Trabalho Meio Ambiente

  • November 2019
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Laila Saliba 54899 Daiane Dalto Tiago Amstalden Andressa Schwab 54662 Responsabilidade Empresarial ÍNDICE 1. Introdução 2. O que é Responsabilidade Social?

3. Abordagem histórica da responsabilidade social 3.1. No mundo 3.2. No Brasil 4. Responsabilidade Empresarial e Democracia

5. Os quatro tipos de responsabilidade social da empresa 6. Ações das Empresas em relação as demandas sociais

Introdução A responsabilidade social se apresenta como um tema cada vez mais importante no comportamento das organizações, exercendo impactos nos objetivos, estratégias e no próprio significado de empresa. A idéia de responsabilidade social incorporada aos negócios é, portanto, relativamente recente. Com o surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência nos negócios, empresas se vêem forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações. O objetivo deste trabalho é contribuir para um melhor entendimento dos conceitos de responsabilidade social e apresentar tanto os ganhos empresariais a partir da responsabilidade social como também as perdas empresariais devido a falta de responsabilidade social. Este trabalho busca ainda trazer alguma contribuição no sentido de uma melhor compreensão da importância desta estratégia e dos benefícios que a mesma pode trazer para a corporação. A metodologia empregada para a realização deste trabalho de cunho teórico consiste de pesquisa bibliográfica, sendo a coleta de informações realizada, principalmente, através de dados secundários, a saber: livros, teses, revistas, jornais, pesquisas de instituições e sites na internet. Parte deste material foi coletado em bibliotecas, parte pela internet e parte em periódicos (revistas e jornais). O conteúdo que se apresenta neste trabalho não pretende esgotar tão importante assunto da responsabilidade social empresarial, uma vez que este está se tornando prática crescente nas empresas e muito ainda tem a ser desenvolvido.

O que é Responsabilidade Social? As transformações sócio-econômicas dos últimos 20 anos têm afetado profundamente o comportamento de empresas até então acostumadas à pura e exclusiva maximização do lucro. Se por um lado o setor privado tem cada vez mais lugar de destaque na criação de riqueza; por outro lado, é bem sabido que com grande poder, vem grande responsabilidade. Em função da capacidade criativa já existente, e

dos recursos financeiros e humanos já disponíveis, empresas têm uma intrínseca responsabilidade social. Algumas empresas confundem Responsabilidade Social com Filantropia, mas as razões por trás desse paradigma não interessam somente ao bem estar social, mas também envolvem melhor performance nos negócios e, conseqüentemente, maior lucratividade. A busca da responsabilidade social corporativa tem, grosso modo, as seguintes características: •

É plural. Empresas não devem satisfações apenas aos seus acionistas. Muito pelo contrário. O mercado deve agora prestar contas aos funcionários, à mídia, ao governo, ao setor não-governamental e ambiental e, por fim, às comunidades com que opera. Empresas só têm a ganhar na inclusão de novos parceiros sociais em seus processos decisórios. Um diálogo mais participativo não apenas representa uma mudança de comportamento da empresa, mas também significa maior legitimidade social.



É distributiva. A responsabilidade social nos negócios é um conceito que se aplica a toda a cadeia produtiva. Não somente o produto final deve ser avaliado por fatores ambientais ou sociais, mas o conceito é de interesse comum e, portanto, deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. Assim como consumidores, empresas também são responsáveis por seus fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e serviços usados ao longo de seus processos produtivos.



É sustentável. Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao ambiente e à sociedade, não só garante a não escassez de recursos, mas também amplia o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento sustentável não só se refere ao ambiente, mas por via do fortalecimento de parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo e por fim leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é por natureza preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos ambientais ou processos judiciais.



É transparente. A globalização traz consigo demandas por transparência. Não mais nos bastam mais os livros contábeis. Empresas são gradualmente obrigadas a divulgar sua performance social e ambiental, os impactos de suas atividades e as medidas tomadas para prevenção ou compensação de acidentes. Nesse sentido, empresas serão obrigadas a publicar relatórios anuais, onde sua performance é aferida nas mais diferentes modalidades possíveis. Muitas empresas já o fazem em caráter voluntário, mas muitos prevêem que relatórios sócio-ambientais serão compulsórios num futuro próximo.

Muito do debate sobre a responsabilidade social empresarial já foi desenvolvido mundo afora, mas o Brasil tem dado passos largos no sentido da profissionalização do setor e da busca por estratégias de inclusão social através do setor privado. Mas o que é Responsabilidade Social? O termo "responsabilidade social" encerra sempre a idéia de prestação de contas: alguém deve justificar a própria atuação perante outrem. Durante muito tempo, este foi entendido, em uma visão

tradicional, como sendo a obrigação do administrador de prestar contas dos bens recebidos por ele. Ou seja, economicamente, a empresa é vista como uma entidade instituída pelos investidores e acionistas, com objetivo único de gerar lucros. Entretanto, tal perspectiva não se aplica no mundo contemporâneo. Já se sabe que a empresa não se resume exclusivamente no capital, e que sem os recursos naturais (matéria-prima) e as pessoas (conhecimento e mão-de-obra), ela não gera riquezas, não satisfaz às necessidades humanas, não proporciona o progresso e não melhora a qualidade de vida. Por isso, afirma-se que a empresa está inserida em um ambiente social. Para Oded Grajew presidente do Instituto Ethos, uma das principais instituições responsáveis pela difusão do conceito de responsabilidade social na sociedade brasileira, define este conceito como: "(...) a atitude ética da empresa em todas as suas atividades. Diz respeito às interações da empresa com funcionários, fornecedores, clientes, acionistas, governo, concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos da responsabilidade social podem balizar, inclusive, todas as atividades políticas empresariais”.(GRAJEW, Instituto Ethos, 2001).

Atualmente, a intervenção dos diversos fatores sociais exige das organizações uma nova postura, calcada em valores éticos que promovam o desenvolvimento sustentado da sociedade como um todo. A questão da responsabilidade social vai, portanto, além da postura legal da empresa, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade. Significa mudança de atitude, numa perspectiva de gestão empresarial com foco na qualidade das relações e na geração de valor para todos. É importante ressaltar que a responsabilidade social é, ainda, um processo em crescimento em vários países do mundo e, principalmente, no Brasil. A questão da participação das empresas privadas na solução de necessidades públicas está nas pautas das discussões atuais. Embora alguns defendam que a responsabilidade das empresas privadas na área pública limita-se ao pagamento de impostos e ao cumprimento das leis, crescem os argumentos de que seu papel não pode ficar restrito a isso, até por uma questão de sobrevivência das próprias empresas. Outro argumento é o fato de que adotar posturas éticas e compromissos sociais com a comunidade pode ser um diferencial competitivo e um indicador de rentabilidade e sustentabilidade no longo prazo. A idéia é de que os consumidores passam a valorizar comportamentos nesse sentido e a preferir produtos de empresas identificadas como socialmente responsáveis. As empresas socialmente responsáveis são aqueles que buscam o diferencial, um exemplo é a empresa Kanneberg, Barker, Hail & Cotton Tabacos Ltda. (KBH&C), que atua de forma coerente, com profissionais qualificados na área e possui a certificação da Norma SA 8000. Gostaríamos que outras empresas também visualizassem, este novo cenário social que se apresenta no mundo moderno. Aquelas que não acompanhar a contemporaneidade infelizmente terão seus dias contados.

Abordagem histórica da responsabilidade social No Mundo : Em 1899, Andrew Carnegie, fundador do conglomerado U.S Steel Corporation, publicou um livro entitulado O Evangelho da Riqueza, que estabeleceu a abordagem clássica da responsabilidade social das grandes empresas. A visão de Carnegie baseavase nos princípios da caridade e da custódia. Ambos eram francamente paternalistas: o

princípio da caridade exigia que os membros mais afortunados da sociedade ajudassem os menos afortunados, e o princípio da custódia, derivado da Bíblia, exigia que as empresas e os ricos se enxergassem como guardiães, ou zeladores, mantendo suas propriedades em custódia, para benefício da sociedade como um todo. Nas décadas de 1950 e 1960, os princípios da caridade e da custódia eram amplamente aceitos nas empresas americanas, à medida que mais e mais companhias passaram a admitir que “o poder traz responsabilidade”. Até mesmo companhias que não subscreviam esses princípios percebiam que, se não aceitassem as responsabilidades sociais por sua livre vontade, seriam forçadas a aceitá-las por imposição do governo. Muitas acreditavam que reconhecer as responsabilidades sociais era questão de “autointeresse esclarecido” (Stoner e Freeman, 1985, p.72). Porém, um conceito de responsabilidade social proposto por H. R. Bowen em 1953 inspirou várias idéias novas sobre o tema. Bowen insistiu que os administradores de empresas tinham o dever moral de “implementar as políticas, tomar as decisões ou seguir as linhas de ação que sejam desejáveis em torno dos objetivos e dos valores de nossa sociedade” (Bowen citado em Stoner e Freeman, 1985, p.73). Este conceito, que via as empresas como reflexo dos “objetivos e valores” sociais estava em contraposição com os princípios da caridade e da custódia, que eram especialmente atraentes para os que tinham um interesse oculto em preservar o sistema de livre iniciativa com garantia de liberdade em relação a outras formas de pressão social. Mas na evolução da idéia de responsabilidade social viveu-se o momento onde estudiosos acreditavam que cabia ao governo, igrejas, sindicatos e organizações nãogovernamentais o suprimento das necessidade comunitárias através de ações sociais organizadas e não às corporações, que na verdade precisavam satisfazer seus acionistas. Um dos principais proponentes desta idéia é Milton Friedman. De acordo com Friedman: " "Há uma, e apenas uma, responsabilidade social das empresas: usar seus recursos e sua energia em atividades destinadas a aumentar seus lucros, contanto que obedeçam as regras do jogo (...) [e] participem de uma competição aberta e livre, sem enganos e fraudes (...)" " (FRIEDMAN citado em STONER e FREEMAN, 1985, p.73). As décadas de 1970 e 1980 chegaram com a preocupação de como e quando a empresa deveria responder sobre suas obrigações sociais. Nestas décadas, a ética empresarial começou a desenvolver-se e consolidou-se como campo de estudo. Filósofos entraram em cena, aplicando teoria ética e análise filosófica, com o objetivo de estruturar a disciplina ética empresarial. Nos EUA, o escândalo Watergate, no governo Nixon, focalizou o interesse público na importância da ética no governo. Conferências foram convocadas para discutir responsabilidades sociais e questões morais e éticas no mundo dos negócios. Surgiram centros com a missão de estudar estes assuntos. Seminários interdisciplinares reuniram professores de administração de empresas, teólogos, filósofos e empresários. A doutrina se difundiu pelos países europeus, tanto nos meios empresariais, quanto nos acadêmicos. Na Alemanha percebeu-se o rápido desenvolvimento do tema, com cerca de 200 das maiores empresas desse país, integrando os balanços financeiros aos objetivos sociais. Porém, a França é quem deu o passo oficial na formalização do assunto. Foi o primeiro país a "obrigar as empresas a fazerem balanços periódicos de seu desempenho social no tocante à mão-de-obra e às condições de trabalho”.

Com uma maior participação de autores na questão da responsabilidade social, o final da década de 1990 apresenta a discussão sobre as questões éticas e morais nas empresas, o que contribui de modo significativo para a definição do papel das organizações. Em Janeiro de 1999, o Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Sr. Kofi Annan, lançou o Compacto Global solicitando aos dirigentes do mundo dos negócios que aplique um conjunto de nove princípios sobre os direitos humanos, trabalhistas e questões ambientais. No mês de Junho de 2000, os Ministros da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCED) aprovaram uma versão revisada das Diretrizes para Empresas Multinacionais. Esse conjunto de instruções, adotadas em 1976, estabeleceu princípios voluntários e padrões de conduta de responsabilidade corporativa em áreas como meio ambiente, condições de trabalho e direitos humanos. As Diretrizes revisadas cobrem as atividades de empresas multinacionais operando em ou a partir dos 29 países-membros da OCED. Em Julho de 2001, a Comissão das Comunidades Européias (2001, p.3-4), reunida na cidade de Bruxelas, na Bélgica, apresentou à comunidade internacional um Livro Verde sobre responsabilidade social com o seguinte título: "Promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas". Esta publicação visa lançar um amplo debate quanto às formas de promoção pela União Européia da responsabilidade social das empresas tanto a nível europeu como internacional. De 31 de janeiro a 5 de fevereiro de 2002, aconteceu o 2º Fórum Social Mundial (FSM) em Porto Alegre (RS). Durante esses seis dias, movimentos sociais, Organizações Não-Governamentais (ONG's) e cidadãos de todas as partes do planeta se reuniram para debater problemas, soluções e adotar estratégias comuns. Da globalização e suas consequências, passando pela superação da pobreza, a proteção do meio ambiente, os direitos humanos, o acesso à saúde e à educação, a questão cultural e a responsabilidade social - "o Fórum Social Mundial discutiu de tudo e com todos" (Lisboa, 2002). No Brasil : No Brasil, a responsabilidade social começa a ser discutida ainda nos anos 60 com a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE). Um dos princípios desta associação baseia-se na aceitação por seus membros de que a empresa, além de produzir bens e serviços, possui a função social que se realiza em nome dos trabalhadores e do bem-estar da comunidade. Embora a idéia já motivasse discussões, apenas em 1977 mereceu destaque a ponto de ser tema central do 2º Encontro Nacional de Dirigentes de Empresas. Em 1984, ocorre a publicação do primeiro balanço social 1 de uma empresa brasileira - a Nitrofértil. No Brasil, o movimento de valorização da responsabilidade social empresarial ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de entidades não governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão. O trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) na promoção do balanço social é uma de suas expressões e tem logrado progressiva repercussão. 1 João Sucupira, pesquisador do IBASE, define o balanço social como: "(...) um documento publicado anualmente reunindo um conjunto de informações sobre as atividades desenvolvidas por uma empresa, em promoção humana e social, dirigidas a seus empregados e à comunidade onde está inserida. Através dele a empresa mostra o que faz pelos seus empregados, dependentes e pela população que recebe sua influência direta." (SUCUPIRA, 1999).

Muitas vezes a história do IBASE se confunde com a trajetória pessoal do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, um de seus fundadores e principal articulador. Em 1992, o Banco do Estado de São Paulo (Banespa) publica um relatório completo divulgando todas as suas ações sociais; e a partir de 1993, várias empresas de diferentes setores passam a divulgar o balanço social anualmente. Ainda no ano de 1993, Betinho e o IBASE lançam a Campanha Nacional da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida com o apoio do Pensamento Nacional das Bases Empresarias (PNBE). Este é o marco da aproximação dos empresários com as ações sociais. No ano de 1995, foi criado o GIFE, a primeira entidade que genuinamente se preocupou com o tema da filantropia, cidadania e responsabilidade empresarial, adotando, por assim dizer, o termo cidadania empresarial às atividades que as corporações realizassem com vista à melhoria e transformação da sociedade. Em 1997, Betinho lança uma campanha nacional a favor da divulgação do balanço social e com o apoio de lideranças empresarias, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), do jornal Gazeta Mercantil, de empresas (Banco do Brasil, Usiminas, entre outras); e de suas instituições representativas (Firjan, Abrasca, Abamec, Febraban, etc.), a campanha decolou e suscitou uma série de debates através da mídia e em seminários, encontros e simpósios. Em novembro de 1997, novamente em parceria com a Gazeta Mercantil, o IBASE lança o Selo do Balanço Social para estimular a participação das companhias. O selo, num primeiro momento, é oferecido a todas as empresas que divulgarem o balanço social no modelo proposto pelo IBASE. No ano de 1998, Oded Grajew fundou o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. O Instituto serve como ponte entre os empresários e as causas sociais. Seu objetivo é disseminar a prática social através de publicações, experiências vivenciadas, programas e eventos para seus associados e para os interessados em geral, contribuindo para um desenvolvimento social, econômico e ambientalmente sustentável e incentivando a formação de uma nova cultura empresarial baseada na ética, princípios e valores. Em 1999, a adesão ao movimento social se refletiu com 68 empresas publicando seu balanço social no Brasil. Entre os anos de 1999 e 2001, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 2 (IPEA) realizou a Pesquisa Ação Social das Empresas nas cinco regiões do Brasil, visando conhecer as ações sociais do setor empresarial nacional. No ano de 2000, para fortalecer o movimento pela responsabilidade social no Brasil, o Instituto Ethos concebeu os Indicadores Ethos como um sistema de avaliação do estágio em que se encontram as práticas de responsabilidade social nas empresas. Além disso, o Ethos vem promovendo, anualmente, a realização da Conferência Nacional de Empresas e Responsabilidade Social no mês de junho em São Paulo. A primeira, realizada em 2000, foi prestigiada por mais de 400 pessoas. Na Conferência de 2001, estiveram presentes 628 pessoas, representando empresas; fundações; ONGs, instituições governamentais, centros de pesquisas e universidades. A Conferência Nacional 2002 terá como tema central a Gestão e o Impacto Social e pretende aprofundar como a gestão socialmente responsável é incorporada nas diversas áreas e atividades das empresas e quais os impactos dessas ações na sociedade (Instituto Ethos, 2002). Responsabilidade Empresarial e Democracia 2

Pesquisa Ação Social das Empresas, IPEA: http://www.ipea.gov.br/asocial/

Destaque-se que a responsabilidade social empresarial está associada de forma intrínseca a dois fatores, que definem a essência da sua prática: ética e transparência na gestão de negócios. Estes fatores concretizam-se no cotidiano das organizações privadas. Há empresas que ofertam produtos e serviços de reconhecida qualidade para seus consumidores. Todavia, se no desenvolvimento de suas atividades utilizam a prática de jogar dejetos nos rios, não estarão sendo éticas nas suas relações com a sociedade, revelando uma atividade negligente em relação ao meio ambiente. Rios poluídos geram doenças e enormes gastos com a saúde curativa, com tratamento de água e esgoto (saneamento básico), prejuízos em atividades como pesca ou turismo, etc. As prefeituras terão de proceder a recuperação da água poluída com verbas provenientes de impostos que arrecadam do cidadão, ou seja, o cidadão paga duas vezes por aquilo que não provocou: quando compra o produto e quando o seu dinheiro é destinado à recuperação da água poluída. O resultado prático, segundo Dowbor (2001), é uma sociedade que, além de perder dinheiro, vai perdendo o que lhe é essencial: a sua qualidade de vida. Nesse sentido, o ser ético nos negócios supõe que as decisões de interesse de determinada empresa respeitem os direitos, os valores e os interesses de todos os indivíduos que de uma forma ou de outra são por ela afetados (INSTITUTO ETHOS, 2003). Transparência é o outro conceito central da responsabilidade social empresarial que caminha ao lado da atitude ética. Ser transparente é atender às expectativas sociais, mantendo a coerência entre o discurso e a prática e não sonegando informações importantes sobre seus produtos e serviços. Um dos instrumentos notáveis que incentiva a atitude de comunicação transparente da empresa com os públicos com os quais se relaciona é o balanço social. O balanço social é um documento publicado anualmente, reunindo um conjunto de informações sobre as atividades econômicas, ambientais e sociais desenvolvidas pela empresa que apresenta os seus principais compromissos públicos, as metas para o futuro, os problemas que imagina enfrentar e os possíveis parceiros com quem pretende trabalhar para equacionar os desafios previstos. Por meio do balanço social, a empresa mostra o que fez pelos empregados e seus dependentes e pela população sobre quem exerce influência direta. É "um instrumento pelo qual a empresa divulga o investimento em projetos e/ou ações sob a ótica da responsabilidade social" (MENEGASSO, 2002, p. 8). Embora não seja obrigatória a divulgação do balanço social no Brasil, algumas instituições como a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social – Fides e o Instituto

Brasileiro de Análises Sociais – Ibase vêm desenvolvendo modelos de balanço social com o objetivo de incentivar e facilitar a sua publicação pelas empresas. O próprio Ibase, em 1997, divulgou um modelo baseado na Lei n. 3.116. Reconhecer publicamente os esforços da responsabilidade social desenvolvidos por empresas é o objetivo do Selo Empresa Cidadã, que em 2003, em sua 3ª edição, premiou 28 organizações privadas. Essa iniciativa foi criada a partir da Resolução Legislativa n. 05/98, de autoria da então vereadora Aldaíza Sposati. O Selo Empresa Cidadã é concedido a organizações que contribuem para o desenvolvimento da comunidade e que adotam um comportamento ético na busca da consolidação da cidadania. Este prêmio é concedido às empresas que se destacam nas seguintes áreas do balanço social: meio ambiente, ambiente de trabalho, ambiente social e qualidade de vida, ambiente urbano, qualidade dos produtos e serviços, desenvolvimento dos direitos humanos e difusão da conduta de responsabilidade social. É através do balanço social que as empresas tornam públicos os seus compromissos e condutas de responsabilidade social, difundindo o vínculo entre a ética e o processo produtivo. O balanço social é um instrumento de controle sobre as obrigações das empresas em relação a todos os seus atores: empregados, clientes, fornecedores financiadores, comunidades (governos locais e nacionais, além daquelas obrigações relacionadas aos proprietários). As empresas que recebem o Selo Empresa Cidadã adquirem algumas vantagens: podem utilizá-lo em produtos, embalagens, propagandas e correspondências. Conseqüentemente, passam a ser reconhecidas pelo compromisso com a qualidade de vida, eqüidade e desenvolvimento dos funcionários e sua família, pela comunidade e preservação do meio ambiente (CIEE, 1999). Salienta-se que são segmentos do empresariado que defendem a idéia da elaboração e da divulgação do balanço social como um instrumento de demonstração do seu envolvimento social junto à sociedade, considerando inclusive que o mesmo é um dos indicadores da responsabilidade social empresarial. Podem ser relacionados alguns institutos e associações empresariais que vêm defendendo a publicação do balanço social junto a seus associados. O Instituto Ethos possui inclusive uma publicação sobre esse tema (Guia de Elaboração do Balanço Social). Importante mencionar o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – Gife4 por ser a primeira associação da América do Sul, fundada em 1995, que reúne organizações de origem privada que financiam ou executam projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público. Hoje, o Gife possui um universo de 69 associados que destinam mais de R$ 700 milhões por ano a iniciativas que buscam a melhoria das condições de vida dos brasileiros, implementando ou apoiando ações nas áreas de educação, cultura, saúde, meio

ambiente, desenvolvimento comunitário, voluntariado, entre outras. Todavia depara-se com fenômenos complexos ao procurar desvelar o significado da responsabilidade social empresarial. Iniciaremos nossas indagações tomando como exemplo a primeira associação de empresários fundada no Brasil, sendo igualmente a primeira da América do Sul: o Gife. Desde sua criação, seja pela implementação de projetos, realização de pesquisas, publicação sistemática de artigos, livros e documentos, seja pela sua participação em fóruns nacionais e internacionais (dentre outras atividades), o Gife conquistou ao longo dos seus dez anos de existência a imagem pública de uma associação que atua em parceria com outras empresas, ONGs (organizações não-governamentais), instituições da sociedade civil e com o Estado, tendo o compromisso de inovar e contribuir para o desenvolvimento sustentável do país. Os projetos desenvolvidos pela rede de seus associados são considerados modelos de investimento social privado. A maioria dessas ações pode ser multiplicada ou inspirar outras organizações privadas a atuarem na busca de soluções para as desigualdades sociais existentes em nosso país (GIFE, 2001). Em 2001, o Gife publicou um censo, apresentando os resultados de um amplo levantamento sobre a origem, natureza, formas de atuação e abrangência das suas 48 organizações afiliadas na época (GIFE, 2001). Resultante desse censo, encontram-se destacadas aqui apenas duas tabelas relacionadas à política de difusão de informações e prestação de contas. Apesar da ênfase que vem sendo dada para que as empresas assumam a transparência dos seus negócios, incluindo os investimentos sociais, e publiquem o seu balanço social, observa-se na Tabela 1 (Publicação do Balanço Contábil) que apenas 52,1% das empresas associadas divulgam os dados relativos ao balanço contábil.

A Tabela 2 trata das instâncias junto às quais é feita prestação de contas dos recursos. Novamente, observa-se a mesma

tendência: apenas 56,2% das associadas comunicam seus resultados às empresas mantenedoras e 50% divulgam ao público interno da organização/empresa. Ao nosso ver, esses dados contrariam um dos mais importantes indicadores da responsabilidade social empresarial, a comunicação com os públicos com os quais se relaciona, acrescentando-se ainda que apenas 39,6% das associadas prestam contas aos financiadores externos, 35,4% ao público externo e 25% às entidades apoiadas pela organização.

Estes dados demonstram uma certa resistência a expor de forma transparente o que fazemos, o que não conseguimos fazer e porquê isso acontece. Em outras palavras, tornar público o compromisso que nos dispomos a assumir. Estamos nos referindo, neste momento, a uma das principais e mais representativas associações empresariais, o Gife, cuja atuação tem por objetivo "buscar soluções para a superação das desigualdades sociais brasileiras, tendo como objetivo estratégico influenciar as políticas públicas". Observa-se que a comunicação das suas afiliadas com os seus diversos públicos é um processo fácil. Nossas observações não estão apenas direcionadas ao Gife. Ele é apenas um dos exemplos (uma associação representativa dentre muitas) que demonstra o quanto é difícil, neste país, tornar públicos e transparentes os compromissos assumidos, adotando efetivamente uma postura de comprometimento com o desenvolvimento sustentável. Os caminhos da construção da sociedade democrática perpassam pela constituição de relações éticas e transparentes

entre Estado, mercado e sociedade civil e pela presença e o lugar que ocupam as associações e corporações privadas. A democracia é condicionada pela atual realidade mundial e nacional, refletindo que para além de sua natureza política institucional, ainda frágil, deve avançar nas esferas econômica e social. A democracia se concretiza no cotidiano, exigindo regras de convivência, respeito, justiça social, direitos humanos, dissensos e consensos e gestão estratégica. O conflito lhe é inerente e, portanto, deve-se estar sempre atento à busca de negociações, apresentando alternativas que envolvam os diversos segmentos da sociedade. Nesse sentido é que a nossa história político-econômica, acrescida de uma tradição cultural autoritária, clientelista dos nossos governantes e do nosso empresariado, da pouca convivência com o processo de democratização (instaurado após a Ditadura Militar) ao pretender conquistar o desenvolvimento sustentável, só poderia defrontar-se com tais contradições. Compreende-se que para segmentos do empresariado5 envolvidos com os princípios da responsabilidade social empresarial e que procuram implementar projetos sociais, mesmo que incipientes diante da crise social em que está mergulhado o Brasil, é um grande desafio assumir na prática uma nova gestão empresarial.

Os quatro tipos de responsabilidade social da empresa De acordo com o modelo piramidal de Archie Carrol (citado em Daft, 1999), a responsabilidade social da empresa pode ser subdividida em quatro tipos: econômico, legal, ético e discricionário (ou filantrópico). A apresenta este modelo, onde "(...) as responsabilidades são ordenadas da base para o topo em função de sua magnitude relativa e da freqüência dentro da qual os gerentes lidam com cada aspecto" (Daft, 1999, p.90). A seguir são apresentados os conceitos referentes a cada uma destas responsabilidades:

Figura 1 - Os quatro tipos de responsabilidade social Total Responsabilidade Social da Organização

Fontes: Archie B. Carroll, "A Three-Dimensional Conceptual Model of Corporate Performance, "Academy of Management Review 4 (1979), 499; e "The Pyramid of Corporate Social Responsibility: Toward the Moral Management of Corporate Stakeholders, "Business Horizons 34 (julho-agosto de 1991),42 citado em DAFT, Richard L., "Administração", p. 90 (1999). ♦ Responsabilidade econômica: localiza-se na base da pirâmide, pois é o principal

tipo de responsabilidade social encontrada nas empresas, sendo os lucros a maior razão pela qual as empresas existem. Ter responsabilidade econômica significa produzir bens e serviços de que a sociedade necessita, e quer, a um preço que possa garantir a continuação das atividades da empresa, de forma a satisfazer suas obrigações com os investidores e maximizar os lucros para seus proprietários e acionistas. Segundo Friedman (citado em Daft, 1999, p.90), esta abordagem significa que o ganho econômico é a única responsabilidade social. ♦ Responsabilidade legal: define o que a sociedade considera importante com respeito ao comportamento adequado da empresa. Ou seja, espera-se das empresas que atendam às metas econômicas dentro da estrutura legal e das exigências legais, que são impostas pelos conselhos locais das cidades, assembléias legislativas estaduais e agências de regulamentação do governo federal. No mínimo, espera-se que as empresas sejam responsáveis pela observância das leis municipais, estaduais e federais, por parte dos seus funcionários (Daft, 1999, p.90-91). ♦ Responsabilidade ética: inclui comportamentos ou atividades que a sociedade espera das empresas, mas que não são necessariamente codificados na lei e podem não servir aos interesses econômicos diretos da empresa (Daft, 1999, p.91). O comportamento antiético, que ocorre quando decisões permitem a um indivíduo ou empresa obter ganhos a custa da sociedade, deve ser eliminado. Para serem éticos, os tomadores de decisão das empresas devem agir com eqüidade, justiça e imparcialidade, além de respeitar os direitos individuais.

♦ Responsabilidade discricionária ou filantrópica: é puramente voluntária e

orientada pelo desejo da empresa em fazer uma contribuição social não imposta pela economia, pela lei ou pela ética (Daft, 1999, p.91). A atividade discricionária inclui: fazer doações a obras beneficentes; contribuir financeiramente para projetos comunitários ou para instituições de caridade que não oferecem retornos para a empresa e nem mesmo são esperados.

Ações das Empresas em relação as demandas sociais Nas últimas décadas as empresas passaram a se preocupar mais com suas obrigações sociais. Proposições de que as empresas deveriam destinar parte de seus recursos econômicos para ações que beneficiassem a sociedade nem sempre foram bem recebidas. A literatura especializada diverge não apenas quanto ao tipo de ação, mas também quanto a ser ou não legítimo empregar quaisquer recursos para ações sociais. A idéia de responsabilidade social supõe que a corporação tenha, não apenas obrigações legais e econômicas, mas também certas responsabilidades para com a sociedade, as quais se estendem além dessas obrigações. Montana e Charnov (1998) e Donnelly, Gibson e Ivancevich (2000) destacam que da diferença entre a ausência de responsabilidade social, exceto da exigida por lei, e a adoção de uma postura socialmente responsável mais ampla, surgem três níveis diferentes de abordagem da responsabilidade social a serem adotadas como ações das empresas em relação as suas demandas sociais. Estes três níveis de abordagem podem ser apresentadas como se ilustra na Figura 2: Figura 2 - As três abordagens da responsabilidade social Abordagem da Obrigação Social

Abordagem da Reação Social

Abordagem da Sensibilidade Social

Fontes: Baseado em MONTANA e CHARNOV, p.36 (1998) e em DONNELLY, GIBSON e IVANCEVICH, p.86-89 (2000). No círculo menor da Figura 2, situa-se a obrigação social: comportamento de negócio que reflete a responsabilidade econômica e legal da empresa. O círculo do meio, representa a reação social: comportamento exigido por grupos que têm uma participação direta nas ações da organização. No círculo maior, a sensibilidade social tem um comportamento antecipador, pró-ativo e preventivo. Na prática, uma empresa pode escolher qualquer posição dentro dos limites da Figura 2. Ser socialmente reativo também implica a aceitação da obrigação social por parte da empresa. De igual modo, ser socialmente sensível requer ambos os comportamentos, o da obrigação social e o da reação social. Num certo sentido, os três

significados referem-se a vários pontos de partida de expectativas e de desempenho econômicos normais nas empresas de negócios. ♦ Obrigação Social: é quando uma empresa tem comportamento socialmente

responsável, procurando o lucro dentro das restrições legais impostas pela sociedade. Um gestor pode afirmar, segundo este ponto de vista, que cumpriu suas obrigações para com a sociedade ao criar bens e serviços em troca de lucros, dentro dos limites da lei. Esta perspectiva está associada ao economista Milton Friedman e seus seguidores (Donnely, Gibson e Ivancevich, 2000, p.86) que afirmam que uma empresa lucrativa beneficia a sociedade ao criar novos empregos, pagar salários justos que melhoram a vida de seus funcionários e melhorar as condições de trabalho de seus funcionários, além de contribuir para o bem-estar público pagando seus impostos. ♦ Reação Social: é a abordagem que considera as empresas como reativas. Pressionadas por certos grupos (associações comerciais, sindicatos, ativistas sociais, consumidores etc.), as empresas reagem, voluntária ou involuntariamente, para satisfazer estas pressões. Empresas que adotam esta linha procuram atender a responsabilidades econômicas, legais e éticas. Se as forças externas exercerem pressão, os gerentes concordam em reduzir atividades eticamente questionáveis. O fator que leva muitas empresas a adotarem esta posição é o reconhecimento de que estas dependem da aceitação por parte da sociedade à qual pertencem, e que ignorar os problemas sociais pode ser destrutivo a longo prazo. ♦ Sensibilidade Social ou Pró-atividade Social: caracteriza-se por comportamentos socialmente responsáveis mais antecipadores e preventivos do que reativos e reparadores. A expressão sensibilidade social tornou-se largamente utilizada para referir atos que vão para além da mera obrigação social e da reação social. Uma empresa socialmente sensível procura formas de resolver problemas sociais, ou seja, corresponde a uma empresa fortemente empenhada numa abordagem pró-ativa da responsabilidade social. Problemas futuros são previstos, e ações são tomadas para evitar o aparecimento do problema ou minimizar seus reflexos (Montana e Charnov, 1998, p.39). A perspectiva da sensibilidade social é a do significado mais lato de responsabilidade social. Coloca os gestores, e as suas organizações numa posição de responsabilidade, bem longe da tradicional perspectiva da mera preocupação com meios e fins econômicos. (Donnely, Gibson e Ivancevich, 2000, p.89). O objetivo deste capítulo foi apresentar conceitos para o entendimento dos significados e das implicações da responsabilidade social nas empresas. Mostramos pelo histórico, que estes conceitos mudaram com o tempo e com as circunstâncias e que, no Brasil, a notoriedade do tema é mais recente, ganhando forte impulso na década de 90. Vimos que o contexto social em que as decisões e ações empresariais ocorrem é dinâmico e complexo, dessa forma, a responsabilidade social empresarial pode ser dividida em quatro tipos (econômica, legal, ética e discricionária) e as ações de cada empresa em relação as suas demandas sociais podem estar dentre três níveis de abordagem de responsabilidade social (obrigação social, reação social e sensibilidade social).

REF. BIBLIOGRAFICAS http://www.responsabilidadesocial.com/institucional/institucional_vie w.php?id=1 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010288392004000400009&script=sci_arttext&tlng=en http://www.habitatbrasil.org.br/biblioteca/artigos-e-pesquisas/mas-oque-e-responsabilidade-social http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n9/01_rs.p df

Conclusão

Responsabilidade Social diversas empresas estão se adaptando a essa nova faze que só trás grandes contribuições pra a comunidade . As empresas que contribuem para uma vida melhor , elas tem grandes vantagens , alem de ganharem o Selo Empresa Cidadã , conseqüentemente são reconhecidas pelo compromisso de qualidade de vida , eqüidade e desenvolvimento dos funcionários e sua família , pela comunidade e preservação do meio ambiente . São empresas que agem de forma adequada com o meio ambiente.

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