GERIATRIA GERON = VELHO
Processos do Envelhecer TRATAR NO ENVELHECER
J. Lopes Gomes – Dep. Medicina Serviço de Cardiologia HGSA
AS IDADES DO HOMEM
DO BERÇO À SEPULTURA
50
40
30
20 10
60
70
80 90
TEMPO MÁXIMO DE VIDA DAS ESPÉCIES HOMEM (homo Sapiens)
122
CAVALO (equus caballus)
62
GORILA (gorilla gorilla)
39
CÃO (canis familiaris)
34
GATO (felis catus)
28
RATO ( mus musculus)
3,5
IDOSOS NO MUNDO (milhões) 1950 ------------
204
1998 ------------
579
2050 ------------ 1.900
Entre 1990 e 2000 Total de idosos ( +65 anos ) aumentou → 34,9 % Entre 1990 e 2000 Total de idosos ( +100 anos ) aumentou → 77,2 %
Adágios Quase Clínicos Mocidade viciosa, velhice trabalhosa Não há moço doente, nem velho são A vida, quanto mais estica, mais curta fica Ninguém quer ser velho, nem morrer novo A terra atrai tanto os velhos, que caminham curvos Quem não vai de novo, de velho não escapa
O QUE É O ENVELHECIMENTO?
1 – Irreversibilidade da substância viva em função do tempo.
2 – Complexo de manifestações que leva a um encurtamento da expectativa de vida com o aumento da idade
3 – Processo biológico que leva à limitação das possibilidades de adaptação do organismo e ao aumento da probabilidade de morrer
O QUE É O ENVELHECIMENTO?
4 – Soma de todas as alterações biológicas, psicológicas e sociais, que depois de alcançar a idade adulta e ultrapassar a idade de desempenho máximo, leva a uma redução gradual das capacidades de adaptação e de desempenho psicofísico do indivíduo.
5 – Prolongamento e término de um processo representado por um conjunto de modificações fisiomorfológicas e psicológicas, ininterruptas à acção do tempo, sobre as pessoas (OMS)
PORQUE ENVELHECEMOS? I - SÍNTESE DA PROTEINA ERRÓNEA A informação genética do DNA transmitida ao RNA –m + RNA –t vão represar aminoácidos na célula. Erros podem levar à síntese de proteínas defeituosas
1 – Teoria do Entrelaçamento Transversal das Macromoléculas – Dificuldade do RNA – m em ler o código → erros na síntese proteica, entrelaçamentos transversais e paralisação DNA. (Verzar,1962) 2 –Teoria da Mutação – Aberrações cromossómicas no fígado com o aumento da idade. Consequentemente nos outros órgãos. (Curtis, 1968) 3 – Teoria do Bloqueio do DNA Através das Histonas – Aumento da idade > aparecimento de proteínas básicas (Histonas). Dificuldades de desespiralização do DNA e consequente prejuízo na síntese proteica. (Hahn, 1971) 4 – Teoria dos Radicais Livres – Radicais químicos resultantes das reacções metabólicas que têm grande avidez por oxigénio formando moléculas que interferem na permeabilidade celular dificultando a renovação metabólica. (Harman, 1973)
PORQUE ENVELHECEMOS? I - SÍNTESE DA PROTEINA ERRÓNEA A informação genética do DNA transmitida ao RNA –m + RNA –t vão represar aminoácidos na célula. Erros podem levar à síntese de proteínas defeituosas
5 – Teoria dos Erros – Erros na síntese de proteínas e consequentemente diminuição da actividade celular. (Sinex e Medvedev, 1975) 6 –Teoria dos Mecanismos de Reparação – Distúrbios no mecanismo de reparação do DNA que são reparados por enzimas especiais. Com o aumento da idade há dificuldade nessa reparação → distúrbios na síntese de proteinas e portanto envelhecimento . (Strehler, 1976) 7 – Teoria das Catástrofes dos Erros – Erros nas funções celulares fundamentais. (Orgel, 1979) 8 – Teoria da Restrição das Matrizes Celulares – Leitura incompleta do código e portanto distúrbios na síntese de proteínas. (Strehler, 1980)
PORQUE ENVELHECEMOS? II- Envelhecimento Imunológico e Ambiental O envelhecimento resulta de distúrbios do sistema imunológico ou influência de acontecimentos do meio ambiente 1 – Teoria da Autoimunização – Com a idade o organismo perde a sua autoimunidade e são formados autoanticorpos que agridem os próprios tecidos. Daqui resulta o envelhecimento. (Theimar, 1973) 2 – Teoria da Adaptação - Regulação – Relaciona as alterações programadas com distúrbios genéticos e influência adaptativa ao meio ambiente. Alterações primárias nos genes reguladores causam uma reorganização quantitativa e qualitativa da síntese de proteínas, levando a um prejuízo na função da célula e da sua actividade e com isso a distúrbios do metabolismo geral. (Frolkis, 1975) 3 – Teoria de Stress - A reacção de stress tem a seguinte sequência: Fase de alarme, fase de resistência, fase de esgotamento. → Envelhecimento que se caracteriza por uma diminuição da resistência. (Selly, 1976)
PORQUE ENVELHECEMOS? III- Envelhecimento Geneticamente Determinado O envelhecimento processa-se segundo uma determinação genética 1 – Hipótese do Relógio do Envelhecimento – Os diversos relógios existentes nos diversos sistemas, estão expostos a influências internas e externas que podem retardar ou acelerar o seu desenvolvimento. (Everitt, 1973) 2 – Fenómeno de Hayflick – A actividade mitótica dos fibroblastos tem uma capacidade limitada. Expectativa de vida de 110 anos. (Hayflick, 1974) 3 – Hipótese da Morte Programada – O relógio biológico age sobre o sistema endócrino. Erros no sistema imunológico e circulatório → Morte. (Denckla, 1975) 4 – Teoria de Cutler – O envelhecimento deve ser interpretado como um jogo entre os mecanismos que asseguram a vida – Expectativa de vida máxima, Densidade de neurónios no SNC e Consumo máximo de energia. (Strehler, 1980) 5 – Hipótese de Programa de Kanungo – Programa de crescimento, maturação, diferenciação e envelhecimento através de genes que regulam cada fase. A velocidade do programa pode ser alterado por modificações e transformações dos genes produtores, integradores ou reprodutores. (Kanungo, 1982)
CROMOSSOMAS • Nas células Eucariotas, os cromossomas, são formados por uma única molécula de ADN a que se associa um grande número de proteínas. • Um cromossoma humano típico tem 150 milhões de pares de bases. • Num cromossoma existem dois tipos de ADN: o ADN que constitui os genes disperso em grande quantidade de ADN não codificante. • O ADN das células eucariotas é linear, tem extremidades, ao contrário das procariotas que sendo circulares não têm princípio nem fim.
TELÓMEROS Centrómero → Permite que a molécula de ADN se fixe ao fuso mitótico durante a fase M do ciclo celular. Telómero → 1) Mantém a integridade das terminações dos cromossomas, impedindo que se entrelacem. 2) Ajuda que os cromossomas homólogos se emparelhem e entrecruzem durante a profase da meiose.
← Telómero
← Centrómero
← Telómero
TELÓMEROS
Os Telómeros são cruciais para a vida da célula
Os Telómeros humanos contêm mais de 2000 repetições da sequência 5’ TTAGGG 3’
5’ … TTAGGG TTAGGG TTAGGG TTAGGG TTAGGG TTAGGG … 3’ 3’ … AATCCC AATCCC AATCCC AATCCC AATCCC AATCCC … 5’
Telomerase • Classe de DNA Polimerase – transcriptase reversa que sintetiza DNA a partir de um molde de RNA • Contém uma molécula de RNA –m, cuja sequência (AAUCCC) é capaz de criar e inserir os fragmentos (TTAAGGG) que se perdem em cada divisão. The Cell; 3ª Edição; Cooper, G.; pág. 193
REPLICAÇÃO DOS CROMOSSOMAS
LIMITE DE HAYFLICK
Ao fim de cerca de 50 divisões ⇓
Telómeros muito curtos ⇓
Cromossomas desprotegidos ⇓
A Célula não se pode dividir mais sem erros
SENESCÊNCIA
Limite de Hayflic
Sinalização pelo Rb e o P53
ENTRADA EM SENESCÊNCIA
SINALIZAÇÃO – P53 Quando o DNA é danificado, a proteína é fosforilada por duas cinases, ATM e Chk2 → Proteína P53 activa
↓
Paragem da Mitose
↓ Entrada em senescência
Adaptado de The Cell; 3ª Edição; Cooper, G.; pág. 598
SINALIZAÇÃO – P53 A PROTEÍNA Rb está ligada ao factor de transcrição E2F → complexo Rb/E2F E2F – Regula a expressão de vários genes essenciais à progressão do ciclo celular
senescência Adaptado de The Cell; 3ª Edição; Cooper, G.; pág. 607
EXPERIÊNCIAS Células normais em cultura com o gene da telomerase inactivo
Células cancerosas em cultura
Após um tempo limitado de divisões Introdução de uma molécula “antisintese” (com o gene da telomerase inactivo)
Entrada em Senescência ♥
Após um tempo finito de divisões
Células em cultura com o gene da telomerase activo
Entrada em Senescência Aumento da vida celular em 40%
INTERROGAÇÕES ?????? • Terapêuticas
genéticas…
• Produção de células imortais para investigação ??? • Activação da telomerase aumenta o risco de cancro ? !! • Envelhecimento celular não depende unicamente do gene da telomerase
ALGUMAS CERTEZAS !!! Podemos retardar o envelhecimento : 2. - Ingerindo uma alimentação pouco calórica 3. - Evitando a exposição solar 4. - Ingerindo alimentos antioxidantes Não podemos retardar o envelhecimento de todos os tecidos. Os neurónios não se dividem, continuando a envelhecer a ritmo normal
Haverá sempre discrepância entre o envelhecimento do organismo e o cerebral
ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS • Diminuição da função renal (em cerca de 50% aos 80 anos) condiciona a farmacoterapia dos idosos
• Alterações orgânicas ao nível das mucosa digestivas condiciona problemas nutricionais
• A dismetabolia cálcica ao nível dos ossos condiciona fracturas frequentes
• Perda de água celular (10 a 15% aos 80 anos) condiciona desequilíbrios hidroelectrolíticos • Aumento da massa gorda com a idade e sedentarismo condiciona os problemas daí resultantes
MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS: • Células e tecidos • Composição global do corpo e peso corporal • Músculos, ossos e articulações • Pele e tecidos subcutâneos • Tegumentos
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS: • Sistema Cardiovascular • Sistema Respiratório • Sistema Renal e Urinário • Sistema Gastrointestinal • Sistema nervoso e Sensorial • Sistema Endócrino e Metabólico • Sistema imunitário • Ritmos Biológicos e Sono
PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE DOS IDOSOS Sistema Nervoso Central * * * * *
Aparelho Locomotor
Demências Doenças Neurológicas Padrões do Sono Delírium Depressões
Sistema Cardiovascular * Aterosclerose * Hipertensão * Miocardiopatias
* * * * *
Limitações Físicas Artropatias Imobilidade Instabilidade Postural Reumatismos
Sistema Urinário * Incontinência * Insuficiência Renal * Infecções
Sistema Respiratório * Insuficiência Respiratória * Infecções Pulmonares
CONDIÇÕES MAIS FREQUENTES DE INCAPACIDADE • Artropatias – 47,2% • Hipertensão Arterial - 41,4% • Miocardiopatias - 30,4 %
Demências – Prevalência baixa (5%) (20% acima dos 80 anos) • Degenerativa ou D. de Alzheimer • Multi-enfartes ou arteriopática
Zimmerman e cols.
COMO ENVELHECER? … Envelhecer com saúde e qualidade de vida
COMO NÃO ENVELHECER? Conselhos, Cuidados e Truques…
O aspecto físico é um dos marcadores mais importantes de velhice, a nível social
Beleza – Juventude – Cosmética - Enganos