Análise da Conjuntura
01.09.2009
Elaboração: Prof. Roberto Meurer - Departamento de Economia - UFSC Comentário Geral
"Economia continua lenta retomada"
Os indicadores de produção no Brasil e no mundo estão mostrando a possibilidade de que o pior da crise tenha passado. Este diagnóstico é divulgado por instituições multilaterais e governos de países. O nível de produção, no Brasil e no exterior, entretanto, ainda é muito baixo em comparação com os picos de antes da crise. No caso brasileiro começará agora a ocorrer uma sobreposição entre o noticiário econômico e político, por causa da eleição presidencial de 2010. As disputas internas nos partidos e nas estruturas institucionais começará a influenciar as decisões. Exemplos disso são a possível candidatura de Marina Silva pelo PV e a absolvição do Ex-Ministro Pallocci no caso da quebra de sigilo bancário. O fato de o Brasil ter sobrevivido bem à crise internacional, por sua menor vulnerabilidade externa, também deverá ser importante parte do debate. Cenário Político As eleições presidenciais de 2010 começam a se tornar cada vez mais importantes nas tomadas de decisões políticas. Isso envolve desde os problemas com atos secretos do Senado até a regulamentação da exploração do petróleo do pré-sal. A possível candidatura de Marina Silva também pode interferir nos resultados, por disputar os votos á esquerda.
Contas Públicas Os resultados fiscais continuam apresentando rápida deterioração. A queda da arrecadação está se fazendo sentir na redução do superávit primário, o quem influencia a evolução das necessidades de financiamento do setor público, em que se observa aumento do déficit nominal. Isto é influenciado tanto pelas medidas anti-cíclicas quanto pela queda da produção, que influencia a arrecadação fiscal.
Nivel de Atividade
Taxa de Câmbio e Setor Externo O Banco Central retomou a compra de divisas para evitar maior apreciação da moeda brasileira. Com isto as reservas internacionais já estão em níveis mais elevados do que o observado antes da crise, durante a qual ocorreram vendas de moeda estrangeira. A elevação das reservas decorre das compras e das mudanças na composição da carteira do Banco Central, que permitiram a obtenção de ganhos de capital com compras e vendas de títulos dos Estados Unidos. A distribuição de DES-Direito Especial de Saque por parte do FMI também contribuiu para a elevação das reservas. As reservas elevadas contribuem para a redução da percepção de risco do país, dada a menor vulnerabilidade. A redução do nível de atividade econômica em todo o mundo fez reduzir o volume de transações externas da economia brasileira, tanto de exportações quanto de importações. Uma retomada mais forte da atividade interna em comparação à externa pode gerar redução do superávit comercial, dada a relação poisitiva entre produção e importações.
jan /91 fev /92 ma r/9 3 ab r/9 4 ma i/9 5 jun /96 jul/ 97 ag o/9 8 se t/9 9 ou t/0 0 no v/0 1 de z/0 2 jan /04 fev /05 ma r/0 6 ab r/0 7 ma i/0 8 jun /09
Política Monetária e Taxa de Juros O controle da inflação e o baixo crescimento econômico permitiram a redução da taxa nominal de juros, acompanhada de redução da taxa real. A evolução da política monetária não é clara, porque não há pressão na inflação, mas não há como saber a extensão das conseqüências das quedas já observadas na taxa de juros. A defasagem com que a política monetária age pode tornar o Banco Central mais comedido em suas próximas decisões, o que já foi sinalizado na ata da última reunião do Copom. R$/US$ 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 /2 0 02 /2 0 2 /1 0 2 /2 0 2 /7 0 3 /2 0 2 /1 0 3 /2 0 2 /7 0 4 /2 0 2 /1 0 4 /2 0 2 /7 0 5 /2 0 2 /1 0 5 /2 0 2 /7 0 6 /2 0 2 /1 0 6 /2 0 2 /7 0 7 /2 0 2 /1 0 7 /2 0 2 /7 0 8 /2 0 2 /1 0 8 /2 0 2 /7 0 9 /2 0 09
As taxas de inflação ao consumidor permanecem sob controle, mas também não apresetnam grandes reduções, dada a rigidez observada nos preços admninstrados. Por outro lado, os preços no atacado, influenciados pelo câmbio, continuam apresentado redução, o que reduz as pressões inflacionárias que poderiam se manifestar quando a economia retomar o seu crescimento normal.
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Inflação
DÍVIDA PÚBLICA MOBILIÁRIA REAL EM MILHÕES DE REAIS DO ÚLTIMO PERÍODO
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A evolução da produção industrial continua mostrando a lenta recuperação da economia brasileira. Apesar de o nível de produção ainda ser em torno de 10% abaixo daquele observado no mesmo período de 2008 há crescimento em relação aos meses anteriores, após o tombo observado no último trimestre do ano passado. No caso da demanda externa ainda não há tanta clareza sobre a recuperação, o que enfraquece as exportações como origem de crescimento econômico.
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EUA - ÍNDICE PRODUÇÃO INDUSTRIAL
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BALANÇO DE PAGAMENTOS SALDO DE TRANSAÇÕES CORRENTES (ACUMULADO EM 12 MESES)
Economia Mundial O discurso moderadamente otimista ao redor do mundo sobre o fim da recessão não está gerando euforia, apesar da reação observada nos mercados de ações. Constatações de que a produção parou de cair está longe de significar que a economia se recuperou e também não informa sobre a velocidade em que esta recuperação poderá ocorrer.