Nossa existência lembra o riacho buscando o mar. Surgem pedras, barreiras e obstáculos. Riacho inteligente contorna, assimila, passa por cima, passa por baixo, sempre encontrando um jeito de prosseguir. Porque o mar chama, convida. Porque o mar é seu endereço final.
Riacho bobo fica rodeando a pedra, o desafio, a barreira. O rio atinge suas metas, porque aprende a superar dificuldades. Continuar navegando é perseverar quando a maioria desiste. É sulcar as águas, quando outros já ancoraram. É chutar longe a tristeza, fazendo um pacto sagrado com a paz.
Continuar navegando é embeber-se de infinitos, na coragem de quem enfrenta o impossível. É o mergulho fundo de quem atravessa a casca. É insistir no válido e nobre, quando outros desalentam. É colher trigo bom, num campo atapetado de joio. É ser jovial face aos problemas, indulgente com os menos prendados, afável com os mais velhos e irmãos de todos.
Continuar navegando é construir templos de fraternidade, com as pedras que jogam em nossos telhados. É suar a camiseta quando a maioria já saiu de campo. É recomeçar, cada dia, mesmo que seja sobre ruínas e cinzas. Fixando as flores, esquecendo os espinhos. Fazendo da vida uma prece.
Continuar navegando é falar palavras mansas, florir ternura, onde outros praguejam. É dar voto de confiança, onde a maioria descrê e se acovarda. É divinizar o humano e espiritualizar o terreno, pendurando sorrisos de alegria e gratidão até nos galhos secos do cotidiano.
É retornar às fontes da simplicidade, cultivando o silêncio como se fosse um oratório, sempre e em tudo, com a profunda vontade de ser. Cantar, crescer, servir e amar.
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