Contra O Cigarro

  • November 2019
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Contra o Cigarro http://www.brasilescola.com/doencas/cigarro.htm Câncer O fumo é responsável por 30% das mortes por câncer e 90% das mortes por câncer de pulmão. Os outros tipos de câncer relacionados com o uso do cigarro são: câncer de boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero. Doenças Coronarianas 25% das mortes causadas pelo uso do cigarro provocam doenças coronarianas tais como angina e infarto do miocárdio. Doenças Cerebrovasculares O fumo é responsável por 25% das mortes por doenças cerebrovasculares entre elas derrame cerebral. Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas Nas doenças pulmonares obstrutivas crônicas tais como bronquite e enfisema 85% das mortes são causadas pelo fumo. Outras doenças que também estão relacionadas ao uso do cigarro e ampliam a gravidade das conseqüências de seu uso são: Aneurismas arteriais; úlceras do trato digestivo; infecções respiratórias... Informação retirada da Isto É: A Organização Mundial da Saúde (OMS) deu mais um golpe duríssimo contra o cigarro. Os 192 países integrantes da entidade aprovaram um tratado mundial antitabaco cujo objetivo é reduzir o número de mortes relacionadas ao produto, estimado hoje em cerca de cinco milhões de vidas perdidas por ano no mundo. Pelo menos 30% do tamanho das embalagens deverá conter alerta sobre os malefícios do fumo e os governos se comprometeram a endurecer o combate ao contrabando de cigarro, entre outras ações. “Agimos para salvar milhões de vidas e para proteger a saúde das gerações futuras. A aprovação do tratado foi um momento histórico”, disse Gro Brundtland, diretora da OMS. O porquê de não fumar: Fumantes têm 50% a mais de chances de terem infarto que os não fumantes; Fumantes têm 5 vezes mais chances de sofrer de bronquite crônica e

enfisema pulmonar que os não fumantes; Dependendo do grau de enfisema pulmonar, mesmo que o indivíduo suspenda o uso do cigarro se torna irreversível o processo (largar o quanto antes... os alvéolos uma vez danificados nunca se regeneram!); Efeitos no Metabolismo: O custo metabólico da respiração pode ser reduzido significativamente como resultado da abstinência. Observou-se uma redução de CO2 em apenas um dia de abstinência. Durante um exercício a 80% da Capacidade Aeróbica Máxima (VO2 máx), o custo da ventilação pulmonar representa 14% do consumo de O² em fumantes e de apenas 9% em não fumantes. Atletas envolvidos em eventos que requerem resistência nunca fumam. Isto pode ser explicado pelo fato da fumaça do cigarro causar redução na função pulmonar e aumentar a quantidade de carboxiemoglobina, dificultando o transporte de O² do sangue. Pesquisas apontaram uma melhora no desempenho de nadadores, velocistas, ciclistas em geral, apenas pela abstinência ao fumo. E eles reportaram terem se sentido melhor exercitando-se em uma condição de não fumante. Dicas para PARAR de fumar: • • • • • • •

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Preparar-se para fugir das armadilhas (colegas oferecendo, companhias que fumam, etc...); Fumantes têm 10 vezes a mais de chances de ter câncer de pulmão; Beber muita água; Mastigar chicletes e balas ou chicletes de nicotina como substituição ao cigarro; Exercícios aeróbicos e relaxamento; Evitar bebidas alcoólicas e café; Escovar os dentes imediatamente após as refeições (quem fuma não tem paladar e quem fuma costuma substituí-lo após as refeições pelo cigarro); Ficar atento a situações de estresse para não ter uma recaída; Conscientizar-se dos males do cigarro e pensar negativamente nele, realmente enojar-se; Pratique sempre um novo esporte (para ficar estimulado);

Métodos para PARAR de fumar: • • • • •

Contrato de amigos (um ajuda o outro a parar); Associação do cigarro com a aversão; Diminuição controlada com Cardiologista; Hipnose; Acumputura;

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Apoio social (grupos específicos); Auto Ajuda; Auto monitorização (lista de atividades e momentos que mais fuma); Acompanhamento psicológico;

Efeitos Nos olhos, o fumo produz a ambliopia tabágica, que representa a debilitação do sentido da visão e distorção do ponto de foco visual. Quanto ao olfato, o fumo irrita a mucosa nasal e distorce a função olfativa. Na boca ocorrem os cânceres dos lábios, língua, além de enfermidades nas gengivas, incluindo até perda de dentes. Na laringe, o fumo dilata as cordas vocais, e produz rouquidão, não sendo raro o câncer nesse local derivado do uso do cigarro. Nos pulmões, a sucessão de enfermidades produzidas pelo hábito de fumar é notória: enfisema, bronquite, asma e o mortal câncer pulmonar. No aparelho circulatório ocorrem o aumento da pressão arterial, obstrução de vasos sangüíneos, aumento de colesterol, todos fatores conducentes a ataques cardíacos. Nos órgãos digestivos o fumo produzi a úlcera péptica dado o aumento da acidez, além de distúrbios vários no duodeno, e câncer do estômago. No útero, ocorre aceleração das batidas do feto. Os bebês nascem com menos peso e ocorre probabilidade maior de nascimentos prematuros. Nos órgãos urinários pode ocorrer o adenocarcinoma, uma forma de câncer. A qualidade do leite materno é afetada para a mãe fumante, pois substâncias tóxicas são transmitidas à criança, o que lhe causa irritabilidade e transtornos digestivos. Também o hábito de fumar tende a diminuir a quantidade de leite. Componentes do cigarro: Na fumaça do cigarro já se isolaram 4.720 substâncias tóxicas, as quais atuam sobre os mais diversos sistemas e órgãos; Contém mais de 60 cancerígenos, sendo as principais: Nicotina - é a causadora do vício e cancerígena; Benzopireno - substância que facilita a combustão existente no papel que envolve o fumo; Nitrosaminas; Substâncias Radioativas - polônio 210 e carbono 14; Agrotóxicos - DDT; Solventes - benzeno; Metais Pesados - chumbo e o cádmio (um cigarro contém de 1 a 2 mg, concentrando-se no fígado, rins e pulmões, tendo meia-vida de 10 a 30 anos, o que leva a perda de capacidade ventilatória dos pulmões, além de causar dispnéia, enfisema, fibrose pulmonar, hipertensão, câncer nos pulmões, próstata, rins e estômago);

Níquel e Arsênico - armazenam-se no fígado e rins, coração, pulmões, ossos e dentes resultando em gangrena dos pés, causando danos ao miocárdio etc..; Cianeto Hidrogenado; Amônia - utilizado em limpadores de banheiro; Formol - componente de fluído conservante; Monóxido de Carbono - o mesmo gás que sai dos escapamentos de automóveis, e como tem mais afinidade com a hemoglobina do sangue do que o próprio oxigênio, toma o lugar do oxigênio, deixando o corpo do fumante, ativo ou passivo, totalmente intoxicado. Causas Por sua ação vasoconstritora, a nicotina diminui o calibre da artéria do cordão umbilical e a irrigação sanguínea da placenta. Como conseqüência, o bebê recebe menos nutrientes, a oxigenação fica comprometida e a criança pode nascer com peso menor. Nos EUA, um de cada seis nascimentos de crianças com baixo peso é devido ao fumo. Os filhos de mães fumantes correm 64,8% mais riscos de morrer após o nascimento do que os bebês daquelas que não fumaram durante a gravidez. Os riscos de ocorrência de defeitos congênitos são de 1,7 a 2,3% mais altos entre os bebês de mães fumantes. As mulheres que fumam 20 cigarros por dia têm 61% mais chances de sofrerem um aborto do que as não fumantes. Drogas - Brasil Escola

http://drauziovarella.ig.com.br/artigos/cigarro_histori a.asp Fraude, corrupção e mentiras Os fabricantes de cigarro levaram 40 anos para admitir o que já sabiam desde os anos 1950: o fumo causa câncer de pulmão. Nesse período, "a indústria do tabaco cometeu uma sucessão de fraudes, propagou mentiras com ares de controvérsia científica e enganou os consumidores num nível provavelmente inédito na história do capitalismo". Assim começa o excelente livro "O Cigarro" (Publifolha, 87 pág.), de Mario Cesar Carvalho. Nele, o autor conta a história do cigarro desde suas origens. Diz que o capelão da primeira expedição francesa ao Brasil, em 1556, já relatou seu uso entre os tupinambás. Daqui, o fumo emigrou clandestinamente para Portugal e para a Espanha. Fumar cigarro era raridade até o final do século 19. Em 1880, cerca de 58% dos usuários de tabaco eram mascadores de fumo, 38% fumavam charuto ou cachimbo, 3% cheiravam rapé e apenas 1% era fumante de cigarro. Nesse ano, o americano James A. Bonsack inventou uma máquina capaz de enrolar 200 cigarros por minuto, o que criou condições para o aparecimento da indústria. Então veio a distribuição de cigarros aos soldados nas trincheiras, durante a Primeira Guerra, e seu uso, que se achava restrito às camadas marginais das sociedades americana e européia, explodiu. Em 1900, o consumo anual americano era de cerca de 2 bilhões de cigarros; em 1930, chegou a 200 bilhões. As duas guerras mundiais, que afrouxaram a oposição ao cigarro, a urbanização acelerada, a criação do mercado de massa e a expansão do mercado de trabalho, criaram as

condições para que a epidemia do fumo se espalhasse pelo mundo, envolta em glamour por Hollywood, como símbolo de modernidade. Descrito com clareza o cenário que levou à disseminação dessa praga do século 20 pelos cinco continentes, o autor mostra como ocorreu a tomada de consciência da sociedade em relação aos malefícios do fumo e como a indústria boicotou as informações científicas que esclareciam a associação do cigarro com o câncer e com as doenças cardiovasculares. Até a década passada, por exemplo, a indústria se negava a reconhecer até o mais óbvio: que a nicotina provoca dependência, num deboche cínico aos que enfrentam o tormento de parar de fumar. Essa guerra suja, engendrada por executivos de terno e gravata e por pesquisadores sem escrúpulos alugados por eles, é apresentada de forma sucinta e contundente, justificando plenamente a conclusão inicial de que a indústria enganou de forma vil os consumidores, provocando milhões de mortes evitáveis. A estratégia de rebater todas as evidências de que o cigarro provoca doenças mortais conseguiu assegurar aos fabricantes o direito de manter, por muitos anos, a propaganda do cigarro pelos meios de comunicação de massa, com mensagens dirigidas a adolescentes, concebidas para aliciá-los à escravidão da dependência de nicotina. Existe, na história do capitalismo, exemplo mais abominável de crime contra as crianças, perpetrado em nome do lucro? Nos dias de hoje, esse aliciamento criminoso se faz sentir especialmente nos países em desenvolvimento, nos quais a defesa da saúde pública ensaia os primeiros passos e a vida humana parece valer menos. Conformada com a perda de mercado nos países industrializados, a indústria do fumo descarrega seu poder de fogo para conquistar novos dependentes nos países pobres. No Brasil, apesar do avanço inegável dos últimos anos, a adoção de medidas restritivas à publicidade do cigarro aconteceu com 30 anos de atraso em relação aos Estados Unidos, como nos lembra o autor. Desde 1971, é proibido anunciar cigarro na TV americana; no Brasil, a proibição foi feita há pouco mais de um ano. Durante 30 anos, nossas crianças foram bombardeadas com mensagens para induzi-las a fumar, enquanto as americanas eram protegidas pela legislação de seu país. Da mesma forma, atualmente, enquanto as multinacionais da indústria de tabaco concordaram em pagar 246 bilhões de dólares para convencer os 50 estados americanos a desistir de mover contra elas ações por fraude contra a saúde pública, aqui não arcam nem sequer com um centavo das despesas com o tratamento das doenças provocadas pelo cigarro. Por quê? Para essas companhias, a vida de um cidadão americano vale mais? Nesse campo vale a pena acompanhar com todo o cuidado a ação que a Associação em Defesa da Saúde do Fumante (Adesf) move contra a Souza Cruz e a Philip Morris e que conseguiu, no Supremo Tribunal, a inversão do ônus da prova, isto é, as companhias é que terão de provar que cigarro não vicia. Foi uma ação similar a essa que possibilitou o acordo de US$ 246 bilhões nos Estados Unidos, como bem ressalta Carvalho.

O ponto alto do livro, no entanto, está no capítulo "Por que o Cigarro Conquistou o Mundo". Nele, o autor toca num ponto quase nunca lembrado, mas absolutamente fundamental para entender qualquer dependência química: o usuário sente prazer ao consumir a droga. No caso da nicotina, esse prazer está ligado à sua interação imediata com receptores dos neurônios situados em áreas do cérebro associadas às sensações de prazer e de recompensa e à busca da repetição do estímulo que provocou o prazer. Se um cigarro for consumido em dez tragadas, o autor calcula, o cérebro do fumante de um maço por dia verá esse circuito repetir-se 73 mil vezes por ano. E pergunta com lógica cristalina: que outra droga provoca 73 mil impactos de prazer num ano? Nessa pergunta elementar está a resposta à dificuldade enfrentada pelos 80% ou mais dos que fracassam na tentativa de abandonar o cigarro. Nela está a explicação de por que é mais difícil largar do cigarro do que do álcool, da maconha, da cocaína, da heroína, da morfina ou do crack.

Área de entrevistas: Daniel Deheinzelin é professor de Pneumologia da Faculdade de Medicina da USP e médico do Hospital do Câncer e do Hospital Sírio-Libanês.

Ação da nicotina no aparelho respiratório Drauzio - A dependência da nicotina, em geral, começa na adolescência. O que acontece com o pulmão do adolescente quando começa a fumar? Deheinzelin - Tão logo a pessoa começa a fumar, tem início uma reação inflamatória provocada, em primeiro lugar, pela temperatura elevada da fumaça que queima não só os pulmões, mas toda a via aérea. Prova de que isso acontece é o reflexo de tosse que acompanha as baforadas dos principiantes. Depois, os sintomas desagradáveis desaparecem e progressivamente vai aumentando o número de cigarros fumados por dia. A combustão gera partículas de oxigênio, os radicais livres, que oxidam as estruturas celulares, destruindo parte da arquitetura dos pulmões. Dizer que o cigarro faz mal para o pulmão é tratar de uma parte do problema. O cigarro danifica a via respiratória inteira, porque seu revestimento interno não suporta a toxicidade nem a alta temperatura da fumaça e começa a sofrer um processo de substituição de células. Além disso, a produção de muco aumenta muito. Por quê? Porque o muco funciona como uma capa protetora do tecido epitelial, que reveste as vias aéreas, e pode ajudar a expelir os elementos irritantes que foram inalados. Nos brônquios, a fumaça também provoca uma reação inflamatória que ocasiona sua destruição progressiva. Portanto, desde o dia em que a pessoa começa a fumar, a integridade de seu aparelho respiratório fica comprometida por duas razões: os alvéolos passam a ser agredido constantemente, o que provoca sua gradual destruição; ocorre uma mudança na composição do revestimento dos brônquios, desencadeando uma doença conhecida como bronquite.

Aparecimento dos sintomas

Drauzio - A partir de quando isso pode ser detectado por um clínico? Deheinzelin - O problema é que as manifestações clínicas custam a aparecer. O pulmão tem uma reserva funcional muito grande. O indivíduo vai perdendo área de troca gasosa, mas consegue manter a atividade física. "Eu fumo, mas não tenho nenhum problema. Faço tudo o que sempre fiz, nado, jogo bola". Isso pode até ser real naquele momento, mas 10 anos mais tarde haverá uma diferença radical entre seu condicionamento e o de quem não fumou. E não se pode esquecer de que ele pensa realizar tudo normalmente porque não sabe como faria se não fumasse. Estudos que tiveram como referência gêmeos univitelinos, pessoas praticamente idênticas, demonstraram que a função pulmonar do fumante apresenta sempre alterações importantes em relação à do que não fuma.

Comprometimento da função pulmonar Drauzio - Comparando garotas adolescentes com 16 anos, uma fumante há um ano, com outra não-fumante, as provas de função pulmonar das duas já apresentam alguma diferença? Deheinzelin - Isso depende do método empregado. Nessa faixa etária, não se consegue detectar a diferença. No entanto, se compararmos exames realizados em várias épocas distintas, consegue-se facilmente identificar a que fuma, porque nela a perda da função pulmonar é maior. Seus pulmões envelhecem mais depressa do que os pulmões da não-fumante. Drauzio - Como se reflete essa perda da função pulmonar no dia-a-dia do fumante? Deheinzelin - A capacidade de fazer exercícios fica mais restrita. Aos 30 anos, um simples lance de escadas derruba o atleta de poucos anos atrás. E, como já dissemos, o problema não está só nos pulmões. Ele se torna hipertenso e sofre alterações cardiovasculares, pois o sistema funciona em uníssono. É impossível imaginar pulmão e coração funcionando como órgãos independentes. Aos poucos, a máquina toda passa a apresentar defeitos. Aí, ele argumenta, na vã tentativa de consolar-se: "Tenho 30 anos e ainda consigo jogar bola, uma vez por semana, com a turma da faculdade", mas é incapaz de imaginar como o faria se não fumasse. Drauzio - Qual resposta você dá ao fumante que lhe pergunta quanto mal o cigarro já causou para seu organismo? Deheinzelin - Essa pergunta é muito difícil de responder. Para ser exato, seria necessário repetir sistematicamente os testes de esforço para acompanhar a evolução do caso. Não existe um exame isolado que possibilite determinar a área lesada do pulmão. Na verdade, o interesse das pessoas resume-se no seguinte: saber o tamanho do estrago, porque sempre há a esperança de não ter havido estrago algum. Desse modo, a decisão de largar de fumar pode ser adiada para quando os sintomas da doença forem mais evidentes. Drauzio - Existe, na cabeça de alguns fumantes, uma lógica que não é correta: "Fumo há 40 anos e o cigarro só danificou esse tanto. Para estragar o dobro, vai levar mais 40 anos. Daqui a 40 anos, estarei morto com certeza. Então, posso continuar fumando que não fará a menor diferença".

Deheinzelin - Faz muita diferença. Há um momento em que o estrago cresce de forma exponencial, não é mais somatório. Esse é um problema sério para as pessoas com 50, 60 anos que fumam desde a juventude e procuram o médico porque já apresentaram alguma manifestação da doença. Quando alertadas que a tendência é piorar se continuarem fumando, retrucam: "Ah! Mas eu já fumei 30 anos e só agora senti alguma coisa. Por que tenho de parar de fumar agora se, por certo, não viverei mais 30 anos?" Sinto dizer que essas contas nunca estão corretas. Às vezes, basta um ano para o quadro deteriorar irremediavelmente.

O apoio para quem tenta parar Drauzio - O que acontece quando uma pessoa de 50 ou 60 anos, que fumou desde a juventude, pára de fumar? Deheinzelin - Os benefícios são muitos. Apesar de não ser possível fazer regredir a doença causada pelo cigarro, por exemplo, as áreas pulmonares destruídas pelo enfisema não voltarão a ser sadias, há uma tendência para significativa melhora funcional. Depois de 5 anos de abstinência, pode-se dizer que a recuperação é tão boa que vale a pena parar de fumar, seja qual for a idade do paciente. E os benefícios não se restringem apenas ao aparelho respiratório. Sentidos, como paladar e olfato, também saem lucrando. Quem fuma não consegue apreciar o sabor dos alimentos, nem sente cheiros porque boca e nariz estão impregnados de fumaça.

Luta contra a dependência

Drauzio - Vamos imaginar pacientes com enfisema pulmonar em grau avançado, a ponto de mal conseguirem movimentar- se, e com muita falta de ar. De acordo com sua experiência, na média, c eles se comportam quando são informados da necessidade premente de parar de fumar? Deheinzelin - É muito difícil estabelecer uma média, porque as reações variam muito. Alguns enten se dispõem a lutar contra o cigarro. Nesse momento, porém, estão debilitados e ansiosos, o que tor tudo mais complicado. Outros dizem: "Já entendi. Se estou mesmo perdido, por que tenho de me im sacrifício de não fumar?", e continuam fumando.

No entanto, algumas situações estão associadas ao sucesso na iniciativa de parar de fumar. Mulhere fumantes, geralmente, conseguem parar durante a gravidez. Talvez, o instinto materno fale mais alt Porém, depois do nascimento da criança, impelidas por condições ambientais de estresse ou pelas dificuldades inerentes ao pós-parto, elas voltam a fumar.

Outro grupo que costuma vencer a dependência de nicotina é constituído pelas pessoas com doença coronariana. Ao se conscientizarem de que os próximos cigarros podem provocar um acidente vascu fatal, muitas deixam de fumar.

Drauzio - Não são todas com doença coronariana que deixam de fumar? Deheinzelin - Não, das pessoas que participam de programas para parar de fumar, mais ou menos alcançam seu objetivo. Os outros, mesmo diante da ameaça de morte, continuam fumando. Como s impulso é tão forte, que contraria o mais primário dos instintos, o da sobrevivência.

Drauzio - É uma dependência brutal a ponto de vencer a preocupação com a própria sobrevivência verdade? Deheinzelin - Ninguém mais discute que o cigarro seja um fator de risco para a doença coronarian exames que comprovam isso claramente. O indivíduo dá uma tragada, o médico injeta o contraste e observa as reações na tela à sua frente. O cigarro é um poderoso vasoconstritor. Não são apenas as coronárias que se fecham. Contraem-se todas as artérias do corpo, entre elas as artérias cerebrais e que vão para o pênis, por exemplo. Por isso, além de infartos e derrames, o tabaco é responsável p comprometimento da potência sexual.

Programa de ajuda ao fumante Drauzio - No Hospital ACCamargo,mais conhecido por Hospital do Câncer, em São Paulo, há um ambulatório para o tratamento dos dependentes de nicotina. Como funciona? Deheinzelin - Esse ambulatório foi criado porque não dá para pensar em tratamento do câncer, sem investir na profilaxia e, como todos estão cansados de saber, o cigarro é uma das principais causas de câncer. Para ter-se uma idéia, a cada três casos de câncer, um está ligado ao consumo de tabaco. Para participar desse programa promovido pelo hospital, é necessário preencher um requisito básico: o fumante deve ter superado a fase que chamamos de contemplação, representada pela frase, "preciso parar de fumar qualquer dia", e ingressado na fase de ação, "o que preciso fazer para deixar de fumar definitivamente?" (Saiba mais sobre as fases do processo de abandono no

artigo). Só assim ele é admitido e passa por uma consulta clínica a fim de detectar os problemas de saúde relacionados com o cigarro (hipertensão, insuficiência coronariana, doença pulmonar obstrutiva) que demandem tratamento imediato. Simultaneamente, realiza-se uma avaliação psiquiátrica, pois uma proporção significativa de distúrbios psiquiátricos está associada ao tabagismo e, se não forem tratados, dificultarão o trabalho. Não se trata de psicoterapia. São tratamentos de curta duração, à base de medicamentos, para pessoas extremamente ansiosas ou deprimidas. Feito isso, a pessoa está pronta para ingressar no programa propriamente dito. Sabe-se que o consumo de tabaco, por questões sociais, está ligado a dois fatores importantes: dependência de nicotina e habito de acender um cigarro. Às vezes, a pessoa age compulsivamente. Isso ocorre não só pela carência imperiosa de nicotina, mas pelo mecanismo automático de pegar o cigarro e acendê-lo. A pessoa toma café e acende o cigarro. Vai falar ao telefone, acende um cigarro. Entra no carro, senta-se diante do computador ou da máquina de escrever, liga a televisão, acende o cigarro. Esses gestos automáticos precisam ser interrompidos. Por isso, o tratamento é comportamental, visando a mudar os hábitos do fumante. Paralelamente, prescreve-se o uso de emplastros transdérmicos (adesivos), que liberam nicotina em pequenas doses através da pele, preservando os pulmões dos efeitos da fumaça. Drauzio - Qual a duração do tratamento e o que deve fazer quem se interessa em participar desse programa? Deheinzelin - Durante 5 semanas, a pessoa deve ir ao hospital para discutir o problema do automatismo e encontrar um caminho que lhe permita desenvolver novos comportamentos. No mundo inteiro, esse tipo de programa tem-se mostrado eficiente para ajudar os fumantes a libertarem-se dos males que o cigarro traz. As pessoas interessadas em participar desse programa devem entrar em contato com o Departamento de Tórax o Hospital ACCamargo, telefone 3272-5000

http://www.areaseg.com/toxicos/fumo.html

Sobre o cigarro O cigarro é, hoje, o maior problema de saúde pública mundial. Mata mais que a Aids, a Malária e a Baríola, juntas. No Brasil, morrem cerca de 105 mil pessoas por ano ( fonte INCA- MS), tendo dedos, pernas, braços amputados; sem poderem respirar por conta de câncer de pulmão ou enfisema; sem mandíbulas; com o rosto desfigurado; sem esôfago; com câncer de próstata, etc. Imagine um Maracanã lotado, em dia de final de campeonato. Um ano depois, imagine-o vazio, triste e escuro. Todos se foram por conta do cigarro. E depois de uma carga enorme de sofrimentos. E, infelizmente, quem paga esta conta é o povo brasileiro. Todos nós: você e eu, através dos impostos. Vamos fazer os fabricantes de cigarros pagarem isto. Vamos punir quem deve ser punido. Afinal de contas, eles faturam e nós pagamos as contas? Não deixe isto continuar, principalmente se você já conviveu com - e pagou por - este tipo de problema. • • •

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Nos últimos 30 anos, o fumo provocou um milhão de óbitos no Brasil e o prognóstico para os próximos quinze anos é de mais sete milhões de mortes; Há no cigarro 4.730 produtos tóxicos, como a nicotina, o alcatrão, agrotóxicos, substâncias radioativas, metais pesados e monóxido de carbono; O fumo provoca infarto, efisema pulmonar, derrame cerebral, osteoporose, e sobretudo cânceres (pulmão, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, colo do útero, bexiga). E também impotência, menopausa precoce, rugas, aborto espontâneo, prematuridade e morte perinatal; A fumaça lateral do cigarro, assimilada pelo fumante passivo, tem três vezes mais nicotina e cinqüenta vezes mais substâncias cancerígenas do que a expirada pelos tabagistas; Num recinto onde o fumo é permitido, ao final de oito horas o não fumante terá consumido quatro cigarros, aumentando em até duas vezes sua chance de ter câncer de pulmão; O dinheiro gasto anualmente com exames, internações e medicamentos decorrentes de doenças do fumo é suficiente para construir quinze hospitais. O consumo de tabaco porá fim prematuramente à vida de dez milhões de pessoas até 2020, caso a tendência atual continue. É o único produto legal que causa a morte da metade de seus usuários regulares. Isto significa que de 1,3 bilhão de fumantes no mundo, 650 milhões vão morrer prematuramente por causa do cigarro, diz a OMS. O tabaco causa prejuízos de mais de 200 bilhões de dólares ao ano no mundo. No Egito, o custo anual do tratamento de doenças vinculadas ao tabagismo chega a 545 milhões de dólares e na China a 6,5 bilhões de dólares, segundo os últimos números disponíveis. Mais de um milhão de pessoas de 350 milhões de fumantes morrem vítimas do tabagismo a cada ano na China e, segundo a OMS, este número poderia chegar a três milhões em 2050

Composição do cigarro • • •

Nicotina. É a causadora do vício; Benzopireno. Substância que facilita a combustão existente no papel que envolve o fumo; Nitrosaminas;

Fumo, Cigarro e Suas Conseqüências 1. Introdução O cigarro é um dos produtos de consumo mais vendidos no mundo. Comanda legiões de compradores leais e tem um mercado em rápida expansão. Satisfeitíssimos, os fabricantes orgulham-se de ter lucros impressionantes, influência política e prestígio. O único problema é que seus melhores clientes morrem um a um. A revista The Economist comenta: “Os cigarros estão entre os produtos de consumo mais lucrativos do mundo. São também os únicos produtos (legais) que, usados como manda o figurino, viciam a maioria dos consumidores e muitas vezes o matam.” Isso dá grandes lucros para a indústria do tabaco, mas enormes prejuízos para os clientes. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, a vida dos fumantes americanos é reduzida, coletivamente, todo ano, em uns cinco milhões de anos ,cerca de um minuto de vida a menos para cada minuto gasto fumando.“ O fumo mata 420.000 americanos por ano”, diz a revista Newsweek. “Isso equivale a 50 vezes mais mortes do que as causadas pelas drogas ilegais”.

2. O Que Vai no Cigarro

Até setecentos aditivos químicos talvez entrem nos ingredientes utilizados na fabricação de cigarros, mas a lei permite que os fabricantes guardem a lista em segredo. No entanto, constam entre os ingredientes matais pesados, pesticidas e inseticidas. Alguns são tão tóxicos que é ilegal despejá-los em aterros. Aquela atraente espiral de fumaça está repleta de umas 4.000 substâncias, entre as quais acetona, arsênico, butano, monóxido de carbono e cianido. Os pulmões dos fumantes e de quem está perto ficam expostos a pelo menos 43 substâncias comprovadamente cancerígenas.

3. O Que Há por Trás do Cigarro

centenas de substâncias nocivas estão presentes no cigarro.

No mundo todo, três milhões de pessoas por ano -seis por minuto- morem por causa do fumo, segundo o livro Mortality From Smoking in Developed Countries 19502000, publicado em conjunto pelo Fundo Imperial de Pesquisas do Câncer, da GrãBretanha, pela OMS(Organização mundial de Saúde) e pela Sociedade Americana do Câncer. Essa análise das tendências mundiais com relação ao fumo, a mais abrangente até a presente data, engloba 45 países. “Na maioria dos países”, adverte Richard Peto, do Fundo Imperial de Pesquisas do Câncer, “o pior ainda está por vir. Se persistirem os atuais padrões de tabagismo, quando os jovens fumantes de hoje chegarem à meia-idade ou à velhice, haverá cerca de 10 milhões de mortes por ano causadas pelo fumo - uma morte a cada três segundos. O fumo é diferente de outros perigos”, diz o Dr. Alan Lopez, da OMS. “Termina matando um em cada dois fumantes”. Martin Vessey, do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Oxford, diz algo parecido: “Essas constatações no período de 40 anos levam à terrível conclusão de que metade de todos os fumantes terminará morrendo por causa desse hábito – uma idéia muito aterradora.” Desde a década de 50,60 milhões de pessoas morreram por causa do fumo. Essa idéia é muito aterradora também para a indústria do tabaco. Se todo ano, no mundo todo, três milhões de pessoas morrem por motivos ligados ao fumo, e muitas outras param de fumar, então todo ano é preciso encontrar três milhões de novos fumantes. Uma fonte de novos fumantes surgiu por causa do que a indústria do tabaco aclama como liberação das mulheres. O fumo entre as mulheres é fato consumado já por alguns anos nos países ocidentais e agora está ganhando terreno em lugares em que se via nisso um estigma. Os fabricantes de cigarro pretendem mudar tudo isso. Querem ajudar as mulheres a comemorar a prosperidade e a liberação recém – conquistadas. Marcas especiais de cigarro que alegam ter baixos de nicotina e alcatrão engodam as mulheres que fumam e que acham esse tipo de cigarro menos prejudicial. Outros cigarros são perfumados ou então são longos e finos – o visual que as mulheres talvez sonhem conseguir fumando. Os anúncios de cigarro na Ásia apresentam modelos orientais, jovens e chiques, elegante e sedutoramente vestidas no estilo ocidental. No entanto, o saldo de mortes relacionadas com o fumo ganha terreno, junto com a “liberação” feminina. O número de vítimas de câncer de pulmão entre as mulheres dobrou nos últimos 20 anos na Grã-Bretanha, no Japão, na Noruega, na Polônia e na Suécia. Nos Estados Unidos e no Canadá, os índices aumentaram 300%. “Você percorreu um longo caminho, garota!”, diz um anúncio de cigarro. Alguns fabricantes de cigarro têm sua própria estratégia. Certa empresa nas Filipinas, país predominantemente católico, distribuiu calendários gratuitos em que logo abaixo da imagem da Virgem Maria aparecia, descaradamente, o logotipo do cigarro. “Nunca tinha visto nada igual”, disse a Dra.Rosmarie Erban, conselheira de saúde da OMS, na Ásia. “Estavam tentando relacionar o ícone ao fumo, para que as mulheres filipinas não se sentissem culpadas diante da idéia de fumar.” Na China, calcula-se que 61% dos homens adultos fumam, contra apenas 7% das mulheres. Os fabricantes ocidentais de cigarro estão de olho na “liberação” dessas belas orientais, milhões das quais por muito tempo foram privadas dos “prazeres” desfrutados pelas glamorosas ocidentais. Mas há uma pedra enorme no caminho: o fabricante estatal de cigarro supre o mercado com a maior parte do produto. As empresas ocidentais, porém, estão gradualmente conseguindo abrir as portas. Com oportunidades limitadas de publicidade, alguns fabricantes de cigarro procuram preparar o terreno para ganhar futuros clientes à surdina. A China importa filmes de

Hong Kong, e em muitos deles os autores são pagos para fumar – um marketing sutil! Em vista do aumento das hostilidades em seu próprio país, a próspera indústria norteamericana do tabaco está estendendo seus tentáculos para aliciar novas vítimas. Os fatos mostram que os países em desenvolvimento são seu alvo, não importa o custo em vidas humanas. No mundo todo as autoridades sanitárias soam o alarme. Algumas manchetes: “África combate nova praga: o fumo.” “Fumaça vira fogo na Ásia enquanto o mercado tabagista dispara.” “Índices de consumo de cigarro na Ásia causarão epidemia de câncer.” “A nova batalha do Terceiro Mundo é contra o fumo” O continente africano tem sido castigado por secas, por guerras civis e pela epidemia da AIDS. No entanto, diz o Dr.Keith Ball, cardiologista britânico, “com exceção da guerra nuclear ou da fome, o fumo é a maior ameaça para a saúde da África no futuro”. Gigantes multinacionais contratam lavradores para cultivar tabaco. Estes derrubam árvores cuja madeira é extremamente necessária para cozinhar, aquecer ambientes e construir casas e a usam como combustível para a cura do tabaco. Cultivam lucrativas plantações de tabaco em vez de produtos alimentícios menos lucrativos. Os africanos pobres geralmente gastam grande parte de sua escassa renda em cigarro. As famílias africanas definham, desnutridas, enquanto os cofres dos fabricantes ocidentais de cigarro engordam com os lucros.

4. A Praga se Espalha Pelo Mundo A África, a Europa Oriental e a América Latina são o alvo dos fabricantes ocidentais de cigarro, que vêem nos países em desenvolvimento uma gigantesca oportunidade comercial. Mas a populosa Ásia é de longe a maior mina de ouro de todos os continentes. Só a china atualmente tem mas fumantes do que toda a população dos Estados Unidos – 300millhões. Eles fumam o total assombroso de 1,6 trilhão de cigarro por ano, um terço do total consumido no mundo! “Os médicos dizem que as implicações do estouro do fumo na Ásia são nada menores que aterradoras”, diz o jornal New York Times Richard Peto calcula que, dos dez milhões de mortes relacionadas com o fumo que se espera que ocorram todo ano nas próximas ou três décadas, dois milhões se darão na China. Cinqüenta milhões de crianças chinesas hoje vivas podem vir a morrer de doenças ligadas ao fumo, diz Peto. O Dr.Nigel Gray resumiu isso nas seguintes palavras: “A história do fumo nas últimas cinco décadas na China e na Europa Oriental condena esses países a uma grande epidemia de doenças ligadas ao fumo. “Como pode um produto que é a causa de 400 mil mortes prematuras por ano nos EUA, um produto que o Governo norte-americano quer a todo custo que seus cidadãos deixem de consumir, de repente tornar-se diferente fora das fronteiras americanas!”, perguntou o Dr.Prakit Vateesatokit, da Campanha Antifumo da Tailândia. “Será que a saúde se torna irrelevante quando o mesmo produto é exportado para outros países?. A próspera indústria de tabaco tem no governo dos Estados Unidos um aliado poderoso. Juntos lutam para ganhar terreno no exterior, especialmente nos mercados

asiáticos. Por anos os cigarros americanos foram impedidos de entrar no mercado do Japão, Taiwan (Formosa), Tailândia e outros países, porque alguns desses governos tinham seus próprios monopólios sobre produto do tabaco. Grupos antifumo protestam contra as importações, mas a administração norte-americana usou uma arma persuasiva: tarifas punitivas . A partir de 1985, sobre intensa pressão do Governo dos Estados Unidos, muitos países asiáticos abriram as portas, e os cigarros americanos estão invadindo o mercado. As exportações americanas de cigarro para a Ásia aumentaram 75% em 1988. Talvez as vítimas mas trágicas da competitividade no mundo do fumo sejam as crianças um estudo divulgado na revista The Journal of the American Medical Association diz que “as crianças e os adolescente constituem 90% de todos os novos fumantes. Um artigo na revista U.S.News & Would Report calcula em 3,1 milhões a quantidade de fumantes adolescente nos Estados Unidos. Todo dia, 3.000 jovens começam a fumar – 1.000.000 por ano. A publicidade de certo cigarro apresenta a imagem de um personagem de desenhos animados, muitas vezes com um cigarro na boca, um camelo que adora se divertir e vive atrás dos prazeres da vida. Essa publicidade é acusada de engodar crianças e adolescentes, tornando-os escravos da nicotina, antes que compreendam os riscos para a saúde. Em apenas três anos de divulgação dessa publicidade, o fabricante teve um aumento de 64% nas vendas para adolescentes. Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Geórgia (EUA) constatou que 91% das crianças de seis anos de idade que foram avaliadas conheciam esse camelo fumante. Outro personagem muito conhecido no mundo do cigarro é o cowboy machão, despreocupado, cuja mensagem, nas palavras de um rapaz, é: “quando você está fumando, ninguém o segura”. Consta que o produto de consumo mais vendido no mundo é um cigarro que controla 69% do mercado entre os fumantes adolescentes e que a marca que mais investe em publicidade. Como um incentivo a mais, todo maço traz cupons que podem trocados por jeans, bonés e roupas esportivas do gosto da moçada. Reconhecendo o tremendo poder da publicidade, grupos antifumo conseguiram que se proibissem em muitos países os anúncios publicitários de cigarro na televisão e no rádio. Mas um jeito que os espertos anunciantes de cigarro acharam de driblar o sistema foi colocar outdoors em pontos estratégicos em eventos esportivos. É por isso que numa partida de futebol televisionada para uma grande audiência de jovens talvez apareça, em primeiro plano, a imagem do jogador favorito desses telespectadores, prestes a fazer uma jogada, e em segundo plano, sorrateiramente, um enorme outdoor. Aqui no Brasil, a minissérie Presença de Anita , chamou a atenção aos vários cigarros consumidos pela protagonista de apenas 18 anos. A representação foi tamanha, ao ponto da própria atriz tornar-se dependente. A mensagem descarada é que fumar dá prazer, boa forma, virilidade e popularidade. “Onde eu trabalhava”, disse um consultor de publicidade, “tentávamos de tudo para influenciar a garotada de 14 anos a começar a fumar”. Os anúncios na Ásia apresentam ocidentais atléticos, saudáveis e cheios de juventude, divertindo-se a valer em praias e quadras esportivas – fumando, é claro. “Top models e estilos de vida ocidentais criam padrões glamorosos a imitar”, comentou um informe de marketing, “e os fumantes asiáticos

nunca se fartam disso”.

5. Não Fumantes em Risco Você mora, trabalha ou viaja com fumantes inveterados? Então talvez corra o risco ainda maior de contrair câncer de pulmão ou doenças cardíacas. Um estudo realizado em 1993 pela Agência para Proteção do Meio ambiente (EPA, em inglês) concluiu que a fumaça de cigarro no ambiente é um carcinógeno do Grupo A, o mais perigoso. O relatório analisou exaustivamente os resultados de 30 estudos da fumaça produzidas pelo cigarro em repouso e da fumaça expelida depois de tragada. A EPA diz que a inalação passiva da fumaça de cigarro é responsável pelo câncer de pulmão que mata 3.000 pessoas todo o ano nos Estados Unidos. A Associação Médica Americana confirmou essas conclusões, em junho de 1994, com a publicação de um estudo que revela que as mulheres que nunca fumaram, mas que inalam fumaça de cigarro no ambiente, correm um risco 30% maior de contrair câncer de pulmão do que outras pessoas que também nunca fumaram. No caso das crianças pequenas, a fumaça de cigarro resulta em 150.000 a 300.000 casos anuais de bronquite e pneumonia. A fumaça agrava os sintomas de asma em 200.000 a 1.000.000 de crianças todo o ano nos Estados Unidos. A Associação Cardíaca Americana calcula que ocorram, todo o ano, 40.000 mortes por doenças cardiovasculares causadas pela fumaça de cigarro no ambiente. Um levantamento feito pela equipe de José Rosember, pneumologista brasileiro, avaliou os efeitos do tabagismo na saúde de 15 mil crianças entre zero e um ano. Nas famílias em que o pai fuma, cerca de 25%das crianças apresentou problemas respiratórios. Quando a mãe é fumante o número passa para 49%, pois ela tem mais contato com Em 2002, o governo brasileiro estampará nos maços de cigarro, imagens e alertas aterradores, como por exemplo uma doente grave aparecendo num leito de hospital com câncer de pulmão. Terá também imagens de crianças prematuras para alertar o fumo durante a gravidez e frases de efeito como “Fumar causa impotência sexual”. Será a maior ofensiva contra os mais de 30 milhões de viciados, que segundo o Ministério da Saúde mata 80 mil brasileiros por ano. Mas, para quem quer se livrar da dependência, a medicina está trazendo tratamentos desde terapias e antidepressivos até chicletes e adesivos de nicotina. Já existem várias alternativas contra o cigarro, segundo o psiquiatra Montezuma Ferreira, do Ambulatório de Tabagismo do Hospital das Clínicas de São Paulo “Hoje é mais fácil parar de fumar”. Algumas dessas alternativas se baseiam na reposição de nicotina. O fumante é poupado dos efeitos da interrupção repentina do hábito, como a irritabilidade. Então, se oferece ao corpo a nicotina mas em doses menores até que ele dispense a substância, como é o caso do chiclete e do adesivo de nicotina. Há outros tratamentos que usam antidepressivos, com bupropriona (Zyban, da empresa Glaxowellcome). Mas ainda não se sabe como ele funciona contra a dependência. Acredita-se que a

droga aumente o efeito de substâncias como a seretonina e a dopanina. Assim, o fumante teria as mesmas sensações de bem-estar causadas pela nicotina. Porém, esses tratamentos são recomendados para pacientes que fumam mais de quinze cigarros por dia, ou seja, um alto grau de dependência. Há até técnicas para quem, durante o tratamento, sente um desejo incontrolável de fumar. Trata-se de um sray de nicotina. Ao bater aquela vontade de tragar, o fumante pode borrifar um pouco do líquido no nariz. Mas esse produto só existe nos Estados Unidos. Já descobriu-se que o cérebro possui receptores de nicotina, espécies de fechadura localizadas nas células nas quais o composto se encaixa. A partir daí começam a ser liberadas no corpo substâncias como a seretonina, catecolamida e dopamina. Elas estão envolvidas no processamento de sensações como bom-humor e relaxamento. Com o tempo, o corpo se acostuma com a nicotina e precisa cada vez mais dela para sentir as mesmas coisas. Está consolidada a dependência. Sabe-se também que além da nicotina, o outro vilão é o alcatrão. Ele causa alterações nas células que podem levar ao desenvolvimento de vários tipos de câncer como o de pulmão e o de boca.

6. Constatações de 50.000 Estudos A seguir temos uma pequena amostra do que preocupa os pesquisadores com relação ao fumo e à saúde: •

Câncer de Pulmão: 87% das mortes por câncer de pulmão ocorrem entre os fumantes.



Doenças Cardíacas: os fumantes correm um risco de 70% maior de apresentar doenças cardíacas



Câncer de Mama: as mulheres que fumam 40 ou mais cigarros por dia têm uma probabilidade 74% maior de morrer de câncer de mama.



Deficiências Auditivas: os bebês de mulheres fumantes têm maiores dificuldades em processar sons.



Complicações da Diabetes: os diabéticos que fumam ou que mascam tabaco correm maior risco de ter graves complicações renais e apresentam retinopatia (distúrbios da retina) de evoluções mais rápidas.



Câncer de Cólon: dois estudos com mais de 150.000 pessoas mostram uma relação clara entre o fumo e o câncer de cólon.



Asma:

a fumaça pode piorar a asma em crianças •

Predisposição ao Fumo: as filhas de mulheres que fumavam durante a gravidez têm quatro vezes mais probabilidade de fumar também.



Leucemia: suspeita-se que o fumo cause leucemia mielóide.



Contusões em Atividades Físicas: segundo um estudo do Exército dos Estados Unidos, os fumantes têm mais probabilidades de sofrer contusões em atividades físicas.



Memória: doses altas de nicotina podem reduzir a destreza mental em tarefas complexas.



Depressão: psiquiatras estão investigando evidências de que há uma relação entre o fumo e a depressão profunda, além da esquizofrenia.



Suicídio: um estudo feito entre enfermeiras mostrou que a probabilidade de cometer suicídio era duas vezes maior entre as enfermeiras que fumavam.



Outros perigos a acrescentar à lista: câncer da boca, laringe, gargantas, esôfago, pâncreas, estômago, intestino delgado, bexiga, rins e colo do útero; derrame cerebral, ataque cardíaco, doenças pulmonares crônicas, distúrbios circulares, úlceras pépticas, diabetes, infertilidade, bebês abaixo do peso, osteoporose e infecções dos ouvidos. Pode-se acrescentar ainda o perigo de incêndios, já que o fumo é a principal causa de incêndios em residências, hotéis e hospitais.

7. O Pulmão e o Coração

Ilustração do

O pulmão humano é composto de pequenos glóbulos chamados alvéolos. O fluxo de sangue e a irrigação sanguinia entre o coração e o pulmão são intensos. A fumaça do cigarro prejudica diretamente o funcionamento do sistema coração-pulmão. Com o passar do tempo os alvéolos pulmonares vão sendo cimentados pelos componentes da fumaça do cigarro, deixando de fazer sua função. O organismo então passa a ter menor oxigenação dos tecidos, resultando em maior facilidade de cansaço para o fumante. O cigarro também causa inúmeros danos ao coração, tal

Pulmão Humano

como infarto.

8. É Possível Libertar-se Milhões de pessoas conseguiram se libertar do vício da nicotina. Se você fuma, você também poderá largar esse hábito prejudicial. Aqui vão algumas dicas: •







Saiba de antemão o que esperar. Os sintomas de abstinência podem incluir ansiedade, irritabilidade, tontura, dor de cabeça, insônia, distúrbios estomacais, fome, fortes desejos de fumar, talvez por causa de um momento estressante (lembre-se de que o impulso em geral passa dentro de cinco minutos), dificuldade de concentração e tremores. Isso não é nada confortável, mas os sintomas mais intensos duram apenas alguns dias e vão desaparecendo à medida que o corpo vai se livrando da nicotina. Analise sua rotina para ver quando você procurava um cigarro e altere esse padrão, pois a mente estava condicionada por comportamentos associados ao fumo. Por exemplo, se fumava logo após as refeições, crie a determinação de levantar-se logo em seguida e caminhar ou lavar os pratos. Se estiver desanimado por causa de recaídas, não desista. O importante é continuar tentando. Parar de fumar é uma coisa. Largar de uma vez por todas o fumo é outra coisa. Estabeleça alvos de abstinência: um dia, uma semana, três meses, para daí então parar de fumar para sempre. Se a idéia de engordar o incomoda, lembre-se de que os benefícios de parar de fumar superam esses quilinhos a mais. É bom ter frutas e hortaliças à disposição. E beba muita água. E falando em benefícios ao parar de fumar saiba mais sobre isso:

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Vinte minutos depois de deixar o cigarro, a pressão arterial e os batimentos cardíacos retornam ao normal Um dia depois de largar o vício, as chances de infarto começam a se reduzir Após três dias, há um aumento da capacidade respiratória De duas a 12 semanas a circulação sangüínea melhora No intervalo de 1 a 9 meses a tosse e as infecções das vias aéreas vão cessando. A capacidade física melhora Em um ano diminui o risco de doença coronariana em 50% Em dez anos caem as chances do aparecimento de câncer No período de dez a 15 anos o perigo de desenvolver problemas cardíacos se iguala ao de uma pessoa que nunca fumou.

9. Estatísticas Mais de 300 pessoas morrem por dia no Brasil em conseqüência ao hábito de fumar. A Organização Mundial de Saúde prevê que, se nada for feito, em 2020 o vício do cigarro levará mais de 10 milhões de pessoas à morte, por ano. Estatísticas Sobre Uso do Cigarro

10.Conclusão O fumo e seus derivados fazem parte do grupo de drogas consideradas de alta periculosidade a saúde humana. Vidas são tragadas pelos malefícios do fumo a cada minuto. Entretanto o lucro gerado pelo fumo movimenta bilhões de dólares todos os anos. Milhares de horas de propaganda a favor do fumo são veiculadas nos meios de comunicação de massa toda semana buscando novos mercados consumidores. Se o fumo é um mal para uns, faz muito bem a outros tantos que usufruem do lucro gerado pelo fumo e seus derivados. A grande maioria entretanto, morre e adoece todos os dias. O fumo traz inúmeras despesas à nossa sociedade.

www.veja.abril.com.br Medicina

Por que elas não devem fumar A incidência de câncer de pulmão cresce mais entre as mulheres do que entre os homens. A culpa é do cigarro Gabriela Carelli

VEJA Saúde: reportagens e links sobre câncer

O índice de mortes causadas pelo câncer de pulmão entre os homens tem declinado desde os anos 80. Entre as mulheres, ao contrário, o número de mortes cresceu 600% entre 1930 e 1997. Só nos últimos vinte anos, o aumento foi de 150%. Essa doença mata hoje mais mulheres que os cânceres de mama, útero e todos os demais tumores ginecológicos juntos. Num artigo publicado em sua última edição, em que faz a resenha de pesquisas e levantamentos recentes, o Jornal da Associação Médica Americana (Jama) diz que o câncer de pulmão atingiu as dimensões de uma epidemia entre as americanas. Esse é um fenômeno que também se verifica no Brasil. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que nas últimas duas décadas a incidência de casos da doença cresceu 57% entre homens e 134% entre as brasileiras. Assim como ocorre com os homens, o cigarro é apontado como a principal causa do aumento desse tipo de tumor entre as mulheres. Nove de cada

dez cânceres de pulmão estão associados ao tabagismo. O risco de surgir um tumor pulmonar para quem fuma três cigarros por dia é quatro vezes maior do que para um nãofumante. A probabilidade aumenta para 24 vezes para quem consome um maço diário. "As pesquisas mostram que o avanço da doença está relacionado ao fato de as mulheres terem começado a fumar mais cigarros nos últimos trinta anos", diz Mark G. Kris, oncologista do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, de Nova York. "Enquanto a quantidade de fumantes masculinos caiu pela metade nesse período, o número de mulheres fumantes aumentou 25%", diz ele. Várias pesquisas sugerem que as mulheres são em média duas vezes mais suscetíveis a ter a doença do que os homens. Mesmo aquelas que não fumam, mas que são expostas à fumaça do cigarro, têm maior possibilidade de desenvolver um tumor do que homens que nunca fumaram. "Não se sabem as causas, mas suspeitase que hormônios sexuais femininos, como o estrógeno, interfiram no metabolismo de substâncias químicas do cigarro", diz o oncologista Jefferson Luiz Gross, do Hospital do Câncer de São Paulo.

A única informação positiva nessa estatística trágica é que as mulheres com câncer de pulmão em geral vivem por um período um pouco maior que os homens com a doença. O câncer de pulmão é um dos mais letais. Perto de 90% dos pacientes morrem num período de cinco anos após ele ser identificado. Por ser de difícil diagnóstico e ter sintomas iniciais geralmente negligenciados, como tosse e falta de ar, também é de difícil prevenção. Não é só com o câncer de pulmão que as fumantes devem se preocupar. Pesquisas mostram que os efeitos do tabagismo são mais devastadores para a saúde das mulheres que para a dos homens. O fumo dobra a probabilidade de câncer de mama, aumenta em cinco vezes o risco de câncer de colo do útero e triplica a incidência de ataques cardíacos e derrames. Um perigo que, combinado à pílula anticoncepcional, pode ser dez vezes maior

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