O SIMBOLISMO DO NATAL Hoje vamos falar sobre o simbolismo do Natal. É claro que este é um evento maravilhoso, sobre o qual urge meditar profundamente... O Sol, a cada ano, realiza uma viagem elíptica que começa no dia 25 de dezembro e então regressa outra vez ao Pólo Sul, até a região da Antártica; exatamente por isto vale a pena refletirmos em seu significado profundo. Nesta época começa o frio aqui no norte, devido exatamente ao fato de que o Sol vai se afastando para as regiões austrais, e, no dia 24 de dezembro, terá atingido o ponto máximo de sua viagem na direção sul. Se o Sol não avançasse rumo ao norte do dia 25 de dezembro em diante, morreríamos de frio. A Terra inteira se converteria em um bloco de gelo e realmente pereceriam todas as criaturas, tudo o que tem vida. Assim, vale a pena refletir sobre o acontecimento do Natal. O Cristo-Sol deve avançar para dar-nos vida e, no equinócio da Primavera, se crucifica na Terra; então amadurecem a uva e o trigo. É precisamente na Primavera que o Senhor deve passar por sua vida, paixão e morte, para depois ressuscitar; a Semana Santa é na Primavera (no Hemisfério Norte). O Sol físico nada mais é que um símbolo do Sol Espiritual, do Cristo-Sol. Quando os antigos adoravam o Sol, quando lhe rendiam culto, não se referiam exatamente ao Sol físico; rendiam culto ao Sol Espiritual, ao Sol da Meia-Noite, ao Cristo-Sol. Inquestionavelmente, é o Cristo-Sol quem deve guiar-nos nos Mundos Superiores de Consciência Cósmica. Todo místico que aprende a funcionar fora do corpo físico à vontade é guiado pelo Sol da Meia-Noite, pelo Cristo Cósmico. É necessário aprender a conhecer os movimentos simbólicos do Sol da Meia-Noite; é ele quem guia sempre o Iniciado, quem nos orienta, ele é quem nos indica o que devemos e não devemos fazer. Estou falando no sentido esotérico mais profundo, levando em conta que todo Iniciado sabe sair do corpo físico à vontade, que isto de não saber sair à vontade é próprio de principiantes, gente que ainda está dando os primeiros passos nesses estudos. Se alguém está na Senda, tem que saber guiar-se pelo Sol da Meia-Noite, pelo Cristo-Sol, aprender a conhecer seus sinais, seus movimentos. Se o vemos, por exemplo, desaparecer no ocaso, o que é que isto nos indica? Simplesmente que algo deve morrer em nós. Se o vemos surgir do Oriente, o que é que isto nos diz? Que alguma coisa deve nascer em nós. Quando nos saímos bem nas provas esotéricas, ele brilha em toda sua plenitude no horizonte. O Senhor nos orienta nos Mundos Superiores, e temos que aprender a conhecer seus sinais. Dupuis, e muitos outros, estudaram o maravilhoso acontecimento do Natal. Não há dúvida, e isto reconhece Dupuis, de que todas as religiões da antiguidade celebraram o Natal. Assim como o Sol físico avança para o norte, para dar vida a toda a criação, também o Sol da Meia-Noite, o Sol do Espírito, o Cristo-Sol, nos dá vida se aprendemos a cumprir com seus mandamentos. Nas Sagradas Escrituras se fala, obviamente, do Acontecimento Solar, e há que saber entender isto nas entrelinhas. A cada ano se vive no Macrocosmos todo o Drama Cósmico do Sol; cada ano, repito. Leve-se em conta que o Cristo-Sol deve crucificar-se cada ano no mundo, viver todo o drama de sua vida, paixão e morte, para depois
ressuscitar em tudo o que é, foi e será; quer dizer, em toda a Criação. Assim é como todos nós recebemos a vida do Cristo-Sol. Também é certo que cada ano, o Sol, ao afastar-se para a região austral, nos deixa tristes aqui no norte, pois vai dar vida a outras partes. As noites longas de inverno são fortes. Na época do Natal os dias são curtos e as noites longas.
Vamos refletindo sobre tudo isto, e convém que entendamos o que é o Drama Cósmico. É necessário que também em nós nasça o Cristo-Sol, Ele deve nascer em nós. Nas Sagradas Escrituras, se fala claramente de Belém e de um estábulo onde ele nasce, esse estábulo de Belém está dentro de nós mesmos, aqui e agora. Precisamente nesse estábulo interior moram os animais do desejo, todos esses "eus" passionais que carregamos em nossa psique, isto é óbvio. "Belém" mesmo é um nome esotérico; nos tempos em que o Grande Kabir veio ao mundo, a aldeia de Belém não existia, de modo que isto é inteiramente simbólico. Bel é uma raiz caldéia que significa Torre do Fogo, de modo que, propriamente dito, Belém é Torre do Fogo. Quem poderia ignorar que Bel é um termo caldeu que corresponde precisamente à Torre de Bel, à Torre do Fogo? Assim, o termo Belém é totalmente simbólico. Quando o Iniciado trabalha com o Fogo Sagrado, quando elimina completamente de sua natureza íntima os agregados psíquicos, quando de verdade está realizando a Grande Obra, indubitavelmente há de passar pela Iniciação Venusta. A descida do Cristo ao coração do homem é um acontecimento cósmico e humano de grande transcendência, tal evento corresponde na verdade à Iniciação Venusta. Infelizmente, não se entendeu realmente o que é o Cristo; muitos supõem que o Cristo foi exclusivamente Jesus de Nazaré, e estão equivocados. Jesus de Nazaré, como homem - ou, melhor dizendo, Jeshuá ben Pandirá recebeu, como homem, a Iniciação Venusta, encarnou o Cristo, mas ele não é o único a ter recebido tal Iniciação. Hermes Trismegisto, o três vezes grande Deus Íbis de Thot, também O encarnou. João Batista, a quem muitos consideravam como o Christus, o Ungido, inquestionavelmente recebeu a Iniciação Venusta, O encarnou. Os Gnósticos Batistas asseguravam, na Terra Santa, que o verdadeiro Messias era João, e que Jesus era somente um Iniciado que havia querido seguir João. Naquela época havia disputas entre Batistas, os Gnósticos Essênios e outros.
Devemos entender o Cristo tal e qual é; não como uma pessoa, não como um indivíduo. O Cristo está além da Personalidade, do Eu e da Individualidade. Cristo, em esoterismo autêntico, é o Logos, o Logos Solar, representado pelo Sol.
Agora compreenderemos porque os Incas adoravam o Sol, os Nahoas o cultuavam, os Maias, os Egípcios, etc. Não se trata da adoração a um Sol físico, mas ao que se oculta por trás deste símbolo físico; obviamente, adorava-se o Logos Solar, o Segundo Logos. Este Logos Solar é Unidade Múltipla Perfeita. A variedade é unidade. No mundo do Cristo Cósmico a individualidade separada não existe, no Senhor somos todos um... Nestes instantes, me vem à memória certa experiência, digamos, esotérica, realizada há muitos anos. Então, submergido em profunda meditação, obtive certamente o Samadhi, o estado de Mantéia, ou Êxtase, como é chamado no esoterismo ocidental. Naquela ocasião, eu desejava saber algo sobre o batismo de Jesus, o Cristo, pois bem sabemos que João o batizou. O estado de abstração foi profundo, obtive o perfeito Dharana, ou seja, concentração; o Dhyana, ou meditação, e por fim consegui o Samadhi. Eu me atreveria a dizer que foi um Maha-Samadhi, porque abandonei perfeitamente os corpos Físico, Astral, Mental, Causal, Búdico e até o Átmico. Consegui, pois, reabsorver minha consciência de forma íntegra no Logos. Assim, nesse estado Logoico, como um Dragão de Sabedoria, fiz a correspondente investigação. De imediato, me vi na Terra Santa, dentro de um templo. Mas, coisa extraordinária: vi a mim mesmo convertido em João Batista, com uma vestimenta sagrada. Vi quando traziam Jesus, com sua veste branca, sua túnica branca. Dirigindo-me a Ele, disse: "Jesus, despe tua túnica, tua vestimenta, pois vou batizar-te". Depois, retirei de um recipiente um pouco de azeite de oliva, o conduzi ao interior do Santuário, o ungi com o azeite, joguei água sobre ele e recitei os mantrams e ritos. Depois, o Mestre se sentou em sua cadeira à parte; eu guardei tudo novamente, coloquei os objetos em seus lugares e dei por terminada a cerimônia. Mas me vi convertido em João ! É claro que, uma vez passado o Êxtase, o Samadhi, pensei: "Mas como é possível que eu seja João Batista? Nem remotamente, eu não sou João Batista!" Fiquei bastante perplexo e pensei: “Vou fazer agora outra concentração, mas agora não vou me concentrar em João, vou me concentrar em Jesus de Nazaré".
Então, escolhi como motivo da concentração o Grande Mestre Jesus. O trabalho foi longo e árduo, a concentração foi se fazendo cada vez mais profunda; logo passei do Darana - concentração, ao Dhyana - meditação, e deste ao Samadhi, ou Êxtase. Fiz um esforço supremo que me permitiu desvestir-me dos corpos Físico, Astral, Mental, Causal, Búdico e Átmico, até introverter minha consciência, absorvendo-a no mundo do Logos Solar. E, em tal estado, querendo saber sobre o Cristo Jesus, vi a mim mesmo convertido no Cristo Jesus, fazendo milagres e maravilhas na Terra Santa, curando os doentes, dando visão aos cegos, etc., e, por último, me vi vestido com as vestes sagradas, chegando diante de João naquele Templo. Então João se dirigiu a mim e disse: "Jesus, retira tua vestimenta, pois vou batizar-te ". Trocaram-se os papéis, já não me vi transformado em João mas em Jesus, e recebi o batismo de João. Passado o Samadhi, regressando ao corpo físico, vim a constatar perfeitamente, com toda clareza, que no mundo do Cristo Cósmico somos todos um. Se eu tivesse querido meditar em qualquer um de vocês, lá no mundo do Logos, teria me visto transformado em um de vocês, vivendo sua vida; já que lá não há individualidade, não há personalidade, nem Eu. Ali somos todos o Cristo, ali somos todos João, ali todos somos o Buda, ali todos somos todos um; no mundo do Logos não existe a individualidade separada. O Logos é Unidade Múltipla Perfeita, é uma energia que se move e palpita em todo o criado, que subjaz em todo átomo, em todo elétron, em todo próton, e que se expressa vivamente através de qualquer homem que esteja devidamente preparado. Bem, fiz este esclarecimento, em síntese, com o objetivo de especificar melhor o acontecimento de Belém. Quando um homem está devidamente preparado, passa pela Iniciação Venusta - mas, esclareço, deve estar devidamente preparado - e na Iniciação Venusta consegue a encarnação do Cristo Cósmico em si mesmo, dentro de sua própria natureza. Inutilmente teria nascido Jesus em Belém se não nascesse em nosso coração também. Inutilmente teria morrido e ressuscitado na Terra Santa, se não morre e ressuscita em nós também. Esta é a natureza do "Salvator Salvandus". O Cristo Íntimo deve salvar-nos, mas salvar-nos desde dentro, a todos nós. Aqueles que aguardam a vinda de Jesus de Nazaré para um futuro remoto estão equivocados, o Cristo deve vir agora de dentro; a segunda vinda do Senhor é de dentro, do próprio fundo da Consciência. Por isto está escrito o que Ele disse: "Se ouvires alguém dizendo na praça pública que é Cristo, não o creiais; e se disserem: Ele está ali no Templo predicando, não o creiais". É que o Senhor desta vez não virá de fora, mas de dentro, virá do próprio fundo de nosso coração, se nós nos prepararmos. Paulo nos esclarece dizendo: "De sua virtude tomamos todos, graça por graça". Então, está documentado; se estudarmos cuidadosamente Paulo de Tarso, veremos que raramente alude ao Cristo histórico; cada vez que Paulo de Tarso fala sobre Jesus Cristo, refere-se ao Jesus Cristo Interior, ao Jesus Cristo Íntimo que deve surgir do fundo de nosso Espírito, de nossa Alma. Enquanto um homem não O tenha encarnado, não se pode dizer que possua a Vida Eterna. Só Ele pode tirar nossa Alma do Hades, só Ele pode verdadeiramente dar-nos vida, e em abundância. Assim, pois, devemos ser menos dogmáticos e aprender a pensar no Cristo Íntimo, isto é
grandioso!... Todo o simbolismo relacionado com o nascimento de Jesus é alquímico e cabalístico. Diz-se que três Reis Magos vieram adorá-lO, guiados por uma estrela. Falando francamente, este trecho não pode ser compreendido por quem não é versado em alquimia, porque é alquímico. Que são essa estrela e esses Reis Magos? E eu vos digo que essa estrela não é outra coisa que o Selo de Salomão, a estrela de seis pontas, símbolo do Logos Solar. O triângulo superior representa obviamente o Enxofre, ou seja, o Fogo. E o inferior, o que representa em Alquimia? O Mercúrio, a Água; mas a que tipo de água se referem os Alquimistas? Dizem eles: "a Água Que Não Molha, o Úmido Radical Metálico", em outras palavras, o Exiohehari, o Esperma Sagrado. Sem dúvida, é por meio da transmutação das secreções sexuais que se elabora essa Água extraordinária, as águas puras de Amrita, o Mercúrio da Filosofia Secreta. Vale a pena meditarmos no Selo de Salomão; aí temos o triângulo superior, representação vívida do Enxofre e o inferior, vívida representação do Mercúrio. Quer dizer que o Fogo Sagrado, o Fogo do Espírito Santo, deve fecundar en nós a Matéria Caótica, para que surja a vida, deve fecundar o Mercúrio da Filosofia Secreta.
Sem dúvida, é um pouco difícil entender a questão da Estrela de Belém se não recorremos ao Selo de Salomão e à Alquimia. Repito, o Mercúrio é a Alma Metálica do Esperma Sagrado; o Enxofre é o Fogo Sagrado do Kundalini no ser humano. Entendido isto, podemos esclarecer algo mais: o Enxofre deve fecundar o Mercúrio; com o Mercúrio fecundado pelo Enxofre podemos fabricar os Corpos Existenciais Superiores do Ser. De modo que, se não compreendêssemos isto, não compreenderíamos tampouco o Selo de Salomão ou a estrela que apareceu aos Reis Magos. Aqui temos, para melhor compreensão, os Três Mercúrios: O primeiro é o que os Alquimistas denominam "Azougue em bruto", ou seja, o Esperma Sagrado propriamente dito. O segundo Mercúrio é precisamente a Alma Metálica do primeiro. Mediante a transmutação, o Esperma se converte em Energia; essa Energia Sexual é denominada Alma Metálica do Esperma. O terceiro e mais importante, que é precisamente o Mercúrio fecundado pelo Enxofre. Isto é um pouco complicado e difícil de entender, mas, se vocês prestarem atenção, poderão pelo menos fazer uma idéia do que se trata. Se querem que lhes explique o Natal, devo explicá-lo como é, ou não explicá-lo. Inquestionavelmente, a primeira coisa que temos é o Mercúrio bruto, o Esperma Sagrado; a segunda, a Energia Sexual, resultado da
transmutação do esperma; a terceira, o Mercúrio fecundado pelo Enxofre, ou, em outras palavras, a Energia Sexual já fecundada pelo Fogo Sagrado, mescla de Energia e Fogo que sobe pela espinha dorsal para levar-nos à Auto-Realização Íntima do Ser. Este terceiro Mercúrio é o Arché dos gregos. De modo que no Arché há Sal, há Enxofre e há Mercúrio, isto é óbvio. Lá em cima, no Macrocosmos, as nebulosas, por exemplo, compõem-se de Sal, Enxofre e Mercúrio; é o Arché dos gregos, do qual saem as unidades cósmicas. Aqui embaixo nós precisamos fabricar o Arché. Como? Mediante a transmutação. E desse Arché, que será composto de Sal, Enxofre e Mercúrio, nascerão os Corpos Existenciais Superiores do Ser. Se alguém possui os corpos Astral, Mental e Causal, se converte em um Homem de verdade, isto é óbvio, e recebe seus princípios anímicos e espirituais. É claro que, de início, temos apenas o Azougue bruto e há que transmutálo. Isto é, temos as secreções sexuais e é preciso transmutá-las, sublimálas e convertê-las em energia; esta energia é denominada Mercúrio, "Alma Metálica do Esperma ". Essa energia sobe pelos cordões espermáticos até o cérebro. Posteriormente, essa mesma energia une seus pólos positivo e negativo no cóccix, perto do Tribeni, e então surge o Fogo. O Fogo fecunda a energia. O Fogo mesclado com a energia sobe pela medula espinhal até o cérebro; o excedente desse Mercúrio fecundado pelo Enxofre vem a cristalizar-se nos Corpos Existenciais Superiores do Ser. Primeiro se formará o Corpo Astral, a seguir o Corpo Mental e, em terceiro lugar, o Corpo Causal. Quando alguém possui os corpos Astral, Mental e Causal, recebe os princípios anímicos e espirituais, quer dizer, se converte em homem, no Homem Verdadeiro. Isto é indispensável. Mas criar os Corpos Existenciais Superiores do Ser é uma coisa, e levá-los à perfeição é outra coisa diferente. Inquestionavelmente, o Sal, o Enxofre e o Mercúrio fazem tudo; onde quer que haja matéria, há sal; toda matéria se reduz a sal e todo sal pode ser convertido em Ouro. Assim, os Corpos Existenciais Superiores do Ser vêm a ser uma mescla de Sal, Enxofre e Mercúrio. O Sal presente em qualquer desses corpos se converte em Ouro pela ação combinada do Enxofre e do Mercúrio. Converter tais corpos em Ouro, em veículos finos Ouro, seria o indicado, e esta é a Grande Obra. Tal prodígio não poderia se realizar sem uma ajuda especial. Essa ajuda maravilhosa é o Natal do Coração: o Cristo deve nascer no coração do Homem, para que se possa realizar essa obra gigantesca de transformar os Corpos Existenciais Superiores do Ser em veículos de Ouro Puro. Situemo-nos em qualquer desses veículos, o Corpo Astral, por exemplo. Imaginemos uma pessoa que possui Corpo Astral. Alguém sabe que possui Corpo Astral quando pode usá-lo, mover-se com ele consciente e positivamente, viajar com ele de um planeta a outro. Imaginemos uma pessoa que tem esse Corpo Astral, mas que está trabalhando para convertê-lo num veículo de Ouro Puro, quer dizer, que quer aperfeiçoá-lo. Não poderá fazê-lo sem eliminar o Mercúrio Seco, isto é, os “eus”; e o Enxofre Arsenicado, ou seja, os átomos sanguinolentos da luxúria. Evidentemente, tal pessoa necessitará de ajuda. Se conseguir eliminar o Mercúrio Seco e o Enxofre Arsenicado ou enxofre venenoso, então seu Corpo Astral se converterá em um veículo de Ouro Puro. Isto é difícil; felizmente, o Cristo Interno intervém e ajuda a eliminar todo esse Mercúrio
Seco e esse Enxofre venenoso ou Arsenicado e, por fim, como resultado desses trabalhos, o veículo se converterá num Corpo de Ouro. Mas, antes que o Corpo Astral venha a converter-se num veículo de Ouro precioso, terá forçosamente que passar por várias etapas. A primeira etapa é simbolizada pela cor negra, pelo Corvo Negro, e governada por Saturno. Por que? Porque o iniciado irá entrar em um franco trabalho de morte; terá de eliminar, destruir, desintegrar todos os elementos inumanos que leva em seu Corpo Astral, toda a podridão, até conseguir a Cor Branca, que é fundamental. Esta cor branca é simbolizada pela Pomba Branca; os iniciados egípcios envergavam a veste de linho branco para representar a castidade, a pureza. O terceiro símbolo é a Águia Amarela, o iniciado obtém o direito de usar a túnica amarela. Na quarta fase do trabalho o iniciado receberá a púrpura; ao atingir este estágio, seu Corpo Astral já estará convertido em um veículo de Ouro Puro da melhor qualidade. O chefe de todo este trabalho alquimista é precisamente o Cristo Íntimo. Os sábios dizem que o Sal, o Enxofre e o Mercúrio são os instrumentos passivos da Grande Obra; o mais importante, dizem eles, é o Magnésio Interior. Este Magnésio, citado por Paracelso, não é outra coisa que o Cristo Íntimo, o Senhor. Ele deve realizar, em verdade, toda a Grande Obra. Citei como exemplo o Corpo Astral, mas é preciso realizar trabalho idêntico com cada um dos Corpos Existenciais Superiores do Ser. Sem este Magnésio Interior da Alquimia, tal labor seria absolutamente impossível; por isto é que, ao começar a Grande Obra, deve-se inquestionavelmente encarnar o Cristo Íntimo. Ele nasce no estábulo de nosso próprio corpo, dentro do qual temos todos os animais do desejo, das paixões inferiores. Ele tem que crescer, desenvolver-se, ascendendo pelos diversos graus até converter-se num Homem entre os homens, encarregar-se de todos os nossos processos mentais, volitivos, sexuais, emocionais, etc., etc. Passar por um homem comum entre os homens comuns. Mesmo sendo o Cristo um Ser tão perfeito, que não é pecador, ainda assim deve viver como um pecador entre pecadores, um desconhecido entre outros desconhecidos; esta é a crua realidade dos fatos. Mas o Cristo vai crescendo, vai se desenvolvendo à medida que elimina em si mesmo os elementos indesejáveis que levamos dentro. É tal sua integração conosco que lança toda a responsabilidade sobre seus ombros. Converteu-se num pecador como nós, não sendo Ele um pecador; sentindo em carne e osso as tentações, vivendo como um homem qualquer. E assim, pouco a pouco, à medida que vai eliminando os elementos indesejáveis de nossa Psique, não como algo alheio, mas como algo próprio Dele, vai se desenvolvendo no interior de nós mesmos; isto precisamente é o maravilhoso. Se não fosse assim, seria impossível realizar a Grande Obra. É Ele quem tem de eliminar todo esse Mercúrio Seco, todo esse Enxofre venenoso, para que os Corpos Existenciais Superiores do Ser possam converter-se em veículos de Ouro Puro, Ouro da melhor qualidade. Os Três Reis Magos que vieram adorar o Menino representam as cores da Grande Obra.
A primeira cor é o Negro, quando estamos aperfeiçoando o corpo. Isto, repito, é simbolizado pelo Corvo Negro da Morte, é a Obra de Saturno simbolizada pelo Rei Mago de cor negra; então passamos por uma morte, a morte de nossos desejos, paixões, etc., no Mundo Astral. A seguir vem a Pomba Branca, isto é, o momento em que já desintegramos todos os Eus do Mundo Astral; adquirimos então o direito de usar a túnica de linho branco, a túnica do Phtah egípcio, ou a túnica de Ísis; evidentemente, esta cor é simbolizada pela Pomba Branca; este é ainda o segundo dos Reis, o Rei Branco. Já bastante avançado no aperfeiçoamento do Corpo Astral, apareceria a cor Amarela, ou seja, conquistaria o direito a usar a túnica Amarela; então aparece a Águia Amarela, o que nos recorda o terceiro dos Reis Magos, que é da raça amarela. Finalmente, a coroação da Obra é a Púrpura. Quando um corpo, seja o Astral, o Mental ou o Causal, já se tornou de Ouro Puro, recebe a púrpura dos Reis, porque triunfou. É a púrpura que todos os Reis Magos, como Reis, levam sobre seus ombros. Assim, como podem ver, os Três Reis Magos não são três pessoas, como muitos acreditam; são as cores fundamentais da Grande Obra, e o próprio Jesus Cristo é íntimo, vive dentro de nós.
Jesus em hebraico é Jeshuá; Jeshuá significa Salvador, e, como Salvador, nosso Jeshuá particular tem de nascer neste estábulo que temos dentro de nós para realizar a Grande Obra; Ele é o Magnésio Interior do Laboratório Alquimista. O Grande Mestre deve surgir no fundo de nossa Alma, de nosso Espírito. O mais duro para o Cristo Íntimo, após seu nascimento no coração do Homem, é precisamente o Drama Cósmico, sua Via Crucis. No Evangelho as multidões aparecem pedindo a crucificação do Senhor; essas não são multidões de ontem, de um passado remoto, como se supõe, de algo que ocorreu há 1975 anos. Não, senhores, essas multidões estão dentro de nós mesmos, são nossos famosos “Eus”; dentro de cada pessoa moram milhares de pessoas, o “Eu odeio”, o “Eu tenho ciúmes”, o “Eu sinto inveja”, o “Eu sou cobiçoso”, ou seja, todos os nossos defeitos, e cada defeito é um “Eu” diferente. É claro que essas multidões que trazemos dentro de nós, que são nossos famosos “Eus”, são os que gritam: “Crucifiquem-nO, crucifiquem-nO ! “. Quanto aos Três Traidores, já sabemos que no Evangelho Crístico são Judas, Pilatos e Caifás. Quem é Judas? O Demônio do Desejo. Quem é
Pilatos? O Demônio da Mente. Quem é Caifás? O Demônio da Má Vontade. Mas é preciso esclarecer isto, para que se possa compreender melhor. Judas, o Demônio do Desejo, troca o Cristo Íntimo por trinta moedas de prata: 30 (3 + 0=3), esta é uma soma cabalística, ou seja, troca-O pelas coisas materiais, pelo dinheiro, pela bebida, pelo luxo, pelos prazeres animais, etc. Quanto a Pilatos, é o Demônio da Mente; este sempre “lava as mãos”, nunca tem culpa, para tudo encontra uma evasiva, uma justificativa, jamais se sente responsável. Realmente, estamos sempre justificando todos os defeitos psicológicos que temos em nosso interior, jamais nos julgamos culpáveis. Muita gente me diz: “Acredito ser uma boa pessoa; eu não mato, não roubo, sou caridoso, não sou invejoso“, ou seja, são todos cheios de virtude, perfeitos, segundo eles próprios; “ignoto”, é o que tenho a dizer diante de tanta perfeição. Assim, olhando as coisas como são, em seu cru realismo, esse Pilatos sempre lava as mãos, nunca se considera culpado. Quanto a Caifás, francamente, considero o mais perverso de todos. Pensem no que representa Caifás: muitas vezes o Cristo Íntimo nomeia um Sacerdote, um Mestre ou Iniciado para que guie suas ovelhas e as apascente, lhe entrega a autoridade e o põe à frente de uma congregação, e o tal Sacerdote, Mestre, Iniciado, etc., em vez de guiar seu povo sabiamente, vende os Sacramentos, prostitui o Altar, fornica com as devotas, etc. - ou seja, trai o Cristo Íntimo; isto é o que faz Caifás. É doloroso isto? Ë claro, é horrível, é uma traição do tipo mais sujo que há, e não há dúvida de que muitas religiões se prostituíram e muitos sacerdotes traíram o Cristo Íntimo; não me refiro a nenhuma seita em particular, mas a todas as religiões do mundo. Inclusive grupos esotéricos, dirigidos por verdadeiros Iniciados, e estes, muitas vezes traidores, trairam o Cristo Íntimo. Tudo isto é doloroso, infinitamente doloroso. Caifás é o que há de mais sujo. Estes três traidores levam o Cristo Íntimo ao suplício. Pensem por um instante no Cristo Íntimo, no mais profundo de cada um de vocês, Senhor de todos os processos mentais e emocionais, lutando por salvá-los, sofrendo terrivelmente; os próprios Eus de vocês protestando contra Ele, blasfemando, pondo-Lhe a coroa de espinhos, açoitando-O. Bem, esta é a crua realidade dos fatos, este é o Drama Cósmico vivido interiormente. Finalmente, este Cristo Íntimo subiria ao Calvário [,isto é óbvio,] e baixa ao sepulcro, com sua morte mata a morte, isto é a última coisa que faz. Posteriormente ressuscita no Iniciado e o Iniciado ressuscita n’Ele. Então a Grande Obra está realizada, “consummatum est”. Assim têm surgido através dos séculos Mestres Ressurrectos; lembremos um Hermes Trimegisto, um Moria, grande Mestre da Força do Tibet, lembremos o Conde Cagliostro, que ainda vive, e Saint-Germain, que em 1939 visitou outra vez a Europa. Este Saint-Germain trabalhou ativamente nos séculos XVII, XVIII e XIX e, entretanto, continua a existir fisicamente, é um Mestre Ressurrecto. Por que são Mestres Ressurrectos? Porque, graças ao Cristo Íntimo, obtiveram a Ressurreição. Sem o Cristo Íntimo, a Ressurreição não seria possível. Aqueles que supõem que pelo simples fato de morrer fisicamente alguém
já tem direito à Ressurreição dos Mortos são realmente dignos de compaixão; falando outra vez em estilo socrático, não apenas ignoram mas, o que é ainda pior, ignoram que ignoram. A Ressurreição é algo pelo qual se tem de trabalhar, e trabalhar aqui e agora, e é preciso ressuscitar em carne e osso, e ao vivo. A Imortalidade deve ser conseguida agora mesmo, pessoalmente; assim se deve considerar todo o Mistério Crístico. Todo o Drama Cósmico é em si mesmo extraordinário, maravilhoso, e se inicia em verdade com o Natal do Coração. O que vem a seguir relacionado com o Drama, a fuga para o Egito, quando Herodes manda matar todos os meninos e Ele tem de fugir, tudo é simbólico, totalmente simbólico. Dizem ( num Evangelho Apócrifo ) que Jesus, José e Maria tiveram de fugir para o Egito, tendo permanecido vários dias vivendo sob uma figueira, e que desta figueira saiu um manancial de água puríssima. É preciso saber compreender isto: esta figueira representa sempre o sexo. Dizem ainda que se alimentavam dos frutos desta figueira, os frutos da Árvore da Ciência do Bem e do Mal. A água que corria puríssima, que saía desta figueira, é nada menos que o Mercúrio da Filosofia Secreta. Quanto à decapitação dos inocentes, muito se tem escrito sobre isso. Nicolas Flamel deixou gravadas nas portas do cemitério de Paris cenas retratando a degola dos inocentes. O que é essa degola dos inocentes? Isto é simbólico também, e alquimista, todo Iniciado tem de passar pela decapitação. Mas o que é que o Cristo Íntimo tem de decapitar em nós? Simplesmente deve degolar o Ego, o Eu, o Si Mesmo, e o sangue que mana da decapitação é o Fogo, é o Fogo Sagrado pelo qual o Iniciado tem de purificar-se, limpar-se, branquear-se; tudo isso é profundamente esotérico, nada disso pode ser tomado “ao pé da letra”. A seguir vêm os fenômenos milagrosos do grande Mestre. Caminhava sobre as águas, como sobre as Águas da Vida tem de caminhar o Cristo Íntimo. Abrir a visão dos que não vêem, predicando a palavra para que vejam a luz; abrir os ouvidos dos que não querem ouvir, para que escutem a palavra. Quando o Senhor já cresceu no Iniciado, tem de tomar a palavra e explicar a outros o que é o Caminho, limpar os leprosos; todo mundo está leproso, não há ninguém que não esteja leproso, essa lepra é o Ego, o Eu pluralizado, essa é a epidemia que todos levam dentro de si, a lepra da qual devemos ser limpos. Os que estão paralíticos não caminham ainda pela Senda da AutoRealização, o Filho do Homem deve curar os paralíticos para que se ponham a andar rumo à montanha do Ser. Há que compreender tudo isto de forma mais íntima, mais profunda; isto não corresponde a um passado remoto, é para ser vivido dentro de nós mesmos aqui e agora. Se começamos a amadurecer um pouquinho, saberemos apreciar melhor a mensagem que o Grande Kabir Jesus trouxe à Terra. Em todo caso, precisamos passar por Três Purificações, à base de ferro e fogo - este é o significado dos Três Cravos da Cruz. E a palavra INRI diz muito. Já sabemos que INRI esotericamente é o Fogo; necessitamos passar pelas Três Purificações à base de ferro e fogo antes de conseguir a Ressurreição, do contrário seria impossível alcançá-la.
Aquele que ressuscita se transforma radicalmente, se converte num DeusHomem, em um Hierofante da estatura de um Buda, ou um Hermes, um Quetzalcoatl, etc. Mas é necessário fazer a Grande Obra. Realmente, não se poderia entender os Quatro Evangelhos se não se estudasse Alquimia e Cabala, porque os Evangelhos são alquimistas e cabalistas, isto é óbvio. Os judeus tinham três livros sagrados. O primeiro é o corpo da doutrina, a Bíblia. O segundo é a alma da doutrina, o Talmud, no qual está a alma nacional judaica. E o terceiro é o espírito da doutrina, o Zohar, onde está toda a Cabala dos rabinos. A Bíblia, o corpo da doutrina, está escrita sob chave. Se queremos estudar a Bíblia “compaginando versículos”, procedemos de forma ignorante, empírica e absurda. Prova disto é que todas as seitas mortas que, até a época atual, se nutriram da Bíblia interpretada de forma empírica, não puderam entrar em acordo. Se existem milhares de seitas baseadas na Bíblia, quer dizer que nenhuma a compreendeu. As chaves para a interpretação estão no Zohar, escrito por Simeon Ben Iochai, o grande rabino iluminado. Aí encontramos as chaves para interpretar a Bíblia. Então, é necessário “abrir” o Zohar. Se queremos saber algo sobre o Cristo, sobre o Filho do Homem, devemos estudar a Árvore da Vida.
Quando alguém estuda a Árvore da Vida, tem que aprofundar-se nos 10 Sefirotes da Cabala Hebraica. Desta vez, vou falar sobre os 10 Sefirotes não de cima para baixo, mas, ao contrário, de baixo para cima, pois, como me disse em certa ocasião o
Conde de Saint-Germain, “agora por estes tempos nos cabe trabalhar de baixo para cima...“ É verdade, não nos resta outro remédio, já que a humanidade está demasiado materializada. Pois bem, vou então falar sobre a Árvore da Vida começando de baixo para cima. O primeiro Sefirote é Malkhut. Mas esse Malkhut propriamente dito é o mundo físico em que vivemos, o mundo tridimensional de Euclides, isso é óbvio. Os cientistas podem conhecer a mecânica dos fenômenos, mas, que sabem eles sobre o fundo vital? Nada! Absolutamente nada! Um corpo físico é composto de órgãos - por isto é chamado organismo - os órgãos de células, estas de moléculas e as moléculas de átomos. Se fracionarmos qualquer átomo, liberamos energia. Os cientistas podem jogar com a biomecânica dos fenômenos, mas não podem criar vida. É impossível. Se colocarmos sobre a mesa de laboratório as substâncias químicas que compõem os gametas masculino e feminino, isto é, espermatozóides e óvulos, e dissermos aos cientistas que fabriquem esses gametas, não nego que possam fazê-lo; é possível que com poderosos microscópios o consigam. Mas estamos absolutamente seguros de que esses gametas artificiais jamais conseguiriam criar um organismo humano. Apesar de terem criado foguetes que viajam à Lua, aviões supersônicos, etc., os cientistas não são capazes de criar uma simples semente vegetal artificial, com possibilidades de germinação. Alfonso Herrera, o grande sábio mexicano, que criou a teoria da Plasmogenia, fabricou uma célula artificial, mas foi uma célula que nunca teve vida, uma célula morta. Podem passar sementes vegetais, de café por exemplo, de um solo a outro; podem passar a semente de uma pessoa a outra pessoa, fazer inseminações artificiais, tudo isto é possível. Mas apenas joga-se com o que a natureza fez. Os cientistas não são capazes de fabricar uma semente com possibilidade de se converter em algo vivo. Isso nunca se viu, e jamais se verá. Conclusão: a vida é algo diferente; o organismo humano necessita de um "nisus formativus", como disse Emmanuel Kant, o filósofo de Koenisgsberg, para sustentar-se. E esse "nisus formativus" é o corpo vital, ou "lingam sharira" dos hindus, a base vital da célula viva, o Yesod da Cabala Hebraica. Assim como nosso corpo físico tem, para sua conservação e sustentação, seu corpo vital, também o têm as plantas e qualquer organismo que tenha vida, e o tem todo o planeta Terra. Assim, todo o mundo terráqueo tem sua vitalidade, seu fundamento vital, seu Yesod. E nesse Yesod do mundo terráqueo está a vida de nosso mundo. Aprofundando um pouco mais, poderíamos examinar o assunto da quinta coordenada. Além do mundo vital, existe o mundo astral. No mundo astral vivem os desencarnados, depois que abandonam o corpo físico; no mundo astral encontramos as colunas de anjos e de demônios. O mago pode aprender a trabalhar no mundo astral, se é essa sua vontade. Nós ensinamos sistemas mediante os quais é possível entrar no mundo astral à vontade. Esse mundo astral é precisamente o Hod cabalístico. Mais além do mundo astral, encontramos o mundo da mente cósmica, o famoso Netsach dos hebreus. A Terra tem mente; a mente cósmica ou a mente planetária está
em tudo o que é, que foi e que será. Nossa própria mente é uma fração da mente planetária, isso é óbvio. E essa mente planetária ou mundo mental é denominada Netsach (na Cabala), mas o mundo da mente foi amplamente estudado por todas as Escolas de Regeneração. Continuando essa análise da Árvore da Vida, entramos no mundo das causas naturais, o mundo causal. O mundo causal é realmente o templo da Fraternidade da Luz Interior, que não foi construído por mãos humanas. No mundo causal encontramos as diversas correntes de causação cósmica; todo efeito tem sua causa, toda causa produz um efeito. Toda causa se transforma em efeito, e o efeito por sua vez se converte em causa de um novo efeito; as causas e os efeitos estão devidamente encadeados. No mundo causal propriamente dito está este princípio do homem conhecido como alma humana, que foi denominado Tipheret, e isso é bastante interessante. A alma humana é masculina, a alma espiritual é feminina. No mundo de Tipheret encontramos a alma humana, o que temos de humano. Quando o Cristo Íntimo vem em nossa ajuda, obviamente haverá de surgir em nós desde Tipheret, isto é, no mundo causal, porque no mundo causal estão as causas de nossos erros, e Ele tem que eliminar as causas de nossos erros. Para que o Cristo Cósmico possa nascer em nós, é necessário que se humanize, pois é uma força cósmica e universal, latente em todo átomo do infinito. Para humanizar-se, terá que penetrar no ventre da Divina Mãe Kundalini. Como poderíamos entender isso? Dentro de nós está nosso Pai que está em segredo, e também está nossa Divina Mãe Kundalini. Quando o Eterno Masculino Divino se desdobra no Eterno Feminino, surge a Mãe Divina; ela recebe em seu ventre o Logos, quando Ele desce de sua elevada região, e nasce d'Ela; por isso se diz que Ela é virgem antes do parto, no parto e depois do parto. E é d'Ela que deve nascer esse menino Jesus, esse Jesus Cristo Íntimo, ou Jeshua particular que há de vir para salvar-nos. Ele surge então na alma humana, quando alguém recebe a iniciação de Tipheret. Ele vem a expressar-se na alma humana, no mundo causal. De fato Ele surge ali, para poder eliminar as causas de nossos erros, que estão ali. Muito além do mundo de Tipheret, ou mundo das causas naturais, está Geburah, que é o mundo da alma espiritual. Em budismo rigoroso se chama mundo búdico ou intuicional. Também é chamado de o mundo da alma-espírito. O que é então o Buddhi? No Buddhi está nossa alma-espírito, a Valquíria, a Rainha dos Jinas, Guinevere, aquela que a Lancelote servira o vinho, nas taças delícias de Sucra e de Manti. Recordemos Dante, quando fala das duas almas, a que trabalha e a outra que se contempla no espelho... São duas almas, uma masculina e outra feminina. Geburah é também conhecido como o mundo do rigor, da lei, da justiça. Muito além desse Sefirote, encontramos o sétimo Sefirote, Gedulah, que alguns chamam também Chesed. Esse Chesed é o mundo do Íntimo, o mundo de Atman, o Inefável. O testamento da Sabedoria Antiga diz: "Antes que a falsa aurora
amanhecesse sobre a Terra, aqueles que sobreviveram ao furacão e à tormenta louvaram o Íntimo, e a eles apareceram os arautos da aurora!” O Íntimo é Atman, o Inefável, Chesed. Assim, poderíamos dizer que esses sete Sefirotes são a Manifestação. Muito além desses sete Sefirotes inferiores, vêm os Sefirotes superiores. Binah, que é Binah? Binah é o Espírito Santo, em cada um de nós. O mundo do Espírito Santo é formidável, maravilhoso, extraordinário. Mais além do mundo do Espírito Santo está o mundo de Chockmah, o mundo do Logos, do Cristo Cósmico. E muitíssimo além está o mundo de Kether, o mundo do Ancião dos Dias, nosso Pai que está em segredo. Cada um de nós tem seu Pai, particular, individual. Há tantos Pais no céu como pessoas na Terra, e ainda mais. Cada um de nós tem o seu. É óbvio que ninguém será capaz de ver o Pai, de conversar com Ele cara a cara, sem morrer. Isto é, primeiro tem que morrer o Ego, não o corpo, mas o Ego, para então ter a bem-aventurança de ver o Pai e conversar com Ele frente a frente. Do contrário, não seria possível. É necessário que o Ego morra, se não totalmente, em pelo menos noventa por cento para se ter a benção de ver o Pai e conversar com Ele cara a cara, pessoalmente. Ele é a Bondade das Bondades, o Oculto do Oculto, a Misericórdia das Misericórdias. Esta é a Árvore da Vida, os Dez Sefirotes da Cabala Hebraica. O Filho do Homem está no Sefirote Tipheret; é aí onde está o Filho do Homem. Se olhamos a Tipheret, vemos que é o quinto dos Sefirotes, isto é, está a meio caminho entre os Sefirotes de cima e os de baixo. É que Ele, como Filho do Homem que é, na alma humana terá que expressar-se e terá que reunir os Sefirotes de baixo e os de cima, integrálos em Si mesmo, para transformar-se realmente no Adam Kadmon, isto é, no Adão Celeste, no Adão Solar. Quando isto for feito, estaremos convertidos em Deuses terrivelmente divinos, além do Bem e do Mal. Assim, sem o Cristo, que vem manifestar-se em Tipheret, não seria possível chegar a tão tremendas alturas. O Senhor é fundamental para a Grande Obra. Ele é o Magnésio Interior da Alquimia. Compreendendo então a Árvore da Vida, saberemos também o que é o Filho do Homem, tal como figura na Bíblia. Mas não poderíamos saber o que é o Filho do Homem se não estudássemos a Árvore da Vida no Zohar. Nas Sagradas Escrituras se fala (não me recordo exatamente em que ponto) do Filho do Homem; que aquele que nega o Filho do Homem, esse é anti-Cristo. É óbvio que sim, porque aquele que nega o Filho do Homem, que O nega em sua expressão como alma humana, é aquele materialista que nega a alma humana, que priva o ser humano da possibilidade da alma humana. Por exemplo, um Karl Marx, que, com sua dialética materialista, priva os seres humanos dos valores eternos. De modo que o materialista, ao negar a alma humana, se converte em anti-Cristo. Porque se o Cristo se expressa através de Tipheret, que é a alma humana, quem se manifesta contra a alma humana, ou princípio causal, quem nega essa alma, o materialista, é anti-Cristo. O anti-Cristo da falsa ciência materialista vive atualmente sobre a face da terra. Todos os cientistas ateus, inimigos do Eterno, são anti-Cristos cem por cento, porque negam o Filho do Homem. Reflitamos sobre todas essas coisas, meus queridos irmãos, para irmos entendendo o que é o Cristo Íntimo e o Natal do Coração.
Buda e Jesus, ou Buda e o Cristo, se complementam dentro de nós. Vou contar a vocês um caso insólito acontecido certa vez em que me vi dentro de um templo budista no Japão. Dissertava diante daquela congregação sobre o Cristo. Começou a surgir um certo rumor entre os monges, pois eu estava em pleno monastério budista. De fato, os monges se dirigiram ao mestre e lhe contaram que ali estava um homem falando sobre o Cristo. Eu esperava que aquele monge viesse furioso me dar pauladas, mas felizmente nada disto aconteceu. Perguntou-me: "Como é que você fala sobre o Cristo aqui, em um templo budista"? E lhe respondi: "Com profundo respeito por essa congregação, permito-me dizer-lhe que o Cristo e o Buda se complementam". Então pude ver com assombro que aquele mestre concordou e disse: "Assim é, o Cristo e o Buda se complementam", afirmando isso diante de todos os monges. E logo me falou por um Koan, dando-me a entender que o Cristo e o Buda são dois fatores íntimos que cada pessoa leva em seu interior. Fez com que trouxessem um fio, com o qual uniu o dedo polegar direito ao dedo polegar esquerdo. Eu entendi o Koan, pois estou acostumado à dialética da consciência. Com isso, ele quis me dizer que o Cristo e o Buda estão ligados dentro de nós mesmos, são dois aspectos de nosso próprio Ser. E isso pode ser explicado precisamente à luz da Árvore da Vida. O Buda naturalmente é formado por esses dois princípios, Chesed e Geburah. Em linguagem rigorosamente teosófica, diríamos Atman-Buddhi; este é o Buda interior. E quanto ao Cristo, vejamo-lo aqui em Chockmah. Assim, o Cristo, através de Binah, que é o sexo, vem a ficar conectado com o Buda em Chesed e Geburah. Cristo e Buda são partes de nosso próprio Ser. Então, o porvir esotérico e religioso da humanidade de amanhã terá igualmente o melhor do esoterismo crístico e o melhor do esoterismo budista, isto é, o esoterismo crístico e o esoterismo budista têm que integrar-se, fundir-se, pois Cristo e Buda são duas partes de nosso próprio Ser. O Buda Gautama Sakyamuni veio realmente ensinar-nos realmente a doutrina de Chesed e Geburah, a doutrina do Íntimo, a doutrina do Buda interior. Quanto a Jeshua Ben Pandira, veio ensinar-nos a doutrina do Cristo, de Chockmah, que é o Cristo; veio ensinar-nos a doutrina da alma humana, a doutrina de Tipheret, a doutrina do Cristo Íntimo. Gautama nos trouxe a doutrina do Buda Íntimo e Jesus de Nazaré nos trouxe a doutrina do Cristo Íntimo. Cada um deles nos trouxe uma mensagem de nosso próprio Ser. Cristo e Buda se complementam, estão dentro de nós mesmos, isso é óbvio. Entendendo tudo isso, meus queridos irmãos, bem vale a pena trabalhar para algum dia chegar a receber a Iniciação Venusta, isto é, a iniciação de Tipheret, o Natal do Coração. PERGUNTAS E RESPOSTAS
...realmente, se pegamos esse 10, 1 + 0 é igual a 1, o nome do eterno Deus vivente, o desconhecido. É óbvio que não podemos representar a Deus de qualquer maneira. Existem duas Unidades, a primeira é a Unidade Imanifestada; nós a chamaríamos de AELOHIM, a Divindade Incognoscível, o OniMisericordioso, a Infinitude que a tudo sustenta, que não se pode burilar, não se pode simbolizar, não se pode alegorizar nem fazer imagens d'Ele. A Ele se referiu Moisés quando disse que não podemos fazer imagens d'Ele, pois como vamos simbolizar a Divindade Imanifestada? Incognoscível? Como? De que modo? De que maneira, se é incognoscível? Mas quanto à segunda unidade, essa pode ser alegorizada. ELOHIM é a segunda unidade. Elohim não é um indivíduo como crêem muitos, é o Exército da Palavra, o Exército da Voz. Elohim é uma palavra pluralizada, uma palavra feminina pluralizada com uma terminação masculina. Significa Deusas e Deuses. E uma religião sem Deusas, por exemplo, é uma religião que está a meio caminho do ateísmo materialista. O verdadeiro nome secreto da Divindade, cada qual o tem em seu interior profundo, e nesse caso não seria um nome, mas milhões de nomes, pois cada qual tem o nome secreto da Divindade em seu interior. Há que buscar a Deus em nosso próprio interior profundo. Por exemplo, meu nome secreto, meu nome interior profundo, é Samael Aun Weor. O uso, é o único que uso; o nome profano não uso, porque? Porque quem está cumprindo a missão, quem está entregando os ensinamentos à humanidade é meu Deus Interior Profundo, então é Ele quem tem direito a assinar seu nome, e não minha pessoa, que nada vale. Esses Elohim, contém seus dois princípios, a alma humana, que é masculina, e alma espiritual, que é feminina, são seres andróginos, são Deuses e Deusas, o Exército da Criação, o Demiurgo Arquiteto.. Mas Aelohim é diferente, Aelohim é o inominável. Tudo o que surge à existência, surge de Elohim, a Unidade Criadora. No mundo de Elohim cada um tem seu nome esotérico e Elohim, ou seja, o exército da Palavra, ao fim, ao chegar a noite cósmica, terá que reabsorver-se no seio do Eterno Pai Cósmico Comum.