II Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos/I Ciclo de Pesquisas Medievais, 2014
II COLÓQUIO DE ESTUDOS VIKINGS E ESCANDINAVOS/ I CICLO DE PESQUISAS MEDIEVAIS: MITO E LITERATURA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA, CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES Coordenação geral do evento: Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE) Profa. Ms. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE) Comissão organizadora Prof. Ms. Pablo de Miranda (UFRN/NEVE) Prof. Dr. Fabricio Possebon (UFPB) Prof. Dr. Deyve Redyson Melo dos Santos (UFPB) Profa. Dra. Suelma Moraes (UFPB) Coordenação do Programa de Pós Graduação em Ciências das Religiões: Prof. Dr. Deyve Redyson (UFPB) Coordenação do Curso de Ciências das Religiões: Prof. Dr. Fabricio Possebon (UFPB) Chefia do Departamento de Ciências das Religiões: Profa. Dra. Dilaine Soares Sampaio (UFPB) Patrocínio: CAPES Realização:
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APRESENTAÇÃO Em continuidade ao evento promovido em 2012 nas dependencias da Universidade Federal Fluminense (co-parceria com o Centro de Estudos Interdisciplinares da Antiguidades, CEIA), promovemos agora a segunda edição do Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos. Realizado em conjunto com o Programa de Pós Graduação em Ciências das Religiões e o Centro de Educação da UFPB, o evento foi conjugado com uma proposta mais ampla nos estudos acadêmicos, originando o I Ciclo de Pesquisas Medievais. A idéia era ampliar as investigações e os debates além da Escandinavística, somando as pesquisas das áreas de História, Letras, Filosofia e Artes e obviamente, estudos de religião e religiosidade. O tema do evento procurou abordar dois campos que se integram e ao mesmo tempo possuem uma grande abrangência em ressignificações contemporâneas: a mitologia e a literatura. Com isso verificamos uma amplo interesse por parte dos graduandos e pós-graduandos de diversas universidades do Nordeste em divulgar suas pesquisas a respeito da Idade Média, propiciando um maior crescimento e divulgação da área. A Escandinavística ficou representada pelos integrantes do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos, tanto por meio de cursos e mesas redondas, como pela organização direta no evento. O colóquio contará com a apresentação de dois grupos de música medieval e renascentista, Iamaká e Alegretto, propiciando ao público presente a oportunidade de conhecer outras facetas do Medievo. A organização agradece o fomento propiciado pela CAPES e ao apoio direto do curso e departamento de Ciências das Religiões da UFPB. Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE) Profa. Ms. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE)
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PALESTRAS A MITOLOGIA NÓRDICA NA OBRA DE RICHARD WAGNER Prof. Dr. João Lupi (UFSC) Richard Wagner introduziu na ópera uma nova concepção: a da arte integral, mas também algumas idéias decorrentes das suas convicções germanófilas, socialistas e românticas. Os libretos das óperas que compunha eram totalmente redigidos por ele mesmo, e a temática era na maior parte dos casos de assuntos históricos, principalmente medievais. Só nas quatro composições que constituem a Tetralogia do Anel dos Nibelungos – O Ouro do Reno, A Valquíria, Siegfried, O Crepúsculo dos Deuses – é que se inspira na mitologia nórdica, mas sem esquecer seus outros ideais. R. Wagner estudou as Sagas e os Eddas, mas adaptou-os às suas intenções e inspirações, tanto na ação dos deuses como na estrutura dos personagens. O resultado foi uma obra grandiosa, fortemente evocadora e empolgante, mas onde mais do que a mitologia se refletem suas aspirações cerca do futuro da humanidade: no mundo dos homens os grandes heróis divinos como Siegfried e Brunhilde não têm lugar, por isso devem morrer; mas a morte dos deuses deve dar lugar a uma nova ordem social, depois que a maldade foi purificada pela enchente das águas do Reno e pelo fogo do Valhala. AS RUNAS LATINAS NA ESCANDINÁVIA MEDIEVAL Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ/NIELIM) O conhecimento da Escandinávia medieval deve-se sobremaneira aos seus monumenta e aos registros escritos, dentre os quais as fontes rúnicas se sobressaem. As tradições desses povos, com sua visão de religiosidade alicerçada no panteão pagão germânico, eram expressas preferencialmente através do alfabeto rúnico. Contudo, encontram-se textos que podem ser datados da Idade Média Tardia, nos quais ocorre a transliteração do alfabeto Caderno de Resumos
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latino em runas, como demonstram Macleod and Meeds (2006). Interessa-nos investigar em que medida a apropriação daquelas pelos grafemas latinos com vistas à divulgação da mensagem do cristianismo demonstram um espaço de intermediação de dois planos do sagrado, em que o suporte linguístico das crenças pagãs é utilizado para veicular as novas cristãs (Bragança Júnior, 2014). Como interface de comparação com o mundo germânico escandinavo mostrarse-ão alguns elementos presentes na Englaland anglo-saxônica em uma fórmula de encantamento em antigo-inglês, anterior ao período escandinavo e que nos leva a conjecturar sobre a procedência e o processo de evangelização dos nórdicos. Palavras-chave: Runas – Transliteração – Cristianização – Práticas de religiosidade
MINI-CURSOS INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DE LITERATURA NÓRDICA MEDIEVAL Profa. Ms. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE) O objetivo do minicurso é estabelecer um panorama da Literatura Nórdica Medieval e, assim propor um primeiro contato com algumas obras dessa Literatura que ainda permanecem pouco conhecidas tanto no meio acadêmico brasileiro como do grande publico. Iniciaremos com as definições básicas dos estilos literários das Sagas Islandesas, compostas nos séculos XII e XIII, a Edda Poética e Prosaica, a poesia éddica, a poesia escádica e as crônicas históricas. Serão analisadas também as principais obras de autores como Saxo Gramaticus e Snorri Sturlusson - autores medievais responsáveis pelas grandes obras histórico-literárias da Escandinávia. Como pressupostos teóricos utilizaremos Paul Zumthor, Margaret Clunie Ross, Robert Kellog, Joseph Harris, Roberta Frank, entre outros. Também serão comtempladas análises das obras literárias Caderno de Resumos
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francesas traduzidas para o nórdico no século XIII. Nossas principais referências são os manuais sistematizadores: Old Norse iIelandic-literature: a critical guide (2005), organizado por Clover e Lindow e A company to Old Norse-Icelandic Literature and Culture (2007), editado por Rory Mcturk.
REALEZA E RELIGIÃO NA ERA VIKING. Prof. Ms. Munir Lutfe Ayoub Mestre (PUC-SP/NEVE) O presente trabalho pretende analisar a religião nórdica pré-cristã buscando por um repositório imaginário que nos auxilie na explicação dos ideais, das funções e das legitimações presentes na imagem da realeza escandinava, além de buscar identificar as funções e as ânsias que esses homens tinham sobre seus deuses. A baliza temporal de nossa pesquisa está inserida entre os séculos VIII e X, sendo o primeiro o século no qual surgiram as primeiras realezas escandinavas e o segundo, o século durante o qual os povos escandinavos começaram a sofrer o processo de conversão ao cristianismo. Compreenderemos o momento do rito, objeto de estudo deste trabalho, como a oportunidade de pedir aos deuses fertilidade ou sorte na guerra, além de se tornar um momento político crucial para a legitimação de poder dessa realeza e desses chefes locais (BLOCH, 1977, p. 135). E o mito por sua vez como elemento educativo de um povo, pelo qual as antigas gerações poderiam explicar para as futuras o surgimento do cosmo, a formação e o funcionamento de suas sociedades, os ideais de além-vida, as formas de agir dos seres humanos e, no caso nórdico, até mesmo o fim dessas sociedades, desse cosmo e de alguns de seus próprios deuses, que morreriam em uma batalha final contra seus grandes rivais, os gigantes (SCHJØDT, 2007, p. 1-14). Temos como fontes literárias para o estudo desse período as Sagas e as Eddas, as primeiras tendo como característica a narração das histórias de reis e heróis, expondo por muitas vezes os cultos, as batalhas e tantas outras atividades do mundo viking. Já a segunda fonte tem como característica os Caderno de Resumos
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temas mitológicos, nos apresentando os relatos sobre os deuses, gigantes e tantas outras criaturas que compunham o imaginário nórdico. Tanto as Sagas como as Eddas contêm uma problemática muito próxima, que provém do fato de terem sido compiladas apenas a partir do século XII, portanto muito tempo depois do início do Período Viking, que é datado para o século VIII, e depois da conversão ao cristianismo, que é datada em regiões como a Islândia para o ano 1000. Os relatos sobre os povos escandinavos escritos por outros povos, como os francos e os saxões, também são apresentados, porém essas fontes têm como sua principal problemática o fato de utilizarem parâmetros de observação pautados pelas suas próprias compreensões sociais e até mesmo cosmológicas, não nos permitindo assim uma compreensão direta dos homens escandinavos daquele período. Vale ressaltar nesse momento que as compilações estrangeiras eram feitas em línguas que não pertenciam originalmente ao mundo nórdico, como o latim, o que dificulta a observação dos termos utilizados pelos antigos povos escandinavos e, portanto, de suas compreensões sobre seus costumes, crenças e sobre suas sociedades. Palavras chave: mito, rito, realeza, legitimação.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO XAMANISMO EUROPEU E ESCANDINAVO Prof. Ms. Pablo Gomes de Miranda (UFRN/NEVE) O xamanismo é um tema que desperta o interesse do Ocidente desde o século XVIII, momento em que podemos encontrar relatos sobre as práticas xamânicas entre a literatura de viajantes da época, a exemplo das narrativas de Joseph Arcebi. No século XX, levados em conta principalmente por uma busca do exótico, o xamanismo e o seu conjunto de técnicas extáticas esteve representado no repertório artístico de Joseph Beuys e tornou-se um jargão entre os intelectuais franceses, a exemplo de Roland Barthes e Jacques Derrida. Entretanto são as obras de Mircea Eliade e Claude Lévi-Strauss que delineiam o Caderno de Resumos
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assunto de uma maneira mais abrangente e que continuam a influenciar nossas interpretações sobre o tema ainda hoje. Pretendemos, à luz de uma documentação própria da Idade Média na Europa setentrional, reavaliar as análises acadêmicas modernas sobre as práticas xamânicas, o espaço do xamã e seus elementos mais gerais: rituais iniciáticos, negociação com espíritos, curas, pilares do mundo, ascensões celestes e descidas infernais. Nosso objetivo é proporcionar uma discussão sobre a prática do xamanismo na Europa setentrional, em especial a Escandinávia, durante a Idade Média. Esperamos que ao final os participantes possam desenvolver suas próprias questões pensando as questões apresentadas neste mini-curso.
A RELAÇÃO ENTRE GUERRA E RELIGIÃO: HISTÓRIA E MÉTODOS DE PESQUISA Prof. Ms. Sandro Teixeira Moita (ECEME/GEHM-CEIA) O minicurso tem como objetivo estabelecer uma reflexão sobre o fenômeno da guerra e como este influencia e é influenciado pela religião. Valendo-se de estudos de caso para entender a relação guerra-religião no mundo germânico da Antiguidade Tardia e Alta Idade Média, pretende-se também entender como as transformações sociais e políticas geraram mudanças nesta relação e na própria formação dos povos germânicos, em especial durante o Período das Migrações. Utilizando um instrumental que combina a História Militar, Antropologia e Ciência Política, o presente minicurso busca lançar luz para o público que estiver interessado em realizar pesquisas na área, levando-se em conta recentes estudos no Brasil e no Exterior.
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A MULHER E A IGREJA NA IDADE MÉDIA Profa. Ms. Veronica Aparecida Silveira Aguiar (UNIR). O tema a mulher e a Igreja é antigo e sempre atual, por isso têm ocupado um importante espaço na historiografia. O debate nos dias atuais gravita-se em torno de uma revisão bibliográfica acerca dos tratados ditos “políticos”, “jurídicos” e das práticas sociais. Assim, o objetivo deste mini-curso é analisar algumas dessas fontes escritas e iconográficas referentes ao discurso que os homens criaram sobre as mulheres, os limites da inserção das mulheres nessa sociedade e o lugar delas no registro de produção material. Para realizar tal análise discutiremos as possibilidades de “resistência” de algumas mulheres às regras. A partir de um recorte temático investigaremos algumas das bases teóricas que auxiliaram no entendimento das relações entre a Igreja e a sociedade, dentro de um conjunto de fontes específicas que sintetizam um discurso imposto às mulheres que sempre estiveram relacionadas em parte aos padrões morais determinados pela Igreja. Enfim, o tema a mulher e a Igreja pode render um debate extremamente interessante, por isso pretende-se oferecer uma ampla discussão sobre normativos, imagem e religiosidade. Em suma, tratou-se de um discurso moral construído na Idade Média sobre a mulher que será o nosso objeto de investigação.
MESAS REDONDAS MITOS CELESTES NÓRDICOS NA ERA VIKING Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE) O estudo de mitos celestes nórdicos sempre foi um tema marginal dentro da Escandinavística, apesar de suas inúmeras possibilidades investigativas. A principal preocupação desta comunicação é apresentar uma historiografia sobre as escassas pesquisas efetuadas neste campo, desde as primeiras publicações do século XIX, até recentes trabalhos de Gísli Sigurdsson, Thomas Dubois, Otto Caderno de Resumos
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Reuter, Bjórn Jonsson, entre outros. Também apresentaremos alguns temas relacionados objetivamente com mitos celestes na área nórdica (como as narrativas do dedo de Aurvandill e os olhos de Tyazi) e indiretamente, como a narrativa da construção dos muros de Asgard e a identificação dos planetas visíveis a olho nu durante a Era Viking. Nossos principais pressupostos teóricometodológicos são os provenientes da Arqueoastronomia e Etnoastronomia (como John Carlsson e Anthony Aveni) e teoria do mito aplicada à Escandinávia, como Margaret Clunie Ross e John Lindow. Nossas principais fontes são as Eddas, as Sagas Islandesas e o material folclórico medieval. Palavras-chave: Mitologia Nórdica; Astromitologia; Arqueoastronomia; Era Viking; Planetas e Constelações.
LAGERTHA: REPRESENTAÇÕES DA GUERREIRA NA GESTA DANORUM Profa. Ms. Luciana de Campos (PPGL-UFPB/NEVE) Lagherta, uma das personagens femininas da Gesta Danorum escrita por Saxo Gramaticus no século XII foi esposa de Ragnar Lodbrok e é descrita no texto como uma mulher guerreira que, mesmo depois do divórcio continha apoiando o ex-esposo tanto militar como politicamente. Esse modelo feminino descrito na Gesta Danorum apresenta ao leitor a mulher que está presente nos campos de batalha, não figurante como uma incentivadora, entoando cânticos e gritos de guerra, mas, portando armas e roupas apropriadas para o combate, lutando em igualdade com os homens e participando da tomada de decisões que, via de regra, são essencialmente masculinas. A nossa análise ficará centrada nas descrições literárias de Lagherta comparando-a com as referências históricas sobre o papel da mulher nórdica medieval atestando sua visibilidade e transitividade. Confrontando as três representações da mulher guerreira Caderno de Resumos
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nórdica: a literária, a histórica e a do imaginário moderno, esboçaremos um perfil dessa mulher que fascina e está cercado por estereótipos e fantasias que muitas vezes mais encobrem do que revelam a face dessa mulher. Realizar uma análise dos modelos femininos presentes na literatura nórdica confrontando-a em alguns pontos com as imagens das mulheres guerreiras será o nosso intuito nessa comunicação. MITO E XAMANISMO: A CAÇADA SELVAGEM NAS BALADAS DE HELGI HUNDIGSBANI Prof. Ms. Pablo Gomes de Miranda (UFRN/NEVE) Nossa apresentação pretende discutir os elementos xamânicos nas baladas de Helgi Hundingsbani, conjunto de poemas presentes no manuscrito GKS 2365 4to, conhecido como Codex Regius (Konungsbók), sendo nossa ênfase na primeira e na segunda balada de Helgi Hudingsbani (conhecidas como Völsungakviða e Volsungakviða hin Forna ou ainda Helgakviða Hundingsbana Fyrri e Helgakviða Hundingsbana Önnur), enquanto que a balada de Helgi Hjörvarðsson (Helgakviða Hjörvarðssonar), será analisada com fins comparativos. As baladas em questão giram em torno da vida e morte do herói viking Helgi, o matador de Hunding, pertencente a linhagem mítica dos Ýlflings. Ainda que os poemas não façam menção direta à ritualística xamânica, é possível apontar tais elementos em seus versos e conjecturar, segundo os dados expostos, comparações com o mito da Caçada Selvagem, comum à boa parte da Europa setentrional. Palavras-Chaves: Edda Poética; Mitologia Escandinava; Xamanismo.
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MITO, ORALIDADE E ESCRITA: O CONTAR E O RECONTAR Prof. Ms. Munir Lutfe Ayoub (PUC-SP/NEVE) Os mitos são definidos por historiadores, como John Lindow, como narrativas dos antigos povos na tentativa de explicar o surgimento do cosmo, a formação e o funcionamento de suas sociedades, as formas de agir dos seres humanos e até mesmo o fim das sociedades desse cosmo e, no caso dos mitos nórdicos, o fim de alguns de seus próprios deuses, que morreriam em uma batalha final contra seus grandes rivais, os gigantes (LINDOW, 2002, p. 1-2). Explicações essas derivadas de narrativas que nos apresentam um mundo de guerras, reinos, heróis, reis, além dos já citados deuses e gigantes que por suas interações acabavam por se influenciar mutuamente em um contar e recontar fluido que perpassou diversas épocas e localidades. Tais mitos, antes de serem compilados nas fontes literárias que nos chegaram, eram cantados por poetas nórdicos conhecidos como escaldos, em canções que deviam sofrer variações em conformidade com o tempo e com o espaço. Variações que ocorriam, dentre outros motivos, pela influência de diversas culturas com as quais os escandinavos entravam em contato e que, analisadas por historiadores, como John McKinnell, levam a uma compreensão das influências cristãs nos mitos e costumes nórdicos anteriores ao período de conversão e de compilação das obras literárias tardias escandinavas, o que sugere uma múltipla temporalidade de compreensão do cristianismo pelos nórdicos (McKINELL; RUGGERINI, 1994, p. 107-128). Portanto, historiadores como Jens Peter Schjødt acreditam que as histórias que foram compiladas são na verdade apenas uma pequena parte das que eram cantadas naqueles períodos (SCHJØDT, 2009, p. 9-22). Sendo assim, não temos atualmente a possibilidade de trabalhar com todas as variações desses mitos, o que já nos aponta uma grande problemática na tentativa de compreensão dos povos escandinavos praticantes dos antigos costumes. Palavras chave: mito, oralidade, cultura. Caderno de Resumos
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O SOBRENATURAL E O FANTÁSTICO NAS SAGAS ISLANDESAS André Araújo de Oliveira (PPGHIS - UFMA/NEVE) O sobrenatural e o fantástico são muito presentes nas sagas islandesas. Os efeitos e seres sobrenaturais enriquecem a narrativa apresentando o pensar de sua época, ecos de uma compreensão de mundo a mais de mil anos abandonada. As maldições e feitiços em paralelo com criaturas sobrenaturais fazem parte, não de uma realidade fora do cotidiano, mas estão presentes no dia-dia como efeitos e seres reais. Essa exposição tem por objetivo apresentar os elementos sobrenaturais de algumas sagas islandesas e como elas são compreendidas no seu meio. Por meio das vozes do discurso entendemos que esses elementos sobrenaturais não são seres e efeitos além da realidade, mas fazem parte do imaginário que o insere no mundo o qual coabitam. Finalmente, por meio da compreensão da construção no discurso e do contexto do imaginário medieval escandinavo buscaremos explicar como se deu a elaboração do sobrenatural cristão islandês, como resultado das influências da feitiçaria pré-cristã. Para isso usaremos a noção de Mikhail Bakhtin da construção do discurso, dialogada principalmente com o conceito de imaginário medieval de Le Goff Palavras-chave: Sobrenatural, Escandinávia Medieval, Imaginário Medieval.
O POEMA RÚNICO ANGLO-SAXÔNICO Prof. Ms. João Bittencourt (UERJ/NEVE) As Runas Anglo-Saxônicas são um conjunto de caracteres usados para escrever nas línguas germânicas, principalmente na Escandinávia e nas Ilhas Britânicas. Estes caracteres têm sido encontrados em pedras rúnicas, e em menor número em ossos e peças de madeira, assim como em pergaminhos e placas metálicas. A versão escandinava é conhecida como Futhark (derivado das suas primeiras seis letras: 'F', 'U' 'Th', 'A', 'R', e 'K'); já a versão Anglo-saxônica é conhecida Caderno de Resumos
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como Futhorc (que também tem origem nas primeiras letras deste alfabeto). As inscrições rúnicas mais antigas datam de cerca do ano 150, e o Futhorc passou a ser o alfabeto do inglês antigo, sendo substituído pelo alfabeto latino com a cristianização por volta do século VI, na Europa Central e no século XI, na Escandinávia. Existem três poemas rúnicos preservados desde a Idade Média, sendo um deles baseado nas runas anglo-saxônicas. Na presente exposição, pretendemos analisar e discutir O Poema Rúnico Anglo-Saxônico que é datado provavelmente do século IX/X. O poema tem 29 estrofes e cada estrofe está baseada numa determinada runa. O poema pode ser visto como uma chave esotérica para desvendar a magia e o poder das runas. Palavras-chave: Literatura Anglo-saxônica; Alfabeto Rúnico; Magia
O MITO DO HERÓI NA VOLSUNGA SAGA Profa. Ms. Suênia de Sousa Amorim (UFPB) Um tema mítico que é bastante conhecido podendo ser encontrado em diversas culturas é o Mito do Herói. O herói está presente no imaginário desde os primórdios da humanidade, desde tempos imemoriais e sua atemporalidade é inegável seja na figura de um Héracles grego, Cuchulainn irlandês, Rama hindu, Gilgamech sumério ou Sigurðr escandinavo entre outros. Os mitos e as lendas heroicas constituem um tesouro inesgotável de exemplos e modelos da nação que neles bebe o seu pensamento, ideais e normas para a vida. Sendo a figura do herói um elemento antropológico necessário a todo ser humano temos como maiores fontes de herói a mitologia e a literatura. Nossa proposta é analisar figuras heroicas presentes nas diversas mitologias, mas nos determos de forma especial e pormenorizada no herói Sigurðr. Do nórdico antigo, Sigurðr (“favorecido pela vitória”), conhecido em alemão como Siegfried que é sem dúvida o maior herói da mitologia nórdica e personagem central da Völsunga Saga (Islândia, século XIII) ou Saga dos Volsungos por sua grande vitória sobre Caderno de Resumos
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o dragão Fáfnir. Sabemos que o arquétipo do herói é um símbolo de todos os indivíduos, de todas as épocas, presentes, passadas e futuras, que pode ser perfeitamente lido a partir de duas perspectivas: a primeira é a dos ideais nacionais de um povo e de uma raça, onde o herói incorpora os valores da comunidade a qual pertence. Pelo que seus feitos tornam-se dignos de serem cantados e recitados uma vez que a divulgação desses feitos fomenta o sentimento de união e pertença e aviva a coragem e o espírito guerreiro; a segunda mais ampla e universal, que de certa forma compreende uma biografia humana abrange não somente um determinado povo, mas toda a humanidade com suas angústias, temores e realizações na guerra e na paz. Palavras-chave: Herói; Sigurðr; Völsunga Saga
A MÔNADA HIEROGLÍFICA Prof. Dr. Fabricio Possebon (UFPB) Monas Hieroglyphica é um pequeno tratado escrito em latim e publicado em 1564 por John Dee (1527-1608), mago inglês, conhecido também por investigações matemáticas, astronômicas e de navegação. Dee teve uma vida voltada notadamente para o ocultimo, viajando por inúmeros países da Europa e sendo influente na corte inglesa da rainha Elizabeth. Nesta obra, Dee propõe um diagrama, explicando em detalhes a sua construção geométrica, e acrescentando observações de natureza hermética. Pretende ele que se alcance, pela observação da Mônada, um conhecimento transcendente, não havendo detalhes de como isto será feito. Nossa proposta de interpretação pretende justamente levantar possibilidades de como alcançar este saber, a partir de reflexões melhor conhecidas da tradição oriental, onde é frequente o uso de mandalas e yantras (Guiseppe Tucci, 1988). Levantar-se-ão algumas questões acerca da tradição ocidental das Escolas de Mistério (Walter Burkert, 1991), pouco conhecidas, mas cujo saber se transmitiu pelo Corpus Hermeticum (Ilaria Ramelli, 2005), e por seus antecessores: Giordano Bruno, Cornélio Agrippa, etc. Caderno de Resumos
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Palavras-chave: Renascimento; mônada; ocultismo. O MITO DAS AMAZONAS EM A CIDADE DAS DAMAS DE CHRISTINE DE PIZAN E DE CLARIS MULIERIBUS DE BOCCACCIO Profa.Dra. Luciana Eleonora de Freitas Calado Deplagne (UFPB) Representadas desde a Antiguidade, em textos enciclopédicos e gravuras antigas, as Amazonas ora evocam imagens de mulheres intrépidas, ora de crueldade e transgressão da natureza. No final da Idade Média, em particular, depois da obra boccacciana De Claris mulieribus, o mito das guerreiras ressurge em vários países da Europa, não apenas na Literatura, mas também em outras artes como em tapisserias, gravuras, estátuas, iluminuras, etc.(VIENNOT, 2008, STEINER, 1999). A presente comunicação se propõe a apresentar um estudo comparativo entre a obra A Cidade das Damas(1405), de Christine de Pizan(1364-1430), e De Claris Mulieribus(1374), de Boccaccio(1313-1375), focalizando as estratégias de reescritas do mito das Amazonas empregadas pelos dois autores italianos. Considerando que o catálogo de histórias de mulheres virtuosas que compõem o Livro da Cidade das Damas de Pizan recebeu forte inspiração de duas obras de seu renomado compatriota Boccaccio: De Claris Mulieribus e Decameron, pretende-se neste trabalho, analisar o processo de reescrita da obra de Pizan, a partir de uma perpectiva de gênero(Rich(1980), Woolf(1929), Brouard-Arends(2004), Viennot(2008)). Palavras-chave: Amazonas, mito, Christine de Pizan, Boccaccio, reescrita OS FABLIAUX ERÓTICOS MEDIEVAIS: A OBSESSÃO PELO EROTISMO Profa. Dra. Marta Pragana Dantas (UFPB) Discutiremos alguns aspectos do erotismo medieval através da leitura de fabliaux eróticos. Pequenos contos em versos octossílabos, edificantes ou divertidos, na maioria obscenos, os fabliaux floresceram na França entre o final Caderno de Resumos
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do século XII e o início do século XIV, tendo sido apreciados por um público bastante diversificado, composto de nobres, cavaleiros, castelãos, burgueses e habitantes em geral das cidades. A ampla circulação dessa matéria erótica e licenciosa insere-se dentro de uma “erótica cristã medieval” (Guillelbaud). A Igreja passa a exaltar os benefícios da “mãe natureza”, favorecendo, em última instância, uma concepção mais física e mais descomplexada da sexualidade e o direito ao prazer — contrariamente, é preciso dizer, ao que muitas vezes se afirma a respeito do papel da Igreja na formação de uma moral sexual rígida. Essa relativa liberdade quanto à questão sexual coincide com o espírito bem humorado e lúdico dos fabliaux na celebração dos apetites do corpo e nas transgressões da linguagem. Uma ênfase especial será dada à representação da mulher, vista como possuidora de um apetite sexual voraz e insaciável. Palavras-chave: fabliaux, literatura medieval, erotismo
COMUNICAÇÕES REFLEXÕES SOBRE O MITO DO RAGNAROK Angela Albuquerque de Oliveira (UFPB) Nosso estudo propõe analisar a narrativa de Ragnarök, a última batalha, encontrada na poesia éddica, da literatura escandinava, do século XIII. Por se tratar de um universo amplo, reduziremos a pesquisa à investigação a respeito de como essa sociedade se movia em busca da ordem diante do caos, mediante o anúncio da destruição do mundo que fatalmente representaria o fim dos homens e dos deuses. A metodologia envolve a perspectiva da teoria do mito conjuntamente com a pesquisa bibliográfica e sistematizadora do tema. Utilizaremos como referencial teórico as ideias de Bittencourt (2011), Cardoso
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(2006), Eliade (1992 e 2011), Goldeberg (2006), Hock (2010), Hume (2005), Langer (2000, 2001, 2005, 2006, 2012 e 2013). Palavras-chave: Escandinávia da Era Viking; Mitologia Escandinava; Ragnarök.
AS RELIGIOSIDADES VIKINGS EM MONUMENTOS DE PEDRA Ricardo Menezes (PPGCR-UFPB/VALKNUT) A prática das religiosidades dos povos vikings é um campo obscuro na historiografia brasileira. A esmagadora superioridade de produções esotéricas ofusca e confunde os interessados em conhecer mais sobre esse aspecto cultural. Esta pesquisa busca, através de análises dos monumentos de pedra da Escandinávia, debater e levantar questões acerca das religiosidades do norte da Europa Medieval, como a pluralidade de cultos, relação com a morte e o pósmorte e a cristianização. Atentaremos também para os aspectos sociais, artísticos e geográficos das produções destes monumentos para que a análise não seja incompleta, uma vez que não podemos considerar a fonte fora de seu contexto de criação. Utilizaremos estudos de pesquisadores consagrados da Escandinavística Nacional e Internacional, como Johnni Langer, Birgit Sawyer, Hilda Davidson entre outros. Com isso pretendemos compreender como a religiosidade se apresenta em tais monumentos, além de entender um pouco mais do sistema religioso nórdico. Palavras-chaves: Religiosidades – Monumentos – Escandinávia
UMA ESCRITA PARA O PASSADO: O IMAGINÁRIO DA DEMONIZAÇÃO DO PAGÃO NA CONSTRUÇÃO DA EYRBYGGJA SAGA José Lucas Cordeiro Fernandes e Leonardo Guerra e Silva (UECE/VALKNUT) A cristianização da Escandinávia pode ser dividida em algumas fases, nos deixando uma clara divisão temporal e de atuação da Igreja no território. Nesse Caderno de Resumos
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sentido, que a dinâmica da cultura escrita das sagas para a cristianização será observada por nós, pois essa produção escrita vinha com a intenção do seu autor cristão, entre várias delas, nós podemos destacar uma valorização da religião cristã. Nesse cenário, as sagas como um conjunto literário produzido na consolidação do cristianismo, passam a voltar sua escrita para o passado de disputa sobre o “território ideológico”, como um intento de modelar um passado que estava presente na oralidade e que agora se “fixava” no papel e na tinta. Nosso trabalho busca focar nessa escrita sobre o passado e a configuração do cenário de cultura escrita na Escandinávia medieval, intentando perceber como essa escrita foi preenchida por demonizações e subversões de valores e características pagãs. Com este foco nós selecionamos uma fonte que nos permite realizar a “operação historiográfica”, esta que é a Eyrbyggja saga, fonte escrita em meados do século XIII por um autor anônimo e que nos revela muito sobre o contato entre pagão e cristão na ótica de um autor cristão. Por fim, nos ligaremos ao aparato teórico da História Cultural e da metodologia da Cultura Escrita medieval e da Nova Escandinavística. Palavras-Chave: Demonização; Escandinávia; Sagas; Cultura Escrita.
SEGUINDO A CANÇÃO COM O MARTELO NA MÃO: THOR E SUAS REPRESENTAÇÕES NO HEAVY METAL João Paulo Garcia Teixeira (UFC/VALKNUT) Thor foi um deus bastante conhecido e cultuado entre os escandinavos, sendo o mais poderoso dentre os deuses, segundo alguns autores, dominava o ar, o trovão e também cultuado como deus ligado a fertilidade. Hoje Thor ainda continua muito conhecido, devido as várias mídias na qual está ligado, seja nos quadrinhos, filmes, livros de literatura, e também na música, com grande frequência em uma vertente do rock conhecida como Metal. O presente trabalho tem como objetivo maior mostrar a relação existente entre o Thor cultuado Caderno de Resumos
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pelos escandinavos da Era viking e a representação que ele possui atualmente nas músicas de Metal. Para tanto, pretendo utilizar algumas músicas das mais famosas bandas do estilo como, Grave digger, Manowar, Amon Amarth entre outras, que frequentemente abordam o assunto em seus álbuns, chegando em algumas ocasiões a dedicar um álbum inteiro para a temática, temas esses que percorrem toda a história dos vikings e sua mitologia nórdica. Junto a isso temos a questão também da sonoridade, que em praticamente todos os casos, as bandas procuram criar todo um ambiente medieval, levando assim, o ouvinte a tentar imaginar a vivencia no período em questão. Para me ajudar no desenvolvimento da pesquisa e de interpretação das músicas, me utilizarei de trabalhos de alguns dos pesquisadores mais conhecidos, como Johnni Langer, John Lindow, Jacques Le Goff, fazendo uma relação entre as interpretações musicais e os devidos trabalhos acadêmicos. Palavras Chaves: Thor – Heavy Metal – Mitologia Nórdica
THOR: UMA REINTERPRETAÇÃO CONTEMPORÂNEA DO DEUS NÓRDICO DO TROVÃO Leandro Vilar Oliveira (PPGH-UFPB) Partindo do pressuposto que as culturas não são imutáveis, mas estão expostas a fatores que levam a sua modificação, neste artigo propus analisar como o deus Thor e a mitologia escandinava, foram readaptados para a cultura midiática dos séculos XX e XXI, mais especificamente no âmbito das histórias em quadrinhos produzidas pela Marvel Comics. A qual desde a década de 1960 foi a responsável por reintroduzir esse icônico deus do trovão e a mitologia nórdica, para o mundo, a partir de uma representação contemporânea embasada na ficção científica e nas histórias de fantasia. Além de assinalar algumas mudanças entre os mitos e as histórias em quadrinhos, o foco do artigo, é estudar a construção do heroísmo entre o Thor mitológico e o Thor super-herói, Caderno de Resumos
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tendo como referência as várias faces de um herói como proposto por CAMPBELL [1995], a influência do cavalheirismo, do romantismo medieval e da ideia contemporânea de herói, na construção dos super-heróis das hqs, por CAVALCANTI [2006] e VERGUEIRO [2014]. Como fonte serão utilizados os poemas eddicos, livros e artigos sobre mitologia, e as próprias hqs da Marvel. Palavras-chave: Thor, mitologia escandinava, história em quadrinhos.
REPRESENTAÇÕES E APROPRIAÇÕES DE LOKI E DAS DEMAIS DIVINDADES DO PANTEÃO NÓRDICO EM OS JULGAMENTOS DE LOKI Elvio Franklin Menezes Teles Filho (UFC/VALKNUT) Proponho, no presente trabalho, analisar as representações atuais de aspectos da mitologia nórdica presentes na obra: Os Julgamentos de Loki. No meio acadêmico, inúmeros sãos os exemplos de estudos relacionando cultura nódica, quadrinhos e estereótipos. Guerreiras da Era Viking? Uma Análise do Quadrinho Irmãs de Escudo; seria apenas um dos variados exemplos. Um dos objetivos deste seria compreender como estas representações reforçam a permanência de um imaginário popular e de estereótipos acerca da cultura, sociedade e religiosidade dos povos da Escandinávia Medieval. Entretanto, tendo como base teórica os escritos de R. Chartier, não pude deixar de considerar também os processos de apropriação pelos quais a obra passa nas mãos do leitor. O “consumidor” não pode ser considerado apenas uma casca vazia esperando para ser preenchida. As formas de leitura são mutáveis e sujeitas a um processo histórico. Sobre esse aspecto, teremos como recorte o público brasileiro das HQ's. Para tal trabalho, proponho a utilização de resenhas feitas por leitores em geral. Assim, o trabalho final seria referente ao
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olhar dos leitores sobre a obra e seus estereótipos com relação a mitologia nórdica. Palavras Chave: Representação, apropriação, estereótipos.
CONTATO E EMPRÉSTIMO LINGUÍSTICO EM INGLÊS E NÓRDICO ANTIGOS: EVIDÊNCIAS EM MANUSCRITOS DOS SÉCULOS IX A XI Luiz Antonio de Sousa NETTO (UFPE) O presente trabalho investe na análise histórica e comparada de textos medievais, focando as relações entre o nórdico antigo e o inglês antigo (TOWNEND, 2002), através da análise textual de manuscritos da época de ambas as línguas: Crônica anglo-saxônica (835), Evangelho de Lindisfarne (700?), Stockholm Codex (séc.VIII), bem como os manuscritos de Ælfric (955-1010?) e Wulfstan (1023). O problema que será levantado pretende refletir nos limites e fronteiras que na época medieval iam se estabelecendo na formação de futuras línguas a partir dos testemunhos oferecidos pela linguística histórica, partindo das chamadas protolínguas: indo-europeu e protogermânico, com relação, no caso, ao nórdico antigo e ao inglês antigo (LASS, 1994). Note-se que as influências linguísticas mútuas ocorreram no contexto da primeira invasão viking datada em 793, o que produziu fenômenos que podem ser enquadrados nos conceitos de superestrato e adstrato (PONS-SANZ, 2007). Nesse sentido, constatam-se,
dentre
outros,
fenômenos
de
empréstimo
léxico,
com
consequências no âmbito fônico que podem ser detectados a partir de uma análise minuciosa dos respectivos sistemas gráficos oriundos das ocorrências textuais. Só a modo de exemplo, serão analisadas evoluções de palavras da língua inglesa como ing.ant. æsċ [æʃ], “carvalho”, que passou a reproduzir-se na escrita como askr, com alteração da pronúncia [askr], por influência do nórdico antigo askr [askr]; o mesmo fenômeno se evidencia em ing.ant. busċ, “arbusto”, pronunciada inicialmente como [buʃ] e mais tarde como [buskr] – com Caderno de Resumos
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reposição da velar, como no caso anterior –, influenciada sem dúvida pelo contágio do nórdico antigo buskr – mesma pronúncia. Outro exemplo que reproduz outros fenômenos se dá na forma do ing.ant. brycg, “ponte”, pronunciada antigamente [bryʤ], e que na época em tela passou a ser escrita como hrycg, correspondente à pronúncia [hryg], também por influência do nórdico antigo. Palavras-chave: inglês antigo; nórdico antigo; linguística histórica; linguística indo-europeia; filologia inglesa.
O CENTRO DO MUNDO: AS CIDADES DA ERA VIKING Thiago Moreira Monte (UFC/VALKNUT) Os Escandinavos são muito conhecidos pelas suas investidas contra os Mosteiros Católicos e os Reinos Europeus, praticando saques e pilhagens, motivados pela sede de riquezas e, principalmente, pelo prazer em batalhar. No entanto, não devemos nos esquecer de suas qualidades como comerciantes, tendo em vista que muitas expedições “Vikings”, depois dos saques, faziam comércio com algumas cidades da Europa e, também, cidades sob o domínio de Califados Islâmicos. Outras cidades receberam influência direta da presença dos Vikings, como a antiga cidade de York e a Normandia, região da atual França, onde se transformaram em grandes redutos de “Vikings” fora da Escandinávia. Por fim, temos ainda os grandes centros comerciais da própria Escandinávia, como em Birka e Hedeby que tinha seu valor estratégico nas incursões “Vikings”. O presente trabalho tem por objetivos analisar o ideal de cidade na Idade Média, observando esses grandes centros comerciais do norte da Europa Medieval. Além de examinar algumas regiões de extrema importância para a sociedade Escandinávia, como o Templo de Uppsala, que estimulava peregrinações não tanto por fatores comerciais, mas por motivos Caderno de Resumos
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religiosos. Para isso, vamos analisar alguns mapas do livro “Towns in the Viking Age”, relacionando leituras de autores como, Johnni Langer, Johannes Brondsted e Jacques Le Goff. Principalmente com a influência de Le Goff, buscar entender a real função da cidade, lugar ideal para troca de experiências e palco de luta pelo poder. Palavras Chaves: Cidade – Sagrado- Poder.
CONTATO E EMPRÉSTIMO LINGUÍSTICO EM INGLÊS E NÓRDICO ANTIGOS: EVIDÊNCIAS EM MANUSCRITOS DOS SÉCULOS IX A XI Luiz Antonio de Sousa Netto (UFPE) O presente trabalho investe na análise histórica e comparada de textos medievais, focando as relações entre o nórdico antigo e o inglês antigo (TOWNEND, 2002), através da análise textual de manuscritos da época de ambas as línguas: Crônica anglo-saxônica (835), Evangelho de Lindisfarne (700?), Stockholm Codex (séc.VIII), bem como os manuscritos de Ælfric (955-1010?) e Wulfstan (1023). O problema que será levantado pretende refletir nos limites e fronteiras que na época medieval iam se estabelecendo na formação de futuras línguas a partir dos testemunhos oferecidos pela linguística histórica, partindo das chamadas protolínguas: indo-europeu e protogermânico, com relação, no caso, ao nórdico antigo e ao inglês antigo (LASS, 1994). Note-se que as influências linguísticas mútuas ocorreram no contexto da primeira invasão viking datada em 793, o que produziu fenômenos que podem ser enquadrados nos conceitos de superestrato e adstrato (PONS-SANZ, 2007). Nesse sentido, constatam-se,
dentre
outros,
fenômenos
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empréstimo
léxico,
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consequências no âmbito fônico que podem ser detectados a partir de uma análise minuciosa dos respectivos sistemas gráficos oriundos das ocorrências textuais. Só a modo de exemplo, serão analisadas evoluções de palavras da Caderno de Resumos
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língua inglesa como ing.ant. æsċ [æʃ], “carvalho”, que passou a reproduzir-se na escrita como askr, com alteração da pronúncia [askr], por influência do nórdico antigo askr [askr]; o mesmo fenômeno se evidencia em ing.ant. busċ, “arbusto”, pronunciada inicialmente como [buʃ] e mais tarde como [buskr] – com reposição da velar, como no caso anterior –, influenciada sem dúvida pelo contágio do nórdico antigo buskr – mesma pronúncia. Outro exemplo que reproduz outros fenômenos se dá na forma do ing.ant. brycg, “ponte”, pronunciada antigamente [bryʤ], e que na época em tela passou a ser escrita como hrycg, correspondente à pronúncia [hryg], também por influência do nórdico antigo. Palavras-chave: inglês antigo; nórdico antigo; linguística histórica; linguística
indo-europeia; filologia inglesa.
A CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO DA PROFECIA NA SOCIEDADE ESCANDINAVA, ATRAVÉS DA ANÁLISE DA SAGA DE NJÁL Sara Carvalho Divino (UFMA) O universo que rodeia a magia nórdica povoa o imaginário de toda uma sociedade que buscava na magia algumas respostas para justificar momentos ou situações de suas vidas. A ocorrência da magia na Escandinávia Medieval é constante, e nas suas mais variadas formas está à profecia (spá), onde suas características
moldam
situações
do
cotidiano
e
do
imaginário dos
escandinavos. A profecia é um elemento divino presente em diversas culturas e grupos sociais, e, consequentemente, não está excluída da sociedade escandinava. As características da profecia serão apresentadas neste trabalho por meio de uma análise da Saga de Njál, onde buscará elementos para a composição de um imaginário social, apresentando um enfoque no agente executor da profecia. O trabalho também tem como objetivo apresentar a diferenciação entre profecia e adivinhação, definindo assim a separação entres Caderno de Resumos
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os termos para que não acuse uma igualdade entre estas práticas mágicas. Para a composição do imaginário da sociedade escandinava serão utilizados as perspectivas de Bronislaw Baczko e Hilário Franco Jr.. Palavras-chave: Magia, profecia, imaginário social, Escandinávia Medieval.
ARTHUR E OS HOMENS DO NORTE: A MATÉRIA DA BRETANHA E A IMAGEM DO REX SACERDOS NA ESCANDINÁVIA DO INÍCIO DO SÉCULO XIII. Prof. Dr. Marcus Baccega (UFMA) A presente comunicação pretende explorar o papel retórico-disciplinar da Matéria da Bretanha ou Ciclo Arturiano na reafirmação do caráter cristológico e guerreiro da realeza escandinava no século XIII. Para tanto, visando a compreender como se fortaleceu ou se alterou a imagem do rex sacerdos entre os homens do Norte na primeira metade do último século da Idade Média Central, analisa-se a Breta Sögur (c. 1200). A Saga dos Bretões introduz a figura mito-poética de Arthur, o rei cristão sacramentado pelos esforços eclesiais de filtragem e clericalização do mito que envolve, além do Rei de Camelot, as aventuras dos Cavaleiros da Távola Redonda e a busca pelo Santo Graal. Nestes termos, parece ser um documento propício para dissecar os usos políticos e retóricos da Matéria Arturiana, tal como recepcionada pelos escandinavos do Pós-Era Viking. Como os romans continentais e, ao final da Idade Média, as novelas de cavalaria relativas ao Ciclo Bretão, a Breta Sögur é o lugar da memória de conflitos, resistências, compromissos e mediações culturais cristãs que desvelam a formação das realezas cristológicas entre os germânicos do Norte da Europa. Palavras-chave: Rei Arthur, Realeza Cristã, Escandinávia pós-viking, Breta Sögur.
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A CONCEPÇÃO DA MULHER NO IMAGINÁRIO MEDIEVAL A PROPÓSITO DO TESTEMUNHO DE TEXTOS LITERÁRIOS EM LÍNGUA CASTELHANA ATÉ O SÉCULO XV Prof. Dr. José Alberto Miranda Poza (UFPE) A Idade Média europeia representa uma época fundamental para a compreensão do mundo moderno em sua concepção ocidental, antecedente da hodierna pós-modernidade (DE BRUYNE, 1988). O conhecimento deste vasto período que percorre mais de dez séculos, alheio à realidade e ao imaginário da América, constitui um verdadeiro desafio para o ensino, a aprendizagem e a recepção das literaturas europeias – e não só das hispânicas (JOACHIM, 2012; MICHARD-MARCHAL & RIBERY, 1985). Com relação ao tema proposto, a mulher, é representativa do pensamento medieval a atitude daquela sociedade tipicamente masculina apresentá-la a partir de duas vertentes: a glorificação – o amor cortês e suas derivações – e o rebaixamento feminino até extremos incríveis (BLANCO AGUINAGA et al, 2000). As duas posições convergem, em ocasiões, numa mesma obra, como no Libro de buen amor, onde Juan Ruiz descreve magistralmente as mulheres através de um rico jogo de equívocos: de um lado, fala-se da mulher objeto do desejo carnal do homem, causadora do pecado, e, de outro, louva-se o verdadeiro “bom amor”, de transcendência divina, na mesma linha devota que proclamava a tradição mariana europeia e o símbolo da virgindade de Maria, Madre de Cristo e de todos os homens, apontada já em Berceo (Milagros). Não faltam, ainda, o gênero do sermão, focando o tópico dos pecados capitais que têm como sujeito à mulher – frente ao indefeso homem –, aspecto que nos convida a evocar o Corbacho, de Alfonso Martínez de Toledo, e que abre o imaginário medieval que contém obras medievais de outro teor, como alguns dos exemplos coletados no Conde Lucanor, de Don Juan Manuel, onde a mulher é apresnetada como um ser temível para o homem se ele não sabe dominá-la do primeiro momento. Que a bruxaria e seus vínculos com Satã são coisa especialmente própria da mulher mostra-se no papel que, com relação ao amor – proibido a malhoria das vezes – desenvolvem Caderno de Resumos
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Trotaconventos primeiro e mais tarde a celebérrima Celestina da Tragicomedia de Rojas. Por fim, a denominada pela crítica de novela sentimental nos devolve ao primeiro tipo de vertente acima referida, isto é, à glorificação da mulher, mas já, em pleno Pré-renascimento, a partir de parâmetros humanistas, como Diego de San Pedro escreve na sua Cárcel de amor. Palavras-chave: mulher e literatura; literatura medieval; textos hispânicos medievais. HERÓI – DIABO: PELA DISSOLUÇÃO DE UMA OPOSIÇÃO INEXISTENTE Francisca Renata de Araújo Pessoa (UNIFOR) O trabalho busca abordar os significados atribuídos à imagem do Diabo no decorrer da Idade Média e analisar as modificações desse símbolo no exercício religioso (Link, 1995). Procura-se analisar a importância do arquétipo demoníaco (diabolo) no direcionamento do homem a uma nova existência. É discutida a atribuição dada por Platão ao arquétipo daimon como guia que conduziria o homem a uma vida de realizações, fornecendo a este arquétipo a função de cumpridor daquilo que o homem haveria de escolher como destino, apontando-o ainda como um intermediário entre os Deuses e a humanidade. A partir do pressuposto de que um arcabouço religioso que tem como finalidade a coincidentia oppositorum (Jung, 1999), a conciliação dos opostos, como condição de amadurecimento psíquico humano, o trabalho argumenta sobre a necessidade
de
inclusão
do
daimon,
opositor
do
demiurgo,
como
condição iniludível ao atingimento do objetivo conciliatório. Assim, são investigados aspectos presentes na história da bruxaria relacionados à ideia de pacto como o Diabo (Russell & Alexander, 2008) no intuito de mostrar a importância da integração completa da psique. Palavras-chave: Diabo; Idade Média; coincidentia oppositorum Caderno de Resumos
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DAIMON E A JORNADA INTERIOR: UMA ANÁLISE MÍTICA DO SÍMBOLO Francisca Renata de Araújo Pessoa (UNIFOR) A pesquisa busca abordar os significados atribuídos à imagem do Diabo no decorrer da idade média e analisar o desgaste desse símbolo no exercício religioso. Procura-se analisar a importância do arquétipo demoníaco (daimon) no direcionamento do homem a uma nova existência. É discutida a atribuição dada por Platão ao arquétipo daimon como guia que conduziria o homem a uma vida de realizações, fornecendo a este arquétipo a função de cumpridor daquilo que o homem haveria de escolher como destino, apontando-o ainda como um intermediário entre os Deuses e a humanidade. Esta ideia por sua vez não agradou a igreja, que procurou abster-se de dar qualquer importância a esta divindade. A partir do pressuposto de que um arcabouço religioso que tem como finalidade a coincidentia oppositorum (Jung, 1999) a conciliação dos opostos como condição de amadurecimento psíquico humano, o artigo argumenta sobre a necessidade de inclusão do daimon, opositor do demiurgo na liturgia ritual, como condição iniludível ao atingimento do objetivo conciliatório. Palavras-chave:Diabo; idade média; igreja; coincidentia oppositorum
O JOVEM TROVADOR WERTHER Éllen Martins Tomaz de Araújo e Julia Caroline Maciel Corrêa (UFPB) Esse trabalho tem por objetivo realizar uma leitura e interpretação das cartas escritas pelo personagem Werther, da obra Os sofrimentos do jovem Werther, escrito por Johann Wolfgang von Goethe, salientando a presença do Amor Cortês ao longo do corpus selecionado. Esse romance é um dos marcos iniciais do romantismo e é perceptível a presença de alguns elementos da literatura medieval em seu conteúdo. Para o desenvolvimento desse trabalho, foram Caderno de Resumos
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selecionadas três cartas, marcadas através de suas respectivas datas. A primeira, na qual o narrador discorre sobre o momento em que conhece a sua amada Lotte; a segunda, na qual Werther, pela primeira vez no livro, documenta em carta que é apaixonado por Lotte; e a terceira, para corroborarmos a ideia do código do amor cortês presente na obra, sendo a última carta destinada a Wilhelm. O amor, na visão que nos propomos a analisar, não nasce de ação alguma, mas da reflexão sobre aquilo que o cavaleiro vê; ou seja, não busca uma dama real, mas um ideal de virtude feminina. Dessa forma, o livro Tratado do amor cortês, de André Capelão, e outras bases teóricas secundárias nos orientam por um caminho coerente com a nossa análise. LEONOR TELES: REPRESENTAÇÃO FEMININA NA METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA VERSUS A CRÔNICA DE FERNÃO LOPES Whadja Nascimento Oliveira (UEPB) Esta comunicação tem por objetivo analisar o perfil de Leonor Teles, rainha de Portugal no século XIV, através de sua representação no romance histórico contemporâneo Leonor Teles ou o canto da salamandra (19999), em comparação com o perfil apresentado nas Crônicas de Fernão Lopes que tratam do reinado de D. Fernando e da revolução de Avis. Interessa-nos evidenciar a participação política de Leonor Teles nas questões do reinado de D. Fernando, bem como sua intervenção em alguns fatos sociais e econômicos, o que legou para a História a sua fama de rainha aleivosa. Nosso trabalho tem como aporte teórico tanto os estudos que tratam sobre a Idade Média (Georges Duby, Le Goff, etc) e a mulher na Idade Média (Michelle Perrot, etc), bem como autores específicos sobre a História de Portugal (Mattoso, Serrão, etc), e mais precisamente sobre o reinado de D. Fernando. Palavras-chave: Leonor Teles; Crônicas de Fernão Lopes; Romance histórico português Caderno de Resumos
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BEST-SELLER DO SERTÃO? A DIFUSÃO DA CANÇÃO DE ROLANDO NA LITERATURA DE CORDEL DO NORDESTE BRASILEIRO NOS SÉCULOS XX E XXI Aniely Walesca Oliveira Santiago (UFPB) É sabido que algumas narrativas medievais europeias, dentre as quais romances de cavalaria e canções de gesta, foram difundidas no Nordeste brasileiro no século XX, graças aos folhetos de cordel escritos e impressos, sobretudo, pelo cordelista e “editor” paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Este se apropriou das adaptações que o médico português Jerônimo Moreira de Carvalho fez da História do Imperador Carlos Magno e dos doze pares de França (1728), através de edições do século XIX (Lisboa, 1863), para recontar a história de Rolando (Roldão), Olivier (Oliveiros), Ganelon (Ganelão) e Ferrabrás. Interessa especialmente aos propósitos da presente comunicação a fortuna literária “popular” da Canção de Rolando (primeira obra de relevo da literatura francesa, escrita por volta do século XII) no Nordeste brasileiro, especialmente naquela região geográfico-cultural conhecida como Sertão. A partir dos estudos de Roger Chartier(2004) sobre a Biblioteca Azul, ou seja, livros de baixo custo, vendidos por ambulantes e constituídos de adaptações de textos clássicos e eruditos em linguagem popular, cujo público alvo eram as camadas menos letradas (e analfabetas) da população, tentar-se-á ver em que medida Leandro Gomes de Barros teve um papel e importância semelhantes aos que tiveram as famílias de editores Oudot, da cidade francesa de Troyes, e Garnier, entre os séculos XVII e XIX, na difusão de obras literárias, especialmente da Canção de Rolando, e na formação de um imaginário que marcou fortemente a cultura brasileira do século XX. Palavras-chave: Literatura de cordel, Canção de Rolando; Leandro Gomes de Barros, Biblioteca Azul
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TEOLOGIA NEGATIVA: ABORDAGENS EM PSEUDO-DIONÍSIO E EM MEISTER ECKHART Carlos Bezerra de Lima Júnior (PPGF-UFPB) Pseudo-Dionísio o Areopagita foi um filósofo do Século VI que deu segmento ao neoplatonismo cristão, influenciando profundamente o pensamento de Meister Eckhart, que durante o século XIV lutava contra acusações de heresia principalmente por ter utilizado expressões de teor panteísta, embora negasse veementemente ser herege reivindicando sua fidelidade religiosa e seu título de mestre dominicano. Sob essa perspectiva, o presente estudo tem como objetivo apresentar a teologia negativa de Pseudo-Dionísio e de Meister Eckhart, evidenciando algumas semelhanças entre os dois autores, bem como certas diferenças. Dessa forma, pretende-se demonstrar em que caráter se deu tal influência, e se é possível inserir Eckhart no rol de autores dionisianos. As obras utilizadas serão preferencialmente as de fontes primárias, sendo principalmente os Nomes de Deus e a Teologia Mística, de Pseudo-Dionísio, e alguns sermões alemães e Sobre o Desprendimento, de Eckhart; além de comentadores como literatura de apoio. Como metodologia o trabalho se caracteriza por ser uma pesquisa de revisão bibliográfica. Palavras-chave: Pseudo-Dionísio. Meister Eckhart. Teologia negativa. A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NOS ESCRITOS DE SANTO AGOSTINHO Christoferson Vanderly Elias da Silva (UFPB) O presente trabalho tem como objetivo analisar o princípio da dignidade da pessoa humana sob à ótica de santo Agostinho. Tal alcunha é à coluna vertebral do ordenamento jurídico nacional e supranacional. Isto quer dizer que o homem é o centro da lei: ele é à sua finalidade. Porém, a história dos direitos Caderno de Resumos
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humanos fundamentais se confunde com à própria existência do homem sobre a terra. O período medieval, que foi integralmente influenciado pela religião, também deu sua contribuição para o desenvolvimento, aprofundamento e defesa do direito natural. Nossa preocupação principal é discutir como, na prática, o santo doutor de Hipona defendeu o ideal da centralidade do ser humano em sua época. Neste sentido, em nossa investigação, optamos por estudar três de suas inúmeras obras: Confissões, A Cidade de Deus e O Livre Arbítrio, bem como documentos referentes ao direito vigente nesse período. Palavras-Chave: Dignidade da Pessoa Humana. Direito. Santo Agostinho. Idade Média
A MULHER NO MALLEUS MALEFICARUM: ENSAIO SOBRE A (DES)CONSTRUÇÃO DO FEMININO Elenilson Delmiro dos Santos (PPGCR-UFPB) A historiografia mostra que as diferenças entre homens e mulheres não se deve, apenas, a um fator biológico. No caso da Idade Média, deve-se, muito mais, a um discurso produzido pelos homens e legitimado pela Igreja. Entre os diversos instrumentos de propagação do pensamento masculino, nos chama a atenção à obra dos Dominicanos Heinrich Kramer e James Sprenger, escrito em 1484, o Malleus Maleficarum (Martelo das Feiticeiras) cuja proposta, mais do que condicionar a mulher a uma rígida disciplina, tinha por objetivo final assegurar o poder da figura masculina. Neste Sentido, o presente trabalho se propõe a ser um ensaio de como o sexo feminino foi destituído de seu “poder biológico” e reduzido perante o poder cultural masculino. Partindo da análise do próprio obra em questão, e de outras fontes bibliográficas, discorreremos sobre alguns aspectos que podem atestar sua relevância para uma melhor compreensão de temas relacionados a sexualidade, corpo e poder na Idade Caderno de Resumos
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Média e, possivelmente, chegarmos as suas reminiscências na cultura contemporânea. Palavras-chave: Feminino; Cultura; Poder.
NOS DOMÍNIOS DE SEVENWATERS: UMA ANÁLISE DA PERSONAGEM SORCHA DO ROMANCE DAUGHTER OF THE FOREST DE JULIET MARILLIER Profa. Ms. Fernanda Cardoso Nunes (UFC) Este trabalho objetiva analisar a personagem feminina Sorcha no romance Daughter of the Forest (2000), da escritora neozelandesa Juliette Marilier, através dos estudos acerca da influência da mitologia e da cultura celta na literatura de língua inglesa contemporânea e dos estudos de gênero e sua relação com a literatura de autoria feminina. Procuraremos observar como a personagem em questão transgride os papéis convencionados a mulher medieval e se insere dentro da tradição de mulheres guerreiras celtas. Para tanto, realizaremos pesquisa bibliográfica acerca do tema, tendo como base teórica as contribuições de autores como Bragança Jr. (2010), Donnard (2008), Campbell (2004), além de textos acerca da questão da mulher na Idade Média como Pernoud (1981). Objetivamos, com esta pesquisa, apontar o interesse, cada vez mais patente, da literatura de autoria feminina contemporânea em língua inglesa com relação ao papel da mulher celta como transgressora dentro do contexto histórico, social e cultural medieval. Palavras-chave: Literatura em Língua Inglesa Contemporânea. Personagem feminina. Celtas.
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A REPRESENTAÇÃO FEMININA NO FABLIAU “OS CALÇÕES DO FRANCISCANO” Gerlândia Gouveia Garcia (PPGH-UFCG) O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise da representação feminina no fabliau “Os calções do franciscano”. Compararemos o discurso do narrador ao de textos do período, a exemplo dos religiosos e filosóficos, os quais veiculavam uma imagem de inferiorização da mulher, comumente apresentada como um ser pútrido, dissimulado e enganador, entre outras características negativas. Para a análise do texto em questão nos ampararemos em teóricos que contemplam a questão da mulher na Idade Média, a saber: Howard Bloch (1995), Jacques Le Goff e Jean-Claude Schmitt (2006), KlapischZuber (2006), Norris Lacy (1995) e da teóloga Uta Ranke-Heinemann (1996). A nossa intenção também se concentra em observar a relação entre personagens masculinos e femininos no fabliau proposto, bem como se há propagação do discurso misógino medieval. Palavra-Chave: Representação feminina, Fabliau, Idade Média
RE-SIGNIFICAÇÕES DO FEMININO: POÉTICAS TRANSITANTES NA IDADE MÉDIA Ivanildo da Silva Santos (UFPB); Rayssa Kelly Santos de Oliveira (UFPB) Ao longo da história, a sexualidade feminina foi marcada por muitas influências sócio-culturais que determinaram seus limites e campos de atuação. No entanto, algumas mulheres não sucumbiram à devoção abnegada de mãe, esposa e filha. Na sociedade medieval, a mulher cumpriu outros papéis, além dos que eram impostos pelo discurso dominante. Compreendemos que a diferenciação social imputada ao feminino, deveu-se, em grande parte, aos preceitos religiosos sobre a sexualidade, os quais foram usados para classificálas como sujeito/gênero/sexo inferiores, convertendo-as em causa e objeto do Caderno de Resumos
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pecado. Àquelas que se desviavam dos padrões estabelecidos pela Cultura, eram impostas interdições e sanções, capazes de anulá-las de forma atroz. A sociedade patriarcal e cristã da Idade Média considerava a mulher um sujeito muito próximo da carne e sentidos. Nossa pesquisa pretende analisar, em textos do romanceiro ibérico, de Almeida Garrett, a representação discursiva da mulher, em que se acoplam significantes oriundos, sobretudo, da cultura mediévica. Como arcabouço teórico, optamos pelos estudos feministas de Judith Butler, sobre subversões identitárias, e de Foucault, acerca da ordem que rege os discursos. Dentro dessa abordagem, analisaremos o romance A Bela Infanta - narrativa poética que ressalta as características e representações da mulher – no período medieval – com seus desafios e imposições. Palavras-chave: Romanceiro – Gênero – Discurso; Feminismo.
SOB O VÉU DA SEDUÇÃO: FACES MORTÍFERAS DO FEMININO Jaldemberg Jonas de Carvalho Silva (UFPB) & Monik Giselle Lira Monteiro (UNIPÊ) O romanceiro tradicional constitui um conjunto de narrativas poéticas que se conectam, dinamicamente, a histórias de povos e culturas. É o caso da peça A Enfeitiçada, do romancista e poeta português Almeida Garrett. Discursivamente vinculado à cultura mediévica, o texto narra a história de uma donzela, cuja riqueza e beleza são usadas, ardilosamente, como armas de sedução, para atrair os cavalheiros que cruzavam o seu caminho. De origem francesa, a estória perpetuou-se pelas terras portuguesas, onde ganhou algumas adaptações. Este trabalho, respaldado nos constructos teórico-metodológicos da Semiótica Discursiva, tem como objetivo identificar os instrumentos de sedução e os recursos persuasivos mobilizados pela protagonista, a fim de persuadir o masculino, subjugando-o aos seus caprichos e desejos. Estamos diante de uma imagem feminina que subverte, em muitos aspetos, as estruturas tradicionais do medievo, as quais reafirmam uma supremacia do homem e de suas ações. Caderno de Resumos
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Palavras-Chaves: Feminino - Sedução - Romanceiro Ibérico UMA LEITURA DAS “CORRESPONDÊNCIAS DE ABELARDO E HELOÍSA” E A “NOVA HELOÍSA” DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU Jozelma Oliveira Pereira (UEPB) Apesar de conhecido e reconhecido principalmente pelo seu pensamento educacional, social e político, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) também desenvolve temáticas de ordem literária e histórica, como é o caso de seu livro A Nova Heloísa. O então romance, conhecido também por Júlia foi iniciado em 1757 e nele se percebe o sentimentalismo rousseauniano que se deve, notavelmente, às famosas cartas de dois amantes – Abelardo e Heloísa – que foram separados pelo destino e só na morte ficaram juntos. Ele cônego e respeitado professor de lógica, ficou conhecido pelo movimento filosófico que se tornou um dos mais importantes da filosofia medieval – o problema dos universais, além, é claro, do seu envolvimento amoroso com a jovem Heloísa. O amor [im] possível está registrado na famosa obra Correspondências de Abelardo e Heloísa. Do exposto, pode-se dizer que o principal propósito desta investigação é apresentar de que forma o filósofo das luzes se posiciona como escritor e critico do seu tempo e de que forma sua obra estabelece indagações de estruturas literária, histórica e filosófica, indagando sobre as semelhanças e diferenças em relação às obras referidas e este provável retorno de Rousseau ao medievo. Palavras-chave: filósofo das luzes; medievo; romance filosófico; epístolas.
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MARGUERITE PORETE: O QUERER DO NADA QUERER Juliana Marques Cavalcante (EUPB) Marguerite Porete pregava um estilo de vida baseado no desprendimento do que ela chamava de obstáculos mundanos. Assim, em sua atuação mística, Porete almejava propagar a possibilidade de encontrar-se com a divindade ainda em vida, contrariando o discurso que a tradição católica cristã nos diz. Era, pois, por meio da libertação oriunda do aniquilamento que se fazia possível tal encontro. Foi então que, através da sua obra O Espelho das Almas Simples e Aniquiladas, Porete relatou como se deu o seu encontro com a divindade que, por sua vez, é, por ela, chamado de Amado, bem como nos confidenciou qual é o caminho que deve ser seguido por aqueles que também desejem alcançar esse feito. Como poderia, portanto, uma alma que a todo instante insiste no discurso do nada querer, paradoxalmente permanecer na vontade e no desejo do amor? Com base na teoria poretiana de que através da abdicação das vontades e do aniquilamento total da alma é possível vivenciar um encontro com Deus, nos dedicaremos a analisar de que maneira uma alma que repousa no nada é capaz de alcançar tamanha honra. Palavras Chave: Marguerite Porete. Vontade. Aniquilamento.
DA CAVALARIA PAGÃ À CRISTÃ: ASPECTOS DE DIFERENTES CÓDIGOS DE ÉTICA CAVALEIRESCOS EM SIGURD E GALAAZ Letícia Raiane dos Santos (UFPE) Introduzida em Portugal durante o reinado de Afonso III no século XIII, juntamente com outras novelas de cavalaria arturianas, A demanda do santo Graal foi traduzida para o português sendo, no decorrer desse processo, mutilada, e até certo ponto, recriada (MEGALE, 2008). Ela conta a história da incansável busca realizada pelos cavaleiros da Távola Redonda, do Vaso sagrado, o Graal, no qual José de Arimateia recolheu o sangue de Jesus Cristo. Na véspera de Caderno de Resumos
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Pentecostes, diversos cavaleiros vão a Camalote para integrarem a Távola Redonda do rei Artur; quando, enfim, todos estão reunidos, surge flutuando misteriosamente no paço o santo Graal, coberto por um veludo branco, e proporcionando manjares a todos que estavam ali presentes. Logo em seguida, o santo Vaso vai embora, despertando nos homens que compunham a mesa, o desejo de provar outra vez das maravilhas proporcionadas por ele. A obra narra as aventuras vividas pelos cavaleiros da Távola Redonda durante a insistente busca para presenciar mais uma vez o milagre que lhes foi proporcionado em Camalote. De acordo com Richard Barber (2007), após a morte de Chrétien de Troyes, que produziu no século XII o primeiro roman cavaleiresco que abordou a temática do mais famoso vaso místico da história da literatura cortês – A história do Graal. Morrendo sem finalizar essa obra, Chrétien abriu uma lacuna que, ao longo de muitos séculos, diversos autores tentaram preencher. Qual era a origem do Graal? E mais especificamente, o que seria, de fato, aquele misterioso objeto? Palavras-chave: saga islandesa; novela de cavalaria; códigos de ética cavaleirescos. O LIVRO, UM IMPORTANTE OBJETO NUCLEAR DA POLÍTICA NO MEDIEVO: REESCRITURAS DO LIVRO DOS FEITOS DE JAIME I Prof. Dr. Luciano José Vianna (Universitat Autònoma de Barcelona) O livro medieval foi um dos objetos utilizados na política medieval. Um objeto representativo e de poder, não somente para quem o mantinha, mas também para quem era representado pelo mesmo. A vida deste objeto foi marcada por três momentos importantes: sua criação, sua entrega aos seus patrocinadores e sua reprodução em diferentes contextos (Gimeno Blay, 2002). Estamos, portanto, diante de um processo no qual se manifestaram a reflexão historiográfica, o mecenato e a necessidade política. O objetivo desta comunicação é apresentar os dois primeiros objetos da tradição textual do Livro Caderno de Resumos
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dos Feitos que temos notícias, ou seja, o ms. 1 da Biblioteca da Universitat de Barcelona, e o ms. 1734 da Biblioteca de Catalunya. Utilizando os pressupostos teóricos de Hayden White (1999), Gabrielle M. Spiegel (1975, 1983, 1990, 1995 y 1999) e Roger Chartier (1989, 1994 y 2005), respectivamente relacionados à formação de um texto historiográfico, sua relação com o contexto de composição e sua representação, pretendemos analisar estes dois objetos de acordo com os seus respectivos contextos de composição (1343 e 1380), para então compreender o motivo da composição de tais objetos. Palavras-chave: Livro medieval; Livro dos feitos: Jaime I.
A IDEIA DE LIVRE-ARBÍTRIO NA ÓTICA DE SANTO AGOSTINHO Márcia de Souza Baptista (UEPB) A partir da ideia de livre-arbítrio, que Agostinho define como origem ou causa do mal, nasce a noção de culpa, de responsabilidade e com esse conceito entende-se a palavra pecado (o mal), fruto do abuso da livre vontade. Portanto, a ideia de culpa está implícita, pois ninguém se confessa se não se sentir culpado em relação a algo, se trata aqui de arrependimento. Neste sentido, o homem cai por sua própria vontade e, nesta direção, a filosofia de Agostinho exposta em as Confissões, busca uma investigação do arrependimento dos pecados e da misericórdia de Deus, que se entrelaçam nas suas teorias sobre a graça e o livre-arbítrio. O mal é a desordem, a transgressão culposa da ordem existente no universo. O homem se afasta do ser por ignorância e Deus na sua infinita bondade concede a graça da salvação. Para o Bispo de Hipona ninguém tem forças para salvar-se sozinho, pois só Deus é quem salva por meio da graça. Esta, por sua vez, conduz o homem a fazer o bom uso de seu livre-arbítrio. Do exposto, pretendemos, nesta comunicação, refletir sobre a ideia do livre-arbítrio em Santo Agostinho a partir de algumas passagens das Confissões e de O Livrearbítrio. Caderno de Resumos
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Palavras-chave: Vontade. Livre-arbítrio. Confissões.
ENTRE O PODER E A TRANSGRESSÃO Monik Giselle Lira Monteiro (UNIPÊ) & Wanderson Diego Gomes Ferreira (UFPB) Ancorada nos pressupostos teóricos da Semiótica das Culturas, em sua interlocução com os Estudos Culturais, a presente pesquisa tem o objetivo de examinar, no romanceiro ibérico de Almeida Garret, as dimensões éticas e morais da sexualidade, restabelecendo as conexões ideológicas com a cultura mediévica, a qual, discursivamente, alimenta os textos populares. A peça escolhida, intitulada Reginaldo, revela uma configuração familiar fragmentada pela subversão do feminino frente aos valores patriarcais. Defrontamo-nos com estruturas de poder, de ordem religiosa, que sufocam o desejo de mulheres, esfacelando seus corpos e identidades, quando estas se insurgem contra as agruras de seu tempo e espaço. Nessa lógica perversa, atribuem-se aos homens uma virilidade que os habilita, institucionalmente, a subjugar suas esposas, amantes, filhas e irmãs, mesmo que, para tanto, infrinjam as leis sociais. Palavras-Chaves: Romanceiro – Estruturas de Poder – Tradicionalismo
O PENSAMENTO DE MARTINHO LUTERO E O TÉRMINO DA IDADE MÉDIA Renan Pires Maia (UFPB) O presente trabalho tem como objetivo expor os principais pontos do pensamento do reformador protestante alemão Martin Luther (Martinho Lutero) e seu impacto na sociedade européia da época, de maneira a demonstrar como a reforma luterana representou, no séc. XVI, um ponto de transição decisivo entre a Idade Média e a Idade Moderna, uma vez que Caderno de Resumos
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desafiou o tradicionalismo católico romano, predominante até o fim do medievo, e levantou fortes críticas ao modo de pensar escolástico, hegemônico até então, dando início a todo um movimento anticlerical no tocante à instituição visível da religião e anti-aristotélico no que diz respeito ao modo de investigação da Verdade, movimento este que se consolidaria amplamente, a partir do Renascimento, nas figuras de pensadores como Giordano Bruno, Thomas Hobbes, Bento de Spinoza, Immanuel Kant etc., que, igualmente, levantaram importantes críticas à Igreja Romana e/ou à forma de pensar defendida no seio dela. Palavras-chave: Lutero, Idade Média, Reforma Protestante.
ENTRE O GROTESCO E A DOENÇA: AS PERCEPÇÕES SOBRE A OBESIDADE NA BAIXA IDADE MÉDIA. Renato Toledo Silva Amatuzzi (PPGH-UEPG) A obesidade foi alvo de grandes controvérsias durante a Idade Média. Durante muitos séculos, a figura do glutão medieval foi tratada ora como algo grotesco, doentio e ora como símbolo de poder e vitalidade. O presente trabalho tem como objetivo compreender as percepções acerca da obesidade no regimento de saúde “As Regras de Saúde a Jaime II”, escrito para o Rei Jaime II de Aragão, em 1308, pelo médico catalão Arnau de Vilanova. Neste documento, Vilanova estabelece uma série de relações entre a obesidade, alimentação e os exercícios físicos, situando a como um problema da medicina e mais, como algo que pode ser prevenido através da dietética e de um equilíbrio correto dos humores. Este regimento proporciona ao historiador um novo olhar sobre a medicina preventiva na Baixa Idade Média, e, principalmente, as relações entre o corpo, saúde e a alimentação. Palavras-chave: Arnau de Vilanova; História da Obesidade; Regimentos de Saúde. Caderno de Resumos
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O AMOR NA PERSPECTIVA DE ISABEL DE ARAGÃO NO ROMANCE MEMÓRIAS DA RAINHA SANTA Simone dos Santos Alves Ferreira (PPGL/UFPB) O presente artigo busca observar como o amor é constituído no romance histórico Memórias da rainha santa (2009), de María Pilar Queralt del Hierro. Percebemos que o romance discorre sobre a temática amorosa na figura de Isabel de Aragão. Ela casou-se ainda criança com o rei D. Dinis, e apaixonou-se por ele apesar das poucas vezes que ele a procurava. Não tinha seu amor correspondido e sofria ao saber do envolvimento do esposo com diversas amantes com quem teve vários filhos bastardos os quais deixou aos cuidados de Isabel. Para tanto, o aporte teórico que dará sustentação a este trabalho tem como teóricos e críticos principais Denis de Rougemont (1988), Octavio Paz (1994) e George Duby (1993) que discorrem acerca do amor cortês e Maria de Fátima Marinho (1999) e Célia Fernandes Prieto (1998) que tecem considerações sobre romance histórico. A análise nos mostra que o amor apresentado na obra apresenta-se à margem, pois o que importava para D. Dinis era o casamento por interesses e para negociações, ocasionando dessa forma, o sofrimento de Isabel de Aragão. Palavras-chave: romance histórico, amor cortês, interesses.
MARGUERITE PORRETE: A HERANÇA PERFEITA DA ALMA ANIQUILADA. Solange Alves de Almeida (UEPB) A obra “O espelho das Almas Simples” é um dos principais escritos a respeito de mística medieval, opondo-se radicalmente ao discurso da Igreja na época, que situava os nobres como alvos do amor de Deus, em uma sociedade permeada pela religião. A autora, Marguerite Porete, era uma beguina, uma mulher leiga dedicada à vivência prática da religiosidade e que escrevia sobre o Caderno de Resumos
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tema em língua vulgar, ou seja, a língua do povo. Este, dentre outros motivos, tornou as beguinagens centros místicos muito populares e um perigo potencial aos olhos da Igreja. O espelho das almas simples é escrito em diálogos e faz extenso uso de figuras de linguagem e paradoxos, sendo por isso muitas vezes considerado de difícil interpretação. A discussão na obra gira em torno de três personagens centrais, todos femininos: a Alma, o Amor e a Razão, e traça baseado em três mortes, o caminho gradual para a união com o divino, que só é obtido com o radical aniquilamento do eu, onde a vontade pessoal se submete á vontade de Deus, ou seja, prega que até o mais simples é capaz de se unir a Deus desde que se despoje de vontade, aniquilando seu eu e submetendo-se ao agir de Deus. Assim procuraremos nesta comunicação apresentar os principais aspectos do texto de Marguerite no que se diz a ideia do aniquilamento. Palavras-chave: Mística, Aniquilamento Deus Marguerite porrete.
OS ESTADOS DA ALMA COMO PROCESSO DE ANIQUILAMENTO E UNIÃO COM AMOR, EM O ESPELHO DE MARGUERITE PORETE. Valkíria Oliveira de Melo (UEPB) O objetivo desse trabalho é mostrar o pensamento de Marguerite Porete (provavelmente nascida em meados de 1260), no Mirouer, que tem como principal tema o processo que leva a Alma ao aniquilamento e a sua união com o Fino Amor. Para chegar ao aniquilamento e ao grau mais alto de sua união mística com Amor, a Alma passa por seis estados. No primeiro estado, que corresponde à morte do pecado, a Alma segue os mandamentos de Deus; no segundo estado, que corresponde à morte da natureza, a Alma agraciada por Deus, imita a Cristo, visando uma vida espiritual de despojamento; no terceiro estado, a Alma busca as obras de caridade para aproximar-se de Deus; no quarto estado, a Alma abandona os trabalhos externos, querendo a vontade de Caderno de Resumos
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Deus nela; no quinto estado, onde dar-se a última morte, a saber, a morte da vontade, a Alma embriagada com Amor encontra-se aniquilada; por último, o sexto estado, é onde a Alma se encontra em união com Amor. Nossa pensadora ainda sugere um sétimo estado, mas desse ninguém pode falar, pois, segundo ela, trata-se da glória eterna. Sendo assim, refletiremos sobre os estados da Alma como processo de aniquilamento necessário na busca da união com o divino. Palavras-chave: Estados. Alma. Aniquilamento. Amor.
SOBRE O CORPO FEMININO: VIOLÊNCIA E PATRIARCADO Wanderson Diego Gomes Ferreira & Hermano de França Rodrigues (UFPB) A literatura popular, em sua tradicionalidade, mantém vivos os resquícios das várias culturas que, nos itinerários temporais, interceptaram-na, dando-lhe contornos nem sempre definíveis. Nesse âmbito, destacamos o romanceiro tradicional, cujas narrativas albergam crenças e valores que se consolidaram (não podemos dizer que eram exclusivos) durante os longos outonos da Idade Média,
de
tal
modo
que
passam
a
demarcar
sua
presença
na
contemporaneidade. Nossa pesquisa, numa interface entre a Semiótica das Culturas e os Estudos Culturais, adentra no romanceiro garrettiano, com vistas a examinar as configurações perversas que delineiam as relações de opressão ao feminino, fazendo-o perecer ante um maquinário de torturas físicas e psicológicas. Para tanto, debruçar-nos-emos sobre o romance Silvaninha, um dos mais difundidos em terras lusas. A narrativa centra-se na conduta de um pai cruel, capaz de penaliza a filhar a viver trancafiada numa torre, até que esta ceda aos desejos sexuais do progenitor. O conflito narrativo se sustenta na dominação masculina, preponderante à lei social e, por outro lado, frágil ao se confrontar com a Divindade. Palavras-Chaves: Romanceiro, Patriarcado, Perversão
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A FAMÍLIA EM DES(ORDEM): ENTRE PERDAS E HERANÇAS Prof. Dr. Hermano de França Rodrigues (UFPB) Os laços parentais, em cada época e lugar, estabelecem-se segundo as pilastras conceituais da Cultura, de modo a ratificar seus significantes, confrontá-los ou, por vezes, deturpá-los. No mundo mediévico, vaticinado pela religiosidade e por um modo de vida essencialmente agrário, consolidou-se um modelo familiar centralizado na figura paterna, cuja função resumia-se, muitas vezes, em abastecer o lar e definir a conduta de esposa e filhos. Estes estavam, em geral, sob uma égide senhorial, subsumindo-se aos seus mandamentos, definindo-se ante seus códigos e, como bons seguidores, temendo a ferocidade de suas leis. Nosso estudo, ancorado nos pressupostos teóricos da Semiótica das Culturas, almeja dilucidar, a partir do texto literário, o aparato ideológico que, por muito tempo, em especial na Idade Média, alicerçou configurações familiares delineadas ao labor de uma religiosidade diaspórica, hábil em seccionar mentes e corpos. Para tanto, examinaremos textos do Cancioneiro popular, cujos enredos evocam, textual e imageticamente, o topos e o cronos historicamente anterior à modernidade.
Palavras-chave: Cancioneiro Popular – Tradicionalidade - Família O LEGADO DAS “BESTAS”: UM APANHADO HISTÓRICO-LITERÁRIO ACERCA DOS BESTIÁRIOS MEDIEVAIS Andressa Furlan Ferreira (UnB) Embora tenham sido populares na Idade Média, os bestiários não mais ocupam uma posição privilegiada entre os estudiosos. Desde o século XX, estudos acerca dessa literatura não retornam à mesa acadêmica com a mesma frequência que as sagas islandesas e os ciclos arturianos. Entretanto, ainda hoje é possível identificar a influência que os bestiários exerceram sobre signos sociais, como foi o caso da composição de brasões. Visando ao incentivo de Caderno de Resumos
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pesquisas nesse campo, este trabalho aclarará alguns aspectos históricos e literários acerca dos bestiários medievais. Para tal, serão consultados trabalhos de especialistas como Allen (1887), James (1932), Kuhns (1896) e Varandas (2006), bem como de Verger (1999). O legado das “bestas” revela-se presente não apenas no imaginário medieval (JAMES), mas também em instituições do século XXI. Todavia, a conscientização a respeito de suas origens e simbolismo apresenta-se escassa. Para buscar a compreensão dos símbolos de bases institucionais da cultura ocidental, torna-se necessário dedicar especial atenção aos bestiários e respectiva construção simbólica. Palavras-chave: bestiário; medieval; literatura; história.
UM CANTAR DE AMOR PARA AS MULHERES QUE PASSAM: O TROVADORISMO NA POESIA DE VINICIUS DE MORAES. Jonathan Lucas Moreira Leite (UFPB) O presente trabalho foi desenvolvido a partir da pesquisa “Ressonâncias medievais na literatura brasileira” coordenada por Luciana Calado Deplagne e vinculada ao CNPQ como PIBIC. O artigo tem como objetivo analisar as marcas da literatura trovadoresca na poesia de Vinicius de Moraes, focalizando a presença da vassalagem amorosa e do amor cortês nos seus textos. Para tal, analisaremos o poema “A mulher que passa” publicado em seu livro Novos poemas (1938). Nossa análise utiliza como arcabouço teórico os principais conceitos presentes no Trovadorismo, trazidos a baila pelos medievalistas Spina (1956) e Dronke (1978), o poeta e ensaísta Otávio Paz (1994); além dos trabalhos sobre Neotrovadorismo das professoras Maria Maleval (2002) e Luciana Calado Deplagne (2000). O trabalho desenvolverá uma breve análise sobre as marcas trovadorescas nos textos do autor analisado e analisará com mais atenção o poema citado em comparação com a cantiga de amor dos trovadores. Caderno de Resumos
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Palavras-chave: Vinicius de Moraes; Trovadorismo; Neotrovadorismo
O QUE É, POIS, O TEMPO SEGUNDO AGOSTINHO DE HIPONA Flavia Raquel Gouveia dos Santos (UEPB) Neste artigo temos como principal objetivo realizar uma análise fundamentada na constituição da temporalidade, a partir da concepção de tempo proposta por Santo Agostinho, no livro XI das confissões. A ideia Agostiniana em relação à temporalidade está ligada ao homem, pois é própria dele, devido ao seu caráter psicológico pertencente a sua consciência. Na concepção de Agostinho, Deus é o fundamento de tudo e todas as criaturas surgiram em um só momento, inclusive o tempo. A teoria temporal é explicada por uma tríade: memoria, visão e espera, onde a memória é a lembrança no presente das coisas passadas, a visão, o agora, o exato momento em que as coisas estão acontecendo, e a espera é a expectativa, a esperança no presente, do que poderá vir a acontecer no futuro. A eternidade encontra-se acima da temporalidade, portanto o tempo não pode medi-la. Sendo assim, o eterno é um perpetuo hoje, e o hoje de Deus é a própria eternidade. Palavras-chave: Santo Agostinho. Tempo. Eternidade. Deus.
ECOS DA MÍSTICA MEDIEVAL CRISTÃ EM COLOQUIO DE AMOR DE TERESA D’ÁVILA Maria Graciele de Lima (PPGL-UFPB) A produção de escritos pertencentes à mística cristã ocidental, na Idade Média, foi expressiva. Em tais escritos, é possível encontrar peculiaridades estéticas dignas de serem consideradas e, muitas delas, continuaram a ser utilizadas nos Caderno de Resumos
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textos religiosos produzidos durante os séculos que se enquadram, classicamente, na Modernidade. Assim, este artigo destaca alguns elementos da mística ocidental cristã próprios da Idade Média presentes no poema Coloquio de Amor de Teresa d’Ávila, tais como o fato de se apresentar como a linguagem de uma experiência, além de tratar sobre o amor esponsal entre uma alma humana e seu Amado divino. Para fundamentar as reflexões propostas, serão consideradas as contribuições de Velasco (2009) sobre alguns aspectos da linguagem mística, o parecer de Le Goff (2010) a respeito da concepção de Idade Média e os apontamentos de Lieve Troch (2013) quanto à mística medieval cristã como uma vivência muito comum às mulheres religiosas da época. Palavras-chave: Poesia. Mística. Idade Média. Teresa d’Ávila.
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