Umbanda

  • June 2020
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||-- UMBANDA - RELIGIÃO BRASILEIRA --|| “A palavra Umbanda, inteiramente desconhecida do vernáculo português, foi pronunciada pela primeira vez em 16 de novembro de 1908, por um jovem de 17 anos, mediunizado por uma entidade astral que a si própria deu o nome de Caboclo das Sete Encruzilhadas.” O referido moço padecia de uma prolongada paralisia que o mantinha preso ao leito, o que significava enorme sofrimento não só para si mas também para os seus familiares, amigos e conhecidos. Pertencia a tradicional família da região, formação católica, com dois sacerdotes que aflitos oravam pelo sobrinho, embora nada pudessem explicar acerca da grave enfermidade. Residia na Estrada da Covanca, hoje Rua Floriano Peixoto, 30, no bairro de Neves, distrito de São Gonçalo - RJ. Era Presidente da República o Dr. Afonso Pena. Esgotados os recursos da medicina, recorreram então, às mezinhas, xaropes, rezas, passes, emplastos, simpatias, etc. Tudo era válido para a cura do adolescente vitimado pela inexplicável cessação dos movimentos musculares. No dia 13, para espanto de todos que estavam à cabeceira do inválido, viram-no resoluto, sentar-se e dizer na terceira pessoa: “Amanhã ele estará curado”. Deitou-se novamente prostrado. No dia seguinte, o insólito aviso foi cumprido. Zélio Fernandino de Morais estava de pé, movimentando-se normalmente. O milagre acontecera através de estranha intervenção sobrenatural. Sem explicações plausíveis, a família atendeu à sugestão de um amigo que se ofereceu para acompanhar o jovem Zélio à Federação Espírita de Niterói, cujo presidente, na época, era o Sr. José de Souza. O raro acontecimento ganhara as ruas e, no dizer popular, “era coisa de espírito de outro mundo”. Realizou-se, então uma sessão inédita para os anais do espiritismo e seguidores de Kardec no Brasil. À volta de uma extensa mesa retangular, os médiuns - todos espíritas - foram tomados por almas desencarnadas que diziam ser de índios e de negros escravos. O rude linguajar e posturas corporais não os desmentiam. O dirigente da reunião logo os advertiu para que se retirassem do recinto. Zélio de Morais que, antes, impulsionado por força estranha, tinha colhido no jardim da Federação flores para o centro da mesa (na época não era admitido nenhum adorno) mais uma vez, sem domínio consciente da própria voz, indagou em tom decidido o porquê da não aceitação das mensagens da gente negra e indígena e o porquê de serem eles considerados atrasados apenas pela cor e pela classe social que declinavam... A observação de Zélio de Morais, já completamente mediunizado suscitou breve tumulto na Instituição Espírita. Um médium solicitou, com todo o respeito, que a entidade manifestada no moço se identificasse: -“Se querem um nome, que seja este: Sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim”. Indagado por um vidente da Casa sobre o que desejava, declarou que trazia a missão do Plano Astral de estabelecer um culto que simbolizasse a verdadeira igualdade que deve existir entre encarnados e desencarnados. Sendo almas de origem humilde, não letradas, estavam emocionalmente prontas para ajudar, na via prática, com severidade, paciência e bondade todos os encarnados que a eles recorressem. Sentindo a insensibilidade, o preconceito, a inflexibilidade dos praticantes de uma doutrina codificada, intelectualizada, européia (hoje bastante modificada), a Entidade declarou que na noite seguinte, estaria na residência do médium para fundar o 1º templo. Asseverou: -“Levarei daqui uma semente para plantá-la no bairro de Neves, onde ela se transformará em árvore frondosa”. Na noite de 16 de novembro, em Neves, a Entidade se manifestou pontualmente. Ante a pergunta sobre o nome do culto, respondeu: -“UMBANDA”. Instado a dizer o que significava aquela palavra, afirmou sem titubeio: -“Umbanda é a manifestação do Espírito para a Caridade”. O novo culto não permitia sacrifício de animais. Apenas, cânticos, oferendas com flores, folhas, frutos, raízes, etc. Era preciso, mais do que nunca, dissociar, separar terminantemente o novo culto das famosas “macumbas” do Rio de Janeiro, que eram uma mistura de catolicismo, fetichismo negro, crenças místicas, sem nenhuma base religiosa, que se multiplicavam assustadoramente. O “trabalho feito” havia passado à ordem do dia, dando motivo a outro trabalho de desmanche para destruir os efeitos maléficos. Generalizam-se os “despachos”, visando a obter favores para prejudicar terceiros. Aves e animais eram mortos com as mais diversas finalidades; exigiam-se objetos de valor para homenagear pseudas- entidades ou satisfazer almas do baixo astral. O objetivo primordial era aumentar a renda do feiticeiro ou “derrubar” - termo muito em voga na época - os que não se curvassem ante seus poderes ou pretendessem fazer-lhes concorrência...

Enquanto isso, ocorriam milhares e milhares de curas através da mediunidade extraordinária de Zélio de Morais com o Caboclo das Sete Encruzilhadas e de outras entidades manifestadas também em médiuns, todos vestidos de branco, atraídos pelo novo movimento religioso. Zélio de Morais desencarnou em outubro de 1975, aos 83 anos de idade. Dedicara 66 anos de sua existência ao culto da Umbanda...” SÉRGIO SANTOS D’OXÓSSI SALVE NOSSO PAI OXALÁ

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