2001.03.08 - Perigo Constante - Estado De Minas

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PÁGINA 22

ESTADO DE MINAS - QUINTA-FEIRA, 8 DE MARÇO DE 2001

GERAIS

❚ PERIGO CONSTANTE

FISCALIZAÇÃO DA ATIVIDADE NO ESTADO ESBARRA NA PRECARIEDADE DA ESTRUTURA DE CONTROLE, POR PARTE DAS POLÍCIAS RODOVIÁRIAS ESTADUAL E FEDERAL, JÁ QUE NAS RODOVIAS QUE CORTAM MINAS SÃO COMUNS POSTOS POLICIAIS E DE PESAGEM ABANDONADOS E DEPREDADOS

Livre transporte de cargas sativadas fica difícil autuar os transportadores em situação A inspeção do transporte de irregular. Policiais com mais cargas em Minas Gerais está tempo de estrada, insistem que seriamente comprometida pela as balanças dos postos da PRF, precariedade da estrutura de desativadas desde 1984, só defiscalização. Nas rodovias são pendem de aferição. Mas a ascomuns postos policiais e de sessoria do DNER, explicou pesagem abandonados, muitos que esses equipamentos são do depredados. A tipo estáticos, Polícia Rodoviáque permitem ria Federal (PRF) checar apenas admite que não o peso bruto. tem estrutura paJá as balanças ra realizar blitze do DNER, deOntem o Departamen- sativadas com permanentes. Na to Nacional de Estradas o fim dos conRegião Metropolie Rodagens (DNER) con- tratos com as tana de Belo Hofirmou a reativação, a rizonte (RMBH) empresas opecurto prazo, de dois pos- radoras, são são apenas quatos às margens da rodo- do tipo dinâtro patrulhas e via Fernão Dias, BRcinco postos da micas, que 381, nos municípios de Polícia Rodoviápermitem a Nepomuceno e Pouso ria Estadual, em pesagem por Alegre (Sul de Minas). 1,5 mil quilômeeixo. Outros nove entram em tros de estradas. O delegado operação ainda este Trafegar com Guilherme ano, tão logo se confirexcesso de carga Bravo, da Deme a destinação da ver- legacia em Minas deixou de ba para cobrir os conde ser problema Acidentes de tratos com as empresas desde 1999. NaVeículos, afirque operam o sistema. quele ano, foram ma que as desativadas sete ocorrências das oito balanças do Departa- envolvendo veículos de carga mento Nacional de Estradas de não são comuns no perímetro Rodagem (DNER). A última, em urbano. De acordo com ele, Frutal, resistiu até o começo quando ocorrem, é preciso se deste ano. A situação não é di- observar detalhes específicos, ferente no Departamento de como o tipo de carga que esEstradas de Rodagem (DER), tava sendo transportada. O cuja direção do órgão foi pro- delegado concorda que o excurada, mas preferiu não se cesso de peso pode causar manifestar sobre o assunto. acidentes, assim como a má O chefe de Operações Espe- distribuição do peso sobre o ciais da PRF, inspetor Homero veículo, que poderia ser deLima, concorda com a afirma- tectada na pesagem por eixo ção de que com as balanças de- na balança.

c m y k

LANDERCY HEMERSON

O QUE DIZ O DNER

ROBERTO ROCHA

DESPERDÍCIO

Cena comum nas rodovias de Minas: equipamentos abandonados, enquanto veículos trafegam com excesso de carga

❚ ACIDENTE

Copeira recebe ajuda para ter Thiago de volta

PARENTES DE PASSAGEIROS MORTOS NÃO SE CONFORMAM COM A TRAGÉDIA E PROMETEM RECORRER À JUSTIÇA

Revolta no enterro das vítimas em Santa Luzia NEWTON CUNHA

No semblante dos parentes das vítimas, era visível a revolta e a dor, provocados pelos 11 mortos e 19 feridos no grave acidente de anteontem, pela manhã, envolvendo uma carreta carregada com duas bobinas de aço e um ônibus da linha Santa Luzia/Belo Horizonte. Ninguém se conformava em perder o filho ou irmão de forma tão trágica. Muito menos o empresário Antônio Vanderley de Matos, de Santa Luzia, cujo o filho único, Wanderson, e a irmã Ivete, morreram no acidente. Revoltado, o empresário diz estar disposto a passar “o resto de sua vida processando a Usifast, que deveria ter conferido a carga, a transportadora, que não fez o transporte com uma carreta adequada, e até o Estado, responsável pela conservação da estrada”. Por ironia do destino, sua indústria fabrica um equipamento que – caso estivesse sendo utilizado – poderia ter evitado a tragédia. De acordo com Matos, a carroceria da carreta deveria ter o chamado “berço”, ou fundos cilíndricos, onde as bobinas de aço são encaixadas. “Se estivessem nos berços o acidente jamais teria ocorrido”, acredita. O movimento foi intenso durante a tarde de ontem no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, em Santa Luzia, onde sete das onze vítimas do acidente de anteontem, envolvendo uma carreta carregada com duas bobinas de aço e um ônibus da linha Santa

RENATO WEILL

LUTO

Na cidade, foram sepultadas sete das vítimas fatais do acidente Luzia/Belo Horizonte, foram sepultadas. Os primeiros a serem enterrados foram o estudante Wanderson Carvalho de Matos, ao lado da tia Ivete Aparecida Brant de Matos Reis. Em seguida foram sepultados Celita Carlos da Silva Pereira, Renato Santana Ramos Silveira, José Damião de Oliveira, Joel Nere de Aquino e Maria das Dores Santos. No Cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte, foi enterrado o garoto Gabriel Fonseca Versiani Murta, filho do motorista de ônibus Jackson Murta. O casal Joaquim e Edir Martins, foram sepultados em Timóteo, no Vale do Aço, e Adair Gonçalves Pereira, foi enterrado em Nova Lima. Segundo o representante da Viação Expresso Santa Luzia, Israel Antônio Lopes, a empresa de ônibus cobriu todos os sepultamentos e despesas médicas. Só com enterros a empresa, de acordo com ele, desembolsou mais de R$ 12 mil.

LISTA OFICIAL ■ José Damião de Oliveira ■ Gabriel Fonseca Versiani Murta 4 anos - Sepultado no Cemitério Parque da Colina ■ Celita Carlos da Silva Pereira Sepultada em Santa Luzia ■ Joaquim de Carvalho Martins 54 anos - Sepultado em Timóteo ■ Edir de Souza Rocha Martins 49 anos - Sepultada em Timóteo ■ Wanderson Carvalho de Matos 12 anos - Sepultado em Santa Luzia ■ Ivete Aparecida Brant de Matos Reis - 30 anos - Sepultada em Santa Luzia ■ Maria das Dores Souza Santos Sepultada em Santa Luzia ■ Adair Gonçalves Pereira - 55 anos - Sepultado em Nova Lima ■ Joel Nere de Aquino - 37 anos Sepultado em Santa Luzia ■ Renato Santana Ramos Silveira 20 anos - Sepultado em Santa Luzia

O drama da copeira M.J., 23 anos, que abandonou seu filho recémnascido em uma lixeira no bairro São Marcos, no último sábado, sensibilizou várias pessoas que ofereceram ajuda caso ela sofra uma ação penal por abandono de capaz ou até tentativa de homicídio e na batalha para ter o filho de volta. O advogado Cristiano Pereira Dahrell se ofereceu para representar a copeira no Juizado da Infância e da Juventude, onde ela deve se defender de uma ação de destituição de pátrio poder. “O caso é delicado. Esta mulher precisa de atenção”, justifica. M.J. não conseguiu atendimento na Defensoria Pública, em BH. As chances da copeira ter de volta o filho que abandonou são pequenas. O caminho para a adoção é imediatamente aberto se ela perder a guarda. O juiz Geraldo Claret, do Juizado, afirma que vários detalhes são considerados no momento de julgar ações semelhantes e a rotina tem reforçado a tendência de não devolver a criança à mãe que o abandonou. “Levamos muitas coisas em conta. Até se a forma do abandono é avaliada’’,afirma. Centro de todas as discussões, o pequeno Thiago ainda luta pela vida na Maternidade Hilda Brandão, da Santa Casa. Os médicos já não falam em alta para o bebê que permanece no berçário de médio risco da unidade. De acordo com o boletim médico divulgado ontem, Thiago apresenta infecção de pele. “Considerando o estado em que foi encontrado, permanecerá sob observação”, informa.

❚ CONSTRUÇÃO CIVIL

OPERÁRIOS CONSTRUÍAM MURO DE ARRIMO SEM O DEVIDO ESCORAMENTO E PROTEÇÃO

Soterramento fere três na Gameleira cos monitoravam os sinais vitais da vítima, que foi sedada e Três operários ficaram feri- medicada com soro. Ademir dos, um deles em estado grave, sofreu bradicardia (diminuição no acidente ocorrido ontem à dos batimentos cardíacos várias tarde na rua Zurick, 537, no vezes) e foi levado para o Hosbairro Gameleira, zona Oeste pital de Pronto-Socorro João da capital. Os XXIII (HPS). trabalhadores, Apesar de ter que estavam licença da sem equipamenprefeitura para tos de proteção realizar o para o tipo de serviço de terOs fiscais do Crea-MG ( raplenagem no serviço que realforam informados a res- lote, de proizavam – um peito do acidente pela muro de arrimo priedade do enreportagem do ESTADO –, foram sotergenheiro Paulo DE MINAS. Numa prirados por cerca César de Almeimeira pesquisa, eles de 20 metros da Soares, 50, não encontraram nos cúbicos de terra, conforme a Adseus arquivos qualquer o equivalente a ministração da registro sobre a obra. cerca de quatro Regional Oeste, Somente hoje, informou caminhões tipo o coordenador o agente de fiscalização, do Corpo de caçamba. Tercio Casalecchi, have- Bombeiros, O caso mais rá uma resposta definigrave, segundo tenente Wallace tiva, após os relatórios a médica da Tardim dos Sanda equipe que esteve no tos, unidade de resapontou local no início da noite gate, Carolina várias irregularde ontem. Ao iniciar a Cardoso de idades no local. construção de um préAlmeida, é o do “O muro de dio, o construtor deve servente Ademir arrimo está fazer a Anotação de Vicente Ambrósendo executaResponsabilidade Técni- do sem o escosio, 25, que fica (ART). O prazo para cou coberto pela ramento devido regularizar a situação é e os operários avalanche de de 90 dias. Posteriorterra. Ele foi soestão trabalhanmente, ele registra as corrido inicialdo sem os etapas de construção no equipamentos mente pelo irCrea. mão, que tamde proteção, cobém trabalha na mo luvas e caobra, e em pacete”, afirmou o oficial dos seguida pelos bombeiros que bombeiros, para quem as tiveram bastante dificuldade rachaduras que estão visíveis em resgatá-lo. nas construções ao lado da Os militares tiveram que faz- obra também não são normais. er um buraco lateral ao corpo Este foi o terceiro acidente do operário, para efetuar o so- ocorrido na obra em menos de corro, enquanto os paramédi- 15 dias.

ILSON LIMA

O QUE DIZ O CREA

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