Como Educar E Cuidar Ed Infantil

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COMO EDUCAR E CUIDAR

Aspectos cotidianos da prática pedagógica com crianças de 0 a 6 anos • • • • •

ADRIANA ELIZABETH R. S. SIGNORETTI KEILA KLINKE MONTEIRO LOBÉLIA MARIA D. DE OLIVEIRA DIAS ROSEMARY A. CUNHA DAVÓLIO SILVANA DE FREITAS LÉSSIO Professoras Especialistas em Educação Infantil da Rede Municipal de Educação. Campinas/SP.

Na escola infantil, para realizarmos um trabalho onde a educação e o cuidado estejam presentes, devemos definir nossa proposta pedagógica dentro de princípios éticos, políticos e estéticos, tais como: ¬ Princípios Éticos Õ solidariedade (repartir, ajudar o mais novo, etc.), responsabilidade (fechar a torneira, apagar a luz, fechar o frasco depois de usar a tinta...), autonomia (colocar um bebê em uma cadeira adequada e deixá-lo mamando sozinho, criança amarrar o próprio sapato...), respeito (ouvir o outro, não mexer no que não é seu, cumprir regras e combinados, esperar a sua vez, preservar a natureza...). Princípios Políticos Õ escolha, através do voto, do nome da turma, da atividade do dia, etc. Para isso, é preciso mostrar que há um mundo de escolhas e que devemos ter a consciência de que, se não ganhei dessa vez, poderei ganhar outro dia, porém o mais importante foi o fato de eu ter participado e votado; mostrar sempre que todos nós temos direitos e deveres (a professora, a mãe e o pai também têm o direito de descansar, de não ouvir gritos...). ® Princípios Estéticos Õ beleza, prazer, conforto, em decorrência da organização feita pelo educador e pelos alunos da sala, com divisão de espaço adequada e harmônica, contemplando cantinhos de pintura, leitura, brinquedos de fácil acesso, de acordo com a idade e os interesses

das crianças. A confecção coletiva de cartazes, brinquedos e enfeites referentes ao assunto ou tema enriquece a sala e a escola com elementos da cultura brasileira como fantoches, bonecos, livros, músicas, entre outras. Sugestões para a rotina Ao analisarmos a rotina de uma sala de aula num Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI, que atende as crianças em período integral) ou numa Escola Municipal da Educação Infantil (EMEI, onde as crianças permanecem durante um turno – manhã ou tarde), podemos constatar a imensidade de situações cotidianas que influenciam, por meio das relações sociais e interpessoais, a formação do cidadão.

Ø Alimentação A questão nutricional, por exemplo, pode e deve ser um dos focos do trabalho diário, numa classe de educação infantil. O alimentar-se faz parte da rotina e cada refeição (almoço, lanche, etc.) caracteriza-se como um momento deveras im-

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portante e significativo. Um sem número de vezes observamos que alguns alunos chegam à escola com hábitos inadequados de comportamento e alimentação. Com o cuidar e o educar de todos – monitores, professores, cozinheira, servente, direção, etc. – e até mesmo do coleguinha, tais hábitos inadequados e de rejeição a algum alimento poderão ser transformados em bons hábitos, sem grandes frustrações, pois as trocas são feitas de forma natural e coerente. Nesse momento, a interferência de qualquer pessoa da escola ou do centro, na prática pedagógica, faz acontecer o cuidar e o educar e, assim, incorporar conceitos como: • primeiro fazemos a refeição salgada, depois comemos a sobremesa (fruta ou doce); • para cada alimento utilizamos talheres adequados; • existe uma postura correta quando sentamos à mesa; • devemos mastigar bem os alimentos; • é preciso fazer higiene antes e depois das refeições. 5-10,

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As horas de refeições são momentos onde se podem desenvolver a socialização, o respeito mútuo, as boas maneiras, a cooperação, entre outros aspectos. Nessas situações, é preciso que as crianças aprendam a fazer uma ação de graças, a organizar o seu espaço, a descontrair-se, a comemorar seu aniversário, confraternizando com os colegas, a descobrir aromas e sabores, a compartilhar essa hora especial do dia-adia de cada um. Mais importante, ainda, é aprender a importância de ter uma boa alimentação. Ao professor compete respeitar as características, o ritmo, as necessidades e possibilidades de cada criança, nas diferentes faixas etárias. Assim acontece com todas as situações, especialmente nas atividades culinárias feitas em sala, onde as áreas do conhecimento e todos os conteúdos acabam sendo trabalhados de forma lúdica e de acordo com a vivência das crianças na rotina diária escolar. Isso é educar e não simplesmente cuidar: o cuidado para que tudo aconteça sem que a criança corra riscos de se ferir física e emocionalmente, etc... O aluno, por sua vez, levará esta formação para a família que, em muitos casos, acabará interiorizando o aprendizado e gerando benefícios a si própria. Os profissionais envolvidos na questão do cuidar e do educar, nesse momento, estão sempre atentos, mostram o lado nutritivo da refeição, a mastigação, entre outros aspectos, e estimulam a criança ao bom hábito. Se, entretanto, em casa, os pais agirem de forma contrária ou tentarem disputar a atenção com a escola, a criança vivenciará momentos de conflito e não conseguirá reconhecer o certo e o errado. Ações como esta tornam o trabalho do professor/

educador muito árduo, pois, simultaneamente ao trabalho com a criança, o professor e a escola terão que trabalhar com a família. Como fazer? Com os grupos B1 e B2 devese: Ê levar os bebês ao refeitório, sempre que possível, em pequenos grupos, com cadeiras adequadas para que a atividade de refeição possa ser comunitária e mais estimulante. É preciso deixar que os bebês sintam as texturas dos alimentos, denominando doce, salgado, quente, frio, duro, mole, cores, sabores, orientando-os nas boas maneiras com palavras simples e com músicas; olhar nos olhos e sorrir, estimulando a pronúncia de palavras e sons simples, com alegria; usar termos de cordialidade (obrigado, por favor), mesmo com crianças que ainda não falem; alimentar simultaneamente os bebês, para que não fiquem esperando e vendo os outros comerem; deixar que manuseiem alguns alimentos para estimulação e distração; fazer relatório simples da alimentação feita no dia pela criança, para acompanhamento de seu desenvolvimento ou alguma alteração importante; Ë utilizar, com crianças maiores (3 anos em diante), dinâmicas variadas, tais como: cantar músicas relacionadas à refeição que irão fazer (café, almoço, lanche, jantar...), com voz, violão, percussão, palmas; fazer a oração de ação de graças, coletiva e individual; falar o nome do alimento que será saboreado, sem som (leitura labial); fazer adivinhações sobre o alimento a ser consumido; fazê-los ouvir e compreender histórias com fantoches, escrever o nome do alimento do cardápio em fichas ou painéis para leitura posterior e incidental, auto-servir-se da traves-

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sa ou do jarro, colocando a quantidade que deseja e comprometendo-se a consumi-la até o fim; organizar as mesas antes e depois das refeições; ensiná-los a manter postura ereta na cadeira, pedir licença, brincar de mastigar, engolir, contar, entendendo a necessidade de morder pequenos pedaços, mastigando-os bem, aprender o valor nutricional de cada alimento e como os alimentos colaboram para o desenvolvimento de cada um, de seus ossos, de sua pele, dos cabelos, da força, etc.; Ì promover a atividade Criança Colorida, para ser desenvolvida com crianças da maternal 3, infantil e do pré (ver Quadro). Ø Higiene Outro aspecto a ser abordado na rotina é a higiene. A higiene também tem papel fundamental na qualidade de vida, contribuindo para o bem-estar e a elevação da auto-estima. A questão não é pura e simplesmente a aquisição de hábitos saudáveis e adequados de higiene, mas o entendimento de como estes hábitos podem interferir na saúde de maneira positiva ou negativa de acordo com a opção que se faz. É na Educação Infantil, em especial nos Centros Municipais de Educação Infantil, com alunos em período integral, que esses hábitos devem ser adquiridos e assimilados de forma lúdica e prazerosa, utilizando-se de várias dinâmicas, como jogo simbólico e brincadeiras, fantoches, teatro, músicas, ajudante do dia, soldadinhos da limpeza (ajudantes)... que envolvem momentos de rotina: trocar fraldas, escovar os dentes, bochechar com flúor, lavar as mãos e rosto, limpar mesa e sala após refeições e tarefas, usar corretamente o banheiro, pentear cabelo, vestir/trocar roupas limpas, usar desodorantes 5-10,

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CRIANÇA COLORIDA

Na hora do almoço, colocar vasilhas transparentes com os alimentos a serem consumidos em mesas para o auto-servimento. Ao lado de cada mesa é colocado um balde/lixo orgânico para que as crianças coloquem os restos que eventualmente sobrem nos seus pratos. Escolhe-se por sorteio uma criança que será a criança colorida do dia. Nela serão colados cartões referentes ao nome e à cor de cada alimento que fizer parte do cardápio do dia. As outras crianças irão lendo/adivinhando o nome dos alimentos. Após a colocação dos cartões, cantarão, se possível com acompanhamento de violão, a letra adaptada da música Bata palmas, a seguir. B7

E

A cri - an - ça co - lo - ri - da

co - me

ar - roz ar - roz

A cri-

E

an - ça

co - lo - ri - da - co - me

fei - jão fei - jão E

A

gri - a

de co - mer pa - ra - cres - cer

B7

an ça

A - le -

facilidades/dificuldades, descobertas, incômodo ou bem-estar, tudo deve ser denominado, explicado e usado como instrumento de trabalho para o educador. É muito importante que a criança, desde pequena, seja respeitada em sua privacidade e orientada a exigir este respeito; aprenda que seu corpo lhe pertence e que o outro não pode invadir sua intimidade e integridade, nem fazer nada que ela não consinta ou que a prejudique. Deve sentir sempre confiança no educador para que possa contar fatos que a perturbem, incomodem ou violentem e pedir ajuda.

e

pa - ra brin - car A

cri -

E

co - lo - ri - da lim - pa o lim - pa o

pra pra

-

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A criança colorida come frango, come frango A criança colorida come salada, come salada Alegria de comer para crescer e para brincar A criança colorida limpa o prato, limpa o prato. Observação: A letra foi adaptada de Bata Palmas, música que faz parte do CD Os Dedinhos, de Eliana – Distribuição de BMG (BMG Ariola Discos Ltda.) As crianças, então, se dirigem às mesas para se servirem dos alimentos, fazendo seus pratos coloridos, com o compromissso de comerem até o fim o que neles colocaram. Ao terminar a refeição que a criança fez usando o garfo e a faca, ela limpa seu prato colocando os restos no lixo, devolve-o junto com os talheres, no local combinado e recebe um incentivo: carimbo/tatuagem no braço, variando a cada dia o desenho do carimbo atóxico. Ela retira, então, sua sobremesa. O uso dos carimbos atendeu às necessidades de estimular e reforçar atitudes corretas de nutrição e ainda proporcionar o controle por parte da família, pois o fato de ter ganho carimbo significa que fez uma refeição completa no almoço e, portanto, é uma criança colorida! Esta atividade por nós criada está sendo um sucesso na CEMEI Dna. Júlia e pode ser adaptada a qualquer tipo de refeição ou faixa etária.

(quando necessário), sabonete/ xampu, colocar e amarrar sapatos, controlar os esfíncteres, banhar-se, enxugar-se, cortar unhas, controlar piolhos, etc. Nestes

momentos, muitas estimulações e explorações podem ser feitas, partindo do próprio corpo e dos objetos de higiene e limpeza: odores, texturas, temperaturas,

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Muitas vezes, essas informações, hábitos e atitudes precisam extrapolar os limites do ambiente escolar, quando os pais e responsáveis necessitarem de maiores orientações quanto aos cuidados e carências de seus filhos, ambos compartilhando para o bemestar, desenvolvimento harmonioso e auto-estima da criança. Quando for possível, devemos solicitar a ajuda de outros profissionais que venham legitimar as informações dadas na escola. Para o controle da cárie dentária, por exemplo, é preciso contar com 5-10,

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palestras de dentistas do Posto de Saúde do bairro, explicando procedimentos corretos quanto à escovação dos dentes e prevenção da cárie, alimentação adequada e hábitos saudáveis de higiene bucal. Geralmente, todas as crianças ganham a escova dental, dão-lhe nome e enfeitam uma caixa para guardá-la. Os pais devem colaborar enviando pasta dental de diversas marcas, que proporcionam momentos de atividades em sala: lendo e comparando rótulos, sabores, cores, etc. Várias músicas podem ser introduzidas (Ratinho Ratimbum escovando o dente) e ilustradas pelas crianças, e o bochecho com flúor deve ser realizado semanalmente, se possível. Aos poucos, as crianças e familiares vão sendo conscientizados da importância de bons hábitos de higiene. Ø Descanso O aluno, em especial o de turno integral, merece ser respeitado quanto ao seu ritmo biológico. Há momentos em que demonstrará cansaço e poderá então optar por atividades mais calmas e tranqüilas, como dormir ou então repousar, assistir a um desenho na TV, desenhar, brincar sozinho no colchão ou no berço, ler livros da classe, ou a opção que atender melhor a sua necessidade. O professor não pode tentar fazer da hora de descanso a obrigação de dormir. A criança deve poder, dentro de regras preestabelecidas, optar por simplesmente descansar e assim repor as energias da maneira mais própria e prazerosa, respeitando também o direito do outro de ter silêncio para dormir. Na hora do descanso, algumas técnicas podem induzir ao relaxamento que poderá levar ao sono. Por exemplo: - Deixar a criança o mais confor-

Dormir, ou apenas descansar em silêncio, ajuda a repor as energias

tável possível, em ambiente aconchegante e limpo, com luminosidade em penumbra, temperatura amena, roupa adequada e seca. - Uma música suave, tranqüila, orquestrada, clássica e em baixo volume é indispensável. - Um relaxamento com crianças a partir de 3 anos também poderá ser feito antes do sono. As crianças sentadas no colchonete movimentam a cabeça para frente e para trás, bem lentamente; movimentam-na lateralmente, da orelha ao ombro, de cada lado, várias vezes, devagar; fazem movimentos circulares com o maxilar inferior (queixo); fazem o sim e o não com a cabeça, alternadamente. Então a criança deita-se cuidadosamente no colchonete, iniciando a respiração abdominal. O professor diz: vamos encher nossa barriguinha com o ar como se fosse uma bexiga, puxar o ar pelo nariz e depois bem lentamente vamos soltando o ar pela boca... enquanto isso fechem os olhos... estamos entrando no bosque... cheio de árvores, andamos muito... estamos muito cansados... vamos procurar uma árvore bem bonita... debaixo dela vamos deitar... descansar...

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dormir... Ouvindo a música, logo a maioria estará tirando proveito de um sono profundo e reparador. - A massagem (xantala) entre os colegas, o educador e a criança ou em duplas de crianças também favorece o relaxamento e o sono. - Uma história escolhida, bem calma e tranqüila, ou um conto de fadas também favorece o descanso e o relaxamento antes do sono. Ø Passeios Em relação aos passeios, podemos dizer que toda atividade extraclasse deve ser escolhida e planejada antecipadamente de acordo com a faixa etária a que se destina. Os riscos podem ser evitados e deve-se considerar o enriquecimento que poderá trazer para o grupo envolvido. Deve-se tentar sempre inserir esses passeios em temas que estejam sendo enfocados no momento pela turma, visando garantir um maior significado para toda a situação de aprendizagem. As regras de conduta coletivas nessas situações são imprescindíveis. Elas garantem a segurança do grupo e do educador, bem como um melhor aproveitamento por parte de todos na atividade em 5-10,

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questão. A criança deve ser informada do tipo de comportamento que se espera dela, lembrada das regras coletivas da turma e saber, antecipadamente, das sanções que sofrerá caso infrinja os combinados, sem fazer ameaças. A atividade extraclasse deverá ser sempre resgatada e comentada em sala, através de conversa, desenho, maquete, dramatização, entrevistas e outras situações. Também é interessante se pensar que esses passeios poderão ser, muitas vezes, as únicas oportunidades das crianças descobrirem o mundo exterior a sua casa e a sua escola, uma vez que, geralmente, por falta de tempo ou dinheiro, os responsáveis não conseguem proporcionar essas situações. Tornase importante, então, variar as opções e explorá-las ao máximo, pois, certamente, as crianças as levarão na memória pelo resto de suas vidas, com muito significado. Ø Parque/Piscina Nas atividades cinestésicas, o movimento é o protagonista por excelência. A criança pequena sente uma necessidade enorme de estar em atividade física, correr, pular, vasculhar, subir, escorregar, deitar, rolar, levantar, fazer buracos, construir com água e areia. Tudo isso causa imenso prazer e deve sempre ser oferecida a oportunidade diária e durante um período longo, para que essa necessidade seja satisfeita com eficiência pela criança. Do contrário, teremos de conviver com a sua frustração, que se manifestará em violência, desobediência, bagunça, irritação ou apatia. Para que essa atividade possa ser desfrutada com toda plenitude, alguns itens devem ser observados: 3 Os equipamentos do parque devem estar sempre em plenas condições de segurança e utilização, caso contrário não se poderá

garantir a integridade e a segurança da criança, e isso foge à responsabilidade do educador que tem a criança sob seus cuidados: - regras coletivas devem ser feitas com as crianças para garantir a unidade e a segurança do grupo, a hora de sair e como sair da sala, como será o retorno, o que pode ou não ser feito, como desculpar-se e corrigir atitudes desagradáveis; - cuidado com a própria integridade física e a dos colegas, a maneira correta de se usar cada brinquedo do parque, noções de anatomia simples e primeiros socorros; - autonomia para trocar roupas que se sujem, tirar e colocar sapatos, lavar-se, etc. 3 Na exploração do ambiente externo, deve-se valorizar o momento da aprendizagem, inserindo noções de força, altura, volume, mistura, tamanho, equilíbrio, seres vivos existentes no local, pessoas que passam pela rua, sons estranhos, meios de transporte, luz, calor, frio, chuva, tempo (du-

ração), o repartir brinquedos, o ceder a vez, o ajudar a recolher baldes, jogos simbólicos (aniversário, churrasco), etc. 3 Em dias de chuva ou quando não for possível favorecer essa ida ao parque, deve-se proporcionar atividades físicas na sala mesmo, usando colchonete para cambalhotas, virar mesa e fazer cabanas, túneis, dança das cadeiras, montar o ônibus com cadeiras e simular uma viagem, montar teatro utilizando-se de roupas-fantasias, dançar em ritmos variados, etc. Só não vale forçar a criança a ficar parada esperando a hora de outra atividade. Interação família/escola/creche A participação da família nos Centros e Escolas Municipais de Educação Infantil deve superar os momentos de reunião de Pais e Mestres, onde, na maioria das vezes, os pais assumem uma posição de ouvintes. Em vários momentos no decorrer do ano letivo de 2001, es-

Na piscina, crianças se divertem e realizam atividades físicas

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pecialmente na Semana da Criança, realizou-se em nossa creche a Oficina dos Pais, quando os mesmos se vestiram de personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo (Projeto do Mês) e junto aos educadores planejaram atividades lúdico-educativas para as crianças. Percebemos, nessa ocasião, o interesse em participar e a satisfação de terem feito parte da vida escolar de seus filhos. Após esses momentos, temos sentido que vem ocorrendo maior valorização do trabalho que toda a equipe da creche desenvolve junto às crianças e a necessidade que os pais também têm de estar participando de nossas vivências. Ainda para exemplificar, relatamos o projeto desencadeado na EMEI Zuleika H. Novaes, no distrito de Sousas, Campinas, São Paulo, onde o cuidado com o meio ambiente em que vivemos, a preservação e a reciclagem, a coleta de latinha e de garrafa pet foi a proposta pedagógica da escola. Juntamente com a APA (Associação de Proteção ao Meio Ambiente), participamos de exposição com trabalhos no projeto Reviva o rio Ati-

baia (Sousas), vendo a comparação do rio limpo com o sujo, o resgate da origem do lixo e o que causa o desperdício, em linguagem simples, levantando questões de reflexão. Foi programada, então, uma caminhada com a família, onde, durante o percurso, os participantes foram fazendo a coleta do que encontravam e do que não combinava com o local: plástico, garrafa, latinha, entulho. Ao chegar à cachoeira no rio Atibaia, verificamos suas condições, o lixo recolhido foi colocado nos latões apropriados, de acordo com as cores da reciclagem (amarelo, azul, vermelho e verde) providenciados pelo DLU (Departamento de Limpeza Urbana), que anteriormente já havia patrocinado para uma turma de pré o lixotur ao aterro sanitário Delta 1 de Campinas. Ao chegarem na escola, os pais puderam registrar o passeio junto com os filhos, em papel pardo, e participar de lanche feito pela escola com frutas doadas pelos próprios pais. O lixo orgânico também foi utilizado para compostagem; anteriormente, em sala, as sobras de legumes e cascas das frutas foram usadas como carimbos. O

guarda da Unidade de Ensino também pôde ajudar nas noções de plantio, juntamente com os educadores e professores, cuidando da horta, etc. Inserindo a família em todo o processo, toda a ação do educar e cuidar de seus filhos fica legitimada, uma vez que da parceria sempre surtem os melhores resultados. O cuidar e o educar caminham juntos... lado a lado... Difícil?... Não, é só tentar! As múltiplas linguagens do cuidado e educação passam a expressar-se pela comunicação verbal e não verbal, pelos usos do espaço e do tempo e das atividades, objetos e pessoas que interagem com as crianças. O contexto da vida contemporânea em que o silêncio, o ruído, as mídias, os sons e os movimentos se interpenetram, oferecem instâncias de reflexão para os professores de crianças pequenas a respeito da importância dessas múltiplas linguagens na constituição de conhecimentos, valores e identidades. Assim nos ensina Regina de Assis, Assistente Social e Pedagoga, Mestre e Doutora em Educação e Presidente da Fundação Multirio. Nota:

Colaboraram na elaboração deste texto as professoras Angela C. San Martini Valente, Mônica de Campos Galvão, Valeria Vasques Ferreira, Sandra R. S. Lima, Simone C. do Conto, Sueli de Camargo Palmen e Lúcia Helena C. Meireles da CEMEI Dna. Júlia dos S. Dias. BIBL IOGRAFIA

BONDIOLI, A.; MANTOVANI, S. (org.). Manual de educação infantil: de 0-3 anos, uma abordagem reflexiva. Porto Alegre: Artmed, 1998. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Campinas: EA, 2001. FARIA; PALHARES (org.). Educação infantil pós-LDB: rumos e desafios. Campinas: Autores Associados, 1999. ZAGURY, Tânia. Educar sem culpa: a gênese da ética. Rio de Janeiro: Record, 1993.

Pais participam de atividades lúdico-educativas para as crianças

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