En la mitología griega, los Cercopes (en griego Κερκωπες Kerkôpes) eran traviesas criaturas de los bosques que vivían en las Termópilas o en Eubea, pero vagaban por el mundo y podían aparecer en cualquier lugar donde ocurriesen travesuras.
https://es.wikipedia.org/wiki/Cercopes#cite_note-1
[…] in ancient sources melampygos, "black- nas fontes antigas, melampygos, "bunda negra", bottom," simply means "strong," "vigorous;' and significa simplesmente "forte", "vigoroso"; e "dangerous for the enemies." "perigoso para os inimigos". Temple Decoration and Cultural Identity in the Archaic Greek World/Clemente Marconi, 2007-Cambridge University Press
Na Ásia Menor os Cercopes se instalaram nas vizinhanças de Éfeso[219]; no continente grego o seu valhacouto eram as Termópilas, a parte mais estreita do passo através das “portas quentes” (isso é o que o nome significa)[220], cujas fontes curativas, de acordo com uma crença subsequente, Palas Atena, de um feita, fez brotarem para Héracles quando ele estava cansado[221]. Era um lugar de salteadores, mas, por causa das fontes de água quente, de Cabiros também. Ali adormeceu Héracles numa de suas muitas jornadas. A mãe dos Cercopes advertira-os para tomar cuidado com o melampygos, o “homem de bunda preta”[222], mas o herói estava dormindo de costas com as armas ao lado do corpo[223]. Os irmãos tentaram tomá-las, mas como o sono de Héracles não fosse suficientemente profundo, ele despertou, pegou os dois com as mãos nuas, amarrou uma à outra as absurdas criaturas, pendurou-as pelos pés numa vara de carregar, como dois baldes, e levou-os consigo. Estando com a cabeça para baixo, os sujeitos riam-se às gargalhadas nas costas do herói, em que pese terem ficado muito assustados a princípio, porque a advertência materna condizia com a verdade. Surpreso, Héracles perguntou-lhes por que estavam rindo, e acabou rindo com eles. A título de recompensa, desatou-lhes os laços. A mitologia dos gregos : vol. II : a história dos heróis / Karl Kerényi ;Editora Vozes, 2015.
O primeiro deles foi contra os Cercopes, coletivo para designar dois facínoras que impestavam a Lídia, Euríbates e Frinondas, também chamados Silo e Tribalo, filhos de Téia, uma das filhas de Oceano. Téia, aliás, que lhes apoiava o banditismo, mais de uma vez, os pôs de sobreaviso contra um certo herói, chamado Malampàgo$ (Melampygos), "Melampigo", isto é, "de nádegas escuras", vale dizer, com as nádegas cobertas de pêlos negros, que, para os antigos gregos, era um sinal de força. Altíssimos e de uma força descomunal, assaltavam os viajantes e, em seguida, os matavam. Um dia em que Héracles dormia à beira de uma estrada, os Cercopes tentaram acometê-lo, mas o herói despertou e após dominar os filhos de Téia, os amarrou de pés e mãos e prendeu cada um deles na ponta de um longo varal. Colocou o pesado fardo sobre os ombros, como se fazia com os animais que se levavam ao mercado e encaminhou-se para o palácio de Ônfale. Foi, nessa posição, que Silo e Tribalo, vendo as nádegas de Héracles, compreenderam a profecia de sua mãe e pensaram num meio de libertarse. Descarregaram sobre o herói uma saraivada tão grande de chistes e graçolas apimentadas, que Héracles, coisa que há muito não experimentava, foi tomado de um incrível bom humor e resolveu soltá-los, sob a promessa de não mais assaltarem e matarem os transeuntes.
Mitologia grega Volume III/Junito de Souza Brandão; Editora Vozes, 1987
Dentre os muitos trabalhos secundários que Hércules realizou durante sua servidão, figura a captura dos dois Cercopes efésios que constantemente o impediam de dormir. Eram irmãos gêmeos chamados Passalo e Aquemão; ou Olos e Euríbates; ou Silos e Tribalo, filhos de Oceano e Teia, os mais afamados mentirosos e enganadores que a humanidade já conheceu, que percorriam o mundo praticando continuamente novas formas de logro. Teia os havia advertido de se distanciarem de Hércules, e suas palavras “Bundinhas brancas, vocês ainda não se encontraram com a grande bunda negra” tornaram-se proverbiais, pois “traseiro branco” passou a significar “covarde, vil ou lascivo”.4 Eles costumavam rodear a cama de Hércules metamorfoseados em moscas varejeiras, até que, uma noite, ele os agarrou, obrigou-os a reassumir sua forma natural e os levou dependurados de pontacabeça num pedaço de pau apoiado sobre o ombro. Então, o traseiro de Hércules, que a pele de leão não chegava a cobrir, de tal maneira havia se bronzeado por causa da exposição ao sol e dos hálitos flamejantes de Caco e do touro cretense que se tornou preto como um escudo de couro envelhecido; os Cercopes rebentaram em gargalhadas ao verem-se pendurados de cabeça para baixo, contemplando-o. Seu alvoroço surpreendeu Hércules e, ao compreender o motivo de tanta risada, ele se sentou numa rocha e se pôs a rir com tanto gosto que eles o convenceram a deixá-los em liberdade.
Os mitos gregos: volumes 1 e 2 / Robert Graves; Nova Fronteira, 2018.