2000.12.07 - Motorista Morre Em Batida - Estado De Minas

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GERAIS/POLÍCIA

7 de dezembro de 2000 Quinta-feira



Promotores devassam entidade de caça-níqueis Apreensão de documentos serve à investigação de atividade ilícita

MARIA CLARA PRATES

A

s promotorias de Defesa do Patrimônio Público e do Consumidor estão analisando vasta documentação apreendida ontem pela manhã na sede da Associação das Empresas de Diversão Eletrônica Interativas Off-line do Estado de Minas Gerais (Aedeiol), Centro, que reúne donos dos caça-níques, cuja atividade foi declarada ilegal. Computadores, disquetes, arquivos, relação de associados e até mesmo documentos pessoais de funcionários foram levados pelo Ministério Público, às 6h45min, em operação que envolveu três promotores, policiais do Batalhão de Missões Especiais (BME) e um oficial de Justiça. De acordo com os promotores, todo o material será utilizado para “instruir procedimento investigatório sobre entidades, pessoas e autoridades supostamente ligadas ao crime organizado na esfera das máquina caça-níqueis”. A investida contra a associação foi possível através de mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz de plantão, Igor Queiroz, após 18 h de anteontem. Para conseguir o mandado, o Ministério Público justificou que a análise da documentação é importante também para investigar outra extensa

GUALTER NAVES

JOSÉ CELSO Schill, presidente da Aeideiol, considera atitude do Ministério Público um exagero lista de ilegalidades relativas exploração do tipo de jogo, como sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, corrupção, contrabando, formação de quadrilha e contravenção penal.

Tutela Essa investida complementa outro golpe duro aplicado ontem pelo Ministério Público contra os empresários que exploram as

maquininhas de caça-níqueis. Anteontem, os promotores conseguiram junto ao juiz da 26ªVara Cível, Francisco Batista de Abreu, a concessão de tutela antecipada para suspender as atividades da associação, em ação civil pública que questiona a clandestinidade das atividades da entidade. Foi decretado ainda o bloqueio das contas bancárias movimentadas pela Aedeiol. O presidente da associação,

José Celso Schill, considerou um exagero a decisão do Ministério Público de recolher a documentação na ausência de seus dirigentes. Segundo o presidente, ele próprio já apresentou à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público a relação de seus associados, assim como todos os extratos bancários da conta da Aedeiol, desde sua criação até a data de seu depoimento ocorrido em setembro último.

Ação visa ex-procurador e genro Além de instruir a ação civil pública proposta pelo Ministério Público, a documentação apreendida pode ajudar ainda a instituição ao esclarecer o possível envolvimento do ex-procurador-geral de Justiça, Márcio Decat, e seu genro, Márcio Miranda, então superintendente administrativo da procuradoria, com os empresários do setor. A divulgação de fita cassete com con-

versa entre Miranda e um representante desse empresários revelou uma tentativa de suborno no valor de R$ 6 milhões, que envolveria Decat, para amenizar a fiscalização do próprio Ministério Público às empresas e pessoas que exploram o jogo. Desde o último dia 23 de outubro, os promotores Márcio Gomes de Souza e Márcia Pinheiro de Oliveira Teixeira, além de ou-

tros três promotores, estão analisando o relatório elaborado pela comissão especial de procuradores que investigou as suspeitas de suborno, o qual concluiu pela indiscutível participação de Miranda. O grupo está atuando em conjunto com as Promotorias de Defesa do Patrimônio Público e Defesa do Consumidor na apuração do caso, não sabendo, por-

tanto, quando será oferecida denúncia contra os envolvidos na tentativa de suborno dos empresários. Além de Decat e o genro, os delegados Nilton Ribeiro e Antônio Carlos Faria, que ocupavam cargos na cúpula da Secretaria de Secretaria de Segurança Pública de Minas, também foram afastados de sua função por suspeita de envolvimento com a atividade ilegal. (MCP)

Tentativa de Esmeraldas pede fuga no Ceresp mais segurança NEWTON CUNHA Pelo menos 18 dos 390 presos do Centro de Remanejamento da Secretaria de Segurança Pública (Ceresp), mais conhecido como “Cadeião da Gameleira”, tentaram fugir do local ontem de manhã, cavando buracos no pavilhão superior do presídio. A fuga, que poderia detonar mais um motim no sistema carcerário do Estado, foi abortada rapidamente pelos carcereiros de plantão. Policiais militares do 5º Batalhão invadiram a cadeia e controlaram a situação. Contudo, policiais que trabalham no local denunciam que o clima no local é tenso e uma rebelião poderá acontecer a qualquer momento. Os presos reclamam da má alimentação e sobretudo do indulto de Natal, restrito a uma minoria.

OBITUÁRIO Belo Horizonte QUEROBINO VILELA MOSCARDINI, 79 anos, natural de Ilicínea/MG e primeiro prefeito da cidade. Era casado com Zélia Faria Damasceno e deixou os filhos Vadilson, Maíra, Marice, Margarete, Maria Zélia e Vanilton. ZÉLIA RESENDE SILVA, 73 anos, natural de Passa Tempo/MG, faleceu em 30/11/2000 e deixa os filhos Juarez, Elvio, Calabi, Jussara e Fábio, além de 10 netos.

● A divulgação nesta coluna é gratuita

O tumulto no Ceresp começou por volta das 9h, quando presos de três celas diferentes tentaram cavar um buraco através da entrada de ar. Cada cela possui em média seis presos, mas segundo os policiais, todos articularam o plano de fuga e pretendiam fugir em massa. O delegado Adjunto do Ceresp, Marcos Antônio de Abreu, garantiu que os presos não conseguiram sequer cavar o túnel, mas admite que a intenção era realmente fugir. A imprensa não teve acesso ao presídio, sob alegação de provocar insegurança e tumultuar o clima entre os detentos. Construído para ser um presídio-modelo no Estado e administrado pela Secretaria de Segurança Pública, em menos de um ano de inauguração, o Ceresp já registrou várias fugas e tumulto entre presos, a maioria de alta periculosidade.

LANDERCY HEMERSON Representantes do Legislativo, comércio e comunidade de Esmeraldas (Região Metropolitana) estiveram ontem na Secretaria de Estado da Segurança para reivindicar uma melhor estrutura policial na cidade. Eles foram recebidos pelo superintendente geral da Polícia Civil, delegado José Antônio de Moraes, que prometeu empenho para atender as reivindicações, mas adiantou que o município não é o único a sofrer com o aumento da violência e o reduzido número de policiais. A vereadora Márcia Valarini, presidente da Câmara Municipal de Esmeraldas, avaliou que o encontro foi produtivo, embora tenha saído pessimista diante de uma possível solução a curto e médio prazo. “O superintendente concordou com a nossa necessidade

em aumentar o número de policiais. Mas ele deixou claro as dificuldades que tem em face do baixo efetivo da corporação. Contudo, saímos da reunião com a certeza de que precisamos nos mobilizar para cobrar do governo os investimentos em segurança que ele vem apregoando”, explicou a vereadora. O presidente da Associação Comercial de Esmeraldas, Antônio Martinho Pereira Souza, demonstrou desânimo. “Apesar da cidade ser a maior em extensão territorial da Grande BH, contamos apenas com um delegado, dois carcereiros e um detetive”. Marcílio Alves Santos, que teve a sede de sua distribuidora de bebibas assaltada três vezes, além de sofrer oito ataques de criminosos aos caminhões de entrega, prefere apostar nos seus próprios investimentos em segurança.

ESTADO DE MINAS Página 31

Justiça decreta prisão de vereador por assassinato DALILA ABELHA Um romance proibido, um aborto forçado e pistolagem. Esse drama familiar que culminou no assassinato do mecânico Hélio Amigo Pôncio Filho, em Mutum, Leste do Estado, em setembro, foi desbaratado pelo delegado Wagner Pinto, da Divisão de Crimes contra a Vida, que já encaminhou à Justiça da cidade as prisões preventivas dos envolvidos, entre eles o fazendeiro e vereador David Florindo de Freitas, da Câmara Municipal de Mutum, acusador de intermediar a contratação dos pistoleiros. Hélio na verdade assinava sua sentença de morte quando, há três anos começou a namorar a estudante de odontologia Letícia Ferreira, filha do fazendeiro Augusto Dilermano Ladeia, pessoa influente e de boa situação financeira, que não aprovou o namoro. Para piorar, meses depois do início do romance, a filha engravidou e foi forçada, pelo pai e irmãos, a abortar, em uma clínica do Rio. Mas a perda da criança não impediu a continuação do namoro. O mecânico era separado e tinha um filho. Na noite de 13 de setembro, o casal namorava dentro do carro na região central da cida-

de, onde foi emboscado por dois homens, que executaram o mecânico. Dias depois a Superintendência de Polícia Civil determinou que um delegado da Divisão de Homicídios fosse para Mutum esclarecer o crime. Depois das primeiras incursões, o delegado Wagner Pinto já não tinha dúvida de que a mão do pai de Letícia estava por trás do crime. Pelo assassinato foram indiciados o vereador, que, segundo testemunhas, afirmam ter uma empresa de pistolagem na divisa de Espírito Santo com Minas, o fazendeiro Dilermano Ladeia, pai da moça, e os irmãos Sebastião e Ailton Marques de Oliveira. Uma testemunha informou ao delegado que encontrou o pistoleiro Ailton por duas vezes depois do crime e que ele comentou nas duas ocasiões que o vereador lhe devia R$ 6 mil. O delegado conclui ser o preço prometido aos pistoleiros pelo assassinato do desafeto de Dilermano. O pai de Letícia foi também indiciado pelo crime de aborto, juntamente com os filhos Fabrício e Felício e a própria Letícia. O relatório do delegado já está com a Justiça de Mutum, com o pedido de prisão dos suspeitos.

GIROGERAIS POLÍCIA ■ ASSASSINATO

Vingança é hipótese Vingança a causa do assassinato de Régis Ferreira Silva, 18 anos, morto a tiros por dois desconhecidos, quando fumava um cigarro na porta de sua residência, na vila Santa Rita, no Barreiro. Segundo uma testemunha, o suspeito de mando do crime é um homem a quem recentemente Régis esfaqueou por ter mexido com sua companheira. Pela tentativa de homicídio, Régis chegou a ficar alguns dias preso no 12ªDistrito. Depois de solto, passou a receber recados de ameaça e que dois pistoleiros estavam sendo contratados por R$ 500 para matá-lo. Ontem, Régis foi surpreendido e executado com tiros na cabeça, morrendo a caminho do hospital. ■ PERDÕES

Motorista morre em batida O motorista Daniel Barbosa, 31 anos, morreu ontem um acidente em Perdões, às 7h30min, com o caminhão Mercedes Benz, placa GMH 1045 de Pará de Minas. Ele perdeu o controle do caminhão, que capotou e foi parar no canteiro central da pista, na altura do quilômetro 661,9 da BR 381, em Perdões. O passageiro, Guilherme Marques Alves, cuja idade e naturalidade não foram informadas, foi levado em estado grave para o Hospital de Perdões. As pedras de ardósia, que eram transportadas pelo caminhão, ficaram espalhadas na pista, forçando os motoristas a utilizar também o acostamento, para evitar acidentes. No começo da tarde, policiais e bombeiros terminaram de retirar a carga do local.

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