Oi pessoal! Não se esquentem com essa coisa de heterotopia e paratopia. Em todo caso, aí vão para vocês, algumas explicações sumárias. Digamos que elas estão ligadas às visões de Borges/Foucault (a primeira) e a segunda à de Maingueneau que a introduz em uma tentativa de formular uma análise do discurso (sua) só para estudar o discurso literário. Eu acho muito complicado e prefiro meu Charaudeau é claro. Mas...gostos são gostos. A heterotopia (que é um conceito que já foi apresentado por Borges, antes de Foucault dele se apossar, segundo Juan Pablo Chiappara Cabrera – seu mestrado sobre a questão, feito em AD e orientado por mim, creio que que pode ser encontrado na biblioteca de Letras se não estiver na biblioteca digital da UFMG) é uma palavra que vem do grego topos (lugar)e hétéro (outro, lugar outro). O conceito em geral, é atribuído a Michel Foucault pois ele o usou em uma conferência de 1967 intitulada “Espaços outros”. Foucault define as heterotopias como uma localização física da utopia. São espaços concretos que acolhem o imaginário (como uma cabana feita nas árvores ou um teatro). São utilizadas também para definir lugares de “isolamento” tais como os asilos, cemitérios. Mas, de modo geral são definidas pelo emprego de um espaço destinado a acolher um tipo de atividade preciso, bem definido, que funciona em uma sociedade obedecendo às suas regras (de cada um desses lugares): os lugares de culto religioso, os estádios esportivos, os parques de diversão... Foi a partir daí (acredito) que Maingueneau criou a condição de “paratopia”.
ALGUMAS EXPLICAÇÕES SOBRE PARATOPIA Maingueneau fez esse conceito para aplicá-lo na obra literária. As linhas abaixo foram re tiradas de um artigo on-line (vide nome autor no final)
Um texto pode ser concebido na relação que se sustenta socialmente entre três possíveis vertentes convergentes à criação literária, quais sejam o trabalho final em si ou a obra; o autor como pessoa que reuniu as condições necessárias para sua produção; e as circunstâncias sociais que geraram aquelas condições, na sua totalidade, embora esta totalidade jamais seja apreendida. Recorrerei ao trabalho de Dominique Maingueneau, O contexto da obra literária (1995) na qual ele discorre sobre a obra, o escritor e o campo literário, nos conflitos e tensões relacionados a estas três categorias. Tomarei, para o desenvolvimento deste texto, a obra do poeta pernambucano Manuel Bandeira, nascido em Recife, como baliza, ou intra-contexto natural A exclusividade da obra de Bandeira se relaciona de forma tanto singular quanto conjuntiva com os universos sociais da criação e afirmação da literatura como lugar social, espaço paratópico necessário à criação individual. Como veremos, na obra de Bandeira uma nostalgia paratópica (um lugar além daquele do autor-poeta e também cronista, além de crítico de arte e literatura) onde ele situa a gênese de sua criação poética como sendo as cidades de Recife, Petrópolis, os vários bairros boêmios do Rio de Janeiro, o sanatório de Clavadel (Suíça), onde ele se tratou de uma tuberculose, em 1913. Contudo, além do poeta, tivemos o cronista Bandeira, cujas crônicas são um testemunho sensível, um conjunto de quadros urbanos montados por um bom olheiro, por um bom apreciador do povo e de seus costumes e por um bom crítico das transformações operadas na cidadeonde viveu por mais tempo: o Rio de Janeiro. ( Segundo: A literatura e a paratopia do autor Sérgio Arruda de Moura, texto on-line consultado dia 15 de setembro de 2017)
É isso aí gente. Não tem nada a ver com o nosso cur so, mas é par a matar a cur iosidade e tentar r esponder à per gunta de Adr iana Reis (feita no final da aula
de ontem). Em suma, a par atopia indicar ia, a meu ver , aquele imposs ível lugar que está em nossa mente e na nossa memór ia. Ela estar ia também na necessidade de sempr e nos r efer ir mos a este lugar social. Mas, a não ser que vocês sejam pr ofundamente adeptos de Maingueneau não vejo necessidades de usar tal conceito. A sociologia e a histór ia associadas à Semiolinguística tor nam as coisas mais clar as. Pessoalmente não gosto de muita obscur idade na AD... Desculpem se simplifiquei demais. Beijos Ida