As contas do tempo
Antônio das Chagas (1631-1682)
Deus pede estrita conta do meu tempo, E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta; Para dar minha conta feita a tempo, O tempo me foi dado, e não fiz conta. Mas como dar, sem tempo, tanta conta, Eu que gastei, sem conta, tanto tempo? Não quis, sobrando tempo, fazer conta, Hoje quero dar conta, e não tenho tempo. Ó vós, que tendes tempo sem ter conta, Não gasteis vosso tempo em passatempo. Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta. Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo, Quando tempo chegar de prestar conta, Chorarão, como eu, o não ter tempo.
Para terminar, então, fecho com uma poesia do século dezessete, escrita por Antonio das Chagas, mas que bem poderia ter sido escrita ainda ontem: Aprendei a administrar o vosso tempo, O tempo é uma dádiva divina, mas é volátil, Não podeis parar o tempo, prender o tempo, reter o tempo, Ele é distribuído a todos em porções iguais de tempo,
Vivei intensamente, criativamente e sabiamente, O Hoje, o agora, o momento presente, Remindo o tempo, porque os dias são maus E vós que tendes tempo, sem ter conta, Não gastais o vosso tempo, em passatempo, Para depois não chorar, sem conta, Por não ter mais tempo. (Autor Desconhecido)