2008-03-17_revista_peru

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  • Words: 25,995
  • Pages: 68
FCCE Federação das Câmaras de Comércio Exterior Foreign Trade Chambers Federation

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos

BRASIL • 2008 •

PERU

ZONA FRANCA

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FCCE Federação das Câmaras de Comércio Exterior

Foreign Trade Chambers Federation

Fédération des Chambres de Commerce Extérieur

Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

Federação das Câmaras de Comércio Exterior Federación de las Cámaras de Comercio Exterior La FCCE es la más antigua Asociación de Clase dedicada exclusivamente a las actividades de Comercio Exterior.Fundada en el ano 1950, por el empresario João Daudt de Oliveira (se debe a él la fundación de la Confederación Nacional de Comercio – CNC, 5 años antes), la FCCE opera, ininterrumpidamente, desde hace más de 50 años, incentivando y apoyando el trabajo de las Cámaras Bilaterales de Comercio, Consulados Extranjeros, Consejos Empresariales y Comisiones Mixtas a nivel federal. La FCCE, por fuerza de su Estatuto, tiene ámbito nacional y posee Vicepresidentes Regionales en diversos Estados de la Federación, operando también en el plano internacional, a través de “Convenios de Cooperación” firmados con diversos organismos de la más alta credibilidad y tradición, a ejemplo de la International Chamber of Commerce (Cámara de Comercio Internacional – CCI), fundada en 1919, con sede en París, y que posee más de 80 Comités Nacionales, en los 5 continentes, además de operar la más importante “Corte Internacional de Arbitraje” del mundo, fundada en el año 1923. La FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS DE COMERCIO EXTERIOR tiene su sede en la Avenida General Justo nº 307, Río de Janeiro, (Edifício de la Confederación Nacional de Comercio - CNC) y mantiene con esta entidad, hace casi dos décadas, “Convenio de Respaldo Administrativo y Protocolo de Cooperación Mutua”.

En un pasado reciente, la FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS DE COMERCIO EXTERIOR – FCCE firmó Convenio con el CONSEJO DE CÁMARAS DE COMERCIO DE LAS AMÉRICAS, organismo que representa a las Cámaras Bilaterales de Comercio de los siguientes países: ARGENTINA, BOLIVIA, CANADÁ, CHILE, CUBA, ECUADOR, MÉXICO, PARAGUAY, SURINAME, URUGUAY, TRINIDAD Y TOBAGO y VENEZUELA. Además de varias decenas de Cámaras Bilaterales de Comercio afiliadas a la FCCE en todo Brasil, forman parte de la Directoria actual, los Presidentes de las Cámaras de Comercio: Brasil-Grecia, Brasil-Paraguay, Brasil- Rusia, Brasil-Eslovaquia, BrasilRepública Checa, Brasil- México, Brasil-Belarus, BrasilPortugal, Brasil-Líbano, Brasil-India, Brasil-China, Brasil-Tailandia, Brasil-Italia y Brasil-Indonesia, además del Presidente del Comité Brasileño de la Cámara de Comercio Internacional, el Presidente de la Asociación Brasileña de las Empresas Comerciales Exportadoras – ABECE, el Presidente de Ia Asociación Brasileña de la Industria Ferroviaria – ABIFER, el Presidente de la Asociación Brasileña de los Terminales de Contenedores, el Presidente del Sindicato de las Industrias Mecánicas y Material Eléctrico, entre otros. Súmese aun, la presencia de diversos Cónsules y diplomáticos extranjeros, entre los cuales, el Cónsul General de la República de Gabón, el Cónsul de Sri Lanka (antiguo “Ceilán”), y el Ministro Consejero Comercial de la Embajada de Portugal. La Directoria

Directoria para el trienio 2006/2009 Presidente

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

1o Vicepresidente

PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ Vicepresidentes

Vicepresidente Europa

Arlindo Catoia Varela

Jacinto Sebastião Rego de Almeida

Gilberto Ferreira Ramos Joaquim Ferreira Mângia José Augusto de Castro Ricardo Vieira Ferreira Martins

(Portugal) Vicepresidente Nor te

Cláudio do Carmo Chaves Vicepresidente Sudeste

Antonio Carlos Mourão Bonetti Vicepresidente Sul

Arno Gleisner Directores

Diana Vianna De Souza

Luiz Oswaldo Aranha

Marie Christiane Meyers

Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida

Alexander Zhebit Alexandre Adriani Cardoso Andre Baudru

Oswaldo Trigueiros Júnior Raffaele Di Luca Ricardo Stern

Augusto Tasso Fragoso Pires

Roberto Nobrega

Cassio José Monteiro França

Roberto Cury

Cesar Moreira Charles Andrew T’Ang Daniel André Sauer Eduardo Pereira De Oliveira José Francisco Fonseca Marcondes Neto Luis Cesario Amaro da Silveira

Roberto Habib Roberto Kattán Arita Sergio Salomão Sizínio Pontes Nogueira Sohaku Raimundo Cesar Bastos Stefan Janczukowicz

Consejo Fiscal (Titulares)

Delio Urpia de Seixas Elysio de Oliveira Belchior Walter Xavier Sarmento

EDITORIAL

Peru: um vizinho estável e promissor Dedicação e sucesso. São com essas palavras que podemos definir a série de seminários bilaterais de comércio exterior e investimentos organizados pela FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR, que chega ao seu terceiro ano tornando-se um dos foros mais importantes sobre comércio exterior do país. Realizado no dia 10 de março de 2008, o Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Peru teve como objetivo tratar esses e outros temas, assim como traçar análises sobre possíveis influências nas relações entre os dois países. A série de seminário promovida pela FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR conta com o apoio e participação do governo federal, através dos Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, das principais associações de classe, tais como a Confederação Nacional de Comércio (CNC), a Câmara de Comércio Internacional – ICC, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e o Conselho das Câmaras de Comércio das Américas. Para abrir a série de 2008, convidamos o Peru, um importante vizinho regional no qual ainda buscamos elevar o nosso grau de relacionamento. De fato, essa busca faz-se necessária. Depois de décadas de instabilidade política e econômica, o Peru é considerado hoje como um dos mais seguros países para o investimento estrangeiro. Isso se comprova pela obtenção do grau de investimento concedido pelas agências internacionais de classificação de risco e alcançado no início deste ano. Os dados macroeconômicos do país atestam esse bom momento. O Peru registrou, em 2007, índice de inflação de 3.9% e cresce há cinco anos a taxas acima de 5%. Tal conjuntura faz com que grandes empresas brasileiras, como Odebrecht e Petrobras, invistam cada vez mais para expandir atividades nesse país. Os papéis exercidos pelo BNDES e a Suframa se destacam dentro desse ambiente promissor de fortalecimento bilateral. Há também que ressaltar as boas relações políticas entre Brasil e Peru. O fato de o presidente peruano, Alan Garcia, ter visitado o Brasil em sua primeira viagem ao exterior depois de eleito, em 2006, comprova que os laços entre os países vizinhos podem ser intensificados. É claro que apostar somente no bom diálogo político não fará com que as relações comerciais caminhem a passos largos. Mas não se pode negar os efeitos positivos dessa aproximação, pautada, de maneira estratégica, pelo pragmatismo político. E é com base no pragmatismo político e econômico que o Brasil pode se beneficiar ao fortalecer as relações com o país andino. Isso porque, ao firmar o Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, o Peru pode se transformar numa plataforma de exportação para empresas brasileiras, que terão vantagens em vender para o mercado americano com isenção tarifária. Não esquecendo de mencionar que o Peru pode também ser a porta de entrada mais rápida para os produtos brasileiros, através do Pacífico. No entanto, para que tal tarefa se torne, de fato, factível, é preciso que o projeto IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul Americana), que integrará o Brasil e os países banhados pelo Oceano Pacífico, seja concluído. Esse projeto de integração, caso concretizado, possibilitará, ainda, criar meios para que o comércio bilateral seja alavancado e mais equilibrado. Com efeito, apesar de ter havido crescimento de 20% no fluxo comercial entre Brasil e Peru em 2007 (US$ 281,27 milhões, de acordo com dados do MDIC), o Brasil ostentou um saldo de US$ 40 milhões, o que demonstra que ainda há muito a ser feito para que os números do comércio sejam incrementados. No que tange às trocas comerciais entre Brasil-Peru, Alan Garcia já defendeu o livre comércio com o nosso País. Ele se comprometeu, inclusive, a apoiar, por intermédio de esforços diplomáticos, a antecipação do acordo firmado entre o Peru e o Mercosul, que estabelece, até 2019, a derrubada de barreiras comerciais a produtos brasileiros no mercado peruano gradativamente. E é neste contexto que a FCCE trabalha para apresentar, discutir e debater mecanismos que propiciem o fortalecimento do comércio bilateral. As condições para que esse objetivo seja realmente alcançado não são fáceis, não obstante serem elas mais céleres e menos restritivas do que em décadas passadas. E o leitor poderá comprovar tudo isso nas páginas desta publicação, a primeira de 2008.

APOIO

CONSELHO DE CÂMARAS DE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS

Expediente Produção Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE Av. General Justo, 307/6o andar Tel.: 55 21 3804 9289 e-mail: [email protected]

Editor O coordenador da FCCE

Textos e Repor tagens Brunno Braga

Edição e Ar te Editora Aduaneiras Rua da Consolação, 77 Tel.: 55 11 2126 9200 e-mail: [email protected]

Impressão e Fotolito Graphic Express

Jornalista Responsável Brunno Braga (MTB 050598/00) e-mail: [email protected] Tel.: 55 21 9415 9365

Estagiário: Vinicius Henter e-mail: [email protected]

Fotografia Ismar Ingber

Secretaria Maria Conceição Coelho de Souza Sérgio Rodrigo Dias Julio As opiniões emitidas nesta revista são de responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte.

Boa leitura O Editor

SUMÁRIO

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E N T R E V I S TA Hugo de Zela Martinez

“O Peru tem um sistema econômico consolidado”

1 4 A B E RT U R A

3 6 F I N A N C I A M E N TO Apoio às empresas brasileiras na América do Sul

3 6 ENERGIA Apostando no mercado de energia peruano

Estreitando as relações Brasil-Peru

1 8 PA I N E L I

4 2 I N T E G R A Ç Ã O E I N F R A - E S T RU T U R A Marcando presença no Peru

Investimentos e parcerias

4 2 COMÉRCIO 2 4 PA I N E L I I Tecnologia, infraestrutura e construção civil em pauta

3 0 PA I N E L I I I Integrando pelos setores da energia e de serviços

“Câmara vai auxiliar o pequeno e médio empresário a conhecer mais o Peru”

47 Z O N A F R A N C A Produção em crescimento

49 G A S T RO N O M I A Cebiche

3 3 E N C E R R A M E N TO Trabalhando pela integração

3 5 POLÍTICA COMERCIAL

5 2 C U LT U R A Mario Vargas Llos

5 5 R E L A Ç Õ E S B I L AT E R A I S

Estimulando o crescimento do fluxo de comércio

6 2 C U RTA S

ENTREVISTA

“O Peru tem um sistema econômico consolidado” Embaixador do Peru no Brasil fala, em entrevista à Revista da FCCE, sobre a estabilidade econômica peruana e as relações bilaterais Brasil-Peru Hugo de Zela Martinez é embaixador do Peru no Brasil desde agosto 2007. Dizendo-se um profundo admirador do país, Zela acredita que o atual momento nas relações Brasil-Peru é um dos mais positivos na história recente dos dois países. Formado em ciências econômicas, e diplomata de carreira (antes de assumir o posto no Brasil, fora embaixador do Peru na Argentina), Zela afirmou que o Peru passa por um momento econômico e político auspicioso e que isso só reforça as vantagens existentes para a realização de investimentos. Em entrevista concedida à Revista da FCCE, o embaixador falou da atual conjuntura econômica peruana, e do que espera nas relações entre Brasil e Peru para os próximos anos. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

O Peru é visto hoje como um país de grande estabilidade para investimentos, conseguindo, inclusive o investment grade. Depois de décadas de crise, como o país conseguiu alcançar tal feito? Zela Martinez – Nos últimos cinco anos, a situação econômica do Peru tem se mostrado muito estável. Isso se explica porque tivemos, durante esse período, três governos e a orientação macroeconômica 6

continuou a mesma. Por isso, é possível afirmar que o Peru tem um sistema econômico consolidado. Os números macroeconômicos estão muito satisfatórios. As exportações crescem, a inflação está controlada, a indústria está crescendo e novos setores industriais estão surgindo no Peru, como o da petroquímica. Um exemplo disso é que estão previstos, para este ano, investimentos da Petrobras da ordem de US$ 200 milhões, numa parceria com a Petroperu.

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ENTREVISTA

O embaixador do Peru afirmou que cresce o número de empresas brasileiras querendo investir no país.

Isso faz, então, que o investidor estrangeiro se sinta seguro em investir no Peru? Zela Martinez – É verdade, pois o mais importante para os investidores é a previsibilidade. Dessa forma, o investidor, hoje, se sente seguro em planejar a médio e longo prazo investimentos no Peru. Além disso, estabelecemos um mecanismo de estabilidade jurídica com empresas estrangeiras que queiram entrar no mercado peruano.

“As exportações crescem, a inflação está controlada, a indústria está crescendo e novos setores industriais estão surgindo no Peru” EMBAIXADOR HUGO

DE

ZELA

Como funciona esse mecanismo? Zela Martinez – Esse mecanismo permite que o investidor estrangeiro, que queira entrar no mercado peruano dentro de um determinado período de tempo e precisa ter a total segurança em relação às regras 8

do jogo, tenha do governo peruano comprometimento, por intermédio de uma assinatura de um acordo, que garante que todas as regras serão cumpridas, independente de mudanças na chefia de governo no Peru. Isso dá tranqüilidade para que o investidor permaneça no país por um longo período. Já estabelecemos 30 contratos nesses moldes com empresas estrangeiras. O presidente do Peru, Alan Garcia, esteve no Brasil em 2006, onde firmou, junto com o presidente Lula, acordos de cooperação. Como o senhor avalia a atual relação política entre os dois países? Zela Martinez – Muito boas. E isso é uma constatação histórica, pois jamais houve qualquer problema nas relações entre Brasil e Peru. Em pesquisas realizadas no Peru, nos últimos três anos, os peruanos elegeram o Brasil como o país mais amigo. Essa é a percepção dos peruanos em relação ao Brasil. Na verdade, o único entrave que podemos levantar nas relações entre os dois países é que, durante muitos anos, o Brasil só olhava para o Atlântico, e nós, para o

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Pacífico, e, assim, esquecemos a Amazônia, uma zona que é comum aos nossos países. Mas, agora, com as trocas de visitas presidenciais estão se desenhando projetos de aproximação entre os dois países. Quais seriam esses projetos? Zela Martinez – Bem, há muitos. Mas, um dos mais avançados projetos é o que trata da inclusão do Peru no Sistema de Proteção da Amazônia. A Amazônia é uma região extremamente importante, mas de difícil acesso. É preciso, então, agir conjuntamente para melhor enfrentar os desafios existentes por lá. Estamos desenvolvendo um sistema de sensoriamento remoto (formas de obtenção de dados sobre um objeto, terreno, espécime, sem contato físico) cujo recolhimento de dados será feito por aviões que vão sobrevoar a região. Estamos, também, desenvolvendo um projeto para que o Peru se integre ao sistema de radares. Isso permitirá que o governo peruano tenha acesso às imagens da Amazônia em tempo real, podendo, por exemplo, combater o narcotráfico que existe na região e identificar zonas de desmatamento.

EMBAIXADOR HUGO

DE

ZELA

O Projeto IIRSA (Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana) também pode ser visto como um passo rumo ao fortalecimento da integração? Zela Martinez – Sim e esse projeto, criado e incentivado pelo Brasil, e que reúne os doze países do continente sulamericano com o objetivo de desenvolver a ligação física da região é de extrema importância para a integração regional. Acreditamos que logo o primeiro ano após a conclusão das obras da rodovia, o fluxo de comércio entre Peru e Brasil crescerá 25%. Os problemas logísticos vão diminuir sensivelmente após a conclusão dos projetos. Mas, ainda, temos muitos pontos a serem discutidos.

“A Amazônia é uma região extremamente importante, mas de difícil acesso. É preciso, então, agir conjuntamente para melhor enfrentar os desafios existentes por lá” EMBAIXADOR HUGO

DE

ZELA

O Peru é um país que tem Tratados de Livre Comércio com diversos países, entre eles os Estados Unidos. Até que ponto isso afeta as relações comerciais com o Brasil? Zela Martinez – Os TLCs que Peru firmou com diversos países não têm que ser olhados como um empecilho nas relações comerciais do nosso país com o Brasil. É importante ressaltar que o Peru acredita no processo de integração latino-americana. Vários países do nosso continente podem se beneficiar dos TLCs firmados pelo Peru. Bem, se o Peru tem livre acesso ao mercado americano, isso pode fazer com que empresas brasileiras se interessem em fazer uma parceria com o governo peruano

para que o país seja uma plataforma de exportação de alguns produtos de companhias brasileiras. Muito se falou na imprensa brasileira do TLC firmado entre Peru e os Estados Unidos, mas também temos acordos desta natureza com a China, com o Japão e com Cingapura. E isso também pode ser interessante para fazer parcerias, pois as empresas brasileiras ao investirem no Peru, terão acesso ao mercado asiático. Mercado este que será, muito em breve, o mais dinâmico do mundo.

“Jamais houve qualquer problema nas relações entre Brasil e Peru. Em pesquisas realizadas no Peru, nos últimos três anos, os peruanos elegeram o Brasil como o país mais amigo” EMBAIXADOR HUGO

DE

bastantes regiões montanhosas, com muitas quedas d’águas, ambiente natural propício para a construção de hidrelétricas. Não temos, infelizmente, capital para construir essas usinas, mas os brasileiros têm. Temos hoje no Peru a Petrobras e a Odebrecht. É possível dizer que há mais empresas brasileiras interessadas em investir no Peru? Zela Martinez – Sim, com certeza. Em agosto de 2007, foi ao Peru uma delegação de empresários, coordenada pela Fiesp. E nessa visita, eles demonstraram estar muito interessados em entrar no mercado peruano. E a iniciativa da FCCE, em realizar um seminário como esse, comprova que temos que estimular esse interesse em consolidar os interesses de investimentos, informando aos investidores os potenciais existentes nas relações entre os nossos países.

ZELA

O senhor acredita que as conclusões da Rodada de Doha serão benéficas para os países em desenvolvimento? Zela Martinez – O Peru faz parte do G-20, mas nós temos uma visão realista a respeito das negociações de Doha. Ela vem se arrastando há muitos anos. É claro que apoiamos o Brasil nas reivindicações para que haja um comércio mais justo, mas, até o momento, o que vemos é a imposição dos países mais ricos prevalecer no comércio mundial. O senhor mencionou os investimentos a serem feito pela Petrobras no Peru. Um dos grandes debates no continente sul-americano é o que trata da integração energética na região. É possível dizer, então, que Peru e Brasil também caminham nesse sentido? Zela Martinez – A integração energética é um tema muito importante. O Brasil parece que encontrou o caminho do crescimento sustentável, e isso pode gerar uma demanda muito grande de energia para os próximos anos. O Peru é um país que tem superávit energético. No final de 2007, foi encontrada uma grande reserva de gás na região de Cuzco. Além disso, o Peru tem

Dados sobre o Peru Nome oficial: Repúlica do Peru Presidente: Alan Garcia Modelo de Governo: Republicano constitucional Capital: Lima População: 29,18 milhões de habitantes Idiomas falados: Espanhol (oficial), Quechua (oficial), Aymara PIB em 2007: US$ 220 bilhões (crescimento de 9% em relação a 2006) Taxa de inflação em 2007: 1,8% Taxa de crescimento Industrial em 2007: 9.3% Endereço da Embaixada do Peru no Brasil: SES – Av. das Nações – Quadra 811 Lote 43 – CEP: 70428-900 Brasília-DF

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Fonte: Cia Factbook

“O investidor, hoje, se sente seguro em planejar a médio e longo prazo em realizar investimentos no Peru”

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Seminário bilateral de

Comércio exterior e investimentos BRASIL

PERU

Av. General Justo no 307 – Centro – Rio de Janeiro-RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC

Programa do Seminário: 17 de MARÇO de 2008

14:00h- Abertura dos Trabalhos: João Augusto de Souza Lima – Presidente da Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE

Presidente: Cesar A. Maia – Presidente da Câmara de Comércio e Indústria BRASIL-PERU

Sessão Solene de Abertura Presidente da Sessão: Ivan Ramalho – Ministro de Estado, interino, do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior

Pronunciamento Especial e Moderador: Carlos Thadeu de Freitas Gomes – Chefe do Departamento Econômico da CNC – ex-Diretor do Banco Central.

Pronunciamento especial: Hugo de Zela – Embaixador Plenipotenciário do PERU

Expositores: Oldemar Ianck – Superintendente de Projetos da SUFRAMA Fabio Martins Faria – Diretor de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior do MDIC

Componentes da mesa: Ministro Luis Arribasplata – Cônsul-Geral do PERU Theóphilo de Azeredo Santos – Presidente da CCI e Presidente do Conselho Superior da FCCE Gustavo Affonso Capanema – Vice-Presidente do Conselho Superior da FCCE Cesar A. Maia – Presidente da Câmara de Comércio e Indústria BRASIL-PERU Gilberto Ramos Filho – Vice-Presidente da FCCE 14h30 PAINEL I: A atuação das empresas peruanas e brasileiras no âmbito da America Latina. Facilidades e parcerias

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(intervalo para café – 10 minutos) l5h30 PAINEL II: As exportações Brasileiras nas áreas de construção civil, siderurgia e modernização portuária Presidente: Lucia Maldonado – Vice-Presidente Executiva da Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB Moderador: Arthur Pimentel – Diretor de Comércio Exterior do MDIC

Expositores: José Valentin Alvarez – Construtora NORBERTO ODEBRECHT Luiz G.S. Bomfim – Chefe da Divisão de Mercado da Companhia DOCAS do Rio de Janeiro – CDRJ Alberto Lemos de Araujo Filho – Presidente da BULL 17h PAINEL III: O relacionamento BRASIL-PERU nos setores: de serviços e energia. Presidente: Edson Lupatini – Secretario de Comercio e Serviços do MDIC Pronunciamento especial: Ministro Luis Arribasplata – Cônsul-Geral do PERU Expositores: Milas Evangelista de Sousa – Gerente de Avaliação de Desempenho Internacional da PETROBRÁS André de Barros Rüttimann – Gerente do Departamento de Comércio Exterior e Integração da America do Sul do BNDES Prof. Jovelino Gomes Pires – Presidente da Câmara de Logística da Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB 18h Sessão Solene de Encerramento:

Presidente da Sessão: Hugo de Zela – Embaixador Plenipotenciário do PERU

Pronunciamento Especial: Armando Meziat – Secretario de Desenvolvimento da Produção do MDIC Componentes da mesa: Edson Lupatini – Secretário de Comercio e Serviços do MDIC Prof. Jovelino Gomes Pires – Presidente da Câmara de Logística da Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB Ministro Luis Arribasplata – Cônsul-Geral do PERU João Augusto de Souza Lima – Presidente da FCCE Embaixador Paulo Pires do Rio – Diretor-Conselheiro do Conselho Superior da FCCE Cesar Morieira – Vice-Presidente da FIRJAN Delio Urpia Serixas – Conselho Fscal da FCCE Elísio Belchior – Conselho Fiscal da FCCE Haroldo Bezerra – Conselho Fiscal da FCCE

COQUETEL: Homenagem ao Sr. Hugo de Zela – Embaixador Plenipotenciário do PERU

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ABERTURA

Estreitando as relações Brasil-Peru Embaixador do Peru no Brasil expõe as potencialidades do seu país para investimentos brasileiros

Composição da mesa da Sessão de Abertura: Gilberto Ramos Filho, Carlos Thadeu, César Maia, ministro Luis Arribasplata, Theóphilo de Azeredo Santos, Ivan Ramalho, embaixador Hugo de Zela, Armando Meziat, Arthur Pimentel e Gustavo Capanema.

O presidente da FCCE, João Augusto de Souza Lima, ao iniciar os trabalhos do seminário, afirmou que a série de eventos promovida pela federação tem tido sucesso, pois eles trazem o debate sobre o desenvolvimento e incremento do comércio exterior, e, também, servem como apoio aos empresários 14

para determinadas soluções e determinados problemas que existam no comércio bilateral. Em seguida, ele convidou para compor a mesa:a diretoria da FCCE Diana Vianna De Souza; o vice-presidente da FCCE e presidente da câmara Brasil-Rússia, Gilberto Ramos Filho, o Vice-presidente do Conselho Superior da

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FCCE, Gustavo Capanema; o Chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio, CarlosThadeu; o Diretor de Comércio Exterior do MDIC, Arthur Pimentel; o Presidente da Câmara de Comércio e Indústria bilateral Brasil-Peru, César Maia; o Secretário do Desenvolvimento da Produção,

Armando Meziat; o Cônsul-Geral do Peru, Ministro Luis Arribasplata; o Presidente da Câmara do Comércio Internacional e Presidente do Conselho Superior desta Federação, Theóphilo de Azeredo Santos; o Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Peru, Hugo de Zela; para presidir essa sessão solene de abertura, o Secretário Executivo e Ministro Interino do MDIC, Ivan Ramalho.

das Exportações), os financiamentos e a presença brasileira nas suas exportação do setor de serviços para os países da América do Sul”, disse o representante do MDIC. Além do crescimento muito grande do comércio de bens, Ramalho revelou que há um crescimento expressivo do comércio de serviços, com a participação importante de grandes empresas brasileiras em vários países da América do Sul. Ele disse, ainda, que hoje o Brasil tem uma grande parte do seu superávit comercial, que no ano passado alcançou cerca de 40 bilhões de dólares, com os países da América do Sul. “Em muitos casos, o Brasil tem superávits muito expressivos. Por isso existe, hoje, pelo lado do governo brasileiro, um trabalho para fazer crescer as importações brasileiras de produtos dos países da América do Sul”, afirmou.

Sessão Solene de Abertura

E

m pronunciamento especial, o secretário-executivo do MDIC, Ivan Ramalho, disse ser uma satisfação bastante grande para o governo federal participar dos encontro bilaterais promovidos pela FCCE. “Nós, que participamos no ano passado de um grande número de seminários, acreditamos que eles tenham contribuído de forma extraordinária a para o crescimento do comércio. E fico muito feliz pelo fato de estarmos hoje aqui, no primeiro seminário de 2008, exatamente com um país da América do Sul”, disse Ramalho. Ele aproveitou a ocasião para fazer avaliações da evolução do comércio exterior brasileiro, dizendo que, nos últimos anos, foi constatado crescimento notável, principalmente com países da América do Sul, e demais países da Aladi (Associação Latino-Americana de Desenvolvimento e Intercâmbio). “Os países da América Latina superaram, pela primeira vez o comércio do Brasil com os Estados Unidos. Isso para nós tem um significado muito importante. O Brasil tem procurado aumentar não só as exportações, como também as importações. Eu também acompanho de muito perto, como presidente do Cofig (Comitê de Financiamento e Garantia

“Existe, hoje, pelo lado do governo brasileiro, um trabalho para fazer crescer as impor tações brasileiras de produtos dos países da América do Sul” I VA N R A M A L H O

Para buscar equilibrar a corrente de comércio entre Brasil e demais países do continente sul-americano, Ramalho disse que o MDIC, juntamente com outros órgãos do governo federal, está desenvolvendo o Programa de Substituição Competitiva das Importações, cujo objetivo é fazer com que cresçam também as importações brasileiras dos países da região sul-americana, principalmente aqueles em que o Brasil apresenta um comércio bastante grande e superávits bastante altos. “O programa é importante, pois gostaríamos que aumentassem as importações dos países da América do Sul para que, assim, fosse reduzido o desequilíbrio”, avaliou. No caso do Peru, o secretário reve-

lou que as exportações brasileiras para esse país ficaram em US$ 1,65 bilhões em 2007. Apesar de reconhecer que o superávit brasileiro tenha ficado menor, Ramalho disse que essa tendência era esperada e defendeu a busca pelo equilíbrio. “Isso também pode acontecer, ao longo do ano, com as demais economias sul-americanas. Muitas delas certamente serão contempladas por seminários como esse, organizados pela FCCE. É uma preocupação brasileira de que o comércio exterior com os países da América do Sul, a exemplo do que aconteceu com o Peru, continue crescendo nas duas direções”, disse Ramalho. Em seguida, ele passou a palavra para o embaixador do Peru no Brasil, Hugo de Zela.

Fluxo de investimentos Após fazer, no início da sua participação, os cumprimentos pela realização do seminário, o embaixador Hugo de Zela tratou de demonstrar ao público presente a importância do Peru para fazer investimentos e intercâmbio comercial. Segundo o palestrante, nos últimos anos, o PIB, a inflação, as exportações e importações, as reservas e o superávit fiscal têm sido estáveis e balanceados no Peru. Além disso, o país vem buscando aumentar a inserção política e econômica no cenário internacional. “Este ano, realizamos a reunião de presidentes e chefes de governo dos países da União Européia e da América Latina e Caribe. Em novembro, vamos ter uma reunião, também de presidentes e chefes de estado e governo, da APEC, (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacifico). Além disso, o Peru tem uma política comercial de total abertura, e fazemos isso através dos TLCs, Tratados de Livre Comércio”, disse o embaixador. Ele lembrou, ainda, que o Peru já tem aprovados Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos, México, Chile e Canadá. O país sul-americano está negociando com China, países da União Européia, Cingapura e Tailândia. “É uma abertura muito grande. Isso significa, o Peru tem um ambiente muito favorável para os investimentos”.

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ABERTURA O diplomata disse que no Peru não há diferença entre o capital nacional peruano e o capital estrangeiro. Segundo ele, há uma série de condições legais e financeiras que promovem os investimentos, como uma política tributária fixa, que não tem modificações, uma estrutura tarifária muito simples, além de ter obtido, recentemente, o grau de investimentos pelas instituições e valores de créditos. “O resultado disso é que muitas companhias estrangeiras estão investido maciçamente no Peru”, disse.

“O setor agrícola peruano oferece grandes oportunidades de investimentos, já que temos, pelo menos, 8 milhões de hectares de terras férteis que podem ser aproveitadas” EMBAIXADOR HUGO

DE

ZELA

Em relação às oportunidades de investimentos para o Brasil no Peru, o embaixador ressaltou que o vizinho sul-americano é o primeiro produtor no mundo de prata, farinha de peixe, óleo de peixe, fibras de alpaca e vicunha e o primeiro exportador do mundo de espargos. Na América Latina, o país é líder na extração de ouro, zinco, estanho e chumbo e o segundo produtor de cobre. “Além disso, o Peru pode se converter em uma plataforma de negócios do litoral do pacífico sul”. Isso é importante porque um dos mercados de maior crescimento no mundo é o mercado asiático. O Peru pode ser uma plataforma para chegar aos países asiáticos”. No campo da energia, Hugo de Zela disse que o Peru possui fontes naturais de gás no litoral do Pacífico muito importantes. No momento, está sendo construído um gasoduto para abastecer a Zona Sul de Lima, e com a participação da Petrobras, o p aís está tentando fazer indústrias petroquímicas. “Temos 16

Ivan Ramalho, secretário-executivo do MDIC disse que o Brasil tem grandes superavits com os páises sul-americanos.

aí uma oportunidade de investimentos interessante. O cálculo que nós fizemos das necessidades de investimentos para exportações de gás para indústria petroquímica é de mais de US$ 6 bilhões”, considerou o palestrante. Ainda no campo da energia, o diplomata destacou as oportunidades em investimento em energia hidrelétrica. “Há uma oportunidade na área de energia hidrelétrica, pois o Peru conta com um potencial hidrelétrico exportável para outros países. O fato de que o Peru e o Brasil são países fronteiriços cria uma facilidade de interconexão elétrica. Em uma conversa que tive com o Presidente Lula, ele demonstrou um grande interesse em trabalhar este tema”, disse Hugo de Zela, acrescentando que o governo peruano já contatou algumas empresas brasileiras do setor de energia hidrelétrica.

Agronegócios e indústria No setor de agronegócios, que é um setor tradicional do Peru, teve também destaque na exposição do embaixador. “Nós somos importantes exportadores agrícolas como, por exemplo, de aspargos e alguns outros produtos. Além disso, o setor agrícola peruano oferece

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grandes oportunidades de investimentos, já que temos, pelo menos, 8 milhões de hectares de terras férteis que podem ser aproveitadas. Ainda não temos aproveitado o potencial de crescimento do Peru, e pensamos tentar fazê-lo com a ajuda do Brasil”. Segundo ele, o mesmo leque de oportunidades se dá no setor pesqueiro. Ele mencionou a experiência do Brasil nessa área e disse que essa experiência pode ser aproveitada para tratar de explorar a apicultura no Peru. “Somente 19% das espécies existentes no mar pacífico na costa do Peru são exploradas. Então, o campo para desenvolver essa indústria é muito grande”, afirmou. Dentro do setor têxtil, Hugo de Zela disse que as empresas mais importantes do mundo, como Lacoste, Pólo, Ralph Lauren, Calvin Klein e outras, estão fazendo negócios com os produtores peruanos de algodão para fabricar seus produtos. O fato de já ter sido aprovado o tratado de livre comércio com os Estados Unidos abrirá ainda mais oportunidades. “Com isso, o maquinário do Brasil para o setor têxtil pode ser vendido com vantagem no Peru”. Já no setor florestal, o embaixador informou que o Peru tem 53 milhões de hectares de reservas florestais e seis milhões para reflorestamento e

que, partilhando a mesma preocupação que tem o governo do Brasil pela conservação do meio ambiente, abre-se um campo para trabalhar de maneira conjunta. “Já estamos cooperando na organização do tratado, com operação na Amazônia e que tem sede em Brasília, para impulsionar uma exportação racional de produtos oriundos das áreas florestais das zonas amazônicas”.

“O Peru tem um ambiente muito favorável para os investimentos” EMBAIXADOR HUGO

DE

ZELA

Turismo e logística O turismo também foi destacado pelo palestrante como uma área de grande importância para as relações bilaterais Brasil-Peru. Hugo de Zela lembrou que o Peru é um país com uma enorme riqueza cultural e histórica, e uma grande biodiversidade. “Temos a designação de Machu Pichu com uma das sete novas maravilhas do mundo, como o Corcovado aqui no Rio de Janeiro. Isso oferece possibilidades de exploração conjunta

dessas duas das sete maravilhas para atrais turistas de outras zonas do mundo. “Os Ministérios do Turismo dos nossos países estão conversando para estudar as oportunidades existentes”, disse. No setor de infra-estrutura, as relações entre Brasil e Peru se pautam por grandes projetos de construção a serem desenvolvidos para os próximos anos. O principal deles são as rodovias que vão unir o Atlântico com o Pacífico, com participação de importantes empreiteiras do Brasil. No entanto, na avaliação do diplomata peruano é necessário, também, desenvolver os portos do Peru, já que o principal porto do país, o porto do Callal, está trabalhando em sua capacidade máxima. “Precisamos desenvolver outros portos na Zona do Pacífico, pensando nas exportações, não só para os Estados Unidos, mas também para os países asiáticos”.Hugo de Zela informou que o governo peruano pretende construir nas distintas zonas do Peru novos aeroportos. “Para isso é preciso fazer grandes investimentos”.

Relações comerciais O palestrante lembrou que as principais empresas brasileiras estão hoje

Foto de um representante da etnia indígena Quéchua.

investindo no Peru, como a Odebrecht, Petrobras entre outras. “São empresas brasileiras muito importantes. Os investimentos brasileiros chegam a US$ 2 bilhões no Peru. A projeção de crescimento para o ano de 2008 é de aproximadamente US$ 1 bilhão a mais em diversos empreendimentos”,previu.

“Estamos exportando, atualmente, a mais de 178 mercados, mas o Brasil ainda é um parceiro muito pequeno do Peru” EMBAIXADOR HUGO

DE

ZELA

Quanto às relações comercias entre Brasil e Peru, Zela ressaltou que as exportações peruanas estão crescendo a um ritmo de 30% nos últimos três anos. “Essas exportações atingiram um recorde de US$ 28 bilhões, em comparação aos US$ 23 bilhões registrados em 2006 (aumento de 17%)”. Graças a uma conjunção de fatores, como a demanda crescente dos produtos peruanos nos países que temos acordos comerciais”, comentou. O diplomata considera que as exportações peruanas estão atravessando um bom momento. Ele disse que o Peru incrementou a maioria das exportações não tradicionais, e, agora, o país exporta outros produtos a distintos mercados do mundo. “Estamos exportando, atualmente, a mais de 178 mercados, mas o Brasil ainda é um parceiro muito pequeno do Peru.Temos que trabalhar para melhorar esse quadro, pois o Brasil somente representa 3,4% das exportações peruanas. Nós esperamos, ainda este ano, crescer 5%”, disse, acrescentando que os principais produtos importados pelo Brasil são: minerais, carburantes, azeitonas e fibras acrílicas, enquanto os principais produtos exportados pelo Brasil são: óleos, veículos, telefones, tratores, barras de ferro e máquinas com superestrutura.

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17

P AINEL I

Investimentos e parcerias Palestrantes do Painel I comentam sobre a atual conjuntura econômica do Brasil e do Peru para empreender investimentos

Fábio Martins Faria, Carlos Thadeu, Cesar Maia e Oldemar Ianck trataram do fluxo de investimentos bilaterais Brasil-Peru

18

O Painel I do Seminário Bilateral de

Departamento de Planejamento

Comércio Exterior e Investimentos

e Desenvolvimento do Comércio

Brasil-Peru, intitulado A atuação

Exterior do MDIC, Fábio Martins

das empresas peruanas e brasileiras no

Faria, e o superintendente-adjunto

âmbito da América Latina – Facili-

de projetos da Superintendência da

dades e parcerias, teve como pales-

Zona Franca de Manaus (Suframa),

trantes o chefe do Departamento

Oldemar Ianck. O painel foi presi-

Econômico da CNC e ex-Diretor

dido pelo presidente da Câmara de

do Banco Central, Carlos Thadeu

Comércio e Indústria Brasil-Peru,

de Freitas Gomes, o diretor do

Cesar Maia.

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Dinamismo econômico do Peru

C

arlos Thadeu iniciou o seu discurso enfatizando que as exportações, importações e investimentos do Brasil no Peru estão crescendo, comprovando que o país vizinho se mostra bastante moderno e atraente. “O Peru também é um país aberto, um país que facilita a entrada, como nenhum outro país da América Latina está fazendo hoje e os investimentos estrangeiros no país estão crescendo por causa disso”, disse o palestrante. Na sua avaliação, há muitas semelhan-

ças entre Brasil e Peru, como a adoção de regimes de meta de inflação. “O Peru tem, hoje, índices inflacionários baixos, com meta de 2%. Evidentemente, a inflação está um pouco mais alta, como está em todos os países, mas, ela está sob controle”, analisou. Carlos Thadeu também considerou ser impressionante a taxa de crescimento econômico que o país tem tido nos últimos anos. “São taxas maiores que as do Brasil. Por isso, temos essa onda de investimentos fortes no Peru. É um país que tem a dívida pública/PIB em em 30%, bem mais baixa que a do Brasil, e tem uma corrente de comércio bem maior, porque ele exporta e importa bastante”, disse, lembrando que o Peru obteve o grau de investimento (nota de classificação de país de baixo risco dada por agências de investimentos internacionais) antes do Brasil. O palestrante disse, ainda, que, da mesma forma que o Brasil, o Peru tem tido sucesso na exportação de certo bens agrícolas, além de outras commodities. “O Peru tem crescido a 7% ao ano, e, talvez, vá continuar porque lá realmente as exportações estão muito fortes. O país tem tido saldos bons na balança comercial e há uma forte entrada de capital estrangeiro. É uma oportunidade boa para o Brasil de investir no Peru porque esse país tem acordo de livre-comércio com os Estados Unidos. Por isso, muitas empresas brasileiras estão investindo hoje lá”, afirmou, concluindo a sua participação.

“O Peru tem crescido a 7% ao ano. O país tem tido saldos bons na balança comercial e há uma forte entrada de capital estrangeiro” CARLOS THADEU

DE

F R E I TA S G O M E S

Aproximação Brasil-Peru O segundo expositor do painel foi Fabio Martins Faria. Ele elogiou a escolha Peru para o seminário, pois, apesar de serem vizinhos, os países viveram muito tempo de costas um para o outro. “Brasil e Peru estão agora se aproximando”, avaliou

Fábio Martins Faria (MDIC) afirmou que os bens de capital lideram a pauta de importação brasileira.

o representante do MDIC. De acordo com Martins Faria, o Peru é um país que tem uma história rica, que conta com uma tradição de povos milenares que construíram monumentos incríveis nas montanhas dos Andes. “Temos muito a aprender com a cultura peruana. Mas, a aproximação, além de cultural, tem que existir no campo econômico”, disse. Martins Faria traçou a evolução do comércio exterior brasileiro nos primeiros meses de 2008. Ele comentou que nesse período as exportações brasileiras apresentaram uma expansão de 20,5%, mas as importações tiveram um crescimento ainda maior. Para ele, essa situação abre muitas oportunidades no Brasil para fazer negócios, sobretudo com os países da América Latina. A moeda brasileira se fortaleceu bastante e, segundo o diretor do MDIC, facilitou esse processo de aquisição, sobretudo dos países vizinhos. “O Ministério das Relações Exteriores estabeleceu o programa chamado Substituição Competitiva de Importações, que é todo voltado para a América Latina, e que busca incrementar as compras brasileiras nos países vizinhos. E o momento é muito favorável, já que as compras brasileiras vêm se expandindo a uma taxa realmente espantosa: Entre janeiro e fevereiro, as importações cresceram 50,7%”, afirmou o expositor.

Em relação ao cenário das exportações brasileiras, Martins Faria disse que a pauta vem sendo liderada pelo crescimento das exportações de produtos básicos, sobretudo em razão da forte expansão de preços das commodities. Segundo ele, os manufaturados vêm mantendo um crescimento de 17%. Esse dado estatístico está, na avaliação do expositor, bem distribuído de acordo com o fator agregado. Como principais produtos da pauta exportadora brasileira, o material de transporte se mantém como grupo líder de produtos, com 27%, em razão do crescimento das exportações de aeronaves, mas também na parte automotiva há crescimentos expressivos. Em segundo lugar estão os produtos metalúrgicos que, com uma influência muito grande de preço, têm se colocado como um produto expressivo na indústria brasileira e também na nossa pauta exportadora. Depois o petróleo e combustíveis. Logo em seguida, aparecem os minérios, depois carnes, químicos, máquinas e equipamentos. “É muito relevante a presença brasileira no mercado latino-americano como fornecedor de máquinas e equipamentos”. Para fechar a lista, o palestrante citou a soja, papel e celulose, açúcar, equipamentos elétricos, calçados e couro inseridos na pauta. Já no campo dos destinos, a União Européia segue como principal compradora

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19

P AINEL I

Segundo Carlos Thadeu, chefe do Departamento Econômico da CNC, as altas taxas de crescimento do Peru fazem com que haja um grande fluxo de investimentos para o país.

de produtos brasileiros, mas há um crescimento de 25% das exportações nacionais para a América Latina E, em segundo lugar, verifica-se uma expansão forte das vendas para a Ásia. ”Esse quadro é muito bom, já que as nossas importações de produtos asiáticos também têm tido uma expansão muito forte”, disse.

Aumento das importações O forte crescimento das importações brasileiras no primeiro bimestre de 2008 também foi objeto de análise por parte do palestrante. De acordo com ele, a importação brasileira cresceu 50.7%, mas, os bens de capital lideraram a pauta de importação. “Isso é muito salutar, pois demonstra que o investimento na indústria brasileira vem, de fato, crescendo”, afirmou. Os bens de capital tiveram um crescimento de 57.4% e os bens intermediários, que são produtos que vão entrar em processo produtivo do Brasil tiveram crescimento de 54,3%. As importações de petróleos e combustíveis subiram 37.2%, e a de bens de consumo, 46.2%. 20

Em relação aos fornecedores, Martins Faria informou que a Ásia se tornou a principal origem dos produtos importados pelo Brasil, com uma expansão de 60%, sobretudo liderado pelas compras originárias da China. “Isso não é uma particularidade do Brasil, pois a China está se tornando o principal exportador mundial, com perspectiva que, em 2008, esse país ultrapasse a Alemanha na posição de líder no setor de exportações”. A indústria brasileira compra da China componentes, partes e peças, e insumos para manter o seu nível de competitividade nos mercados nacional e externo. No entanto, o expositor destacou o crescimento expressivo das importações de produtos da Aladi, que registraram um aumento de 56.1%, nos dois primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2007. “Um crescimento bastante vigoroso, seguramente influenciado por esse programa de estímulo às aquisições de produtos dos países da América do Sul. Destaco o Mercosul, com 64% de crescimento nas nossas aquisições. O Brasil tem um superávit histórico dentro do bloco, e isso

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demonstra que há uma tendência de maior equilíbrio nesse mercado”, analisou.

“Acredito que tanto Brasil e Peru têm um cenário muito favorável, não só comercial, mas também das próprias economias como um todo” F Á B I O MA RT I N S F A R I A

Comércio Brasil-Peru Em relação ao comércio Brasil-Peru, o palestrante disse que o intercâmbio tem tido uma evolução positiva, que deve continuar em 2008. “É um quadro muito favorável do comércio. Em 2008, há um crescimento ainda forte, mas puxado, sobretudo pelas exportações brasileiras. A perspectiva é o crescimento no fluxo de comércio. Temos todas as condições para que isso ocorra ao longo do ano” considerou. O petróleo lidera a pauta de

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P AINEL I Franca de Manaus como uma Área de Livre Comércio de incentivos fiscais especiais estabelecidos com a motivação de criar um pólo de desenvolvimento baseado nos três setores básicos da economia: o comercial, o industrial e o agropecuário”, disse Ianck.

“A preservação ambiental é um valor muito importante que tem sido agregado ao processo de integração e desenvolvimento da Zona Franca de Manaus” OLDEMAR IANCK

Oldemar Ianck, da Suframa, disse que a Zona Franca Manaus vem passando por um processo de modificação ao longo do tempo.

exportação brasileira para o Peru, enquanto do lado da importação, o cobre é o principal produto. “É importante dizer que o Brasil também tem se tornado um grande produtor de cobre, mas continua adquirindo com força esse produto do Peru e do Chile. Há, inclusive, investimentos de empresas brasileiras na exploração dos minérios, sobretudo no Peru” afirmou Martins Faria.

crescimento do intercâmbio peruano com o mundo. Sendo assim, acredito que tanto Brasil e Peru têm um cenário muito favorável, não só comercial, mas também das próprias economias como um todo, com inflação controlada e geração de emprego, o que favorece o desenvolvimento do comércio, do intercâmbio e dos investimentos entre os dois países”, disse concluindo a sua apresentação.

“O ano de 2008 já pode se configurar como o ano de recuperação das exportações na Zona Franca de Manaus, especialmente do principal produto que é o telefone celular”

Zona Franca de Manaus

OLDEMAR IANCK

Ao levantar o quadro histórico da balança comercial peruana, o palestrante disse que o Peru tinha uma situação deficitária até o final da década de 90, mas tornou a sua balança superavitária a partir de 2002. “Houve, também, a exemplo do que aconteceu no Brasil, um grande 22

Oldemar Ianck, superintendente da Suframa, foi o último palestrante do Painel I. Ao iniciar a sua apresentação, ele traçou um breve retrospecto sobre a criação e a atuação da Zona Franca de Manaus. Localizada na Região Norte do país, a Zona Franca funciona como uma espécie de ‘ponta de lança’ do comércio internacional brasileiro, uma vez que a região amazônica estabelece fronteiras com diversos países do continente sul-americano. Em seguida, Ianck disse que a Zona Franca vem passando por um processo de modificação ao longo do tempo, e o decreto de seu estabelecimento em Manaus se deu como um porto franco e como um contraponto à criação de uma Zona Franca em Iquitos, na selva amazônica peruana. “O artigo 1º do decreto 288 estabelece a Zona

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De acordo com o palestrante, a Zona Franca tinha sido concebida, inicialmente, apenas para estar situada na cidade de Manaus. No entanto, apesar de Manaus ainda continuar absorvendo a maior parte dos projetos, eles, aos poucos, foram estendidos para a região que passou a se chamar, a partir do decreto-lei 291, Amazônia ocidental: estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. “Foram criadas, mais recentemente, extensões da área comercial de Manaus e áreas de livre-comércio com o objetivo de fomentar o comércio fronteiriço”, afirmou o superintendente da Suframa. Ele disse, ainda, que há, atualmente, pequenas zonas francas comerciais instituídas dentro do complexo: Macapá, Santana e Tabatinga, localizadas na fronteira com o Peru; Guajamirim, na fronteira com a Bolívia; Brasiléia e Tassolândia, também na fronteira com o Peru; e Roraima, na fronteira com a Venezuela.

Pólo Industrial Ianck revelou que, hoje, o pólo mais desenvolvido de Manaus é o industrial, onde existem, aproximadamente, 500 empresas de pequeno, médio e grande porte instaladas. Em relação à mão-de-obra, o palestrante afirmou que há, em toda área, cerca de 500 mil empregos diretos e indiretos, baseado nesse pólo industrial. O faturamento do pólo industrial de Manaus em 2007 foi de R$ 50 bilhões, sendo que os principais segmentos econômicos são o eletroeletrônico e o setor de informática.

“No ano passado, em decorrência de alguns fatores, a soma desses dois segmentos ficou abaixo dos 50%”, disse, acrescentando que, em 2007, houve um crescimento forte do setor de veículos de duas rodas (bicicletas e motocicletas). No setor eletroeletrônico, ele destacou a produção dos televisores de cristal líquido, que passou de 180 mil unidades, em 2006, para 800 mil, em 2007. “Os televisores de cristal líquido estão tomando o lugar do televisor de cinescópio. Teremos o mercado quase todo atendido por televisores de plasma e de cristal líquido, esse último principalmente. Isso está trazendo uma alteração muito significativa na cadeia produtiva desses dois produtos dentro da Zona Franca de Manaus, que é objeto de um processo de substituição de produtores e de importações”, avaliou Ianck. “No que tange às vendas de bens produzidos na Zona Franca ao exterior, Ianck disse que, em 2005, as empresas da região alcançaram a quantia de US$ 2 bilhões em exportações”. No entanto, nos dois anos seguintes – 2006 e 2007 – começou-se a verificar uma queda nas vendas para o mercado externo em decorrência do aquecimento do mercado interno, mas também em razão da forte valorização do real em relação ao dólar e outros aspectos mercadológicos. “O ano de 2008 já pode se configurar como o ano de recuperação das exportações na Zona Franca de Manaus, especialmente do principal produto que é o telefone celular, ,uma vez que aprovamos projetos de programas de exportação de aparelhos de telefonia celular calculados em US$ 900 milhões de dólares. Essa quantia está voltada apenas para o mercado americano esse ano. Muito provavelmente chegaremos próximos aos US$ 2 bilhões”, previu. Entre os principais produtos de exportação estão os telefones celulares, motocicletas, televisores, produtos de alto valor e conteúdo tecnológico agregado. A Argentina, os Estados Unidos e o Peru constituem os mercados de destino das vendas desses produtos. Já em relação às principais importações, o principal produto comprado do Peru pela região da Zona Franca é a ligas de prata. “Do total de US$ 125 milhões de ligas de pratas importadas pelo Brasil, a Zona Franca de Manaus responde por US$ 98 milhões. Por questões tecnológicas e ecológicas, há uma

acelerada troca das ligas de chumbo, utilizadas nas linhas de inserção de componentes na fabricação de produtos eletrônicos, por ligas de prata”, considerou o representante da Suframa. Em relação aos investimentos totais, Ianck disse que, atualmente, eles estão orçados em mais de US$ 7 bilhões em todo pólo industrial de Manaus. Além das características originais de Zona Franca, Ianck ressaltou o fato de a região também servir de plataforma de arrecadação de tributos. De acordo com ele, a concentração de tributos e o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadoria e de Serviços) do estado do Amazonas é importante, pois permite fazer programas de desenvolvimento sustentável, como a aprovação da lei de mudanças climáticas na Assembléia Legislativa do estado, fazendo com que esses recursos provenientes dos impostas se revertam em programas de desenvolvimento sustentável para a manutenção e preservação da floresta Amazônica. “Tivemos uma arrecadação total do ano passado de R$ 12,5 bilhões em impostos. Como o faturamento é de R$ 50 bilhões, 25% de tudo o que é produzido é arrecado em tributos”, disse.

Preservação da floresta O representante da Suframa disse, ainda, que a despeito do processo de desenvolvimento de produção industrial de Manaus, está sendo possível preservar, dentro do estado do Amazonas, preservar 98% das florestas. “Atualmente, a preservação ambiental é um valor muito importante que tem sido agregado ao processo de integração e desenvolvimento da Zona Franca de Manaus”, afirmou o representante da Suframa. Ele revelou que o estado do Amazonas tem, hoje, a Lei de Mudanças Climáticas, já aprovada na Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas, que consiste em traça uma meta de desmatamento zero, baseada em uma série de benefícios, fiscais e orçamentários, às populações que vivem e trabalham no interior e que não desmatam. “À medida que as comunidades demonstram que não está havendo desmatamento, elas recebem recursos financeiros diretos através do programa denominado‘Bolsa-floresta’, que tem uma fundação feita pelo Estado do Amazonas

A preservação da floresta amazônica está entre os projetos da Suframa.

captando recursos internacionais para fazer frente a esse projeto”, afirmou. Entre os projetos estratégicos desenvolvidos na Zona Franca de Manaus, o palestrante destacou: o Centro de Ciência, Tecnologia e Inovação, vinculado ao desenvolvimento do pólo industrial de Manaus; e o Centro de Biotecnologia da Amazônia, que é para fomentar o desenvolvimento sustentável. Está prevista, ainda, a criação de um pólo gás-químico. Os estudos para a criação desse pólo foram feitos pela Petrobras, Universidade Federal do Maranhão e Universidade Federal do Rio de Janeiro. O expositor informou, ainda, que a Suframa estabeleceu, recentemente, uma design-house em Manaus voltada para projetos de circuitos integrados dentro do centro tecnológico do pólo. Há também em curso programa de cooperação com centros de nível internacional, nas áreas de microeletrônica e biotecnológica. “O Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), que é um projeto desenvolvido junto com o Ministério do Meio Ambiente e o da Ciência e Tecnologia, sob a liderança do MDIC, tem o objetivo de fazer com que suas pesquisas virem produtos e a biotecnologia seja o ponto de desenvolvimento futuro da nossa região”, disse Ianck. Por fim, o superintendente da Suframa revelou que a instituição está em processo de internacionalização cada vez mais abrangente. Isso se dá por intermédio da participação, negociações, promoção comercial, missões, congressos e a realização da Feira Internacional da Amazônia pelos diretores da Suframa.

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P AINEL II

Tecnologia, infra-estrutura e construção civil em pauta Painel aborda a importância dos setores portuário, de tecnologia e da construção para o incremento das relações bilaterais

Da esquerda para direita: Alberto de Araújo Filho, Lucia Maldonado, Luiz Bonfim, Cesar Maia e José Valentin Alvarez: Investimentos em Infra-estrutura foi tema do Painel II.

As exportações Brasileiras nas áreas de construção civil, siderurgia e modernização portuária foi tema do Painel II, e teve como presidente da sessão a vice-Presidente-Executiva da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Lucia Maldonado, e moderado pelo diretor de Comércio Exterior do MDIC, Arthur Pimentel. A sessão contou com os expositores: o presidente da Bull, Alberto Lemos de Araújo Filho, o chefe da Divisão de Mercado da Companhia DOCAS do Rio de Janeiro 24

(CDRJ), Luiz Bonfim; e o Diretor da Odebrecht Logística e Exportação da Construtora Norberto Odebrecht, José Valentin Alvarez.

Investindo no Peru

O

presidente da Bull, Alberto Lemos Araújo Filho, o primeiro palestrante do Painel II, iniciou a sua participação dizendo que a empresa investe alto no Peru. A Bull é uma empresa multinacional européia que investe em tecnologia da informação e tem operações no mundo inteiro. A empresa fez, recentemente, opções de investimento

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tecnológico no setor de engenharia e, segundo Araújo Filho, a Bull está cada vez mais se caracterizando por ser uma grande fornecedora de soluções de engenharia de tecnologia da informação no mercado internacional. O expositor acrescentou que a Bull é uma companhia de porte médio européia, com faturamento na ordem de um bilhão e meio de dólares em 2007, e com um perfil de operação fortemente orientado para projetos na área de setor público, telecomunicações, energia e setor financeiro. “Essas operações vêm sendo a vertente de trabalhos da Bull na América Latina, e, em especial no Brasil” disse o executivo. Além do Brasil, as operações da Bull na América Latina também estão presentes na Argentina, Uruguai, México e Peru. “No início de 2007, começamos a observar o mercado peruano na busca por

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P AINEL II novos investimentos. O que nos chamou a atenção foi a desregulação dos investimentos no Peru e a forma eqüitativa que o Peru dá ao tratamento sobre os capitais e investimentos, o que nos permite prever com maior clareza o retorno dos investimentos que a gente pode fazer a médio e longo prazo”, afirmou o palestrante.

“A super-computação é uma realidade e estamos investindo muito nessa tecnologia” LEMOS ARAÚJO FILHO

Levando tecnologia As demandas do mercado peruano para o setor de investimentos em infra-estrutura também serviram como motor de atração da empresa, segundo informou Araújo Filho. “Investimentos em infra-estrutura demandam suporte de tecnologia de informação para que possam ser otimizados e bem desenvolvidos”, explicou. A transparência governamental foi, também, um outro aspecto apontado como interessante pela empresa, pois a demanda crescente da sociedade peruana por um governo mais transparente tem levado o país a um incremento na utilização de canais de comunicação entre governo e sociedade. Tal processo exige maiores investimentos em modernização dos canais para melhor atender à sociedade peruana. “Tudo isso está totalmente em linha com a nossa visão de desenvolvimento do mercado. Tomamos, assim, a decisão de abrir nossa subsidiária no Peru, que começou a operar no início de 2008. Vislumbramos oportunidades no campo da infra-estrutura, da energia, do petróleo, do gás e das telecomunicações, onde nós temos bastante experiência na América Latina e internacionalmente”, disse.

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cações, o executivo disse que a empresa trabalha com vários centros de pesquisa internacionais, em distintos domínios tecnológicos, com tecnologias de vanguarda bastante representativas. Um dos centros de tecnologia da Bull de telecomunicações fica em São Paulo. Quanto ao mercado das utilities, ele disse que a Bull atua como uma extensão do modelo de negócios que a empresa consegue desenvolver ao longo de mais de 15 anos em investimentos em telecomunicações. Isso, de acordo com o expositor, faz com que seja possível a empresa tratar esse mercado de inovações de forma bastante inovadora. Já em relação ao campo da energia, Araújo Filho disse que a Bull também desenvolve tecnologias no campo do petróleo. “Um bom exemplo de empresa que emprega essa tecnologia é a Transpetro, que a utiliza na gestão dos seus dutos há muitos anos”, afirmou. Dentro do mercado de desenvolvimento de novas tecnologias, o executivo disse que a empresa levanta a bandeira em favor do software livre. De acordo com ele, os investimentos em software livre de grande envergadura para computadores têm permitido a Bull ter maior independência tecnológica. ”Todo esse acervo tecnológico também vai ser disponibilizado no desenvolvimento dos negócios no Peru”, disse. Em relação a modelos de software livre, ele destacou duas iniciativas. A primeira delas é o desenvolvimento de um robô, que vai trabalhar em conjunto com centros de tecnologia do Brasil e da Europa com o objetivo de criar um gerador de aplicações automatizado. A segunda iniciativa refere-se a um consórcio com mais de 100 membros, baseado na Europa, mas com braços na China e também no Brasil, no sentido de desenvolvimento de tecnologia de vanguarda de software livre.

Suporte

Parceria com o setor público

Araújo Filho disse que, ao longo dos últimos anos, a Bull está desenvolvendo tecnologias de suporte às operadoras de telecomunicações. “Hoje, dois terços das operadoras brasileiras operam com tecnologias que implantamos”, informou o palestrante. No campo das telecomuni-

O desenvolvimento da tecnologia de informação, por intermédio da atuação da empresa, também ganha espaço dentro do setor público peruano. “No campo da seguridade social, tivemos a oportunidade de implantar todo o sistema de previdência do Uruguai, que também deslumbramos

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como grandes oportunidades de automação e desenvolvimento da sociedade do Peru. Estamos nos referindo aos processos de concessão de aposentadoria e de benefícios de forma bastante automatizada e com um incremento grande da cidadania relacionada a esse tipo de aplicações”, explicou. Para ele, o campo de segurança pública é visto como um grande potencial de negócios no Peru, sobretudo em relação ao controle de fronteiras. “Há um recrudescimento da segurança nas fronteiras na América Latina decorrente do aumento do tráfico de drogas e da criminalidade internacional, e isso exige que estados e governos façam maiores investimentos em segurança internacional”, afirmou. Ele acrescentou que no Brasil, a Bull implantou, há dois anos, o novo sistema de controle de fronteiras. “Entendemos que o Peru possa ter grandes benefícios no uso dessas tecnologias”, disse.

Supercomputadores A integração de plataformas e de tecnologias de vanguarda é um outro domínio de negócios que, segundo Araújo Filho, a Bull pode contribuir com o Peru. Ele falou que a empresa tem experiência nesse setor, pois trabalha, há mais de 15 anos, no desenvolvimento de todas as tecnologias de faixa intermediária da IBM para o mundo inteiro. “Detectamos no Peru a demanda por esse tipo de plataforma. Podemos vir a ajudar. Outro exemplo de tecnologia que nos parece importante para a sociedade peruana como um todo é o desenvolvimento das tecnologias de armazenamento e estocagem de alta complexidade, e tecnologias de servidores abertos, como Linux e Windows”, comentou. O palestrante informou, ainda, que, este ano, foram inaugurados no Brasil os três maiores computadores da América do Sul, fora do sistema Petrobras (maior usuário de alta potência do país), e que há outros em andamento. “Estamos falando de novidades e tecnologias que vão estar à disposição do desenvolvimento da sociedade, como no setor da agricultura. A supercomputação é uma realidade e estamos investindo muito nessa tecnologia”, disse, concluindo a sua participação.

Luis Bonfim, da Docas-Rio, disse que os portos do Rio movimentaram 48 milhões de toneladas de carga, em 2007.

Setor Portuário Fluminense O palestrante seguinte foi Luis Bonfim, diretor da Companhia Docas do Rio de Janeiro. A companhia faz parte da Secretaria Especial dos Portos e representa os quatro portos existentes no estado do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Niterói, Itaguaí e Angra dos Reis. Bonfim iniciou a sua exposição informando que, em 2007, a movimentação de cargas nos portos do Rio de Janeiro ultrapassou 48 milhões de toneladas, representando um volume de mais de 600 mil TEUs (contêiner de 20 pés). De acordo com ele, esse resultado é fruto do programa de investimentos desenvolvido pelo órgão que, entre muitos pontos, trabalha na duplicação da movimentação do porto, por intermédio da melhoria da infra-estrutura de acessos terrestres e marítimos. “Com recursos do governo federal, via PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo do Estado do Rio de Janeiro e da Prefeitura do Rio de Janeiro, mais de R$ 200 milhões de investimentos irão para os portos, nos próximos anos, e vão estimular a movimentação até o limite de 16 milhões de toneladas em 2007, segundo uma projeções feitas pela nossa equipe”, disse. Ao falar sobre o porto do Rio de Janeiro, Bonfim disse que ele está estruturado em terminais de contêineres, terminais de embarque e desembarque de automóveis, terminais de produtos siderúrgicos,

terminais de importação de trigo, terminais de bobinas de papel para imprensa e o terminal de passageiros e cruzeiros marítimos, este último está em obras de expansão. “O terminal de passageiro tem atualmente 100 metros de frente e existe um projeto para modernização da área portuária. Atualmente, estamos fazendo obras nos outros armazéns para fazer ampliação desse terminal de passageiros que vai passar a ocupar quatro armazéns que estão desativados. É um projeto muito bonito que vai inclusive colocar a área portuária num alto patamar em relação à paisagem do Rio de Janeiro. O governo federal, o governo estadual e a companhia Docas almejam integrar o porto à urbanização da cidade”, afirmou o representante da Docas Rio. A movimentação de passageiros só existe no porto do Rio de Janeiro. O expositor contou que, em 2007, 236 mil passageiros passaram pelo porto e existe uma projeção para que haja, em 2009, 500 mil passageiros, o que vai beneficiar o turismo na cidade do Rio de Janeiro. “Atualmente, durante a alta temporada, a escolha dos turistas pelo porto do Rio vem aumentando”, afirmou o palestrante. A temporada de navios de turismo começa em novembro e termina em meados de abril.

Investimentos O porto de Itaguaí, que se situa na baía de Sepetiba (região metropolitana do Rio), tem todos os terminais arrendados e estão sendo expandidos com investimentos privados. Os terminais do porto de Itaguaí compreendem: um terminal de carvão e de minério da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); os terminais de minério e granéis agrícolas da CompanhiaVale; e os terminais de contêineres, que movimentam, também, produtos siderúrgicos e veículos, além de outras cargas. De acordo com Bonfim, o valor total das cargas movimentadas no porto de Itaguaí cresceu 25% entre 2006 e 2007. “Existem algumas projeções que apontam que, até 2010, é possível que se chegue ao total de 100 milhões de toneladas. Estamos trabalhando para tentar chegar a esse objetivo”, disse o expositor. Em relação à movimentação de auto-

móveis realizada tanto no porto do Rio de Janeiro quanto no porto de Itaguaí, o representante de Docas disse que, em 2007, cerca de 197 mil veículos passaram por esses terminais portuários. Quanto à movimentação de contêineres, o expositor informou que, em 2007, cerca de 600 mil TEUs foram movimentados nos dois portos.

“Nas ações sociais, além das que já são desenvolvidas em cada país e em cada empreendimento, a fundação Odebrecht tem centrado na educação dos jovens” J O S É V A L E N T I N A LVA R E Z

Infra-estrutura Os portos do Rio de Janeiro e de Itaguaí passaram, recentemente, por obras de infra-estrutura portuária terrestre. No porto do Rio de Janeiro, houve a ampliação da retro-área, que contou com investimentos de R$ 1,23 milhão. Bonfim disse que há, ainda, a construção de complexo administrativo, da instalação portuária para inspeção fito sanitária e a demolição do antigo armazém frigorífico, uma vez que hoje as cargas que são frigoríficas vêm em contêineres próprios. Quanto aos investimentos na área de infra-estrutura marítima, Bonfim

Araújo Filho afirmou que a Bull pode contribuir com o Peru.

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P A I N E L II social, esse projeto foi implementado em Angola, tornando-se referência mundial. Em relação à participação nos diversos segmentos de construção, Valentin Alvarez afirmou que a empresa possui 52 mil megawatts em empreendimentos na área de energia (o equivalente a quatro vezes à potência de Itaipu instalada), além de usinas termelétricas, rodovias, ferrovias e aeroportos. “Atuamos nas três Américas, África, Europa e Oriente Médio. O nosso faturamento, em 2007, foi de US$ 3,5 bilhões, dos quais 65% no mercado externo”, disse o palestrante. Ele acrescentou que hoje, a Odebrecht conta com 44 mil funcionários, sendo que a metade desse total se encontra no exterior.

Atuação no Peru

José Valentin Alvarez, da Odebrecht: “O centro de tudo da empresa é a confiança nas pessoas, na capacitação e no desejo de evoluir”.

destacou as obras de dragagem do canal de acesso, dos aprofundamento dos berços do porto do Rio de Janeiro para que ele possa receber navios com um calado maior. Além das obras, o palestrante informou que Docas está implantando o sistema de balanças e de interligação através de uma rede wireless entre as balanças e os portões do porto do Rio de Janeiro. Já no porto de Itaguaí, os investimentos do governo federal foram da ordem de R$ 1,2 milhão em infra-estrutura da parte terrestre, como a pavimentação das pistas do porto. O palestrante informou que, da mesma forma que se deram os investimentos no porto do Rio de Janeiro, foram realizadas obras de melhoria da pavimentação de pistas internas e a reconstrução da subestação elétrica. “Em termos de instalações prediais, temos no porto de Itaguaí a construção de complexo administrativo portuário, orçado em R$ 400 mil, e a construção de instalação portuária para inspeção fito sanitária, que teve investimentos da ordem de R$ 100 mil”, afirmou, finalizando a sua participação no painel.

Odebrecht José Valentin Alvarez, diretor da Odebrecht foi o último palestrante do Painel II. A empresa, fundada em 1944, atua na área de engenharia e construção, química e petroquímica, sendo líderes nessas duas últimas na América Latina, investimentos em infra-estrutura, e açúcar e álcool e hoje se consagra como uma das maiores companhias do mundo nesses setores. Esse reconhecimento internacional se traduz na posição de líder na área de hidrelétricas e a 29ª empresa no ranking mundial de faturamento fora do país de origem, segundo dados de publicações internacionais especializadas no setor de construção. “O centro de tudo da empresa é a confiança nas pessoas, na capacitação e no desejo de evoluir. Nas ações sociais, além das que já são desenvolvidas em cada país e em cada empreendimento, a fundação Odebrecht tem centrado na educação dos jovens”, disse Alvarez, no início da sua apresentação. Ele citou como exemplos o projeto desenvolvido na região conhecida como Baixo Sul, na Bahia, considerado uma referência de combate à AIDS, e que, devido ao sucesso dessa ação

Alvarez comentou na palestra que o Peru é um marco da internacionalização da Odebrecht, em razão de ser o primeiro projeto executado fora do país, que foi a construção da usina hidrelétrica de CharcaniV. “As obras começaram em 1979 e, desde então, estamos presentes no Peru”, disse o executivo. Ele revelou que o faturamento da Odebrecht, em 2006, foi de US$ 214 milhões, e, em 2007, a empresa exportou US$ 4 milhões em bens para o Peru.

“Atuamos nas três Américas, África, Europa e Oriente Médio. O nosso faturamento, em 2007, foi de US$ 3,5 bilhões, dos quais 65% no mercado externo” J O S É V A L E N T I N A LVA R E Z

Entre os principais projetos desenvolvidos no país vizinho, ele citou o Chavimochic (projeto de irrigação desenvolvido no norte do Peru) e a rodovia Ilo-Desaguadero (obra de saneamento em Lima e o sistema de água potável). “Estamos, atualmente, atuando com investimentos em obras públicas e contratos privados. No setor privado, temos um porto em Lima e, em parceria com o setor público, estamos trabalhando nas obras do sistema de água potável em Iquitos”, disse o executivo da Odebrecht, finalizando a sua exposição.

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P AINEL III

Integrando pelos setores da energia e de serviços Financiamentos e parceria energética são os temas de debate do Painel III

Da esquerda para a direita: Milas Evangelista de Sousa (Petrobras), ônsul-Geral do Peru, Luis Arribasplata, André de Barros Rüttimann (BNDES), Jovelino Gomes Pires (AEB).

Presidido pelo secretário de Comércio e Serviços do MDIC, Edson Lupatini, o Painel III teve como tema: O relacionamento Brasil-Peru nos setores de serviços e energia. As exposições ficaram a cargo do cônsul-Geral do Peru, ministro Luis Arribasplata; o gerente de Avaliação de Desempenho Internacional da Petrobras, Milas Evangelista de Sousa; o gerente do Departamento de Comércio Exterior e Integração da América do Sul do Banco Nacional de Desenvolvi30

mento Econômico e Social (BNDES) André de Barros Rüttimann; e o presidente da Câmara de Logística da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) Jovelino Gomes Pires. O secretário de Comércio e Serviços do MDIC, Edson Lupatini, abriu os trabalhos de exposição do Painel III do seminário bilateral Brasil-Peru, dizendo que o evento vai ao encontro do movimento de integração que o governo brasileiro está promovendo na América Latina e também no

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Caribe. “Esses seminários nos ajudam a conhecer melhor nossos parceiros, identificar oportunidades e aumentar cada vez mais o comércio com esses países vizinhos”, afirmou. Em seguida, ele mencionou estudos feitos pelo Banco Mundial que apontam o Peru como um país competitivo, não só em razão da abundância de recursos minerais, mas também pela evolução gradativa para uma economia que faz uso eficiente dos fatores de produção existentes no país. ”Nos últimos anos,

a economia peruana cresceu a taxas bem maiores do que as verificadas nos demais países da América Latina. Firmou acordos importantes com o Mercosul e também um acordo de livre comércio com os Estados Unidos”, lembrou Lupatini. O secretário do MDIC disse que o Peru está fortemente empenhado em melhorar a sua infra-estrutura em todas as áreas, como a logística, a construção de casas populares, rodovias, água e saneamento. “O Peru está investindo grande parte dos seus recursos para melhoria das condições de seu povo, e isso tem redundado em diversos contratos com as empresas brasileiras”, afirmou. Dentro desse setor, ele comentou que as empresas brasileiras podem atuar nas áreas de construção civil, arquitetura, engenharia, geração e distribuição de energia elétrica, atividades fabris, desenho industrial, reparo e manutenção de maquinário. Ele apontou, também, investimentos que podem ser feitos por companhias brasileiras nas atividades de mineração, na produção de software e gerência de serviços financeiros. Segundo ele, há ainda, além do setor de infra-estrutura, outras grandes oportunidades de negócios do Peru. “Na área do varejo, é possível estabelecer grandes mercados E isso pode representar um

movimento contrário àquele que vem se identificando no Brasil, com a chegada de grandes empresas multinacionais nessa área. Temos a possibilidade de internacionalizar esse tipo de negócio, que arrastaria consigo outros serviços e também produtos com uma agregação de valor substantiva”, disse.

Turismo

P

ara fazer o pronunciamento especial do Painel III, foi convidado o cônsul-geral do Peru, Luis Arribasplata, que tratou, de forma breve, o tema do turismo. Ele comentou que o país andino está investindo no setor de turismo, buscando qualificar a infra-estrutura e variar todos os nichos. “Já tivemos um turismo tradicional e já tivemos um turismo de backpackers (mochileiros). Estamos, agora, tentando fazer um turismo de maior nível para pessoas que gostam de aventura e que não querem fazer só o tipo de turismo tradicional”, disse o diplomata. Em seguida, o presidente do Painel chamou o gerente da Petrobras, Milas Evangelista de Souza, para fazer a exposição sobre os investimentos da estatal petrolífera no Peru.

Petrobras no Peru Evangelista de Souza iniciou a sua exposição informando que a Petrobras está presente em três blocos, no Peru, em áreas localizadas ao norte do país. As áreas de atuação da empresa estão na Bacia do Maranhão, Bacia de Madre de Dios e Bacia de Talara. Ele explicou que na Bacia Maranhão, a Petrobras tem a participação no lote 103, junto com outras empresas. Na Bacia de Madre de Dios, a companhia brasileira atua sozinha nos blocos 110 e 58, e detém 46% do bloco 57. “O bloco 57 é

onde foi anunciada, recentemente, a descoberta de gás, o que abre novos horizontes para a companhia”, afirmou o gerente. Já na Bacia de Talara, a estatal produz 15 mil barris diários de petróleo. “É uma área importante para a nossa produção fora do Brasil. Já investimos US$ 75 milhões para ampliar a nossa produção no Peru e, para os próximos quatro anos, estaremos investindo mais US$ 350 milhões”, disse. Ao falar da descoberta de reservas de gás no bloco 57, Evangelista de Souza disse que, agora, o Peru irá figurar entre os países que são hoje auto-suficientes no consumo de gás. Atualmente, o Peru tem uma reserva atual de 16 tcf, com o principal volume vindo da Bacia de Camisea. “Mas há o potencial de dobrar esse volume nas próprias áreas já identificadas, com estudos adicionais.Temos uma noção desse potencial atual, com somente o que está descoberto. Uma demanda local está estimando crescimento nos próximos vinte anos na produção de gás e na produção de energia elétrica”, considerou o gerente da Petrobras.

“O Peru está investindo grande parte dos seus recursos para melhoria das condições de seu povo, e isso tem redundado em diversos contratos com as empresas brasileiras” E D S O N L U PAT I N I

Os trabalhos realizados no lote 57 ainda estão no estágio inicial. Segundo o expositor, é preciso, ainda, de um ou mais postos de extensão para trabalhar melhor essas reservas e talvez outros estudos adicionais. “Até meados de 2009, é provável que nos saibamos o volume exato do que foi descoberto no lote 57 e se existe gás no lote 58”, disse. Ele explicou que, como os volumes são potencialmente grandes e esse projetos têm um tempo de maturação de longo prazo, é preciso começar a pensar desde já nas alternativas para a utilização desse gás. Uma das possibilidades de uso, citada pelo expositor, está ligada a projetos de fertilizantes.

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P AINEL III Trabalhando com a Petroperu O gerente da Petrobras disse que a estatal brasileira busca parcerias com a Petroperu (estatal petrolífera peruana) e ambas assinaram, recentemente, dois memorandos de entendimento “Estamos em vias de assinar um outro, para suporte técnico e modernização da refinaria de Talara”, afirmou. Ele acrescentou que estão em análise outras oportunidades de negócio na área de distribuição e na área de colocação de lubrificantes da Petrobras na Petroperu. Ao concluir a sua exposição, o gerente da Petrobras passou a palavra para o gerente do Departamento de comércio exterior da América do Sul do BNDES, André de Barros.

“Estamos, agora, tentando fazer um turismo de maior nível para pessoas que gostam de um turismo de aventura e que não querem fazer só o tipo de turismo tradicional” L U I S A R R I B A S P L ATA

BNDES Barros fez, de início, comentários a respeito da linha de financiamento a exportações do BNDES, explicando que ela inclui tanto financiamento a bens quanto a serviços. Em seguida, ele disse que o banco tem, também, uma linha de investimento direto no exterior, onde a instituição presta apoio às empresas brasileiras que queiram investir em projetos em outros países.”O BNDES tem mais de 50 anos de experiência e já participou de grandes projetos de integração, como a Itaipu binacional, a rodovia que liga o Brasil a Venezuela, entre outros. Desde a década de 90, o Banco tem operado com a linha de financiamento às exportações, sendo que a partir de 97 nós temos apoiado as exportações de serviços especificamente”, afirmou. André de Barros disse que o BNDES é a principal fonte de crédito a longo prazo do Brasil. Os dados financeiros da instituição mostram que o banco tem US$ 114 bilhões 32

em ativos e o patrimônio líquido do BNDES atingiu, em 2007, US$ 14 bilhões. “As liberações do banco vêm dobrando a cada três anos, e alcançou US$ 34 bilhões ano passado. Este ano, os financiamentos devem alcançar ou superar os 40 bilhões”, previu o gerente.

“Já investimos US$ 75 milhões para ampliar a nossa produção no Peru e, para os próximos quatro anos, estaremos investindo mais US$ 350 milhões” M I L A S E VA N G E L I S T A

DE

SOUSA

Em relação ao apoio das exportações, Ramos explicou que o BNDES tem duas linhas: pré-embarque e pós-embarque. A primeira linha refere-se ao apoio a produção das empresas brasileiras para exportação. Já a linha pós-embarque consiste no apoio à comercialização de bens de alto valor agregado para qualquer país. No entanto, o gerente afirmou que o banco tem dado prioridade para os países da América do Sul. “O BNDES tem dado um foco especial à integração da América do Sul, também na parte institucional, procurando se aproximar das instituições financeiras da região e viabilizando maiores projetos nesses países”, considerou. André de Ramos informou que as exportações financiadas pelo BNDES alcançaram US$ 6 bilhões e, para 2008, a previsão é que o financiamento às vendas para o exterior volte ao patamar de US$ 5 bilhões, com tendências de crescimento para os anos seguintes. Desde 2003, o apoio às exportações de serviços pelo BNDES teve um fortíssimo crescimento. Chegou a quase 300 milhões e ano passado chegou à marca de 650 milhões de dólares. A previsão é de que nesse ano chegue aos 800 milhões de dólares. O banco não apóia exportação de commodities, porque essa parte o mercado já atende com outros recursos, então o foco do banco está nos bens e serviços. As garantias que o BNDES trabalha para esse tipo de financiamento são basicamente seguro de crédito para as exportações.

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Quanto à linha de investimento direto externo, o gerente considerou que o objetivo do BNDES é apoiar investimentos em projetos de empresas brasileiras no exterior, mas a grande parte desse tipo de operação ocorre na América do Sul. “O BNDES pode apoiar tanto na construção como na aquisição de ativos ou na ampliação e modernização de novas unidades industriais no país, bem como serviços associados, mas os beneficiários nesse caso são as empresas brasileiras de capital nacional”, disse, concluindo a sua apresentação.

Corredores multimodais O último palestrante do Painel III foi Jovelino Gomes Pires, presidente da Câmara de Logística da Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB. De início, ele teceu elogios ao desempenho econômico do Peru, lembrando que o país vem tendo um desenvolvimento muito bom e que está atraindo investimentos para lá. Em razão disso, Gomes Pires defendeu uma reavaliação de mecanismos que permitam uma maior aproximação entre Brasil e Peru. Para que isso seja concretizado, o expositor disse que é preciso dar maior agilidade na construção de corredores multimodais. “Acredito que as obras de transporte para o Peru precisam ser terminadas. Para vender serviços para esse país, precisamos ir de caminhão. Mas, quando chove na fronteira, o transporte fica impossibilitado”, disse. Ele fez críticas à legislação ambiental brasileira que impede a utilização de alguns rios para o transporte. “Em alguns rios brasileiros, como o rio Madeira, não podemos utilizá-lo com reclusas por questões ambientais. Essas barreiras param o país.Temos necessidade de integração entre o Brasil e o Peru”, disse. Ele explicou que para mandar uma carga mais volumosa para o Peru, é preciso fazer o trajeto São Paulo- Rio Grande do Sul-Argentina-Chile, tendo às vezes, que passar pela Bolívia até chegar a Lima. “É um trânsito enorme para chegar lá. Por isso, é muito importante que as rodovias e as ferrovias sejam acionadas”, avaliou. Após o pronunciamento de Gomes Pires, o presidente do Painel, Edson Lupatini, encerrou a sessão.

ENCERRAMENTO

Trabalhando pela integração Secretário do MDIC comenta as iniciativas do governo federal para a integração regional

Composição da mesa da Sessão Solene de Encerramento que teve o pronunciamento especial do secretário de Desenvolvimento da Produção, Armando Meziat (ao centro).

O presidente da Federação das Câmaras de Comércio Exterior (FCCE), João Augusto de Souza Lima, chamou compor a mesa da sessão de encerramento do Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Peru: os membros do conselho fiscal da FCCE, Haroldo Bezerra, Aloísio Belchior e Délio Urpia Seixas, o representante da diretoria e a Firjan, César Moreira; o presidente da Câmara de Logística da Associação de Comércio Exterior do Brasil, Jovelino Gomes Pires; o secretário

Geral das Câmaras de Comércio Exterior da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Marco Aurélio de Andrade; o diretor-Conselheiro do Conselho Superior da FCCE, Embaixador Paulo Pires do Rio; o secretário de Comércio e Serviços do MDIC, Edson Lupatini; e o cônsul-Geral do Peru no Rio de Janeiro, ministro Luis Arribasplata. Como presidente da Sessão, o embaixador plenipotenciário do Peru, Hugo de Zela. Para fazer o pronunciamento especial da sessão, o presidente da FCCE convidou o secretário de

Desenvolvimento da Produção do MDIC, Armando Meziat.

Prioridade

N

o início do seu pronunciamento, Meziat afirmou que o Peru é um país no qual o Brasil tem grande interesse em aprofundar as suas relações comerciais, acrescentando que essa movimentação é prioridade de política externa brasileira. Segundo ele, prova irrefutável da importância dada pelo Brasil ao continente se constata no aumento da participação dos países sul-americanos no comércio exterior brasileiro. “Os países do Mercosul já representam 10,8% do total do comércio exterior brasileiro, considerando os dados de 2007. Em 2003, eles representavam

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E NCERRAMENTO

Armando Meziat: “Os investimentos feitos por nossas empresas já colocam o Brasil com um dos principais países investidores no Peru”.

7.8%. Já a participação da comunidade andina passou de 3,5% para 6,7% neste mesmo período”, afirmou o secretário.

“Os investimentos feitos por nossas empresas já colocam o Brasil com um dos principais países investidores no Peru atrás apenas dos Estados Unidos, do Chile e da União Européia” A R M A N D O M E Z I AT

Ele revelou que dentro do objetivo do governo brasileiro em buscar a consolidação do Mercosul e ampliar a integração de toda a América do Sul, estão sendo consideradas as assimetrias existentes entre a economia brasileira e seus congêneres no continente. De acordo com o palestrante, para diminuir as grandes diferenças existentes, o governo brasileiro trabalhou de forma intensa para firmar acordos de livre comércio entre Mercosul e demais países sul-americanos não pertencentes ao bloco (Chile, Bolívia,Venezuela, Equador, Colômbia e Peru). “Membro associado 34

do Mercosul desde 2003, o Peru é parte fundamental no processo de integração regional. E o profícuo relacionamento bilateral entre Brasil e Peru demonstra que há um grande potencial a ser explorado”, disse.

“Os países do Mercosul já representam 10,8% do total do comércio exterior brasileiro, considerando os dados de 2007” A R M A N D O M E Z I AT

Na sua visão, as empresas brasileiras podem contribuir para o crescimento econômico peruano, uma vez que a economia desse país oferece oportunidades de investimentos em setores nos quais os brasileiros atuam com grande competitividade. “Há um renovado interesse das empresas brasileiras em se expandir ou em implantar novos investimentos em setores como de biocombustíveis, siderurgia, mineração e petróleo”, detalhou Meziat. Ele contou, ainda, que o Brasil tem presença econômica crescente no Peru, com investimentos da ordem de US$ 1,3 bilhão

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nos últimos cinco anos. Esse montante de recursos é proveniente da Petrobrás,Vale, Ambev, Votorantim Metais e Gerdau, que lá se instalaram. “Os investimentos feitos por nossas empresas já colocam o Brasil com um dos principais países investidores no Peru atrás apenas dos Estados Unidos, do Chile e da União Européia”, afirmou.

Infra-estrutura Meziat destacou, também, a importância do desenvolvimento de projetos de integração de infra-estrutura de transporte como uma meta para apoiar a expansão do nosso comércio bilateral. “Cito a Rodovia Interoceânica como um exemplo da construção de uma nova etapa no relacionamento entre os nossos países Algumas outras iniciativas já estão em curso, como a instalação do Fórum Mercosul de Madeira e Móveis e o acordo automotivo atualmente em negociação entre os nossos países”. Para ele, os benefícios da integração, além de da redução de contenciosos comerciais bilaterais, refletirão, por exemplo, nas melhores condições de inserção internacional das cadeias produtivas integradas, com a geração de maiores exportações e, consequentemente, de maior número de empregos e de renda.

POLÍTICA COMERCIAL

Estimulando o crescimento do fluxo de comércio Secretário do MDIC diz que a diminuição do saldo comercial é resultado do bom desempenho da economia brasileira

Para Ivan Ramalho, o Brasil precisa importar mais dos países vizinhos.

O crescimento da economia brasileira vem fazendo com que o País aumente as importações. Contudo, grande parte das nossas compras no exterior estão voltadas mais para o incremento da produção industrial interna, dando, assim, mais dinamismo à indústria nacional. A análise é do secretário-executivo de Comércio

Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ivan Ramalho. Muitas vezes presente aos seminários bilaterais organizados pela FCCE, Ramalho disse, em entrevista, que o cenário do comércio exterior brasileiro vai bem, uma vez que se verifica o aumento do fluxo comercial do Brasil com o

mundo, sobretudo com os países da América do Sul.

O Peru é o primeiro país convidado a participar da série de seminários bilaterais promovida pela FCCE. Qual é o peso desse país no comércio exterior brasileiro na visão do MDIC?

Ramalho – Em relação ao Peru, o MDIC aplaude a iniciativa de convidar

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P OLÍTICA C OMERCIAL esse país para o seminário, uma vez que o governo busca, cada vez mais, trabalhar para a integração da América Latina. Além disso, uma parcela considerável do superávit brasileiro se dá justamente com o comércio dos países da região, e isso inclui o Peru. Mas hoje, o governo está estudando projetos, juntamente com muitos países da América Latina para estimular as importações de produtos da região. Felizmente, no caso do Peru, isso aconteceu no ano passado. Em 2007, as importações brasileiras de produtos peruanos cresceram bem mais do que as nossas exportações para o Peru.

“Tivemos um crescimento do PIB superior a 5%, em 2007. Este ano, a economia brasileira continua crescendo”

Ramalho – Sim, é isso mesmo. Observe que tivemos um crescimento do PIB superior a 5%, em 2007. Este ano, a economia brasileira continua crescendo. A atividade industrial está aumentando bastante. No entanto, ao analisar a pauta brasileira de importação com mais profundidade, verificaremos que a grande maioria das compras brasileiras no exterior está vinculada ao crescimento da produção industrial. O Brasil vem importando bens de capital, principalmente máquinas e equipamentos, e que correspondem a mais de 20% do total das nossas importações atualmente. Além disso, temos também um aumento considerável de importação de matériasprimas utilizadas para processamento industrial, representando 50% de toda a nossa pauta. Os bens de consumo importados representam algo em torno a 10% do total.

I VA N R A M A L H O

Como o MDIC observou a diminuição do saldo comercial brasileiro em 2007 e a tendência de cair ainda mais em 2008? Ramalho – No que diz respeito ao comércio exterior, um dos focos principais do governo é estimular o crescimento do fluxo de comércio. Evidentemente que algumas circunstâncias fazem com que, em alguns momentos, as exportações crescem mais do que as importações, e, em outros momentos, provocados até pelo crescimento da própria economia brasileira, as importações cresçam mais. E é o que está acontecendo agora. As importações estão apresentando crescimento superior ao crescimento das exportações, devido, em grande parte, ao crescimento da economia brasileira. Significa, então, que o governo já trabalha com a expectativa de um saldo menor na balança comercial este ano, em razão do crescimento econômico? 36

Mas existem setores da indústria que fazem reclamações em relação ao aumento das importações brasileiras, sobretudo em razão do câmbio valorizado. Ramalho – É claro que, dentro desses 10% de bens de consumo importados, há certo desconforto por parte de alguns setores que se sentem prejudicados, como os setores de brinquedos, têxtil, e de calçados. Mas é bom lembrar que as exportações, mesmo com o câmbio desfavorável, continuam crescendo e é provável que elas mantenham o ritmo, sobretudo porque nós conseguimos diversificar os destinos das exportações.

“É bom lembrar que as exportações, mesmo com o câmbio desfavorável, continuam crescendo” I VA N R A M A L H O

Em relação aos destinos, como o MDIC vem acompanhando as

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vendas brasileiras nos tradicionais e nos novos mercados? Ramalho – Nós do MDIC estamos trabalhando no sentido de dar maior diversificação nos destinos. Hoje, o principal comprador de produtos brasileiros continua a ser os Estados Unidos, mas comprando menos de 20% de tudo o que o Brasil exporta. Assim, 80% de tudo que nós vendemos ao exterior consegue estar muito bem distribuído, e de forma muito satisfatória. E a distribuição também se dá nas vendas, uma vez que o Brasil não exporta apenas um grupo de produtos.

“Nós do MDIC estamos trabalhando no sentido de dar maior diversificação nos destinos” I VA N R A M A L H O

Muitos críticos da política de comércio exterior brasileira alegam que as exportações estão muito atreladas à forte demanda por commodities no mercado mundial. Como o senhor observa essas críticas? Ramalho – Muito se fala do peso das commodities nas exportações brasileiras, o que é, de certo modo, verdadeiro, mas, é preciso especificar que muito do que é considerado como commodities por analistas de mercado, na verdade são produtos que passaram por um processo de industrialização. Temos o exemplo do aço, do alumínio, do açúcar que, apesar de serem cotados como commodities, na verdade sofreram transformações industriais, sendo considerados como produtos semi-industrializados. Mas, quando observamos as commodities básicas, como minério de ferro, soja, algodão e café em grão, verificaremos que elas representam menos da metade de tudo o que o Brasil exporta atualmente.

FINANCIAMENTO

Apoio às empresas brasileiras na América do Sul Gerente do BNDES comenta as ações do banco no auxílio às exportações de bens e serviços no continente

André de Barros Rüttimann é

portação, que, em 2007, alcançou

serviços de obras de infra-estrutura

gerente do Departamento de Co-

níveis recordes para o continente

para os anos seguintes.

mércio Exterior e Integração da

sul-americano. Segundo Barros

América do Sul do Banco Nacional

Rüttimann, a tendência é que haja

de Desenvolvimento Econômico e

um aumento expressivo nos de-

Social (BNDES). Em entrevista à

sembolsos em 2008, sobretudo em

Revista da FCCE, ele falou sobre o

função do crescimento econômico

desempenho do banco no processo

de vários países da região, sobre-

de liberação de financiamentos à ex-

tudo do Peru, e que demandarão

Como o senhor avalia a atuação do BNDES no ano passado? Barros Rüttimann - O ano de 2007 foi o período em que o BNDES viu consolidando o seu apoio à área de exportação, especialmente na região sul-americana. Foi quando alcançamos o recorde de desembolsos, isto é, de liberações para

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37

US$ milhões

F INANCIAMENTO

Histórico dos desembolsos concedidos pelo BNDES nos últimos dez anos.

o apoio à exportação de bens e serviços para os países da América do Sul, chegando à quantia de US$ 433 milhões, um aumento superior a 50% em relação ao ano anterior. Em quais áreas do setor de exportação houve mais destaque? Barros Rüttimann – As liberações do BNDES para as exportações se destinaram, em sua maioria, a projetos de infra-estrutura. Há também financiamentos a vendas de máquinas agrícolas, a ônibus e outros bens, mas a parte mais expressiva se destinou às exportações de bens e serviços para obras de infra-estrutura, engenharia e construção civil. Quais são as expectativas do banco para 2008? Barros Rüttimann – Para 2008, em relação à América do Sul, a perspectiva é que o volume cresça significamente e pode vir a alcançar entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões. Já temos operações relevantes contratadas com a Argentina, por exemplo, num projeto de expansão de gasodutos. Na Venezuela, estamos financiando 38

a exportação de equipamentos para obras no metrô e de construção de uma hidrelétrica e apoiamos a exportação de ônibus para o Chile. Assim, todas essas operações já contratadas vão gerar um expressivo volume de liberações ao longo de 2008 e superarão, com bastante folga, o recorde de 2007. Qual o índice usado pelo BNDES na cobrança dos financiamentos à exportação? Barros Rüttimann – O BNDES utiliza o índice Libor como referência de juros para o financiamento às exportações. Esses financiamentos à exportação de bens de infra-estrutura e serviços geralmente têm prazos superior a cinco anos. Assim, o BNDES aplica o índice Libor mais extenso do mercado que, hoje, apresenta uma taxa de juros 3,5% ao ano. Além da Libor, nós também incluímos o spread cobrado pelo Banco. Em relação ao Peru, como o banco está auxiliando as empresas brasileiras que atuam nesse país? Barros Rüttimann – A relação do banco com o Peru está concentrada nas

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exportações de bens. Temos aí o exemplo de exportação de ônibus para o sistema TRANSLIMA, que ainda está em análise, mas há também outros projetos como construção de hidrelétricas e linhas de transmissão que, por ventura, o BNDES pode apoiar empresas brasileiras que queiram atuar nesses mercados no Peru. A atual crise financeira pode afetar os financiamentos do BNDES para este e para os próximos anos? Barros Rüttimann – Não, porque a linha de financiamentos que o BNDES trabalha está focada em produtos de alto valor agregado, que é o setor de infra-estrutura. Os países do nosso continente vêm apresentando crescimento econômico muito forte, o que demanda investimentos nessa área, e isso tem gerado muitas oportunidades para os exportadores brasileiros. E essas são exportações que tem longa maturação e, uma vez fechado o contrato, independente de turbulências que ocorram em curto prazo, as obras são tocadas.Assim, a nossa previsão de aumento nos desembolsos para 2008, pode até não chegar a US$ 700 milhões, mas ficará muito próxima a isso, independente da crise financeira mundial.

DPZ

BNDES-exim. Tirar o seu projeto do papel. Esse é o nosso projeto. Esse é o nosso papel.

O BNDES-exim, além de ser o mais importante instrumento de financiamento às exportações de produtos brasileiros, é também o caminho mais curto entre as empresas de serviços e o mercado global. Se você trabalha com projetos, obras, desenvolvimento de software e outras atividades na área de serviços, consulte as soluções BNDES-exim e leve seus conhecimentos para o mundo. Se o serviço da sua empresa é competitivo, com o BNDES apoiando ele fica imbatível. Acesse www.bndes.gov.br/exportacao.

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39

E NERGIA

Apostando no mercado de energia peruano Gerente da Petrobras comenta sobre as recentes ações da empresa no Peru O Peru é uma das maiores apostas da Petrobras para os próximos anos. Com pesados investimentos no país, a estatal petrolífera brasileira foi responsável pela descoberta de uma das maiores reservas de gás no Peru e há projeções de que mais descobertas estarão por vir. Participando do Painel II do Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos BrasilPeru, o gerente de Avaliação de Desempenho Internacional da Petrobras, Milas Evangelista de Sousa concedeu entrevista à Revista da FCCE, na qual comentou sobre os movimentos da empresa no país vizinho.

Qual é a atividade do cargo que o senhor ocupa na Petrobras? Evangelista de Sousa – A minha atividade é cuidar do planejamento, orçamento e avaliação de desempenho das unidades internacionais, com exceção do Cone Sul (Argentina, Paraguai, Chile e Bolívia). 40

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“O grande feito da Petrobras, até o momento, foi a descoberta feita pela Petrobras de gás no lote 57, localizado na região de Camisea, na zona central do Peru” M I L A S E VA N G E L I S T A

DE

SOUSA

Há quanto tempo a Petrobras está no Peru? Evangelista de Sousa – A Petrobras está no Peru desde que ela adquiriu a Perez Companc da Argentina, em 2002. A Perez Companc estava no Peru desde 1996 e, assim, assumimos as operações que essa empresa tinha no Peru até então.

“Por questão de logística, a gente pensa que seria melhor não trazer esse gás para cá” M I L A S E VA N G E L I S T A

DE

SOUSA

Como está a atuação da Petrobras no Peru?

O gás peruano vem para o Brasil? Evangelista de Sousa – De fato, há hoje no Brasil um déficit de gás e existem possibilidades de que o gás peruano venha ao nosso país. Mas, por questão de logística, a gente pensa que seria melhor não trazer esse gás para cá, mas, sim, trocar essa carga com outros países. Por isso, por ora, o que está se

pensando e analisando são alternativas de fornecer esse gás para o abastecimento doméstico do Peru, dentro do projeto de petroquímica, e, também, no projeto de GNL (gás natural liquefeito) para exportação.

“A Petrobras está dando suporte técnico à reforma que a Petroperu está fazendo na refinaria de Talara” M I L A S E VA N G E L I S T A

DE

SOUSA

A Petrobras atua em parceria com a estatal peruana Petroperu? Evangelista de Sousa – A Braspetro comprou por US$ 423,3 milhões 40% da empresa espanhola Valores Internacional de España, o que lhe garantiu, indiretamente, participação na Petrobras Energia Peru (ler mais detalhes no Box). Estamos discutindo vários projetos com a Petroperu. Estamos com um projeto de parceria no setor da petroquímica e agora a Petrobras está dando suporte técnico à reforma que a Petroperu está fazendo na refinaria de Talara. Além disso, há outras movimentações no sentido de cooperação técnica em outras áreas no país.

Divulgação: Petrobras

Evangelista de Sousa – A Petrobras tem cinco ativos principais, um dos quais

está em produção que, é o lote 10, e que é produção de óleo mesmo. E, além disso, ela tem cinco ativos que são de exploração de gás. No entanto, o grande feito da Petrobras, até o momento, foi a descoberta feita pela Petrobras de gás no lote 57, localizado na região de Camisea, na zona central do Peru. Estamos atuando em conjunto com a Repsol, e o bloco nos deu uma nova oportunidade no Peru, podendo trazer uma série de outros novos negócios na área de gás. Essa descoberta é muito importante porque representa tudo o que nós tínhamos anteriormente. Além disso, no lote 58, que é um lote contíguo ao lote 57, há expectativas, geradas em estudos preliminares, de que haja também volumes expressivos de gás natural. Cada um destes poços a ser perfurado vai custar US$ 50 milhões.

Ativo de produção do bloco 57. Localizado na região de Camisea, na zona central do Peru, o bloco poder trazer uma série de outros novos negócios na área de gás. Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P E R U

41

I NTEGRAÇÃO

E

I NFRA - ESTRUTURA

Marcando presença no Peru Atuando no fortalecimento do processo de integração Brasil-Peru, a Construtora Odebrecht se destaca na execução de projetos no país vizinho

Hidrelétrica de Charcani V: a primeira obra da Odebrecht no Peru, construída em 1979

42

O Peru representa um país de gran-

atuação internacional da empresa,

a Odebrecht, desde então, nunca

de importância para a Construtora

com a construção da Hidrelétrica

mais saiu do país. Na década de 90,

Norberto Odebrecht, uma das mais

de Charcani V (135 MW), na en-

fundamos a Odebrecht-Peru para

importantes empresas exportado-

costa do vulcão Misti, na região

intensificação da nossa presença no

ras de serviços de engenharia do

andina, em 1979. O sucesso do em-

país, disse o diretor Logística e Ex-

Brasil. De fato, o país foi a primeira

preendimento foi tão grande que

portação da Construtora Norberto

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Odebrecht, José Valentin Alvarez., em entrevista à Revista da FCCE. De acordo com Valentin Álvares, foi nesse período que a empresa desenvolveu, no Peru, a segunda etapa do projeto Chavimochic, para irrigação de áreas desérticas no país, com mais de 200 km de canais, além de sistemas de distribuição da água, redes de drenagem e obras complementares. A sucursal do Peru foi transformada, em abril de 2003, em Odebrecht Peru Ingeniería y Construcción S.A.C., e se constituiu numa empresa nacional peruana, conforme a legislação do Peru e habilitada para participar em licitações no país. Ao longo da sua trajetória, a Odebrecht Peru contou com a participação de 21 mil funcionários e executou obras, com investimentos calculados em US$ 1,6 bilhão. “Atualmente, estamos participando da construção de duas rodovias do projeto IIRSA. Este é o nosso maior projeto no Peru hoje”, disse o diretor da empresa. Confira os projetos que estão atualmente em andamento no Peru:

Corredor Viário Interoceânico Sul (Projeto IIRSA Sul) A construção da Rodovia Interoceânica, que ligará Inapari, cidade peruana situada na fronteira com Assis Brasil, no Acre, aos portos marítimos peruanos de Ilo, Matarani e San Juan, contará com mil quilômetros de asfalto, e vai completar, pela primeira vez, uma ligação direta entre os oceanos Atlântico e Pacífico na América do Sul. A conexão entre Brasil e Peru será feita pela ponte sobre o Rio Acre. O custo estimado é de US$ 700 milhões, segundo dados do Itamaraty. A logística de integração, pelo lado brasileiro, inclui duas rotas fundamentais. A primeira delas é pela BR 364, que interliga Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, a Cuiabá, no Mato Grosso. De lá a Porto Velho, em Rondônia e, depois a Rio Branco, capital do Acre.Depois, pela BR 317, segue de Rio Branco a Assis Brasil, na fronteira com o Peru. A outra rota vai de Manaus, no Amazonas, até Porto Velho pela hidrovia do Rio Madeira. Dali, o trajeto segue para outra rota: BR 364 até Rio Braço e BR 317 até Assis Brasil. A Odebrecht Peru, líder do consórcio formado com as peruanas JJC, ICCGSA e Garña y Montero, ganhou dois dos três trechos da licitação, em um total de 703 quilômetros. O restante do trajeto ficará a cargo do consórcio Intersur, integrado por Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, ganhou a concorrência no trecho Inambari-Azangaro, que tem extensão de 305 quilômetros.

Eixo Multimoda Amazonas Norte (Projeto IIRSA Norte) Esta foi a segunda conquista da subsidiária da Odebrecht no Peru. No dia 17 de junho de 2005, a Concessionária IIRSA Norte, formada por Odebrecht (líder, com 48,9%), Andrade Gutierrez e Graña y Montero, assinou contrato com o Ministério de Transportes, também através da Proinversión, para construção, reabilitação, operação e manutenção da estrada que liga o Porto de Paita, no Pacífico, ao Porto deYurimaguas, na Amazônia peruana. Nos

quatro primeiros anos de concessão serão investidos cerca de US$ 210 milhões em obras num trecho de 900 km.

Projeto Olmos Projeto Olmos consiste em obras para irrigação e geração de energia elétrica. Dentro deste projeto terá uma usina, um túnel que atravessará uma montanha e um sistema de canais para 40 mil hectares. O custo total das obras de transposição das águas do Projeto Olmos será de US$ 185 milhões, sem contar aplicações em geração hidrelétrica e o sistema de irrigação. Desse valor, US$ 77 milhões já foram garantidos por financiamento pela Corporação Andina de Fomento (CAF), através do Estado peruano – como co-financiamento – e mais US$ 50 milhões, também da CAF, por gestão própria da Concessionária Transvase Olmos S.A. O contrato com a concessionária, empresa da Odebrecht, foi assinado em 22 de julho de 2004 com o governo peruano. Na primeira etapa, uma barragem represará as águas do Rio Huancabamba, direcionando parte de seu fluxo para a vertente dos Andes que desce em direção ao Oceano Pacífico, através de um túnel de 19,3 km de extensão por dentro da montanha. Daí em diante, a água movimentará as turbinas de uma usina, para a geração inicial de 850 GWh/ano de energia, e um sistema de canais permitirá a irrigação de 40 mil ha de terra. Quando as terras forem irrigadas, estarão criadas as condições para o surgimento de um dos maiores pólos exportadores de frutas e legumes da América Latina, com potencial para a geração, em curto prazo, de cerca de 10 mil oportunidades diretas de trabalho e até 50 mil indiretas, derivadas da movimentação de centenas de empreendimentos locais. A obra que deverá criar uma nova era de prosperidade no norte do Peru resulta de uma Parceria Público-Privada (PPP) na qual o Estado peruano participa com US$ 77 milhões e a concessionária contribui com os recursos adicionais para as obras e demais compromissos contratuais e operacionais assumidos.

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C OMÉRCIO

“Câmara vai auxiliar o pequeno e médio empresário a conhecer mais o Peru” Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil – Peru fala sobre projetos de incentivo para a aproximação bilateral

Cesar Maia é presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil –Peru no Rio de Janeiro. No cargo desde fevereiro de 2008, ele avalia que as relações brasileiro-peruanas estão evoluindo de forma satisfatória, apesar de ainda estarem muito aquém das 44

reais potencialidades existentes. A falta informação por parte dos pequenos e médios empresários é um dos entraves apontados por ele para que não haja um maior interesse por investimentos no país vizinho. Formado em administração de empresas e com pós-

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graduação em comércio exterior, César Maia falou, em entrevista à Revista da FCCE, sobre algumas ações da Câmara e a avaliação dos movimentos das relações bilaterais entre Brasil e Peru. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

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C OMÉRCIO Como estão as relações entre a Câmara e os e os empresários dos dois países? Cesar Maia – Viajei recentemente ao Peru e estabeleci alguns contatos com outras câmaras correspondentes nesse país, especialmente a Câmara de Lima. E lá assumimos alguns projetos na área de desenvolvimento de banco de dados para fortalecer as pequenas e médias empresas, pois entendemos que as grandes empresas já têm a competência de ter um banco de dados mais completo. Qual é o objetivo desse projeto? Cesar Maia – A gente compreende as dificuldades de se conseguir a abertura de novos mercados. Por isso, a necessidade de potencializar as empresas. Então, decidimos construir esse banco de dados tanto para o setor profissional quanto para o setor empresarial, porque a gente entende que os pequenos profissionais podem, potencialmente, abrir uma empresa e a gente quer potencializar ainda mais isso, desenvolvendo esse projeto. Está mais fácil hoje para uma empresa brasileira investir no Peru? Cesar Maia – Muitas coisas que deixam de acontecer hoje no mercado de comércio de exterior se dão pela falta de informação. Nós temos, de forma clara, grandes oportunidades para o setor empresarial nas relações bilaterais porque nós temos a proximidade geográfica.Temos, também, indicadores econômicos parecidos e o equilíbrio político, que é importantíssimo para que os contatos comerciais se fortaleçam. E, por isso, que o desenvolvimento do banco de dados na Câmara vai auxiliar, sobretudo o pequeno e médio empresário a conhecer mais o Peru e, assim, fazer com que ele se interesse a investir lá. O senhor é da Câmara do Rio de Janeiro. Quais são as empresas fluminenses que podem ser potenciais investidoras no Peru? Cesar Maia – Os serviços é uma área na qual o Rio de Janeiro se destaca bastante. 46

Praça Central de Lima, capital do Peru: Cesar Maia quer que pequenas e médias empresas brasileiras possam investir no mercado peruano

Aqui no estado do Rio está se montando um centro de tecnologia da informação, fazendo, assim, que tenhamos, em breve, capacidade de exportar essa tecnologia ao Peru. O Rio de Janeiro tem também uma experiência muito boa na área turística, onde empresários entendem a importância de se investir em outros países. Há, também, no estado arranjos produtivos como o têxtil que, apesar de ser um setor expressivo, ainda não possui conhecimento necessário de comércio exterior e a Câmara pode auxiliar nesse processo.

Brasil representa 3,4% das exportações peruanas. Esse dado demonstra o grande grau de potencialidade que a gente pode chegar entre um país e outro. É só verificar que as relações comerciais do Brasil com o restante da América Latina cresceram de forma significativa e conseguiram suplantar o que era exportado para os Estados Unidos. E num momento que esbarramos nas barreiras e protecionismo americano, o Brasil consegue encontrar no mercado latino-americano boas oportunidades comerciais.

E há uma demanda por parte do empresariado brasileiro e fluminense para investir no Peru?

Então o senhor é um otimista para o futuro das relações bilaterais de comércio entre Brasil e Peru.

Cesar Maia – Não temos como dar uma resposta objetiva a essa pergunta. De fato, está havendo um aumento no fluxo de comércio entre os dois países. Os dois governos têm trabalhado para fortalecer o comércio exterior e a balança comercial dos dois países está evoluindo bastante. Mas, apesar disso, as relações comerciais entre Brasil e Peru ainda precisam ser melhor exploradas. O

Cesar Maia – Sim, mas apesar de ser um otimista, entendo que ainda temos que trabalhar muito para que possamos alcançar o verdadeiro potencial dessa relação. É claro que devemos continuar a buscar os grandes mercados como a União Européia, os Estados Unidos, a China, mas não podemos negligenciar os mercados latino-americanos, e isso inclui o peruano.

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ZONA FRANCA

Produção em crescimento Superintendente da Suframa fala sobre o aumento da produção e do faturamento da Zona Franca de Manaus e das relações entre o pólo industrial e o Peru

Oldemar Ianck, superintendente-adjunto da Suframa, disse estar otimista com o projeto de integração sul-americano.

O ano de 2007 foi bastante representantivo para Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). O aumento no faturamento das empresas localizadas na região da Zona Franca de Manaus vem fazendo com que haja espaço para maiores investimentos, o que faz com que haja um ciclo virtuoso na economia local, sobretudo no que tange à geração de empregos diretos e indiretos. O su-

perintendente-adjunto da Suframa, Oldemar Ianck, um dos participantes do Seminário Bilateral de Comércio Exterior Brasil-Peru. Palestrante do Painel I do seminário, Ianck disse, em entrevista concedida à Revista da FCCE, que o projeto IIRSA vai representar ganhos para o comércio exterior brasileiro, sobretudo para a Zona Franca de Manaus, em virtude da proximidade geográfica existente

entre o pólo e o país sul-americano. Criada em 1967, a Zona Franca surgiu, inicialmente, como um projeto que visasse ao desenvolvimento da região amazônica. Hoje, ela atua, além das suas atribuições originais, como um pólo de exportação e importação importante para o Brasil e, segundo ele, estreitar as relações com o Peru. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

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Z ONA F RANCA Como o senhor avalia o desempenho da Suframa em 2007? Oldemar Ianck – Em termos de faturamento, saímos de US$ 22,8 bilhões para US$ 25,7 bilhões. Crescemos também na produção em vários segmentos. Este é o caso da produção de set-top box ( conversores de sinais de satélite e transmissão de televisão via cabo e TV digital). Outro setor que não para de crescer é o destinado à produção de veículos de duas rodas. Na produção de motocicletas, registramos, em 2007, um crescimento em torno de 23% em relação ao ano anterior. Já na produção de bicicletas, houve um aumento de 50% em 2007 quando comparado a 2006. Entre os produtos fabricados na Zona Franca de Manaus, quais foram os destaques em 2007? Oldemar Ianck – A TV LCD é, com certeza, um produto de grande destaque na Zona Franca. Em 2006, o pólo produziu 180 mil unidades de TV LCD, e, em 2007, chegamos a 800 mil unidades. Em compensação, tivemos uma queda na produção de televisores convencionais. A produção de microcomputadores também avançou em 2007, registrando um aumento de 50% em 2007, em relação a 2006. Isso foi resultado das ações do governo que desonerou a cadeia produtiva na fabricação de computadores pessoais, o que fez com que houvesse uma sensível queda nos preços e garantiu maior acesso ao produto para a população de renda mais baixa. Quanto às relações bilaterais Brasil-Peru, como a Suframa atua no sentido de estreitar os contatos comerciais entre os dois países? Oldemar Ianck – É importante dizer, antes de tudo, que a Zona Franca de Manaus é principal locomotiva econômica da região. Mas a nossa atividade econômica não se restringe a Manaus. E, na fronteira leste da região amazônica, temos Peru e Colômbia, que formam com o Brasil uma área de livre-comércio, localizada em Tabatinga, no estado do Amazonas. Ela é uma espécie de extensão da Zona Franca comercial, justamente para fomentar o comércio entre as 48

Mapa que detalha a área de atuação da Suframa.

fronteiras e para que haja um adensamento na atividade econômica e dessa forma estimular uma maior presença do Estado, tanto da parte brasileira, como da parte do Peru e da Colômbia. Na medida em que nós temos na fronteira uma atividade econômica, certamente teremos mais segurança em termos de presença de Estado. Dentro do programa IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul Americana), quanto ganhará a Suframa nesse projeto que prevê a construção de grandes eixos de integração? Oldemar Ianck – O IIRSA vai dar um salto quantitativo e qualitativo nas nossas relações com o Peru, já que exportamos muitos produtos para esse país, como telefones celulares, motocicletas e disjuntores para a área elétrica. Por outro lado, importamos ligas de prata que são utilizadas na produção de placas de circuito interno de produtos eletrônicos, que estão em processo de substituição. As ligas prata estão sendo cada vez mais utilizadas na Zona Franca para o processo de produção, pois, ao invés de usar o estanho e o chumbo, que apresentam restrições em âmbito ambiental, passamos, recentemente, a usar essas ligas e o Peru é um dos nossos principais fornecedores desse produto.

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O Brasil está, certamente, incluído, entre os países que mais se destacam no avanço do uso de produtos de alta-tecnologia, sobretudo na produção de telefonia celular. Nesse contexto, é possível afirmar que a Suframa exerce grande contribuição para esse perfil? Oldemar Ianck – Em 2007, o Brasil alcançou a marca de 100 milhões de celulares habilitados. Apesar de a Zona Franca de Manaus não ser o único pólo produtor de aparelhos de telefonia celular no Brasil, uma vez que também há fábricas no eixo Rio-São Paulo, temos a maior empresa de celulares do mundo instalada na Zona Franca, que é a Nokia. E, em 2008, conseguimos fechar a venda de US$ 900 milhões de aparelhos de telefonia celular para os Estados Unidos. E isso é muito bom para a região porque são celulares de alta tecnologia empregada, e, para fabricá-los verifica-se a demanda por uma mão-de-obra altamente qualificada e, por conseguinte, bem remunerada. E, além disso, não serão empregados apenas funcionários para trabalharem na Nokia, mas também serão gerados empregos para toda a cadeia produtiva que estará envolvida dentro desse processo de fabricação, que vai desde a produção de componentes plásticos, metais e eletrônicos, e confecção de fios e cabos.

GASTRONOMIA

Cebiche Prato tradicional peruano, o cebiche conquista pelo aroma, sabor e mistura de peixe cru e ingredientes de variadas origens étnicas.

Um pescado bem fresco, cru, branco e firme posto sobre um camada rasa de suco de limão, uma pitadinha de alho, sal, aji, e poucas lascas de cebola, podendo ser adicionado ainda a batata doce ou aipim e o milho para acompanhar. Essa é uma das inúmeras receitas de um dos pratos mais populares da culinária peruana e tido por muitos especia-

listas do setor de gastronomia como um dos mais saborosos e inventivos pratos de toda a América Latina. Conhecido por vários nomes, mas sendo o Cebiche o termo mais popular, o prato consegue traduzir toda a diversidade étnica existente no Peru, passando pela origem indígena e chegando até mesmo a ter influência da culinária japonesa. Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P E R U

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G ASTRONOMIA História Por um longo período, os habitantes da costa viviam às custas dos frutos, como a garoupa ou a corvina, que haviam em abundância no Oceano pacífico. Freqüentemente os peixes eram temperados com aji ou outras pimentas da terra. No século XVI, os espanhóis trouxeram os limões, da África do Norte, e as cebolas e alhos, das cidades Mediterrâneas. Com a contribuição de diversas culturas, os ingredientes foram se complementando e inspiraram a criação da sua majestade o cebiche, o rei entre os pratos crus do Peru. A origem da palavra cebiche é incerta, mas há algumas hipóteses. Sabese que em quechua ( língua que era falada na região central dos Andes desde bem antes da época do Império Inca) este prato se chama siwichi. Por outro lado, há historiadores que dizem que o nome sebiche vem da palavra viche (’fresco’ en chibcha, língua indígena falada no Panamá, Colombia, Equador e norte do Peru). Seu significado seria ‘pescado fresco’.

Uma outra explicação para o surgimento do o nome reside no fato de a palavra ter origem árabe “Sibech” – que é como se designa a comida ácida –, pelo uso do limão para o tempero do prato. O limão é de origem norte-africana, região dominada e habitada pelos árabes desde o século VII d. C. Por fim, há a hipótese de a palavra ter tido origem em razão do seu preparo com o peixe bonito. Considerado como um prato exclusivo dos pescadores, negros, mulatos, índios e mestiços, o peixe bonito, que tem um forte sabor oleoso, quando usado para a preparação, diziam que o prato era feito como um “Sebo” com cebola e limão. Da conjugação destes conceitos vem o nome de “Cebiche”. O cebiche inicialmente era um prato das camadas mais pobres da população do Peru, entrando para o cardápio de restaurantes no século XX. No norte do país, é comum encontrar cebiche de conchas. Em Lima, de linguado e corvina, e no sul, de frutos do mar.

Peixe cru por excelência Num país onde as comidas que marcam país são as mais picantes, o cebiche consiste em pedaços miúdos de pescado ou camarões que se mesclam ao suco de limões com muito aji; cebola roxa, azeite e se conservam assim por algumas horas até que o pescado se impregna de pimenta e quase cozinha com a ação da acidez do limão. Uma variedade do cebiche é o tiradito, nome proveniente

da palavra – estiradito- que é a forma japonesa de estirar o pescado para o corte diagonal. No caso do tiradito, o pescado passa apenas por uma camada de limão e é coberto com um creme de aji, em qualquer tipo de acompanhamento. Além de poder ser feito de peixe, os cebiches podem levar camarão, lagostins, ouriços do mar, ostras e mexilhões.

Cebiche: a delícia culinária peruana Receita

Ingredientes - 1 xícara (chá) de peixe branco picado - 1 colher (chá) de azeite extra virgem - suco de 2 limões - 1/3 xícara (chá) de maçã verde picada - 1 colher (sopa) de cebola roxa picada - 1 colher (café) de raiz forte (opcional) - 1/2 xícara (chá) de manga Haden picada - 1 colher (sopa) de ciboulette picada - pimenta-de-cheiro a gosto

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Modo de Preparo Numa tigela misture peixe branco picado, azeite extra virgem, suco de limão, maçã verde picada, cebola roxa picada, raiz forte (opcional), manga Haden picada, ciboulette picada e pimenta-de-cheiro a gosto. Bom apetite.

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C ULTURA

Em defesa da

liberdade

Mario Vargas Llosa

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Jornalista, dramaturgo, ensaísta e crítico literário, Mario Vargas Llosa é, talvez, ao lado Gabriel Garcia Marquez, o mais aclamado escritor vivo da literatura latino-americana em todo mundo. Peruano, nascido na cidade de Arequipa, em 1936, é autor de 15 romances, 18 ensaios e oito peças de teatro, Vargas Llosa versou sobre os mais variados temas, mas sempre focando em dilemas com foco na busca da liberdade dentro de um contexto sócio-político liberal e democrático.Tudo isso descrito em narrativas refinadas e de grande penetração nas mais diferentes culturas mundo afora. De fato, o peruano é descrito, por muitos críticos literários mundo afora, como um dos maiores exemplos de escritores da América Latina de autores que conseguiram mesclar a unidade e diversidade regional. Não obstante essa façanha, ele conduzir a reflexão sobre o desenvolvimento da cultura latino-americana, dentro de um escopo de integração transnacional, assimilada de maneira recíproca. Em outras palavras, Antonio Candido considerou que Vargas Llosa, é um dos poucos escritores nascido na periferia do globo, que consegue uma enorme aceitação nos países centrais.

Reconhecimento internacional Vargas Llosa foi enviado para estudar no colégio militar pelo seu pai, que acreditava que o ambiente rígido poderia ‘curar’ o filho do amor que ele nutria pela literatura. “Para o meu pai a literatura era uma receita para a boemia, para o fracasso econômica, além de ser uma atividade pouco viril. Então, ele achou que o colégio militar

Livros

Divulgação: Editora Objetiva

Consagrado escritor peruano, Vargas Llosa é uma das maiores referências literárias latinoamericana

poderia curar-me desta ‘doença’. Mas mal sabia ele que ele estaria me dando o tema do meu primeiro livro”, disse em entrevista a uma rede de TV espanhola. Ele conta, ainda, que quando esteve internado no colégio, lia diversas romances de aventuras, como todos Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, e Os Miseráveis, de Victor Hugo. “Naquela época, para mim, a literatura era uma forma de resistência ao sistema de autoridade, que havia no colégio. E a literatura era a liberdade. Eu creio que a literatura é a última trincheira da liberdade. Por isso, nos países autoritários, a literatura é uma forma de resistência para as pessoas que escrevem e para as pessoas que lêem”. Após sair do colégio, Vargas Llosa estudou na universidade de São Marcos em Lima, e depois, em 1959, viajou para Madrid, onde graduou-se doutor em Filosofia e Letras pela Universidade Complutense de Madrid. Já nos anos 60, muda-se para Paris, onde trabalha como jornalista. O sucesso internacional de Vargas Llosa se deu após a publicação do livro A Cidade e os Cães, em 1961. Em A Cidade e os Cães, o Colégio Militar Leôncio Prado, é o cenário da ação (foi nesse colégio que Vargas Llosa estudou) e, nas palavras do escritor, representava um microcosmo do Peru, pois havia garotos de todas as regiões e setores sociais do país. “Eu vim de uma família de classe média e tive uma infância muito protegida da família. De modo que eu não conhecia a violência dos conflitos sociais. Neste ponto, o colégio foi-me muito instrutivo. Foi uma experiência ingrata, é verdade, mas Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P E R U

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C ULTURA

muito instrutiva. Aprendi realmente conhecer o país que eu havia nascido”, disse em entrevista a uma TV espanhola. Mas, se o romance A Cidade e os Cães o projetou internacionalmente, o livro Pantaleão e as Visitadoras, lançado em 1973, que marcou, de vez, o escritor como um dos mais importantes representantes literários da América Latina e da língua espanhola como um todo. O livro conta a história de um militar (Pantaleão Pantoja) dotado de um senso de disciplina profundo, e que foi encarregado pelo Exército peruano a organizar um bordel itinerante. Sua missão é reduzir as taxas de estupro nas zonas militarizadas, oferecendo prostitutas aos soldados. Em cartas enviadas aos seus superiores, ele relata o seu sucesso e os testes que faz pessoalmente com as “visitadoras”. Tudo vai bem até ele se apaixonar pela mais bela das prostitutas, a Colombiana. Era a dicotomia entre a rigidez e autoritarismo, representada pelo personagem Pantaleão, e a liberdade, vivida na pele da visitadora Colombiana. Em 1981, Vargas Llosa publica A Guerra do Fim do Mundo, que tem a Guerra de Canudos como tema para a sua narrativa. As Travessuras de uma Menina Má é o último romance publicado por Llosa. Nele, é contada a história do peruano Ricardo, um jovem idealista e sonhador, que vive em Paris (a cidade dos seus sonhos) e seus encontros e desencontros com Lily, seu amor de adolescência, que tem como características o inconformismo e o pragmatismo no trato das questões da vida. Como pano de fundo, o escritor traça a trajetória das transformações políticas vividas na Europa, do idealismo dos anos 60 até o fim das utopias políticas vividas nos anos 90.

primeiro governo, quis nacionalizar os bancos, as companhias de seguros e todas as empresas financeiras. E isso me pareceu um retrocesso terrível para o país, uma ameaça à democracia, pois quem controla a economia pode se eternizar no poder”. Logo após as eleições, Llosa mudou-se para Londres e retornou às suas atividades literárias. Apesar do auto-exílio (Em 1993, Llosa obteve nacionalidade espanhola sem renunciar à nacionalidade peruana), o escritor peruano continuou a manifestar as suas posições políticas em favor do liberalismo democrático. Por várias vezes teceu críticas ao mandato do presidente Alberto Fujimori, chamando-o de ‘ditador sutil’. No entanto, apesar dos seguidos comentários políticos, Vargas Llosa afirma que jamais concorrerá a nenhum cargo eletivo. Em 1993, Mario Vargas Llosa fez a estréia mundial de sua peça “Loco de los Balcones” (Louco dos Balcões). A história da peça se passa em um dos bairros de Lima, a capital peruana, El Rimac. Inicialmente ocupada por famílias ricas do Peru, o bairro hoje se tornou um grande cortiço. Esses casarões são marcados pela presença dos Balcões em suas fachadas.A peça de Llosa discute se deve-se preservar ou não os balcões. O personagem principal da peça, um professor italiano que vive em Lima, sofrendo ao ver a história da cidade ser totalmente destruída e apagada, sai na defesa dos balcões, enfrentando problemas dos mais variados. O tema sobre a dicotomia velho e novo, atraso e modernidade. A sua última investida teatral aconteceu em 2008, quando adaptou trechos da famosa obra As Mil e uma Noites. Além da adaptação, Vargas Llosa também atua, interpretando o rei Chahryar, que escuta as histórias de Chahrzad.

Política e teatro Em 1990, convencido de que poderia trazer modernidade e i firtalecimento da democracia no Peru,Vargas Llosa resolveu concorrer à presidência do seu país. Candidatou-se pela Frente Democrática (Fredemo) e chegou ao segundo turno, mas foi derrotado pelo então desconhecido professor universitário, Alberto Fujimori. “Foram as circunstâncias que me levaram a algo que nunca havia pensado antes. Na verdade, a minha participação política veio para protestar contra uma tentativa de nacionalizar todo o sistema financeiro peruano. O presidente Alan Garcia, em seu

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Mario Vargas Llosa

RELAÇÕES BILATERAIS O saldo comercial peruano, que apresentou déficits até 2001, sofreu uma inversão em 2002 e passou a apresentar superávits crescentes. O maior saldo positivo ocorreu em 2006, total de US$ 8,5 bilhões. No ano de 2007, o saldo somou US$ 7,8 bilhões.

Intercâmbio Comercial Brasil – Peru A R T I G O E L A B O R A D O P E L A E Q U I P E D O D E PA RTA M E N TO D E P L A N E J A M E N TO E D E S E N VO LV I M E N T O D O C O M É R C I O E X T E R I O R DA S E C R E TA R I A DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MDIC

Comércio Exterior do Peru Em 2001, após dez anos de governo de Alberto Fujimori, o Peru passou por uma conturba sucessão presidencial. Além da crise política, este ano foi marcado por uma economia estagnada com uma taxa de crescimento do PIB de apenas 0,2%. Superada a crise política, o Peru passou a apresentar um desempenho econômico notável. As taxas de crescimento do PIB se expandiram rapidamente e culminaram com um aumento anual de 9,0% em 2007. Neste ano, o PIB peruano foi de US$ 109 bilhões. No mesmo período, o comércio exterior peruano experimentou um crescimento acelerado que culminou com uma corrente de comércio de US$ 48,1 bilhões em 2007, 236% superior ao montante de 2001, de US$ 14,3 bilhões. Este aumento de cerca de 23% ao ano foi ocasionado, principalmente, pelo desempenho das exportações. No período, as vendas externas peruanas quadriplicaram e passaram de US$ 7,0 bilhões, em 2001, para US$ 28,0 bilhões, em 2007. As importações também apresentaram um bom desempenho, ao passarem de US$ 7,3 bilhões, em 2001, para US$ 20,2 bilhões, no último ano, resultando em um crescimento de 176%. O saldo comercial peruano, que apresentou déficits até 2001, sofreu uma inversão em 2002 e passou a apresentar superávits crescentes. O maior saldo positivo ocorreu em 2006, total de US$ 8,5 bilhões. No ano de 2007, o saldo diminuiu ligeiramente e somou US$ 7,8 bilhões. A última informação disponível sobre composição das exportações do Peru, do ano 2006 – International Trade Centre, revela que o principal item da pauta é minério, especialmente de cobre e zinco, com um total de US$ 6,3 milhões, representando 26,5% do total. O segundo item mais vendido pelo país foi pedras e metais preciosos, total de US$ 4,6 bilhões, 19,3% da pauta; seguido por artigos de cobre, US$ 3,6 bilhões, 15,0% da pauta; combustíveis minerais, US$ 1,9 bilhão, 8,0%; resíduos das indústrias alimentares, US$ 1,2 bilhão, 5,0%; artigos de vestuário, US$ 1,1 bilhão, 4,6%; café, chá e especiarias, US$ 590 milhões, 2,5%; zinco e obras, US$ 469 milhões, 2,0%; pescado, US$ 313 milhões, 1,3%; e produtos hortícolas, US$ 300 milhões, 1,3%. As importações peruanas, no mesmo ano, foram compostas principalmente por: combustíveis minerais, total de 3,0 bilhões, 19,3% do total das compras; máquinas e equipamentos mecânicos, US$ 2,2 bilhões, 14,2% da pauta; máquinas e equipamentos elétricos, US$ 1,5 bilhão, 9,6%; veículos automóveis, US$ 993 milhões, 6,5%; plásticos e obras, Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P E R U

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R ELAÇÕES B ILATERAIS US$ 894 milhões, 5,8%; ferro a aço, US$ 583 milhões, 3,8%; cereais, US$ 525 milhões, 3,4%; artigos de ferro e aço US$ 435 milhões, 2,8%; papel e cartão, US$ 385 milhões, 2,5%; e produtos farmacêuticos, US$ 272 milhões, 1,8%. O maior parceiro comercial do Peru são os Estados Unidos. Em 2006, 24,0% das exportações se destinaram a este mercado, totalizando US$ 5,7 bilhões. O segundo maior destino das vendas peruanas é a china, com participação de 9,6% no total e soma de US$ 2,3 bilhões; seguida por Suíça, 7,1%, e total de US$ 1,7 bilhão; Canadá, 6,8%, US$ 1,6 bilhão; e Chile, 6,0% e US$ 1,4 bilhão. Nas importações, os Estados Unidos foram origem de US$ 2,5 bilhões das compras peruanas, representando 16,4% do total. A China foi o segundo maior fornecedor ao país com US$ 1,6 bilhão, 10,3%; seguida pelo Brasil, com US$ 1,5 bilhão, participação de 9,9%; Equador, US$ 1,1 bilhão, 7,1%; e Colômbia US$ 951 milhões, 6,2%. Como visto acima, o Brasil é o terceiro maior fornecedor de produtos ao mercado peruano, com participação de 9,9% na pauta importadora do país. Em 2007, esta participação reduziu-se para 8,2%. Quanto as vendas do Peru, o Brasil foi destino de 3,6% da pauta em 2007, acima da participação de 2006, de 3,3%. Intercâmbio comercial entre Brasil e Peru – 2007 O intercâmbio bilateral entre Brasil e Peru acompanhou a escalada do comércio exterior peruano nos últimos anos. A partir de 2001, a corrente de comércio cresceu sussecivamente e atingiu o maior valor histórico em 2007, quando totalizou US$ 2,7 bilhões, total 15,4% superior ao de 2006. As exportações brasileiras para o mercado peruano se destacaram ao atingir o valor de US$ 1,7 bilhão no último ano, crescimento de 9,2% em relação a 2006. As compras brasileiras de produtos peruanos também apresentaram bom desempenho ao atingir a soma de US$ 1,0 bilhão, com aumento de 27,4% sobre o ano anterior. O superávit no comércio bilateral para o lado brasileiro foi de US$ 645 milhões em 2007, montante 10,7% inferior ao alcançado em 2006. O Peru foi o vigésimo segundo maior destino das exportações brasileiras, com participação de 1,0% na pauta total de 2007. Esta colocação é duas posições inferior à ocupada em 2006. Relativamente ao ranking de países de origem das compras externas nacionais, o país perdeu também duas posições. Atualmente, o Peru ocupa a 28 posição entre os principais provedores de mercadorias ao Brasil, com uma participação

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R ELAÇÕES B ILATERAIS de 0,8% no total da pauta. A pauta brasileira de exportação para o Peru é majoritáriamente composta por produtos manufaturados, 78,7% do total de 2007. A categoria de básicos respondeu por 19,1% do montante e a de semimanufaturados, por 1,7%. O único grupo que apresentou crescimento no comparativo 2007/2006 foi o de produtos manufaturados, ao registrar um aumento de 19,4%, de US$ 1,1 bilhão em 2006, para US$ 1,3 bilhão em 2007. Os semimanufaturados apresentaram queda de 7,7% e totalizaram US$ 28 milhões em 2007 e os básicos se retraíram em 17,0%, ao somarem US$ 315 milhões. Os principais produtos exportados para o mercado peruano em 2007 foram: petróleo (total de US$ 295 milhões e participação na pauta de 17,9%), chassis com motor (US$ 120 milhões, 7,3%), aparelhos transmissores e receptores (US$ 101 milhões, 6,1%), máquinas e aparelhos para terraplanagem (US$ 92 milhões, 5,6%), veículos de carga (US$ 79 milhões, 4,8%), fio-máquina (US$ 75 milhões, 4,6%), tratores (US$ 60 milhões, 3,7%), papel e cartão (US$ 41 milhões, 2,5%), polímeros plásticos (US$ 41 milhões, 2,5%) e produtos laminados planos de ferro ou aço (US$ 41 milhões, 2,5%). Do lado das importações brasileiras de produtos peruanos, 63,5% foram compostas por produtos semimanufaturados. Esta classe de produtos apresentou aumento de 41,3% no comparativo 2007/2006 e totalizou US$ 632 milhões no último ano. Os produtos básicos responde-

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R ELAÇÕES B ILATERAIS ram com 25,8% do total e somaram US$ 257 milhões ao crescerem em 14,1% de 2006 para 2007. Já, os produtos manufaturados se retraíram em 7,7% no mesmo comparativo, para um total de US$ 107 milhões, o que representou 10,8% da pauta total. Os principais produtos comprados pelo Brasil da Peru em 2007 foram: catodos de cobre (total de US$ 378 milhões e participação de 37,9% na pauta), minério de zinco (US$ 250 milhões, 25,2%), prata em forams brutas (US$ 113 milhões e 11,3%), chumbo em formas brutas (US$ 71 milhões, 7,1%), zinco em bruto (US$ 61 milhões, 6,1%), barras, perfis e chapas de cobre (US$ 40 milhões, 4,0%), chapas, folhas e películas de plástico (US$ 12 milhões, 1,2%), produtos hortícolas (US$ 12 milhões, 1,1%), cabos e fibras sintéticos ou artificiais (US$ 8 milhões, 0,8%) e fios de algodão (US$ 4 milhões, 0,4%). Ao se considerarem as unidades da federação que exportaram para o Peru em 2007, destaca-se a participação do Estado de São Paulo, que foi responsável por US$ 740 milhões em exportações para este mercado, representando 44,9% da pauta total. Os demais principais estados brasileiros que exportaram para o Peru foram: Rio de Janeiro (US$ 385 milhões, participação de 23,4% no total), Rio Grande do Sul (US$ 114 milhões, 6,9%), Paraná (US$ 113 milhões, 6,8%), Minas Gerais (US$ 110 milhões, 6,7%), Santa Catarina (US$ 54 milhões, 3,3%), Amazonas (US$ 33 milhões, 2,0%), Bahia (US$ 31 milhões, 1,9%) e Espírito Santo (US$ 26 milhões, 1,6%). A demais unidades da federação exportaram US$ 44 milhões e foram responsáveis por 2,6% das vendas totais ao Peru. Já, do lado das importações, Minas Gerais foi o estado que realizou o maior volume de compras de produtos peruanos, soma de US$ 268 milhões e participação de 26,7% na pauta total. Em seguida, encontranse entre os principais estados: Espírito Santo (US$ 224 milhões, 22,3%), Santa Catarina (US$ 212 milhões, 21,1%), Amazonas (US$ 99 milhões, 9,8%), São Paulo (US$ 76 milhões, 7,6%), Paraná (US$ 50 milhões, 5,0%), Mato Grosso do Sul (US$ 26 milhões, 2,6%), Pernambuco (US$ 20 milhões, 2,0%) e Bahia (US$ 19 milhões, 1,8%). No ano de 2007, 3.027 empresas brasileiras exportaram para o Peru. Este número significou um aumento de 4,5%, 129 empresas em termos absolutos, em relação ao ano anterior, quando 2.898 empresas exportaram para este mercado. O número de compradores nacionais de produtos peruanos também aumentou, no comparativo 2007/2006, ao passar de 403 para 457 empresas, aumento de 54 empresas ou 13,4% a mais. Elaboração: DEPLA/SECEX

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Grau de investimento é fruto dos avanços da economia, diz presidente do BNDES

• O presidente do

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, considera que a elevação do Brasil à categoria de investment grade representa reconhecimento por parte do mercado internacional do êxito das mudanças pelas quais passou a economia do país. Ao mesmo tempo, sinaliza que o “ciclo virtuoso de crescimento com estabilidade” terá prosseguimento. “O PIB está crescendo a mais de 5% ao ano, impulsionado pelo mercado interno e, particularmente, pela alta do investimento”, afirmou. O presidente do BNDES considera que a medida permitirá maior fluxo de financiamento externo e de novos investimentos diretos, contribuindo para sustentar o ciclo de investimento da economia brasileira e, conseqüentemente, o crescimento econômico. “Com isso, reduz-se o custo de capital para o financiamento da dívida pública e dos grandes projetos de longo prazo. Abrem-se, assim, novas oportunidades para o BNDES viabilizar os recursos necessários à expansão do investimento.”

Projeto da Odebrecht no Peru bate recorde em segurança

• A Peru LNG Company, contratante das obras da Planta de GLP de Pampa Melchorita, concedeu à Odebrecht, Saipem e Jan

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de Nul NV, responsáveis pela execução do projeto, uma placa comemorativa pela marca de quatro milhões de homens/horas trabalhadas sem acidentes com afastamento, alcançada em março. A obra, executada a 200 km de Lima, inclui o projeto de engenharia, fornecimento e construção de uma ponte de atracação de 1.350 m de comprimento, instalações para carregamento de navios GLP, incluindo uma plataforma de GLP e bóias de amarração, um canal de aproximação e um quebra-mar offshore de 800 m de comprimento. Iniciado no segundo semestre de 2006, o projeto deve ser concluído em 2011. Criada em 2003, a Peru LNG é uma empresa peruana de propriedade da texana Hunt Oil Company, da sulcoreana SK Corporation e da espanhola Repsol YPF.

Impacto dos preços no comércio externo



Estatísticas apresentadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que o efeito da crise internacional no comércio externo brasileiro não deve causar grandes impactos, frente a uma eventual correção nos elevados preços das commodities. A alta dos preços internacionais dos produtos primários comercializados pelo Brasil para o exterior são os principais responsáveis pelos valores crescentes das exportações e importações do país. Como os preços dos produtos industrializados são menos sensíveis que os das commodities às flutuações de

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Agência Brasil

C URTAS

Coutinho, presidente do BNDES, disse que a obtenção do grau de investimentos é fruto da boa condução da política econômica brasileira.

humor da economia mundial, é crescente a influência dos produtos mais simples no saldo (ainda) positivo do comércio exterior brasileiro. No entanto, analistas alertam que essa mesma volatilidade faz com que seja difícil prever o que acontece com esses preços para antecipar os resultados da conta comercial em curto e médio prazos.

Petrobras cria empresa para projetos de alcoolduto

• A Petrobras, Mitsui&Co.

LTD e Carmargo Correa S/A criaram no dia 28/3 a empresa PMCC Projetos de Transporte de Álcool S.A., com vistas à execução do projeto do alcoolduto que será construído entre Senador Canedo(GO) e Paulínia (SP), além do trecho que interligará a Hidrovia Tietê-Paraná ao Terminal de Paulínia. Segundo o diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, a criação desta empresa é um fator importante para desenvolver

o mercado internacional de etanol, garantido a liderança brasileira na área de Biocombustíveis, uma vez que com uma logística adequada, o Brasil poderá ter preços competitivos para a exportação deste combustível. O alcoolduto é parte do Corredor de Exportação de Etanol que começa no Terminal de Senador Canedo, em Goiás, passa por Uberaba, em Minas Gerais, Ribeirão Preto, Paulínia e Guararema, em São Paulo. Do Terminal de Guararema, o duto segue para o Terminal de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo e para o Terminal da Ilha d’Água, no Rio de Janeiro, através do poliduto OSRIO, já existente, que passará a ser exclusivo para etanol.

Arqueólogos descobrem cidade de 5.500 anos no Peru



Um time de arqueólogos peruanos e alemães descobriu recentemente uma praça circular do complexo

arqueológico de Sechín Bajo, a mais antiga construção peruana, com 5.500 anos de idade. Segundo o jornal “El Comercio”, os 25 testes de Carbono 14 realizados comprovaram que o local foi construído cerca de 500 anos antes da cidadela de Caral, considerada a mais antiga do Peru até então. Além disso, a construção de Sechín Bajo coincide com o início das culturas egípcia e mesopotâmica. A praça circular, de dez metros de diâmetro, pertence ao primeiro dos três períodos construtivos do complexo arqueológico de Sechín Bajo, situado em Casma, no departamento de Áncash. Ela se encontra rebaixada em pelo menos dois metros em relação ao solo, foi construída com pedras e adobes retangulares e teria servido como ponto de encontro para socializar as pessoas. A descoberta se deu após 16 anos de trabalho, iniciados em 1992, em Sechín Bajo. O Peru tem diversos sítios arqueológicos, e muitos deles precedem o império Inca, que atingiu o seu auge no século 16, antes da invasão dos espanhóis.

Alan García pede mais investimentos de brasileiros no Peru

• Durante o Seminário

Empresarial Brasil-Peru, realizado em Lima, capital do Peru, em maio, o presidente do Peru, Alan García pediu mais investimentos das empresas brasileiras no país ao discursar na abertura do evento. Segundo Garcia, o Peru busca alcançar o crescimento de 11% ao ano e para isso precisa expandir

áreas como a de infraestrutura e a energética. García reclamou também que os investimentos da Petrobras no Peru caminham lentamente. O presidente peruano ouviu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a promessa de que os empresários brasileiros vão investir mais no país vizinho e que a Petrobras irá responder de forma mais ágil a demanda do Peru.

Brasil e Peru construirão hidrelétrica bilateral em solo peruano



Brasil e Peru assinaram um acordo de intenções para a construção de uma hidrelétrica conjunta em solo peruano, conforme informou o ministro de Minas e Energia Edison Lobão durante a abertura do Fórum Global de Energias Renováveis, em Foz do Iguaçu, em maio. A central começará a ser construída no ano que vem por uma empresa brasileira filiada à Eletrobrás e uma companhia peruana, não divulgada. A capacidade da usina é estimada em 3.400 megawatts. O ministro afirmou, ainda, que os dois países já assinaram um entendimento para a construção de outras 14 hidrelétricas em território peruano, cuja energia será integralmente importada pelo Brasil, já que o Peru tem excedente de energia oriunda da matriz hídrica.

Investimento prepara especialistas para a era da TV digital, do gás natural e da biotecnologia

• Parceria entre a

Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) vai viabilizar a formação de mão-de-obra especializada voltada à distribuição de gás natural, ao desenvolvimento de software (programa) para a TV digital e à biotecnologia, áreas identificadas como estratégicas para o futuro econômico do Amazonas. Segundo a assessoria da Suframa, no setor industrial, por exemplo, a tecnologia digital já está dando novo fôlego à produção de televisores e de set-top box (conversores). Já o gás natural de Urucu irá otimizar o parque energético e servirá de alicerce para o surgimento

de novas frentes econômicas, como um pólo gás-químico na Capital do Amazonas. Os cursos fazem parte de um investimento de R$ 5,6 milhões que a autarquia está aplicando na universidade e que abrange o financiamento de um total de oito cursos. Além disso, o valor também custeará os projetos de aprimoramento do Centro de Informações Toxicológicas do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) para atender as demandas das empresas do Pólo Industrial de Manaus (PIM) e o que vai permitir a construção de indicadores para a avaliação socioeconômica das ações de interiorização do desenvolvimento da Suframa.

A Revista dos Seminários Bilaterais de Comércio Exterior e Investimento, organizados pela FCCE, é distribuída entre as mais destacadas personalidades, do Brasil e do exterior, que atuam no comércio internacional. Anunciar aqui é fazer chegar o seu produto a quem realmente interessa, a quem decide. Procure-nos. Tel.: 55 21 2570 5854 [email protected] Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P E R U

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Federação das Câmaras de Comércio Exterior Foreign Trade Chambers Federation Fédération des Chambres de Commerce Extérieur Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

Conselho Superior Membros Vitalícios Antônio Delfim Netto Benedicto Fonseco Moreira Bernardo Cabral carlos Geraldo Langoni Ernane Galvêas Giulite Coutinho Gustavo Affonso Capanema

(vice-presidente)

José Carlos Fragoso Pires Laerte Setúbal Filho Milton Cabral Paulo D’Arrigo Vellinho Paulo Pires do Rio Paulo Tarso Flecha de Lima Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança Theóphilo de Azevedo Santos

(Presidente)

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