haacker. K., 110, 111, 122 Haag, H., 155 Halin, F., 14, 18, 133, 161 Hahn, G. L., 29, 30 Harnack. A. von, 32, 56, 134, 141 Haroutunian, 1. 176 Han-ington, W., 13,33, 36,50,52,54, 56, 58, 65. 77, 78, 79, 84. 88. 144, 155 Harrisville, R. A., 45 Harvey, J., 108 Harvey, V. A., 45, 162 HascI, G. F., !0, 15, 16, 18, 22, 92, 120, 166 Haufe, G., 65 Hayes. J. A ., 56 Haymann, C.. 17 H eidegger, M ., 46, 47, 66, 72, 79 Henge), M ., 18, 81, 122 Henning, G., 14 He n r y , C .F .H ., 9 5 Hesse, F., 92, 133, 137, 141, 145, 154 Higgins, A. J. B., 143 Hill. D., (46, 156 Hillers, D. R., 120 Hill m an, W ., 52 Hirsch, E., 135, 141 Hodgsun, P. C., 26 Hofmann, J.C. K., 31, 32,56 Hnll, K., 14,42 Holtzmann, H. I., 37, 39 Hooykaas, R., 22 Horning, G., 19 Hübner, J., 22 Hufnagel, W. F ., 2 0 Hiilsema nn,J., J. 119 , 16 Hultgren, A. Hummel, H. D., 147 Hunter, A. M., 54, 110 Hyatt, J. P., 60 Iber, G., 45 Jasper. F. N., 144 Jaspers. K., 70, 71 Jepsen, A., 154 Jeremias, .1. 9, 11,55, 70, 75. 83,87, 129, 167 Jervell, J., 119

Joest, W., 126, 129

188

Kaflan, J., 42 Kãhler, M ., 44, 47, 105 Kaiser, G. P. C., 25, 28 Kaiser, W. C.. 121 Kalin, E., 129 Kant, I., 20, 25 Karpp, H., 22 Kàsemann, E., 10. 15, 47, 49, 69, 74, 75, 79, 80, 83, 103, 110, 112, 115,

Lossius, M. F. A., 28 Lucas, R., 147 Lührmann. D., 45 Lutero. M ., 14, 15, 129 Luz, U.. 110, 126 MacKenzie, R. A. F., 108 Macquarrie, J., 46, 66 Maier, G., 17, 129, 132, 161 Marle, R., 66

120 . A.,12365,1 26 , 12 9, 130 ,131 Kayscr, Keck, L. E., 45, 61 Kee, H. C. 47 Kelsey, D. H., 99, 107 Kepler, J. , 22 Kinder, E.. 45, 70 Klassen, W ., 1 6 Klein, G., 47, 88, 92, 121 Knox, J.. 134 Knudsen, R. E., 54, 94 Kohls. E. W ., 1 4 Komer. J., 88 Kões te r, H .,4 5 ,8 7 , 105 , 1 0 3 Kra eling, E. G .. 17 9 Kraus, H.-J., 13, 16, 17, 19. 20. 23, 24, 2 5,2 8, 30, 31. 32, 36, 38, 40. 41, 56, 88, 114, 119, 133, 135, 151, 153, 155, 160, 164, 166 Kreck, W ., 11 8 Krente. E., 18, 22, 24, 161, 162, 163 Krüger, G., 40 Kümmel, A., 15, 110 Kümmel, W. G., 9, 11, 14, 17, 19, 20. 22, 24, 27, 30, 32, 38, 40, 43. 53, 55,

Marshall, 11912 9 M arxsen, LWH., ., 18, Mathers, D., 180 Mauser, U., 141 McCarthy, D. J., 120, 166 McKenz.ie, J. L., 145, 151, 156 McKnight, E. V., 56 M einert/, M ., 50, 152 Menken, G ., 3 1 Merk, O., 13, IS, 20. 22, 25, 26, 27, 28, 29, 33. 46, 53, 56, 60, 65, 69, 82, 83, 87,93, 111 Mcssner, H., 29, 30 Miehaelis, J. D., 17, 55 M ichael is , W ., 5 5 Mildenbcrger, F., 132, 154, 164 Miskottc, K. H., 139-141 Moore, A. L., 122 Morgan, R. L., 10, 15, 33, 36, 37. 38. 39, S8.62, 129 Munck, J., 159 Murphy, R. E.. 52, 133, 142, 148. 149 Mussner, F., 110. 123, 126. 127, 134 Neander, A., 29. 30 Neil, W., 133 Neill, S., 9, 11. 69. 75, 40, 84 Newport. J., 181 Nicol, 1, G., 88, 90 Nicole. R., 145 N ikolainen, A. T ., 9, 110 Nitschke, A., 18 North, C. R., 44 Oberman, H., 14 0'Doherty, E., 133 Ogden, S. M., 45, 70, 71 Ohlíng, Kr-H., 129 Osswald, E., 163 Ott, H., 45 Overbeck, F., 43, 79 Pa nn enb erg, W ., 1 8. 35, 136, 137, 13 8, 148,161 Perrin, N., 9, 10, 48, 69, 70, 71, 75-76, 78, 87, 106 Peters, T ., 1 61 Piepenbring, C., 36 Piper, O. A., 105 Pôhlmann, W., 15 Prenter, R., 45 Preuss, H. D ., 133

75,77,80,81,83, 122, 132 124, 129 Küng, H., 77, 81, 119, 129-131, K ünne th, W ., 45, 70, 110, 12 1 Kuske, M ., 14 4 Kuss, O., 13, 50 Kutsch, F.., 120 Kwiran, M ., 12 1 Ladd, G. E., 9, 18, 45, 56, 57, 88, 93-99, 105,110, 116, 122, 160, 163 Lampe, G. W. H., 129, 156 Larig, F., 133, 144 Langford, J, J., 22 Larcher, Lehmann,C., C. 133 R-, 9, 56, 94 Lehmann, K., 18, 94 Leith, J. H ., 161 Lemonnyer, A., 50 Lessing, G. E ., 18, 2 0 Lipensius, M ., 1 6 Loeke, J., 17 Lohfink, N., 133 Lohse.E.,9, 11,55.81,82, 110, 112, 114,115,122,124,125,127 Longenecker, R., 145 Lõnning, 1., 110, 112, 129, 130

Loretz, O., 22, 120

Rad, G. von, 49. 90, 91, 100, 137, 143,

189

147, 148. 149. ISO, 153. 154, 15S, IM. Ih2, 163. 164. 166 Kedlich. F. B.. 45 Keicke. B.. 121 Rohde. .1.. 78 Ricoeur, P, 76 Richardso.i, A.. 22 Ridderhos. H. N., 81. 98, 167 Riesenfcíd. H., 110. 122. 123 Rigaux. B., 27 Ritschl. A., 39 Rnherlson. P.. 121, 155 Ho>ijns l in. J. M .. 10. 13, 44 , 45 . 46, 48, 50, n«. 69. 72. 74. 75. 77. 80. 93. 103, 106.149. 158 Rolnff. J., 100 Rowlev. H. H.. 143, 151 Rnler, A. A. van. 133. 138 139. 141 Sanders, J., 134 Schelklc. K. H., 9. 52. 62, 65, 122, 123 Shempp. P., 14 Schenkel, D., 15 Schlatter, A., 33-36, 43. 56. 66. 103 Shlier. H. 52. 53. 73, 78. 79, 122, 131, 166 H., 14 Schlingensiepen, Schmiti, C. F., 29, 30 Schmidt, K. L., 45 Schmidt. L.. 137 Schmidt, S., 16 W.. 47, 72 Schmithals, R.. 13. 52, 56, 110 Schnackenburg. Schniewind, J., 69, 70 Scholder, 17, 15, 22, 23 Schrage, K.,W., 110, 122, 126. 130, 131 Schreiner, J.. 18 Schubcrt, K,, 45. 70. 88 Schulz, S.. 147 SchwarzwHller. K.. 1.33 Schwei/.er. A., 27, ,37, 81. 103, 131 Selnveit/er, E., 125 Seebass, H., 121. 143 Semler, J. S., 17. 18, 20, 24 Sidel, S., 144 Siegwalt. G., 14 1 Smart, J. D.. 133. 141 Smenri, R., 20, 44, 25, 58, 110 Spcner, P. J., 16. 17 Spicq. C., 52, 108, 154, 155 Spinoz.a, B. de, 23 Stachcl, G., 4 7 Stagg, F., 54, 94,

Staiger, E., 166 Stamm. J. J., 139 Stanl ey, D. M ., 52 Staufíer, E., 45. 52, 53, 118 Stock, K. G ., 31. 88, 92, 118, Stein, K. W .. 2 6

11 9

71,84.88.92.96, 107, 108, 165 Stevens, G . B ., 31. 52, 94, 99 Stewart, J. S., 83 Stock. A.. 15, 112. 115, 116. 125. 131. 132 Strathmann, H., 129 Strauss, D. F., 26 Slrecker. G., 10. 13, 15,20.25.38,47 Stuhlmacher. P..134.161.162 15. 18. 22, 49, 50, 65. 77. 103, 125, Simdherg. A. C., 129 Surburg. R., 18 Talbert. C. H., 119 Talmon, S., 166 Tavior, V.. 59 Th ieli eke, H ., 70 Tindal, M .. 17 Toland, J,, 17 Troeltsch. E.. 24, 26, 39, 43, 105, 162, 16 4 Turrctini, J. A., 17, 23. 24 Vadian, J.. 23 Valia. L.. 14 Vawter, B., 52 Vau x, R. D .. 60. 108, 155 Verhoef, P. A., 133, 145, 147, 151, 152 Vielhauer, P., 47 V ischer, W ., 140, 1 41 Vo gtlc, A ., 52, 122 Vos, G.. 133 Vriezen, T. C., 60, 139. 140, 151 Wallace, D., 163 Warnaeh. V., 120 Weidner, C., 50 17, 31, 52 Weincl, H.,J. 43, Wcismann, E., 16 Weiss, B., 30, 39, 52, 55 Wciss, H., 45 Weiss. M., 166 Weizsãcker, C. F. von, 22 Wenham, J.. 144 Westermann, C., 133, 136, 137 Wette, W. M. L. de, 25, 26, 28 Wheelwright, P., 76 Wilckens, U., 17, 24 Williams, C. S. C., 129 Wilson, S. G., 119 W ink, W ., 1 61 Witter, J. B., 18 Wolff, H. W., 143, 148, 153, 158 Wood. H. G., 158 Woolcombe, I. J., 147 W rede, W ., 10, 15, 33. 34, 39, 43, 46. 58, 62, 63, 69, 103, 105, 106 Wri gh t, G .E .,9 5 , 142 , 1 58 Zachariã, G. T., 19, 20 Za hn , T .,32 ,33 , 5 6 Zeller, J. H., 17

Stek, J. A., 147 Slendahl, K., 15, 25, 46, 53, 60, 61, 63,

190

Zimm erli , W ., 49 ,1.36, 141, 149, 1 51 Zy!, A. H. van, 144

índice dos Assuntos Adão, segundo, 73 anabalistas, 15-16 anacronismo , 9 1 analogia, principio dc, 39, 87, 105 antropocentrismo, 74, 161 antropologia, 62, 71-73, 79, 113, 116, 125,128 apocalíptico. 76 arqueologia, 165 72 arrependimento, arte. 113 ascensão, 70, 102 ateísmo. 33 ato(s), 95 aulocompreetisão, 46, 68, 72, 79, 100, 101, 113,115 auto-interpretação, 32, 39, 153 autoria, 36 autoridade, 21, 23, 106, 111, 112. 132 biblieismo, 36 b ru ta f u c la , 9 0 cânon, 13, 19, 30, 32, 37, 38, 39, 41. 53, 63, 106, 117, 123, 128-132, 134, 153. 16 9 “cânon dentro do cânon", 15, 112, 115, 117, 123, 125, 128-13 2 catolici sm o, 27 centro. 11, 26, 49, 71, 86, 92, 98, 110-132, 167 ceticismo. 139 ciência, 22, 113 círculo fechado, 35, 105, 162 compreensão, 24, 66, 161-162, 165 41 ' conceitos, conceitos-de-doutrina. 27, 28, 30, 37, 38, 39, 55 conhecimento, 70, 71, 73, 114 consciência. 38 conservatismo, 30 continuidade, 69, 100, 134, 137, 142-157 contradição, 23, 74, 112, 169 conversão, 72, 102 correlação, 39, 43, 64. 100, 105 cosmo logi a, 67 cosmovisão, 33

cristandade, 38 primitiva, 41, 43, 50. 51, 53, 59, 78 grega, 42, 59, 68.77. 103 cristianismo, 38, 40 Cristo, 21, 38, 50, 69, 75 cristocêntrico, 53, 64, 121. 127. 128 cristologia. 37. 43, 74. 85, 97, 103, 114, 115.121-126 ciistomonismo, 135, 142 critica, 39, 51. 67, 72, 100. 105 bíblica. 51, 52; \e.ja também método histórico-crítico. cte redação. 78. 119 do cânon. 128. 130, 132 do conteúdo, 72. 80. 111. 112, 113, 131 histórica. 39. 44. 55. 161 literária. 18, 138 cru/, 126 culto, 42 cumprimento. 32, 92, 100. 136, 139, 149. 151, 156 deísmo, 29 demitização, 45, 46, 55, 66-67, 70, 75, 93.106 descontinuidade, 134, 138, 139. 141, 153 desquerium ati/ .açâo, 70 Deus, 38" 70, 71, 79, 95, 103, 108, 121 hipótese de. 91, 105 deuses mitológicos. 42 Dia do Senhor, 152 disparidade, 112, 114, 116 díssimilaridade, 87. 153, 170 diversidade, 38. 54, 112, 113, 114, 116, 29, 124,35,170 dogmatísmo, 13, 16, 18, 24, 26, 28, 29. 30,39,41,51, 104 doutrina, 21,28, 31,39, 41,48. 72 efeito, 35 eleição, 146 encarnação, 70,79, 137 escatologia, 31, 37, 46, 51, 73, 74, 89, 93,97, 114, 119, 138, 146, 147, 151-152 consistente, 45

191

futurista. 152 Escola bultmantiuna, 46-50. 65-80 Escola de Tübingen, 26, 29, 39 esperança, 40, 119. 136 Espírito Santo, 32, 44, 98, 114 ética(s). 37, 42 evangelho, 38. 67. 119, 130, 137, 139, 14 5 evcnto(s), 71, 73. 89, 91, 93, 95

pregação de, 41. 71, 81, 85, 93 proclamação dc, 10, 59, 80, 81, 87, 11 4 querigma de. 69 religião de, 42 teologia de, 69 João Batista, 32, 50, 85, 97, 100. 102 ju d a ís m o , 2 5 -2 6 , 2 8 , 3 5 . 4 3 . 5 3 , 8 5 , 9 8 , 102

exaltação, 19,8630, 112, 145 exegese, 73, 66, 71, 73 existência, 46, 47, 66, 76, 79, 83 existencialismo, existencialista

jj uu íz s tioç, a72 , 3, 814 , 1603 , 14 6 j u s t i f ic a ç ã o , 1 2 5 -1 2 8 K erig m u U i, 79, 91 lei, 37, 74. 114, 137. 139 lenda, 91 liberalismo, 35, 36, 44, 57 liberdade, 72 logia , 84 luteranismo, 49 mareionismo, 141 messianismo, 102

abo rdag em , 65 , 68, 84, 89 interpretação, 66-68, 70, 72, 80, 106, 114,136 expia vão, 70 Fé, 23, 25. 34. 35, 40, 41, 42, 47, 49, 51, 59,64.68,71.72,78.91,93. 104, 105, 114, 116, 122, 146,165 Filho do Homem, 102, 123 filosofia, 21, 23, 25. 43, 46. 48, 68, 73, 76, 109. 159 forma, 24 crítica da, 45. 55-56, 69 gnosticismo. 89, 134 graça, 56 hebraísmo. 25-26 hegclianismo, 27. 28, 37, 42 hcirieggerianismo, 66 hclcnixmo, 43, 102 hermenêuticaís). 14. 19,48,49.76 História, 31, 32. 35. 41, 66. 70, 73, 74, 89, 91. 94, 105, 161, 162 história da salvação, 25. 31-33. 43, 50 história da tradição, 78, 91, 100 historieismo, 44-74 homem, 37, 38, 159 humanismo, 74, 115 Iluminismo. 17, 22, 55 inconsciência, 42 inspiração, 18-19. 24-25, 31, 39, 44, 169 interpretação, 24, 30. 34. 36, 42, 44, 46. 49. 54. 63. 66, 69. 7), 73. 74. 85. 90, 93, 97. 107, 197, 154. 164 biblico-teológica, pós-crítica, 44-45 153-155 ipsissima verba, 41, 97 ips ixs ima vo xJesu , 85 Jesus, 21, 42-43, 50, 59, 82, 97, 101, 105.123 .$> auto-entendimento de, 102 de fé, 47 doutrina de, 26, 27, 28, 29, 30 histórico, 47, 69-71, 75, 77, 82, 87, 101.123 mensagem de, 10, 28, 50, 60, 68-69, 77, 87, 104-124, 167

método, 104 metodologia, 11, 19, 29, 60, 62, ateístico, 33 atomístico, 37 bíblico-exegético, 19 comparativo, 84 confessional, 60 da história das religiões. 11, 25, 36, 39, 40, 41, 42, 43, 55, 63, 67, 100, 153, 166 de conceito-de-doutrina, 38 de interseção, 32, 38, 97, 120, 169 descritivo, 21, 25, 30, 60, 63, 96 de(exto-prova, 32 histórico-gramatical, 25, 28, 30 genético, 53 histórico, 41, 43, 45 histórico-crítico, 17, 20, 21, 26, 29, 39,40, 55-66, 67,91, 100, 105, 112, 114, 160-163 histórico-descritivo, 51, 54, 57, 60, 84, 93, 96,106 temático, 50, 51-52, 59-66, 104, 169 misticismo, 37, 74, 103, 115 mito. 46, 55, 67, 76, 89, 136 m itol ogia, 45, 46, 55, 67 36, 86 modernismo, modernista, moral, 23, 51 motivo(s), 61, 10 4 M ovimento Teulógico B íbl ico, 57 multiplicidade, 142 mundo, 68, 79 neo-ortodoxia, 44 neutro, neutralidade, 34 norma, normativo, 107 nova hermenêutica, 48, 74 objeto, 40

pessoa de, 50, 124 142

objetividade, 34, 43, 61, 79, 108, 112, 165

ortodoxia. 35, 70 protestante, 16 racional, 23 pacto, 63, 120. 146, 168 parousia, 122 Paulo, ver teologia de Paulo, pecado, 68 Pentateuco, 23 pietismo, 16-17, 18, 49

tema(s). 61. 65, 104 tempo, 88 teocracia, 26, 139 íeologia. 41. 42. 51 biblica, 13, 14. 15, 18-21, 29 31. 40. 49, 57, 65. 169 de J e s us , 1 0.4 1 ,50 , 5 3 ,5 4 .8 ). 102. 167 de João, 41. í3, 54, 64, 68. 71. 73, 75,

platonismo, política, 13993 pós bultmanniano(s). 47-49, 66, 69-81, 11 5 positivismo, 80 predição, 32; ver também promessa, preentendimento, 73. 130 pressuposição, 10, 35, 43, 46, 48, 60, 66, 69, 70, 75, 78,83, 101, 104. 105, 111, 127. 136. 161, 162 proclamação, 10, 96 promessa, 92. 100 protestantismo, 36 psique, 42 querigma, 47, 59. 62. 67. 77, 78, 87, 91, 92, 101, 113, 116, 123 questão do Jesus histórico, 47, 69-70 racionalismo, 17. 18, 22, 25. 34 razão, 17, 22, 23. 111 realidade, 33, 35, 82. 108, 162 reali smo b íblico, 99 recitação, 96 reconstrução, 42, 46, 54. 64, 66-68, 75. 79. 83 , 87 , 101. 106, 1 64 rede nção, 37 , 42 ,13 8 Reforma. 13 reino de Deus, 102 reinterpretação. 46. 59, 90, 95 relatividade. 71. 80. 111 religião, 24, 39, 41 remanescente, 85. 146 ressurreição, 59. 73. 78, 86, 95, 98, 102, 114, 122-123 revelação, 17. 23, 32, 35. 37, 44, 50, 63. 69. 72. 73, 91, 94. 111. 116. 160 Suchkrilik ,7 2 , 111 saeram ento(s), 42. 74, 11 4

102.tos, 103.10113-117. de 97,99. Luc as-A .3, 167 167-168 de Paulo. 10, 41, 51, 53. 54. 64, 68, 71-73. 75. 77, 81, 98. 113-117 de Pedro, 54, 'W. 103. l8 dialética. 43-47. 66 do AT. 10, 11. 65, 169 do conceito bíblico, 99 dogmática. 16. 25. 64 do cristianismo (primitivo). 50-51. 102 dos Sinópticos, 53. 64, 73, 97-98. 102. 16 7 filosófica. 20. 48 histórico-crítica, 24 liberal. 44, 57, 70 sistemática, 17. 96, 99 teologia, NT. canônica, 34, 37. 63. Ui6 conceitos de doutrina de, 37. 38 confessional. 60 conservadora, 31 história da(s) religião(ões). 36. 40. 41, 48 hist ói ico-m odern a, 55, 81 nome da. 40

saga, 91 38, 74. 116 salvação. história da, 31-34, 43, 49-50, 53, 56, 87-88, 116-120, 151 sentimento, 25 simbolismo, 76 sinópticos, 22, 27, 69, 73, 78, 85. 97. 114. 167 sistemas de doutrina, 17 so lu S c r ip iu r a , 14, 126 soteriologia, 62, 72, 74. 114, 115. 128 subjetividade, 61.104, 112, 115, 130,132 supernatural (ismo), 17, 25, 105. 162

histórico-positiva. 28. 37-38, 83 positua-moderna. 29. 30, 50, 52 puramente histórica, 26-27. 28, 31, 33, 34, 38, 43, 50, 63. 65 hislórico-tcológiea. 158-170 textovprova, 20. 31, 32 tipologia. 147-149, 156 Tora, 114 totalidade. 112 tradição, 14, 36, 49, 91, 150. 165 crítica da. 42, 49 historiada, 78, 91, 100 tradução, lradii7Índo. transcendência, 35, 49,93, 71. 96, 163107 Trindade. 142 unidade. 15. 2ó. 29, 35, 38. 50. 53, 54. 57,62. 64, 7ti, 82. 98, 99, 102, 110-127, 156, 168, 170 uniformidade, 38, 111, 156, 170 verdade, 23, 40, 51 vida, 64 visão do mundo, 43, 49. 56, 67 Weltanschauung, 33. 163 Z e itg e is t, 43, 56

193

“Como introdução à teologia do Novo Testamento, este livro não te m igua l. ” Geor ge Eldon La dd Fuller Theological Sem inar y

Gerhard F. H asel

Questões Fundamentais no Debate Atual Os últimos anos têm testemunhado uma grande quantiaade de material sobre a teologia do Novo Testamento. Muitos teólogos, incapazes de concordar q uan tc,à natureza, função, m étodo e e scopo da disci plina, têm ofere cidos uas próp rias int erpretaçõ es do assunto. Infelizmente, esta variedade crescente de abordagem resultou em conflit o e con fusão entre os eru ditos e os alunos. Gerhard Hasel se dirge a esta situação com uma discussão profunda das questõ es básic as do debate. Começa com tim a análise abrangente da aparição e do desenvolvimento da teologia do Novo Testamento durante os últimos dois séculos. A partir desse exame, discerne a s várias questões qu e* cu lm ina ram no atu al es tado crít ico desta área de estudo. O Prof. Hasel a valia as questões com relação à metodologia, à unidade do Novo Testamento e ao relacionamento entre o N ovo e o Antigo Te stam entos. E nc erra o presen te livro com algumas propostas básicas para se fazer teologia a partir de um m étodo histórico e teol ógic o que p roc ur a ser f iel ao -p nte ria l bíbli co. GERHARD F. HASEL é professor de Antigo Testamento e Teologia Bíblica na Andrew s Universi ty. E ste li vro é o com plem ento de seu volume anteriorTeologia do Antigo Testamento: Questões Fundamentais no Debate A tual.

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