Mestrado
Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Projecto Assistido por Ensaios I
SPT – Standard Penetration Test
Carlos Rodrigues
O ENSAIO SPT É A FERRAMENTA IN SITU DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA: • MAIS POPULAR • MAIS ROTINEIRA • MAIS ECONÓMICA Existem normas nacionais com características diferenciadas, as quais no entanto têm como base um padrão internacional de referência: IRTP – International Reference Test Procedure
Pancadas repetidas do martelo de 63,5 kg de uma altura 76,2 cm
Furo de sondagem trado de rotação Amostrador meia-cana: ∅ext = 50 mm ∅int = 35 mm L = 760 mm
15 cm
15 cm
15 cm
Amostra colhida em 3 avanços sucessivos
Batente
prEN ISO 22476-3:2002
N = medida do nº de pancadas para cravar o amostrador 300 mm. Caso se atinja N=50 o ensaio é terminado. No caso de rochas brandas pode incrementar-se N=100.
A EXECUÇÃO DE ENSAIOS SPT: O ensaio SPT é uma medida de resistência dinâmica conjugada com uma sondagem de simples reconhecimento
ENSAIOS COM SPT – Standard Penetration Test DISPOSITIVO DE ENSAIO
Peça de união às varas
∅ 51 mm
152 mm
Orifício de escape (∅ 13 mm)
Válvula de esfera
AMOSTRADOR NORMALIZADO
Pilão de disparo automático de 63,5 kg (tipo “Monkey”) Batente Ligação às varas de 32 mm
Secção central bipartida
457 mm
Vara normalizada
Amostrador em meia-cana Boquilha 19 mm
75 mm 1.6 mm ∅ 35 mm
Boquilha cortante Cone de 60º aplicável em seixos
Vantagens • Equipamento e procedimentos simples • Obtém-se amostra (perturbada) • Existência de uma vasta experiência e correlações
Desvantagens • Dependência do operador, da técnica de furação, tipo de equipamento, etc… • Equipamento e procedimentos não normalizados internacionalmente • Problemas diversos em operação abaixo do NF FACTORES QUE INFLUENCIAM NSPT • Tipos de solos sujeitos ao ensaio (e0, Ø, unif., u, ang., Cim., Idade, σv) • Perturbação criada pelas operações de furação • Tipos de procedimentos e equipamentos de ensaio
Preparação do furo de sondagem A base do furo deve ser limpa e essencialmente não perturbada; Não devem ocorrer gradientes ascendentes na pressão da água; Quando são utilizados bits de furação estes devem ter descarga lateral; O revestimento dos furos não deve ultrapassar o ponto do início do ensaio; Os ensaios feitos abaixo do NF devem ter cuidados adicionais: • Não deve entrar água pelo fundo do furo (piping); - NA no furo acima do NF; - utilização de lama bentonítica;
Tipos de furação Furação com trépano e limpadeira Furação a trado
FURAÇÃO COM TRADO OCO
Martelo do SPT
160 mm
Vara de sondagem ∅ =32 mm 560 mm
prEN ISO 22476 75 mm
∅=50.5 mm
35.2 mm
820 mm Massa do amostrador – 7,585 kg
Mvara < 10 kg Defl < 1:1200 Verificação em cada 20 ensaios
Referência
Tipo de vara
Diâmetro da vara (mm)
Módulo da secção Ze (m3×106)
Massa da vara (kg/m)
IRTP (1988)
-
40.5 50.0 60.0
4.28 8.59 12.95
4.33 7.23 10.03
BS 1377
AW BW Sólida quadrada
43.6 54.0 31.8 (1 ¼ in.) 38.1 (1 ½ in.)
5.10 8.34 5.33 9.22
4.57 7.86 7.89 11.37
DIFERENÇAS DE PROCEDIMENTOS E EQUIPAMENTOS Sistema manual (ex. ABNT 6484)
Sistema automático (ex. ASTM 1586)
• Massa do martelo 65 kg • Levantamento manual c/ corda de sisal • Queda livre de 75 cm de altura • Obrigatório o coxim de madeira • Varas tipo Schedule 80 com manga de ligação • Amostrador tipo RaymondTerzaghi (50 mm × 36 mm)
• Massa do martelo 63,5 kg • Levantamento automático do martelo • Queda livre de 76 ± 2,5 cm de altura • Contacto aço/aço – martelo/batente • Varas parede grossa c/ união pino/caixa sem manga • Amostrador bipartido c/ ponteira de ∅=38 mm de corpo e bisel de 36 mm
De modo a ser possível a comparação de resultados obtidos de NSPT, em diferentes países ou regiões, é necessário normalizar os resultados do ensaio: • Controlo da energia de cravação; • Correcção para o nível de tensões em que o ensaio é realizado.
A energia nominal transferida ao amostrador é diferente da energia potencial teórica disponibilizada pela queda livre do martelo. Para um dado solo o valor NSPT é inversamente proporcional à energia aplicada ao amostrador .
N1 E2 = N 2 E1 A norma internacional propõe a correcção da energia para 60 % da energia teórica (E60), pelo que:
E N 60 = Nmedido transferido 0,60
Eteor = mgh
PERDAS / EFICIÊNCIA Forma de levantar e soltar o martelo; Massa do batente; Comprimento e composição das varas; Energia de inércia absorvida pelas varas, pelos acoplamentos e pelo batente; Energia dissipada pelo ruído e calor devido ao impacto do martelo no batente; Energia gasta na flexão das varas devido ao impacto (varejamento); Redução da energia por h < que 762 mm; Perdas de energia devido ao atrito desenvolvido entre os vários componentes do martelo, ou entre a corda de elevação, a roldana e o cabrestante. Uma vez atingida a composição das varas, a perda de energia até ao amostrador parece ser desprezável.
Instrumentação do equipamento SPT 1. 2. 3. 4. 5. 6. F dr
Batente Vara instrumentada Vara sondagem Extensómetro Acelerómetro Terreno Força Diâmetro da vara
Detalhe dos extensómetros Detalhe da célula de carga
Detalhe dos acelerómetros
Medição energética Valor da tensão incidente (1) r = a/A; a = área da vara A = área do martelo
Valor da tensão máxima (2)
Corte por tracção
ρ – densidade do material c – vel. de propagação da onda V0 – vel. de impacto do martelo
t = 2l /c
(3)
SCHMERTMANN & PALACIOS (1979) mostraram que quanto mais curto é o martelo, maiores as tensões iniciais e mais suave é a forma da onda de compressão que se propaga nas hastes.
Medição energética A energia transferida ao topo das varas do SPT (Ei) é dada por: F(t), v(t) - registos da força e velocidade em função do tempo
t
Ei = ∫ F(t ) v(t )dt t =0
Método EFV
Inicialmente verificaram-se dificuldades na utilização dos acelerómetros, pelo que a avaliação da energia transferida às varas fez-se com recurso à admissão de algumas hipótese simplificadoras: Verifica-se uma relação de proporcionalidade entre F e v (desde que não haja reflexão da onda)
σ=
Ev c
v=
cσ cF = E Ea
Método F2 ou EF2
Método E2F
c t 2 Ei = ∫ F (t )dt Ea t = 0
c t = 2l / c 2 Ei = ∫ F (t )dt Ea t = 0
Medição energética Cálculo da força F transmitida às varas:
f (t) = Aa Ea εm (t) εm(t) = def. axial medida Aa = área da secção da vara Ea = mód. de elasticidade
Cálculo da energia t' E ( t ' ) = ∫0 F(t )V(t )dt E que passa nas varas: Energia do martelo:
E med
1 n = ∑E n 1
Correcções ao valor NSPT Efeito
Variável
Termo
Valor
Tensão efectiva
σvo'
CN
(Pa/σvo')0.5 mas < 2
Relação de energia
Safety Hammer Donut Hammer Automatic Hammer
CE
0.6 a 0.85 0.3 a 0.6 0.85 a 1.0
Diâmetro do furo
65 a 115 mm 150 mm 200 mm
CB
1.00 1.05 1.15
Método de amostragem
Amostrador normalizado sem linner
CS
1.0 1.1 a 1.3
Comprimento do trem de varas
10 m a 30 m 6 a 10 m 4a6m 3a4m
CR
1.0 0.95 0.85 0.75
Tamanho das partículas
(D50) da areia em mm
CP
60 + 25 log D50
Idade
Tempo (t) em anos após o depósito
CA
1.2 + 0.05 log (t/100)
Sobreconsolidação
OCR
COCR
OCR0.2
1
Obtain by energy measurement per ASTM D4633
Correcções do valor SPT-N Nmeasured = Raw SPT Resistance (ASTM D 1586). N60 = (ER/60) Nmeasured = Energy-Corrected N Value where ER =
energy ratio (ASTM D 4633). Note: 30% < ER < 100% with average ER = 60% in the U.S. N60 ≈ CE CB CS CR Nmeas = Estimated corrected N (N1)60 = CN N60 = Energy-Corrected SPT Value normalized to
an effective overburden stress of one atmosphere: (N1)60 = (N60)/(σvo’)0.5 with stress given in atm. (Note: 1 atm = 1 bar = 100 kPa).
Correcções no ensaio SPT Efeito do estado de tensão “in situ” Skempton (1986) reconhecendo que a resistência à penetração aumenta com a profundidade, e portanto com σ’v0, para uma dada densidade, e que aumenta em função do quadrado da densidade relativa, para σ’v0 constante, propôs a seguinte correlação.
σ' ⎞ ⎛ N 60 = Dr2 ⎜ a + b ⋅ Cα v ⎟ Skempton (1986) 100 ⎠ ⎝ a, b = factores dependentes do tipo de material 17 < a < 46, 17 < b < 28 cα = factor dependente da história das tensões 3 < OCR < 10, ⇒ 1.4 < Cα < 2.4; se OCR = 1 ⇒ Cα = 1
(N1 )60 = Er × NSPT × CN × CNK 60
CN = correcção da tensão efectiva de sobrecarga CNk = correcção devida ao efeito da história das tensões
Correcção devida ao estado de tensão efectiva de sobrecarga, CN σ' ⎞ ⎛ N 60 = Dr2 ⎜ a + b ⋅ Cα v ⎟ 100 ⎠ ⎝ N CN = 1 = Nσ v
Considere-se o solo NC
Dr2 (a + b ) a/b +1 = σ' v ⎞ a / b + σ' v / 100 0,6
(N1 )60 Dr 2
= 60
Considere-se uma areia NC com γ= 18 kN/m3 Se z = 2,0 m tem-se que σ’v0 = 36 kN/m2 Para N60 = 5 tem-se (N1)60 = CN*5 = 1,7*5 =8,5 Se z = 20,0 m tem-se que σ’v0 = 360 kN/m2 Para N60 = 16 tem-se (N1)60 = CN*16 = 0,5*16 =8,0 Assim para a areia a 20 m de profundidade (N=16) apresenta a mesma densidade relativa de uma areia a 2m de profundidade (N=5).
• Liao e Withman (1985) C = N
• Skempton (1986)
• Décourt (1989)
98 σ' v 0
σ’v0 = tensão vertical “in situ” CN deve ser inferior a 2
Menor valor – areias finas 2 3 ≤ CN ≤ 1 + σ' v 2 + σ'v Maior valor – areia grosseiras
CN =
(σ'oct )1 (σ'oct )
1 + 2K 0 NC (σ'oct )1 = (σ'vo )1 3
(σ'oct ) = σ'v0 1 + 2K 0 3
Efeito do comprimento do trem de varas (correcção apenas a utilizar em areias) Comprimento do trem de varas
Parâmetro de correcção
rel="nofollow">10 m 6 – 10 m 4–6m 0–4m
1.00 0.95 0.85 0.75
Efeito do “liner” Condição
Parâmetro de correcção
Sem revestimento da amostra Com revestimento da amostra Areias densas e argilas Areias soltas Efeito do diâmetro do furo Diâmetro do furo
Parâmetro de correcção
60 – 120 mm 150 mm 200 mm
1.00 1.05 1.15
1.00 0.80 0.90
APLICAÇÕES
MÉTODOS DIRECTOS
MÉTODOS INDIRECTOS
UTILIZAÇÃO DIRECTA NA PREVISÃO DO COMPORTAMENTO
UTILIZA OS RESULTADOS NA ESTIMATIVA DE PROPRIEDADES
- qadm de sapatas - s de sapatas - qadm de estacas
-φ’, Cu, Dr, E, …
PARÂMETROS GEOTÉCNICOS • permite a avaliação das características físicas e compressibilidade dos solos granulares, • permite a averiguação da consistência e rigidez dos solos coesivos, bem como a caracterização de rochas brandas Tipo de material
Parâmetro necessário
Parâmetro
Solos granulares
Solos coesivos
Rochas brandas
φ’
X
-
-
(N1)60
cu
-
X
X
N60
σc
-
-
X
N60
Eu
-
X
-
N60
E’
X
X
X
N60
mv
-
X
-
N60
Gmáx
X
-
-
(N1)60
CLASSIFICAÇÃO Material
Índice de resistência à penetração
Classificação
Areias (N1)60
0–3 3–8 8 - 25 25 – 42 42 - 58
Muito solta Solta Média Densa Muito densa
Argilas N60
0–4 4–8 8 - 15 15 – 30 30 – 60 > 60
Muito mole Mole Firme Rija Muito rija Dura
Rochas Brandas N60
0 – 80 80 – 200 > 200
Muito brandas Brandas Moderadamente brandas
COMPACIDADE RELATIVA (DR) 1/ 2
Mitchell e Gardner (1975)
Tensão vertical “in situ”, σ’ v0 (kPa)
Skempton (1986)
⎞ ⎛ N ⎟⎟ Dr = ⎜⎜ ⎝ 0.28σ' v 0 +27 ⎠
Dr (valor decimal) N = N60
0 50 100 150 200 250 300 0
10
20
30
NSPT
40
50
60
ÂNGULO DE RESISTÊNCIA AO CORTE (φ) 60
Mitchell et al., (1978)
50 NSPT
40 30
45
20 10
40 0 φ’ (º) 35
30
50 100 150 200 250 300 Tensão efectiva vertical, σ’v0 (kPa)
Décourt (1989)
25 0
10
20
30 40 (N1)60
50
60
Hatanaka & Uchida (1996)
DEFORMABILIDADE Stroud (1989)
16
E’ / N60 ;(MN/m2) 14 12
q/qult = 1/3 E’/N60 = 1 (MPa)
10
Areias sobreconsolidadas
8 Areias normalmente consolidadas
6
q/qult = 0.1
4 2
E’/N60 = 1 - 2 (MPa) – areias NC E’/N60 = 3 (MPa) – areias SC
0 0
0.1
0.2
q/qult
0.3
cu = f1 N60
SOLOS ARGILOSOS RESISTÊNCIA AO CORTE NÃO DRENADA (CU ) Argilas sobreconsolidadas fissuradas Ensaios triaxiais em provetes de 100 mm
Stroud & Butler, 1975
DEFORMABILIDADE
mv = f2 N60 (m2/MN); Eu / N60 = 1.0 – 1.2 (MPa)
O ensaio SPT no dimensionamento de fundações
Método de Terzaghi e Peck (1948, 1967)
⎛ N − 3 ⎞⎛ B + 1' ⎞ qadm = 4.4⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎝ 10 ⎠⎝ 2B ⎠
2
em que: qadm = tensão, em kgf/cm2, que produz s = 1’’ B = menor dimensão em pés (B ≥ 4’) N = número de pancadas no ensaio SPT. A solução é muito conservativa. Não leva em conta a correcção do efeito da profundidade e da tensão efectiva
NF>2B
Se o NF estiver ao nível da fundação qadm deverá ser reduzida para metade
Factor de correcção CD, relativo à profundidade de colocação da sapata: Sapata a prof. B abaixo do nível do solo = 0.75 < CD < 1= sapata ao nível do solo
Método de Meyerhof (1965) Os assentamentos podem ser calculados pelas seguintes expressões:
s=
1,9 q , para B < 1,25 m N
q = carga aplicada pela fundação (kN/m2);
2 S = assentamento (mm); 2,84 q ⎡ B ⎤ , para B > 1,25 m B = largura da fundação (m); s= ⎢ ⎥ N ⎣ B + 0,33 ⎦
2,84 q s= , para ensoleiramentos N
N = valor de referência dos ensaios SPT.
•
O valor de N é tomada como sendo igual à média dos valores de N, registados numa profundidade igual à largura da sapata.
•
Meyerhof (1965), sugeriu também que não é necessário corrigir o efeito do NF, já que este se reflecte imediatamente nos valores de N.
•
Considera que os valores de qadm avaliados por Terzaghi e Peck, podem ser incrementados de 50 % dado que são demasiadamente conservativos.
Método de Parry (1971) Parry (1971) apresenta um método empírico para avaliar assentamentos, o qual admite que o assentamento é uma função da largura da área carregada, da magnitude da pressão transmitida e do módulo de deformabilidade do solo:
s=
a×q×B × CD ×C W ×CT N
CD = coef. de influência da escavação; CW = coef. de influência do NF; CT = coef. de influência da espessura da camada compressível;
s = assentamento (mm); a = 200, constante em Unidades SI; q = carga aplicada pela fundação (MN/m2); B = largura da fundação (m); N = valor de referência dos ensaios SPT;
N é o valor medido a uma profundidade igual a 3B/4 abaixo do nível da fundação, se os valores de N variam linearmente com a profundidade, caso contrário: • tomar a média do valor de N entre o nível da fundação e uma profundidade de 3B/4, este valor considera-se N1; • tomar a média do valor de N entre as profundidades 3B/4 e 3B/2 – valor N2; • tomar a média do valor de N entre a profundidade de 3B/2 e 2B – valor N3;
N=
3 N1 + 2 N 2 + N 3 6
CD – Considera o facto de que as escavações para fundações alteram o estado de tensão no solo, e portanto, os valores de N medidos antes da escavação exigem modificações. CD = 1, se a fundação estiver localizada numa escavação completamente reaterrada.
CT – admitiu-se que num solo uniforme, 50 % do assenta/ acontece entre uma prof. 3B/4 abaixo do nível de fundação e os 50% restantes, dentro de uma faixa de prof. de 3B/4 e 2B abaixo do nível de fundação. CW – Corrige o efeito do NF. Admitindo que o NF apenas tem influencia se estiver localizado dentro de uma profundidade de 2B abaixo do nível de fundação, e tomando D como a profundidade de escavação e DW como a profundidade do NF sob a superfície do solo;
CW = 1 +
DW , para 0 < D W < D D + 3B / 4
CW = 1 +
D W (2B + D − D W ) , para D < D W < 2B 2B(D + 0,75B )
Método de Burland (1977)
N = N médio definido para uma profundida de igual a 1.5B Areias soltas (N<10) smáx = q (0.32 B0.3) Areias medianamente densas (10
30) smáx = q (0.035 B0.3) q em (kN/m2); B em (m ); s em (mm )
s ⎛ mm ⎞ ⎜ ⎟ q ⎝ kPa ⎠
Tentativa de limite superior areias soltas Soltas Médias Densas
Limite superior areias médias
Limite superior areias densas
Largura (m)
Método de Burland e Burbidge (1985) Areias normalmente consolidadas
s = q’
B0.7
Ic
s = assentamento (mm) q’ = tensão média efectiva na fundação (em kPa); B = largura da área carregada (em m) Ic = índice de compressão ( = 1.71 / N1.4)
Para determinar Ic, existem casos em que correcção: a) Em areias finas ou areias siltosas submersas, Ncorrigido = 15 + 0.5 (Nmedido – 15) b) Em seixos ou areias com seixos: Ncorrigido = 1.25 Nmedido
é
necessária
A resistência média à penetração N, é avaliada desde a base da fundação até uma profundidade de influência Z1.
Ic = (a1/B0.7).102
Profundidade de influência, Z1 (m)
Para N constante ou crescente com a profundidade, utilizar o gráfico para avaliar Z1;
a1 = ∆s1/∆q’ (mm/kPa) B em metros
Largura da área carregada, B (m)
Graus de compressibilidade
NSPT médio
Caso N diminua com a profundidade, Z1 deve ser tomado como 2B. Pode ser igualmente definido como sendo a profundidade correspondente à base da camada mais compressível.
Areias sobreconsolidadas ou pré-carregadas
A sobreconsolidação ou pré-carregamento é considerado como tendo um efeito considerável no assentamento. Se σ’v0 é a máxima tensão efectiva vertical ao nível da fundação:
2 ⎛ ⎞ s = ⎜ q'− σ'v 0 ⎟B 0.7 I c 3 ⎝ ⎠
O que é equivalente a uma redução de cerca de 3 vezes na compressibilidade para um incremento de tensão abaixo de σ’v0. Se σ’v0 a não for excedido tem-se:
⎛1 ⎞ s = ⎜ q' ⎟B 0.7 I c ⎝3 ⎠
Burland e Burbidge concluíram que nem a posição da cota de fundação nem a posição do NF podem estatisticamente mostrar influência no assentamento da fundação. No entanto atribuem significativa influência à relação L/B, à espessura da camada compressível e ao factor tempo.
OS SEGUINTES FACTORES DE INFLUÊNCIA DEVEM SER USADOS: 1) Factor de forma fs: Para L/B > 1
L ⎞ ⎛ 1 . 25 ⎜ ⎟ B ⎟ fs = ⎜ L ⎜⎜ + 0.25 ⎟⎟ ⎝B ⎠
2
2) Para uma espessura limitada da camada compressível (Hs) abaixo da fundação: H ⎛ H ⎞ fl = s ⎜⎜ 2 − s ⎟⎟ Z1 ⎝ Z1 ⎠ 3) Para avaliar assentamentos para além de três anos após o final da construção:
t⎞ ⎛ ft = ⎜ 1 + R 3 + R t log ⎟ 3⎠ ⎝ R3
Rt
Carregamento estático
0.3
0.2
Carregamento variável
0.7
0.8
Tensões admissíveis em solos coesivos Correlações entre NSPT e a tensão admissível de solos coesivos, Milititsky e Schnaid (1995).
Descrição (consistência)
NSPT
Dura Muito rija Rija Média Mole Muito mole
> 30 15 – 30 8 – 15 4 – 8 2 – 4 < 2
Provável tensão admissível (kN/m2) B = 0.75 m
B = 1.5 m
B = 3.0 m
500 250 – 500 125 – 250 75 – 125 25 – 75
450 200 – 450 100 – 200 50 – 100 < 50 a estudar
400 150 – 400 75 – 150 25 – 75 -
ENSAIO SPT COM MEDIÇÃO DO TORQUE – SPT-T
Ranzini (1988) O procedimento do ensaio: 1) retirada do batente, após a cravação do amostrador normalizado no ensaio SPT, 2) na colocação de um disco centralizador no furo de sondagem 3) acoplagem de um pino adaptador ao torquímetro às varas de sondagem 4) Após a ligação do torquímetro às varas de sondagem procedese à aplicação do torque, medindo o momento de torção máximo necessário à rotação do amostrador, bem como o valor residual do momento torsor.
Furo SPT e trem de varas
Colocação do disco centralizador
Colocação do pino adaptador
Acoplagem do torquímetro e aplicação do torque
O registo do momento torsor máximo, necessário à rotação do amostrador é normalmente obtido, logo após a aplicação da rotação ao conjunto e antes de se completar a primeira volta.
O registo do momento de torção residual, que permanece constante após o rompimento do atrito lateral solo-amostrador, é obtido durante a rotação ininterrupta do torquímetro, quando o torque permanecer constante.
É normalmente recomendado que a leitura seja feita quando completada a segunda volta do ensaio, sem se interromper a rotação. A velocidade de rotação recomendada corresponde a cinco voltas por minuto.
Controlo da capacidade dos torquímetros Variação de NSPT
Capacidade do torquímetro (N.m) Máxima
Mínima
0 – 10
265
59
11 – 30
471
98
30 – 50
785
167
Deve evitar-se a utilização de torquímetros com registos superiores a 400 N.m pois momentos superiores a esse valor, danificam as roscas das varas. De modo a facilitar a medição do torque máximo é aconselhável a utilização de torquímetros com ponteiro de arraste.
Vantagens do SPT-T Ranzini (1994), a medida estática não é afectada pelos factores intervenientes no SPT, tais como: erros na contagem do número de pancadas, cadência das pancadas, altura de queda do martelo, massa do martelo, peso e rigidez das varas, atritos vários, Enquanto o valor de NSPT é sujeito a variações significativas dependentes do equipamento de ensaio utilizado, a medição do torque envolve uma menor variabilidade. Apenas os erros relativos ao estado da parede lateral do amostrador, à velocidade de aplicação do torque e os erros de leitura, sistemáticos e ocasionais, podem influenciar as leituras. As vantagens da medição adicional do torque ultrapassam os aspectos mais desvantajosos deste trabalho suplementar. A realização da leitura relativa à execução do torque é extremamente rápida (< 10 min.). Para além de uma medição dinâmica da resistência (NSPT), é possível a obtenção de uma medida estática da resistência relativa ao torque (TSPT).