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ISSN 0100-8919 Dezembro, 2005 Bagé, RS
O uso da avaliação da condição corporal visando máxima eficiência produtiva dos ovinos José Carlos Ferrugem Moraes, Carlos José Hoff de Souza, Carlos Miguel Jaume A avaliação subjetiva do nível nutricional dos ovinos pode ser feita de forma bastante simples através do uso de escores da composição corporal, denominado de avaliação da condição corporal (CC). Esse sistema de escores é uma forma subjetiva para estimar a quantidade de músculos e de gordura que os animais apresentam num dado momento. A medição do peso corporal é mais precisa, porém, requer mais de uma medida em algum intervalo de tempo para qualificar animais de tamanhos diferentes como: ganhando peso ou perdendo
peso. A simples informação do peso corporal pode não refletir a quantidade de reservas corporais dos animais sob a forma de gordura, ou seja, uma ovelha grande e magra, pode ter um peso corporal maior que de uma ovelha menor e gorda. A sugestão para a obtenção de ótima produtividade é que as ovelhas devam estar preferencialmente em CC3, lembrando que os maiores requerimentos nutricionais com o parto e lactação levam a perdas normais na condição corporal ilustradas na Figura 1.
Figura 1. Distribuição percentual das distintas classes de condição corporal (CC) de ovelhas Corriedale no pré-parto e aos 80-110 dias pós-parto e ainda a freqüência de variação em ambos momentos.
Na Figura 1 é possível destacar dois aspectos importantes, o primeiro é que do final do período de acasalamento até próximo ao desmame aumenta a freqüência de ovelhas em CC1 e CC2, indicando as perdas de reservas corporais nesse período sob a forma de músculo e gordura, mesmo em animais mantidos em potreiros com boa oferta de forragem natural, ressaltando a importância das fêmeas iniciarem a temporada de parição em
bom estado corporal; o segundo, é que estas perdas ocorrem na maioria das ovelhas (70%), sendo que apenas cerca de 20% consegue manter a condição corporal e cerca de 8% consegue ganhar um escore de CC no período. Este processo ocorre em decorrência de diferenças de idade, da perda de cordeiros após o parto e das falhas na gestação. Neste contexto, as ovelhas falhadas ou que não criaram seus cordeiros são aquelas que
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ganham condição corporal. A avaliação da condição corporal pode ser facilmente efetuada através da palpação dos ovinos na região lombar, considerando como são percebidas as apófises espinhosas ou processos espinhosos, as apófises transversas das vértebras lombares e a cobertura muscular e de gordura na região. Na Figura 2 são ilustradas em detalhe as apófises das vértebras, a cobertura muscular e de gordura que devem ser consideradas na avaliação e o local do corpo dos animais que deve ser palpado. Para a estimativa da CC é fundamental que os ovinos estejam contidos em um brete ou mesmo individualmente para a palpação. Não é recomendável nenhum parecer
sem a palpação, já que a lã impede uma boa apreciação visual. Considerando os aspectos acima mencionados a Embrapa Pecuária Sul vêm recomendando o sistema de escores com cinco classes (apresentado em detalhe no final desse Comunicado), para a orientação do produtor na organização da oferta de alimento para suas ovelhas em função de suas necessidades individuais. Ou seja, um mês antes do início do acasalamento, quando as ovelhas deveriam estar no mínimo em CC3, aquelas com um escore inferior (CC2), ainda jovens e desejáveis para a reprodução, podem receber alimentação melhorada para atenderem esse requisito no início do acasalamento.
Figura 2. Ilustração dos pontos a serem avaliados e do local para palpação nos animais
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Condição corporal em ovinos Sistema de classificação (1-5) CC 1 Processo espinhoso agudo e proeminente; Não há cobertura de gordura; As apófises transversas são agudas e seus extremos são palpáveis.
CC 2 Processo espinhoso agudo e proeminente; Há cobertura muscular e pouca cobertura de gordura; As apófises transversas estão suaves e levemente arredondadas, sendo possível ultrapassar suas extremidades sob pressão.
CC 3 Os processos espinhosos estão suaves e arredondados, podem ser palpados apenas sob pressão; As apófises transversas estão suaves e bem cobertas; O preenchimento muscular é completo, com alguma cobertura de gordura. CC 4 O processo espinhoso apenas pode ser detectado sob pressão como uma linha dura; As apófises transversar não são palpáveis; A cobertura muscular está completa e recoberta por gordura.
CC 5 O processo espinhoso não é palpável; Ao longo da coluna se observa uma depressão; As apófises transversas não são detectadas; A cobertura muscular é completa e recoberta de gordura
Adaptado de: Thompson & Meyer; http://oregonstate.edu/dept/animal-sciences/bcs.htm Comunicado Técnico, 57
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