OS ESTABELECIDOS E OS OUTSIDERS Norbert Elias e John L. Scotson Auto-imagem Estabelecidos: humanamente superiores Outsiders: imagem imputada pelos estabelecidos é responsável por enfraquecê-los e desarmá-los; inferioridade de poder = inferioridade humana Construção da imagem As melhores virtudes dos melhores indivíduos do grupo dos estabelecidos emprestam sua imagem a todo o grupo (minoria nômica - em perfeita conformidade com as normas) Os piores defeitos dos piores indivíduos do grupo dos outsiders emprestam sua imagem a todo o grupo (minoria anômica - em desconformidade com as normas) Freud: imagem do "eu" e ideal do "eu". Imagem do "nós" e ideal do "nós" têm igual peso na construção da identidade "Sou mexicano", "Sou budista", "Sou da classe trabalhadora": aspectos da identidade grupal também constituintes da identidade pessoal Aceitação: a imagem e auto-estima de um indivíduo estão ligados à imagem que o grupo tem dele Depreciação A linguagem: aristocracia = dominação dos melhores; nobre = ao mesmo tempo categoria social elevada e atitude humana altamente valorizada
Termos estigmatizantes da língua inglesa: nigger, yid, wop, dike, papist (crioulo, gringo, carcamano, sapatão, papa-hóstia). Desequilíbrio de poder > ausência de termos equivalentes no sentido oposto Perpetuação do tabu: praise gossip (fofoca elogiosa) e blame gossip (fofoca depreciativa) Barreira emocional: rigidez extrema dos estabelecidos contra os outsiders "Medo de poluição": O contato com o outsider leva a um rebaixamento de status social Outsiders vistos como não observantes de normas e restrições; indignos de confiança, indisciplinados e desordeiros "Os mal lavados" (the unwashed): a contaminação pela anomia e pela sujeira tornam-se a mesma coisa As virtudes dos estabelecidos são imputadas como defeitos dos outsiders Coisificação: um sinal de nascença, a cor da pele ou outro fator congênito são usados como causa da diferenciação nós-eles, quando na verdade são uma desculpa, um eximir-se da responsabilidade Construção de fantasias enaltecedoras e depreciativas: o sonho americano, a missão civilizadora dos países europeus, o terceiro reich Winson Prava Não havia entre estabelecidos e outsiders diferença nas habitações, nacionalidade, ascendência étnica, tipo de ocupação, renda, nível educacional. A diferença era o tempo de residência na comunidade
Moradores antigos: coesão grupal, identificação coletiva, normas comuns > garantiam cargos importantes na comunidade (o conselho, a escola, o clube) Recém-chegados: ameaça ao estilo de vida estabelecido Indivíduo-indivíduo x grupo-grupo O desapreço acentuado entre indivíduos está mais próximo do preconceito que da estigmatização Em Winston Parva, membros de um grupo estigmatizavam os de outro, não por suas qualidades individuais, mas por pertencerem a um grupo coletivamente considerado inferior Estabelecidos e outsiders definem-se por desequilíbrios nas relações de poder A amenização desse desequilíbrio pode levar a uma contraestigmatização dos outsiders
Janaína Castilho Marcoantonio - no USP 3096577 Discursos Jornalísticos e Estigmas Sociais - Profa Rosana