APOSTILA DE HOMILÉTICA:
COMO PREGAR A PALAVRA? INTRODUÇÃO:
Se o povo cristão quiser manter um testemunho ativo nesta geração, e se crentes em Cristo desejarem crescer e tornar-se cristãos maduros e eficientes, então é da maior importância que os pastores, mestres e outros líderes providenciem para o seu povo o “leite sincero da Palavra” mediante mensagens centralizadas na Bíblia e dela derivadas. Com este princípio em mente, mostro-lhes o caminho mais viável que, somado às aulas práticas e teóricas os habilite para os grandes desafios do Reino. 1- PRINCIPAIS TIPOS DE SERMÕES BÍBLICOS Há muitos tipos de sermões e vários meios de classificá-los. Provavelmente a forma menos complicada seja a classificação em TEMÁTICOS, TEXTUAIS e EXPOSITIVOS. Estudaremos a preparação de mensagens bíblicas examinando estes três tipos principais, priorizando o sermão EXPOSITIVO. 2- DEFINIÇÃO DO SERMÃO TEMÁTICO Sermão temático é aquele cujas divisões principais derivam do tema, independentemente do texto. Isso significa que o sermão temático tem início com um tema ou tópico, e que suas partes principais consistem em idéias derivadas desse assunto. Os versículos nos quais se fundamentam as divisões principais devem ser, em geral, extraídos de porções bíblicas mais ou menos distantes umas das outras. 2.1. Exemplo de Sermão Temático A fim de compreendermos com maior clareza a definição trabalharemos juntos num esboço simples. Escolheremos como tema, “Razões Para A Oração Não Respondida”. Note que não estamos usando um texto, mas um tema bíblico. Meditando em várias partes das Escrituras referentes ao nosso tema e trazendo-as à mente, encontramos textos como os seguintes, os quais indicam por que, com frequência, a oração fica sem resposta: Tg 4:3, Sl 66:18, Tg 1:6-7, Mt 6:7, Pv 28:9 e I Pd 3:7. É neste ponto que uma boa Bíblia de referência e uma concordância bíblica completa, ou uma Bíblia dividida em tópicos, são de valor inestimável. Com a ajuda destas referências bíblicas descobrimos as seguintes causas para a oração não respondida. “RAZÕES PARA A ORAÇÃO NÃO RESPONDIDA”: l. Pedir mal - Tg 4:3 2. Pecado no coração - Sl 66:18 3. Duvidar da Palavra de Deus - Tg 1:6,7 4. Vãs repetições - Mt 6:7 5. Desobediência à Palavra - Pv 28:9 6. Procedimento irrefletido nas relações conjugais - I Pd 3:7
Aqui temos um esboço temático bíblico, cujas divisões principais derivam do tema, “Razões Para A Oração Não Respondida”, e são sustentados por um versículo da Bíblia. 2.2. Unidade De Pensamento É preciso observar que, segundo o exemplo acima, o sermão temático contém uma ideia central, a saber, “Razões Para a Oração Não Respondida”. Podemos pensar muito em outros fatores importantes referentes à oração, tais como o seu significado, sua importância, seu poder, seus métodos e os seus resultados obtidos. Contudo, a fim de nos mantermos fiéis à definição do sermão temático, devemos basear no tema as partes principais do esboço, isto é, devemos limitá-lo à ideia contida no tema. 2.3. Princípios Básicos da Preparação de Esboços Temáticos As divisões principais devem vir em ordem lógica ou cronológica. Exemplo: “VERDADES ABSOLUTAS REFERENTES A CRISTO” 1. Ele é Deus manifesto na carne - Mt 1:23 2. Ele é o Salvador dos homens - I Tm 1:15 3. Ele é o Rei vindouro - Ap 11:15 Observe que este esboço está em ordem cronológica. Jesus Cristo, Filho de Deus, primeiramente se encarnou, depois foi à cruz e deu a vida para tornar-se nosso Salvador, e algum dia virá para reinar como Rei dos reis e Senhor dos senhores. 3- O SERMÃO TEXTUAL No sermão textual temos um tipo de discurso diferente do sermão temático. Neste iniciamos com um texto; naquele, começamos com um tema. Observe com cuidado a definição do sermão textual. Sermão textual é aquele no qual as divisões principais são derivadas de um texto constituído de uma breve porção da Bíblia. Cada uma dessas divisões é usada como uma linha de sugestão, e o texto fornece o tema do sermão. 3.1. Exemplo de Esboço de Sermão Textual Como primeiro exemplo, tomemos Esdras 7:10, que diz: “Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”. Muitas vezes é útil consultar uma tradução moderna a fim de se obter um significado mais claro da passagem. Examinando com cuidado o texto, observamos que o versículo todo tem como centro “O Propósito Do Coração De Esdras”, e assim traçamos as seguintes divisões do versículo: “O PROPÓSITO DO CORAÇÃO DE ESDRAS” 1. Estava disposto a conhecer a Palavra de Deus
“Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor” 2. Estava disposto a obedecer à Palavra de Deus “e para a cumprir” 3. Estava disposto a ensinar a Palavra de Deus “e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos” Um bom tema, tirado das ideias sugeridas no texto, pode ser, pois, “O Propósito do Coração de Esdras”. Cada uma das divisões principais, segundo a definição, agora é usada como “uma linha de sugestão” e indica o que vamos dizer acerca do texto. 4- O SERMÃO EXPOSITIVO Definição de Sermão Expositivo: O Sermão Expositivo é o método mais eficiente de pregação, porque, mais que todos os outros tipos de mensagens, ele, com o tempo, produz uma congregação cujo ensino é fundamentado na Bíblia. Ao expor uma passagem da Sagrada Escritura, o ministro cumpre a função primária da pregação, a saber, interpretar a Verdade bíblica (o que nem sempre se pode dizer dos outros tipos de sermões). Sermão Expositivo é aquele em que uma porção mais ou menos extensa da Escritura é interpretada em relação a um tema ou assunto. A maior parte do material desse tipo de sermão provém diretamente da passagem, e o esboço consiste em uma série de idéias progressivas que giram em torno de uma idéia central. 5- PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PREPARAÇÃO DE SERMÕES EXPOSITIVOS ¬ Escolha o texto com a ajuda do Espírito Santo (em oração) ¬ Leia-o cuidadosamente (no mínimo 5 vezes) ¬ Encontre um objetivo ¬ Faça uma introdução resumida ¬ Encontre um tema ¬ Encontre uma Palavra-chave ¬ Faça as divisões necessárias ¬ Faça uma lista das ilustrações que lhe chamaram a atenção ¬ Fixe-se na maneira de aplicar os ensinamentos do sermão ¬ Observe a natureza do desenvolvimento e faça a conclusão 6- A FORMAÇÃO DO SERMÃO EXPOSITIVO ¬ Texto básico ¬ Objetivo ¬ Introdução ¬ Palavra-chave ¬ Desenvolvimento
¬ Conclusão 7- BASEDO SERMÃO EXPOSITIVO ¬ Princípio ¬ Meio ¬ Fim 8- RECURSOS HOMILÉTICOS Os recursos homiléticos aqui apresentados são usados consciente ou inconscientemente pela maioria dos pregadores grande parte do tempo. Eles passam a ser imensamente úteis se reconhecidos e compreendidos. 8.1. Os Seis Processos Retóricos ¬ Narração. A introdução do sermão consiste primeiramente da narração (ou afirmação) de fatos bíblicos ou substrato histórico, ou de circunstâncias comuns relacionando uns com os outros, o orador, os ouvintes, a ocasião, o assunto, e a tese. ¬ Intercessão. Esta pode ter seguimento a título de paráfrase, definição, ampliação, ou descrição (comparação, contraste, associação). Ainda outro desenvolvimento poderia ser por progressão cronológica, ou de acordo com lugares ou pessoas. ¬ Ilustração. Aqui todas as fontes de material para a pregação, previamente discutidos, entram em jogo. ¬ Aplicação. A aplicação pode envolver o ouvinte conforme o sermão avança, ou pode ser retida até a conclusão. ¬ Argumentação. Usar argumentação não significa tornar-se polêmico ou exibir espírito contencioso mas, convencer o ouvinte através de provas e informações. ¬ Exortação. Qualquer que seja a exortação que possa ter havido durante o transcurso do sermão, a conclusão deve conduzir a mensagem a um ponto focal, e conduzir o ouvinte a algum tipo de resposta. ¬ 9- AS SETE INTERROGATIVAS O processo consiste simplesmente em levantar a pergunta mais relevante que a tese deixa sem responder, e deixar que os pontos que se seguem respondam a pergunta. ¬ QUEM? Introduzindo uma seqüência de pessoas para serem enumeradas, identificadas, classificadas ou incluídas na aplicação de algum princípio. ¬ QUÊ? QUAL? Introduzindo uma seqüência de coisas, escolhas, ou alternativas. ¬ QUÊ? Introduzindo uma seqüência de significados, implicações, definições, particularidades, características, inclusões ou exclusões, ou o quê, (o qual, a qual) ao lado de uma das preposições acima. ¬ POR QUÊ? Introduzindo uma seqüência de razões aos objetivos. ¬ QUANDO? Introduzindo uma seqüência de tempos, fases, ou condições.
¬ ONDE? Introduzindo uma seqüência,ou donde? (lugar, origem, fonte, causa?), ou onde? (lugar, meta, resultado, extensão, conclusão?). ¬ COMO? Introduzindo uma seqüência de modos e meios. ¬ ¬ 10- A PALAVRA-CHAVE Um dos recursos homiléticos mais úteis é a “palavra-chave”. Se houver unidade num sermão, haverá uma “palavra-chave”, não necessariamente expressa ou reconhecida, que caracteriza um dos principais pontos, e mantém unida a estrutura. Uma “palavra-chave” é sempre um substantivo, um substantivo verbal ou um adjetivo. Exemplos: ¬ Substantivo: Atributos, obstáculos, causas, meios. ¬ Substantivo Verbal: Princípios, inferências, descobrimentos. ¬ Adjetivo Substantivo: Atualidades, fraquezas.
compromissos,
expectativas,
Obs.: Uma “palavra-chave” é sempre no plural. 11- COMPONENTES ESTRUTURAIS DO SERMÃO EXPOSITIVO 11.1. O Título ou tema. ¬ Deve ser breve. A brevidade tende a centralizar a atenção,ao passo que os títulos compridos tendem a dispensar o pensamento. ¬ Deve ser atraente. Tem-se observado que o sucesso ou o fracasso de um livro muitas vezes é determinado por seu título, e que os sermões que se mantiveram vivos tinham geralmente títulos atraentes. ¬ Deve ser indicativo do conteúdo do sermão. O que ele revela deve harmonizar-se com o material a ser apresentado. ¬ Deve estar relacionado com os interesses e as necessidades dos ouvintes. Os ouvintes não são apenas numerosos indivíduos; cada um deles é o centro de um universo, no qual o ministro deve conseguir entrada com a verdade salvadora. Eles vem a igreja por três motivos: 1- Por causa de Cristo; 2- Por causa de outros; 3- Por causa própria. De todos os motivos legítimos que trazem as pessoas à Igreja, o último é inferior, mas é o motivo que traz a avassaladora maioria dos que vêm. 11.2. A Introdução
¬ Deve preparar os ouvintes para uma favorável e inteligente recepção da Verdade bíblica que está para ser apresentada. ¬ Deve enunciar a tese, revelando a linha de desenvolvimento proposta. ¬ Deve deixar clara para o auditório a relação do tema com a ocasião, com os ouvintes, com o texto e com a tese. 11.3. A Conclusão ¬ A conclusão deve, de algum modo, refletir a proposição ou os pontos principais, ou ambos. ¬ A conclusão deve levar a um ardoroso foco. ¬ A conclusão deve apelar ao indivíduo para que reaja de alguma forma concreta: com uma atitude, ou decisão, ou compromisso de consagração a Cristo nalgum ponto definido, ou com uma resposta de ação de graças. ¬ A conclusão deve evitar a introdução de material novo, exceto alguma ilustração ou poema ou versículo bíblico pertinente, assegurando-se vigorosa sentença de encerramento para o impacto final. 12- A VIDA ÍNTIMA DO PREGADOR E A EFICIÊNCIA DA SUA MENSAGEM ¬ “O que o pregador é fala mais alto e claramente do que aquilo que o pregador diz”. ¬ Existem sete características muito importantes e que devem predominar na vida íntima do pregador. Elas são indispensáveis à reflexão em suas atitudes para com seus ouvintes e na maneira de reagir ante estes. São elas: ¬ Verdadeira Aceitação de Cristo como Salvador Todo pregador deve examinar-se com a ajuda de Deus, para estar seguro de que realmente aceitou Cristo como seu Salvador pessoal, e não somente aceitou como verdade o fato de que ele é o único Salvador. ¬ Consagração Temos que reconhecer que a conservação da consagração se consegue à custa de vigilância e esforços constantes, sempre com a ajuda de Deus. ¬ Boa Vontade O pregador precisa sentir-se amigo de todos e deve demonstrar isso em suas atitudes. Ele tem que lutar também contra a tendência de sentir-se superior aos outros. ¬ Consideração É necessário desenvolver o senso de delicadeza para com os demais em todo o momento. Por meio de palavras ou modos ásperos e duros alguém pode neutralizar todas as verdades elevadas que pronunciar com a boca. ¬ Compaixão Até onde nos seja possível, devemos procurar compreender cada ouvinte; seus pontos fracos e fortes, suas provações, suas tentações, seus sofrimentos, suas limitações, seus anelos, sua capacidade, mostrando desta maneira o espírito de Cristo mesmo.
¬ Sabedoria O pregador ao falar a um grupo de pessoas, tem que saber falar com sabedoria. Mas também tem que saber agir com sabedoria, frente a qualquer situação inesperada que se lhe apresente enquanto estiver falando. ¬ Domínio De Si Mesmo É necessário para vencer o temor, que é mais ou menos natural quando se tem que falar em público. Também é necessário para corrigir alguma falha especial que se tenha, como o gaguejar. Ainda é necessário dominar a voz e falar de tal maneira que todos compreendam cada palavra e que as palavras expressem seus sentimentos. CONCLUSÃO: Esta apostila é resultado de várias obras pesquisadas e sintetizadas com clareza no intuito de auxiliar e preparar aqueles que um dia entenderam que podem contribuir mais com a obra do Senhor através do conhecimento bíblico e o ensino da Palavra.