A SEMENTE REBELDE Certo dia a discussão entre as sementes de uma árvore tornou-se mais acesa. Era natural, pois a cada qual colocava-se uma questão fundamental: - Que devo fazer? O diálogo tornava-se mais acalorado sempre que se chegava ao fim do Verão. Quando o fruto estava maduro, as sementes tinham que decidir o seu próprio futuro, tinham que decidir acerca da sua missão Uma semente mais agitada dizia: - Daqui não saio, estou aqui tão bem! Não vou aventurar-me por caminho que não conheço. Uma outra rebatia: - Mas tu apercebes-te que, se não saíres daqui e não caíres na terra, nunca poderás vir a ser uma árvore? E concluía, dizendo: - O teu destino não é ficares aqui como uma simples semente, mas é o de multiplicares as forças que tens dentro de ti. Por fim tomaram a decisão de se deixar cair por terra, perto da árvore a que pertenciam. Só assim poderiam cumprir o seu destino. Porém, uma daquelas sementes recusou-se a fazê-lo. Não aceitou deixar-se cair no mesmo lugar. Esta semente dizia para si: - Porque deverei cair mesmo aqui, onde o sabor do fruto ao qual pertenço já é conhecido? Prefiro cair num lugar onde este sabor ainda não seja conhecido; assim serei uma grande novidade, uma agradável surpresa para toda a gente. E enquanto assim pensava, esperou por uma forte rajada de vento e lançou-se no ar, deixando-se levar para longe, para além dos limites da horta onde nascera.