WWW.APOSTILADOS.NET
Sociologia Organizacional
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
SUMÁRIO Comparação entre as Teorias Organizacionais Clássicas 2.1 – Relação entre as teorias: 2.1.1 – Fayolismo e Taylorismo – Princípios da Administração Científica 2.2 – Fator Humano e Desempenho 2.2.1‐ A Revolução da Administração de W.Edwards Deming.
2
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
3
2‐ COMPARAÇÃO ENTRE AS TEORIAS ORGANIZACIONAIS CLÁSSICAS 2.1‐ RELAÇÃO ENTRE AS TEORIAS Temos,no decorrer de nossas aulas, apontado para o fato de que as idéias (teorias científicas) não surgem ao acaso, mas são o produto de um contexto histórico e cultural que propiciam a sua formulação.Nesse sentido,as teorias administrativas modernas surgidas, no início do século XX, com os trabalhos de TAYLOR E FAYOL apresentam um forte caráter político,pois elas constituem a expressão ideológica de práticas sociais de controle e de dominação no âmbito não só das organizações mas, também,da sociedade que as produziu. A ação do nível político no capitalismo tem duas vertentes que incidem sobre dois grandes campos sociais distintos: 1‐ A repressão e o controle sobre os explorados e o desenvolvimento dos mecanismos sociais da exploração tanto dentro quanto fora dos locais de trabalho; 2‐ A coordenação das atividades das unidades econômicas,das instituições sociais em geral e dos vários grupos de capitalistas.Esta vertente implica igualmente práticas de controle, eventualmente,repressão na medida em que toda classe dominante tem de criar mecanismos internos de autodisciplina que lhe confira a coesão necessária para o exercício do poder. A primeira vertente incide sobre o campo de extorsão da mais‐ valia e dos conflitos que daí advém,atuando portanto no campo da relação entre as classes.A segunda incide sobre o campo da distribuição/apropriação da mais‐ valia e da regulação das disputas a este nível,além da coordenação do processo econômico global. Atua,portanto,no campo das relações intraclasses capitalistas. Precisamos,inicialmente, ressaltar o processo através do qual uma organização do trabalho tipicamente capitalista foi se desenvolvendo e se impondo como hegemônica ante as demais existentes. Esse processo envolveu três inversões básicas:
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
4
● A primeira inversão já está inscrita na nova divisão do trabalho na manufatura.Esta divisão não decorre mais de uma hierarquia dos produtores,mas das características do produto. ● A segunda inversão ocorreu na relação entre o produtor e os instrumentos de trabalho.Se na manufatura tradicional e no artesanato o trabalhador servia‐se da ferramenta,na fábrica ele passa a servir a máquina. Este momento fundamental no processo de constituição da organização capitalista do trabalho é descrito por Karl Marx da seguinte maneira: “Sendo ao mesmo tempo processo de trabalho e processo de criar mais‐ valia,toda produção capitalista se caracteriza pelo instrumental de trabalho empregar o trabalhador e não o trabalhador empregar o instrumental de trabalho. Mas esta inversão só se torna realidade técnica e palpável com a maquinaria” (Karl Marx,O Capital,p.483) O que Marx sublinha nesse parágrafo é o caráter social da determinação dessa inversão.Ou seja,é por ser um processo de criação de mais‐ valia que a relação homem‐instrumental de trabalho se inverte relativamente a outros modos de produção.Esta relação já está inscrita tendencialmente no capitalismo desde a sua origem,mas só ganha realidade concreta com a maquinaria. ● Em decorrência desta inversão constitui‐se o terceiro elemento que caracteriza a organização capitalista do trabalho. “A separação entre as forças intelectuais do processo de produção e o trabalho manual e a transformação destas em poderes de domínio do capital sobre no trabalho se tornam uma realidade consumada (...) na grande indústria fundamentada na maquinaria”. (Karl.Marx,O Capital,p.484). Não se pode considerar,como o faz Marx, que esta separação se dê de forma radical,já que todo trabalho manual tem um componente intelectual e vice‐versa. A cisão parece situar‐se entre a administração e organização do trabalho,de um lado, e,de outro, a execução do trabalho. Assim,não é necessariamente de todo o conhecimento que o sistema capitalista de produção priva o trabalhador.Apenas um tipo de conhecimento é absolutamente fundamental permanecer sob o controle das classes capitalistas: aquele necessário à administração / organização do processo de produção que
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
5
inclui aspectos que vão além do conhecimento técnico do posto e até mesmo do processo de trabalho. Além disso, essa cisão,se já está inscrita enquanto possibilidade com a introdução da máquina no processo produtivo,ela só vai tornar‐se uma realidade efetiva e generalizada a partir de uma reorganização profunda do campo prático da administração / organização do processo produtivo.Essa reorganização só se deu com a institucionalização da prática tecnogestorial no interior das unidades produtivas,configurando‐se o campo da administração / organização do trabalho enquanto um campo prático específico, passível de ser diferenciado tanto do campo de atuação da burguesia, quanto do proletariado. Foi,somente, a partir da reorganização do campo da administração / organização do trabalho que a inversão na relação produtor‐instrumental de trabalho realizou‐se de maneira generalizada, bem como consumou‐se a cisão entre administração / organização do trabalho e sua execução. Esta reorganização já havia se iniciado nas primeiras décadas do século XIX, quando os industriais começaram a recorrer ao auxílio de técnicos especializados, na sua maior parte engenheiros. A formação dos quadros gestoriais teve início nessa época, quando foram criadas várias escolas encarregadas da formação de engenheiros para a indústria. A primeira escola de administração de empresas surgiu em Paris, na França, no ano de 1820. O mesmo processo se repetiu na Alemanha, Inglaterra e nos Estados Unidos,países onde a industrialização se encontrava em estágio avançado. Foram esses administradores que, no início do século XX, junto com especialistas da área militar,deram origem às primeiras teorias administrativas numa base absolutamente gestorial. Taylor e Fayol formaram‐se neste ambiente racionalizador de orientação pragmática, que caracterizou esse período. Nosso propósito é ressaltar,nesta introdução ao estudo das teorias clássicas da Administração,o seu caráter político. Político no sentido de consistirem em sistematizações dessas duas vertentes e da ação no nível político,processando‐se diretamente a partir dos aparelhos de poder das grandes empresas e instituições sociais que se desenvolvem fora da esfera formal do Estado. Se no âmbito do Estado temos as teorias políticas tradicionais – tradicionais no sentido de terem o Estado convencionalmente
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
6
concebido,com o principal objeto de análise ‐ , no âmbito desses outros pólos de poder,inscritos no interior das próprias empresas e instituições, e nas suas inter‐relações,temos as teorias administrativas. Procuraremos a seguir,verificar como no decorrer do século XX as duas vertentes foram sistematizadas,projetadas e elaboradas pelas duas principais teorias administrativas. FREDERICK WINSLOW TAYLOR (TEORIA CLÁSSICA ADMINISTRATIVA ‐1903)
Taylor iniciou suas experiências e estudos pelo trabalho do operário e, mais tarde,generalizou as suas conclusões para a Administração Geral:Sua teoria seguiu um caminho de baixo para cima e das partes para o todo. A sua contribuição a Teoria da Administração costuma ser dividida pelos estudiosos em dois períodos. O primeiro refere‐se ao da publicação de Shop Management (Administração de Oficinas) publicado em 1903. O segundo refere‐se ao da publicação de sua segunda obra Princípios da Administração Científica , publicado em 1911. PRIMEIRO PERÍODO Nesse primeiro período, correspondente à época da publicação do seu livro Shop Management (Administração de Oficinas ‐ 1903) Taylor se preocupa exclusivamente com as técnicas de racionalização do trabalho do operário, nessa obra salienta que: 1.O objetivo de uma boa Administração era pagar salários altos e ter custos unitários de produção. 2.Para realizar esse objetivo, a Administração tinha de aplicar métodos científicos de pesquisa e experimento para o seu problema global, a fim de formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitissem o controle das operações fabris. 3.‐Os empregados tinham de ser cientificamente colocados em serviços ou postos em que os materiais e as condições de trabalho fossem cientificamente selecionados,para que as normas pudessem ser cumpridas. 4‐.Os empregados deviam ser cientificamente adestrados para aperfeiçoar suas aptidões e, portanto, executar um serviço ou tarefa de modo que a produção normal fosse cumprida..
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
7
5.‐Uma atmosfera de íntima e cordial cooperação teria de ser cultivada entre a Administração e os trabalhadores, para garantir a continuidade desse ambiente psicológico que possibilitasse a aplicação dos outros princípios por ele mencionados. SEGUNDO PERÍODO O segundo período corresponde à época da publicação de seu livro Princípios da Administração Científica (1911), quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser logicamente acompanhada de uma estruturação geral da empresa e tornasse coerente a aplicação dos seus princípios. Nesse segundo período,desenvolveu os seus estudos sobre a Administração Geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar contudo sua preocupação com relação à tarefa do operário. Taylor assegurava que as indústrias de sua época padeciam de males que poderiam ser agrupados em três fatores: 1. Vadiagem sistemática por parte dos operários, que reduziam propositadamente a produção a cerca de um terço da que seria normal, para evitar a redução das tarifas de salários pela gerência. Taylor destaca três causas determinantes da vadiagem no trabalho, que são: 1.1‐O erro que vem de época imemorial e quase universalmente disseminado entre os trabalhadores, de que o maior rendimento do homem e da máquina terá como resultante o desemprego de grande número de operários; 1.2‐O sistema defeituoso da Administração, comumente em uso,que força os operários à ociosidade no trabalho, a fim de melhor proteger os seus interesses; 1.3‐Os métodos empíricos ineficientes,geralmente utilizados em todas as empresas, com os quais o operário desperdiça grande parte do seu esforço e do seu tempo. 2‐Desconhecimento,pela gerência,das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização 3‐Falta de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho.De acordo com Taylor, a implantação da Administração Científica deve ser gradual e obedecer a um certo período de tempo, para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízos aos patrões.Essa
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
8
implantação requer um período de quatro a cinco anos para um progresso efetivo. A ADMINISTRAÇÃO COMO CIÊNCIA Para Taylor.os elementos da Administração Científica são: 1‐Estudo de tempo e padrões de produção; 2‐.Supervisão funcional; 3‐.Padronização de ferramentas e instrumentos; 4‐.Planejamento das tarefas; 5‐O princípio da exceção; 6‐A utilização da régua de cálculo e instrumentos para economizar tempo; 7‐Fichas de instruções de serviço; 8‐ A idéia de tarefa, associada a prêmios de produção pela sua execução eficiente; 9‐Sistemas para classificação dos produtos e do material utilizado na manufatura; 10‐Sistema de delineamento da rotina de trabalho. ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO A tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos em todos os ofícios recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho(ORT).Para Taylor, o operário não tem capacidade, nem formação, nem meios para analisar cientificamente o seu trabalho e estabelecer racionalmente qual o método ou processo mais eficiente. Geralmente, o supervisor comum deixava ao arbítrio de cada operário a escolha do método ou processo para executar o seu trabalho,para encorajar sua iniciativa. Porém, com a Administração Cientifica ocorre uma repartição de responsabilidades: a administração (gerência) fica com o planejamento (estudo minucioso do trabalho do operário e o estabelecimento do método de trabalho) e a supervisão (assistência contínua ao trabalhador durante a produção), e o trabalhador fica com a execução do trabalho, pura e simplesmente.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
9
Apesar das limitações da contribuição de Taylor ao dedicar sua atenção inteiramente para a fábrica (eficiência ao nível de supervisão e às economias obtidas através de estudos de tempos e de movimentos), os princípios de sua teoria continuam influindo principalmente na Estrutura das Organizações (Divisão do Trabalho,Amplitude do Controle, Departamentalização, Linha de Assessoria e Unidade de Comando).Seus estudos foram fundamentais para a Escola Clássica de Administração,pois estabeleceram a base para a Administração Científica. No início, sua preocupação era tentar eliminar o desperdício e as perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar os níveis de produtividade através de métodos e técnicas de engenharia. Ele utilizava técnicas que eram centradas do operário para a direção,através do estudo de tempos e movimentos,da fragmentação das tarefas e na especialização do trabalhador. Reestruturava a fabricação e com os conceitos de gratificações por produção incentivava o operário a produzir mais.Só que não adiantava racionalizar o trabalho do operário se o supervisor, chefe,o gerente, o diretor continuavam a trabalhar dentro do mesmo empirismo anterior. A Administração Científica tinha diversos defeitos, dentre eles pode‐se citar: o mecanicismo de sua abordagem (teoria da máquina), a superescalização que robotiza o operário,a visão microscópica do homem tomando isoladamente e como parte da maquinaria industrial, a ausência de qualquer comprovação científica de suas afirmações e princípios, a abordagem incompleta envolvendo apenas a organização formal,a limitação do campo de aplicação à fábrica, omitindo o restante da vida de uma empresa,a abordagem eminentemente prescritiva e normativa e tipicamente de sistema fechado.Mesmo assim, essas limitações e restrições não apagam o fato de que Administração Científica foi o primeiro passo concreto da Administração rumo a uma teoria administrativa Foi Taylor que implantou diversos conceitos que até hoje o utilizamos na Administração .
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
10
HENRI FAYOL (TEORIA CLÁSSICA ADMINISTRATIVA – 1916)
Na teoria de Henri Fayol, exposta na obra Industrial and General Administration, destaca‐se a sua preocupação quanto ao papel desempenhado pelos Recursos Humanos na Administração. Sob o aspecto estrutural, a obra está divida em duas partes: ► a primeira, discorre sobre a necessidade e a possibilidade de ensino administrativo, apresentando uma definição de Administração,em que destaca a importância relativa das diversas capacidades que constituem o valor do pessoal das empresas delineando métodos através dos quais, esta necessidade seja identificada e o ensino administrativo seja idealizado. ►A segunda parte,trata dos princípios gerais da Administração sob o prisma de que todos os agentes de uma empresa participam, mais ou menos, dos processos administrativos. Além de abordar outros aspectos da Administração tais como:previsão,organização,comando,coordenação e controle. Fayol desenvolveu sua teoria com base em sua grande experiência industrial. O seu mérito reside em haver aplicado à sua teoria o método científico. Até então,a administração dos negócios se dava em bases empíricas,isto é, práticas. Cada chefe dirigia à sua maneira,sem preocupar‐se em saber se haviam leis que regiam a matéria. Fayol percebeu que havia necessidade de introduzir o método experimental,isto é, observar,recolher, classificar e interpretar os fatos. Instituir experiências. Impor regras. O princípio básico do fayolismo pode ser sintetizado na afirmativa segundo a qual, em todo tipo de empresa,a capacidade essencial dos grandes chefes é uma capacidade administrativa. “Minha doutrina administrativa... tem por objetivo facilitar a gerência de empresas, sejam industriais, militares ou de qualquer índole. Seus princípios,suas regras e seus processos devem,pois, corresponder tanto às necessidades do Exército,como às da indústria... A administração não é nem um privilégio nem uma carga pessoal do chefe ou dos diretores da empresa; é uma função que se reparte,como as outras funções especiais, entre a cabeça e os membros do corpo social”.1
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
11
PRINCÍPIOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO PARA FAYOL. Para Fayol os princípios que norteavam a administração eram: a divisão do trabalho, a autoridade, a responsabilidade, a disciplina, a unidade de mando, a convergência de esforços,a estabilidade de pessoal e a remuneração adequada às capacidades. São três os aspectos essenciais do pensamento de Fayol: • A Administração ou Management é um método geral. • A Administração diz respeito ao governo das organizações. • A Administração repousa sobre o conceito de sistema. Provavelmente, em fins do século XIX, quando Fayol elaborou sua doutrina essas questões não eram tão evidentes,porém a Administração iria,no século seguinte mostrar‐se fundamental para o desenvolvimento econômico,especialmente nos países do capitalismo central. Nesta obra, Fayol esboça as orientações para sua doutrina administrativa: ►Importância da previsão: sistema de previsão – anual,de longo prazo,mensal,especial – fundido e harmonizado num programa geral. ►Preocupação em combater a burocratização: favorecer as relações face a face: “Sempre que possível,as relações devem ser verbais.Com isso ganha‐se rapidez,clareza e harmonia”.evitar a multiplicação dos escalões intermediários; lutar contra a irresponsabilidade da hierarquia e dos dirigentes;”Sem estabilidade do pessoal dirigente não pode haver bom programa em andamento”;e mais: “Não se concebe autoridade sem responsabilidade,isto é, sem uma sanção – recompensa ou penalidade – que acompanhe o exercício do poder”, ►Pragmatismo: “A divisão do trabalho tem limites que a experiência, acompanhada de espírito propenso a efetuar medições, ensina a não transpor”. ►Necessidade de recorrer a controllers de gestão e fórmulas de controle rápidas,para prevenir “contra surpresas desagradáveis que poderiam degenerar‐se em catástrofes”. As críticas que hoje se faz a teoria desenvolvida por Fayol se devem a importantes lapsos existentes em seu esboço e também pela submissão ao espírito da época (a crença generalizada nas virtudes do
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
12
capitalismo,especialmente nos Estados Unidos da América do Norte) e a ideologia burguesa de então. Escrito no final do século XIX, seu livro é marcado pelo moralismo ultrapassado,apelo aos valores tradicionais – trabalho,família,pátria – para regulamentar problemas da industrialização. Obs: Reveja , no Módulo I, a teoria sociológica de Émile Dürkheim. O Positivismo. AS SEIS FUNÇÕES BÁSICAS DA EMPRESA Fayol parte da proposição de que toda empresa pode ser dividida em seis grupos de funções: 1‐Funções Técnicas, relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa; 2‐.Funções Comerciais, relacionadas com a compra, venda e permutação. 3‐Funções Financeiras, relacionadas com a procura e gerência de capitais 4‐Funções de Segurança, relacionadas com a proteção e preservação de bens 5‐Funções Contábeis, relacionadas com os inventários,registros,balanços,custos e estatísticas. 6‐Funções Administrativas, relacionadas com a integração da cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as demais funções da empresa, pairando sempre acima delas.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
13
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS 1.Previsão: envolve avaliação do futuro e aprovisionamento em função dele.Unidade,continuidade, flexibilidade e previsão são os aspectos principais de um bom plano de ação. 2.Organização: proporciona todas as coisas úteis ao funcionamento da empresa. 3.Comando: leva a organização a funcionar.Seu objetivo é alcançar o máximo retorno de todos os empregados no interesse dos aspectos globais. 4.Coordenação: harmoniza todas as atividades do negócio,facilitando seu negócio e seu sucesso. Ela sincroniza coisas e ações em suas proporções certas e adapta os meios aos fins. 5.Controle: Consiste na verificação para certificar se todas as coisas acorrem em conformidade com o plano adotado, as instruções transmitidas e os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar as fraquezas e erros no sentido de retificá‐ los e prevenir a ocorrência. PRINCÍPIOS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO PARA FAYOL 1.Divisão do trabalho: consiste na especialização das tarefas e das pessoas para aumentar a eficiência. 2.Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar obediência, responsabilidade é uma conseqüência natural da autoridade.Ambas devem estar equilibradas entre si. 3.Disciplina: depende da obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos. 4.Unidade de comando: cada empregado deve receber ordens de apenas um superior.É o princípio da autoridade única. 5.Unidade de direção: uma cabeça é um plano para cada grupo de atividades que tenham o mesmo objetivo. 6.Subordinação de interesses individuais aos interesses gerais:os interesses gerais devem sobrepor‐se aos interesses particulares. 7.Remuneração do pessoal: deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
14
8.Centralização: refere‐se a concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização. 9.Cadeia escalar: é a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo.É o princípio de comando. 10.Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.É a ordem material e humana. 11.Eqüidade: amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal. 12.Estabilidade e duração (num cargo) do pessoal: a rotação tem um impacto negativo sobre a eficiência da organização. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer num cargo tanto melhor. 13.Iniciativa: a capacidade de visualizar um plano e assegurar seu sucesso. 14.Espírito de equipe: harmonia e união entre as pessoas são grandes forças para a organização.A Teoria Clássica concebe a organização em termos de estrutura,forma e disposição das partes que a constituem, além do inter‐ relacionamento entre as partes.Restringe‐se apenas aos aspectos da organização formal.Para a Teoria Clássica, os aspectos organizacionais são analisados de cima para baixo (da direção para execução) e do todo para as partes (da síntese para análise),exatamente ao contrário da abordagem da Administração Científica. Para Fayol as funções da empresa são seis, dentre estas, a função Administrativa engloba as funções universais da Administração que são: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar.Essas funções também se estendem às outras cinco esferas como uma técnica para estruturar a empresa. Para Fayol a empresa é analisada como uma estrutura hierárquica, cujo vértice está voltado de cima para baixo.Sua visão gerencial tem por foco os resultados finais da produção, enquanto Taylor tem por foco a produção e o operário objetivando resultados na quantidade produtiva. Fayol complementa a Administração Científica com a Teoria Clássica .
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
15
2.2 – FATOR HUMANO E DESEMPENHO A ADMINISTRAÇÃO NA TEORIA E NA PRÁTICA SEGUNDO PETER DRUCKER: uma introdução. “Transformar a informação em conhecimento e este em ação efetiva é a função específica do administrador e da administração.” ʺO trabalho de um administrador deve basear‐se em uma tarefa a ser cumprida para atingir os objetivos da empresa... o administrador deve ser comandado e controlado pelo objetivo do desempenho, não por seu chefe.ʺ ʺA essência da administração é o ser humano. Seu objetivo é tornar as pessoas capazes do desempenho em conjunto, tornar suas forças eficazes e suas fraquezas irrelevantes, Isso é a organização, e a administração é o fator determinante.ʺ “A administração é o órgão específico e distintivo de toda e qualquer organização.” “A administração existe em função dos resultados da instituição. Tem de começar com os resultados pretendidos e de organizar os recursos da instituição de modo que atinja esses resultados. É o órgão que faz com que a instituição – empresa, universidade, hospital, abrigo para mulheres vítimas da violência doméstica – seja capaz de produzir resultados fora dela própria.” PETER DRUCKER Nascido em 1909 em Viena, detentor de um pensamento lógico infalível, considerado, sem dúvida, o maior pensador e teórico da área de administração. Suas teorias, métodos e conselhos são aplicados e estudados tanto por altos executivos como aspirantes a gerentes. Para DRUCKER (2001) a administração é prática como a medicina, a advocacia e a engenharia, apoiando‐se sobre uma teoria, que precisa ter o rigor científico. Essa prática consiste em aplicação, focando‐se no específico, no caso singular e exige experiência e intuição. É necessário ter conhecimentos científicos e teóricos consistentes, assim como ter o “olho clínico”. Devemos saber “por que fazer”, “ o que fazer” e “como fazer”. A prática da administração exige o conhecimento da organização inteira, permitindo a compreensão dos reflexos que as decisões e ações dos administradores têm sobre toda a organização. As organizações são regidas por
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
16
aspectos de natureza humana e social, pela confiança, pelo entendimento mútuo e pela motivação. DRUCKER (2001) não enfatiza o “capital” e o “trabalho” como recursos de produção, mas a “administração” e o “trabalho”, considerando o administrador como o elemento dinâmico e essencial de qualquer empresa. É ele quem determina, através da qualidade e do desempenho do seu trabalho, o sucesso e a sobrevivência das empresas. Considera a administração como um órgão da sociedade que deve ser capaz de transformar os recursos de produção, promovendo o seu progresso econômico organizado. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO SEGUNDO DRUCKER Segundo Drucker, administração não é exclusivamente administração de empresas. A administração é pertinente a todo o tipo de empreendimento humano que reúne, em uma única organização, pessoas com diferentes saberes e habilidades, sejam vinculadas às instituições com fins lucrativos ou não. A administração precisa ser aplicada aos sindicatos, às igrejas, às universidades, aos clubes, agências de serviço social, tanto como nas empresas, sendo responsável pelos seus desempenhos. Segundo DRUCKER (2001), os administradores que entenderem os princípios essenciais da administração e trabalharem por eles orientados, serão bem‐formados e bem‐sucedidos. Ele apresenta os seguintes princípios: 1. “A administração trata dos seres humanos. Sua tarefa é capacitar as pessoas a funcionar em conjunto, efetivar suas forças e tornar irrelevantes suas fraquezas. É disso que trata uma organização,” e esta é a razão pela qual a administração é um fator crítico e determinante. Hoje em dia, praticamente todos nós somos empregados por instituições administradas, grandes ou pequenas, empresariais ou não. Dependemos da administração para nossa sobrevivência. E a nossa capacidade de contribuição à sociedade também depende tanto da administração das organizações em que trabalhamos quanto de nossos próprios talentos, dedicação e esforço. 2. A administração está profundamente inserida na cultura, porque ela trata da integração das pessoas em um empreendimento comum. O que os administradores fazem na Alemanha Ocidental, no Reino Unido, nos EUA, no Japão, ou no Brasil é exatamente o mesmo. Como eles fazem é que pode ser bem diferente. Assim, um dos desafios básicos que os administradores enfrentam em países em desenvolvimento é descobrir e identificar as parcelas de suas próprias tradições, história e cultura que possam ser usadas como elementos construtivos da administração. A diferença entre o sucesso
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
17
econômico do Japão e o relativo atraso da Índia é explicado, em grande parte, porque os administradores japoneses conseguiram transplantar conceitos administrativos importantes para seu próprio solo cultural e fazê‐los crescer. 3‐•Toda empresa requer compromisso com metas comuns e valores compartilhados. Sem esse compromisso não há empresa, há somente uma turba. A empresa tem de ter objetivos simples, claros e unificantes. A missão da empresa tem de ser suficientemente clara e grande para promover uma visão comum. As metas que a incorporam devem ser claras, públicas e constantemente reafirmadas. A primeira tarefa da administração é pensar, estabelecer e exemplificar esses objetivos, valores e metas. 4‐•A administração deve também capacitar a empresa e cada um de seus componentes a crescer e se desenvolver à medida que mudem necessidades e oportunidades. Toda empresa é uma instituição de aprendizado e de ensino. Treinamento e desenvolvimento precisam ser instituídos em todos os níveis da sua estrutura – treinamento e desenvolvimento incessantes. 5‐•Toda empresa é composta de pessoas com diferentes capacidades e conhecimento, que desempenham muitos tipos diferentes de trabalho. Deve estar ancorada na comunicação e na responsabilidade individual. Todos os componentes devem pensar sobre o que pretendem alcançar – e garantir que seus associados conheçam e entendam essa meta. Todos têm de considerar o que devem aos outros – e garantir que esses outros entendam. E todos têm de pensar naquilo que eles, por sua vez, precisam dos outros – e garantir que os outros saibam o que se espera deles. 6‐•Nem o nível de produção nem a “linha de resultados” são, por si sós, uma medição adequada do desempenho da administração e da empresa. Posição no mercado, inovação, produtividade, desenvolvimento do pessoal, qualidade, resultados financeiros, todos são cruciais ao desempenho de uma organização e à sua sobrevivência. Também as instituições não‐lucrativas precisam de medições em algumas áreas específicas às suas missões. Tanto quanto um ser humano, uma organização também necessita de diversas medições para avaliar sua saúde e seu desempenho. O desempenho tem de estar entranhado na empresa e na sua administração; precisa ser medido – ou ao menos julgado – além de ser continuamente melhorado. 7-•Finalmente, a única e mais importante coisa a lembrar sobre qualquer empresa é que os resultados existem apenas no exterior. O resultado de uma empresa é um cliente satisfeito. O resultado de um hospital é um paciente curado. O resultado de uma escola é um aluno que aprendeu alguma coisa e a coloca em funcionamento dez anos mais tarde. Dentro de uma empresa só há custos. A administração para DRUCKER (2001) é considerada como uma “arte liberal”.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
18
É “arte” porque, como vimos, é prática e aplicação e é “liberal” porque trata dos fundamentos do conhecimento, auto‐conhecimento, sabedoria e liderança. As origens do conhecimento e das percepções estão nas ciências humanas e sociais, nas ciências físicas e na ética, que devem estar focados sobre a eficiência e os resultados das organizações. AS TAREFAS DA ADMINISTRAÇÃO As instituições privadas ou públicas, com ou sem fins lucrativos, não existem por conta própria, mas para satisfazer uma necessidade exclusiva da sociedade, da comunidade ou do indivíduo. Existem para cumprir uma finalidade social definida. Não são fins em si, são meios para que as necessidades sejam atendidas. Assim, a administração é o órgão da instituição que, como tal, só pode ser descrito e definido por sua função e contribuição, devendo cumprir as seguintes tarefas: 1‐atingir a finalidade e a missão específicas da instituição, seja uma empresa comercial, hospital ou uma universidade; 2‐tornar o trabalho produtivo e transformar o trabalhador em realizador; 3‐administrar os impactos sociais e as responsabilidades sociais. “Nos negócios humanos – políticos, sociais, econômicos e empresariais – é inútil prever o futuro, para não falar em olhar para 75 anos à frente. Mas é possível – e útil – identificar eventos importantes que já aconteceram, de forma irrevogável, e que portanto, terão efeitos previsíveis nas duas próximas décadas”. Em outras palavras, é possível identificar e se preparar para o futuro que já aconteceu. “O fator dominante para os negócios nas duas próximas décadas – com exceção de guerra, peste ou colisão com um cometa – não será economia ou tecnologia. Será a demografia. O fator chave para os negócios não será a superpopulação do mundo, da qual temos sido alertados nestes últimos 40 anos. Será a subpopulação dos países desenvolvidos – o Japão, os países europeus e os Estados Unidos.” (Peter Drucker, 2001)
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BERNARDES,C. Sociologia Aplicada à Administração.São Paulo: Pioneira,1996. DRUCKER, Peter Ferdinand.Fator Humano e Desempenho.São Paulo:Pioneira,1981. DRUCKER, Peter Ferdinand. A profissão de administrador. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. DRUCKER, Peter Ferdinand. O melhor de Peter Drucker: a administração. São Paulo:Nobel, 2001. OLIVEIRA,Silvio Luiz de. Sociologia das Organizações: Uma análise do Homem e das Empresas no Ambiente Competitivo. São Paulo:Pioneira,2002. EXERCÍCIOS. I ‐Assinale com (V) verdadeiro ou (F) falso: 1‐( ) Os conceitos e técnicas administrativas são aplicados há séculos, mesmo que inconscientemente 2‐( ) Um marco importante na evolução da Administração foi a Revolução Industrial, no século XVIII; até então, a Administração era principalmente empírica 3‐( ) Taylor é um dos pais da administração científica, tendo estudado a alta administração da empresa 4‐( ) Fayol preocupou‐se com o operário, a maximização de sua eficiência 5‐( ) Taylor defendia a divisão do trabalho entre planejamento (direção) e execução (operário) ( ) Taylor destacou‐se pelo estudo de tempos e movimentos, racionalização do trabalho e pregava o uso do “operário sem cabeça (operário padrão)”, isto é, do operário só era esperado o trabalho físico, mão‐de‐obra, não o era necessário pensar 6‐( ) As teorias apresentados por Fayol e Taylor são complementares
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL
20
7‐( ) Fayol propôs 6 funções básicas para uma empresa, sejam elas: técnica, comercial, financeira, ambiental, contábil e administrativa 8‐( ) A função administrativa foi dividida em outras 5 funções; organização, limpeza, uso, saúde e controle 9‐( ) Fayol analisou a empresa de “cima para baixo”, enquanto que Taylor a fez de forma inversa 10‐( ) A escola clássica da administração procurou adequar ao homem, as máquinas. 11‐( )A abordagem contingencial da administração é aquela baseada na premissa que “cada caso é um caso”. 12‐( ) O objetivo principal de toda empresa é o lucro 13‐( )As teorias científicas são influenciadas pelo momento que as produzem. 14‐( )A construção de uma teoria científica está, estritamente, relacionada à formação acadêmica do seu formulador. 15‐( )A formulação de uma teoria científica é a expressão da prática 16- ( ) A formulação de uma teoria científica é a expressão da prática.
GABARITO DO MÓDULO II 1-F, 2-V, 3-V, 4-F, 5-V, 6-V, 7-V, 8-V , 9-F, 10-F, 11-V, 12-F 13-F, 14-V, 15-F, 16-F