A insustentabilidade da energia solar fotovoltaica
Marcos Vinicius Miranda da Silva Analista de Sistemas Energéticos
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A tecnologia solar fotovoltaica, isto é, a conversão da luz do sol em energia elétrica, é fantástica, principalmente porque ela é capaz de fornecer energia sem emitir gases poluentes durante o processo de conversão energética. Quem já teve a oportunidade de constatar, por exemplo, que uma simples lâmpada conectada a um pequeno painel fotovoltaico pode fornecer iluminação quando esse equipamento é exposto à radiação solar não encontra outra palavra para descrevê-la. Apesar de suas vantagens ambientais, a contribuição dos sistemas fotovoltaicos para a matriz de geração de energia elétrica mundial é insignificante. Segundo a International Energy Agency (IEA), em 2006, a eletricidade gerada por esses sistemas correspondeu apenas a 0,01% de toda energia elétrica gerada no mundo. A baixa contribuição dos sistemas fotovoltaicos para as matrizes de geração de energia elétrica está relacionada ao elevado custo apresentado por essa tecnologia. Na literatura, os custos de geração dos sistemas fotovoltaicos podem variar de US$ 250 a mais de US$ 2.000 por MWh, dependendo da região do planeta, das premissas utilizadas nas análises econômicas, da configuração do sistema (conectado à rede ou isolado). Quando se faz uma comparação com as plantas convencionais (carvão, gás natural, óleo combustível, nuclear ou hidrelétrica), que apresentam custos de geração que podem variar de US$ 20 a US$ 100 por MWh, ou com algumas plantas que usam fontes alternativas (vento e biomassa), cujos custos de geração podem variar de US$ 30 a US$ 120 por MWh, percebe-se a insustentabilidade econômica dos sistemas fotovoltaicos no contexto atual. Elevar a participação da energia elétrica de origem fotovoltaica na matriz de geração de eletricidade poderia provocar o desequilíbrio do sistema econômico, dependendo evidentemente do grau de interação existente. Esse desequilíbrio poderia se apresentar através da elevação dos preços dos bens e serviços, inflação, redução do consumo, diminuição do produto interno bruto, desemprego.
Alguns pesquisadores acreditam que a disseminação em grande escala dos painéis fotovoltaicos pode reduzir os custos de produção dessa tecnologia através do fenômeno da economia de escala. O problema é que isso exige forte subsídio. Por essa razão, nem os países mais ricos estão dispostos a adotá-la. Essa afirmação é sustentada pela baixa participação da energia elétrica fotovoltaica na matriz de geração de eletricidade da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, que não chega a 0,05%. Outra barreira para a disseminação dos sistemas fotovoltaicos é a existência de alternativas de oferta de eletricidade como, por exemplo, as plantas de geração à biomassa de florestas plantadas ou os aerogeradores, que podem apresentar custos competitivos em relação às termelétricas a combustíveis fósseis, sem causar os mesmos impactos ambientais. Os sistemas fotovoltaicos só apresentarão custos de geração competitivos quando a eficiência desses sistemas for aumentada e quando a utilização de novos materiais reduzirem seus custos de produção, o que deverá ocorrer num futuro de longo prazo. Enquanto isso, o uso dos sistemas fotovoltaicos deveria ficar restrito ao atendimento de micro ou pequenas demandas localizadas em áreas de difícil acesso, caracterizadas por elevarem os custos operacionais de outras alternativas energéticas, fator que as inviabiliza. Para evitar desequilíbrios econômicos que podem afetar duramente a vida das pessoas, particularmente os menos favorecidos, e a degradação acelerada do meio ambiente, os planejadores da expansão do sistema elétrico devem optar por alternativas energéticas que apresentem confiabilidade tecnológica e viabilidade econômica, ambiental e social. Esse é o grande desafio do planejamento energético para um mundo sustentável.