TREINAMENTO PARA A CRIATIVIDADE Criatividade não se aprende, mas se estimula e se desenvolve por meio de técnicas destinadas: • a dar mais autoconfiança nas próprias habilidades criativas; • a motivar a utilização do potencial que existe em cada pessoa, capaz de gerar novidades; • a estimular o espírito participativo, acreditando nas idéias dos outros; • a valorizar a importância do trabalho constante e do esforço contínuo; • a sensibilizar-se com os problemas, para interessar-se por sua solução; • a aumentar as habilidades criativas pela contínua produção de idéias boas e originais. Esses treinamentos objetivam a aprendizagem de técnicas criativas e estimulam a capacidade inventiva, descobrindo, assim, valores que por vezes estão escondidos e que podem vir à luz. Há também conselhos para quem procura sair de certas dificuldades relacionadas com criação: • Concentrar-se e desconcentrar-se da reflexão sobre o assunto; • Associar idéias ou fatos relacionados ao assunto; • Provocar tempestade de idéias em grupo (brainstorm) sobre o tema; • Sonhar, isto é, afrouxar o controle do ego sobre o id, permitindo que os impulsos do inconsciente aflorem em formas originais e criativas. Enfraquecendo o domínio do consciente sobre o inconsciente, possibilita-se o surgimento de energia como forças criativas vindas das experiências e das vivências armazenadas no substrato psíquico, ao longo da vida de cada pessoa, as quais muito ajudarão na descoberta de preciosas soluções. Há indivíduos que em estado de sonolência ou semi-acordados têm inspirações para resolver problemas difíceis e complicados. Esta possibilidade de chegar facilmente ao inconsciente, usá-lo e explorá-lo é característica de pessoas altamente criativas. Elas, em geral, gostam de brincar com idéias e situações, libertando desse modo as tensões interiores e manifestando, cada vez mais, suas capacidades produtivas.
Segundo J. P. Guilford, essas pessoas criativas apresentam: • Fluência de palavras; • Fluência de idéias; • Poder associativo (entre palavras e significados) • Fluência expressiva (descobrem figuras em linhas, manchas); • Originalidade em respostas inteligentes e raras; • Poder de elaboração (completam, detalham esboços). Todas as pessoas são criativas; portanto, todas devem acreditar neste potencial que existe em cada uma e se manifesta pelo sonhar acordado, pela intuição, pela curiosidade e pela capacidade de inovar. Acontece que este dom, ao longo da vida, vai sendo bloqueado pela instalação da cultura lógica, racional, resultado da educação acadêmica destinada a desenvolver a inteligência e a alimentar a memória com dados, mas que abafa o lado natural e criativo da existência. Com isso cresce a inibição que dificulta a espontaneidade, a busca do novo e o gosto pela descoberta de algo original, e apaga assim, aos poucos, a chama criativa. J. C. Benvenuti, professor da ESPM-SP, dá alguns conselhos, aqui resumidos, a quem quer ampliar seu potencial criativo: • Seja alegre e brinque com as próprias idéias; • Acredite que os sonhos poderão ser realidade; • Tente fazer algo melhor e diferente do que é; • Experimente fazer o pouco para chegar ao todo; • Estimule a própria capacidade de criar o inédito; • Goste do caminho ainda não trilhado; • Una-se aos que estão ao lado para a força ser maior; • Nunca perca uma oportunidade, pois talvez não apareça mais. A criatividade depende de três fatores: Da inteligência, da emoção e da imaginação produtiva. As duas primeiras são inatas e próprias de todo ser humano, mas a imaginação produtiva orientada e desenvolvida pela educação expressiva poderá, através de métodos e processos criativos, transformar-se em realizações artísticas, como obras de arte e textos.
Só inventará um bom texto quem for preparado e capacitado por formação expressiva adequada, pois ele é invenção e produto da criatividade.
CRIATIVIDADE NA PUBLICIDADE A criatividade do publicitário tem muitas áreas onde se manifestar, mas as principais acontecem nas mensagens, nos anúncios. 1) Na estrutura semântica dos anúncios Aqui podem ser aplicadas estratégias criativas visando: • À abordagem do tema, ou assunto, por ângulos novos e diferentes; • À busca de melhor e mais original expressão do sentido; • Ao uso de significados denotativos e conotativos; • À variação da estrutura significativa da mensagem. 2) Na estrutura formal dos anúncios Aqui, há mais possibilidade do aparecimento da criatividade, podendo esta manifestar-se: • Na foto/ilustração e nos elementos visuais; • No texto, nos títulos, nos slogans etc.; • No aspecto gráfico-visual: massas, cores, diagramação; • Nos apelos referenciais e emotivos; • Na escolha do diferencial ou atributo que leve o consumidor a optar pelo produto; • Na ênfase dada aos atributos intrínsecos e extrínsecos do produto; • Na escolha da “promessa”, síntese daquilo que o anúncio oferece ao consumidor; • No approach ou tratamento aplicado à linguagem. Além disso a criatividade publicitária poderá manifestar-se acentuadamente: nos jingles, nos spots, nos storyboards, nos roteiros, nos outdoors, nos displays etc. Para se criar, manipulam-se elementos da realidade, ou idéias antigas são combinadas para daí surgir a inovação. No processo criador, é conveniente e aconselhável não julgar as idéias emergentes de imediato, mas deixá-las amadurecer e possibilitar, assim, a ação do pensamento intuitivo.
A associação de idéias poderá ocorrer de quatro maneiras diferentes: 1) por contiguidade ou proximidade de elementos, mesmo diferentes: pneu lembra carro/viagem/estrada/distância...; 2) por semelhança ou superposição de significados: tartaruga lembra lentidão; fogo lembra destruição; 3) por sucessão ou decorrência de idéias, uma após a outra: nuvens escuras – chuva – chão molhado; 4) por contraste ou por oposição entre idéias: frio/calor, dia/noite, grande/pequeno. Na produção de anúncios comerciais, a habilidade do publicitário está em descobrir um diferencial no produto, ou o modus dicendi, capaz de interessar o consumidor pelo que lhe é apresentado e que possa diferenciá-lo dos demais concorrentes. É um trabalho criativo e de muita paciência para os envolvidos na produção que poderá iniciar-se por um questionamento com possibilidade de levá-los ao caminho certo. • Que motivos terá o consumidor para adquirir este produto ou para aceitar este serviço ou idéia que lhe propomos? • O que chamará mais atenção no anúncio que estamos elaborando? Atualmente, vêm sendo notadas características, nos anúncios de mídia impressa, que evidenciam a grande evolução pela qual está passando a técnica e arte publicitária. Entre outras, destacam-se: • Forte predominância dos elementos gráfico-icônicos sobre os textos; • Menor presença da linguagem verbal; • Uso frequente de anúncios de página dupla com a finalidade de atrair mais atenção e serem mais bem vistos; • Fundo infinito (na imagem) no qual o produto aparece em grande destaque; • Bastante exploração de traços ligados à sensualidade e ao romantismo; • Aparecimento do jogo entre atributos e benefícios do produto. Assim um anúncio de eletrodoméstico ressalta o tamanho dele como atributo e o conforto de usá-lo como benefício;
• São constantes os apelos ligados a referenciais que exploram: status, satisfação, qualidade, sedução, vaidade, poder, posse. Como exemplo da sedução há o anúncio bem sugestivo de calcinhas: “se você não usar Hope eu durmo na sala”; • Encontram-se, também, anúncios bem elaborados para provocar a satisfação onírica, isto é, conduzir o consumidor por meio de imagem, a fantasiar desejos e realizações inconscientes, de maneira simbólica e disfarçada, uma vez que não consegue satisfazê-lo concretamente. Vê-se isso em anúncios que oferecem bens de luxo, realizações de viagens, aquisição de moradias. “Sonhar” tem como objetivo satisfazer ficticiamente aos instintos, ou impulsos do ser humano relacionados à sensualidade, conforto, prazer, poder. Para se conseguir essa eficácia de um anúncio, haverá necessidade de deslocar a carga afetiva e emocional do objeto real para sua imagem na mente do consumidor.
FATORES INIBIDORES DA CRIATIVIDADE São conhecidos como inibidores em todos os aspectos da criatividade: • O conformismo com o que se é, ou está feito. • O autoritarismo que impõe sempre a última palavra. • O medo do ridículo que receia a opinião dos outros. • A intolerância pelo que é diferente ou tradicional. • A valorização exclusiva da continuidade. • O medo aos riscos com a mudança ou inovação. • A hostilização às divergências, mesmo que benévolas. • A não-avaliação das idéias e reflexão sobre elas. • Os sistemas normativos fechados que não admitem mudanças organizacionais.