ZOONOSES Doença do passado? Ameaça presente? Patrícia Pacheco FML – Janeiro 2009
RESUMO
Definição de zoonose Considerações gerais Perspectiva histórica Zoonoses como armas biológicas Conceito de zoonoses emergentes Características clínicas de algumas zoonoses
Brucelose Febre escaro-nodular Febre Q Leptospirose Leishmaniose visceral
Zoonoses Definição Zoonose - doença infecciosa transmissível dos animais vertebrados ao homem e inversamente, de forma directa ou através de um artrópode vector.
Antropozoonose – transmissível exclusivamente do animal ao homem
Infecção transmitida
por artrópodes– infecções
transmitidas dos animais invertebrados ao homem.
Zoonoses Considerações gerais
Desenvolvimento em condições adequadas de clima, geografia e actividade humana Áreas geográficas definidas Sazonalidade característica População de maior risco (profissional/lazer)
A incidência de doença humana está directamente relacionada com a prevalência da infecção nos animais e com práticas que permitem a exposição de seres humanos a animais infectados ou aos seus produtos.
Transmissão via cutânea e/ou mucosa (digestiva, respiratória, conjuntival)
Zoonoses Considerações gerais
Desenvolvimento em condições adequadas de clima, geografia e actividade humana Áreas geográficas definidas Sazonalidade característica População de maior risco (profissional/lazer)
A incidência de doença humana está directamente relacionada com a prevalência da infecção nos animais e com práticas que permitem a exposição de seres humanos a animais infectados ou aos seus produtos.
Transmissão via cutânea e/ou mucosa (digestiva, respiratória, conjuntival)
Perspectiva histórica
Yersinia pestis
Perspectiva histórica
Peste Negra
Perspectiva histórica
SARS 2002-2003
Zoonoses como armas biológicas
Bacterial genomics: A plague o' both your hosts Stewart T. Cole and Carmen Buchrieser Nature 413, 467-470(4 October 2001)
Conceito de zoonose emergente
OMS:
reconhecida pela primeira vez previamente conhecida mas com novas formas previamente conhecida mas com maior incidência ou expansão geográfica, no hospedeiro ou vector.
Conceito de zoonose emergente Combinação de factores determinaram a
emergência de zoonoses nos últimos anos:
Turismo e transportes globais Economia global - Industria agro-alimentar Mudanças climatéricas Susceptibilidade do hospedeiro Adaptação microbiana …
ZOONOSE EMERGENTE SALMONELOSE Salmonella enteritidis Salmonella typhimurium
Reservatório animal (aves domésticas)
Transmissão alimentar directa: ovos /carne contaminação cruzada: outros
Quadro clínico Imunocompetente: Gastrenterite Imunocomprometido:Septicémia Prognóstico Maior morbilidade/mortalidade no imunocomprometido
ZOONOSE EMERGENTE
Na economia global, a alimentação para consumo
animal e humano deixou de ser produzida e consumida localmente. Contaminação microbiana de alimentos exportados globalmente tornou-se cada vez mais frequente.
ZOONOSE EMERGENTE SALMONELOSE
Incidência de febre tifóide e salmonelose não tífica nos EUA - fonte CDC
Zoonoses Exemplos Bacterianas
Brucelose Febre escaronodular Febre Q Leptospirose Doença de Lyme Psitacose Listeriose Erlichiose Tifo murino Salmonelose ...
Fúngicas
Dermatofitoses/tinhas
Parasitárias
Larva migrans visceral Cisticercose Equinococose Leishmaniose Toxoplasmose ...
Víricas
Raiva Dengue Hantaviroses (Gripe)
Priões
...
BRUCELOSE
Febre ondulante mediterrânica = Febre de Malta = Febre de Gibraltar
BRUCELOSE em Portugal 1994 1243 casos
2004 111 casos (1,08/10 5 )
BRUCELOSE em Portugal Plano de erradicação da brucelose nos pequenos
ruminantes em Portugal
Identificação dos animais infectados (RB) Recolha e abate sanitário Vacinação dos animais jovens Medidas de compensação monetária aos agricultores/Sanções.
BRUCELOSE Na Europa
http://infection.thelancet.com vol 6 Feb 2006
BRUCELOSE No mundo
http://infection.thelancet.com vol 6 Feb 2006
BRUCELOSE Nos EUA
http://infection.thelancet.com vol 6 Feb 2006
BRUCELOSE Etiologia Pequeno cocobacilo Gram negativo, não
fermentativo, aérobio, não toxinogénico. Classicamente, dividido em 6 espécies, cada uma
com vários biovars. Homologia de DNA. Especificidade de hospedeiro típica das espécies de Brucella. Lípido A do LPS da Brucella contém uma cadeia de
ácidos gordos de 16 C, (não uma cadeia de 14 C típica das Enterobacteriaceae). Daí menor pirogenicidade.
BRUCELOSE Etiologia Brucella spp.
Reservatório animal
Patogenicidade humana
B. melitensis
cabra, ovelha
elevada
B. suis
porco
elevada
B. abortus
vaca, bisonte
média
B. canis
cão
média
B. ovis
ovelha
nula
B. neotomae
roedores
nula
B. cetaceae B. pinnipediae
Mamíferos marinhos
Baixa ? (>1994)
Brucelose (B. melitensis)
BRUCELOSE No animal Infecção por via respiratória/conjuntival – bacteriémia. Se o animal está
grávido ocorre crescimento bacteriano exuberante nos tecidos embrionários e trofoblástico - morte fetal e abortamento. Os produtos da concepção no momento do aborto/parto podem conter até 10 10 bactéria/grama tecido. Quando o aborto séptico ocorre, a intensa concentração de bactérias e
a aerossolização de fluidos corporais infectados resulta frequentemente na infecção de outros animais e pessoas. A infecção pode persistir no animal de forma subclínica/latente com
infecção persistente das glândulas mamárias e gânglios linfáticos regionais genitais/mamários, com eliminação intermitente das bactérias no leite e nas secreções genitais. Fonte de infecção importante para o homem e animais jovens.
BRUCELOSE Sobrevivência de Brucella no meio ambiente Capacidade de sobrevivência nos produtos lácteos até > 3
meses. Inactivadas por pasteurização/fervura (10 min). A sobrevivência na carne é muito curta, excepto em carcaças
congeladas. Nº de bactérias /g de tecido muscular é baixo e diminui rapidamente com a diminuição do pH. Em condições ambientais adequadas pode persistir vários
meses na água, madeira, material orgânico, roupas,... (pH >4, humidade elevada, temperatura baixa, ausência de luz solar directa)
Brucelose humana: Vias de transmissão
Transmissão inter-humana muito rara (contacto sexual, transfusão)
Transmissão recreacional/alimentar
Transmissão ocupacional
Brucelose -Fisiopatologia Brucellae entram no hospedeiro humano através da pele
danificada e das mucosas Fagocitose por PMN/macrófagos, drenagem para sistema
linfático regional, septicémia linfática com invasão dos orgãos do SRE (medula óssea, fígado, baço,...) Nos macrófagos Brucellae pode inibir a fusão dos fagosomas e
lisossomas, replicando-se no fagosoma, destrói a célula hospedeira e infecta células adicionais. Também se pode replicar extracelularmente nos tecidos do hospedeiro (bactérias intracelulares facultativas) Histologicamente, a resposta pode variar entre formação de
abcesso, infiltração linfocítica ou formação de granuloma com necrose caseosa.
Brucelose -Fisiopatologia
Brucelose -Fisiopatologia Os mecanismos de defesa do hospedeiro
podem ser eficazes no controle da infecção Imunidade humoral Complemento, Acs contra LPS, Interferão gama/citocinas activadoras de macrófagos Imunidade celular Linfócitos T activados – citocinas Macrófagos Fagocitose
Manifestações clínicas Período de incubação variável (3 dias a várias semanas; média
3 semanas) Manifestações clínicas diversificadas, de formas febris agudas a
infecção crónica insidiosa ou processo inflamatório localizado.
Formas agudas septicémicas Formas agudas focalizadas/sub-agudas focalizadas Formas crónicas
Infecção que persiste mais de 12 meses após o diagnóstico inicial – categoria complexa abrangendo doentes com recaídas/queixas pós-infecciosas do tipo de Sindroma de Fadiga crónica.
Manifestações clínicas Forma aguda Sinais/sintomas
Frequência (%)
febre
90-95
prostração
80-95
mialgias
40-70
sudação
40-90
artralgias
20-40
esplenomegália
10-30
hepatomegália
10-70
Manifestações clínicas Formas focalizadas (± 40%) Osteoarticular Coluna vertebral
(espondilodiscite lombar +) Sacroileíte Artrites periféricas Estruturas peri-articulares Osteomielite (rara)
Genito-urinária
Pielonefrite/cistite (piúria estéril) - Orquiepididimite
Neuro-meníngea - meningoencefalite crónica - mieloradiculite
Cardiovascular
Endocardite
Hepatoesplénica, pulmonar
cutrânea...
Espondilodiscite brucélica
Espondilodiscite brucélica
Espondilodiscite brucélica
Brucelose - diagnóstico Avaliação analítica geral
Leucograma normal ou leucopenia Elevação dos parâmetros inflamatórios Elevação ligeira das PFH
Serologia Reacção de Huddleson (método standard) Identificação/Isolamento do agente PCR ou Isolamento em hemoculturas/mieloculturas/material de biópsia
Brucelose -Tratamento Bactérias com crescimento intracelular, ritmo de replicação lento. Tratamento com um único AB associado a elevada taxa de recaídas
Combinação de antibióticos com boa penetração intracelular e prolongado no tempo.
6 semanas: formas agudas não focalizadas 3 a 12 meses: formas focalizadas
Tratamento em situações especiais: Endocardite: terapêutica tripla + substituição valvular precoce. Discite: cirurgia adjuvante em algumas situações
Prevenção Controle veterinário – vacinação dos sãos e abate dos
infectados. Uso de máscaras e de luvas na manipulação de animais potencialmente infectados. Laboratórios com nível de segurança 2/3. Não existe vacina comercialmente disponível para o Homem. Evicção de produtos lácteos não fervidos/não pasteurizados
FEBRE ESCARO-NODULAR
FEBRE ESCARO-NODULAR Agente: Rickettsia conorii (Gram-, IC obrigatório) Vector/reservatório ( migração transovárica) : Ripicephalus
sanguineus (carraça do cão). Homem como hospedeiro acidental - picada cutânea e/ou
contaminação mucosa com tecidos/sangue do artrópode Doença endémica nos países orla mediterrânica, sazonalidade
estival típica. Frequência estável em Portugal –notificados ± 900 casos/ano. Probabilidade de contágio aumenta com permanência em meio rural ou proximidade com o cão doméstico.
FEBRE ESCARO-NODULAR Fisiopatologia:
multiplicação bacteriana no endotélio vascular local com reacção inflamatória perivascular (escara de inoculação). Posterior invasão da corrente sanguínea – vasculite sistémica (pele, pulmão, fígado, cérebro, coração e rim)
Quadro clínico:
Período de incubação médio=7 dias
Fase prodrómica: febre elevada, cefaleias, mioartralgias, prostração, injecção conjuntival (2 dias).
Fase de estado: febre+ exantema maculo-papulo-nodular generalizado com envolvimento palmo-plantar, de tom vermelho-arroxeado+ escara de inoculação (tache noir)
FEBRE ESCARO-NODULAR
Escara de inoculação 10% com ausência de escara (>90% R israelii)
FEBRE ESCARO-NODULAR Diagnóstico
Clínico
tríade característica + epidemiologia compatível maior perícia nas formas atípicas (sem escara, exantema não nodular)
Laboratorial
Indirecto – Serologia IFI (acs IgM/IgG) Directo - imunohistoquímica/cultura/técnicas de PCR em biópsia/soro
Tratamento
Doxiciclina 100 mg bid – 7dias (2ª linha ciprofloxacina; cloranfenicol nas crianças/grávidas)
Prognóstico
Sob AB é favorável com baixa tx mortalidade (2,5%). Maior gravidade em doença subjacente do hospedeiro, estirpes mais vireulentas e atraso no diagnóstico.
FEBRE ESCARO-NODULAR Prevenção e controlo Controlo e detecção atempada do vector tanto nos
animais domésticos como no homem Papel da profilaxia pós-exposição Vigilância epidemiológica
FEBRE Q
FEBRE Q Agente:
Coxiella burnetii (Gram-, IC obrigatório). Fase de esporo – capacidade de resistência à dissecação e calor, transporte em partículas aerossolizadas.
Reservatório:
gado caprino e ovino +++, outros animais domésticos (cães, gatos,...) possível. Infecção no animal é assintomática. Excreção das bactérias nos produtos biológicos (urina, fezes, leite, produtos de concepção). Aerossóis gerados a partir da fonte durante semanas a meses, sendo transportados pelo vento até 18 Km.
Distribuição mundial, manifestações clínicas variáveis em diferentes
regiões geográficas.
FEBRE Q Homem como hospedeiro acidental
via respiratória+++/digestiva+
Fisiopatologia: Infecção através das mucosas respiratória/digestiva – invasão sanguínea – captação pelos fagócitos mononucleares – replicação bacteriana no interior dos fagolisosomas macrofágicos – lise celular – tecidos com inflamação granulomatosa, fenómenos de hemorragia e necrose.
FEBRE Q Quadro clínico: • Agudo Síndrome febril auto-limitado, tipo gripal (febre elevada, mialgias e cefaleias intensas) - frequente Síndrome febril com focalizações hepáticas (hepatite granulomatosa) e/ou pulmonares (pneumonia atípica) e/ou neurológicas. Pode ocorrer exantema macular discreto evanescente em qualquer das formas de apresentação (4-18%) •
Crónico (raro) Endocardite – doentes com patologia valvular ou imunocomprometidos
FEBRE Q Diagnóstico Avaliação analítica geral/Rx elevação dos parâmetros inflamatórios, Trombocitopénia (25%) /trombocitose (na recuperação) elevação moderada das provas de função hepática (No caso de pneumonia o Rx PA tórax com infiltrado intersticial bilateral ou condensações parenquimatosas arredondadas
Métodos serológicos – Imunoflurescência indirecta (IgG/IgM)
Doença aguda - subida de anticorpos contra fase II em intervalo de 3 semanas Doença crónica – anticorpos fase I em excesso em relação aos fase II
Biópsia hepática(eventual) Hepatite granulomatosa (Cultura –não realizada normalmente)
FEBRE Q TRATAMENTO
Doxiciclina: 100 mg bid, 14 a 21 dias Na endocardite realizar terapêutica dupla (por ex. ciprofloxacina e doxiciclina) durante tempo prolongado (1 a 3 anos) ± cirurgia de substituição valvular.
PREVENÇÂO
Fervura e pasteurização do leite Áreas hiperendémicas: Vacinação de animais e pessoas em
risco.
LEPTOSPIROSE
LEPTOSPIROSE Leptospira spp.
Leptospira interrogans ; Leptospira biflexa (>200 serovares, 20 serogrupos, ex: L.icterohemorrhagiae, canicola, pomona,...) Virulência sem relação com serovares. Importância epidemiológica.
Distribuição mundial, infecção humana endémica em áreas tropicais,
sobretudo após períodos de elevada precipitação. Portugal cerca 60 casos/ano notificados. Reservatórios: roedores (+++), mas também bovinos, suínos, equinos
e canídeos. Bactérias sobrevivem meses nos rins dos animais infectados e são continuamente excretadas pela urina. No meio ambiente podem sobreviver semanas com condições externas favoráveis (temperatura alta, pH neutro). Trabalhadores agrícolas, trabalhadores de limpezas de esgotos, actividades recreativas água doce
LEPTOSPIROSE FISIOPATOLOGIA Transmissão ao homem por contacto cutâneo-mucoso com o animal
infectado ou material contaminado com a sua urina. Penetração da barreira cutâneo-mucosa (Pele com soluções de
continuidade ou mucosas íntegras) - disseminação hematogénea – adesão às celulas endolteliais dos pequenos vasos – processo de vasculite sistémica. (Orgãos mais afectados: rins, fígado, pulmão, músculo).
Produção de anticorpos específicos com ospsonizção e fagocitose com
remoção das espiroquetas da circulação.
LEPTOSPIROSE Apresentação Clínica variável
formas assintomáticas, subclínicas
Formas sintomáticas
90% leptospirose anictérica
10% leptospirose ictérica (doença de Weil)
Curso clínico bifásico
período de incubação (+/-10 dias)
fase leptospirémica ou septicémica (febre, cefaleias, mialgias, injecção conjuntival) (4-7 dias) período assintomático (1-3 dias) fase leptospirúrica ou imune (4-30 dias) – febre, mialgias, cefaleias, com ou sem manifestações neurológicas (meningite asséptica), cutâneas ou oculares.
LEPTOSPIROSE Leptospirose ictérica (doença de Weil) Icterícia+ IRA + diátese hemorrágica Mecanismos imunológicos/ infecciosos
Probabilidade de evolução para choque/falência multiorgânica
LEPTOSPIROSE
Diagnóstico laboratorial
Penicilina G : 6-8 milhões UI/dia – 5 a 7 dias Doxiciclina 100 mg bid – 7dias (2º linha) Tratamento médico de suporte na Doença de Weil - UCI
Prognóstico
Doença de Weil (hiperbilirrubinémia + azotémia ± alt. coagulação) Serologia IFI (acs IgM/IgG) contra os diferentes serogrupos Exame directo/cultura de produtos biológicos pouco utilizado
Tratamento
Elevação dos parâmetros inflamatórios (PCR, WBC), elevação discreta das PFH. Formas anictéricas (CPK+++)
Elevada mortalidade na Doença de Weil (sobretudo se idade>50 anos). Rara a IR sequelar. Imunidade duradoura específica de serogrupo.
Prevenção
uso de luvas/máscara em actividades de risco Campanhas de desratização.
LEISHMANIOSE
LEISHMANIOSE Protozoários do género Leishmania 3 formas clínicas: Leishmaniose visceral ou kala-azar Leishmaniose cutânea americana Leishmaniose cutânea do velho mundo Transmissão através da picada de insectos
hematófagos Leishmaniose visceral: Leishmania donovani infantum (Portugal) ; Leishmania donovani donovani (India e Africa)
LEISHMANIOSE – género/espécies
LEISHMANIOSE – ciclo de vida
LEISHMANIOSE
promastigotas
amastigotas
LEISHMANIOSE - transmissão Reservatório – cão e outros canídeos Vector – Insectos do género Phlebotomus Picada de insectos hematófagos Contágio Inter-Humano possível Partilha de seringas entre toxicómanos Transfusões sanguíneas Transmissão materno-fetal
LEISHMANIOSE - fisiopatologia Picada na pele Introdução na corrente sanguínea (promastigotas) Captação pelos macrófagos circulantes
(amastigotas) Orgãos SRE (fígado, baço, MO, gg linfáticos) Multiplicação intra-celular e invasão de novas células Infecção intracelular limitada pelos mecanismos de
resposta imunitária do hospedeiro (imunidade celular++) – pode permanecer quiescente, assintomática até ocorrer depressão imunitária
LEISHMANIOSE- Quadro Clínico Assintomático Sintomático (insidioso, evolução prolongada)
Sintomas: Febre ondulante Astenia Perda ponderal progressiva
Sinais Esplenomegália volumosa Hepatomegália moderada Linfadenopatia periférica (comum em algumas regiões)
LEISHMANIOSE - diagnóstico
Exames Analíticos gerais
Elevação dos parâmetros inflamatórios (VS, PCR) Pancitopénia (mais precoce trombocitopénia) Hipergamaglobulinémia (activação policlonal dos linfócitos B) Aumento ligeiro das provas de função hepática
Exames Microbiológicos
Aspirado Medular
Exame directo (mielograma) – macrófagos com amastigotas Exame Cultural (mielocultura em meio NNN)
Biópsia (fígado ou baço) (sensibilidade 98%, mas risco de hemorragia)
Serologia
IF indirecta – subida do título em 3 semanas; falsos negativos nos imunocomprometidos
Coinfecção Leishmania/HIV Importante infecção oportunista em HIV+ Em áreas onde ambas as infecções são endémicas (maioria relatada no sul da Europa) é diagnosticada em estado avançado de imunossupressão, TCD4+ < 200/mm3
Leishmaniose em doentes co-infectados pode
representar:
Primoinfecção Reactivação de infecção latente
Tratamento Antimoniais pentavalentes (20mg/kg/dia) Antimoniato de meglumina (Glucantime®) Prolongamento do intervalo Q-T e arritmias (ECG’s seriados durante o tratamento) Nefrotoxicidade Hepatotoxicidade
Anfotericina B Lipossómica Menor nefrotoxicidade Elevado custo económico
Miltefosina (50-100mg/dia, via oral)
Terapêutica acessória: suplementos vitaminicos, factores de
crescimento medular
Zoonoses
Casos Clínicos
Caso clínico I Sexo masculino 20 anos Estudante de Veterinária Recorre ao SU por quadro com 1 semana de
evolução de febre (38-39ºC) de predomínio vespertino, hipersudorese nocturna e prostração. Sem queixas referentes a outros orgãos ou sistemas. Antecedentes médicos irrelevantes. Negava consumo de produtos lácteos não pasteurizados. Referia ter assistido a parto de uma cabra 3 semanas antes numa aula prática.
Caso clínico I Exame objectivo:
Febril, prostrado, hepatomegália 1 cm
Exames complementares de diagnóstico
Hemograma normal Aumento ligeiro das transaminases Aumento dos parâmetros inflamatórios (PCR)
Caso clínico I Hipóteses de diagnóstico
Leptospirose Salmonelose Febre escaro-nodular Brucelose Febre Q
Caso clínico I Hipóteses de diagnóstico
Leptospirose Salmonelose Febre escaro-nodular Brucelose Febre Q
Caso clínico I Exames complementares de diagnóstico
Hemoculturas: Brucella spp. Serologias: reacção de Huddleson positiva
Diagnóstico:
Brucelose aguda não focalizada
Tratamento:
doxiciclina + rrifampicina 6 semanas
Evolução:
cura
Caso Clínico II
Sexo masculino 35 anos Professor Casado
Recorre ao SU dia 30.08.08 por quadro com 4 dias de evolução
de febre (38-39ºC), mialgias e cefaleias. Sem queixas referentes a outros orgãos ou sistemas. Antecedentes médicos irrelevantes. Negava consumo de produtos lácteos não pasteurizados. Negava contacto com animais domésticos. Referia actividades lúdicas no campo na zona da Lousã nesse Verão (campismo/ passeios). Viagem recente à Ilha do Sal em Cabo-Verde.
Caso Clínico II Exame objectivo:
Febril, prostrado, exantema maculo-paulonodular violáceo com envolvimento palmoplantar.
Exames complementares de diagnóstico
Hemograma normal, trombocitopenia ligeira Aumento ligeiro das transaminases Aumento dos parâmetros inflamatórios (PCR)
Caso Clínico II Hipóteses de diagnóstico
Leptospirose Malária Febre escaro-nodular Brucelose Febre Q
Caso Clínico II Hipóteses de diagnóstico
Leptospirose Malária Febre escaro-nodular Brucelose Febre Q
Caso Clínico II Exames complementares de diagnóstico
Hemoculturas: negativas Serologia para FEN positiva
Diagnóstico:
Febre escaro-nodular
Tratamento:
doxiciclina 7 dias
Evolução:
Cura, sem sequelas