A Cid ade à Be ir a d a Auto-e st r ada O Subúrbio do Automóvel: Long Island, Wisconsin, Los Angeles, Paris (1920-1987)
“ Subúrbia” “estado ferroviário, cuja existência transcorria a poucos minutos a pé da estação, a poucos minutos a pé das lojas, e a poucos minutos a pé do campo”. Prolongamento externo desse estado ferroviário que provocou o crescimento populacional da Londres do início do século XX e com ele, apelo à contenção urbana. O mesmo que aconteceu nos Estados Unidos onde os primeiros subúrbios foram planejados ao redor de estações ferroviárias.
1900 – Automóvel realidade tecnológica, preço restringido a uma minoria. 1913 – Revolução feita por Henry Ford, técnica de produção em série, carro acessível às massas.
Cumpr e-se uma pr ofecia de Wells
1901- “Anticipations”- As companhias de ônibus motorizados, iriam a assegurar seu direito de abrir estradas exclusivas de novo tipo, pelas quais seus veículos poderão trafegar livremente, dentro dos limites máximos de velocidade que lhes seja possível desenvolver. As estradas serão utilizadas apenas por veículos sobre rodas de pneus, serão muito largas e seu tráfego em direções opostas, seus caminhos se ramifiquem em diferentes níveis onde será possível experimentarem veículos de tamanho e potência bem superiores.
1923 o congestionamento de tráfego já era terrível em algumas cidades 1926 em Atlanta eram fechados negócios no centro da cidade pelo congestionamento do trânsito. Na mesma década eram planejadas as primeiras grandes lojas suburbanas em função ao automóvel.
1927 construindo 85% dos automóveis do mundo, um automóvel para cada 5 norteamericanos, um carro para cada duas famílias. Colapso econômico e a guerra mantiveram o nível baixo por 20 anos aproximadamente. 1940 - Foi aberta a primeira autentica autoestrada intermunicipal norte americana. 1950 graças à revolução de Ford, o único país do mundo que transforma o automóvel num bem de propriedade privada acessível às massas.
Pa rkway - EUA Nova York optou pela avenida arborizada – parkway, empregada pela primeira vez em 1858 no projeto para o Central Park de Nova York. A Long Island Motor Parkway (1906-1911) foi a primeira auto-estrada do mundo com acesso limitado a veículos motorizados, seguida por outras, davam acesso das cidades base para os novos subúrbios áreas de lazer rurais e litorâneas, e também as vezes usadas para limpar zonas urbanas degradadas.
O propulsor foi Robert Moses, mestre construtor de Nova York. Na década dos 30, Moses cria a Henry Hudson Parkway, a primeira autêntica auto-estrada do mundo. Benton MacKaye (um dos fundadores da Regional Planning Associeation of América) desenvolve a idéia da autoestrada sem cidade ou “rodovia”, a uma escala regional.
Praia Jones Projeto de Moses da década de 20.
Au tobahnen - Eu ropa Na Europa até o final da segunda Guerra, apenas o 10% das famílias possuíam automóvel. 1913-1921 – AVUS disputava o nome de Primeira auto-estrada do mundo, (Atravessou Grunewald em Berlim). Prometiam alivio rápido para o desemprego e tinham uma decisiva importância militar.
AVUS 1921 Automobil-Verkehrs und Übungsstrasse
1934 – a primeira linha de montagem em Inglaterra instalada na fábrica Morris. 1940 - Em Alemanha o prometido carro do povo de Hitler era desviado para fins militares, só se tornando realidade nas garagens do povo muito depois da Segunda Grande Guerra.
Frank Ll oyd Wri ght e os desurbani sta s s ovi éti cos
Em Los Angeles, os bairros residenciais tanto de Beverly Hills (1914) - origem em uma estação da Pacific Electric Railyway- quanto o de Palos Verdes (1923), se tornaram os primeiros clássicos subúrbios automotorizados. Projetadas para dar dinheiro, dinheiro deram. Os desurbanistas soviéticos dos anos 20 e Wrigth argumentaram que as tecnologias, sobretudo do automóvel permitiriam que as cidades se esvaziassem.
Também eles eram essencialmente individualistas e antiburocraticos, se batiam por novas formas de construir, criando um “país sem cidades, totalmente descentralizado e ainda assim povoado”. Na União soviética não era concebível esta visão. O histórico congresso do partido de 1931 determinou que todo aquele que negasse o caráter socialista das cidades existentes era um sabotador.
Br oadacre City Em 1924, Wright começou a conceber sua Broadacre City: "Visão Usoniana" do casamento em baixa densidade entre subúrbio e campo, onde cada cidadão surge simultaneamente como urbanista e agricultor. Auto-estradas espaçosas, paisagisticamente tratadas, que recebem todo o tráfego em áreas de cultivo ou moradia... Seria uma cidade de indivíduos. Suas casas seriam projetadas não apenas em harmonia com a vegetação e o terreno mas com íntima consonância com o modelo de vida pessoal do indivíduo no território.
Broadacre City 1924 Frank Lloyd Wright A explosão da construção suburbana criou uma espécie de Broadacre City por todo o território norte-americano
Os su búrb io s e st ão chegando O boom suburbano alicerçou-se em quatro pontos principais: as novas estradas que penetravam por terras situadas fora do alcance do velho trolebus e do transporte de interligação sobre trilhos; o zoneamento dos usos do solo,que produzia áreas residenciais uniformes com valores imobiliários estáveis;
as hipotecas, que, possibilitavam prazos longos e juros baixos absorvíveis pelas famílias de renda modesta; e a explosão de natalidade que ocasionou um súbito aumento de demanda de casas unifamiliares . Foi a Lei de Ajuda Federal à Auto-estrada de 1956 que assinalou o verdadeiro começo da suburbanização por via expressa.
1944 - O Congresso endossara o princípio de que o sistema viário devia desviar-se das cidades. Planejadores como Bartholomew e Moses afirmavam,ao contrário,que ele deveria penetrar no coração dessas cidades,removendo,assim,as áreas deterioradas e melhorando o acesso dos subúrbios aos escritórios e lojas do centro. Nas décadas de 50 e 60 o sistema seria usado para a implantação de novos corredores de acesso vindos dos centros urbanos para os subúrbios em potencial, à semelhança do que Moses tentara fazer nos anos 30.
Levit town 1929 - A enorme migração tornou-se possível graças a uma nova espécie de construtor: voltado para obras de grande escala, exigente no tocante à economia e à eficiência, capaz de construir casas como se fabricam geladeiras e automóveis – firmaarquétipo da família Levitt - . Produção em série , divisão do trabalho, projetos e lotes padronizados, novos materiais e ferramentas,máximo uso de componentes pré-fabricados, crédito fácil, bom gerenciamento de vendas...e seguiram construindo Levittowns.
Levittown,bem como seus incontáveis imitadores,eram lugares homogêneos: semelhantes viviam com semelhantes. Também foi rigidamente segregado por idade, renda e cor.
Gottdiener sugere que,na prática,os planejadores de Long Island dispunham de pouco poder: "As decisões tomadas pelos políticos,especuladores e empreendedores imobiliários levavam ao mesmo modelo de uso do solo que teria resultado de uma total ausência de planejamento ou de zoneamento“.
O processo de planejamento como sói ser praticado na sociedade faz dos planejadores aconselhadores in loco, para decisões alhures – por líderes políticos e homens de negócios, sua idéias – seja de assuntos físicos ou sociais.
Su búrbia: o g ra nde debate a subúrbia norte-americana recebia o vilipêndio quase universal das publicações oficiais. Condenavam-na por não obedecer às noções tradicionais - ou seja,européias - de urbanidade. Muitas acusações aqui se repetem: desperdício de terra,aumento do tempo dedicado ao transporte de interligação com o centro,encarecimento dos serviços,falta de parques.
A c rític a b ásic a Mumford - Não era para continuar sendo um simples estirão de casas ao longo de uma avenida indeterminada que avance rumo ao infinito e termine de repente num brejo“. Ian Nairn - criticava a paisagem suburbana pelo fato de "cada prédio ser tratado isoladamente,sem qualquer nexo com o que lhe está vizinho",pois "a conjuncionalidade na paisagem rural ou urbana,como a coexistência dos opostos,é essencial“.
As novas tecnologias da comunicação, declarava,puseram por terra a ultrapassada conexão entre comunidade e propinqüidade: o lugar urbano estava sendo substituído pelo domínio do não-lugar urbano. De fato,o caráter de uma área - sua homogeneidade social ou o contrário dela pode ser simulado pelo planejamento. Mas só dentro de limites muito estreitos; numa sociedade como a norte-americana,o mercado será o determinante principal e nele é que os fregueses registrarão suas preferências.
Venturi – sustentava que a civilização beirade-estrada da subúrbia norte-americana – exemplificada pela grande Strip neonizada de Las Vegas – não mais devia ser julgada pelos critérios funcionalistas
O control e do cresci mento na Europa
Do final da 2ª Guerra Mundial até a década de 1960 os governos europeus conseguiram controlar o fluxo suburbano nas grandes cidades. 1947 – Inglaterra - Lei de Planejamento para a Cidade e o Campo - controle rígido sobre a urbanização. 1973 - seus resultados lançariam algumas dúvidas a respeito do planejamento do uso do solo na Inglaterra do pós-guerra, que produziria três efeitos principais:
Contenção – quantidade de solo convertido de rural em urbano foi minimizada e também compactada; Suburbanização – distanciamento crescente entre as novas áreas residenciais e os principais centros empregadores; Inflação dos preços da terra e da propriedade – a valorização da terra excedera muito o nível geral dos salários ou dos preços.
Re su lt ados Na Inglaterra – elitista - , componentes alojados de maneira densa em pequenas casas destinadas a virar cortiços. Nos EUA – populista - , ficaram excessivamente espalhados, com desperdício de terra com encarecimento dos serviços. Em ambos os países o controle do uso do solo tornaram a terra artificialmente escassa destinada a urbanização, favorecendo o especulador imobiliário.
década de 1980, o sistema britânico deslocou-se rapidamente em direção ao sistema norte-americano. ainda hoje na Grã-Bretanha muita gente continua empenhada na preservação da zona rural e na contenção das cidades, permanecendo muito bem organizada em seus condados e distritos.
Enquadrando o círculo:
o plan ejame nt o da me tr óp ole eur op éia
Entre 1943 e 1965 várias capitais da Europa elaboraram planos que sugeriam alternativas radicais para a cidade norte-americana das auto estradas. O Plano Geral de Sven Markelius de 1945/1952 para Estocolmo, como proposta de um sistema balanceado de transporte. No inicio dos anos 1960, ocorreu em Paris o planejamento de uma metrópole em torno de um novo sistema de tráfego.
Farsta Um dos primeiros centros da cidade-satélite de Estocolmo a ser urbanizada
Marne-la-Vallée O modelo Estocolmo aplicado em Paris
A grande revol ta contr a a vi a expressa e o que vei o depoi s O carro foi na Europa um agente de suburbanização – ele permitiu que os subúrbios se estirassem mais livremente atingindo distâncias que o transporte de massa jamais poderia chegar. Porém o problema do automóvel dentro da cidade histórica tornou-se cruciante.
Em 1956 e em 1962, sugeriu-se um novo sistema de tráfego propositalmente estruturado para preservar San Francisco como cidade de estilo europeu, fortemente centralizada (Sistema BART - Bay Area Rapid Transport ). 1977, o modelo BART chegou à falência. Durante os anos 1970, mais e mais países europeus começaram a registrar perdas nas populações das cidades. De ambos os lados do Atlântico, a cidade à beira da auto-estrada estava ganhando longe da cidade tradicionalmente estruturada pelo transporte em massa.
Er a a p rofecia d e Wells que a c ada ano se fazia mais ve rd adeir a