Teles De Menezes

  • November 2019
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Teles De Menezes as PDF for free.

More details

  • Words: 7,310
  • Pages: 13
teles

de menezes teles de menezes pr�-hist�ria do espiritismo no brasil foi em meados de 1853 que as primeiras manifesta��es espir�ticas, atrav�s das chamadas �mesas girantes e falantes�, entraram no brasil. os singulares fen�menos, que ent�o empolgavam a am�rica do norte, a europa e parte da �sia, eclodiram, quase que simultaneamente, na corte do rio de janeiro, no cear�, em pernambuco e na bahia. figuras ilustres da nossa p�tria , como o marqu�s de olinda, os viscondes de uberaba e de monte alegre, o bar�o de cairu (bento da silva lisboa), o conselheiro barreto pedroso, o monsenhor joaquim pinto de campos, o magistrado dr. henrique veloso de oliveira, o historiador alexandre jos� de melo morais, o dr. sabino oleg�rio ludgero pinho, o prof. dr. jos� Maur�cio nunes garcia, os generais jos� In�cio de abreu de lima e pedro pinto, etc., foram alguns dos homens not�veis da �poca interessados na observa��o e no estudo dos incipientes fen�menos esp�ritas, ent�o complementados por assombrosos diagn�sticos e curas de doen�as que se obtinham por interm�dio de son�mbulos , e de cuja veracidade deram testemunho in�meros pol�ticos, m�dicos, e pessoas gradas da sociedade, conforme o notici�rio publicado nos jornais daqueles tempos. foram, todavia, as �mesas girantes� o fen�meno que mais impressionara a letrados e iletrados. nos vastos sal�es senhoriais, cavaleiros e damas de distinta considera��o agrupavam-se em torno de mesas e, colocando os dedos m�nimos sobre elas, ficavam na expectativa de v�-Ias moverem-se, ou bater os p�s em respostas inteligentes �s perguntas que se lhes faziam. de quando em vez registravam-se extraordin�rias manifesta��es do al�m, mas s� raramente despertavam reflex�es mais s�rias entre os assistentes em geral. a ��poca her�ica das mesas girantes�, assim chamada pelo dr. j. grasset, constituiu, em todo o mundo, o �per�odo de gesta��o� do espiritismo. a obra codificadora de allan kardec abriu, em 1857, novos' horizontes para a humanidade. e o brasil, onde era consider�vel a influ�ncia francesa, recebia, poucos anos depois, os primeiros livros da codifica��o kardequiana, aqui se tomando, afinal, conhecimento do verdadeiro significado dos fatos acima referidos, sobre os quais se havia levantado toda uma nova doutrina de verdades filos�ficas e religiosas. na corte de 1860, um ilustrado franc�s, o prof. casi�mir lieutaud, poeta e contista, diretor-fundador de um col�gio onde lecionava a l�ngua francesa, autor do apreciad�ssimo �tratado completo da conjuga��o dos verbos franceses, regulares e irregulares� (1859), cuja 25� edi��es saiu em 1957, - dava a p�blico a primeira obra de car�ter esp�rita impressa no brasil (e qui�� na am�rica do sul): �les temps sont arriv�s� �
novas doutrinas. foi, ent�o, que um vener�vel vulto baiano, le�vado, segundo suas pr�prias palavras, �por um concurso de circunst�ncias inexplic�veis�, deu o primeiro passo para que o povo igualmente recebesse os ensinos consoladores trazidos pelos esp�ritos do senhor. referimo-nos a luis olimpio teles de menezes, do qual passamos a narrar a vida e obra. vida e obra este valoroso pioneiro do espiritismo no brasil, filho do oficial de ex�rcito fernando lu�s teles de menezes e de d. francisca' umbelina de figueiredo menezes, nasceu na cidade do salvador, bahia, aos 26 de julho de 1825, e desencarnou no rio de janeiro a 16 de mar�o de 1893. bem cedo ainda, resolveu seguir a carreira militar, inscrevendo-se no curso de artilharia. pouco tempo de�pois, entretanto, deu novo rumo ao seu esp�rito empreendedor, dedicando-se ao magist�rio particular e �s le�tras. por v�rios anos foi professor de instru��o pri�m�ria e de latim, tendo publicado um comp�ndio de �orto�pia da l�ngua portuguesa. �. interessando-se pela estenografia, estudou-a sem mestre, e desde logo se re�velou h�bil nessa arte, sendo ent�o convidado para exer�cer a profiss�o, muito rara naqueles tempos, na assembl�ia legislativa da bahia, a cujo servi�o permaneceu cerca de trinta anos. autodidata por excel�ncia, acumu�lou muitos e variados conhecimentos, que lhe granjea�ram o respeito e a considera��o de in�meras pessoas altamente colocadas na sociedade de salvador. em setembro de 1849, distinto grupo de associados entre os quais se destacava o jovem l. o. teles de menezes, fundou �a �poca liter�ria�, jornal de ca�r�ter cient�fico, liter�rio e hist�rico, com disserta��es sobre belas-artes. publicada sob os ausp�cios do vis�conde da pedra branca, do conselho de s. m. o im�perador d. pedro ii e grande protetor das letras p�trias, �a �poca liter�ria� recebeu o apoio de influen�tes personalidades da capital baiana, inclusive do s�bio arcebispo d. romualdo ant�nio de seixas, que con�siderou importante o servi�o que o referido �rg�o pres�tava e prestaria a ilustra��o do pa�s. do corpo de re�da��o faziam parte jos� Martins pereira de alencas�tre, dr. manuel maria do amaral sobrinho, jos� �l�vares do amaral e dr. in�cio jos� da cunha, tendo es�tes dois �ltimos ingressado, mais tarde, no espiritismo. em suas p�ginas - escreveu o acad�mico dr. .pedro calmon - colaboraram os melhores esp�ritos da �poca, entre eles moniz barreto, pinheiro de vasconcelos, ad�lia fonseca, jo�o gualberto de passos, laurindo jos� da silva rabelo, etc.' teles de menezes, ent�o com a idade de 24 anos, j� casado, havia um ano, com d. ana am�lia xavier de menezes, publicou ali a sua.novela - �os dois rivais� e foi, sem d�vida, o mais entu�siasmado do grupo, o verdadeiro dirigente do jornal, escrevendo substanciosos editoriais, a extravasar seu elevado patriotismo e o constante amor �s boas cau�sas. apesar dos esfor�os e do ardor juvenil de teles de menezes, a empresa, t�o bem principiada, malogrou ante a incompreens�o quase que geral do p�blico e dos cr�ticos invejosos. era menos uma folha liter�ria en�tre as pouqu�ssimas ent�o existentes na bahia... corre o tempo. na data de 3 de maio de 1856 � solenemente instalado em salvador o (antigo) instituto hist�rico da bahia. congregando em seu seio as mais altas figuras da intelig�ncia e da cultura baianas, teve como primeiro presidente o arcebispo d. ro�mualdo, marqu�s de santa cruz. teles de menezes � proposto, em 1857; para s�cio efetivo, o mesmo acon�tecendo com outros homens de alto n�vel cultural, entre os quais o seu amigo dr. manuel pinto de souza dantas. de julho de 1861 a maio de 1865, o nosso bio�grafado ocupou o cargo de tesoureiro no referido instituto. a seguir, e durante dois anos, foi eleito, para a comiss�o de fundos e or�amento. da� por diante, nada mais

conseguimos apurar. no �ltimo per�odo acima referido, galgou a presid�ncia do instituto hist�rico o novo arcebispo da bahia, d. manuel joaquim da silveira, cuja pastoral so�bre �os erros perniciosos do espiritismo�, datada de 16 de junho de 1867, e dada ao conhecimento p�blico em 25 de julho, foi desassombradamente analisada e comentada por teles de menezes, no m�s seguinte, numa c�lebre �carta� aberta ao metropolitano e primaz do brasil, �carta � que teve duas edi��es no mesmo ano de lan�amento, sendo que a segunda � precedida de um longo �pref�cio� em que o autor justifica as doutri�nas esp�ritas no atinente � preexist�ncia, reencarna��o e manifesta��o dos esp�ritos juntando um artigo favo�r�vel publicado no' jornal jesu�tico - �la civilt� Cat�tolica�, de 1857. segundo cremos, essa pastoral surgiu por causa da propaganda-ostensiva da doutrina esp�rita nas terras baianas, quer em folhetos, quer nos jornais 'leigos, res�saltando-se dois acontecimentos que certamente vieram apressar o pronunciamento p�blico daquele ilustre pre�lado. um deles diz respeita ao artigo que teles de me�nezes, jos� �lvares do. amaral e a dr. joaquim car�neiro de campos subscreveram e inseriram na �di�ria da bahia� de 28 de setembro de 1865, artigo que re�futava o trabalho do dr. d�chambre, publicado, havia seis anos, na �gazette m�dicale�, de paris, e que, nos dias 26 e 27, sa�ra, em tradu��o, no. mesmo. �di�ria da bahia�. o artigo-r�plica daqueles tr�s imp�vidos van�guardeiros ecoou favoravelmente no esp�rito dos leito�res, chegando ao conhecimento do pr�prio allan kardec, que em sua �revue spirite� de novembro de 1865 ex�pressou, em torno do fato, a justa satisfa��o que lhe ia nalma, projetando-se assim, pela vez primeira, no cen�rio esp�rita mundial, o nome do brasil. outra ocorr�ncia que motivou a movimenta��o maior do clero foi o lan�amento, em salvador, no ano de 1866, do op�sculo �o espiritismo introdu��o ao es�tudo da doutrina espir�tica�, impresso pela �tip de camila de lellis masson & c.�. eram p�ginas extra�das e traduzidas por l. o. teles de menezes da 13� edi���o francesa de �o livro dos esp�ritos�, de allan kar�dec, e havia como �ap�ndice� um estudo de outro autor franc�s. antecede essa obra o pref�cio �lede�, em que teles de menezes diz do seu j�bilo. �de ter sido o primeiro na bahia que, fervorosamente, esposou a doutrina espir�tica�, afirmando, adiante, ser a sua prov�ncia natal, �metr�poles de todas quantas grandes id�ias surgem no brasil�, a escolhida pela bondade divina para ser a centro donde as id�ias esp�ritas se irradiariam por toda a na��o. n�o obstante a pastoral do arcebispo e a brochura do padre juliano jos� de miranda, secret�ria da s� Metropolitana, escrita em contesta��o � �carta� de teles de menezes, nada impediu que o espiritismo multiplicasse adeptos na bahia, aprofundando ra�zes nos cora��es f�rteis e generosos do povo. afora isso, o movimento desenvolvia-se a olhos vistos nas demais prov�ncias. na capital de s. paulo, ainda no ano de 1866, era dado a p�blico, pela �tipo�grafia liter�ria�, uma outra brochura de propaganda: �o espiritismo reduzido � sua mais simples express�o�, tamb�m de kardec, sem nome de tradutor. na corte do rio de janeiro, casimir lieutaud, a quem j� nos refe�rimos atr�s, trabalhava ativamente na divulga��o dos ideais esp�ritas. igualmente em 1866, sa�a a lume um livrinho de sua autoria: �legado de um mestre aos seus disc�pulos�, composto de contos morais, de algumas poe�sias em franc�s e de um excerto de j. j. rousseau so�bre os deveres das mo�as. pois bem! o �'pref�cio� dessa obra era uma bela p�gina extra�da e traduzida da 1� edi��o francesa de �o evangelho segundo o espiri�tismo�. fora lieutaud grande amigo do brasil e dos brasileiros e manteve estreito contato com teles de menezes, com quem se correspondia ami�de. mesmo durante a sua estada tempor�ria na fran�a, ainda ao tempo de kardec, o erudito esp�rita enviava de oloron�-sainte-marie (baixos pireneus), ao confrade baiano suas preciosas colabora��es. retomando ao

rio de ja�neiro, foi eleito tesoureiro da primeira diretoria do �grupo conf�cio�, criado em 1873, inscrevendo-se, mais tarde, entre os membros fundadores da federa��o es�p�rita brasileira. grupo familiar do espiritismo objetivando espalhar por esses brasis afora as se�mentes da terceira revela��o, o alto, que a tudo pre�sidia, escolhera como ponto de irradia��o a dadivosa bahia, onde foram lan�ados os alicerces da na��o crist� que hoje somos e da �p�tria do evangelho� que ha�veremos de ser. e �, ent�o, na �leal e valorosa cidade� do salvador que lu�s ol�mpio teles de menezes organiza uma sociedade nos moldes desej�veis, regida por estatutos que facultavam o ingresso de quaisquer estudiosos e institu�am o trabalho assistencial nos meios esp�ritas. fundou-se assim, a 17 de setembro de 1865 (1), o �grupo familiar do espiritismo�, o primeiro e leg�timo agrupamento de esp�ritas no brasil, destinado igualmente a orientar a propaganda e a incentivar a cria��o de outras sociedades semelhantes pelo resto do pa�s. �o dia 17 de setembro de 1865� - escreveu teles de menezes - �marcar� uma �poca feliz em nossa vida, e o dever� tamb�m ser nos fastos do espiritismo no brasil. � �s 23,30 horas desse mesmo dia, os membros do grupo rec�m-fundado recebiam assinada por �anjo de deus�, a primeira p�gina psicogr�fica de que se tem not�cia na bahia, fato este que lhes trouxe inef�vel felicidade. dos termos desta e de outras mensagens pos�teriores, depreende-se que o esp�rito comunicante re�velava-se possu�do de elevados dotes morais, embora ainda preso a certos dogmas cat�licos, que entremos�travam a presen�a, talvez, de um sacerdote desencar�nado n�o havia muito. em raz�o de todo esse conjunto de sucessos pio�neiros, � que a bahia � tida como o �ber�o do espiri�tismo� em terras brasileiras. na presid�ncia do �grupo familiar do espiritis�mo�, teles de menezes distinguiu-se pelo seu �nimo forte, pela sua cultura e eleva��o de sentimentos, suportando com destemor e firmeza dalma o esp�rito zom�beteiro dos incr�dulos e materialistas da terra de gre�g�rio de matos, bem como o ambiente hostil da re��ligi�o dominante, ent�o a religi�o do estado, segundo o art. 19, � 59, da constitui��o do imp�rio. (1) veja-se o "relat�rio da associa��o espir�tica bra�sileira, apresentado em sua sess�o magna, celebrada em 17 de setembro de 1874, por luis ol�mpio", bahia, 1874, p�gina 3. e' exemplo expressivo das chacotas e chufas, lan�adas contra ele e o espiritismo, os versos e as curtas e burlescas com�posi��es teatrais que a �bahia ilustrada� publicava desde o ano de sua funda��o, em 1867. esse mesmo jornalzinho de salvador estampou v�rias caricaturas depreciativas do espiritismo, quase todas grosseiras, ofensivas ou injuriosas. tudo isso era feito sem que as autoridades fizessem valer o art. 277 do c�digo cri�minal do imp�rio, artigo que prescrevia pena para quem abusasse ou zombasse de qualquer culto estabelecido no brasil. e n�o havia como negar o car�ter religioso do espiritismo j� naquela �poca, car�ter reconhecido pelo pr�prio arcebispo da bahia, d. manuel joaquim da silveira, ao escrever: �o espiritismo � essencialmente religioso, ou antes, � um atentado contra a religi�o cat�lica. no curioso artigo intitulado �seria castro alves esp�rita?�, publicado em �o globo� de 19/8/61, o bri�lhante homem de letras, cr�tico e ensa�sta baiano, dr. eug�nio gomes, conta que castro alves volveu � Bahia justamente em meado daquele ano de 1867, quan�do mais adverso era o ambiente para com o espiritis�mo, ali permanecendo at� Fevereiro de 1868. certamente eram do conhecimento de castro alves, apaixonado disc�pulo de v�tor hugo, as experi�ncias com as �mesas girantes� realizadas na ilha de jersey. atrav�s desse processo, o romancista de �os miser�veis�,



juntamente com augusto vacquerie, sra. em�lio de girardin e outros vultos da literatura francesa, ti�nham obtido not�veis comunica��es do al�m. o fato � ue a doutrina dos esp�ritos j� influenciava v�rias produ��es do genial poeta de �les contemplations�, in�clusive o seu poema autobiogr�fico diante disto, concluiu o distinto autor de �prata de casa>: �o que castro alves produziu depois n�o deixa transparecer qualquer influxo direto do espiri�tismo, mas n�o resta d�vida que este o preocupava, talvez apenas liter�riamente, em seu derradeiro ano de exist�ncia. > se teles de menezes conservou seu esp�rito acima dos sarcasmos, motejos e diatribes vindos de fora, o mesmo n�o aconteceu quando o dem�nio da vaidade, da inveja e da intriga se insinuou entre alguns confrades, amargurando-lhe profundamente a alma sens�vel, le�vando-o a dar, mais tarde, a explica��o a seguir, n�o obstante confessasse a tranq�ilidade de sua consci�ncia: �imensa, por sem d�vida, � a dist�ncia que me separa do fundador da doutrina, mas como em outra ocasi�o j� vos disse (2), tendo sido, por um concurso de circunst�ncias inexplic�veis, levado a ser como que o iniciador das doutrinas espir�ticas nesta terra de santa cruz, tenho tamb�m, � se�melhan�a do mestre, experimentado certas antipa�tias e afastamentos. causaria, por�m, admira��o, e mesmo talvez pasmo, se a causa verdadeira de tais fatos de muitos fosse conhecida. em todo caso, os que assim t�m procedido � porque n�o me per�doam t�-los adivinhado; a esses devem ser aplica�das as significativas e judiciosas reflex�es do mes�tre: �se quisessem por momentos colocar-se no ponto de vista extraterrestre, e ver as coisas um pouco mais de cima, compreenderiam como � pue�ril o que tanto os preocupa, e n�o se admirariam da pouca import�ncia que a isso liga todo verda�deiro esp�rita: � que o espiritismo abre horizontes t�o vastos, que a vida corp�rea, curta e ef�mera como �, apaga-se com todas as vaidades e suas pe�quenas intrigas diante do infinito da vida espiritual. var�o cheio de f� e inquebrant�vel dedica��o aos labores construtivos na seara esp�rita, teles de mene�zes n�o largava as m�os do arado. �vez por outra, como que a prevenir os seus sucessores do caminho �spero a ser trilhado, dizia dos sacrif�cios sem conta que ele e os irm�os de ideal vinham arrostando no desempenhoda �rdua miss�o que o alto lhes cometera, ��rdua e at� espinhosa, sim, mas irradiante de bem fun�dadas esperan�as�, assegurava ele entre, resignado e confiante. (2) em "discurso" de 12 de dezembro de 1873. �(n. da editora) se jesus teve os doze ap�stolos, para o auxiliarem na dissemina��o da boa nova, n�o faltou igualmente a teles de menezes um seleto grupo de

denodados com�panheiros, aos quais afetuosamente chamava �irm�os esp�ritas�, e que ofereceram desde o simples apoio mo�ral at� o trabalho ativo na seara. entre os que mais lhe foram chegados, merecem aqui lembrados aqueles cujos nomes seguem abaixo, alguns dos quais foram igualmente destacadas personalidades baianas: in�cio jos� da cunha, doutor em medicina, substituto (assis�tente) de ci�ncias acess�rias na faculdade de medi�cina da bahia e lente catedr�tico de f�sica; dr. gui�lherme pereira rebelo, �uma das gl�rias cientificas e liter�rias da prov�ncia da bahia� , por muitos anos di�retor geral da instru��o p�blica em sergipe, s�cio e orador do instituto hist�rico da bahia, fundador e diretor do acreditado col�gio �p�rtenon bahiano�; jos� �lvares do amaral, historiador, "'oficial aposentado da secretaria do tesouro provincial, tendo exercido car�gos de elei��o popular e de confian�a do governo; como o de delegado de pol�cia, colaborador em v�rios peri�dicos baianos, v. g. '�a marmota�; o conselheiro de estado, dr. manuel pinto de souza dantas, proemi�nente figura nacional, que governou a bahia na �poca em que se fundava o �grupo familiar do espiritismo�; dr. �lvaro tib�rio de moncorvo e lima; advogado in�teligente, orador fecundo e h�bil, 21� presidente da prov�ncia da bahia, dignit�rio da imperial ordem da rosa, �um homem de bem na extens�o da palavra�, pelo que lhe deram o t�tulo de �o cat�o bahiano�; prof. manuel correia garcia, erudito e culto educador, pol�tico e jornalista, escolhido pelo governo para fun�dar a primeira escola normal da bahia, advogado ilus�tre e doutor em filosofia pela universidade de tubinga (alemanha), principal fundador do antigo instituto his�t�rico da bahia ali sempre reeleito 1� secret�rio; o visconde de passe s (francisco ant�nio da rocha pita e argolo), comendador, da ordem, da rosa, tenente-co�ronel da famosa guarda nacional, com relevantes ser�vi�os no imperial instituto agr�cola da bahia, e cujo pai, o conde de pass�, reuniu a maior fortuna do seu tempo em territ�rio brasileiro; o bar�o de sau�pe, pro�priet�rio de terras no munic�pio de alagoinhas (ba), figura bem conceituada; jos� Ant�nio de freitas, doutor em medicina, lente catedr�tico "da faculdade da bahia, agraciado com o t�tulo de conselheiro do impera�dor; :dr. ,joaquim carneiro de campos, bacharel em ci�ncias jur�dicas e sociais pela faculdade de pernam�buco; 'manuel teixeira soares, brilhante advogado em salvador; zacarias nunes da silva freire, professor prim�rio em diversas cidades baianas, cultivou as le�tras, deixando v�rias, e apreciadas obras; joaquim ba�tista imburana, major da guarda nacional, veterano da independ�ncia, condecorado com a medalha da cam�panha da bahia e com a veneranda ordem da rosa; prof. jos� Francisco lopes, lente de geometria e me�c�nica; professores aureliano henrique tosto, marcia�no antonio da silva oliveira, francisco �lvares dos santos, gerv�sio juv�ncio da concei��o; ant�nio gen�til ibirapitanga, professor de primeiras letras ,do ar�senal de guerra, veterano da independ�ncia e primeiro mestre particular de rui barbosa; os, farmac�uticos jos� Martins dos santos pena e dion�sio rodrigues da costa; dr. eioy moniz da silva, distinto m�dico bahiano; conselheiro (futuro bar�o) francisco xavier de pinto lima, pol�tico, magistrado e administrador, com significativos servi�os prestados � P�tria; dr. alexandre jos� de melo morais, respeitado m�dico homeopata, escritor e historiador de grande nomeada; etc., etc. foi o �grupo familiar do espiritismo�, composto de �poucos, muito poucos homens, mas de firme con�vic��o, de inabal�vel cren�a e animados da melhor von�tade�, o primeiro n�cleo esp�rita regularmente consti�tu�do com a decidida e her�ica tarefa - podemos assim dizer - de abrir caminho, entre a gente brasileira, �s novas verdades trazidas ao mundo pelos emiss�rios do senhor. por quase um dec�nio o �grupo familial do espiritismo� desempenhou, com louros e louvores, sua mis�s�o na bahia, at� que lhe viesse continuar a obra a �as�socia��o espir�tica brasileira�, como veremos adiante.

com largos e ben�ficos reflexos em v�rias outras prov�ncias, do imp�rio, o �grupo� de teles de menezes representar� sempre marco inicial do movimento es�p�rita em nossas terras. �eco d' al�m t�mulo� a 8 de mar�o de'1869, no �gr�mio dos estudos espir�ticos na bahia� , lu�s o!�mpio, anunciava aos con�frades ali reunidos que em breve sairia a lume o pri�meiro n�mero de um jornal �que se consagraria �esclarecia ele exclusivamente aos interesses da dou�trina� . nessa memor�vel noite, sua voz ecoou no cora��o dos companheiros que o escutavam, que n�o regatearam em contribuir monetariamente para a manuten��o do �rg�o em vias de aparecer. eram eles o dr. joaquim carneiro de campos, o dr. in�cio jos� da cunha, o prof. jos� Francisco lopes, o advogado dr. manuel correa garcia, os farmac�uticos jos� Martins pena e jos� Martins dos santos pena, e o professor aureliano henrique tosta. eis um trecho do discurso proferido por lu�s olim�pio, e que foi publicado no jornal em quest�o, em se�tembro de 1869: �meus respeit�veis irm�os esp�ritas, a id�ia espir�tica no curto espa�o de tr�s anos e meio, que h� decorrido de sua manifesta��o en�tre n�s, tem-se difundido com rapidez verdadeira�mente providencial, n�o sem obst�culos, antes, sim, com sacrif�cio da parte daqueles que esposaram essa id�ia de regenera��o social. contudo, disseminada e ainda sem corpo, longe est� ela de poder, desde j�, converter-se na cren�a que mais tarde, com o favor de deus, h� de imprimir impulso e dire��o ao elemento de civiliza��o e de perfectibilidade da so�ciedade humana, porque tudo nos diz que ela � o �nico m�vel que poder� levar a efeito esse deside�ratum de todo cora��o generoso que, sinceramente, palpita com os sentimentos da verdadeira caridade. �a n�s que nos achamos hoje reunidos, cons�tituindo, naturalmente, o gr�mio dos estudos es�pir�ticos na bahia, e a quem certa voca��o do alto cometeu o empenho desta �rdua miss�o, �rdua e at� espinhosa, sim, mas irradiante de bem fundadas esperan�as, incumbe, pelos meios que de mister � serem empregados, propagar essa cren�a regeneradora e crist�, fazendo-a chegar, indistinta�mente, a todos os homens; e o meio material que a provid�ncia sabiamente nos oferece para levar, r�pidamente, a palavra da verdade � intelig�ncia e ao cora��o de todos os homens, � a - imprensa.� �de h� muito era por todos n�s sentida a ne�cessidade de possuir-se uma publica��o regular para consecu��o desse fim, preenchendo todas as con�di��es necess�rias � propaga��o da salutar cren�a espir�tica. os elementos estavam lan�ados, e esta � a ocasi�o mais azada de invocar o vosso concurso e o vosso apoio para a execu��o e pr�spero resul�tado deste empenho. � embora os �formid�veis embara�os que os maus esp�ritos, sempre em campo, para prova��o do bem, procuraram opor � realiza��o dessa id�ia� (3), o dina�mismo e o amor � Causa revelados por ol�mpio teles conseguiram vencer todos os obst�culos. em julho de 1869, tr�s meses ap�s a desencarna��o de allan kar�dec, o primeiro peri�dico esp�rita finalmente aparecia no brasil: �o eco d' al�m-t�mulo�, com o subt�tulo ��monitor do espiritismo no brasil�, cuja publica��o se fazia bimestralmente e que era impresso na tipogra�fia do �di�rio da bahia�. a �sociedade an�nima do espiritismo�, de paris, que ent�o dirigia a conceituada �revue spirite�, agra�dece epistolarmente a teles de menezes, por seu se�cret�rio geral a. desliens, a remessa do primeiro n�me�ro do �eco�, enaltecendo a coragem de t�o abnega�dos esp�ritas do outro lado do atl�ntico, elogiando so�bremaneira o novo �rg�o de difus�o da doutrina, de 50 e poucas p�ginas.

na se��o �bibliographie� da �revue spirite� � registrado em outubro de 1869 �o eco d'al�m-t�mulo�, c, em novembro do mesmo ano, extensa aprecia��o elo�giosa, ocupando 4 p�ginas, � feita sobre a nova revista, com a cita��o de longo artigo extra�do do �eco� e ver�tido para o franc�s, sendo, al�m do mais, felicitado o diretor por sua corajosa iniciativa. (3) discurso lido na "associa��o espir�tica brasilei�ra" na sess�o geral de 12 de dezembro de 1873, por luis olimpio. bahia, 1874. transcreveremos, mais pela alegria que nos sus�cita o conte�do, do que por mera curiosidade, parte da �introdu��o�, da autoria de lu�s ol�mpio e publicada no n�mero um da referida revista baiana: �maravilhoso � o fen�meno da manifesta��o dos esp�ritos, e por toda a parte ei-lo que surge e se vulgariza! �conhecido desde a mais remota antiguidade, � visto hoje, em pleno s�culo xix, renovado, e, pela primeira vez, observado na am�rica septentrional, nos estados unidos, onde se produziu por movimentos in�s�litos de objetos diversos, por barulhos, por pancadas e por embates sobremodo extraordin�rios! �da am�rica, por�m, passa r�pidamente � Europa, e a�, principalmente na fran�a, ap�s curto per�odo de anos, sai ele do dom�nio da curiosidade, e entra no vasto campo da ci�ncia. �novas id�ias, emanadas ent�o de milhares de co�munica��es, obtidas nas revela��es dos esp�ritos, que se manifestam, quer espontaneamente, quer por evoca���o, d�o lugar � confec��o de uma doutrina, eminente�mente filos�fica, a qual no volver de poucos anos tem circulado por toda a terra e penetrado todas as na���es, formando em todas elas pros�litos em n�mero t�o consider�vel, que hoje se contam por milh�es. �nenhum homem concebeu a id�ia do espiritismo: nenhum homem, portanto, � seu autor. �se os esp�ritos se n�o tivessem manifestado, espontaneamente, certo que n�o haveria espiritismo: logo � ele uma quest�o de fato, e n�o de opini�o, e contra o qual n�o podem, por certo, prevalecer as denega��es da incredulidade. �a rapidez de sua propaga��o prova, exuberantemente, que se trata de uma grande verdade, que, necess�riamente, h�-de triunfar de� todas as oposi��es e de todos os sarcasmos humanos; e isso n�o � dif�cil de demonstrar-se, se atendermos que o espiritismo faz seus adeptos, principalmente, na classe esclarecida da sociedade. � �o maravilhoso fen�meno da comunica��o dos es�p�ritos, e de sua a��o no mundo vis�vel, n�o � mais uma novidade, est� demonstrado ser uma conseq��ncia das leis imut�veis que regem os mundos; � um fato que se pro�duz desde o aparecimento do primeiro homem, e se tem perpetuado em todos os povos, atrav�s de todos os tem�pos, e sob caracteres diversos, dando o mais cabal teste�munho dessa verdade os arquivos da hist�ria, quer sa�grada, quer profana, onde se encontram registrados nu�merosos fatos de manifesta��es espir�ticas.� �a a��o moralizadora do espiritismo demonstra-se, quando consideramos que o ego�smo, essa chaga cance�rosa da humanidade, originado pelo materialismo, nega���o formal de todo o princ�pio religioso, � profundamente abalado por essa aurora celestial, que a infinita mise�ric�rdia do onipotente se dignou de enviar � Terra, como precursora, dessa nova e bem-aventurada era, em que os homens, melhor compreendendo os seus rec�procos deve�res, de boa vontade cumprir�o os salutares preceitos de jesus, o divino salvador. �e' ainda a aurora precursora de nova era, porque � sua luz resplandecente v�o-se dissipando as sombras da incredulidade, e pouco e pouco surgindo a f� e a es�peran�a no cora��o daqueles que n�o possu�am t�o c�n�didas

virtudes!� foi num dos n�meros de �o eco d'al�m-t�mulo� que teles de menezes registrou, com aquele seu entusias�mo natural, o exemplar que o zeloso funcion�rio da fazenda, j�lio c�sar leal, lhe oferecera de seu livro �o es�piritismo - medita��es po�ticas sobre o mundo invis�vel, acompanhadas de uma evoca��o�, editado na cidade de penedo (alagoas), com pref�cio de 18 de novembro de 1869. fora ela a primeira obra po�tica de fundo es�p�rita publicada no brasil. esse talentoso bahiano, aplau�dido dramaturgo, poeta e romancista, �pena h�bil e bem aparada�, como que previu - segundo escreve pedro calmon em sua �hist�ria da literatura bahiana� - a guerra dos canudos em seu drama �ant�nio maciel, o conselheiro� (1858), e haveria de ser eleito, em 1895, presidente da federa��o esp�rita brasileira. infelizmente, �o eco d'al�m-t�mulo�, que mui efi�cientemente propagava a doutrina esp�rita, transcrevendo artigos da �revue spirite� e p�ginas d' �o livro dos es�p�ritos�, teve, � vista das in�meras dificuldades que logo ap�s surgiram, dura��o n�o muito longa. e o pr�prio lu�s ol�mpio quem informa: �essa publica��o peregrina percorreu o seu primeiro ano, e apenas p�de encetar o segundo, lutando corajosamente com toda a sorte de opo�si��o e de manejos em larga escala, sorrateiramente pre�parados . � �associa��o espir�tica brasileira� data de 24 de agosto de 1871, com trinta assinatu�ras, encabe�adas pela firma de lu�s ol�mpio teles de menezes, um requerimento ao vice-presidente da pro�v�ncia da bahia, dr. francisco jos� da rocha, ent�o presidente interino, solicitando-lhe se dignasse autori�zar a incorpora��o da �sociedade esp�rita brasileira�, que pretendiam estabelecer em salvador, aprovando-lhe ao mesmo tempo os estatutos anexados. embora a constitui��o do imp�rio, no seu art. 59, permitisse a coexist�ncia de outras religi�es, desde que tivessem apenas culto dom�stico ou particular, em ca�sas para isso destinadas e sem forma alguma exterior de templo, e embora ainda estabelecesse (art. 179, � 5�) que ningu�m podia ser perseguido por motivo de religi�o, uma vez que respeitasse a do estado e n�o ofen�desse a moral p�blica, praticamente imposs�vel era, na �poca, a aprova��o, pelo governo, dos estatutos de so�ciedade religiosa que n�o fosse a cat�lica, pois que, ex-vi do decreto 2.711 de 19 de dezembro de 1860, to�das as sociedades religiosas e pol�ticas, e outras, tinham que obter a aprova��o antecipada do ordin�rio na parte espiritual. como � claro, as primeiras sociedades esp�ritas pro�curaram, ent�o, apresentarem-se como liter�rias, benefi�centes ou cient�ficas, visto que estas n�o passavam pela aprova��o do ordin�rio. foi o que fez a �sociedade es�p�rita brasileira�, declarando em seus estatutos a sua condi��o de associa��o liter�ria e beneficente. todavia, isto de nada lhe valeu, conforme veremos, baseados em manuscritos existentes no arquivo p�blico do estado da bahia. o processo a que nos estamos referindo recebeu pareceres e informa��es do provedor da coroa, do che�fe de pol�cia, do diretor geral da instru��o p�blica, de um c�nego, professor de religi�o, de um professor de filosofia, ambos do liceu provincial, e do pr�prio ar�cebispo d. manuel joaquim da silveira, conde de s�o salvador. como � compreens�vel, o clero se op�s tenazmente � nova pretens�o dos esp�ritas baianos, afirmando que o espiritismo era �um atentado formal contra a verdade cat�lica�, e que
da instru��o p�blica, que frisava ser a religi�o ca�t�lica a �nica �estabelecida e garantida pela constitui���o do estado, respeitada por todos os poderes, consi�derada a mais perfeita, a �nica verdadeira por seus dogmas�, foi o requerimento indeferido em fins de 1872, ap�s permanecer na secretaria de quatro presidentes sucessivos, conquanto o procurador da coroa e o chefe de pol�cia houvessem exarado, em seus pareceres, que nada obstava a que a associa��o em pauta se consti�tu�sse �pela maneira projetada . desejando os esp�ritas baianos organizarem-se em sociedade com estatutos aprovados pelo governo, o que lhes garantiria certos direitos constitucionais, foi isto interpretado pelo clero de maneirasub-rept�cia, capciosa, levantando-se a id�ia de que as sociedades esp�ritas queriam agora professar a nova doutrina com a aprova��o do governo. . tudo isso, entretanto, n�o impediu que cerca de um ano depois, em 28 de novembro de 1873, os com�ponentes do �grupo familiar do espiritismo, a fim de se premunirem contra a intoler�ncia religiosa, se constitu�ssem em sociedade cient�fica, com o nome de �associa��o espir�tica brasileira, regida pela quase totalidade das disposi��es estatut�rias do referido �gru�po� e que haviam sido tamb�m submetidas � aprova���o governamental. tomando por base a doutrina contida em �o li�vro dos esp�ritos e em �o livro dos m�diuns, am�bos de allan kardec, a novel associa��o, embora afir�mando-se cient�fica, tinha como fins �o desenvolvimento moral e intelectual do homem nas largas bases que cria a filosofia espir�tica,. e a exemplifica��o do sublime e ce�lestial preceito da caridade crist�, salientando-se que uma de suas divisas proclamava: �fora da caridade n�o h� salva��o�. teles de menezes, que se havia colocado � frente dessa institui��o, foi seu primeiro presidente e, pouco depois, ganhou o t�tulo de presidente honor�rio. no seu primeiro relat�rio aos membros da dita associa��o, em 12 de dezembro de 1873, o imp�vido e sereno pioneiro relembra os obst�culos enfrentados pela nova revela��o, assim dizendo num trecho do seu discurso: �desde que em 1865 o espiritismo, essa id�ia nova, pronunciou, para o brasil, sua primeira palavra, lutas e dificuldades com sanha j� desusada foram suscitadas pela cega e inconseq�ente incredulidade dos homens, que�,endurecidos se obstinam, em fechar os olhos para n�o ver, em cerrar os ouvidos para n�o ouvir. mas, senhores, como tudo que � providencial)" como tudo que se firma em prin�c�pios' certos, uma for�a misteriosa tem-no sempre alentado no seu imperturb�vel caminhar.� ao finalizar seu relat�rio, teles' de menezes soli�citou sua exonera��o por motivos imperiosos que o impediriam, de prestar melhor assist�ncia � associa��o, acrescentando, ainda, que talvez lhe fosse preciso au�sentar-se por algum tempo da bahia. feita nova elei��o, o cargo de presidente recaiu no dr. guilherme pereira rebelo, �uma das gl�rias cient�ficas e liter�rias da prov�ncia da bahia�. entre�tanto s� p�de ele presidir a uma sess�o, aquela em que tomou posse do cargo" insidiosa enfermidade levou-o ao t�mulo a 9 de maio de 1874. como a sa�de do vice-presidente - dr. joa�quim carneiro de campos n�o lhe permitisse assumir a presid�ncia da associa��o, "lu�s ol�mpio, num supre�mo esfor�o de boa vontade, aceitou a dire��o dos tra�balhos, na qualidade de 2� vice-presidente. o primeiro cuidado foi preencher a vaga deixada pelo presi�dente, elegendo-se a 10 de julho o conselheiro manuel pinto de souza dantas, que, alegando raz�es respeit�veis, pediu escusa desse encargo. lu�s ol�mpio continuou no exerc�cio da presid�n�cia, aguardando a elei��o normal, cuja �poca se aproximava. realizada esta, o centro-diretor teve os tr�s primeiros cargos assim ocupados: presidente, dr. ma�nuel teixeira soares; 1� vice-presidente, dr. joaquim carneiro de campos (reeleito) e 2�

vice-presidente, lu�s ol�mpio teles de menezes. do relat�rio que lu�s ol�mpio apresentou � �associa��o espir�tica brasileira�, aos 17 de setembro de 1874, extra�mos v�rios trechos interessantes, que v�o a seguir: �os preconceitos, infelizmente arraigados no �nimo do maior n�mero, t�m sido um dos gran�des obst�culos � propaga��o das salutares e rege�neradoras doutrinas da filosofia espir�tica. �a fiel exposi��o dessas doutrinas n�o est� ao alcance das multid�es, porque as obras fundamen�tais n�o se acham traduzidas na l�ngua vern�cula; entretanto, preciso � aqui notar o valioso servi�o que prestou �o eco d'al�m-t�mulo� - cuja pu�blica��o foi interrompida -, levando a id�ia espi�r�tica a todos os pontos do brasil, de modo que hoje j� se agita ela em todas as prov�ncias, e j� nalgumas se t�m formado grupos e sociedades, como no par�, maranh�o, pernambuco e no rio de ja�neiro, onde as id�ias espir�ticas mais extensamente t�m progredido, gra�as aos esfor�os de dois fervorosos adeptos, o prof. m. casimir lieutaud e a senhora vi�va Perret collard, m�dium psic�grafo.� o autor do relat�rio exp�e em seguida a impor�t�ncia da vulgariza��o das obras fundamentais, reve�lando que o movimento no rio �se tem tornado t�o pronunciado que a li�vraria garnier foi autorizada a traduzir em por�tugu�s as importantes obras de allan kardec, e sou informado - conclui ele - de que em breve, sessenta dias quando muito, sair� � luz �o livro dos esp�ritos�, essa obra fundamental, base da fi�losofia espir�tica�. em vis�es prof�ticas com rela��o �s claridades que o �consolador� espalharia em todos os lares e em to�dos os cora��es aflitos, lu�s ol�mpio expande sua ale�gria na antevis�o dessa nova era, dizendo: �essas novas gera��es ver�o aparecer o amor e a liberdade, s�mbolos nobres da regenera��o hu�mana; e ent�o, no meio da cren�a universal em deus, as duas imensas chagas, que tanto corroem a vida social - o ego�smo e o orgulho -, desa�parecer�o. essa feliz transforma��o ser� devida ao espiritismo - operar-se-� pela aceita��o uni�versal de sua filosofia. � finalizando, cheio de sadio entusiasmo, lu�s ol�m�pio faz r�pido" hist�rico do movimento esp�rita mun�dial, declarando que as obras de kardec penetravam todos os pa�ses, sendo que em dois deles, a r�ssia e a espanha, j� haviam vertido para suas l�nguas as cinco obras kardequianas fundamentais do espiritismo. miss�o cumprida diligente paladino dos ideais espiritistas teles de menezes jamais, por�m, se excedeu, conservando sem�pre uma linguagem nobre e serena nos seus arrazoados doutrin�rios. era s�cio de muitas associa��es esp�ritas da europa e mantinha permanentes contactos epistola�res com distintos confrades, daqui e dal�m-mar. cola�borou no �di�rio da bahia�, �o primeiro �rg�o da im�prensa brasileira que acolheu em suas colunas artigos em favor do espiritismo�, no �jornal da bahia�, no �o interesse p�blico� e em outros peri�dicos da cida�de do salvador. exerceu as fun��es de oficial da bi�blioteca p�blica da bahia e reformou-se como tenente�-coronel do estado-maior do comando superior da fa�mosa guarda nacional, que teve papel saliente no im�p�rio. era, ainda, s�cio honor�rio correspondente da sociedade magn�tica da it�lia e membro do ilustrado corpo social do conservat�rio dram�tico da bahia. cumprida a sua miss�o dentro do espiritismo, de arrojado bandeirante da doutrina dos esp�ritos nas pla�gas de santa cruz, teles de menezes rumou para o rio de janeiro, onde fixou resid�ncia, passando, pouco depois, por volta de 1879, a fazer parte da distinta e culta corpora��o taquigr�fica do senado do imp�rio, ent�o sob a dire��o do esclarecido chefe da 1� sec��o da diretoria geral dos correios, sr. joaquim. francisco lopes anjo, que prestou relevantes servi�os ao pa�s, tendo recebido v�rias

condecora��es. no desejo de facilitar o estudo e a pr�tica da es�tenografia no brasil, onde eram raros os que realmente a conheciam, teles de menezes fez editar no rio de janeiro, em 1885, o seu �manual de estenografia bra�siliense�, com estampas litografadas, �fruto da expe�ri�ncia de longos anos� e do estudo comparativo de alguns m�todos estenogr�ficos publicados na europa. teles de menezes dedica a obra ao velho amigo sena�dor manuel pinto de souza dantas, �em testemunho de respeitosa admira��o, estima e reconhecimento�. abre-se o mencionado �manual� com uma extensa introdu��o do autor, escrita em dezembro de 1884, em que se mostram as vantagens da estenografia, histo�riando-se, ap�s, o movimento progressivo desta arte no mundo e particularmente no brasil onde, segundo ele, talvez n�o houvesse vinte brasileiros que realmente a conhecessem, fato que o entristecia. diz ele, a seguir, da experi�ncia que acumulou em trinta anos de ass�dua pr�tica na assembl�ia legisla�tiva da bahia e em j� seis anos no senado do imp�rio. como fruto desta longa experi�ncia e do estudo com�parativo de alguns m�todos de estenografia publicados na europa, ele resolveu contribuir com um sistema pr�prio que, facilitando ainda mais o estudo e a pr�tica da estenografia, despertasse nos brasileiros o desejo de aprend�-Ia e us�-la. na segunda parte do livro vem ent�o minuciosamente exposto o seu sistema, com exer�c�cios demonstrativos, sistema que ele particularmente passou a adotar. al�m dos v�rios trabalhos que publicou, e que j� registramos, deixou in�ditos, ao desencarnar, grande n�mero de outros. a sua contribui��o, em toda a parte, foi natural e despretensiosa, despida de raz�es que inclu�ssem vai�dade ou inveja, movendo-o unicamente o desejo sincero de trabalhar pelo bem e pela felicidade do pr�ximo e de nossa p�tria. segundo apuramos, teles de menezes s� p�de tra�balhar no senado at� mais ou menos 1892. a idade e uma nefrite cr�nica afastaram-no do servi�o que lhe dava o p�o material. o dirigente da sec��o taquigr�fica daquela casa legislativa, o sr. ant�nio lu�s cae�tano da silva, em reconhecimento � dedica��o do ex�-taqu�grafo, garantiu-lhe espontaneamente, num gesto de altru�smo, uma pens�o que ajudava em algo o ve�lho casal menezes, constitu�do por ele e pela segunda esposa, a sra. elisa pereira de figueiredo menezes. poucos anos de vida terrena restavam a ol�mpio teles e estes poucos ele os passou sob longos e doloro�sos padecimentos causados pela nefrite, e que somente tiveram fim �s 22 horas e 40 minutos do dia 16 de mar�o de 1893 (4). neste dia e a esta hora, � rua ba�r�o de s�o felix, n. 165, com 68 anos, desatava ele o esp�rito �s claridades do al�m-mundo, onde afinal iria receber o pr�mio aos seus laboriosos esfor�os. desencarnou em pobreza extrema, sendo o seu en�terro feito no cemit�rio de s. francisco xavier a ex�pensas de dois colegas taqu�grafos, que lhe prestaram �os melhores servi�os de amizade� (4). �reformador� de 1� de abril de 1893, num necro�l�gio do valoroso extinto, terminava com as seguintes palavras: �era um car�ter digno de todo o apre�o pela sua cultura e eleva��o de sentimentos, apurados por uma longa s�rie de infort�nios que soube sempre suportar com honra e grandeza d'alma.� � �jornais do rio e da bahia, como o �jornal do com�mercio� e o �di�rio da bahia�, recordaram-lhe a vida e a obra em sucintos necrol�gios. reconhecendo o valor do grande bahiano, tr�s gran�des enciclop�dias, a de maximiano lemos, a publicada por w. m. jackson e a �grande enciclop�dia delta�-larousse�, seguindo o exemplo do �dicion�rio biblio�gr�fico brasileiro�, de sacramento blake, e do �dicion�rio bibliogr�fico portugu�s�, de inoc�ncio da silva, inclu�ram em suas p�ginas uma s�ntese

biogr�fica de luis ol�mpio teles de menezes. (4)"di�rio da bahia", 30 de mar�o de 1893. o nome e os feitos dessa figura apostolar de pio�neiro, exemplo de tenacidade e fortaleza, conservar�-se-�o indel�veis nos anais da hist�ria do espiritismo no brasil. homenagens em 17 de setembro de 1965, dois carimbos pos�tais comemorativos, aprovados pelo departamento dos correios e tel�grafos, foram aplicados, nas cidades do rio de janeiro e do salvador, em homenagem ao fun�dador do �grupo familiar do espiritismo�. nesse mes�mo m�s de setembro, a c�mara municipal da cidade do salvador fez inserir na ata dos seus trabalhos �um justo preito de admira��o � honrada mem�ria do ilus�trado e distinto professor lu�s ol�mpio teles de me�nezes�. quase um ano depois, os representantes do grande povo da capital bahiana homenagearam, pela segunda vez, aquele que foi vener�vel pioneiro esp�rita nas ter�ras brasileiras. a 4 de dezembro de 1966, procedeu-se na cidade do salvador (bahia), �s 15 horas, � inaugu�ra��o da placa nominativa da rua professor teles de menezes, dando-se, assim, cumprimento � Lei n�me�ro 1886166, sancionada pelo sr. prefeito. � fonte: livro �grandes esp�ritas do brasil� autor zeus wantuil digitado por wlamir da silva pires

Related Documents

Teles De Menezes
November 2019 10
Teles De Mileto
June 2020 1
Bezerra De Menezes
November 2019 18
Brazilian Teles
December 2019 24
De Com Bezerra De Menezes
October 2019 14