A Inter Depend Ncia Das Na Es

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A Interdependência das Nações

O Sistema Internacional .......................................................................................... 2 O Estado Global segundo Heinz Dieterich .............................................................. 2 O Modelo da Interdependência Complexa .............................................................. 3 Sobre Globalização Transnacional, Novo Regionalismo e Governança Regional .. 4 As etapas da Integração econômica em Blocos...................................................... 5 A Interdependência Segundo Marx ......................................................................... 5 O Fenômeno ........................................................................................................... 8 O que há de novo.................................................................................................... 9 A Teoria Sistêmica não da conta de Todo o Fenômeno de interdependência ........ 9 A Natureza das Instituições Internacionais ........................................................... 10 Singularidades do Fenômeno da Interdependência dos Estados ......................... 11 Conclusão ............................................................................................................. 13 Bibliografia:............................................................................................................ 14

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TEORIAS SOBRE A GOVERNANÇA GLOBAL: O SISTEMA INTERNACIONAL

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Segundo Boaventura de Souza Santos, o sistema internacional pode ser abordado a partir da compreensão de três esferas de poder distintas e entrelaçadas: a Constelação pública, domínio dos Estados Nacionais; a Constelação Privada, domínio das corporações empresariais; a Constelação Social, domínio das organizações não-governamentais e outras organizações sociais. Essas instâncias, de dimensões mundiais, possuem distintas lógicas de funcionamento e interferem no desempenho mútuo. Daí decorre a idéia de Interdependência Complexa em que nenhum dos atores mundiais possui independência de ação em relação aos demais, sejam Estados, empresas ou organizações sociais. O ESTADO GLOBAL SEGUNDO HEINZ DIETERICH

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Grupo G-7: Gabinete/Diretório Global (Supervisores Mundiais) Esferas da Estrutura Executiva do Estado global: • Econômica: Banco Mundial, FMI, OCDE e OMC. • Política: ONU, Conselho de Segurança. • Social/Ideológica: ONU, Assembléia Geral, UNESCO, PNUMA, PNUD, OIT. • Militar: OTAN Dieterich salienta a necessidade de um profundo processo de democratização do sistema mundial, considera o Conselho de Segurança da ONU um regime oligárquico-elitista profundamente anti-democrático, onde apenas cinco países são membros permanentes possuindo poder de veto ( EUA, França, Reino Unido, China e Rússia). Para ele a Assembléia Geral da ONU constitui a única representação política universal do tipo e que, com efeito, mostra uma estrutura formal-democrática no sentido de que cada nação dispõe de um voto.

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O MODELO DA INTERDEPENDÊNCIA COMPLEXA

O modelo da Interdependência nas relações internacionais, proposto por Robert Keohane e Joseph Nye (1977), traz os Estados não mais como únicos atores mundiais. Empresas, ONG´s e indivíduos possuem também influência na Política Mundial. A igualdade no trato interno dos princípios morais e democráticos das relações internacionais tende a ser um objetivo para as relações entre Estados e o demais atores mundiais. Ainda que difícil de ser obtida essa igualdade se coloca como algo a ser tentado. Dada esta primeira e principal característica do modelo de interdependência, da “aceitação” de outros atores políticos além dos Estados e organizações internacionais, tem-se uma maior abertura para outros temas, como os demográficos, econômicos e ambientais, em detrimento das questões de poder e de segurança. Mais que isto esses temas criam a interdependência entre os atores mundiais. Assim, cooperação e negociação se tornam palavras de ordem, uma vez que Estados, Empresas e organizações representantes das sociedades locais e mundial se entrelaçam em um emaranhado de relações econômicas, políticas, demográficas e ambientais. O conceito de interdependência evolui com as idéias de Johan Galtung (1995), cuja abordagem destaca: os conceitos da “paz positiva” e da “paz negativa”. Para Galtung, a “paz negativa”, simplesmente, implica a inexistência da guerra e da violência, o que, necessariamente, não se traduz em cooperação entre povos e nações. Ao contrário, a eventual predisposição para a guerra e a rivalidade entre as nações e a falta de cooperação podem continuar a vigorara na “paz negativa”. A “paz negativa” é, portanto, omissa em relação aos problemas mundiais, pois visa quase que exclusivamente, a solução dos problemas locais, ou seja, do estado singular. A “paz positiva”, por outro lado, implica, além do abandono definitivo da idéia de guerras e de rivalidade, a idéia de cooperação entre povos e nações com vistas à interação da sociedade humana. Essa verdadeira paz é conseqüência de ações contra a violência e a guerra, através da proteção dos direitos humanos, do combate às injustiças socioeconômicas, do desarmamento e da desmilitarização.

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SOBRE GLOBALIZAÇÃO TRANSNACIONAL, NOVO REGIONALISMO E GOVERNANÇA REGIONAL

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Desde o início dos anos oitenta, a globalização da economia mundial, com seus sistemas (financeiro, produtivo, comercial) e principais atores (corporações transnacionais, grandes investidores financeiros e organizações internacionais), que não dirigidos ou modelados pelos interesses de territórios e normas nacionais, constrange e estimula os Estados-nação a criarem ou reforçarem um nível de regulação regional, como resultado de uma dupla constatação: 1) o debilitamento ou ineficácia dos instrumentos tradicionais de regulação nacional nas áreas de finança, produção e comércio; 2) as pressões para adaptar-se às expectativas e requerimentos dos atores e sistemas transnacionais através de reformas econômicas “orientadas para o mercado”. A governança regional nessas áreas surge, então, como resposta aos efeitos da globalização econômica, com a finalidade de fornecer aos Estados e às coalizões políticas dominantes que os controlam ( e os respectivos blocos de poder compostos de forças de ‘dentro” e de “fora”, que elas expressam) novos instrumentos de poder e legitimação, tanto no plano doméstico quanto internacional. É que através dela os estados, embora percam margens de autonomia com relação aos Estados sócios com quem interagem de forma cooperativa, ganham (ou têm a expectativa de ganhar) capacidade decisória em escala regional, incrementando as condições de competitividade (divisão do trabalho, economia de escala, modernização tecnológica, etc.) e reforçando o poder de barganha e de atração da região à outros atores internacionais e transnacionais (investidores, Estados, blocos regionais). Assim, os Estados podem ver incrementada sua influência tanto na política doméstica quanto internacional. Isto é: a governança regional pode complementar aquela nacional através de uma tomada de decisão articulada, mediante arranjos institucionais, intergovernamentais ou supranacionais.

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AS ETAPAS DA INTEGRAÇÃO ECONÔMICA EM BLOCOS

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A integração de economias regionais obtém-se pela aproximação das políticas econômicas e da pertinente legislação dos países que fazem parte de uma aliança. Com isso, pretende-se criar um bloco econômico que possibilite um maior desenvolvimento para todos os membros da associação. Vejamos a seguir cada etapa do processo: 1ª Etapa: Zona de livre comércio – criação de uma zona em que as mercadorias provenientes dos países membros podem circular livremente. Nessa zona, as tarifas alfandegárias são eliminadas e há flexibilidade nos padrões de produção, controle sanitário e de fronteiras. 2ª Etapa: União Aduaneira – além da zona de livre comércio, essa etapa envolve a negociação de tarifas alfandegárias comuns para o comércio realizado com outros países. 3ª Etapa: Mercado comum – engloba as duas fases anteriores e acrescenta a livre circulação de pessoas, serviços e capitais. 4ª Etapa: União Monetária – essa fase pressupõe a existência de um mercado comum em pleno funcionamento. Consiste na coordenação das políticas econômicas dos países membros e na criação de um único banco central para emitir a moeda que será utilizada por todos (adoção de uma moeda única, como por exemplo, o EURO na U.E.). 5ª Etapa: União Política – a união política engloba todas as anteriores e envolve também a unificação das políticas de relações internacionais, defesa, segurança interna e externa (Ex: Processo de votação da Constituição da União Européia entre os seus países membros).

A INTERDEPENDÊNCIA SEGUNDO MARX

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De acordo com a teoria de Marx, sobre a gênese e o desenvolvimento do capitalismo, este modo de produção e processo civilizatório nasce transnacional. Desde os seus primórdios, as relações, os processos e as estruturas que o constituem desenvolvem-se em âmbito mundial. A acumulação originária, compreendendo as grandes navegações, os descobrimentos, as conquistas, o mercantilismo, a pirataria, o tráfico de escravos, as diversas formas de trabalho forçado, é um processo que se lança em escala mundial, ainda que polarizado em algumas metrópoles e colônias. Na medida em que se desenvolve o capitalismo, dinamizam-se e generalizam5

se as forças produtivas e relações de produção, compreendendo o capital, a tecnologia, a força de trabalho, a divisão do trabalho social, o mercado, o planejamento, a violência, o direito, as instituições jurídico-políticas, as ideologias e outras produções e articulações da vida social. São forças produtivas e relações de produção concretizadas nos processos de concentração do capital, ou reinversão continuada de ganhos, lucros ou maisvalia; e de centralização do capital, ou a absorção reiterada de outros capitais e empreendimentos. A concentração e a centralização fundamentam o colonialismo e o imperialismo, o que se concretiza em monopólios, trustes, cartéis, multinacionais e transnacionais. Concretizam o desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo pelo mundo; e são indispensáveis para a compreensão da globalização. Desde os primeiros momentos do século XVI, e cada vez mais nos seguintes, acelerando-se ainda mais no século XX com as tecnologias de eletrônica, em toda essa história o capitalismo expande-se pelo mundo afora. “A necessidade de mercados cada vez mais extensos para seus produtos impele a burguesia para todo o globo terrestre. Ela deve estabelecer-se em toda parte, instalar-se em toda parte, criar vínculos em toda parte. Através da exploração do mercado mundial, a burguesia deu um caráter cosmopolita á produção e ao consumo de todos os países. Para grande pesar dos reacionários, retirou debaixo dos pés da indústria o terreno nacional. As antigas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a ser destruídas a cada dia. São suplantadas por novas indústrias, cuja introdução se torna uma questão de vida ou morte para todas as nações civilizadas – indústrias que não mais empregam matériasprimas locais, mas matérias-primas provenientes das mais remotas regiões, e cujos produtos são consumidos não somente no próprio país, mas em todas as partes do mundo. Em lugar das velhas necessidades, satisfeitas pela produção nacional, surgem necessidades novas, que para serem satisfeitas exigem os produtos das terras e dos climas mais distantes. Em lugar da antiga auto-suficiência e do antigo isolamento local e nacional, desenvolve-se em todas as direções um intercâmbio universal, uma universal interdependência das nações. E isso tanto na produção material quanto na intelectual. Os produtos intelectuais de cada nação tornam-se patrimônio comum. A unilateralidade 6

e a estreiteza nacionais tornam-se cada vez mais impossíveis, e das numerosas literaturas nacionais e locais forma-se uma literatura mundial. Com o rápido aperfeiçoamento de todos os instrumentos de produção, com as comunicações intensamente facilitadas, a burguesia arrasta pára a civilização todas as nações, até mesmo as mais bárbaras. Os baixos preços de suas mercadorias são a artilharia pesada com que derruba todas as muralhas chinesas, com que força à capitulação o mais obstinado ódio dos bárbaros aos estrangeiros. Obriga todas as nações, sob pena de extinção, a adotarem o modo de produção da burguesia; obriga-as a ingressarem no que ela chama de civilização, isto é, a se tornarem burguesas. Numa palavra, (a burguesia) cria um mundo à sua imagem e semelhança.” (Marx e Engels, O Manifesto do Partido Comunista – capítulo1, p. 49). A teoria marxiana funda-se no princípio de que a realidade social é essencialmente dinâmica. É dinâmica, complexa e contraditória, já que envolve relações, processos e estruturas de dominação política e apropriação econômica, contexto no qual se produzem movimentos de integração e fragmentação. Ocorre que a mesma dinâmica social que produz identidades e diversidades produz desigualdades e contradições. Nesse sentido é que essa teoria contempla não só o movimento, a mudança e a transformação, mas também a ruptura e a revolução. Seja local, nacional, regional ou mundial, a realidade social, ou a configuração geoistórica, está sempre em movimento, atravessada por contradições, envolvendo indivíduos, famílias, grupos, classes, setores de classes, etnias, religiões, línguas e outras determinações constitutivas da sociedade. Tudo isso pode significar que o globalismo se revela um imenso e fantástico palco de forças sociais e lutas sociais, algumas das quais surpreendentes, desconhecidas, carentes de interpretação; e outras conhecidas ou que se supunham conhecidas, mas que mudaram de significação.

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O FENÔMENO

A questão da interdependência das nações , segundo Luis Fernandes( ver bibliografia), já era discutida até mesmo por Adam Smith e Marx nos sec XVIII e XIX, cabe aqui tratar desta questão como ela se dá nos dias atuais, mas acreditamos também que seria interessante abordarmos este assunto dentro do percurso que ele percorreu durante as história, para isso seria interessante talvez aborda-lo nos seus últimos cem anos, começando com o final do sec XIX. É conhecido por todos que no final do sec XIX o comércio mundial era feito numa escala gigantesca se fizermos a comparação em relação ao PIB destas mesmas nações que se entrecruzavam por meio do comercio. Já no começo do sec XX o comércio ainda que maior em termos de cifras, apresentou um decréscimo na relação com o PIB destas nações comerciais, ou seja há uma contração da participação do PIB nacional no mercado externo, um fator que contribui para isso são as guerras da 1ª metade do século que desviam recursos e forças produtivas para a produção bélica. Mas vale ressaltar que neste mesmo período os investimentos no exterior continuam sendo implementados, o que vale notar é que estes investimentos não eram dirigidos para produção dirigida para a exportação pelo contrário investia-se em outros países e esta produção gerada era voltada para o mercado interno. Percebe-se então que as relações entre as nações em termos de intercâmbio comercial se esfriam no inicio do sec XX. No brasil isto é perceptível apartir da década de 30 onde investimentos externos se dão em grande quantidade no pais, mas voltados para produção que tem por alvo este mercado interno, sobretudo a implementação das industrias de base, até mesmo o café produto forte na pauta de exportações passa por uma grave crise neste momento, em grande parte também em função da crise da década de 30. No terceiro quartel do sec XX o comércio internacional aumenta consideravelmente, mas não chega a pujança do fim de sec XIX se novamente levar-se em conte e relação do PIB participante destas trocas; a produção voltada para troca internacional ainda é reduzida em relação ao contexto do fim do sec. XIX, interessante notar que neste período o Brasil adota uma política em que se coloca como uma nação que foi prejudicada no processo econômico ao longo de sua historia, e por isso reclama os favores das nações com grande poder econômico. Agora se tomarmos o ultimo quartel do sec. XX percebe-se este ressurgir do comercio mundial com as características do fim do sec. XIX. Uma grande concentração de valores sendo comercializados internacionalmente. Somado 8

ao grande aumento participação do PIB neste intercâmbio comercial; por ai percebe-se as relações entre as nações assumindo uma enorme pujança no final do séc. XX. No caso do brasil sobretudo na década de 90 não há mais esta posição de nação como alijada no processo mundial de comércio, mas já sim o posicionamento por uma maior solidariedade entre as nações. Solidariedade esta que se traduz em cooperação, seja ela econômica, institucional, militar, técnica , etc. O Brasil assim como a grande maioria das nações começa a assumir uma política onde se advoga a necessidade de haver uma mundialização solidaria, administrada de forma compartilhada. Esta mudança é notável sobretudo nos discursos de campanha eleitoral para cargos à presidência da República nos últimos 15 anos no Brasil. O QUE HÁ DE NOVO

Mundo a fora, dentro desta idéia de gerencia compartilhada das demandas internacionais, há uma intensificação das atividades conjuntas entre nações, onde não somente se trabalhe em conjunto mas também se decida desta forma. O germe deste tipo de relação esta bem delineado no encontro de Bretton Woods (1947) e de San Francisco (1948); nestes encontros fornam-se as mais conhecidas agencias de cooperação internacional ( BIRD, FMI e ONU respectivamente); é dentro deste contexto que surge de forma muito intensa aquilo que chamamos aqui de interdependência das nações, que esta enquadrada dentro da teoria sistêmica dos estados. A teoria sistêmica pressupõe a existência de relações de mutua dependência entre os elementos constituintes desta relação, isto se da principalmente através dos mecanismos de diferenciação, diferenciação esta que quando tomada ao nível dos estados leva à idéia de diferenciação e especialização entre os vários estados e com isso a necessidade de complementariedade entre estes. A TEORIA SISTÊMICA NÃO DA CONTA DE TODO O FENÔMENO DE INTERDEPENDÊNCIA

Dentro da idéia de interdependência das nações há algo mais que precisa ser explorado pois não é somente em função da busca de elementos complementares que as nações se relacionam e estabelecem relações 9

interdependentes; cabe aqui explorar estes elementos que aprofundam esta situação de interdependência entre estados. É conhecido que até bem pouco tempo os estados funcionavam como espécies de autarquias, onde cada um era autônomo nas suas políticas, fossem elas econômicas, de saúde, alfandegárias, de migração, etc... Hoje o contexto é muito diferente, quase todas estas decisões são tomadas em conjunto pelos vários estados, este processo tem grande ligação com o processo de desenvolvimento tecnológico, sobretudo nos sistemas de comunicação, o que possibilitou um avanço enorme nas relações entre órgãos e pessoas no âmbito mundial, dentro deste contexto de proximidade estabelecido pelas comunicações, muitas das relações estabelecidas entre pessoas e/ou órgãos ao nível de seus próprios estados, passou agora a desenvolver-se também ao nível internacional, e estas relações são as mais variadas, vão desde a difusão de intercâmbios entre Estados - esfera pública; passando também pela esfera privada, onde há intensificação da difusão de credos, passando pelo intercâmbio cultural e chegando até mesmo ao trafico de drogas, contrabando de armamentos, e intensificação da exploração sexual. São todos processos que ultrapassaram as fronteiras do estado, antes mesmo da maioria dos estados se darem conta do inicio da maioria destes processos. Estas são situações que anteriormente eram de fórum nacional, mas que com a complexificação das comunicações passaram para um plano muito maior que é o plano internacional. O que não significa que com isso os estados ficaram isentos de darem conta da demanda por resoluções destas problemáticas, pelo contrário, o que acontece é que cada estado sozinho não é capaz de dar conta de cada uma destes problemas, e com isso se vêem necessitados de colaborarem entre si para dar resolução a estas demandas amplificas geograficamente. Estes novos processos vem mudando significativamente as agendas dos países. A NATUREZA DAS INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS

Cabe ressaltar que estas ações compartilhadas nem sempre são amistosas, pois cada estado tem seus costumes, história, suas próprias instituições e leis portanto; é neste contexto que surgem com muita força as instituições internacionais ou transacionais como a ONU, BIRD, FMI, OIT, FAO, etc. são elas organizações que servem como espaço de regulamentação e institucionalização destas relações e decisões mutuas entre os estados. Diferente do que muitos pensam elas não surgem como meros usurpadores de poder dos estados, pois elas são criadas pelos estados, são órgãos que 10

gerenciam estas relações mas pautadas entre acordos pré estabelecidos anteriormente pelos estados, não são elas entes que surgiram fora do contexto dos estados, mas sim dentro e em meio a estes. São estas instituições que equalizam as divergências entre os estados, segundo Octavio Ianni elas são agencias de serviço dos estados. São através destas instituições que estabelecem-se as relações de mutua cooperação entre os estados, é claro que para isso acontecer as agencias tornam-se órgãos com poder de decisão também, e isto só acontece segundo alguns autores quando os estados delegam parte de sua soberania a estes órgãos: São estes os termos utilizados pelos autores: Castels: soberania compartilhada Ianni: delegação de tarefas e recursos Giddens: abdicação de um grau de soberania Dupas: cessão de soberania Esta cessão de soberania se dá afim de resolver as miriades de problemas que agora ultrapassam as fronteiras dos estados, são gestões compartilhadas, mas que necessitam dos estados para dar forma a elas, afinal as instituições internacionais precisam de órgãos que as legitimem, e os estados também servem a este papel, o que demostra a forte importância ainda do estado nação. São na realidade ações conjuntas e necessárias neste contexto global de relações, relações que muitas vezes antecedem o estado como no caso das ações transculturais entre outras que se dão mesmo sem uma regulamentação para tanto, são todos estes fatores que chamam os estados para estas questões.

SINGULARIDADES DO FENÔMENO DA INTERDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS

Cabe aqui ressaltar o que faz do fenômeno da interdependência algo singular e tão discutido nos dias atuais, a começar pela intensificação da tecnologia e da quantidade dos meios de comunicação que interligam o mundo de forma nunca antes vista. Com isso as varias relações entre pessoas de várias nacionalidades nas mais diversas localizações se intensificaram e aproximaram, o que fez com que todo tipo de interesse e necessidade ganhasse meios para serem efetivados a partir dos contados possibilitados pelos meios de comunicação. As trocas comercias se intensificaram, assim como novas relações surgiram, multiplicaram-se e complexificaram-se; vão desde trocas culturais, negócios legais e ilegais, trocas de informações, trafico de drogas e 11

armas, contrabando, terrorismo, gestões compartilhadas, cooperações internacionais, etc. Disso surgem novos fatores que se somam para colaborarem na administração dos estados, mas muitos mais que dificultam e põem em xeque o poder dos estados, são poderes paralelos, ações que fogem as fronteiras do estados entre outras, tudo isso na medida em que estas ações se internacionalizam. Isso faz com que os estados ajam e decidam em conjunto, isto se dá também em função da incapacidade de cada estado de forma autônoma dar conta destas novas problemáticas que os circundam. Não se tratam na maioria das vazes de ações de longo tempo programadas e com fins específicos almejados, tratam-se antes sim de ações que se fazem obrigatórias em função das necessidades que se multiplicam e são sempre novas. Esta relação pode ser considerada de interdependência porque cada um dos estados depende da colaboração dos demais para alcançar os resultados desejados e reivindicados. Não são os estados que estão diminuindo em poder e soberania, ainda que esta seja de certa forma cedida a outros estados e instituições internacionais; mas são os problemas antes endógenos que agora estão assumindo dimensões globais, que acabam por repercutir no rearranjo político internacional, afinal as novas questões exigem respostas e por possuírem uma nova natureza, se fazem necessários estes novos rearranjos entre os poderes dos estados. Embora muitos se valem da “Teoria Sistêmica” para explicarem a relação de interdependência das nações, cumpre aqui esclarecer alguns pontos sobre esta teoria. Primeiramente a idéia de sistema traz a noção de um globo totalmente interligado e homogeneamente arranjado, mas não o é assim na realidade, há vários espaços excluídos deste processo como a África por exemplo, alem de bolsões de pobreza por varias partes do globo. São como vácuos dentro do sistema, espaços onde este tipo pregado de globalização e complememtarização ainda não chegou. Outro ponto a ressaltar é que, na teoria sistêmica logo se pretende um equilíbrio entre os elementos constituintes do mesmo sistema, uma espécie de harmonia do tipo feedback. Isso se dá através da idéia de relação de interdependência entre nações soberanas sem levar em conta as implicações que dizem respeito à hegemonia de certos estados, que acabam por influenciar quando até mesmo decidir as agendas internacionais e as políticas adotadas coletivamente, exercendo influencia nas políticas de blocos, nas agencias internacionais, nos acordos comerciais entre outras relações. Podem serem citadas como exemplos certas ações dos EUA.

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CONCLUSÃO

Por fim pode-se concluir que hoje o processo de interdependência das nações é algo concreto mas que ao contrario do que teorizam alguns, trata-se de uma interdependência carregada de desequilibro e portanto trata-se de um processo desigual entre os estados participantes. A interdependência trata sobretudo de relações entre Estados em uma morfologia de poderes em forma de rede, carregada de descontinuidades. Um processo que apresenta-se como homogêneo sobre o globo mas que na realidade não abarca todos os espaços do globo, e onde chega não contempla a todos. É notável a existência de um processo internacional, mundializador, que aprofunda as relações de mutua dependência entre estados; mas que não é capaz de eliminar as forcas hegemônicas envolvidas neste mesmo processo, o que acaba por gerar desigualdades neste fenômeno global de interdependência. Pode-se sim tratar este fenômeno como um processo de interdependência, mas de modo algum pode-se supor com isso uma relação de equilíbrio, igualdade e equidade nas relações inter-estatais. Apesar destas conclusões não há meios possíveis de definir por completo este fenômeno, pois ainda que trate-se de um fenômeno que vem se desenvolvendo e aprofundando já de longa data; tratamos de um fenômeno que ainda esta em processo de formação e desenvolvimento, o que torna se não impossível neste momento pelo menos complexa e difícil a tarefa de explicar completamente a interdependência das nações.

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