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Revista 777 – A ponta de

lança

da Thelema Brasileira

Editorial Receita de Bolo de Luz Ingredientes Como qualquer pessoa que notar, dificilmente as medidas exatas da receita estão disponíveis, assim meu medidor foi a experiência, através de erros e acertos. Quero deixar claro que esta não é uma receita definitiva e que é aberta a modificações de acordo com a inspiração de cada um. "Para perfume misture farinha & mel & grossas sobras de vinho tinto: então óleo de Abramelin e óleo de oliva, e depois, amolece & amacia com rico sangue fresco" - Liber AL vel Legis III:23 Farinha: Crowley esclareceu mais tarde que trata-se de simples farinha de trigo. Mel: Obviamente procure o mais puro possível. Grossas sobras de vinho tinto: Esta parte confunde a muitos iniciados que não tem experiência com culinária e se atentam apenas à estética do ritual de preparação e não à sua praticidade. Algumas espécies de vinho, como o Vinho do Porto, particularmente o Português, possuem sedimento que se deposita no fundo da garrafa, quanto mais velho o vinho maior a quantidade de sedimentos. Mas o que são esses sedimentos? Durante o processo de fermentação do vinho, as sobras se acumulam no fundo dos barris, que contém sais que acabam formando um creme tártaro. No Brasil esse creme tártaro não é muito conhecido, mas temos um substituto para ele, bicarbonato de sódio. O objetivo do desperdício de vinho na receita é tal e qual o de um fermento, serve para tornar a massa leve e "aerada". Assim caso uma boa quantidade de desperdício de vinho não for conseguido uma boa substituição é uma colher de bicarbonato junto com um xarope de vinho, que pode ser conseguindo ao se aquecer 300ml de vinho do porto em fogo baixo, mexendo sempre para que o excesso de álcool e de água evapore, deixando apenas um xarope grosso do vinho. Óleo de Abramelin: Uma mistura de canela, mirra, gengibre tailandês e azeites de oliva; Óleo de Oliva: Azeite Extra-Virgem de preferência. Rico sangue fresco:

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"O melhor sangue é o da lua, mensal: então o sangue fresco de uma criança, ou pingando da hóstia do céu: então de inimigos; então de um sacerdote ou dos adoradores: por fim de alguma besta, não importa qual." - Liber AL vel Legis III : 23 Crowley já hierarquiza qual o sangue ideal: o da menstruação, o de uma criança, o dos inimigos, de um padre ou de um cristão e finalmente o de algum animal. Se o sangue menstrual está no topo da lista, não há porque considerar algum outro, especialmente porque nos dias de hoje não é difícil conseguí-lo. Uma das formas mais práticas é através do ato sexual, onde o sangue pode ser colhido do pênis do praticante ou então deixá-la pingar do céus, e apenas ser coletado em uma vasilha apropriada. Modo de Preparo Por mais sobrenatural que possa parecer, você não deve nunca se esquecer que um bolo de luz não passa de um bolo, sua preparação é tão fácil quanto qualquer outro. O ideal é que se separe os ingredientes nas proporções abaixo descritas. Mas antes o próprio cozinheiro pode ser preparado. Faz-se isso com uma receita que podemos encontrar na Evocação de Bartzebal, o Espírito de Marte, descrita por Crowley em seu diário Magick of Light. O magista deve se preparar um jarro com -

250ml de champagne; 250 ml de perrier; 125 ml de conhaque; 1 pêssego 6 cerejas marasquino.

Misture tudo e sirva em um copo com gelo até a boca, só comece a preparar o bolo depois do segundo copo. 1- Antes de beber sua primeira taça, ligue o forno a 180 graus e deixe préaquecer pelo tempo que levar para tomas os dois copos da bebida, ou por 15 minutos. 2- Em um recipiente misture duas xícaras de farinha de trigo com 1 colher de gá de bicarbonato de sódio, uma xícara de mel, 1 colher de café de óleo de Abramelin 1/2 xícara de azeite, 2 colheres de sopa do xarope de vinho tinto (de preferência vinho do porto), 1 colher de sobremesa de sangue menstrual e 6 colheres de sopa de óleo de oliva (azeite extra virgem).

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3- Bata tudo até ter uma massa homogênea, se usar batedeira usa velocidade baixa. 4- Beba mais uma taça da bebida de Evocação de Bartzebal enquanto bate tudo. 5- Assim que a mistura estiver consistente a despeje em forminhas pela metade e as leve ao forno. As forminhas podem ser as de papel para se preparar muffins. Deixe-as assar por 25 minutos. Enquanto isso se sirva de mais uma ou duas doses da bebida. Depois do tempo determinado espete um palito de dentes até o fundo do bolinho, ele estará pronto quando o palito sair sem nenhuma massa. Os tempos mudaram, e com eles a tradição, para incrementar o bolo de luz vamos preparar uma cobertura: 2 xícaras de farinha de trigo; 1/2 xícara de mel; 1/2 xícara de xarope de vinho tinto; 2 gotas de óleo de abramelin. 1 colher de café de sangue menstrual. Coloque em um pote o mel e o xarope de vinho tinto e comece a misturar, acrescente as duas gotas de óleo e adicione a farinha bem aos poucos, até obter uma mistura cremosa. Com isso feito, separe uma xícara de xarope de vinho tinto para o recheio, acrescente uma colher de café de sangue menstrual e misture bem. Beba o restante da bebida de Evocação de Bartzebal. Finalizando: Pegue os bolinhos e com a ajuda de uma seringa ou do apetrecho de confeitaria correspondente, injete xarope de vinho tinto misturado com o sangue. Então pegue a cobertura e decore a parte de cima do bolinho, pode usar um apetrecho de confeitaria, ou simplesmente o modele com uma faca. Você pode ir mais longe, como o próprio Crowley faria (Exceda! Exceda!) e decorar com alguns confeitos de estrelas, para nos lembrarmos que cada homem e cada mulher é de fato uma estrela. Lembre-se que se assar fosse algo fácil para todos, não existiriam padarias hoje, o ideal é sempre tentar e aprender com os erros. Se a massa não crescer, deixe descansar ou aumente um pouco a quantidade de

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bicarbonato, se a cobertura ficar muito seca farinhenta, coloque mais xarope de vinho. Use a percepção nesses casos.

Soror Adler, e frati H418, I156, Alhudhud e Amaranthus

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Índice Astrum Argentum: Ordem que Exalta a Busca pelo Sagrado Feminino, Com Carência de Mulheres Frau Lust

………..… 07

………………………….. 15

THELEMA CONTEMPORÂNEA: O instrutor não é Mestre

………..… 16

THELEMAGICK: Lidando Com A Procrastinação Nas Práticas

…………… 20

Nuit

…………………………………………………………………………………….. 26

Kokab

……………………………………………………….. 27

A Busca pela Ordem Mística Perfeita, e o Paradoxo de Fermi Olê, Mulher Rendeira

…………… 28

……………………. 34

Encantaria de Codó

…………………………………….. 36

Sobre a minha peculiar experiência em ser um aspirante a Santa Ordem “Topdog” do Mundo Inferior.

…………… 37

………………………….. 41

A mensagem do Profeta do Novo Aeon na obra do Bardo Raul Seixas A.O. Spare, o “Irmão Negro”

…………….. 49

……………………………. 55

THELEMA COM RESPONSABILIDADE: União Thelêmica ..…………… 58 Encantaria de Jurema Desvairo

………………………………………………………. 60 ………………………………………………………… 61

Entrevista com Robert Furtkamp Mundos, Terra ou Planeta ?

……………………………………… 62 …………………………………………….. 63

O Mistério de Babalon e a Besta Xangô, Leão Rei de Oió O Voto de Obediência

………………………..….. 65

……………………………………………………. 71 ………………………………………………………. 72

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Astrum Argentum: Ordem que Exalta a Busca pelo Sagrado Feminino, Com Carência de Mulheres ΚΕΦΑΛΗ Γ A OSTRA Os Irmãos da Α∴Α∴são um com a Mãe da Criança. Os Muitos são adoráveis ao Um, como o Um o é para os Muitos. Este é o Amor Destes; criação-parto é a Glória do Um; coito-dissolução é a Glória de Muitos. O Todo, assim combinado com Estes, é Glória. Nada está além da Glória. O Homem delicia-se ao unir-se com a Mulher; a Mulher em parir uma Criança. Os Irmãos da Α∴Α∴ são Mulheres: os Aspirantes à Α∴Α∴ são Homens. Liber CCCXXXIII (Livro das Mentiras)

Vou iniciar essa especulação falando um pouco da minha experiência com Thelema. Conheci Thelema, assim como soube da existência de Ordens como a O.T.O. e A.’.A.’. há pouco mais de dez anos. Na época eu estava envolvida com a Wicca, naquela fase de sede de conhecimento, obcecada em resgatar toda a memória espiritual dessa minha ligação com a magia (sou daquelas que acredita que uma vez mago, sempre mago, e que em todas as vidas haverá de alguma forma esse resgate). Naquele momento via Thelema como coisa de maluco, porém muito atraente e convidativa, principalmente pela minha afinidade e preferência às Ciências Ocultas. Mas dizia a mim mesma que não entraria numa coisa dessas (no fundo eu sabia que se entrasse seria ida sem volta). Decepcionei-me com a Wicca, trilhando outro caminho espiritualista, até que anos depois a magia veio bater novamente a minha porta. Tá bom, não resisti, e dessa vez mais amadurecida, cá estou. E como não podia deixar de ser, no momento certo, Thelema me abduziu através da Santa Ordem. Esse retorno à magia se deu através de um grupo de estudos formado por thelemitas no intuito de apresentar e ensinar o currículo básico da Golden Down e da A.’.A.’. Convivi nesse grupo durante um ano, participando dos cursos, assim como eventos e festas, e foi daí que um fato me chamou a atenção: o grupo era composto praticamente por homens; os que procuravam os cursos eram na maioria homens; me vi em eventos que estavam apenas eu e mais duas mulheres, no meio de quinze, vinte homens. Como era previsível, ao entrar em grupos thelêmicos nas redes sociais, em especial na Astrum Argentum Brasil, me deparei com o mesmo problema: mais de 80% dos membros são homens. 7

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Dados retirados do grupo Astrum Argentum Brasil no Facebook em 13/12/2018. Mas por quê? Logo a A.’.A.’. que é feminina, que enaltece a busca pela contraparte criadora feminina na figura de Babalon, à espera do adepto no lado oposto ao abismo rumo a Cidade das Pirâmides… A partir desse questionamento resolvi fazer uma pesquisa para entender um pouco o motivo. A coleta de dados foi feita através de um questionário, com quatro perguntas, respondidas por quinze mulheres, todas aspirantes a Thelema, pertencendo a A.’.A.’. ou familiarizadas à Santa Ordem. O objetivo do questionário foi conhecer o perfil da Mulher Thelemita, assim como analisar o ponto de vista de cada uma sobre a sua importância no meio thelêmico, e possíveis razões pelas quais há carência de mulheres no sistema. Foram utilizadas as respostas mais significativas no conteúdo desse texto. Durante o processo de coleta de informações, me deparei com um público feminino com diferentes perfis. A maioria das contatadas se mostraram bem receptivas e solícitas em responder as perguntas. Algumas se interessaram plenamente pelo assunto, a ponto de agradeceram por estarem colaborando para a exposição de um tema tão relevante. Em contrapartida, outras não deram muita significância à pesquisa, nem querendo participar. Quanto ao questionário aplicado, primeiramente foi perguntado sobre o que as fez escolher por Thelema e/ou a Santa Ordem. Ambas responderam que além da identificação pela filosofia de Thelema, a convivência e o relacionamento com thelemitas influenciaram no desejo de aprofundar nos estudos ou até mesmo a pertencer a uma Ordem Thelêmica. “...não me senti escolhendo, me senti indo e quando vi já tava lá, já fazia parte... O que mais me atraiu foi o pensamento cientifico experimental por trás.

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Não me sentia uma esotérica louca ali - sempre me atrai por assuntos de ocultismo mas demorei a cair no certo, nunca me senti a vontade com Wicca e etc... não teria ninguém me ditando regras e havia uma atração pela força de querer buscar a si e viver genuinamente.”* “...Eu não entendi de primeira que estava escolhendo Thelema. Me envolvi no Calen pelo tema magia e aos poucos fui me entendendo como uma estudante de Thelema e não somente de magia. O que mais me atraiu foi a busca pela verdadeira vontade e a necessidade sincera de se dedicar a esse caminho.”* As entrevistadas que pertencem a A.’.A.’. revelaram que um dos motivos da escolha foi o fato da Santa Ordem não ter um espaço físico, fazendo com que o compromisso seja exclusivamente do aspirante consigo mesmo. “...eu frequentava diariamente o IRC e tinham muitos canais de Ocultismo, Wicca, Satanismo, Thelema, etc. e nas conversas diárias com os amigos que fiz lá, fui me aprofundando e tendo mais interesse em Thelema, em Crowley... achei Thelema um sistema completo. Crowley uniu varias coisas em uma e funciona bem. Aceitei a lei de Thelema, o líber AL e o líber OZ, e a partir dali dei segmento em Thelema e em sua filosofia, mais pra frente um pouco, em 2002 tive interesse na A.A tanto pela organização de estudos que a A.A propõe, também pelas praticas individuais. Eu particularmente não gosto de prática coletiva como é feita na O.T.O., portanto a A.’.A.’. caiu como uma luva nesse quesito.”* “Antes de escolher a A.’.A.’. eu já me considerava thelemita, porém sentia uma necessidade de participar de alguma ordem... Pesquisava sobre outras ordens na época, depois percebi que não sou o tipo de pessoa que gosta de conviver em clubes, então eu decidi escolher a A.’.A.’... Eu gosto da A.’.A.’., por ter um compromisso consigo mesmo, você não está enganando ninguém e se enganar estará trapaceando consigo mesmo.”* Sobre grupos thelêmicos em redes sociais, a maioria das entrevistadas disse serem participativas, porém preferindo interagir quando se sentirem a vontade. Algumas participantes disseram acompanhar apenas as postagens, outras perderam a paciência com discussões em grupos do Facebook. E ainda teve uma irmã que disse não participar: “Não, pois não me considero thelemita. Sou apenas uma pessoa que estuda Thelema. Não conheci quem realmente seguisse a Thelema, vejo apenas thelemitas que vivem um extremo caos mental, onde todos pensam ser dono da real solução. Engolidos pelo próprio ego, se acham herdeiros de uma doutrina que nem eles mesmo seguem. Apenas status, apenas o sentido de escrever 9

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longos textos de palavras bonitas que nem mesmo eles entendem, apenas o ego de ser parte de um grupo fechado, uma tribo, onde um aplaude o outro (enxergando apenas seu próprio ego).”* Seguindo no contexto, foi questionado às participantes, se elas já tinham encontrado alguma resistência, por parte do público masculino, quanto a expor opiniões em grupos thelêmicos, tanto em redes sociais, quanto presenciais. Como resposta, foi dito que em grupos presenciais, encontrar resistência ao interagir é mais difícil. No geral há respeito, receptividade, e o tratamento entre homens e mulheres é o mesmo, porém não deixaram de sinalizar que há grupos e grupos. Já nas redes sociais, a situação muda de figura. Poucas disseram encontrar resistência ao se exporem, mas todas já foram interpeladas em algum momento, com críticas nem sempre construtivas. As maiores reclamações foram a respeito de serem recebidas com respostas machistas, em tons de ironia e subestimando conhecimento. Atitudes, as quais testam a paciência e desmotivada a terem maiores participações nos grupos de conversa. É de fácil compreensão que por detrás de uma tela, crianças viram leões (deixemos claro que isso acontece com ambos os sexos). “Já estive em algumas tretas grandes em grupos e canais de Youtube pela camiseta Not Your Babalon, com ameaça mágica e vídeos contra eu e Raquel. Além de discussões machistas públicas que inclusive repercutiu entre nosso grupo pessoalmente. Diminui bastante minha interação após isso.”** “...Não sei como a minha opinião é recebida, já recebi muitas criticas e elogios ao mesmo tempo, coisa que também faço para as outras pessoas algumas vezes, então acho justo as pessoas não concordarem ou concordarem com o que eu falo...”* “Se grupos forem entendidos somente os de redes sociais, sim. Acho que esses ambientes online são bem hostis com mulheres. Já puxei algumas discussões dentro da comunidade do Thelema BR e a resposta é sempre bem complicada. Fui chamada de Thelemita Herege, já foi xingada, já fui questionada… mas enfim… apesar de ver essa hostilidade, não me sinto afetada porque nas comunidades “offline”, nas comunidades presenciais, encontrei bastante respeito e apoio.”* “Não encontrei resistência. Mas já fui refutada e nesse caso, foi por alguém que contribuiu para meu aprendizado. Se todas as conversas fossem assim... Na maioria das vezes que observo o grupo, vejo pessoas se chamando de thelemitas

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(não me considero thelemita, ainda tá cedo pra qualquer definição) discutindo bobagens sobre uma outra bobagem.”* “Resistência em si comigo não, mas já vi com outras pessoas, mas o grande problema em grupos de redes sociais é as vezes (ou muitas vezes) as pessoas não respeitarem a opinião dos outros, tem que ver que todo homem e toda mulher é uma estrela e vive em sua órbita particular, então cada um tem um jeito de pensar, de fazer as coisas... A gente tem que ver se quem oferece “resistência” são os thelemitas de verdade mesmo, estudiosos e praticantes que levam para sua vida a filosofia de Thelema e o entendimento do que é Thelema, ou se são os fanfarrões, esses são maioria nos grupos.”* “Eu não vejo porque simplesmente não participo, mas não me parece nada confortável entrar lá e debater as coisas... tudo é motivo de piada e deboche.” Para fechar a entrevista, foi feita a pergunta que não podia faltar: “A maioria dos Aspirantes a Thelema são homens, você já parou para refletir sobre isso? Alguma sugestão?” “Acho que o machismo estrutural da nossa sociedade junto com o fundamentalismo religioso cada vez maior ajuda nisso. Mulheres já mal falam de sexo, não são incentivadas a se descobrir e a desenvolver seu poder, sequer a ter opinião. Além de todo o estigma da bruxa e de se querer estudar magia. O ambiente se torna facilmente hostil e fácil de se aproveitar das mulheres.”* A entrevistada complementou que sempre foi muito bem recebida no grupo ao qual faz parte e pelas pessoas que conheceu em eventos. “Uma vez eu estava conversando com uma garota e ela disse: “Você é tão legal, não entendo o motivo de você ser thelemita.”. Eu acho mais interessante pensar nas mulheres do que no excesso de homens no meio. Por que uma mulher se interessaria por Thelema? Na época que fazia algumas postagens sobre feminismo libertário em um grupo de Thelema no Facebook recebi uma mensagem no privado de um artigo falando que Crowley era misógino. A única coisa que eu conseguia pensar é: “Crowley está morto.” Acredito que temos que estar preparados para o agora, temos mulheres incríveis que fizeram parte da história de Thelema, não me considero “Crowleyista”(alguém que segue o que Crowley com unhas e dentes), mas reconheço que ele teve muitos erros e que talvez ele tenha reconhecido com o passar dos anos, ou não. Isso realmente não me importa. Talvez o nosso papel seja divulgar novamente sobre essas mulheres e fazer a nossa parte. Acho que ser mulher thelemita é um papel relevante principalmente quando se tem uma percepção distorcida sobre magia sexual

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pelos homens. Como mulher que parece ter um papel secundário na magia, hoje é considerada a protagonista da história.”* “Acho que é um problema sistêmico. Nossa sociedade é machista, a A.’.A.’. é machista. Entende? Não acho que seja algo específico sobre a A.’.A.’. e sim sobre homens. Acho que na A.’.A.’. isso é refletido também por ter sido estruturada por homens. Mas acredito que estamos em um momento de revisão dessa estrutura e vejo o surgimento de muitas irmãs interessadas nessa quebra e nessa construção. Não acredito que haja uma sugestão e sim uma agência. Acredito que o trabalho das pessoas interessadas e os encontros de vontades vão poder modificar alguma coisa nisso.”* “No meu ponto de vista, para a Santíssima Fraternidade é questão de chamado e oportunidade de acesso. Creio que esses números tendem a se equalizar como acontece em universidades. Para os grupos, o que dificulta é a forma de comunicação, uma vez que as mulheres são outra polaridade. Enquanto os homens usam mais o elemento ar, eles são muito mais intelectuais (isso não significa que saibam algo realmente, ficam discutindo apenas conceitos que muitas vezes não compreenderam em sua essência); as mulheres são mais sensitivas, mais tácteis...”* “Acredito que os homens saibam lidar melhor com a liberdade do que as mulheres... Os homens tem mais interesse pelo desconhecido, possuindo em sua maioria, uma força de vontade mais firme e não se deixam levar por ilusões estúpidas. Para a mulher falta coragem de entrar em um caminho mais desconhecido... Acho que a mulher tem que ter a curiosidade e a ousadia dos homens para encarar o lado desconhecido da vida.”* “... além do machismo do dia a dia, me parece que os homens não levam as experiências femininas a sério... Talvez menos mulheres sejam adeptas por não se sentirem lá muito seguras num ambiente tão masculino.”* “...o interesse ou falta de interesse, tem mulheres que preferem ir para outras vertentes do ocultismo, ou tem mulheres que preferem ficar em grupos só de mulheres, ou acham outra vertente mais interessante... Em grupos de redes sociais não da pra tirar uma base de machismo dentro de Thelema, porque muitos não são thelemitas, estão lá de curiosidade, ou porque acharam bacana algo dentro de Thelema... tem gente que só entra pra causar etc., ... casos de machismo com as mulheres, ou até mesmo casos de preconceito contra, gays, transexuais etc., as vezes vem dessas pessoas que eu citei que não são thelemitas... Um local bom para efetuar pesquisas sobre a existência do machismo em Thelema são em Ordens que fazem trabalhos coletivos, porque como tem mulheres e homens juntos com encontros

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presenciais, e praticas ritualísticas, as mulheres poderiam dizer com exatidão se já sofreram casos de machismo ou resistência ou coisa parecida.”* O resultado da pesquisa não me surpreendeu, assim como acredito que também não irá surpreendê-los. Ser mulher, desde que o mundo é mundo (talvez no Eon de Ísis fosse um pouco diferente) nunca foi fácil. Já vem de nossas ancestrais sermos criadas para permanecermos na sombra do homem, e isso infelizmente já se tornou parte do nosso DNA. Por milagre, diversas Super Mulheres foram nascendo com esse DNA modificado e semeando através dos séculos uma nova consciência do Valor Feminino, que aos poucos vem sendo cultivada, ganhando mais força e sendo colhida nessas ultimas gerações. No início do século XX, Thelema surgia como uma das filosofias que reconhecia o Poder Feminino como indispensável ferramenta de trabalho, onde o Sagrado Feminino se tornava uma das principais buscas do Aspirante a Thelema durante todo o seu processo iniciático. Lamentavelmente, existe por parte de muitos a má compreensão da busca por esse Sagrado, convertendo-o na procura por uma entidade e não por uma essência, o que acaba por influenciar um olhar equivocado no papel do feminino dentro da filosofia. Temas como Magia Sexual, por exemplo, muitas vezes tratados de maneira errônea no meio thelêmico, estão se tornando banalizados por aqueles que se julgam thelemitas sem serem. É importante destacar, que falar em sexo no universo feminino ainda gera desconforto para muitas mulheres em pleno século XXI. Assim, como o machismo, a banalização e a falta de esclarecimento de assuntos ditos polêmicos, contribuem e muito para afugentar o público feminino. Em contrapartida, quando bem disseminada, a filosofia de Thelema trás a nós mulheres a liberdade de podermos ser plenas conosco mesmas, sem amarras, sem aceitar qualquer tipo de subestimação, de aceitar nossa sexualidade nos tornando donas dela. Thelema nos ensina a soltar os grilhões dessa cultura machista incrustada no nosso DNA. Contudo, Thelema é Feminina, a A.’.A.’. é Feminina e nós Mulheres iremos, mesmo que de pouco a pouco, conquistar os nossos devidos papéis em Thelema (e no mundo), com respeito, reconhecimento e igualdade. Espertos são aqueles que conseguem enxergar o valor inestimável que nós temos dentro desta filosofia. Às Irmãs da A.’.A.’. União; Às Irmãs Aspirantes à Thelema, Força; E às demais, Um Convite! 13

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Meus sinceros agradecimentos às Sorores e às Estudantes de Thelema, todas, mulheres guerreiras, que contribuíram para que esse texto nascesse. Amor é a Lei, Amor sob Vontade 93,93/ 93 Soror Nun Ishtar [email protected] *Os nomes de todas as entrevistadas foram ocultados, salvo as que autorizaram a mostrar a identidade. **Foi pedido autorização para expor dados que expusessem sua identidade.

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O instrutor não é Mestre 3. Ninguém pode comunicar o conhecimento ou o poder para alcançar isso, que podemos chamar de Grande Obra, mas é possível que iniciados guiem os outros. 4. Todo homem deve superar seus próprios obstáculos, expor suas próprias ilusões. Outros, porém, podem ajudá-lo a fazer essas duas coisas, e podem capacitá-lo a evitar muitos dos falsos caminhos, que não levam a lugar nenhum, que tentam os pés cansados do peregrino não iniciado. Eles podem ainda assegurar que ele seja devidamente provado e testado, pois há muitos que se consideram Mestres que nem sequer começaram a trilhar o Caminho de Serviço que conduz até lá. Liber LXI

Deixo acima a citação inequívoca do Liber 61, matéria obrigatória para os aspirantes à Thelema, e sobretudo à Santa Ordem da A∴A∴ onde parto da seguinte premissa saudável do papel do instrutor em relação ao instruído. Assim: Instrutor não é Mestre! Não será o Don Juan de Castanheda, nem o senhor Miyagui, Mestre Yoda, Mestre dos Magos ou Mestre Splinter... embora a relação melhor descrita entre instruído e instrutor seja entre Chaves e professor Girafales, tampouco é o esperado nesses casos. O assunto parece nunca perder a voga, vemos sempre uma legião de estudantes que por “N” motivos se desligou de sua instrução, sendo alguns desses motivos muitos sérios e plausíveis, outros de ordem puramente pessoal, estes últimos via de regra repetem o mantra que a A.’.A.”. falhou em seu método, só produz ególatras, e um disco arranhado de uma ladainha onde a única equação possível é que o mundo está errado e só o ego está certo de suas certezas, até aí nada de novo sob o Sol. É muito comum, os estudantes anseiam e tem em seu instrutor uma imagem professoral, de alguém que de fato vai lhe fornecer importantíssimas informações e lhes ensinar como realizar a Grande Obra, sim de fato isso ocorre e muito, porém a Santa Ordem não é esse lugar, nem essa ordem, ela é uma ordem de treinamento e toda e qualquer instrução ou dicas, são voltadas para o treinamento prático, tudo nessa relação é um treinamento para ambos, não se enganem os instrutores treinam e muito com seus instruídos, alguns ainda acham que instrutores mais velhos com aquele ar “professoral” tendem a ser mais sábios e com certeza exporão melhor seus conhecimentos etc...posso afirmar categoricamente que não farão nada diferente obviamente de dar o seu melhor ao instruído, porém, sem ânsia de resultado e livre de outro propósito do que sua Grande Obra, ele em momento algum pensa em pegar seu estudante pela mão, ou dar uma super dica sobre a visão e conversação com o Sagrado Anjo Guardião, ele pode ser a testemunha disso, assim o instrutor instrui, fala do 16

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treino e se afasta, o afastar faz parte do treino, o abandono não. Ele pode propor trabalhos extras isso faz parte do treino, o confronto faz parte do treino, o bullying não, o assédio nunca, a violência jamais. Crowley se referia ao trabalho do instrutor como “O parceiro de treino (sparring) do seu instruído.” Muitas vezes isso vai de encontro a nossas capacidades e nossas angústias, assim, somos contra todo e qualquer sectarismo, ou legalidade ou até mesmo arroubos de legitimidade, o trabalho é interno e os meios pelo qual todos trabalham está bastante delineado, mas não há receitas ou mapas e muito menos os pulos de gato, todo o trabalho começa de fato no ego, e como costumo brincar nosso ego é o maior carnavalesco de todos, ele adora máscaras e fantasias, então como ele é capaz de se fantasiar de muitas coisas não se assuste quando ele vestir a fantasia de SAG, com certeza seria destaque na escola de samba Mangueira. Passearemos por algo mais palpável entre a carência e a vaidade. Mas tanto de um quanto do outro (instruído e instrutor), as relações humanas são tão fascinantes que como observador vemos atraírem se pólos distintos e bem afins, então obviamente o estudante carente de um instrutor intransigente na visão deste mesmo estudante, pode ser o espelho do que seu instrutor foi enquanto estudante. Já a vaidade é o que torna tudo um pouco mais turvo, visto que no fundo é uma insegurança na sua colocação no mundo e na sociedade como um todo. Falta um pouco de espaço para o Riso, Thelemita que não ri de seus fracassos e se auto pune em chibatas mentais, ainda não passou do velho aeon para o Novo. Há uma dicotomia muito grande aos que adentram a Santa Ordem A.’.A.’. carregados de vícios das fraternidades externas bem estabelecidas, vícios de hierarquia e afins, onde em nosso trabalho nada tem a acrescentar, porém a dicotomia está no sujeito querer realizar-se da porta pra dentro, quando a felicidade e a realização são reflexo de algo interior e perene, todo o resto é ilusão, é simples: estado de consciência é refletido no estado de vida. O resto é prosa flácida para o acalanto bovino, simples, mas será que é fácil? Não, o caminho não é fácil, nem é simples, não é só subir na árvore de Assiah (do mundo manifestado), como se fosse um pé de goiabeira, pois se assim fosse as dificuldades seriam só físicas e o SAG seria uma pessoa, real, física, sabia e que fosse te guiar dali pra frente entende...creio que não faz muito sentido essa visão com o Faz o que tu queres né? É sempre basilar, e importante, lembrar que aqueles que estão no caminho da reflexão a tendência da facilidade está na praticidade de reconhecer e apontar falhas nos outros que nós mesmos temos, é a vibração de simpatia e antipatia, mas claro que não estou generalizando, nem botando gato em balaio de pássaros, mas a percepção de qualquer estudante sempre será seletiva ou eletiva – conta a lenda que os Astecas demoram três dias para notar a presença das caravelas espanholas nas praias na região de Tabasco onde eles aportaram, então no fundo tudo é uma questão de percepção.

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Então numa instrução da Santa Ordem não existem Mestres, o instrutor não é mestre, ele não busca o mestrado, todos devem chegar a Maestria. “pode um Deus viver como um cão?” ( Is a God to live in a dog? AL II:19) sendo mais sincero “Pode um Deus viver em um não deus? Em seu Pequenos Ensaios em Direção à Verdade temos na seção Maestria “O Aeon de Hórus chegou; e sua primeira flor pode bem ser esta: que, livres da obsessão do fim do Ego na Morte, e da limitação da Mente pela Razão, os melhores homens uma vez mais ingressarão de olhos abertos no Caminho dos Sábios, o trilho montanhês do bode, que leva às Encostas virgens, e daí aos píncaros gelados rebrilhantes da cordilheira da M A E S T R I A !” e seguindo no verso seguinte do Liber Al temos o verso arrebatador verdadeiro mantra curativo das enfermidades do ego “Beleza e vigor, riso exaltado e delicioso langor, força e fogo, são de nós”

Assim a consciência da percepção de si e o do mundo caminha sempre em primeiro lugar, não há receitas de bolo em Thelema ( a não ser do bolo de luz), pois toda instrução ou treinamento é particularmente único, cada caso é relativo a cada estrela e até chegar ao Verdadeiro Instrutor interno, é necessário uma testemunha, e alguém que lhe dará aquela dica preciosa, que não está no (bom)livro do Eshelman, nem (na viagem) do Marek, nem de ninguém – sabe por quê? Vocês conhecem algum faixa preta de qualquer arte marcial que tenha aprendido por livros? Kung fu? Karatê? Capoeira, conhecem algum bailarino, pintor, músico que só tenha lido os livros sozinho e produziu a Maestria por si mesmo? Pois é, não é? – Difícil.

“Quando o discípulo está pronto, o mestre desaparece” Euclydes Lacerda de Almeida “Meus adeptos se mantêm em pé, sua cabeça acima dos céus, seus pés abaixo dos infernos” Liber Tzaddi A Santa Ordem não é tábua da salvação de coisa alguma, e a melancolia moribunda de outras práticas são varridas ao limbo do passado pelo confiante sorriso da Criança imortal. Tenham certeza e não fé disso. Não tem colinho, passar a mão na cabeça, nem chibata ou palmatória, não há graça e não há pecado. Um último pensamento na questão, a que envolve assédio e bullying entre instrutor e instruído, expresso aqui meu total repúdio a essa prática no mínimo patética e que pode vir a acontecer e estendo minhas mãos e ouvidos e toda(o)s que por ventura passaram ou passarem por isso e minha ajuda onde for necessário, isso não é normal, isso não é Thelema de forma alguma, todas as estrelas são únicas, e as órbitas por natureza não se chocam.

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Então se o instrutor não é Mestre – quem é o instrutor? Força e fogo, são de nós! H418 [email protected]

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THELEMAGICK: Lidando Com A Procrastinação Nas Práticas Você tem sentido dificuldades de praticar Magick, mesmo tendo uma vontade interna que considera grande o suficiente? Se sente mal por não estar praticando algo que lhe inspira? Além disso, não tem problemas mentais, distúrbios psiquiátricos, déficit de atenção, ansiedade severa, depressão? Então talvez você seja vítima da procrastinação - o ato de deixar para amanhã o que poderia ou deveria ser feito hoje. Obviamente você pode estar no grupo de pessoas que realmente não tem interesse sincero nenhum em Magick e seus resultados - pode passar para o próximo artigo, nesse caso. Mas se sua intenção é sincera, talvez o artigo ajude de forma prática e aplicada, feita com base em pesquisas acadêmicas sobre produtividade e procrastinação, com a intenção de melhorar a experiência prática dos amantes da Arte. Quando você descobriu que escovar os dentes é importante? E quando vai descobrir que sua prática também é? Pense num dia em que ela não foi feita, ou foi malfeita. Responda antes de continuar a leitura: 1. O que você não gosta na sua prática? Ela é cansativa? Difícil? 2. Você tem pouco tempo? Muito tempo livre? Ou tem o suficiente e ele é mal organizado? 3. Você faz bem-feita a sua prática? Se sente capacitado nela? Tem medo de errar? 4. Como se sente quando erra a prática ou quando ela não dá certo? Como lida com a frustração? 5. Recorda-se de algum momento em que foi difícil iniciar uma prática? Como se sentia? 6. Você desiste facilmente de suas práticas? Sente alguma emoção negativa com isso? A coisa mais importante agora é saber a qual prática você quer se dedicar. Ela pode ser parte do currículo de uma ordem como a Santa Fraternidade A.’.A.’., um desejo pessoal de exploração ou mesmo uma curiosidade. Independente de qual seja a sua prática e a sua motivação, se será asana e pranayama ou anotações no diário, ela está sujeita à procrastinação. E a primeira arma contra a frustração de não realizar uma tarefa é entendê-la bem e saber sua real motivação para depois entender quais são os obstáculos possíveis, mitigá-los e caminhar feliz na Senda Magicka. Você está fazendo esta prática porque quer que seu instrutor fique orgulhoso, para postar no grupo de facebook A.’.A.’. Brasil ou por real Aspiração? É por algum motivo mensurável/comunicável? Algum motivo de saúde? Juramento da Santa Ordem? Escreva todos os seus insights sobre suas motivações. Seja convincente.

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Se você tiver dificuldades de pensar numa motivação, facilmente encontrará excelentes motivos para praticar Asana (reduz o risco de injúrias físicas, reduz o estresse, melhora a concentração, ganho de força, melhora o equilíbrio físico, melhora a postura, a consciência corporal, te prepara para viagem astral, etc.), Pranayama (menos estresse, melhora a digestão, fortalece os pulmões, melhora o sistema linfático, reduz a depressão) ou escrever no seu diário (comunicação clara, expansão e manutenção de vocabulário e conexões neurais, memória onírica, contemplação, criatividade, foco, poder de decisão, superação mais rápida de traumas, etc.), nem que seja um pouco por dia. Pois bem: escreva agora a maior quantidade possível de razões que você tem para praticar (se precisar, pare a leitura e procure motivos na internet, em livros, com amigos); saber claramente o porquê das coisas ajudará a vencer a procrastinação e a frustração, pode confiar. A procrastinação pode ter vários motivos como o medo de falhar, a aversão às tarefas, conformismo, tédio e desconhecimento da prática (sim, já pensou se você não a quer?), falta de tempo, ansiedade, falta de habilidade, entre outros fatores. Na maioria das vezes a procrastinação teve como motivação o medo de falhar, o que nos dá muitas ideias sobre a personalidade dos procrastinadores: muitos deles creem não ser capazes de realizar um bom trabalho ou tem expectativas muito altas com relação aos resultados, e creem-se incapazes de alcançar essas expectativas - em suma, baixa autoestima. Na tentativa de evitar qualquer ferida na estima, o procrastinador dentro de nós se protege como? Evitando a tarefa, e assim reprimindo a falha. Algumas pesquisas mostram que achar “desculpas” para tudo é um hábito do procrastinador e funciona como uma defesa de seu bem-estar: ele crê-se incapaz, reconhece sua incapacidade como verdadeira, e por isso nem tenta realizar o ato, tendo por final uma sensação falsa de que escolheu a “não-prática”. Definição e compreensão claras são essenciais para começar essa guerra. Definida a prática em si e a sua motivação, o próximo passo é compreendêla a ponto de descrevê-la com o máximo de clareza. A asana é qualquer posição? Qual quero praticar? Quais os benefícios de cada uma? Escrever diariamente, mas o que? Minhas emoções, sentimentos, pensamentos, ou os acontecimentos? Tudo isso pode ser respondido com base nos objetivos finais. Com asana você pode buscar o padrão de quinze minutos ou uma hora de prática, então seu objetivo é ficar na posição por esse tempo; você pode querer diminuir o número de interrupções mentais; com o diário, você pode querer relatar sonhos ou anotar pensamentos; com pranayama, manter ciclos muito longos de respiração. Seja qual for a prática, ela pode ser avaliada de forma quantitativa e qualitativa. A maioria das pessoas quer apenas acabar com a procrastinação e não sabe sequer suas causas. Além das causas anteriores, dois fatores essenciais na compreensão da procrastinação é a compulsão e o atarefamento.

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A compulsão é um fator estudado recentemente no processo de procrastinação, e se refere à espera de que surja um grande tempo livre para a prática de algo e exagerar na prática desse algo na primeira oportunidade, tentando compensar o tempo perdido. Um exemplo de compulsão procrastinatória é o escritor que escreve somente se tiver cinco horas disponíveis: ele raramente as tem, mas quando as têm, gasta toda sua energia numa única tacada, se cansando ao final e passando por longo período improdutivo novamente. O atarefamento é a desculpa que damos a nós mesmos quando deixamos de fazer o importante - o que queremos - e nos enchemos de tarefas menores, apenas para perder tempo e nos ocupar - outro sintoma da baixa autoestima e do medo de fracasso. Um indivíduo que se sente pressionado pela não realização de uma tarefa se descreve como ocupado. Ele pratica sábado, acha ocupações menores durante toda a semana, e prática novamente somente no outro domingo, tendo a impressão de que a causa de sua falta de prática são… as outras tarefas menores e não sua! Um procrastinador não gosta de ter uma tarefa importante à frente: tarefas grandiosas são origem de ansiedade para ele. E como quebrar a ansiedade, visto que a maioria dos praticantes de Magick dão essa excessiva importância às práticas, até mais que seus trabalhos e família? Tornando-a uma prioridade baixa, digo novamente. Em vez de convencê-los nessa cadeira confortável que escrever no diário é gostoso, é melhor apresentar a escrita no diário como ela realmente é: um relato do que se passa na mente, e muitas vezes escrever será sim tedioso. A importância do diário é muito grande, porém essa importância é o que faz muitas pessoas fracassarem na escrita: elas lhe dão tanta importância que muitas vezes passam 1, 2 horas escrevendo (ou pior: copiando trechos de Eliphas Levi e Papus rsrs) - e se cansando de tédio, muitas vezes. Em vez disso, escrever pouco inicialmente, o mínimo possível, de forma que a escrita não seja dolorosa, é uma boa solução. E isso vale para outras práticas também. Em vez de esperar executar um RMH pomposo e todo concentrado, porque não apenas seguir o script da primeira vez, e se atentar à execução mecânica? Ou fazer apenas a invocação inicial? Outro item muito subestimado é o compartilhamento de informações. Muitas pesquisas por aí mostram que a presença do orientador, esporadicamente verificando o progresso da produção de teses e dissertações, aumenta a produtividade de alunos procrastinadores. Muito da compulsão - não fazer nada por muito tempo e querer salvar o mundo depois em duas horas, como falei ocorre no isolamento dos praticantes; sem um compartilhamento saudável, esporádico de progresso, as pessoas tendem mais a procrastinar. Há, no começo, como em todo tipo de performance, uma relutância em aceitar que algo feito em doses homeopáticas surta efeito - assim como a maioria tem resistência a modelos de gerenciamento de tempo. A maioria acha que uma asana de 10 minutos é muito mais proveitosa do que uma de 10 segundos. Que 1000 linhas

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de diário são melhores que 10. No entanto a constância se mostra mais importante que a quantidade, como ocorre nas artes e na música, por exemplo. Essa técnica de monitoria por um orientador/amigo associada a períodos curtos de produção (mas concisos e constantes) foi comprovada com sucesso em pesquisas com estudantes de mestrado e doutorado. Ter uma visão macro da prática, como seu objetivo “supremo” (por exemplo, o controle físico e mental com Asana) é muito útil para manter a motivação acesa. Essa motivação macro, multifatorial, mantém a vontade de praticar muito mais do que apenas se oferecer recompensas para cada passo dado. Esse grande objetivo, motivador, deve ser dividido em pequenas metas, tão pequenas que correspondam ao mínimo necessário para fazer o hábito evoluir: se a meta da minha asana é 15 minutos, que eu aumente diariamente apenas alguns segundos. Se a meta é escrever no meu diário, o mínimo que eu posso fazer é escrever uma ou duas palavras. E aumentar a meta paulatinamente: 5 segundos por dia; 1 palavra a mais por dia; um verso a mais, no caso de memorização de Libri sagrados. Escreva, na sua folha, qual a quantidade mínima que você pode aumentar na sua prática para que ela seja muito fácil. Se é o Ritual Maior do Hexagrama, dívida ele em pequenas partes e vá acrescentando diariamente. Em paralelo à transformação da prática em hábito, é importante aparar as arestas e tornar os hábitos simplórios em mais automáticos ainda. Se você não liga para roupas, gaste menos tempo escolhendo que roupa usar. Se você não liga para comida, que coma a mesma todos os dias e gaste menos energia com isso. Quando os hábitos do dia-a-dia estão fixados, podemos passar à etapa de criação de cadeias, onde associamos nossa prática mágicka aos nossos hábitos diários. O que você faz diariamente? Toma café? Toma banho cedo? Acorda né?! Come? Bebe água? Como sua prática mágicka, que você tem tanta dificuldade de fazer constantemente, pode se associar a esses hábitos? Em vez de mijar no mictório no trabalho, que tal ir à cabine no banheiro e adorar Ahathoor ao meiodia, antes de sair pro almoço? Não adianta fantasiar demais e achar que só vai poder praticar as adorações solares quando estiver no recanto do seu doce lar e depois dizer “ah, eu estava no trabalho”! Não espere que a força de vontade seja igual se você pratica uma jogada de Tarot no dia ou se você prática 10 rituais e 50 adorações no dia seguinte. A força de vontade é como o bíceps que você treina ali na academia da esquina (e se não o faz, deveria, porque o corpo adora um exercício!): se você o usa demais, maiores as chances de se cansar. Se você quer criar músculos tendo o mínimo de esforço, o ideal é treinar pouco, num local que faça parte de sua rotina, em doses paulatinas. O mesmo para a prática: comece com uma quantidade pequena que não precise de tanta motivação; que seja impossível de se negar. Se quer fazer 50 flexões por dia, comece com uma única ou cinco. E nem preciso comentar da

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importância de ter um canto ou vários de prática: ninguém merece se preocupar em organizar um cômodo inteiro diariamente antes das práticas! Deixe tudo no esquema. É importante lembrar que transformar as práticas em hábito não é colocálas totalmente no automático, mas sim gastar menos energia com a repetição e usar a motivação para focar no processo de execução e performance. É como o músico que, memorizando uma peça, esquece a partitura e pode focar mais em seus movimentos e na dinâmica da música. O hábito da prática mágicka, mesmo depois de formado, deve permanecer fácil. Esse é o objetivo da progressão gradual. Parece bobagem, mas imagina que você diminua 1% de qualidade por dia. 0,99 x 0,99 = 0,9801. Enquanto 1,01x1,01 = 1,02. Manter a qualidade ou melhorar; regredir é cair, como disse Eliphas Levi. A prática começa a se tornar mais ou menos automática em uns 20 ou 30 dias, como qualquer hábito. Se precisar, use lembretes no começo. Eu costumava utilizar notificações no celular para me lembrar das práticas de Asana, Resh, escrita no diário; com o tempo, a prática vira hábito e você nem mais precisará de notificações. Se sua prática precisa de um ambiente específico ou objetos, deixe-os à mão, para que não perca tempo se organizando todos os dias. Facilite sua vida e deixe o diário à disposição. Seja consistente, isso ajudará a gastar menos energias na prática. Se cada dia você variar demais o local, a anotação, a prática, o que terá é cansaço e uma mente fatigada. Pare de gastar energia com o que não importa e foca na prática. Utilize os gatilhos a seu favor, como disse anteriormente. Se você acorda sistematicamente às 7:00 da manhã e toma café, associe a isso uma prática que queira fazer. Se você chega do trabalho e vai direto ao banho, emende em seguida um ritual que quer praticar. Quando eu tinha dificuldades de escrever no diário, deixava-o aberto ao lado da cama, no quarto, com uma caneta ao lado. Era chegar, praticar e logo escrever. Imagine se meu diário estivesse no computador do trabalho, no escritório: teria que anotar numa folha ou celular, esperar o dia seguinte e transcrever. Deu preguiça só de pensar no trabalho que seria. Associei por um tempo a prática de Asana à prática de esportes, conforme instrução de meu Instrutor: exercício intenso habitual, seguido de Asana; até que se tornaram praticamente uma prática conjunta. Não basta só querer melhorar e se aproximar cada vez mais de seu objetivo, parte do trabalho é eliminar o que te impede de chegar lá. Pare agora e escreva o que te impede de chegar no seu objetivo. O diário é fundamental nesse processo todo. Além de ele ser um relato do seu progresso, ele serve para você anotar coisas relevantes e liberar espaço mental para outras coisas: é como a listinha de tarefas do trabalho; está tudo lá e você não precisa se aborrecer esquecendo seus compromissos e o histórico das

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coisas. E quando estiver com a prática sendo uma parte de sua rotina, você pode variá-la e mudar parâmetros para novas explorações, tornando-se a experimentação mais interessante e diversificada. Quando estiver a fim, escreva muito. Quando estiver mais ou menos, escreva o necessário. Se inspirado, desenhe. Se menos inspirado, talvez apenas um rascunho. Mas escreva. Não esqueça da alegria: busque contentar-se com o pouco que consegue realizar a cada dia. Lembre-se que seu objetivo não é mais 1 hora de Asana e sim 2 minutos apenas, aqui e agora. Se você não pôde fazer aquela adoração de liber Resh em plena meia noite porque seu cônjuge estava dormindo, leia em voz baixa, e fique feliz em cumprir. Você pode celebrar suas pequenas conquistas dando-se, por exemplo, um belo jantar ou aquela cerveja especial, no final do mês. Compartilhe também suas dificuldades! Somente sabendo quais são os nossos pontos fracos e compartilhando nossas mazelas é que conseguiremos, unidos, melhorar a consciência de nossas experiências rumo à Grande Obra, nos tornando os homens e mulheres aptos ao beijo do nosso Sagrado Anjo Guardião. Referências BOICE, R. Professors as writers: a self-help guide to productive writing. Stillwater, New Forum Press (1989). BOICE, R. Procrastination, busyness and bingeing. California State University, Long Beach (1989). SCHOUWENBURG, H. Procrastinators and fear of failure: an exploration of reasons for procrastination. European Journal of Personality, Vol. 6,225-236 (1992). KOSTRITSKAYA, S.; SHVETS, E. Attaining ‘excellent learner’ habits in the esp course. National Mining University, Dnepropetrovsk (1998). Frater Amaranthus

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Nuit

Créditos: https://www.instagram.com/liantony_lopes/

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Kokab (2018) Se chove esquenta Se nubla esfria Ta frio e ta quente Não se apoquente Tudo mudará Esplendorosamente. Nessa estável ignorância Te excita ou repulsa Te pulsa ou paralisa Não se ruboriza A natureza é amoral Inútil ou Prático. Dinâmico ou extático É Tahuti, e, é Leghba Tudo junto e misturado Com Mercvrio amalgamado. H418

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A Busca pela Ordem Mística Perfeita, e o Paradoxo de Fermi Faz o que tu queres vai ser o todo da Lei.

Durante nossa vida somos doutrinados a aceitar que qualquer assunto digno de respeito, deve ser aprendido de forma estruturada, serializada, reproduzível. O cara que fez curso de inglês se apresenta mais apto para a burocracia social do que o que aprendeu sozinho. Esse tipo de pensamento às vezes nos livra de várias furadas como só nos consultarmos com médicos que de fato passaram por um crivo de ensino e habilitação, mas por outro lado aprisiona a nossa capacidade artística e de sermos autodidatas. Esse é um dos fantasmas que assombra o esoterismo ocidental, a fantasia de que só é possível aprender quando se pertence a uma ordem magicka, quando se tem aulas, apostilas, prazos, notas, certificados. Os iniciantes são abatidos por esse vazio existencial de querer interagir com algo e não saber como, e tentam preencher esse vazio com o desejo do aprender. Longe de mim ignorar que uma pessoa iniciante dá de cara com uma profusão de títulos, nomes, rótulos, gurus e fica perdida, mas nesse caso a própria comunidade pode apresentar uma lista de títulos ou etapas gerais para se passar aprendendo determinado tema. Também vamos ignorar só por hoje, que existem pessoas que não importa o quão mastigado você apresente algo, elas ainda ficarão no mesmo lugar. Para aquelas que já venceram a inércia e que adquiriram um linguajar mínimo resta então esse desejo fantasmagórico de se juntar a uma ordem “pra aprender”. No meu entendimento o aprendizado é transversal ao objetivo da maioria das ordens. Você vai aprender, ser treinado, mas pra operar aquele objetivo literal ou simbólico da ordem, se tornar aquela pessoa ou se adequar aquele aeon e não meramente para adquirir conhecimento e com ele fazer o que você bem entender. Na década de 90 um sketch de comedia grudou na minha cabeça e eu nunca mais esqueci, um adulto perguntava para uma adolescente para que que ela faria vestibular, e a adolescente respondia “ah, sei lá, tá todo mundo fazendo, dizem que é importante, ai resolvi fazer.” Essa cena ilustra bem a busca inicial por uma ordem magicka, influenciada pelo fantasma do aprendizado estruturado (e as vezes da escassez de opções). Mais ou menos como alguém querer aprender a tocar um instrumento e pra isso entrar numa banda. Aprender a ser proeficiente nele vai ser uma consequência 28

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de ensaiar todos os dias e precisar atingir um determinado patamar, mas o aprendizado estará orientado a um fim especifico. E isso não é um problema, na verdade que bom que é assim. Acho que tem muito mais gente que no fundo quer mesmo pertencer a uma banda e não estudar música, e que bom que essas pessoas “pelos motivos errados” acabam caindo no lugar que as faz mais felizes, e esse é um caminho que eu vejo muito presente em todo tipo de ordem (e que foi o meu caso). Assumo aqui minha hipocrisia, como uma pessoa que não tinha muita ideia de como era a A ∴A ∴ quando assinou o juramento e que hoje a A ∴A ∴ é o ponto central e condutor da vida. Mas também escrevo isso tendo me dedicado por dois anos em um trabalho coletivo, para finalmente perceber que eu simplesmente não curtia aquilo ali, estava lá pelas pessoas, pela prática, para ajudar, pelo prestigio, mas não para o que a ordem se propunha mesmo. E como escolher a ordem perfeita pra mim então? Ou sugerir pros outros? De posse da chave mística de que “aprender” como entendemos formalmente é um trabalho transversal das ordens, o segredo é fazer escolhas ruins, mas não muito ruins. Existem diversos benefícios em entrar em uma ordem: Seja para você se sentir bem, interagir com outras pessoas, e até mesmo pra se encontrar, além do benefício de te ajudar a entender o que você não quer numa ordem. Evite entrar coisas que pedem grandes somas de dinheiro para iniciar, ou que se propõe como substitutos a tratamento médico. Corra de lugares que desaconselhem você a ler o que você quiser, seja dizendo que é “do mal” seja dizendo que vai “te atrasar”. Questione por que o espaço não tem mulheres, negros, lgbts etc. Pergunte o máximo possível sobre as reuniões e rituais. Muitas vezes, por diversos motivos, uma ordem pode não querer revelar detalhes de seu rito de iniciação, mas isso não significa que ela não possa te transmitir garantias sobre certos aspectos de segurança. Com conversa e atenção é possível separar quem está protegendo um segredo legítimo e quem está ocultando algo esquisito. Leve em consideração não só o que você ouviu mas como cada situação se desenrolou. Instituições são compostas de pessoas, e pessoas vacilam, cometem decisões erradas, o grande mérito dos grupos sérios é a resposta olhando no olho e dizendo “é, houve isso, não foi legal, hoje não é mais assim”. Nunca se esqueçam, ninguém é “verdadeiro” ao ponto que compense você se submeter a uma relação abusiva. Nenhum legado é bom o suficiente que valide erros, deslizes, equívocos e julgamentos errôneos. Se o tom pra abordar o passado é de “todos contra nós”, se o rolê que você tá, tem uma relação meio esquisita com todo mundo que tá a sua volta, já é um alerta amarelo.

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Independente de acertar de primeira ou não, é importante se ter em mente que existem diferentes modelos e diferentes objetivos para pessoas diferentes, e que muitas vezes coisas que te incomodam em uma ordem, dizem respeito a sua própria iniciação, e esses espaços são um dos terrenos mais férteis para lapidar essas arestas. Depois de um ou dois anos em uma instituição dessas ocorre um fenômeno que é como o desvelar da borboleta, você se sente insatisfeito, desconfortável, começa aquele comichão, e o objetivo desse texto é refletir sobre ele. Este comichão não tem nome, mas nos abate quando temos algum tempo de ordem, nos estabilizamos ali com aquele fluxo, já percebemos que certas dores de cabeça são cíclicas ou que certos procedimentos são engessados, às vezes queremos muito mais magia cerimonial e muito menos meditação, ou queremos muito mais meditação e muito menos magia cerimonial. Depois de meditarmos sinceramente se a predominância desse desconforto vem de dentro de você ou do lugar que está, dizemos para nós mesmos: “Deve ter algo melhor!” “Eu mereço algo melhor!”. Se imagina que agora com bagagem, um verdadeiro iniciado e com conhecimento, se está pronto para embarcar na odisseia para encontrar a ordem magicka perfeita. Sendo a magia e a matemática ciências tão próximas, e a astrofísica desempenhando um papel imenso no esoterismo ocidental, achei prudente recorrer a estes para ajudar nessa jornada. Nomeado pelo físico Enrico Fermi, o “problema de Fermi” tem diversas aplicações da física e na matemática que eu não faço a menor ideia por que não sou dessas áreas, mas como bom nerd, posso falar sobre o “paradoxo de Fermi” ou sobre suas supostas soluções, ou melhor ainda sobre como os fãs de ficção científica se apropriaram desse conceito para rejuvenescer o estilo nessa era de informação intensa. No contexto da ficção científica “paradoxo de Fermi” se refere a: "O aparente tamanho e idade do universo sugerem que muitas civilizações extraterrestres tecnologicamente avançadas deveriam existir. Entretanto, esta hipótese parece inconsistente com a falta de evidência observacional para suportá-la." Um excelente lazer de um domingo a tarde é procurar em um buscador por “paradoxo de Fermi soluções” e se aventurar por páginas e mais páginas de conjecturas criativas. A quantidade e rapidez de acesso a informação que temos disponível hoje é inimaginavelmente superior ao que qualquer outro ser humano na história da civilização teve acesso, a humanidade tem ai vários milhares de anos de civilização organizada e paralelo a esse desenvolvimento espiritualidade sendo produzida e vivenciada. Com tanto conhecimento esotérico e histórico agora

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disponível, não só na internet como um todo, mas com universidades, coleções privadas etc. Onde está a ordem magicka que mais combina comigo? Aquela que mistura cabala com rosacrucianismo, Thelema, mas que também ensina sobre chackras e tem lá uma instrução secreta sobre magia sexual, sem torcer o nariz para a integração do atabaque nos rituais.

HIPÓTESE

DO

“ELES

JÁ ESTÃO AQUI”

Vamos começar com a clássica teoria da conspiração de que vida inteligente extraterreste já habita nosso planeta, apenas não sabemos. Eles nos conduzem de forma invisível para um propósito maior, benéfico ou não. É possível se debruçar sobre este argumento em especial quando se está feliz dentro de uma ordem. Mesmo com todos os problemas e chatices, se no fundo você olha pra si e se percebe mais feliz do que antes, talvez você esteja na ordem certa, e os problemas sejam só formas de você trabalhar algo em si sem nem perceber.

HIPÓTESE

DO

ZOOLÓGICO:

Segundo John Ball, não haveria evidências de vida extraterreste por que ela evoluiu bilhões de anos antes de nós, dominou a galáxia e agora decidiram não interferir conosco, como fazemos com animais em reservas florestais. Nos debruçando sobre essa hipótese, talvez essa ordem magica perfeita exista, mas ela é composta apenas pelos mais altos iniciados que foram criados em famílias de iniciados por séculos e você nunca será capaz de entrar. Será que esse prognóstico é plausível? Às vezes ambicionamos aquela ordem que só tem instruções presenciais e longe, ou a que é muito muito difícil de entrar, ou que demora uma década, mas nunca cogitamos que às vezes se matar de esforço não é a melhor solução. Quase todo rolê esotérico tem alguma forma de expressar que “em todas as crenças existe uma gota da verdade”, então se talvez a ordem que você mais quer é literalmente inatingível, pode significar que você está obcecado por um caminho sem cogitar outros que podem te conduzir de forma mais suave.

HIPÓTESE

DE NÃO SE OUVIR A TRANSMISSÃO:

Um argumento usado pelo coletivo SETI (Search for extraterrestrial inteligente) é o de que talvez os aliens estejam de fato transmitindo evidências de sua existência mas não tenhamos as tecnologias suficientes para isso ou mesmo que eles nunca tenham cogitado usar tecnologias que nós detectamos.

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Dada a quantidade de línguas catalogadas e a quantidade de expressões espirituais que possam se assemelhar a uma ordem magicka, e se a ordem perfeita pra você for uma ordem monástica sufi no Turcomenistão? E se essa ordem aceitar os candidatos que batem a porta dela mas jamais tiver feito um anúncio na internet ou mesmo recebido um antropólogo viajante? Precisamos estar preparados sempre pra hipótese que existir uma ordem ideal e mesmo ser possível entrar nela, nem sempre é suficiente. O crivo e a busca razoável tem que passar para além disso e se considerar a melhor hipótese ao seu alcance e não fantasias exóticas. Para isso, já temos a Atlântida.

HIPÓTESE

DA CIVILIZAÇÃO QUE CANSOU DE EXPLORAR:

Talvez exploração seja apenas uma fase, e que depois alguns milhões de anos, civilizações deixem de ver valor ou achar interessante explorar. Essa é talvez uma das hipóteses que mais encaixa com o discurso aqui. Diversas ordens vem deixando de lado a preocupação em treinar iniciantes ou se propagandear e passam a investir os caros esforços no desenvolvimento da sua corrente magicka internamente. Nesses casos pra resolver basta enfiar a cara na bibliografia sobre os temas que te apaixonam, se algo existe ativo mas que não se propagandeia, provavelmente será citada em algum lugar.

HIPÓTESE

DA TERRA RARA:

Estudiosos alegam que pode existir algo muito especial na terra mas ainda não percebido ou mesmo histórico que fez ela desenvolver vida inteligente em detrimento de outros planetas com condições iguais. Para a existência de uma ordem magicka, assim como para a existência de um planeta habitável não basta um querer singular de um grande iniciado. Sem bons discípulos, traquejo social e financeiro, projetos podem simplesmente afundar no primeiro respiro. Então você bota ai na conta de que precisa de um grupo de pessoas com características “ideais” pra que a coisa perdure minimamente pra você ter acesso a ela. É preciso se defrontar com o fantasma que talvez você seja muito bom mesmo e é isso ai que tá ai. Todo esse papo descontraído misturando ficção cientifica e magia é muito legal, mas também é um recorte super fechado e academicista, e que talvez como você leitor, tenha algumas dúzias de pessoas com a mesma vontade, bagagem, determinação, inteligência etc. E que mais do que pagar de mestre acensionado, talvez o que falte no seu rolê seja uma pessoa boa como você, construindo algo para todo mundo e não só para fazer a sua imagem presente. 32

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O desejo pela “Ordem Magicka Perfeita” muitas vezes é um desejo de vaidade, de se ver espelhado no universo e se achar tão especial que não se tem mais nada a transmutar. Tantas outras vem de uma miopia em crer que você se aproxima mais da “fonte” magica quando você bota mais coisa e palavra e vela no ritual e não quando você bota menos. Mas afinal, se a gente não vai lapidar o ego, vai trabalhar o quê pra se iluminar, né? Quebre a cara sempre, se desencante, saia, envie aquele email mandando aquelas pessoas tomarem no cu, tire um tempo para esfriar a cabeça e recomece tudo de novo, mas gerencie seus prejuízos. A cada desencanto, você vai conhecer mais sobre si mesmo, e se tudo der certo, vai aprender aquele rolamento esperto pra não se machucar ao cair, levantar e estar pronto para o próximo ciclo.

O amor é a lei, amor sob vontade.

Fr. F.V.L

([email protected])

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Olê, Mulher Rendeira! Ou, a la ama de mis artes. Um poema a Sacerdotisa da Estrela Prateada.

É mais fácil um camelo rolar no asfalto do que um peito de chumbo cruzar os teus sete desertos.

Diante de ti, Céu e Terra: dois lados de um livro aberto, vinte lados das mesmas moedas.

(As coisas e vidas passeiam livres pela rede que arremessas cedinho na Praia do Eterno Amanhecer, e rede que livra é só mais um dos prodígios possíveis que podem rolar entre as tuas colunas.)

A tua teia: Se o olho vê cadeia É por excesso de carga Na caveira.

Mas a Lua plena Em uma poça serena, Desfazendo-se em fios de prata Me fez ver tua taça e também tua harpa, E assim de um tapa Vi que a Luz é tua capa, E que atrás deste pano Sorris do meu pranto.

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Tu és cheia de graça.

Rafael Medeiros

Nota: É provável que o título em Espanhol soe estranho, ou mesmo esteja incorreto para a norma culta. Sou um grande entusiasta e praticante do que o alquimista Fulcanelli chamou de “Cabala Fonética”, ou “Linguagem dos Pássaros”, que nada mais é do que estender o que se faz com o alfabeto hebraico para todos os idiomas e sistemas sígnicos, sejam alfabéticos ou não. Neste título, se você olhar bem, estão contidas as expressões “alma mater”, “matéria+lama”, “Ártemis” e “seta”, para citar algumas. Estas permutações fazem com que o campo semântico da setença se dilate, favorecendo insights sobre o Atu, sobretudo quando relacionados ao corpo do poema. Como defensor da tese de que a linguagem é muito mais do que ferramenta para listas de compras, uso de minha poesia para restituir-lhe às suas funções de oráculo e ferramenta mágica.

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Encantaria de Codó, tinta nanquim e aquarela (60 x 40). Ricardo Zolinger Zanin.

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Sobre a minha peculiar experiência em ser um aspirante a Santa Ordem Era um, aparentemente auspicioso, dia 11 e o sol estava sob a casa zodiacal de Áries, e acreditava eu ser um bom momento para começos e recomeços. Me levantei por volta das 6 da manhã, e fui para o meu treino na academia antes de começar o dia no trabalho, coloquei o juramento recémimpresso, tal como havia recebido, dentro de um envelope e este dentro da minha bolsa que me acompanhou até o ginásio. Havia acordado bem-disposto, e assumido o compromisso de assinar o juramento ao final da tarde numa hora previamente escolhida, a temperatura era agradável, o céu com poucas nuvens e uma eletricidade no meu ânimo e no meu corpo pois, já havia mais de um ano, ansiava por esse momento e o que ele significava. Como a vida é uma bela interpolação entre planos e desencontros, vitórias e derrotas, a surpresa daquela manhã foi a minha distração em não notar a má colocação de um cabo de aço já desfiado prestes a cair, ou mesmo o fato do aparelho estar quase desmontado, como não era de costume, e minha mente, a de um pisciano regular, viajava em paisagens lunares, incapaz de ler um aviso que também estava ali… Bang! Sessenta quilos direto na parte anterior da cabeça! Eu estava sentado no chão, algumas pessoas olhavam, eu tentava entender o que aconteceu… dor latejante na cabeça, tontura, gelo, ducha, carro, trabalho. Apesar do incômodo consegui trabalhar até certo momento, mas meu sócio a época achou melhor que eu fosse procurar um médico, coisa que eu não costumo fazer a menos que esteja morrendo, então fui para casa. Sabia que não poderia dormir, então esperei a hora adequada, e fui fazer o procedimento de assinatura do juramento e os outros nele envolvidos como havia pedido meu neófito. A parte do “são de mente e corpo” me preocupou um pouco sobre se eu estaria mentindo no juramento, mas eu me sentia são o suficiente, e não havia esperado tão ansiosamente para desistir. E assim, “na base da porrada”, foi forjada o que hoje eu considero a primeira arma mágica do recém-probacionista: o juramento. A base material, o famoso “papel assinado”, é o símbolo de um compromisso, e um poder, internos que agem e reverberam em todo o mundo exterior do probacionista. Aliás, nesse momento o probacionista se encontra na pior das hipóteses tateando no escuro, pois acabou de firmar um compromisso com a sua alma, de “obter um conhecimento científico da natureza e poderes do meu próprio ser”… o que ele não sabe muito bem o que significa, e nem como descobrir quando tiver conseguido. A segunda ferramenta, o diário, que alguns também consideram uma arma mágicka, eu vim a descobrir somente no dia 17 do mesmo mês, pois dois meses difíceis se seguiram com dores de cabeça contínuas ao longo deles, tonturas, e claro aquela sensação inconfundível de que você vai morrer! Ah, sim! A essa altura eu havia decidido ir num médico fazer um

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check-up da minha situação já que sentia dores constantes de cabeça, e não conseguia fazer esforços físicos, o que o médico confirmou e me afastou de uma das atividades mais prazerosas do dia que era o momento que tinha comigo mesmo enquanto levantava peso no ginásio. Nesse exato ponto foi onde comecei a descobrir que o diário era o tato, no ambiente escuro, mas ainda de forma tosca e pouco definitiva. Como todo tolo meu foco inicial era nas práticas e seus resultados, em aumentar o tempo que conseguia manter a prática nos meses que seguiram, e fui chegando a resultados que davam certo orgulho. Até chegar no, também comum, ponto de estagnação ou de progresso mais lento. Comecei a me decepcionar, e então meu instrutor ao receber minha primeira leva de diário significativa me apresentou a primeira dispersão: a própria prática e a ânsia por resultados. Nesse momento fui lembrado das ordálias desse período, inércia e dispersão. As colegas que me acompanhariam para o resto da minha carreira dentro da Santa Ordem, segundo também me explicaram. Nesse ponto as coisas começam a ficar um pouco mais claras, e a sala escura foi aos poucos se tornando não numa sala, mas na forma de uma caverna com todas as imperfeições e texturas de uma, mas com um detalhe muito peculiar: A caverna é espelhada. E devido às imperfeições, distorções, os espelhos são planos, convexos, côncavos, bipartidos, tripartidos, estilhaçados, de todas as formas que a geometria pode conceber. Seria ótimo se o probacionista estivesse consciente desse fato, mas ele não está, e a princípio luta com todos os reflexos de si mesmo. Cada defeito insuportável, cada comentário inapropriado, cada pessoa desagradável, e até sua própria relação com o instrutor são reflexos de aspectos internos que ele insistentemente tenta culpar o mundo externo. A luz também não está clara o suficiente, o probacionista está muito longe da conversação, e dificilmente nesse ponto tem qualquer coisa que sequer pareça um arremedo de conhecimento, ou visão. Nesse ponto tive uma experiência que prefiro não detalhar publicamente mas que foi um grande sucesso em práticas, pois a havia estendido a tempos que jamais imaginei, especialmente nesse dia, que aliás também foi um dia daqueles que se aproximam da perfeição mesmo na vida mundana, e tive o que havia sido até o momento a experiência mística mais estonteante que havia provado. Nenhuma droga, transe xamânico, orgasmo, ou qualquer outra experiência havia sido tão impactante aos meus sentidos. Acompanhada de grande inspiração onde fiz notas, rabiscos, rascunhos, e orgulhosamente entreguei ao meu instrutor junto com uma leva de outras notas. Ahhhh, dispersão! Ô ingenuidade! Se a resposta do instrutor fosse um encontro com uma garota, eu teria tido o equivalente a um fora daqueles de ficar triste por uns dias. Com o “coração partido” eu fiz, com relutância e um pouco de raiva, o que um bom probacionista deveria fazer: obedeci meu instrutor na ideia de aquilo era uma besteira, e nada muito além de uma experiência divertida. Não me entenda mal! Eu sabia que tinha passado algo significativo, mas entendi que meu instrutor talvez quisesse me mostrar que aquilo era dispersão, afinal, havia trabalho a ser feito, tudo ainda era como antes, e não havia atalhos no caminho.

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Com os meses se passando essa experiência foi assentando em meu ser, e se colocando apenas como um ponto de pico numa curva que se estendia em altos e baixos, e que não era melhor que dez singelos minutos de prática disciplinada, parte de um conjunto formado por dias consecutivos de prática. Ritmo e constância, além de aplacamento. Esse momento específico me ensinou que eu, apesar de completamente perdido em relação a como solucionar o dilema do probacionista, tinha pontos nos quais me apoiar, minha prática desde que sem ânsia de resultados, minhas tarefas (aquele papel que vem junto com o juramento, no caso), e os toque do instrutor. Eu comecei a entender que não importa o que acontecesse, se eu me mantivesse com essas guias nas mãos seria mais difícil cair, ou perder o rumo. Sim, a caverna na penumbra e cheia de espelhos, agora contava com cordas guia. As idas e vindas de diário, e as gargalhadas do instrutor que se divertia em como eu patinava em dispersão, e o quanto eu me levava a sério demais, foram fundamentais. Aliás, se levar a sério demais é um defeito com o qual eu tenho pouca paciência nos outros. Se só você se leva a sério, você é o quê, afinal? O Dedé de “Os Trapalhões”! Fazer humor em conjunto requer um certo refinamento mínimo de estratégia, “Os Trapalhões”, tinham o Muçum como o cachaceiro, malandro, sambista; o Zacarias que te fazia rir com a risada dele, e as caretas, sem precisar dizer muito; o Didi que era o palhaço mais cheio de armadilhas, planos, e aparentemente mais esperto, o líder da turma… e o Dedé! O Dedé é o palhaço sem graça, que só é engraçado em conjunto. Porque ele é o palhaço que se leva a sério. E o que é o probacionista senão um número de “Os Trapalhões”? O Tolo, no sentido de ingênuo, imprudente, trapalhão. Foi um momento tímido e semiconsciente de começar a perceber que ao meu redor tudo eram espelhos, imagens distorcidas ou não, de mim mesmo. Parece uma percepção óbvia e tola, mas que só é realmente compreendida quando vivida e não quando lida, explicada, ou contada de terceiros. Só é possível obter conhecimento através da experiência, vivendo o sistema na própria carne e ossos. O assentar da incrível experiência mística de êxtase só veio com os meses que se seguiram, onde a luz foi se tornando mais clara e difícil de suportar, as mãos já tinham dificuldade de agarrar as guias, o tato já era difícil de suportar, por tocar nas minhas próprias feridas. Uma experiência infinitamente prazerosa em sua dor. Quando começou um período de Apophis, dificílimo de sair, porque quanto mais se tateia mais se machuca, mais se enxerga, mais insuportável é ver, um ponto difícil de atingir: o fundo do poço. Minha vida mundana não se tornou menos difícil, ao contrário, acompanhou exatamente o momento interno que vivia. Nem mesmo fechar os olhos te impede de novamente estar se olhando, pois uma vez assim, os olhos fechados olham para dentro.

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“Chegará o momento em que cada um, sozinho, privado de todo contato material que possa ajudá-lo em sua resistência interior, terá de encontrar em si mesmo, e só nele mesmo, o meio de aderir firmemente, pelo centro de sua existência, ao Senhor de toda Verdade.” (Algumas observações sobre o trabalho de René Guénon, Anônimo – Estudos tradicionais, Ano 52, n 293) E como no livro de Thoth, que conta a história de cada um, e qualquer um de nós, veio O Diabo, A Torre… e depois de toda torre que se despedaça, jogando seus habitantes no solo, com raios e tempestade, te resta tão somente aspirar pel’A Estrela. Toda experiência do probacionista não está em suas mãos, e todos esses eventos servem para ilustrar esse fato inegável em qualquer experiência análoga. A Torre de Babel que você construiu, agora não está mais de pé, sua tentativa ingênua de alcançar Deus foi destruída. Toda essa experiência, como uma prova matemática por absurdo e/ou por negação, te ensinam a descobrir o que você realmente quer, através do conhecimento daquilo que você não quer, não pode, ou que não combina mais com o seu curso de ação. Você então escolhe um curso que faz sentido, um código de conduta pelo qual viver, que passa a ser então sua resposta ao dilema inicial, porque é a única coisa que te resta. Desprovido de certezas inúteis, começa agora uma nova experiência, porque os reflexos já são conhecidos no espelho, o tato e as guias se mostram confiáveis como antes. Dion Fortune já escreveu que os símbolos são ferramentas para a mente; assim uma vez que você consegue se ver como um dos Trapalhões, ou vivendo um dos arcanos do tarô, você começa a se modelar com o seu próprio conjunto de símbolos e interagir com o mundo através também deles e de outros símbolos universais. Há uma nova jornada adiante, talvez de obter controle dessa nova forma de interação com o mundo, através da sua natureza e seus poderes que agora são um pouco mais conhecidos que antes. I.156

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”Topdog”* do Mundo Inferior. Em muitas culturas passadas e presentes ao redor do mundo, cães ou figuras caninas estão associados ao Mundo inferior ou mundo dos mortos. Há algo de curioso nessa associação, especialmente para os ocidentais contemporâneos que veem os cães como os melhores amigos dos homens. Misturar então essa noção de amizade e fidelidade com a morte, talvez o conceito mais desconfortável com o qual temos que lidar, parece muito estranho. Minhas meditações e evocações me levam a contatar o Deus Anúbis, que me iluminou sobre essas conexões. Espero que este seja artigo seja, principalmente, um testemunho de como insights podem ser adquiridos através da prática mágica. Primeiro, porém, deixe-me familiarizar o leitor com alguns pontos de vista sobre a ligação entre os cães e a morte e sobre como eu converso com os Deuses e também, permita-me dar logo um aviso. Ao lidar com civilizações antigas necessariamente recorremos a simplificações. As representações e conceitos aqui discutidos certamente variaram ao longo do tempo e do espaço. Assim, outras fontes poderão apresentar informações conflitantes ou não totalmente concordantes. No antigo Egito, os Deuses com cabeça de Chacal (sim, havia mais de um) estavam principalmente envolvidos na jornada dos que foram para o além. Anúbis, o mais famoso destes, era o Deus do processo de embalsamento e tinha o título de "O mais importante dos ocidentais". Sendo o Ocidente a terra dos falecidos. A principal teoria que podemos encontrar em qualquer livro de mitologia acerca da ligação entre estes Deuses e a morte é que nos primeiros enterros na areia do deserto, chacais, animais oportunistas e inteligentes, eram frequentemente vistos mexendo em sepulturas. Certamente estavam tentando comer parte da carne disponível. Assim, a presença constante destes animais em sepulturas teria sido o estopim para a construção destes como símbolos relacionados aos mortos e ao mundo inferior. Tenho certeza de que as comunidades humanas logo descobriram que cadáveres em decomposição atraíam animais. Eu não estou sozinho neste pensamento. Alguns historiadores e antropólogos acreditam que assim que os humanos domesticaram as plantas e começaram a se fixar em um ponto geográfico, a eliminação de cadáveres tornou-se um problema. Em parte, isto deve ter acontecido devido ao fato dos corpos atraírem predadores. E os predadores geralmente significam perigo. Então, os enterros teriam se tornado uma espécie de norma, para que este e outros incômodos fossem sanados. Parece-me claro que as pessoas no Egito Antigo sabiam que os chacais e os cães estavam realmente atrás de algo para comer e não estavam interessados em nada espiritual. Não podemos descartar aqui, porém, que os que avistavam estes animais possam ter sido inspirados por estas visões de maneira a criar algum símbolo. Apesar de esta teoria fazer sentido, sempre me 41

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incomodou. Parecia-me que havia algo a mais nessa dinâmica, algo que permanecia incompreendido. Aqui faço um aviso importante. Quando falo do incômodo acima, não me refiro a nada acadêmico. Esta é uma publicação de magia e embora seja sempre interessante respeitar certas regras acadêmicas, não estou particularmente preocupado com o rigor científico. Portanto, minha implicância com a teoria dos “animais nas sepulturas” não estava suportada necessariamente por dados materiais, mas era de origem íntima. Voltando aos Deuses com cabeça de Chacal, é importante notar que estudos recentes apontaram para o fato de que o chacal do deserto egípcio não é realmente um chacal, mas um lobo. De qualquer forma, é uma figura de “cão” e, para discutir os símbolos, a análise do DNA é completamente inútil. Na verdade, os antigos egípcios eram muito bons em seus desenhos. Eles conseguiam, aparentemente, representar cães em todas as suas diferenças (Veja as figuras abaixo, mas note a diferença de tempo entre elas, é preciso exercer esta crítica). Então, é muito curioso que Anúbis não pareça realmente um chacal ou um cachorro (Veja a figura do Chacal Egípcio e depois de Anúbis, caso não o conheça, também abaixo ). Eu li em algum lugar (e eu realmente não me lembro onde) que esta representação singular de Anúbis pode ter sido muito bem intencional. Que este Deus foi realmente visto como uma fera mítica semelhante a um cachorro. Talvez algo como um canídeo genérico.

Figura 1. Pintura em tumba revela um (provável) caçador com um cão (mais abaixo) e um mangusto em coleiras. Pintura de algum período entre 2.0501.650 antes de Cristo. Retirado de: https://www.archaeology.org/issues/29642

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1805/features/6508-egypt-middle-kingdom-tomb-paintings. 26/10/2018.

Acesso

em

Figura 2: Paleta dos “Dois Cães”. Reparem na representação da cabeça do cão. Aproximadamente de 4.400 antes de Cristo. Retirado de: https://www.ashmolean.org/two-dog-palette. Acesso em 26/10/2018.

Figura 3: Aqui está o Chacal Egípcio, agora reconhecido como um Lobo por estudos de DNA. Retirado de: https://news.mongabay.com/2011/01/egyptian-jackal-is-actually-ancient-wolf/. Acesso em: 26/10/18

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Figura 4: Anúbis está ao centro. É fácil de achar. https://www.britannica.com/topic/Anubis. Acesso em 26/10/2018.

Retirado

de:

Para os gregos antigos, havia uma figura importante no Hades que se encaixa na categoria ora discutida. Tendo três cabeças e sendo responsável por manter os mortos e os vivos separados, o Cérbero é um personagem que ainda hoje atiça a imaginação (veja a série Harry Potter, por exemplo). Bem antes de o menino bruxo encontrar o “Cão do Hades”, porém, a besta de três cabeças era mais famosa por ter sido capturada por Hércules em seus doze trabalhos. Cérbero não é um psicopompo como Anubis, mas ainda tem laços estreitos com a morte e vive no mundo inferior. Como é bem sabido, os gregos e os egípcios trocaram todo tipo de influências culturais e coisas materiais. Também, por um tempo, o Egito foi governado por faraósde linhagem Grega, os Ptolomeus. Durante o domínio Grego do Egito, Deuses e Deusas foram fundidos e acredita-se que Anúbis era de alguma forma equivalente a Cérbero e também ao Hermes Ctônico. Este último sim, um psicopompo também. O próprio Cérbero pode ser entendido como um equivalente direto dos cães do mundo real. Não é de se estranhar que, desde os primeiros tempos, os cães fossem usados como guardas e mantivessem propriedades e coisas a salvo de ladrões e invasores. Isto é, de certa forma, o que o Cérbero fazia no Hades. Ele latia para assustar os mortos que escapavam e para alarmar seu mestre. É claro que, sendo uma criatura mítica, o Cérbero também tinha uma cauda de serpente e outras características estranhas em diferentes histórias. Tenho certeza de que o seu papel no mundo inferior também sofreu algumas alterações ao longo do tempo, mas vamos nos ater ao mais conhecido para este ensaio.

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Um pouco mais desconhecido do grande público, creio eu, é o fato de que os Astecas ou Mexicas também desenvolveram a ligação entre os cães e o Mundo Inferior. Tão forte era essa conexão para eles que os cães costumavam ser sacrificados em sepultamentos para garantir que o morto encontrasse o caminho certo para o pós vida. Além disso, eles adoravam um cão-Deus, Xolotl, que estava associado aos raios e a morte. Eles também tinham um sistema muito particular de zodíaco, no qual o signo do cachorro- Itzcuintli- estava relacionado à morte. Estudiosos acreditam que a associação entre Itzcuintli e morte se firmou, pois este era o último signo da roda da mesma forma que o signo de Peixes está associado ao descanso eterno hoje em dia. Esta visão dos cães ainda está viva no México nos dias de hoje. Como sabemos, o povo Mexicano realmente celebra a morte e os que partiram, como mostram o festival do "Dia dos Mortos" e o culto de "Santa Muerte". É incrível perceber como alguns traços culturais do antigo povo mexicano ainda estão muito presentes. Como eu escrevi em algum lugar neste ensaio, comecei a refletir acerca dos detalhes dessa associação. Em vez de recorrer apenas a periódicos acadêmicos, decidi adotar uma abordagem mais mágica, pois queria também despertar outro ponto de vista. Eu fiz uma série de evocações para Anúbis, com quem eu já havia trabalhado e desenvolvido uma relação mágica há algum tempo. Ao descrever os métodos, aproveito a oportunidade para discutir algumas abordagens e pontos de vista mágicos. Bem, as evocações foram feitas da maneira mais corriqueira possível. Um ritual de banimento primeiro, alguns objetos em um altar, um apelo para o Deus aparecer, um incenso queimando e Anúbis apareceria em minha mente e falaria comigo. Depois, outro ritual de banimento para finalizar. Eu não acho que evocações mágicas precisem ser necessariamente complicadas e cheias de coisas como adagas, taças, capas e pilares. Não vou negar, porém, que quanto mais elementos você colocar no seu trabalho, provavelmente melhor ele será. Eu tenho uma pequena e bela estátua de Anúbis que comprei do site do Museu Britânico que sempre me preenche com um sentimento de admiração quando a vejo. Eu acredito que esta estátua seja uma ferramenta poderosa para estas operações. Eu também tenho uma estela representando ele, uma pequena figura dele também está em algum lugar do meu templo. Quando eu coloco meu altar, todas essas coisas figuram nele. Eu sempre uso também o arcano da Lua do tarô Crowley-Harris, que eu acho que é uma bela obra de arte e perfeitamente dentro do contexto. Além disso, eu tenho uma taça com imagens de Anúbis que eu posso usar para oferecer água, vinho, cerveja ou qualquer outra coisa que julgue necessária. O incenso também está sempre queimando quando faço meu trabalho. Eu tenho queimado olíbano, às vezes, cravo. Não observo estritamente as associações cabalísticas e planetárias e entre o Liber 777 e minha intuição, fico com a segunda. Porém, sempre estou ciente das associações da tradição e acredito que é este conhecimento o que me permite tomar certas liberdades. Claro que você pode recorrer a essas fontes 45

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para ter uma ideia de onde começar, mas aconselho fortemente a não se tornar um “purista” e fazer tudo conforme dita o livro. Não tema que algo dê errado se você tentar coisas novas. Na minha experiência, na maioria dos casos tudo ou corre bem ou, pelo menos, sem grandes questões. Mas mesmo quando algo indesejável acontece, há maneiras de se lidar com isso. Ter algumas pessoas em sua linhagem mágica para lhe dar uma mão também pode ser importante, mas não estritamente necessário ao ponto de desencorajar o praticante solitário. Como o leitor deve ter notado até agora, estou descrevendo a preparação para um ritual muito comum e usual pelos padrões da tradição mágica ocidental. Algo que é fortemente influenciado por Crowley e pela Golden Dawn. Não vou negar que seja. É bastante óbvio. Mas é apenas uma estrutura. É nos detalhes que se deve colocar sua assinatura. Veja o que funciona. Encontre o que funciona para você. Na etapa final da operação, não faço um banimento de Anúbis de maneira bruta. Parece-me algo que realmente não faz sentido. “Liguei” para ele, ele veio, tivemos uma conversa muito amigável e agora eu vou jogar alguns pentagramas em chamas só para manda-lo embora? Não vai dar para culpar a entidade se no próximo encontro as coisas forem de mal a pior. Então, eu faço uma “licença para partir”. Agradeço a Anúbis e digo-lhe que espero vê-lo novamente e espero que ele vá. Só depois disso, realizo o ritual final de banimento. É simples: agora estou tentando colocar tudo de volta em seu devido lugar. Um Deus acabou de sair da minha casa. Ele gosta de algum espaço e talvez ele se sinta confortável demais na minha sala e tenha deixado alguns copos sujos em cima da mesa. Foi tudo legal, mas eu não quero tropeçar nas suas coisas mais tarde, então eu dou uma boa limpeza na casa. Sem ofensa. Nenhuma intenção de se livrar dele, apenas de deixar as coisas no seu devido lugar. Alguns podem entender isso como uma maneira muito tola de ver as coisas, mas eu acredito que faz toda a diferença no relacionamento com a entidade com a qual você deseja trabalhar. Novamente, a experimentação é o sucesso. Experimentação, porém não deve desprezar a prudência. É evidente que estou descrevendo tudo de uma maneira muito amigável. A razão é simples: estou falando de um ou entidade ou espírito ou Deus com o qual eu quero ter uma boa relação. A mesma atitude não funcionaria em uma evocação necromântica para falar com algum fantasma que está causando problemas, por exemplo. A estrutura do ritual poderia ser muito semelhante, mas não os detalhes e intenções. Só mais uma coisa antes de entrar no relato da experiência, que é breve, aviso logo. As pessoas frequentemente perguntam a nós, praticantes de magia se realmente acreditamos em deuses e espíritos e esse tipo de coisa. Quer dizer, as pessoas querem saber se achamos que são reais. Por real, digo separados de

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nós e autônomos. Ou seja, mais do que apenas construções de nossas mentes. Neste assunto, cito Crowley e digo que não importa desde que as coisas estejam funcionando. A experiência é real o suficiente, não importa o que aconteça. Aqui, irei mais longe e direi a vocês que acredito que estas coisas são tanto externas quanto internas. O que quer isso dizer exatamente? Como isso funciona? Eu não tenho uma resposta. Desculpem-me. Talvez em outro ensaio no futuro. Bem, finalmente, isso foi o que Anúbis me contou sobre representação como um Chacal e sobre cachorros e o mundo inferior

sua

Durante uma evocação em particular, eu estava fazendo a asana do “Dragão” e me concentrando quando Anúbis apareceu em uma estrutura semelhante a uma tumba. Cumprimentamos-nos e ele me deu alguns insights sobre coisas pessoais. Eu já estava querendo mesmo perguntar a ele sobre essas coisas, então, digamos que foi muito oportuno. Mais tarde, ele me disse que eu realmente não estava prestando atenção em nada se não conseguia entender por que ele aparece para mim e para os outros como um cachorro. Ele me disse que, indo para a jornada mais perigosa e misteriosa de todas, a morte, as pessoas se sentem mais confiantes e confortáveis com um companheiro leal e fiel ao seu lado. Ele observou que se alguém escolhesse um companheiro ou guia ruim para uma viagem tão importante quanto essa, as coisas poderiam dar realmente errado. Então, ele disse que os humanos ficam bem à vontade quando percebem que o seu guia é uma figura que eles entendem por eras como a mais fiel e leal de todas as criaturas: o cão. Não tem nada a ver com animais em sepulturas e tudo a ver com lealdade , ele falou, e depois desapareceu. Eu fiquei no meu templo admirado pela minha própria ignorância. Tudo fazia tanto sentido que eu não conseguia acreditar. Logo depois dessa experiência, procurei por essa associação no google, em livros e em periódicos exaustivamente e nada achei. Muito tempo se passou até que eu encontrasse uma pessoa especialista em Egito Antigo que me disse que tinha como teoria pessoal essa ligação entre a fidelidade canina e a jornada até a morte, mas essa pessoa reconheceu que ou não havia ou havia muitos poucos teóricos falando sobre este tema. Eu percebi que deveria colocar esta vivência no papel. Não foi a experiência mais intensa que tive ou a operação mágica mais assombrosa que fiz, mas fornece uma visão interessante sobre as maneiras pelas quais procuramos compreender algumas coisas. Normalmente, para entender, por exemplo, um Deus em particular, seria possível abrir todos os livros e sites possíveis sobre o assunto. Depois de ler inúmeras palavras, poderia parecer que sabemos muito, mas na verdade só sabemos o que outras pessoas escreveram ou disseram. Experimentar as coisas é diferente. Isso é uma parte importante da magia.

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O Anúbis me contou algo que eu nunca encontrei em livros. Talvez realmente tenha sido o que fez os antigos egípcios verem o guia para o mundo inferior como um cão. Há uma grande chance, porém, de que não tenha sido nada disso. E quem se importa? Eu certamente não sei. Isso fez todo o sentido para mim. Isso me ajudou a entender um pouco sobre minha própria natureza. É claro que não discutirei detalhes pessoais aqui, mas acredite que foi muito mais rico do que qualquer coisa escrita no papel. Um aviso final: é claro que tais experiências não podem ser compreendidas de forma objetiva. Ou seja, por favor, não podemos acreditar que experiências mágicas como essas possam fornecer dados fidedignos sobre civilizações antigas. Magia não é história e nem arqueologia. Espero que esta breve discussão e mais breve ainda relato tenha sido o suficiente para despertar no leitor a vontade de realizar ou ainda de explorar mais a fundo suas próprias experimentações.

• “Topdog” pode ser traduzido como Chefão, mas preferi pelo termo em Inglês para manter a brincadeira com “dog” que é palavra Inglesa para cachorro.

Referências: Bard,K. An introduction to the Archaeology of Ancient Egyt. 1a edição. 2007. Wiley-Blackwell. Hornburg, E. The Ancient Egyptian Books of the Afterlife. 1999. Cornell Univ. Pr. Ritner, R. K. The mechanics of Ancient Egyptian Magical Practice. 1997. Oriental Institute of the University of Chicago Beyer, H. The symbolic meaning of the dog in ancient Mexico. American Anthropologist. 10, 419-422. Duquesne, T. Jackal at the Shaman´s Gate: Study of Anubis, Lord of Ro-setawe with the conjuration to Chthonic Deities (PGM XXIII). 1991. Darengo publications. Frater T.S.Q.V.

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A mensagem do Profeta do Novo Aeon na obra do Bardo Raul Seixas Da análise das diversas obras de Aleister Crowley (1875-1947) podemos identificar várias influências sofridas pelo autor ao longo de sua vida, como a moral vitoriana em sua educação, a tradição liberal britânica pautada na ideia de liberdade individual, o decadentismo, orientalismo e principalmente a influência de grandes filósofos, como Bertrand Russell (1872-1970) e Friedrich Nietzsche (1844 – 1900). O local e época vivida foi de suma importância para o impacto da obra de Crowley na sociedade inglesa: a maioria das liberdades que ele pregava até hoje são buscadas e o contexto que permitiu isso foi justamente o momento histórico em que ele viveu. O campo da moral e da religião recebeu um duro golpe dado por Nietzsche em suas obras, especialmente O Anticristo, Assim falou Zaratustra e Além do bem e do mal, e Aleister Crowley segue suas ideias, buscando construir uma nova moralidade a partir dos pressupostos Nietzschianos. Em “Além do bem e do mal” (Martin Claret, 2015, p.61-62) Nietzsche diz: Para desvendar e descobrir que história teve até então o problema da E DA CIÊNCIA CONSCIÊNCIA na alma dos homines religiosi, talvez uma pessoa tivesse de ter, ela mesma, uma imensa, sofrida e profunda experiência quanto, por exemplo, à consciência espiritual de Pascal – e mesmo assim de tal pessoa seria exigido aquele amplo céu de espiritualidade clara e perversa do alto do qual fosse capaz de divisar, organizar e efetivamente formular este enxame de perigosas e doloridas experiências que viveu. - Mas quem poderia me fazer tal serviço! E quem teria tempo para esperar tais serviçais! - a aparição deles é uma raridade – e na maioria das vezes não se pode contar com eles! (…) o amor à verdade tem sua recompensa no céu, assim como na terra.

No livro “O Anticristo”, Nietzsche ainda diz no início que o homem do tipo superior, que venha a ser a representação da real evolução, aprimoramento, fortalecimento, são casos isolados, e se apresentam como uma espécie de “super-homem” em comparação ao resto da humanidade. Ele continua demonstrando como o cristianismo travou uma luta contra esse tipo de homem e como ele baniu todos os instintos mais profundos de tal tipo, relegando-os ao campo do pecado e corrupção. Em diversos escritos, Crowley faz referência ao filósofo alemão. Em seu livro “Magick without tears unexpurgated commented”, cap 48, Nietzsche é considerado como um profeta do novo Aeon. Nesse mesmo livro, Crowley faz outras referências a ele (cap.7):

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Nietzsche expressa a filosofia desta Escola, nessa medida, com considerável precisão e vigor. O homem que denuncia a vida se limita a definir-se como o homem que é desigual a ela. O homem corajoso se alegra em dar e receber golpes duros e o homem corajoso é alegre. A ideia do Valhalla Escandinavo pode ser primitiva, mas é viril. Um céu de concerto popular, como o do Cristão; de repouso inconsciente, como o do Budista; ou mesmo do prazer sensual, como o do Muçulmano, excita a sua náusea e o desprezo. Ele compreende que a única alegria que vale a pena é a alegria da vitória contínua, e a própria vitória se tornaria tão mansa como um croque se não fosse temperada pela derrota igualmente contínua.

Na passagem acima, podemos observar a aproximação do pensamento de Crowley com o de Nietzsche no que tange a crítica às religiões e, principalmente, de forma mais indireta, sobre a vontade de potência que levaria o homem a busca pela superação contínua de si mesmo. E por isso Nietzsche surge como um dos santos gnósticos em Liber XV, ritual conhecido da OTO. Como vimos, o estudo de Thelema é muito mais complexo e importante do que parece. E, ao trazer para o cotidiano brasileiro essa fórmula de um Novo Aeon, como proposto por Crowley desde “O Livro da Lei”, com todas essas nuances intelectuais e místicas, o músico e compositor Raul Seixas (1945-1989) se tornou o maior divulgador popular de Thelema no Brasil, e talvez mesmo o maior no mundo não apenas pela quantidade de composições e interpretações, mas também pela qualidade. Raul, com o seu anarquismo, faz uma contraposição aos sistemas vigentes sociais, econômicos, políticos e religiosos de sua época, pareando com outros nomes do mundo artístico internacional que também divulgaram Thelema de alguma forma como artistas do rock. Por exemplo, Ozzy Osbourne (1948-) que compôs a música “Mr. Crowley” em tom de crítica; David Bowie (1947-2016), Marilyn Manson (1969-), Nina Hagen (1955-), Prince (19582016), Jay Z (1969-), e mais uma infinidade de outros músicos(as) tiveram contato e sofreram influências da obra do grande mago inglês. A chegada de Thelema no Brasil se deu com Marcelo Ramos Motta (19311987). Seu contato com o mago inglês passa pela Fraternitas Rosicruciana Antiqua (FRA), uma ordem Esotérica rosacruciana que inicialmente teria adotado a lei de Thelema. O então líder da FRA, Parzival Krumm-Heller (1876-1949), colocou Motta em contato com Karl Germer (1881-1962), herdeiro de Crowley, em 1953. Em 1962, Motta publica no Brasil uma tradução do “Liber Aleph” de autoria de Aleister Crowley, e o seu próprio livro: “Chamando os filhos do sol”. Mas, após verificar erros seus neste último livro, além da provável pressão advinda com o golpe civil-militar de 1964 no Brasil, Motta retira esse livro do mercado no mesmo ano do lançamento. Ele afirmava que só cinco edições haviam sido vendidas, sendo uma para o seu futuro neófito, Euclydes Lacerda de Almeida (1936-2010). Em 1987, Marcelo Ramos Motta morreu em Teresópolis, e 50

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ainda hoje o seu nome, ao lado de Euclydes Lacerda e de Raul Seixas, permanecem como estrelas no universo thelêmico. Motta chegou a compor com Raul algumas das mais interessantes músicas: “Tente Outra Vez”, “A Maçã”, “Eu Sou Egoísta”, “Peixuxa”, ‘Novo Aeon” (aqui sugerimos também a leitura das obras “Raul Seixas por ele mesmo” da Martin Claret, 1990; e “O Baú do Raul”, ed. Globo, 1992). Junto a nomes como Sylvio Passos (1963-), Toninho Buda (1950-), Paulo Coelho (1947-), Cláudio Roberto (1952-), dentre outros com quem fez parceria (muitas vezes conturbadas), o compositor baiano atraiu a atenção do público – e mesmo das autoridades da ditadura brasileira dos anos 70 – pela transgressão ao sistema que tais parcerias mostraram. Raul não falava abertamente na mídia sobre sua trajetória ocultista, contudo, vemos marcas indeléveis de mensagens desse tipo em suas obras. Sylvio Passos e Tuninho Buda, na interessante obra “Raul Seixas, uma antologia” de 1992, afirmam que o legado musical de Raul é muito mais filosófico do que místico ou religioso. Eles atribuem apenas 10% do total produzido como sendo nesse estilo. Nós não conferimos tal quantitativo, mas particularmente acreditamos num percentual maior. Paulo Coelho rompe rapidamente com Motta e com o trabalho thelemico após um ordálio mágico que Paulo teria enfrentado e sucumbido ainda no ano de 1974. O caminho e as ideias de Paulo Coelho e Raul nos trabalhos mágicos e de Thelema, em especial entre os anos de 1973 e 1974, podem ser melhor entendidas nas chamadas “Cartas de Paulo Coelho” disponíveis com facilidade na internet. Nelas, vemos como o escritor influenciou Raul Seixas e como a Sociedade Alternativa surge como o grande libelo thelêmico no cenário artístico nacional. Sugerimos a leitura da obra de Toninho Buda intitulada “A paixão segundo Raul Seixas” (2ª ed., 2006) e que traz uma interessante versão do convívio de muitos dos personagens citados neste trabalho. Boscatto (2006, p. 170), ao analisar a atmosfera da contracultura vivida no Brasil, afirma que: A diferença é que, nos anos 1960 e 1970, não eram mais indivíduos isolados ou pequenos grupos que, aqui ou ali, procuravam ir além dos limites da “consciência” do senso comum - dita “normal” -, mas toda uma geração de jovens que buscava, em seus diversos movimentos e criações artísticas, a construção de uma nova consciência e, junto a ela, a formação de uma Sociedade Alternativa.

Evidencia-se de uma forma ou outra que Raul Seixas permaneceu ligado ao trabalho mágico dos escritos de Crowley mesmo após a desistência de Paulo Coelho. Muitas de suas músicas são pautadas claramente por elementos thelêmicos, em especial “Sociedade Alternativa”, que nada mais é do que uma versão cantada do “Liber Oz”, como todos hoje já conhecem. No livro “Raul Seixas. O sonho da Sociedade Alternativa” (Martin Claret, s/d, de autoria de Luciane Alves) há a transcrição de uma entrevista em dezembro 1988 na rádio Transamérica com Raul e Marcelo Nova. Nesse bate papo, Raul fala também de

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seu encontro com John Lennon quando teve que sair do Brasil em exílio devido à perseguição que sofreu por causa da música aqui em questão. Um exílio que acabou por proporcionar o encontro de dois gênios internacionais da música. Raul nos mostra aqui a universalidade da proposta da “Sociedade” ao dizer que Lennon tinha a ideia da “New Utopian”, ambas as propostas com muitos pontos em comum. Em um encontro, segundo Raul, de três dias, falaram dos “... Malucos Belezas do mundo. Porque Maluco Beleza é um estado de espírito”. Eis um importante conceito para compreender a obra raulseixista: entender a liberdade e o aprendizado do uso da Vontade para ser um verdadeiro Maluco Beleza: Enquanto você Se esforça pra ser Um sujeito normal E fazer tudo igual Eu do meu lado Aprendendo a ser louco Um maluco total Na loucura real... Ainda para ilustrar o quanto Raul mergulhou na obra de Crowley e no universo thelêmico, segundo Sylvio Passos (na mesma obra de Luciane Alves), após o exílio, Raul pensou em lançar nos EUA o álbum “Opus 666”. A ideia era mostrar para o mundo a relação dele com os ideais thelêmicos, além de dar força na implantação real da “Sociedade Alternativa”. Infelizmente o projeto não chegou a termo. Interessante também lembrarmos aqui da música “Metamorfose Ambulante”, praticamente um poema cantado e que mostra muito não apenas da personalidade de Raul, mas talvez mesmo muito do que se esperar de um thelemita/iniciado. A Verdadeira Vontade como forma de busca e de estilo de vida. Aprofundando-se um pouco mais, e fazendo uma análise rápida do conteúdo de outra música emblemática de Raul Seixas, vemos o anúncio do Novo Aeon (sendo esse mesmo o nome da canção), na qual percebemos a declaração das mudanças ocorridas na sociedade já em sua época. A concretização da chegada do novo período da humanidade feita com abrangência talvez sem igual no meio artístico: O sol da noite agora está nascendo Alguma coisa está acontecendo Não dá no rádio nem está Nas bancas de jornais Em cada dia ou qualquer lugar

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Um larga a fábrica, outro sai do lar E até as mulheres, ditas escravas Já não querem servir mais Ao som da flauta Da mãe serpente No para-inferno De Adão na gente Dança o bebê Uma dança bem diferente(...) Enquanto isso, em outra de suas composições, “Eu sou egoísta”, Raul não fala da sociedade, mas sim de como cada um e nós lida com as vicissitudes e lutas ao longo da existência. Enquanto muitas correntes religiosas falam da aniquilação do ego e da personalidade, nessa canção ele fala do fortalecimento do homem usando o ego como ferramenta de crescimento. Algo de importância para aqueles que trilham o caminho thelêmico, principalmente através da “Astrum Argentum”, da qual o próprio Raul Seixas, junto com Paulo Coelho, assinou o juramento de Probacionista no inícios dos anos 70. Parte da letra da música “Eu sou egoísta” nos remete à alusão feita por Mestre Therion aos caminhos da Pomba e da Serpente: Se o que você quer em sua vida é só paz Muitas doçuras, seu nome em cartaz E fica arretado se o açúcar demora E você chora, 'cê reza, cê pede implora Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho Eu quero é ter tentação no caminho Pois o homem é o exercício que faz Como o próprio significado do Valhalla e da virilidade da vida de um guerreiro, fica claro que o caminho de um thelemita é sempre o da espada em punho, lutando o combate que todo iniciado enceta ao longo de sua existência. Não à toa vemos todo o simbolismo da Besta e da Mulher Cingida com a Espada. Conclusão (possível?)… Raul Seixas claramente combateu seu próprio combate, e muitas vezes empregou o “Lutai como Irmãos” em sua vida, ajudando a espalhar a mensagem de Luz, Vida, Amor e Liberdade através de suas músicas alinhadas com a missão de Mestre Therion (aka. Aleister Crowley). Da análise da obra de Raul Seixas, podemos verificar que não somente houve grande influência dos escritos de Aleister Crowley em sua obra, mas

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também as próprias influências sofridas por Crowley perpassam para a obra de Raul. Crowley pode ser considerado o profeta do Novo Aeon e Raul Seixas o seu principal bardo trovador. A moralidade, a quebra de paradigmas morais, religiosos e sociais, iniciado com Crowley, é cantada e anunciada pelo maluco beleza. A Sociedade Alternativa é uma tentativa de colocar em prática uma nova estrutura social, característica do novo Aeon, na qual a única lei vigente é “Faze o que tu queres”! Adílio Jorge Marques Lincoln Mansur Coelho Luiz Vieira

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A.O. Spare, o “Irmão Negro”

“[There] are the Black Brothers, that cry: I am I, they that deny Love, restricting it to their own Nature.” • A. Crowley, Liber Aleph Quando Crowley fala dos “irmãos negros”, ele faz referência aos candidatos da G.D. ou da A.A. que falharam em cruzar o abismo e, ao invés de estarem sujeitos à dissolução do self e do apego como um verdadeiro mago, ele se aprisiona na máscara de seu ego, velado no “Eu sou Eu” em Liber Aleph. O cruzamento do abismo é sempre descrito como ‘a noite escura da alma’, como a putrefação espiritual de São João da Cruz, o trabalho dos corvos e leões verdes. Crowley observa em John St. John como o aspirante a magus necessariamente deve se lançar novamente no abismo, representado pela sephira da'at, a sephirot que contém todas as outras sephira e assim permanece elusiva e vazia em toda a sua contenção, que é o nada. Cruzar o abismo tem a ver com um estado de dissolução cósmica, onde alguém toma sua verdadeira constituição, onde a lei pessoal é dissolvida na clareza e na percepção de uma lei cósmica maior, que não é o self propriamente que dissolve, mas o apego ao que é estático. A percepção de impermanência se move em primeiro plano à medida em que se conecta a todas as coisas de tal forma que traz a persona dissolvida ao UM e com todas as coisas que afirmam essa configuração em particular. Pessoalmente, vejo a ordália de cruzar o abismo como aquele momento em que o dualismo cai em sua própria mentira, em que percebemos como tudo está conectado. Um pré-requisito para cruzar o abismo é de que a pessoa tenha alcançado a comunicação com seu Sagrado Anjo Guardião. Isso significa que somente aquele que se tornou seu próprio anjo pode suportar essa provação. O Mago deveria, como tal, ser um místico e um profeta de orientação cósmica, enquanto o irmão negro também seria um místico e profeta, mas de orientação mais telúrica. Spare juntou-se à ordem de Crowley, a A∴A∴, em 1907 e saiu em 1912 sem nunca ter se tornado um membro pleno, declarado como ‘irmão negro’ saiu, por discordar em assuntos de hierarquia, a utilidade da ordem e toda a matriz de magia cerimonial. Spare publicou O Livro do Prazer em 1913 – um trabalho que pode ter nascido da crescente frustração que Spare tinha com a insistência de Crowley em questões de hierarquia e ordem, e portanto Crowley representou uma resistência frutífera, que permitiu que Spare formulasse sua idéia de magia com foco e clareza. Pode parecer que Crowley via que Spare “restringia o amor” de forma egoísta, mas a verdade pode ser tão simples quanto o que Spare escreveu no comecinho de O Livro do Prazer:

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“Esses Magistas, cuja insinceridade é sua segurança, são apenas os dândis desempregados dos bordéis. A magia é apenas a capacidade natural de atrair sem perguntar; Cerimônia [é aquilo] que não é afetada, sua doutrina é a negação deles ... Auto-condenados em sua gordura repugnante, seu vazio de poder, sem mesmo a magia do encanto ou da beleza pessoal, eles são ofensivos em seu mau gosto e famintos por propaganda ”. Mais adiante no O Livro do Prazer, ele descreve a magia cerimonial como um “padrão para tudo desnecessário” e segue apresentando o uso de eros (o princípio erótico) e thanatos (o impulso da morte) como portais para extrair matéria oculta do subconsciente, tanto quanto revelando o que está oculto nos becos cósmicos. Spare ficou mais famoso ao ter sido adotado como o grande influenciador na formação do movimento punk-mágico pós-moderno, conhecido como Magia do Caos, e esta influência pode ser vista no alfabeto do desejo e na geração de sigilos como formas de desejo e vontade para propósitos mágicos. Ao mesmo tempo, é importante relembrar que Spare se autodenominava “Bruxo” (via iniciação com Mrs Patterson), e enquanto Magia do Caos utiliza elementos da bruxaria de Spare, magistas do caos não são bruxos da mesma forma em que Spare era. Dois elementos da filosofia oculta de Spare raramente são mencionados, primeiro, seu interesse pela psicanálise e subseqüente crítica da psicoterapia de Freud, e Segundo, sua orientação advaita ou não-dualista à magia, como era incorporada em seu modus operandi mágico primordial; a postura da morte e foco na importância na dissolução do ego. Em Liber Cheth Crowley afirma: "você misturá a sua vida com a vida universal", para que se cruze com sucesso o abismo, e ele comenta sobre isso em Uma Estrela à Vista: “É uma aniquilação de todos os vínculos que compõem o self ou constituem o Cosmos, uma resolução de todas as complexidades em seus elementos...” O que essa tensão e conflito pode revelar é que um Magus pode nascer a qualquer momento, que a hierarquia é irrelevante, e que isto tem a ver com a perspectiva necessária para se passar pelo abismo, algo nascido da obtenção da comunicação com o seu próprio anjo, para ser guiado pelo seu próprio daimon e que só neste feito o homem e a mulher mortal ganham asas. Isto denota uma perspectiva saturnina em particular que não pode ser outra coisa senão a aceitação do sofrimento e uma completa indiferença à hierarquia, à medida em que a constatação da estrela e da constelação no design cósmico é percebida e contida como uma dança da verdade mística entre o Self e o devir. Em “The Logomacy of ZOS” (compilado e entregue a Kenneth Grant em 1956, publicado no Zos Speaks! 207: 1998, Fulgur: UK) Spare escreve: “Todos os processos de pensamento, estimulados pela objetividade ou pela subjetividade, devem finalmente tornarem-se uma metáfora espaçosa, revelando todo o cosmo e tudo nele como entrelaçados e interdependentes. Sua aparente

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dualidade e separação estão em nosso próprio conceito ou em nós mesmos uma delegação de transferência para nos tornarmos criativos”. De fora dos confinamentos das ordens e interpretando tanto Crowley quanto Spare sem os comuns vícios herdados pelos tempos, observo que na verdade não há qualquer diferença entre um Irmão Negro e um Mago. Parece-me muito mais uma diferença de foco, onde o irmão negro permite a um completo abandono de tudo aquilo que mantém o ego engessado em uma determinada forma e ordem. Ao mesmo tempo, é necessário ao Mago - assim como é para seu "irmão negro" - cortar seus laços com a “ordem”. O Mago, por aspiração, toma Maomé e Cristo como medida para alcançar esse grau dentro do limite da “ordem”, onde se torna um missionário do novo éon, fundando um movimento religioso ou cúltico nascido da sabedoria cósmica adquirida. A única diferença é que o “irmão negro” sempre negará esta demanda e preferirá se afundar no ouro saturnino, tornando-se um fogo estelar inominado através do mundo e, como tal, pode parecer que o “irmão negro” restringe o amor e favorece o niilismo - mas isso é - no fim das contas, tudo uma questão de perspectiva. Katy Frisvold

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União Thelêmica Como de costume, recebo muitas dúvidas por correspondentes e buscadores, via email, messenger, zap, sinal de fumaça, todos em sua sincera pesquisa sobre a Lei de Thelema. Um destes correspondentes nos perguntou: “Qvif, por que os membros da A.’. A.’. não fazem uma convenção ou um encontro nacional para se conhecerem, trocarem ideias, estabelecer metas, etc. Isso não seria mais eficiente para a expansão da A.’. A.’.. no Brasil? A atual atitude de reserva não é restrição e isso não é o conceito de pecado no Livro da Lei? Vamos por partes. Antes de responder a pergunta principal, quero explicar que a questão do comentário de “A palavra de pecado é restrição” deve, por todo Aspirante, ser interpretada à lume dos comentários de Mestre Therion (Comentário Antigo, Comentário Moderno, Comentário D, etc), sendo a interpretação pessoal guardada para si, quando ultrapassa o que foi escrito por Mestre Therion. O fato dos membros da A.’. A.’. não se reunirem em uma convecção, seminário, festa, etc. é por causa da característica e objetivo da Ordem, que é de caráter individual e não institucional. Isso não é uma restrição, portanto, nada tem a ver com “pecado”. Não há uma linha escrita por Mestre Therion em que se proíba Aspirantes à Thelema de se reunirem e isto é até recomendado, pois se isso fosse efetivo, muita confusão e celeuma teriam sido evitadas. Note que, membros da O.T.O., da A.’. A.’. ou de qualquer outra Ordem de caráter Thelemita (isto é que tem o compromisso de viver, preservar e difundir a Lei ) possuem estruturas e objetivos próprios, mantendo a citada meta em comum. Desta forma, qualquer Thelemita pode se reunir com outros. A questão é nominar: “Primeiro Fórum Nacional de Encontro de Membros da A. A. “por exemplo, pois a Santa Ordem não existe no plano físico, ninguém a representa com exclusividade, não há liderança local, nacional ou internacional; o método da Ordem é de instrução (treinamento) individual e via de regra, quem está na Santa Ordem, só conhece seu instrutor e, quando tiver condições, seu instruído (ou instruídos), as redes sociais mudaram a dinâmica desse anonimato, mas ninguém instrui via facebook nem por canal de YouTube ( muito menos pelo canal da Abadia). Reforçando os conceitos, a Santa Ordem funciona em linhas puramente espirituais, dentro de preceitos bem estabelecidos de treinamento. Pela lógica, assim, não cabe uma reunião de membros da A. A., pois cada um recebe um treinamento adaptado à sua consciência, cada um possui a sua idiossincrasia e, de mais a mais, as discussões poderiam causar algumas distorções, pois ao contrário das ordens estabelecidas não há, a despeito de tarefas estabelecidas,

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rigidez e formalismo enclausurante, pois na instrução (treinamento) individual cada caso é um caso, e isso é a importância de um instrutor externo pessoal, até se chegar ao Verdadeira Instrutor Interno, como diz Liber LXI no versículo 4: “ Eles podem, além disso, assegurar que ele seja devidamente provado e testado, pois há muitos que pensam que são Mestres, os quais sequer começaram a trilhar o Caminho do Serviço, que para lá conduz.” Não há, digo de antemão, crítica a nenhuma ordem coletiva, mas uma exaltação da instrução individual. Agora, se Aspirantes à Thelema, de qualquer vertente, como dito acima, quiserem se reunir e tocarem em temas comum, em uma convenção, seminário e etc. isto é altamente recomendável. Por outro lado, vejo isso acontecer bem mais nos dias atuais do que na minha época de juventude Thelêmica nos anos oitenta, isso não é uma constante, mas os organizadores de eventos como os do CALEN estão de parabéns pela iniciativa, nós da Abadia ja organizamos palestras e ensejamos a continuidade. Mesmo dentro de algumas Ordens coletivas Thelemitas, há contatos esporádicos. Por mim os Aspirantes deveriam se conhecer mais, trocar mais, afinal, todos trabalham pelo mesmo fim, de forma diferente. A questão, então é, somente se reunir em nome da A.’. A.’. Reúnam-se em nome de Thelema. Dai pra frente colóquios e simpósios serão muito válidos além das festas é claro. Se os Aspirantes à Thelema soubessem o valor da união, não ficariam torcendo para que outros grupos fracassem. Se soubessem o valor da união, apoiariam disseminando atividades, publicações e o trabalho de outras ordens thelemitas; parariam com essa atitude insana de viver criticando todos e tudo, pois a comunidade de Aspirantes no Brasil sabe bem distinguir quem é quem (quem não sabe, descobrirá com o tempo); se soubessem o valor da união, não brincariam de Thelema como se fosse uma “curtição ou um barato”, como se fosse “cult” ou desculpa para justificar sua indisciplina, vício ou falta de propósito; não perderiam tempo, que é “o bem mais precioso” de todo Aspirante, em protelações , distrações e auto proclamações de soberba, poder e graus, mas se compreendem a Lei, viveriam para pô-la em prática, porque possuem não uma crença, mas a certeza, da validade dela e, a partir da daí, proclamá-la (não pregá-la) a quem quiser , deixando que o Verdadeiro Ser de cada um escutando um simples 93 ou Faze o que tu queres, resolva vir à Luz e mudar todo o Microcosmos que habita. Como já sou idoso, não verei isso acontecer em meu querido Brasil, mas, tenho firme convicção de que, se me for dado o privilégio, quero nascer no seio de uma família de thelemitas em uma próxima vida. Bem, desculpe, é apenas o sonho de um velho ;59

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Thelemitas uni-vos Forte abraço 93.93/93 Q. [email protected]

Encantaria de Jurema, tinta nanquim e aquarela (60 x 40) Ricardo Zolinger Zanin

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Desvario Confissão: Momentos obscuros Sem pensamento, Sem emoção. Reina a confusão: Cega o cristalino olho Quebra, como caco, a visão. A lucidez ausente, Se clareia, é a outros mundos: Nada por aqui. E no caos da grande obra Manobra de um ser Que talvez não eu Tão fora de mim, mas tão meu Um outro alguém: Mas no mesmo agora. Dentro implora Para sair, para existir. Ambiguidade que me encanta E também me apavora: Quer saber? Fica aí. Que logo vou-me embora.

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Entrevista com Robert Furtkamp Concomitante a saída desta edição, fomos agraciados com uma notícia fantástica que saiu uma versão nova do Vision and the Voice, com um facsimile de qualidade pelo thelemita Robert Furtkamp. Em sua publicação escreve:

“Apresento pra vocês em nome da Montanha Violeta, um marco da nossa herança e pela primeira vez apresentada propriamente, Em tempo do 109 aniversário de LIL… Esses são os cadernos argelinos do Liber 418 completo, e formatado para impressão Cada um destes volumes com exceção do Volume V, que contém volume V e VI já que o Caderno VI contém apenas LIL e efemérides. A apresentação se dá num formato com a transcrição e original lado-a- lado. Caracteres e correções/cortes presentes nos mesmos estão presentes, e quaisquer notas dos volumes estão num breve prefácio (...)” Aproveitamos o momento e entrevistamos Robert para saber mais sobre esse lançamento: Revista777: Conte-nos com foi este projeto? Robert Furtkamp:“O processo foi simples: chegar na versão mais correta da tradução dos cadernos possíveis. Crowley ignorou o “Não mude nem mesmo o estilo da letra” que é dito 4 vezes no 418..de novo e de novo, Assim como o último Weiser no Equinócio IV no1.O ponto alto é que pela primeira vez o texto está correto.” 777: Faltava muita coisa? RF: Havia muita coisa faltante, palavras mudadas,e mudanças de significado. Vários nomes angelicais e outras partes importantes (Efetivamente, você pode pegar as versões antigas e comparar com este manuscrito original e as transcrições ajudam neste sentido) É um documento classe AB (o manuscrito seria um classe A) - o que Crowley queria é secundário afinal “não mude sequer o estilo da letra”. Após a edição inicial de cunho privado. Ele não teve acesso aos manuscritos após 1920, então tudo após isso em sua vida… ele não tinha Weiser EqIVno1 alega que teve acesso a eles mas aparentemente ignoraram grandes partes de texto e aparentemente não revisaram.

777: E onde você conseguiu esses manuscritos? RF: Em Ramsom,Texas Então regozije com as boas novas, de graça, e imprimível e quem sabe um dia em portugês?

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Mundos, Terra ou Planeta ? Este texto é totalmente inspirado no livro In the Dust of our Planet de Eugene Tracker. Neste livro o autor apresenta um conceito muito interessante, ele nomeia Mundo como o lugar onde os humanos vivem, no ponto de vista Humano. Terra, como a coisa biológica, objetal e tal, e Planeta que seria o lugar Sem a existência e ótica humana, na primeira os olhares mais racionalistas, de criação divina é a narrativa principal, sendo o homem o filho do criador, seja como o animal racional que conquistou tudo, seja besta fera que destrói tudo, todas as óticas são do ponto de vista humano, na segunda é onde vive as ciências como biologia, física, geologia, nos dados colhidos e apresentado, o COMO que a ciência nos provem. o último é o local de tudo que é alem humano, da natureza sublime, das flutuações solares, de tudo aquilo que existiu antes e vai existir depois do ser humano e nem se importa com a existência do mesmo Na magia moderna temos o mago com o centro de seu universo, como colocado na Cruz cabalista do RmP, somos o rei do reino que é coroado por Deus, então é possível pensar que no trabalho de Lux estamos dentro do pensamento do Mundo, somos pai mãe , rei e filha do mundo. todo o trabalho até o adepto trabalha nesse paradigma, sendo assim faz sentido o trabalho como da GD ao qual primeiro trabalha-se os elementos deste mundo e ir subindo para o Além mundo.. e este além está como norte o Mundo tendo ele como o ponto de referência, prometendo nos tornar Deuses vivos criadores de céus e firmamento Nossas técnicas e práticas nos servem igual a Terra, testamos técnicas, retiramos resultados, também atuamos neste planeta e do mesmo retiramos símbolos, seja na natureza, seja na sociedade ou mesmo nas letras e na nossa cultura pregressa. Sendo assim, digo que ao chegar no abismo iremos nos confrontar com o Planeta, que são todas aquelas sensações e impressões do mundo para além do nossa capacidade de mudar podemos ver relances disto no final do século XIX essa mudança de paradigma. Se antes éramos escolhidos dos deuses, na época moderna descobrimos que não somos especiais para deus, quiçá este nem existe,e após darwin nem somos uma espécie especial, após freud nem controle direito do cérebro temos, e não sabemos como usar nosso corpo para muita coisa, e nossa história pessoal será perdida e se lembrada, será distorcida pelas gerações futuras. Nosso Ego ainda tentando se iludir que mantém as rédeas sobre controle, busca um renascimento da tradição, aquele lugar que éramos especial, ou joga no extremo oposto como vilões do mundo, como certos grupos de ativismo colocam assim como a misantropia de grupos satânicos, que é uma última tentativa de ser importante. 63

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O pessimismo cósmico parte do princípio que não somos nada importante, que no fundo somos uma poeira no tempo espaço, e 7 bilhões de don quixotes com Instagrams. Esse caminho necessariamente é pesaroso, vemos como os fluxos e influências correm para além da gente, Se a goécia ainda mantém o homem no centro do círculo, então nas qliphoths o espaço é vazio, distorcido e pervertido, e aquilo que se move vem em ondas Inumanas, as vezes formadas por amontoados de inumanidades apessoais.Fato engraçado que percebo diversas vezes em trabalhos com Tagirion é essa sensação que a pessoa encontrou o SAG, e por um breve momento esquecem que Thagirion* justamente é a falsa promessa.. e como somos carentes em ser especiais, não é? E por que enfrentar tudo isso? Lembro certa vez de ler uma pesquisa base com moradores perto de uma represa,desde a cidade mais distante onde pequenos danos seriam causados caso a represa ruísse, até a cidade grudada na represa. Quando mais próximo dela, menos medo da consequência de uma rachadura a sociedade da região tinha, ao ponto que os moradores na proximidades dela, nem tocavam no assunto ou outras vezes tinham uma fé inabalável que nunca iria ruir. Diversos assuntos que tocam o pessimismo cósmico nos geram horrores e incertezas, aquele medo do desconhecido criança tem. Um trabalho devagar em explorar isso nos ajuda a não esquecê-las e ter uma relação mais saudável com a devastação. Há outro motivo para trabalhar que esse conceito de Planeta encaixa bem: o corpo. Tal qual as analogias acimas, nosso corpo trabalha para além do intelecto, ele cura e cria doenças sem te consultar ele reage de formas imprevistas, e essa percepção do que o corpo é uma outra fronteira a ser explorada. E nesse contexto do corpo o mago se entende controlador do Mundo, não consegue operar por esse prisma, entender o corpo como a Terra, que é a especialização de médicos e biólogos, também não adianta, cabe a solução de Planeta, e perceber como seu corpo reage aos inputs e estar ok com impessoalidade e o não padrão que o Planeta deste tem, e usar isso readequar sua visão da Terra. Então temos esses três propostas de pontos de vistas que podem trabalhar como um registro triplo. ao ocorrer um fenômeno podemos perguntar: Como é esse fenômeno percebido pelo Mundo, e pela Terra, e como Planeta? ou também, “Quero fazer X, como fazÊ-lo a partir do olhar de mundo, da Terra e planeta? *Thagirion é a equivalência a Tipheret na árvore da morte, sendo também a esfera central. Mas ao invés de ter como representação o Sol, tem como símbolo um Sol negro. Alhudhud

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O Mistério de Babalon e a Besta A Besta, ou Homem do Sol, representa, como eu a entendo, a Alma da Humanidade, ou do Homem, entre o Espírito e a Matéria, desenvergonhada das duas, pois ambas são essenciais à Sua existência. A Substância do Sol desce sobre Tiphereth de Binah através do Caminho do "Diabo"; sua Vida é transmitida de Chokmah através do Caminho do "Sol"; existe como uma Idéia Espiritual através do Canal de "Shin" que desce de Kether. Kether é sua causa final e eficiente, Chokmah sua causa formal e Binah sua causa material. "ON" é a antiga palavra egípcia para o sol; Enquanto estivermos preparados para continuar (original: go ON)(nt do tradutor: trocadilho com ir ON que é continuar) tudo está bem, já que estamos alinhados com o impulso natural da Evolução. Mas podemos elevar-nos além da ideia comum de Evolução para uma cooperação conscientemente livre com o Propósito Divino. O valor numérico de ON é 120. Diz-se que esta foi a Era de Christian Rosencreutz no momento em que ele passou(orig. passed ON). Aqueles que tentam reverter o processo de evolução, recuar ou retroceder, dizendo "No"(em portgues: Não) em seus corações, caem em pecado, que é restrição, e, portanto, se metem em confusão. ON é formada pelas letras hebraicas Ayin e Nun, assim esta ideia surge na junção dos caminhos de "The Devil" e "Death". Pessoas do tipo "No" (não) surgiram do outro lado da Árvore, no Caminho do Sol Poente. NO pode ser escrito Nun, Vau, ou NU, que foi chamado o pai das águas, o refletor de Nuit. No entanto, podemos procurar uma reconciliação dessas idéias no Caminho da "Estrela", que representa o Sol apice do dia (orig. High NOON). Foi no meio dia que Parzival realizou o Milagre da Redenção, quando a Lança e a Taça foram religadas. Este Caminho une a Lança da Vontade e Sabedoria, Chokmah, com a Taça de Entendimento e Intuição, Binah. O Pai e a Mãe estando assim unidos, a "Uma Estrela à Vista", Har Makhu, ou Hórus da Estrela, é reconhecido em Sua Verdadeira Natureza como o Espírito da Luz Oculta de Kether. A Verdade nunca foi perdida para a Tríade Supernal, mas as Supernais foram perdidas para a visão do homem. Podemos nos perguntar como isso poderia ser, e o momento agora está maduro para sua revelação. Mas antes que uma tentativa seja feita para explicar isso, é melhor que vejamos os Caminhos restantes da Árvore, abaixo de Tiphereth. Vamos considerar o Caminho do "O Enforcado", às vezes chamado de Redentor. Exotericamente, diz-se que esta Chave do Tarot significa: "Sofrimento forçado e não

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voluntário"; enquanto geralmente entendido.

Esotericamente

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significa

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"Auto-sacrifício",

mas

não

como

ATUM ou ADAM, como o primeiro tipo puramente Humano ou Alma, é dito ter sido hermafrodita até que ele se tornou como Adão e Eva. Tiphereth é o Filho Verdadeiro, mas o Pai falso. Quando o Filho simbólico, neste estágio se confundiu com o Pai, muitas mulheres O seguiram, buscando redenção. Assim, uma situação embaraçosa de "sofrimento forçado e não voluntário" poderia ter surgido. O único curso razoável de ação seria uma ocultação dos fatos e um ensinamento que poderia ser inferido como implicando "Castidade", Celibato e outras doutrinas de repressão. Esta é apenas a visão exotérica, mas é responsável pelo zelo equivocado de alguns que não conseguiram entender o verdadeiro ensinamento. O Sol Físico é tão impotente para fertilizar todo o Universo, embora Ele seja totalmente capaz de cuidar de seu próprio Sistema Solar. Ele está bem em seu lugar na Ordem do Universo; somente quando não compreendemos esse lugar, caímos em erro. O mesmo problema pode surgir no caso de um homem que pregou uma doutrina de relações sexuais promíscuas com um grupo de mulheres; mesmo que ele fosse um Leão regular, ele seria incapaz de suprir as necessidades de um número ilimitado e, portanto, estaria sujeito a tentar retratar seu ensino. Os exemplos acima só poderiam surgir devido à falta de uma verdadeira interpretação da Palavra do Justiçado Osíris surgido de Ammenti. A destruição é essencial ou não pode haver renovação, e IU, o gêmeo hermafrodita, fornece a resposta se interpretada por meio do "O Hierofante", cujo Caminho cruza o de "O Enforcado" e mostra uma corrente recíproca entre as Esferas de Vênus e Mercúrio. Percebemos como as serpentes gemeas "atravessaram" abaixo de Tiphereth e estudaram o Simbolismo completamente. Tendo se separado, eles devem se reunificar em Yesod, a fundação e continuar como Um a Malkuth pelo Caminho de Aleph, o Tolo puro. Podemos agora considerar Malkuth, a Filha Caída, que, de acordo com a Cabala, para ser redimida, deve Unir-se ao Filho, ser elevada ao Trono da Mãe, redespertar o Pai para que todas as coisas sejam reabsorvidas na coroa. Este processo foi muito mal entendido, foi pensado para implicar um retorno à Coroa. Todos os místicos queriam ser reabsorvidos no Absoluto. Os Magos, por outro lado, tendem a continuar, e a tentar usurpar o Trono de Deus, que por direito pertence à Mãe.

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Ambos se encontraram com um terrível Abismo, enquanto trabalhavam nos velhos métodos. O mago viajou até a "Árvore" até chegar a Chesed como um Adepto Exemptus que construiu um maravilhoso sistema de conhecimento, apenas para descobrir que toda a estrutura deveria ser quebrada em pedaços no Abismo, se ele esperasse alcançar a verdadeira compreensão. e sabedoria. Poucos passaram esta provação. Os místicos, por outro lado, sendo do tipo negativo, abriram suas mentes e almas para a "luz" e muitas vezes confundiram as falsas luzes com a da Verdadeira. Tendo uma base muito limitada de experiência como base de sua pirâmide, o ápice era proporcionalmente baixo, e a luz que eles viam naquele momento atribuíam à própria divindade animal de estimação como seu salvador e redentor. O Amanhecer da Consciência Solar (Dhyana) tendeu a ser um choque tão grande que a maioria desses místicos perdeu o equilíbrio por algum tempo, se não pelo restante de sua encarnação. Se eles foram mais longe, eles foram literalmente inundados com as Forças das Trevas do Abismo. Alguns deles realmente viram o Diabo, acreditaram nele e pregaram sua existência para seus seguidores. Eles certamente nunca dizem Deus. Muitas dessas pessoas viveram uma vida muito santa e casta, de acordo com os padrões de seu tempo, antes de chegar a esse estágio. Posteriormente, os ignorantes acreditaram neles como homens de boa reputação e até se contentaram em "acreditar" sem mais desejo de experiência real. Assim, encontramos uma linha de "teóricos" surgindo, sob a orientação de pessoas "parcialmente desiludidas" que temiam ir além e assim ensinaram uma doutrina do medo que é a precursora do fracasso, uma doutrina da crença implícita no líder do movimento. , chegando, em alguns casos, a uma "fé cega" em Substitutos, Reflexões, Expiação Vicária, e qualquer outra coisa além da necessidade de elaborar sua própria Salvação. No entanto, há um elemento de verdade mesmo em tais noções aparentemente absurdas como a Expiação Vicária; assim como encontramos um elemento de verdade na doutrina do diabo. Todo homem e toda mulher que alcança, torna isso muito mais fácil para o resto da Humanidade alcançar a perfeição. Toda a Raça deve eventualmente alcançar, pois está unida pelos laços mais próximos, de modo que o processo não pode ser finalmente completo no indivíduo até que o Último tenha se tornado como o Primeiro no Reino do Céu sobre a Terra. Parece que estamos longe dessa questão, mas o Caminho está agora ABERTO, que antes estava Fechado, Hórus, o Abridor, tomou seu assento no Oriente, no Equinócio dos Deuses. Mas, para retornar à Terra, ou Malkuth, como a filha caída. O verdadeiro ensinamento, como eu vejo, é isso. Malkuth, a Esfera dos Elementos, ou Matéria,

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foi confundida com o Planeta Terra no lugar de Toda a Substância Material do Universo em forma manifesta. A matéria, como devemos saber, é contínua. O Sol é o Deus deste mundo, seu Pai Físico, e como tal ele é digno de nosso maior respeito e reverência. Fazemos bem em saudá-lo e reconhecê-lo como Rá nos quatro quadrantes. Nós o "vemos" no Levante, no Meio-dia e no Sol Poente; nós "acreditamos" n'Ele como o Sol da Meia Noite, nossas "cabeças" nos dizem que Ele é Osíris do Mundo Inferior. Estas são as velhas doutrinas do "Olho" e da "Cabeça" transmitidas às nossas mentes subconscientes dos Caminhos de "Ayin" e "Resh". "Ver é acreditar", é um ditado que prevaleceu até que os cientistas nos mostraram que não poderíamos acreditar no testemunho de nossos sentidos. Mas toda a doutrina do Nascimento, Morte e Ressurreição do Sol ou Filho, foi baseada neste dogma. Além disso, assim como antigamente, a tradição Sut-Tifoniana tornou-se desprezada, de modo que a Mulher foi desprezada e reprimida pelo Homem, pelo filho que havia usurpado o lugar do Pai. Neste Homem está verdadeiramente uma besta, e exigiu uma Grande Besta, um exemplo vivo prático, para mostrarlhe seu erro, insensatez e práticas malfeitas. Mas o homem interpreta mal e teme a Besta, que, afinal, oferece-lhe o Segredo do Caminho Solar para as Estrelas. Por que ele tem medo? A velha Tradição das Trevas em sua mente subconsciente o detém. Ele teme entrar na escuridão da noite, para não perder a pouca luz que tem nela. Mas esse é o resultado de sua limitada concepção de ligação à terra, que é bastante anticientífica e grosseira. Se realmente acreditamos em Osíris (ou Cristo), por que deveríamos temer descer com Ele para o Mundo Inferior? Dizem que Jesus fez isso antes de se levantar novamente em Espírito para o Pai Celestial, unindo assim o seu Eu Verdadeiro com a Estrela Central Invisível do Universo. Dia e Noite só existem para nós neste Planeta; o Sol não viaja pela Terra para nossa conveniência. Nós, neste Planeta, viajamos ao redor do Sol, revolvendo à medida que avançamos. Assim, a sua Luz só atinge certas partes da Terra a qualquer momento, e o resto do Planeta está nas trevas. O Sol está sempre brilhando e, se considerarmos as coisas do ponto de vista do Sol, começaremos a brilhar também. Mas o Sol, embora Pai deste Planeta, é apenas o Filho da Grande Mãe, o Universo Estelar. Onde então está o Verdadeiro Pai? Esta é a questão que intrigou os antigos Sut-Typhonianos nos primeiros tempos. A dificuldade surgiu através das Ilusões Originais do Tempo e do Espaço, que mantiveram o Mundo em ignorância desde a última Era de Ouro. O Universo é Infinito no Aqui, mas os homens tentaram circunscrevê-lo. O Infinito está sempre presente no Agora, mas

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os Homens olharam para trás e para frente como se o tempo fosse uma linha. Existem Dois Infinitos, ou concepções do Infinito, do Infinitamente Grande e do Infinitamente Pequeno. A extensão do Um nos escapa, o Momento Presente do Ser Puro nos escapa. O Infinitamente Grande, é Nuit, Matéria continua, Mãe das Estrelas. O Infinitamente Pequeno e ponto nao extendido, é Hadit, o Eu Essencial Mais Alto de Todos, a Chama que queima em cada coração do homem e no núcleo de cada Estrela. Ambos são invisíveis aos nossos sentidos e mentes. Uma vez que estes são o Infinito, o Centro está em toda parte e a circunferência em nenhum lugar. Cada ponto no espaço é igualmente o centro do todo, não havendo limite. O Verdadeiro Pai é Invisível, mas o Centro de tudo. Os homens o chamavam de "pai do tempo", mas ele é o pai "agora". O Agora se estendeu como a Serpente do Tempo, Saturno, que tentou Eva, Matéria e causou a Queda, mas Agora é o Tempo aceito, Agora é o Dia da Salvação. A ilusão do espaço, por outro lado, tornou difícil imaginar ou encontrar o Centro; estudar as Estrelas como gostaríamos. Imaginando um possível Limite, os homens não conseguiram perceber como esse Centro poderia estar presente em todos os lugares no mesmo momento do Tempo. O Pai a muito Perdido, Hadit, é a verdadeira Vida de Todos e a Energia Eterna de Todos. Matéria e Energia nunca podem ser separadas, uma sempre se une à outra em uma contínua e eterna união matrimonial. O Universo, como o conhecemos, ou pode vir a conhecê-lo através da Percepção Espiritual, é o Resultado dessa União, a Criança Coroada no sentido mais amplo. Homens e mulheres deste Planeta podem pensar no Pai Secreto como o Sol, até que atraiam esse Sol para dentro do Coração, e olhem para as coisas do Seu ponto de vista. Esta é a concepção equilibrada e harmoniosa da Grande Besta que é o HOMEM. Então percebemos que todo o Sistema Solar gira em torno de seu Sol Central, e assim por diante, até o Infinito. Não há limite para a expansão da consciência no aqui e agora, para Hadit, o verdadeiro Pai está agora em cada um de nós, velado pela Luz do Sol de nosso ser, Seu Filho de Luz Manifesto. Verdadeiramente o Reino dos Céus está dentro de nós, nunca será encontrado fora entre as ilusões do espaço e do tempo. Aqueles que buscaram o Reino dos Céus dentro dele, regozijaram-se nele; mas essa é uma experiência que cada um deve alcançar por si mesmo pelo trabalho. Voltemos então à discussão geral do assunto. Nós dissemos que Malkuth foi confundido com o Planeta Terra, o qual ela é apenas num sentido restrito. Se unida ao Filho ou ao Sol, ela começa a ver o universo do ponto de vista dele. Em torno dela giram os planetas do Sistema Solar, dos quais a Terra é uma das menores. Mas é dito que ela deve ser elevada ao Trono da Mãe de onde ela caiu. Ela deve ser entendida como a Substância Original ou assunto pré-elementar. Também seu trono é a Esfera de Saturno, o mais externo dos planetas (então conhecidos). Ao alcançar a Consciência Solar, ela não deve imaginar que chegou ao objetivo. Este é o erro cometido por 69

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aqueles que são obcecados pelos resultados de Dhyana, a iluminação mais antiga. Ela deve se expandir até a borda da roda, a órbita de Saturno. Ela olhará o Grande Zodíaco, o Universo Estelar em Chokmah. Ela procurará absorver isso como o Pai, seu Companheiro Verdadeiro, e ao fazê-lo expandirá para o Infinito como Nuit, o Ain, encontrando Kether, o Verdadeiro Pai de Seu Ser, ou Hadit, em Seu Centro, tornado Visível pela Extensão Luz do Ain Soph Aur, que é Ra Hoor Khuit, o Senhor do Aeon. Tendo sido assumido para o Céu, seu esforço será o de contratar sobre o centro e de trazer o menino. Mas ela é a Virgem e a criança não nasce, mas "sempre vindo". A força e o fogo do universo se expandem dentro dela. Assim, podemos conceber os Dois Infinitos multiplicados na Criança Coroada. Todos esses Mistérios podem ser discernidos espiritualmente pelos Filhos da Terra que têm dentro deles a Luz da Coroa. O homem, o microcosmo, o pequeno universo, é semelhante a Deus, o macrocosmo. Este é o grande mistério. A Alma, Malkuth, é capaz de absorver em si mesma, espiritualmente, tudo o que está no Macrocosmo, até ser capaz de pensar o Único Pensamento de Deus, que é o próprio Universo. A Alma Animal é aquela que percebe e sente, sem ela podemos não perceber ou sentir as Alegrias do Universo. Desprezada como a filha caída, é nosso maior tesouro, pois é o reino dos céus na terra. Podemos agora entender o Mistério da Revelação, da Mulher Vestida com o Sol, tornando-se grande com a Criança. Como a Besta, tentou Devorar a Criança, e parou o progresso, a fim de que ele continuasse a ser adorado como o Senhor do Céu. Como a Mulher escapou para o Egito, ou expandiu-se até os limites da Mãe de Sut, a Órbita de Saturno e assim por diante até que a Verdadeira Criança foi trazida à Luz dentro Dela e a luz do Sol e da Lua não eram mais necessários, pois Era o Coroada Criança no meio da Cidade Santa. Assim, podemos aprender, através da expansão de nossa consciência para a concepção de Babalon e da Besta, para passar para a Grande Conceição de Nuit e Hadit, e obter nossa herança de Consciência Cósmica, como os Filhos Coroados do Novo Aeon. Isso foi profetizado pela própria Besta, que fez sua vida trabalhar para ensinar; "Primeiro obtenha o Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião, o Eu Superior, em Tiphereth, o Reino de Deus no Coração, e todas as coisas serão acrescentadas a você." Não está escrito na Cabala: "Kether está em Malkuth e Malkuth está em Kether, mas depois de outra maneira"? Esta declaração foi mal entendida devido às limitações de nossas mentes. Malkuth é NUIT, e Kether é HADIT, e quando unidos RA HOOR KHUIT, seu filho está em Tiphereth. Também Nuit disse "Meu número é Onze, assim como todos os seus números que são de nós". Kether é 1, Malkuth é 10, juntos ONze, que é a Esfera Perdida de DAATH, a Criança de

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Chokmah e Binah. Este é o Mistério do Caminho de Aquário, A Estrela, o Décimo Primeiro Signo do Zodíaco, trazido para a Terra na Décima Primeira Hora, antes do Tempo ter engolido o Último dos Seus Filhos, que será como O Primeiro no Reino do Aqui e agora. Frater Achad (Charles Stansfield Jones) Fonte: Egyptian Revival – Cap V Tradução: Alhudhud

Xangô, Leão Rei de Oió, tinta nanquim e aquarela (60 x 40). Ricardo Zolinger Zanin

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O Voto de Obediência Eu recebi uma carta outro dia, me contando sobre como o Voto de Santa Obediência foi imposto em Pasadena. Através disso eu percebi instantaneamente que ninguém nesse iluminado distrito tinha a mínima ideia do que é realmente o Voto de Santa Obediência. Não tem nada a ver com obediência; é uma prática como feita em qualquer outro ramo da Yoga. Se você ler Pequenos Ensaios em Direção a Verdade, encontrará na página 39, uma análise sobre um estado de mente que é caracterizado pela Indiferença. O estudo desse ensaio deverá ajudá-lo a adquirir alguma noção das bases filosóficas que delineiam essa prática, mas você não deve supor que os dois estados podem ser sobrepostos. O transe descrito nesse livro é fundamental e da ordem do samādhi. Ainda assim, o treino do Voto deve ser de inestimável valor preliminar para ajudar na consecução do transe. Parece melhor começar desenhando bem as regras do jogo. Eu digo ‘jogo’, porque a melhor forma de se referir a prática é como um jogo. O pupilo deve escolher um professor. Não importa afinal quem o professor é; ele não tem que ser um membro da Ordem ou uma distinta autoridade espiritual de nenhum tipo. É suficiente que ele seja inteligente, um bom observador e psicologista, e os entendimentos dele nessas qualidades melhorarão rapidamente, na medida que a experiência em jogar o jogo aumentar. É melhor que ele não seja um iniciado, a menos que seja um alto iniciado de fato. Esses adeptos meia-boca invariavelmente enlameiam as coisas e as distorcem. A perversidade humana ou maldição tem seu caminho claro com eles. É muito desejável que o pupilo e o professor devam viver juntos, ou ao menos passar a maior parte das horas de lazer na companhia um do outro. O professor deve, é claro, possuir certa dose de senso comum. Ele não deve, por exemplo, dizer ao pupilo para pular do 56o andar, a menos que ele tenha plena certeza de contradizer a ordem antes que o pupilo se espatife no chão. A regra fundamental do jogo é única e simples: O pupilo deve fazer instantaneamente o que ocorrer ao professor lhe mandar, sem qualquer explicação a respeito da natureza da ordem. É algo como o espírito da Brigada da Luz ou as regras dos Jesuítas, mas a diferença é absoluta, porque nesse caso o professor tinha um objetivo além de treinar o pupilo, e sua emancipação da prisão da circunstância. Na nossa prática o professor não retira nada dela a não ser um aumento do conhecimento a respeito da natureza humana e uma certa habilidade técnica em observação e utilização dos resultados da observação. Por mais que ele possa ser de algum um diretor espiritual, é apenas nesse único caminho, que ele deve ajustar a natureza das ordens ao grau de sucesso atingido pelo pupilo. Um ponto 72

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é de grande importância: ele não deveria dar ordens pouco espaçadamente. O jogo perde seu sentido se o pupilo abandona seu trabalho ou ocupação para atender exclusivamente aos atos de obediência. O professor, por outro lado, deve observar o pupilo bem de perto todo o tempo. Ele deveria se dar a chance de se interessar no que ele está fazendo antes de dizê-lo para se levantar, e esperar na virada do corredor e dizer “Buh!” seis vezes, ou o que quer que seja. Nem as ordens devem ser completamente arbitrárias e absurdas. O professor deve estudar o caráter do seu pupilo bem de perto, para que possa reconhecer instantaneamente a sorte de coisas que mais o incomodam e tentar manter um curso cuidadoso. Ele não deve querer que seu pupilo fique nervoso a ponto de perder seu temperamento a menos que haja uma razão especial para enfatizar essa parte do treinamento que lide com esse tipo de autocontrole. Ele deve, em particular, ser cuidado para evitar abusar de sua função. Ele não deve buscar de qualquer forma influenciar seu pupilo; como eu disse primeiramente ele não precisa ser o superior espiritual do pupilo, e ele deve ser muito cuidadoso para não colocar em sua cabeça que ele sabe melhor que o pupilo o que é bom para ele. Em verdade, o próprio pupilo deve estar apto a assistir muito notavelmente no progresso da prática, especialmente no que diz respeito a estágios avançados onde pontos especiais estão envolvidos. Para fazer isso corretamente, é de primeira necessidade, como no caso de qualquer outra prática, fazer um registro meticuloso e acurado. O professor deve tentar estabelecer algum tipo de escala de medição para colocar no registro o grau de hesitação mostrado pelo pupilo logo de cara ao obedecer à ordem. Outro ponto é que o elemento surpresa é de grande valor. Não é desejável uma rotina de qualquer tipo, a menos, que seja decidido como uma propriedade especial das práticas, a rotina causada pela monotonia da repetição do mesmo ato inútil e sem sentido. Eu realmente escrevo isso na considerável esperança que boa parte dos apontamentos será, na maioria dos casos, desnecessário. Eu gostaria de pensar que pupilo e professor estão unidos por amor e devoção sinceros, por cuidado pelo bem-estar e avanço de ambas as partes, e também é esperado que ambos entrarão rapidamente no espírito do jogo, considerado como um concurso de inteligência, e não fazendo dele uma entediante prática mágica, mas a parte mais interessante dos afazeres do dia. Um pupilo deve considerar que atingiu algo próximo a perfeição nessa prática, quando seu professor descobrir que é impossível perturbá-lo de qualquer modo dando-lhe qualquer ordem. Ele deve executar o ato requerido com completa serenidade, e de fato, digamos, no espírito que a ordem for dada. Não é

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suficiente para ele executar a ordem e pronto. Apesar de saber ser tudo parte de um jogo, ele deve atuar como se houvesse algo muito sério envolvido. Será, provavelmente, a melhor escolha deixar que o jogo seja mantido bem separado do que eu chamarei de sala de aula, pelas primeiras duas semanas, mas quando uma certa quantidade de desatenção pela ordem for adquirido, pode ser conveniente estender a operação do jogo as belas moléstias da vida quotidiana. Ele deve adquirir a faculdade de tratar cada uma dessas ocorrências com o que eu sinto inclinado a chamar de desprezo simpático. Essa prática se revelará como sendo capaz de levar a completa automaestria na rotina da vida diária. Ela proverá completa anestesia e após certo estágio de perfeição atingido, ela também levará da mente a culpabilidade pela preocupação. Eu estou tão convencido disso que eu me sinto inclinado a buscar um novo propósito e começar eu mesmo tudo de novo.

Nota do tradutor: A importância do entendimento do significado de “Voto de Santa Obediência”, se dá no momento em que alguém se candidata a Santa Ordem, visto que outras vezes esse voto já foi confundido com o próprio espírito de reverência e a “obediência” ao instrutor dentro do contexto da instrução, e na figura do ministro/representante do Sagrado Anjo Guardião do instruído. A tradução é, antes de parecer uma sugestão, um convite a reflexão. Aleister Crowley Fonte: La Gitana Vol. I N. 2 Tradução: I. 156

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