ESTADO DE MINAS - SÁBADO, 2 DE AGOSTO DE 2003
PÁGINA 17
GERAIS
[email protected]
❚ CRIME
MULHER É DETIDA EM IBIÁ, NO ALTO PARANAÍBA, SOB A ACUSAÇÃO DE TER MATADO O MARIDO, JOÃO LEVINDO, DO QUAL HERDARIA DINHEIRO E BENS. ELA TERIA FORJADO ASSALTO PARA EXPLICAR A MORTE, MAS POLICIAIS DA CAPITAL ENTRARAM NO CASO E MUDARAM RUMO DAS INVESTIGAÇÕES
Fazendeira presa por assassinato A fazendeira Iêda Gasparina de Oliveira, de 30 anos, está presa em Ibiá, a 314 quilômetros de Belo Horizonte, no Alto Paranaíba, acusada de ter matado seu marido, o fazendeiro João Levindo, de 55. O fazendeiro foi morto com dois tiros, em 5 de julho, em uma de suas cinco fazendas, na zona rural de Ibiá. A princípio, a polícia acreditou que ele foi ví-
tima de latrocínio - roubar para matar. Semana passada, porém, policiais de Belo Horizonte que auxiliaram nas apurações descobriram que o crime foi forjado e indiciaram Iêda, que teve a prisão temporária decretada pela Justiça. O coordenador de Polícia Civil da Superintendência Geral da corporação, delegado Edson Moreira, que seguiu pa-
ra Ibiá para ajudar no caso, afirma que as primeiras suspeitas contra a viúva surgiram em depoimentos contraditórios apresentados por ela e por seu filho, de 11 anos. Pela versão de Iêda, o marido estava vendo TV na fazenda Santo Antônio da Taquara, quando a porta foi arrombada e dois homens encapuzados entraram atirando. Eles teriam atingido
João Levindo quando ele caminhava para a entrada. A dupla estaria procurando dinheiro e armas e tentou arrombar o cofre da fazenda a marretadas. Levindo já havia sido assaltado por três homens em 26 de junho. Eles levaram R$ 6,8 mil, esvaziando o cofre da fazenda, que ele comprou cerca de cinco meses antes. A polícia chegou a suspeitar que a
❚ FÉRIAS
mesma quadrilha tivesse assaltado a fazenda, mas a história caiu por terra com os laudos da perícia. Segundo Edson Moreira, a vítima levou um tiro na axilia e outro no alto da cabeça, de cima para baixo, indicando que estava sentado ao ser baleado. Segundo o delegado, o casal brigava constantemente e já havia se separado algumas
vezes, nos últimos meses. “Ela queria que ele passasse alguns bens para o nome dela, mas ele não aceitava”, afirma. “Suspeitamos que ela possa ter sido ajudada por alguém, mas acreditamos que foi ela quem atirou e tentou dizer ao filho o que ele deveria falar. Ela matou o marido porque queria o dinheiro dele”, completa.
❚ MORRO DAS PEDRAS
Assaltante confessa Estradas matam 89 em Minas Gerais morte de estudante BALANÇO DE JULHO DA PRF INDICA QUE NÚMERO DE OCORRÊNCIAS SUBIU 9% NO ESTADO, EM RELAÇÃO A 2002. MÁS CONDIÇÕES DE PISTAS E AUMENTO DA FROTA ESTÃO ENTRE AS CAUSAS
Número maior de carros circulando e péssimas condições das estradas federais que cortam Minas foram apontados pela Polícia Rodoviária Federal como principais causas do aumento de acidentes durante as férias escolares. A PRF divulgou ontem o balanço final de julho, que aponta aumento de 9% com relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 1.362 acidentes com 89
mortes, contra 1.216 com 95 vítimas fatais. De acordo com o assessor de comunicação da PRF, inspetor Aristides Júnior, grande parte dos acidentes aconteceu com turistas, principalmente paulistas, que não conhecem as características do relevo acentuado das estradas mineiras. “Além das más condições das rodovias, as nossas pistas têm descidas e curvas, o que
não é característica das estradas de São Paulo”, explicou o inspetor. Passado o período de férias, os motoristas devem continuar atentos e ter cuidados, principalmente nos pontos onde há muitos buracos e trechos onde o trânsito é feito em meia pista. Para Aristides Júnior, o maior número de acidentes era previsível por causa do aumento da frota. “Constatamos que as pessoas
optam por viajar de carro por questão de economia. Para uma família, viajar de ônibus fica mais caro e inviável”, observou. A imprudência dos motoristas, principalmente por parte daqueles que não conhecem as estradas, também contribuiu para o aumento nas estatísticas. Foram registrados 507 acidentes com vítimas, o que significa 23 a mais que no ano passado.
ESTADO CRÍTICO TRECHOS COM PROBLEMAS NAS RODOVIAS FEDERAIS QUE CORTAM MINAS GERAIS BR-040 BELO HORIZONTE - RIO / BELO HORIZONTE - BRASÍLIA ■ Curva do Sabão (Km 580) ■ Paredão (Km 591) ■ Viaduto Vila Rica (Km 592)
■ Ponte do Rio Maranhão (Km 616)
■ Ribeirão do Eixo (Km 588)
BR-381 BELO HORIZONTE - SÃO PAULO ■ Km 420 ao 439 (Contagem - Betim) ■ Duplicação da pista. Trecho entre Carmo da Cachoeira e a divisa de Minas e São
Um assalto levou a polícia a encontrar um adolescente que assumiu, rindo, ter matado o estudante Daniel Santos Camargos, de 17 anos, assassinado com quatro tiros na Escola Estadual Nossa Senhora do Belo Ramo, no Morro das Pedras, região Oeste de Belo Horizonte, em 17 de fevereiro. H.S.P., de 17 anos, foi preso junto com G.J.A., de 16, depois de tentar assaltar, ontem, o escritório Advogados Associados Silva no bairro Jardim América. Eles renderam o advogado Jales José da Silva, de 58, e pretendiam levá-lo para sacar dinheiro, quando policiais chegaram no local. A PM foi acionada pelo filho de Jales, Areno Mascarenhas, de 28, que conseguiu fugir pela janela. Levados para a Divisão de Orientação de Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad), os dois confessaram e disseram que são praticam todo tipo de assalto. “A gente rouba casa, escritório, celular ou o que estiver à mão. A gente pega é qualquer coisa, em qualquer lugar, porque não tem emprego”, disse G.
No meio da conversa, porém, H. contou um fato ainda mais grave. Ele assumiu que sua turma, conhecida como “Gangue da Gama”, está em guerra com a “Gangue do Sereno”. O rapaz afirma que freqüentava a Escola Belo Ramo para paquerar, mas conta que os integrantes da “Gangue do Sereno”, incluindo Daniel, não aceitavam sua presença. “Teve uma noite que ele mandou cinco tiros, mas errou. Na manhã seguinte, fui na escola e mandei (tiros) para cima dele”, diz. Além de Daniel, Renata Ferreira Campos, de 17, Rosilene Pereira de Moura, de 14, e Nilza Moura, de 12, também foram atingidas no tiroteio. H. afirmou que só atirou em Daniel e que um amigo da vítima acertou as meninas. “Eu atirei de cima do muro e fui certeiro. Não dei chance dele reagir. O cara que estava com ele não sabia de onde saíram os tiros, ficou atirando para todo lado e acertou as meninas”, alega. “Atirei porque estamos em uma guerra, que nunca acaba. Se a gente não matar eles, eles matam a gente”, diz.
Paulo. Redobrar a atenção no trecho próximo às cidades de Extrema e Camanducaia BRs 262/381 BELO HORIZONTE - VITÓRIA ■ Trecho entre BH e João Monlevade - região montanhosa com várias curvas. Perigo
BR-262 BELO HORIZONTE - TRIÂNGULO MINEIRO ■ Muitos buracos até o trevo de Pará de Minas
maior em tempo chuvoso. Muitos buracos na saída de BH até o trevo de Caeté/MG ■ Serra de Campos Altos ■ Trecho entre Araxá e Campos Altos,
■ Km 172, município São Domingos do Prata - trânsito em meia pista ■ Km 192, município Bela Vista de Minas - trânsito em meia pista
muitos buracos na pista
■ Serra da Boa Vista
BR-116 BR-135 TRECHO ENTRE CURVELO E MONTES CLAROS
RODOVIA RIO - BAHIA ■ Km 561 município Manhuaçu - trânsito em meia pista
Fonte: Polícia Rodoviária Federal LETÍCIA ABRAS
BELO RAMO
❚ CEROL
Preso por assalto, H.S.P. revelou ser o autor do crime em escola
Motociclistas fazem protesto na capital O número de acidentes com cerol de janeiro a julho deste ano, em Belo Horizonte, está próximo de superar o que foi registrado em todo o ano passado. Segundo o cabelereiro Lídio Fernandes, líder do movimento “Sobre duas rodas há uma vida”, nos sete primeiros meses de 2003 a mistura de cola e vidro moído aplicada em linha de soltar papagaio já fez 30 vítimas na capital, com três casos bastante graves, enquanto de janeiro a dezembro do ano passado foram registrados um total de 32 acidentes - a última morte provocada por cerol aconteceu em 2001. “O problema está ficando cada dia pior e ninguém faz nada para mudar essa realidade”, afirmou. No começo da tarde de ontem, ele reuniu dezenas de motoboys e ciclistas os principais alvos do cerol -
LEANDRO COURI
RISCO
Manifestantes cobram uma maior fiscalização e campanhas educativas para um protesto pela região central da cidade. A manifestação passou pelo prédio da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)
e terminou em frente ao Palácio da Liberdade. Em ambos os locais, os motoqueiros entregaram manifesto da categoria
aos representantes dos governos municipal e estadual, no qual cobram mais fiscalização e campanhas educativas. Participantes do protesto contaram experiências próprias para reforçar o apelo. O ciclista Thélio Rodrigues, de 23 anos, mostrou as luvas cortadas, lembrança do seu último acidente com o cerol, na avenida Antônio Carlos, em frente ao Hospital Belo Horizonte, bairro Cachoeirinha, região Nordeste da capital. Já o motoboy Alberto Passos Alves Ferreira, de 23 anos, que acidentou-se recentemenete na Via Expressa, apontou o local com um dos que representam maior perigo para motoqueiros e cliclistas. Segundo ele, as avenidas Andradas, Cristiano Machado e Antônio Carlos também oferecem riscos constantes.
❚ CASO DA MODELO
Novo depoimento no Fórum O presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais, esteve, ontem, no Fórum Lafayette, para prestar depoimento no caso da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, encontrada morta em 2000. Ele negou que tivesse qualquer relacionamento mais próximo com Cristiana. No próximo dia 13, a Justiça começa a tomar os depoimentos das seis testemunhas arroladas pelos advogados do investigador particular Reinaldo Pacífico de Oliveira Filho, preso sob acusação de ter matado a modelo. Djalma confirmou que recebeu Cristiana duas ou três vezes em seu gabinete, atendendo a pedidos da Casa Civil do governo. À maioria das perguntas feitas pelo juiz Nelson
Missias de Morais, no entanto, ele respondeu que não poderia se lembrar para responder, incluindo se a vítima tinha o número de seu telefone celular e se já a atendeu no aparelho. Ele não quis comentar o depoimento. Cristiana foi encontrada morta em 6 de agosto de 2000, em uma suíte do San Francisco Flat Service, no bairro de Lourdes, Sul de BH. O celular de Cristiana estava com o número do telefone de Djalma no visor. Em inquérito aberto quatro meses depois e terminado ano passado, a Polícia Civil concluiu que ela se suicidou. O Ministério Público não concordou, reabriu o caso. A defesa de Reinaldo Pacífico vai insistir na tese do suicídio.