Retrato Vivo

  • December 2019
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  • Words: 8,660
  • Pages: 86
RETRATO VIVO Poesias Íntimas

Rodolfo Campos

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Biblioteca Pública do Estado do RS, Brasil) _______________________________________________________________ C198r Campos, Rodolfo Retrato Vivo: poesias íntimas / Rodolfo Campos. – Porto Alegre : edição do autor, 2008. 88 p. 1. Literatura brasileira – poesia. 2. Literatura Sulrio-grandense – poesia. I.Título. CDU: 821.134.3(81)-1 821.134.3(816.5)-1 ______________________________________________________________________

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"A bondade nas palavras cria confiança; a bondade nos pensamentos cria plenitude; a bondade nas doações cria o amor." Lao-Tsé "Tenha consciência que a expressão do seu rosto conta aos outros o que você está sentindo, mesmo que as palavras não o digam." Peter Drucker "Querer não é o suficiente. Temos que precisar de, para sermos bem sucedidos." Platão

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Em memória de Diná, de Luciana, e de todas pessoas queridas de todos nós que já não mais estão conosco.

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Algumas Palavras Por Poesias Íntimas, Rodolfo se apresenta à possíveis leitores que se procuram à si mesmos em mundo fragmentado por quadrantes de todas as formas, lembranças, tempos, cores e gravidades. É assim mesmo: em meio aos próprios fragmentos que o poeta procura ser inteiro e único. Certa vez, a Pablo Neruda foram pedidas algumas palavras de incentivo a um jovem poeta com seu primeiro livro de poemas e o grande poeta teria respondido: “primeiro, faça de cada poema um convite agradável para uma agradável viagem ao universo das palavras que são de todos, mas suas, em particular e deixe isso bem claro; segundo, se falar em sentimentos seus, inclua neles o seu próximo, todos os próximos e também os distantes e quando disser “eu” procure ser apenas peculiar; terceiro, lembre-se que seu leitor só guardará seu poema se o fizer dele mesmo por absoluta empatia.” Em Poesias Íntimas, Rodolfo se diz “existencialista” talvez por privilegiar a existência, “o ir sendo”, sobre a essência pronta, como um abridor de latas em tudo funcional e pré-ideado, tal como pregou o velho Mestre (Sartre). Assim, estes são os primeiros poemas de Rodolfo Campos que pretendem afinal habitar alguma prateleira de livros grafados em páginas vibrantes de aspiração poética. Parabéns e vamos ao mar das palavras! Theresa Medeiros, Professora, Escritora e Secretária da Associação Gaúcha dos Escritores Independentes.

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Minha Apresentação e Dedicatória Meu nome é Rodolfo Campos, mas sou chamado de muitas maneiras: Rody, Lord, Parafuso, Dolfo, Fofo, Nenê, etc. (esse etc. inclui alguns apelidos que prefiro não citar). Sou um porto-alegrense apaixonado por Porto Alegre. Quanto às minhas poesias, procuro inspiração em várias coisas (entre elas, o existencialismo), apesar de que na maioria das vezes é ela que vem até mim. Sou uma pessoa que se considera (e muitos que me conhecem me consideram também) de uma vida emocionalmente ativa. O subtítulo do livro é pelo fato de que algumas poesias que escolhi serem de caráter bem íntimo mesmo, apesar de algumas serem "empáticas", as quais escrevi me colocando no lugar de outra pessoa e há também as que escrevi querendo mexer, tocar os sentimentos mais profundos do leitor. Algumas poesias tratam de religiosidade. Sou um grande questionador, por isso não me encaixo em nenhuma religião, mas creio em Deus (da forma que está nas minhas poesias de religiosidade) e estou sempre à busca da sabedoria, em várias religiões. Se eu ofender alguém com a minha forma de religiosidade, minhas intimidades e com a forma com a qual tento tocar as emoções alheias, isso será algo positivo, pois de alguma forma terei tocado essa pessoa. Ah! E quanto à dedicatória, dedico à todos aqueles que sabem que é para eles que dediquei este livro. Rodolfo Campos

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Sou eu, eu sou eu Por um tempo deixei De ser eu mesmo Daí me tornei outra pessoa Que não sou eu Nunca mais cometerei esse erro novamente Nunca cometa esse erro Isto é só um conselho

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Retrato Vivo Sou o fruto de teu maior amor, Que o mundo de ti afastou, Pelo bem, em suas concepções, De forma errônea, sem querer te machucar Sou o retrato vivo do grande amor De tua vida, aquilo que restou Para tu olhar e lembrar Daquele que mais te amou Sou aquele que vai sempre te lembrar Que um dia tu chegastes a amar Alguém que o mundo de ti levou E que nunca mais voltou Sou uma lembrança viva De um grande amor Sou uma pessoa lúdica, Por isso sou quem eu sou

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Rótulos Não quero ser rotulado Estar com escrito na testa, algo Ser, assim, massificado E a própria personalidade ser deixada de lado Somos mais que palavras, títulos Tribos, orientações sexuais, raças e posições sociais Não somos produtos no supermercado Com rótulos que foram feitos para nos classificar E com isso nos dividir para nos conquistar, Ter-nos em nossas mãos e definir Quem é quem nessa massa Para depois nos confundir Em querer dizer quem nós somos Quando na verdade somos todos um E ao mesmo tempo diferentes universos Que se encontram em ponto algum

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Do Caos à Criação Sou um grande caos, uma grande confusão Um compacto de todas idéias que em um momento Em explosão entram em expansão E assim o todo vai se organizando Preciso como o universo fez, para a criação Deste caos, para depois organizar meus pensamentos Tirar tudo do lugar e depois procurar por uma solução Antes da explosão criativa, compactar em mim todos sentimentos Para criar preciso tanto ser essa alegoria Do big bang, do caos que era antes mesmo Do existir, de algo existir, da poesia Que é imaginar o universo do tamanho de um átomo E pensar que tudo um dia voltará A ser do tamanho de um átomo de novo O universo se expandirá e depois retornará E essa alegoria do caos sempre sigo quando escrevo

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Inspiração Enrustida A inspiração enrustida é a pior que há Ela atormenta, o sono te tira Pego o papel, mas nada consigo externar Mas ela lá está, trazendo-te agonia Mil idéias te vêem, mas não saem E elas ficam a te perturbar Elas querem ir pro papel, mas não fazem Nada para te ajudar Elas gritam: "Ponha-me para fora!" E tu as xinga, pois não dá Ela é enrustida, mas quer mostrar a cara E tudo que se pode fazer é esperar Até que vem a iluminação, a transição Quando todas decidem sair de ti E, no papel, elas vão para a ação E toda agonia da inspiração enrustida tem seu fim

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Ovacionado ou Apedrejado Eu tenho algo a dizer, Eu tenho uma iniciativa Um propósito para a vida Não sou só para falar, só alguém Sim, e aqui eu estou Pronto para ser ovacionado Ou até mesmo apedrejado Pelas coisas que dizer eu vou Mas é melhor arriscar e receber a miséria Do que não ser alguém, ser um fracassado Que nem tenta nada, permanece um coitado É melhor tentar e fracassar que nunca arriscar Lutar por um propósito que ser em eternas férias E nunca, mas nunca mesmo, ficar parado

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Exigente Nada é suficiente, ninguém é para mim Ninguém me preenche como quero Até preenche maliciosamente falando, isso sim Mas, ao meu coração, não há quem seja um elo Elo entre alma e corpo e tudo mais Não há quem consiga essa façanha Talvez eu seja muito exigente, mas Porque peço tanto de uma só pessoa? Espero e espero, mas o perfeito não vou achar Pois este realmente não há E tenho que me controlar e não exigir mais Mais que uma pessoa pode dar Mais que eu possa me doar E tenho que parar de tanto idealizar

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Oh! Doce POA! Oh, Porto Alegre, não sabia o quanto te amava Até eu desejar te deixar para abrir minhas asas Mas com este teu frio, és tão caloroso ninho Com teu povo culto, educado e lindo! Tua história, teus monumentos, todos momentos Que nesta terra passei: ri, dancei, chorei Mas por tristezas nela nunca passei E deixá-la me foi para mim um grande tormento Mas agora estou de volta, doce Porto Alegre Não és a cidade mais alegre que há Mas és aonde eu pertenço, em corpo e alma Não és muito grande nem tens praias, Mas não só a ti eu pertenço, como tu a mim me pertences Sinto-te em minhas veias a correr

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Retrospectiva É minha história e quero contá-la Por isso quero todos detalhes que saibas Por mais sórdidos que eles sejam Para eu poder de mim saber Para eu me conhecer, quero ouvir Como vim parar no mundo Porque e onde eu nasci E, por favor, conte-me tudo Nessa busca, nessa retrospectiva Dos fatos acontecidos, Isso pode causar muita nostalgia E tenho certeza que há um passado lindo Que quero saber para construir meu futuro Que está vindo em meu caminho

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Nostalgia Essa sensação de saudade Da falta que me faz o passado De quando eu tinha menos idade De quando não havia nenhum fardo Toda essa nostalgia Quando eu era feliz e não sabia Nada para me preocupara, para fazer Eu era um livre ser Mas agora não adianta me lamentar Em anos olharei para trás e rirei Até perder todo meu ar E, no tempo, nunca mais vou parar É bom olhar velhos álbuns, Mas não é bom eles vivenciar

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O Paradoxo Eterno da Existência Uma série de mudanças me ocorre por segundo, Ainda não sou quem queria ser Mas sou o melhor que posso dar ao mundo E também o pior que alguém possa querer Sou o paradoxo eterno da existência em pessoa Ofereço as duas faces da moeda a quem quiser Não adianta querer um só, pois veio à toa Então, esteja disposto a tudo quando vieres Nem tudo que é eterno dura para sempre Mas serei sempre a morte para o tédio Pois o eterno é o mais tedioso que se tem Além das estrelas há algo maior, Que não dá crédito a coisas paradas que no universo Existem, por isso, no fundo, até elas se mexem

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A Vida é Surreal As flores que nascem no meu pulso As dores que sinto em ti As cores todas que vejo em tudo As lendas mal-contadas de um iluminado O meu livro na estante que não existe As pedras dos meus sapatos que não saem A alegria que sinto quando estou triste A bandeira invisível que balanço Tudo é surreal, nada é para se entender Esqueça tudo o que te disse, esqueça que te disse Para esquecer, pois tudo que há é um esquecimento É uma lembrança de um superior ser Há pessoas que só entendem tudo isso Depois que lhes chega a hora de morrer Então não adianta mais, a vida é surreal Morte ao ontem, vida ao hoje e luz ao eterno Tempo que temos para aprender e esquecer

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Perder ou Ganhar É a hora do dá ou desce O momento da revelação Quando a máscara cai e a face empalidece Em uma patética situação É a hora de se arriscar E ser quem se é pela primeira vez A hora de tudo dito ser E pelo menos tentar A hora de perder ou ganhar, Sendo fiel aos sentimentos Ainda por cima, a si mesmo Mesmo que depois só se vá chorar E gritar aos quatros ventos O que se esconde a tanto tempo Vá garota, vá contar A verdade que vai assustar

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Egocêntrico Eu sou eu, sou todo meu E de mim não consigo fugir Tento, mas além só há breu E só consigo é permanecer assim Tiro-me de meu centro e me perco Sou eternamente quem sempre fui E não sou nada além, então permaneço No meio do meu mundo enquanto ele rui Não posso ser nada além, nem quero ser E de meu mundo sou o centro Muito além de mim não consigo ver Por que dos outros estou cheio Eu quero é eu mesmo ser E não dar a mínima aos outros

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Felicidade Pós-Moderna Compre um novo estilo de vida E seja feliz por mais seis horas por dia E invista uma bagatela para deletar Algumas desagradáveis lembranças Expulsando todos moradores indesejáveis Que vivem dentro de ti E esse eterno e moderno sorriso Poderá ser pago a prazo por dez anos É tão fácil ser feliz nos dias de hoje Apenas jogue sua personalidade fora E compre as mais novas maravilhas da moda E seja feliz como nos comerciais Alugue um novo corpo e alma Troque seu sangue e rosto Compre novos olhos E veja tudo completamente diferente

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Criogenia Todos correm, enquanto o sol queima nossas peles E lá do outro lado a fúria do mar deixa tudo alagado Enquanto muitos oram para o enviado Chegar o mais breve possível Encontram mais um fóssil, enquanto alguém é congelado Até que encontrem a cura de toda tortura, E um míssil é guardado para uma ameaça Qualquer de guerra que possa haver Pra que procurar beleza em Marte, Se este é o planeta mais belo que há? Gastar tanto dinheiro para ir tão longe, Se há tanta coisa aqui para arrumar? Para que seres quem és se não ajeitas o mundo? E sei que nunca vai me escutar Tudo terá que ser recongelado Até sabermos como arrumar este mundo

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Imperfeição Digital Aqui estou eu, infelizmente natural, sujo Por fora e por dentro, doente e sadio Como animal, meu corpo não passou por um computador, Sou apenas mais uma imperfeição digital Sem voz distorcida, olho-me no espelho Nada é perfeito, sou cheio de assimetrias Tento melhorar, mas não há jeito E assim levo minha vida E é o que sou, uma imperfeição digital... Carente, sonhador, enfim, naturalmente humano Orgânico, carnal, sem retoques, sem arte-final Uma pedra que não foi lapidada, um mortal Preso a coisas fúteis, cheio de cicatrizes Na alma, no corpo, na mente Sem moral, levemente racional, defeitos Que não foram maquiados digitalmente

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Tecnologia e Civilização A lógica que o homem criou E que acabou criando a humanidade Não serve para mim, ela a tudo massifica E não sou assim, sou único como todo mundo A civilização em que vivemos Não é nada civilizada A tecnologia que temos nos ajuda Mas também nos afasta É muita gente para um planeta só É uma população muito grande Em algum tempo não haverá mais espaço para todos nós Mas ainda pode haver uma guerra em nossa civilização Diminuindo a população Ou com nossa tecnologia, viveremos debaixo do chão

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Formatação Estou precisando de uma formatação De alguma forma de reconfiguração Têm muitas informações inúteis E fúteis em minha mente Quero um novo sistema Algo que me tire os dilemas Dessa minha existência Que vive de poema em poema Deve haver algum vírus em mim Que me faça agir assim Que me faça impossível de conectar Que faça meu programa sempre cair Que me impossibilite de rir Que me faça tanto chorar

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Livro Aberto Com Páginas Arrancadas A minha vida é um livro aberto Porém, com páginas arrancadas Todos podem ler o que nele há dentro, Questionar, mas certas respostas não serão dadas Há muito que escondo até de mim mesmo, Há muito de mim que nem eu sei, Mas há coisas que não quero que leiam Para meu próprio (e dos outros) bem Então, as páginas arrancadas eu jogo ao vento De algumas, ainda sei de cor Mas é este meu intento O de certas coisas só eu saber, De outras, eu esquecer E de outras ainda, coisas melhores aprender

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Ombro Amigo É magnífico como eu não precise falar nada Para que saibas tudo de mim, enfim És a pessoa que melhor me conhece, cada Pensamento que tenho, cada reação que eu possa ter Sabes meus segredos a muito tempo, Mesmo antes que eu os tenha contado Se precisasse fazer um perfil meu Certamente tu farias bem o trabalho Impressionante que nem converse tanto contigo Mas que saibas tudo de mim, que estás sempre ali Quando preciso de uma palavra, um ombro amigo Com todos erros que cometi, erros que só Fizeram-te bem, impressiono-me Por ainda me considerares tanto

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Noite Sagrada Eu hoje vi a felicidade nua e crua, No teu corpo e na tua aura Iluminando cintilantemente, como na hora da aurora A mim, com tua perpétua doçura Naquela cama sentia-me em outra realidade, Em algo além do universo existente, Tal beatas em vigília, que de tanto rezar, entram em transe O amor que fizemos foi sagrado Chegamos ao nirvana, juntos, num êxtase De nossos corpos terem se unido E se tornado um ser de beleza transcendental, Que dali nasceu e nos juntará para a eternidade E mesmo que já estejamos com outros, Este espírito, as lembranças vão continuar E quando formos para outro plano, Ele lá estará para nos visitar

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Ícaro Enamorado Se eu pudesse, por uma só noite, Pôr asas e voar ao mais alto do firmamento Só para trazer uma estrela pra ti Não esquecer que és meu único pensamento Depois voaria até ti para entregar, Este singelo presente estelar Fá-lo-ia, por que sei, com toda certeza, Que amarias esta minha sonhada dádiva E sei que se minhas asas derretessem, Tu me apanharias Sei que se meu vôo não desse certo, Mesmo assim, tu me apoiarias Por que me apóias Mais do que eu á mim mesmo Pois o amor que me dás É maior que o que dou a mim mesmo

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Sensíveis Mãos Sensíveis mãos que me tocam e acariciam Com a destreza de um harpista Em cordas, das quais a sinfonia De tua voz sai, conforta e excita Teus belos dançar e olhar, Teu perfeito beijar Faz-me querer te E nunca mais de ti desgrudar Faço de mim uma rosa sem espinhos Para que tu me segures nessas Tuas sensíveis mãos, pois lindos Serão os dias que nelas passarei Mãos tão belas que deslizam pelo ar, Formando grandiosa sincronia Com teu belo jeito de ser, Numa perfeita harmonia

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Bela Visão Quando te abraço eu desejo Poder nunca deixar-te ir E quando te vejo rir É quando quero eternizar nosso beijo Posso ver claramente Que és o melhor antidepressivo Que posso ter, para minha mente Estar sempre nesse bem-estar E assim, tão claro quanto cristal Posso isso ver, que és para mim Um ser de carinho puro, afinal Só tu me tratas assim E nessa bela visão, nesse alfa Sinto-me fora de mim E bem junto a ti Em uma bela fusão alcançada

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Do Perdão à Mentira O que há entre nós começou estruturado Sobre um pilar de mentira Mas a verdade veio e desmascarado Fez-te, despertando-me certa ira Foi um bom aprendizado, ensinou-nos muito E raiva de ti não consigo ter Não há como conceber tal sentimento Por ti, por tão querido ser Tudo bem que é uma situação complicada Mas estou disposto a praticar O perdão contigo, e de alma lavada, Ao nosso romance voltar Pois o que sentimos um pelo outro É tão raro, tão frágil E não quero desperdiçá-lo Por uma mágoa, coisa tonta de humano

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Inspiras Não sei como expressar o que sinto por ti Ou melhor, claro que sei, sei sim Mas a frase soa um tanto quanto cafona Quando ela sai de minha boca E é composta só por três palavras Mas não é aquela clichê, tradicional Ela é um tanto vanguarda Mesmo parecendo ser retrô Tu me inspiras, é o que sinto por ti És o combustível que me faz andar Que me faz todos dias sorrir Que faz eu cantar mesmo sem ter voz para isso Escrever com meus garranchos coisas ruins E dançar, mesmo sem coordenação alguma

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Cinzeiro Nas cinzas de meu cigarro já apagado Vejo histórias, vejo contos Vejo mortos neste cinzeiro lotado De ansiedade que consome aos poucos O cinzeiro, que é um cemitério disfarçado, Cheira mal àqueles que nele não são chegados Mas não é tão mal cheiro para mim, Por exemplo, que me dou a este vício tão ruim Mas são as cinzas do passado que realmente incomodam Não só aos fumantes daí, mas a todos, pois afinal Todos têm coisas antigas que lhes magoam E todos têm seus cinzeiros, seus passados Que, por mais que façam força e de fato apaguem, no fim As cinzas, aquela sujeira fica, e hora ou outra, incomodam-nas

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Revival da União Isto é um revival, não um retrospecto E sei que vamos arrasar Mil corações a cantar conosco Como em alguns anos atrás Nossa manifestação do amor Vai chocar, vai manifestar Em todos o que queremos mostrar Que para o amor, todos somos iguais E o mundo vai vibrar, todos vão amar Nesse revival de arte, revival da união As pessoas podem não mudar, mas pelo menos vamos tocar A alma daqueles que estarão lá Nós os faremos pensar E teremos feito o que devemos

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Quando Tu Te Vais Porque será que eu nem um pouco aproveito Esses dias que passamos juntos, esses momentos Que dividimos, unindo-nos a um só E, quando estou sem ti sinto de mim pura dó? Porque será que só te amo quando tu te vais E nos dias que não nos telefonamos? Eu só consigo te amar quando da porta tu sais E paro quando, da janela, nos abanamos Nada posso entender desse amor que só vem Quando distância entre nós tem... Quando junto de ti estou, Sinto algo que é contrário ao amor E conto as horas para que tu embora vá Mas conto menos as horas para que venhas É bizarro, logo não vou contar Com que tu, esse meu amor, entendas

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A Errata do Maktub Sou um erro num edital Com uma errata logo ao lado Sou algo que se pensa anormal E que tenta de si tirar o fatoDa existência, perde os amigos Pelas loucuras que faz Não sabe ser, não sabe esperar Até o dia em que tudo será lido Pois tudo já estava escrito Porém com uma errata mais tarde Crer no Maktub é lindo Mas temos nossa vontade própria Fazemos nossas erratas, somos coisas erráticas No meio de toda essa paranóia

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Bibelôs Arranco as cabeças dos bibelôs que me destes E depois os jogo fora, todos Para esquecer que um dia me quisestes E assim faço um tolo esforço Pobres bibelôs, de nada têm culpa Nem alma eles têm, nem cérebro também Mas não ligo, neles desconto a raiva Que de dentro de mim vem E se direciona a ti, mas como não posso te alcançar Acabo em nos bibelôs me rebelar, toco-os no lixo Por não poder a ti nele tocar Pois não posso mais suportar isso E os bibelôs se tornam mártires em teu lugar Mas no fim, sofrendo, ainda fico

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Precedendo o Fim Os dias que precedem o fim São sempre chuvosos Eles são sempre assim Tão deprimentes e horrorosos E nem dá vontade de sair Só se quer em casa ficar E o fim esperar Após a noite cair Mais um ciclo se fecha em nossas vidas E um novo nelas se encaixa E essa é, das coisas que há, a mais linda E não saída por onde correr Da forma como é Isso que chamamos de viver

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Sobre Solidão Eu devia ter te dito desde o início Que a solidão, para mim, é um vício É minha verdadeira musa de inspiração É muito difícil ganharem meu coração Eu não quero te machucar, porém sei Que outro como tu não vou encontrar Tu me conheces melhor do que ninguém Contigo, muito aprendi e de ti, jamais esquecerei Espero que seja recíproco, pois Nunca mais acharei alguém assim Dar-te adeus, fazer isto me dói Mais, bem mais, do que em ti Compreenda, sou viciado nessa eterna adolescência Melancólico, desmundo e cheio de uma carência Que, na verdade, quero extinguir Com minha inspiração, minha poesia

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Mausoléu Veja o mausoléu que se transformou a vida, a casa, O coração teu, tudo cheio de remendos, Postos de modo a manter vivas as velharias mortas Que com tal zelo mórbido tens guardado Quadros queimados, pendurados sem mais sentido Corações quebrados, que já cansaste de ver Naquela estante, lembranças de tantos Que já não precisam de teu ser É hora da reforma, de pôr fora Trocar tudo de lugar, trazer paz a este lar Sem este quadro de dor que te consome E no lugar, um quadro que te conforte colocar Destruir esse mausoléu que existe em teu eu E no lugar, pôr algo que de alguma forma te fortaleça Pegar este espírito antiquado que em ti habita E trocar por algo verdadeiramente teu

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A Sombra dos Prazeres Neste mundo de prazeres há essa sombra É terrível saber que um querido teu Foi vitimado por esta bomba Que não pode ser desativada Ela só pode ser controlada Sua explosão, adiada, Não há antídoto, não há vacina A única que há é a prevenção Que às vezes nos dá a sensação De medo do que fazemos com quem andamos Da paranóia que a sombra nos traz, mas não Podemos nos negar do mundo O único jeito é tomarmos cautela, prevenindo-nos E sermos felizes no mundo dos prazeres da Terra Pois a sombra pode atingir a todos, Não só um grupo específico de pessoas

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O Abstrato e Eu O abstrato me trai e atrai Não quero lhe dar sentido Mas ele mesmo se dá E de palhaço me faz A criatura mandando no criador Raiva dele eu sinto por assim ser Por querer mais de mim ter É um ódio pelo qual tenho amor Ele vem na mente, sem imagem Mente que não a tem Mas na folha grita para mim: "Olha minha cara, estou aqui!" E tudo que posso fazer é deixar assim É esquecer, encará-lo e seguir A amá-lo como ele é, Pois o abstrato me traz fé

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Página em Branco A página em branco é um paradoxo É limpa, pura, mas vazia E morta por não ter conteúdo, tediosa Mas traz beleza em sua limpeza Não que as palavras a sujem, e sim Um conteúdo, algo para na folha se ver Por mais que seja às vezes melhor vê-la branca, a fim De nela nenhum conteúdo ruim ter Mas a página em branco é eterna E ninguém pode reclamar direitos por ela Como de palavras escritas, que a querem corromper E as lacunas, nem sempre temos que preencher Pois há beleza no vazio, no nada Inclusive nos vazios que há em nossos seres

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Casulo Como em um casulo, fico Por dias a fio a me transformar Depois de tudo,sinto Tudo em mim mudar Liberto-me de todo mal, Deixo-o com os restos Largo o velho eu em total Comunhão fúnebre com o que deleto Eu amo essas coisas que deixo, Mas me preparo para as novas Depois de largá-las, não mais me queixo E sigo em frente no meu caminho, até ver quando Precisarei formar um outro casulo, Outra renovação em minha pessoa, meu ser, meu tudo e todo

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Presentes do Presente Espero tanto por coisas grandiosas Que não noto as pequenas coisas Que se passam ao meu redor e dentro De mim, as mudanças que ocorrem Martelo e martelo o ferro Do futuro, mas não olho Para os presentes do presente E tudo que se passa em minha volta Repito eternamente Os mesmos erros, sempre querendo E esperando dádivas ilusórias Enquanto não vejo nada das pequenas Senão mudar, nunca vou experimentar O que é ser feliz nessa vida Estarei sempre preso ao futuro E nunca terei nada aproveitado

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Um Ser de Puro Amor Deus ensinou-me a amar e estou tentando Também tento formar uma auto-imagem boa Para eu ser o que estou querendo E assim transformar-me em outra pessoa Que é quem sou só que melhorada Um tanto quanto aperfeiçoada, não amedrontada Um ser de puro amor, cheio de cor Como uma bela flor desabrochada Sei que sou melhor que penso ser Por ser filho Dele, por quem tenho em volta ter E isso não se encaixa a mim, somos todos irmãos, especiais Sei que este fraco que fui até agora foi fingimento Pois, se verdade aquele fosse Eu nem teria nascido, pois sou um filho do Senhor do firmamento

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No Subterrâneo da Minha Alma Nas áreas obscuras de meu ser Há angústia, mágoa e dor Coisas que, do subterrâneo da minha alma Têm, de vir à tona, o prazer No subterrâneo da minha alma Não há coisas racionais humano Há apenas coisas que herdei De meus ancestrais Há ódio, brutalidade, coisas naturais Que sei que nunca vão acabar Que sei que nunca vão mudar Mas que tenho o dever de controlar No meu subterrâneo há um outro eu E tudo que posso fazer é trancá-lo Amordaçá-lo, mas nunca o matar Senão matarei parte de meu ser Sou alguém que tenta ser racional Que teve uma formação espiritual Mas sem conseguir agir e pensar como tal Mas que tem o dever, como todos, de ser alguém

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A Dúvida e os Filósofos Os filósofos ficam a questionar Sobre o belo, o bem e o mal, a ética Mas é difícil a algum ponto um deles chegar Também, do que escrevem, lê-se nada Minto, os acadêmicos lêem E alguns poucos leigos também São os que se afeiçoam pela a cultura E pelas questões do ser, que causam angústia Mas são tantas escolas de pensamento, Divergem entre si, trazendo dúvida De qual dos segmentos que está certo Mas a dúvida é a mãe da filosofia Senão, nenhum filósofo questionaria E o próprio questionamento também não haveria

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O Prazer da Dor Todas pessoas adoram reclamar Amor com dor é fácil de rimar, É mais fácil viver só no sofrimento, Por isso poucos querem mudar Isso pelo prazer da dor Fazemos muito só para nos arrepender, Para ter um porquê para sofrer E nos fechar, ver só a escuridão, nenhuma outra cor Se olhássemos e víssemos a beleza Das coisas, todas, de tudo que nos rodeia Com sabedoria, notaríamos a riqueza Dessa vida, sua magia e grandeza Mas, como anda o mundo nos dias atuais, Não adianta fazer discursos tão repetidos, Iguais aos já feitos por pessoas, de tempos em tempos, E que não mudaram o mundo em si nem um pouquinho

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Orquídeas e Ervas Daninhas Têm algo em comum, esses dois tipos de planta Alimentam-se da seiva, que das plantas mais fortes, Discretamente sugam A diferença é que as orquídeas são lindas, Disfarçam-se belamente, em forma de flor, Já as daninhas não escondem Sua feiúra com pétalas coloridas Em nosso meio também podemos Achar pessoas com as duas formas, São aquelas que te deixam mal, Mesmo aparentando serem tão boas Mas, assim como as plantas mais fortes Sempre têm o alimento para tirar da terra e do sol, E conseguem se manter, as pessoas do mesmo grau também têm À Força Interior e Deus para se agarrarem

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Surrealizando Álbuns Revirando e rearrumando retratos velhos, Em alguns não vejo nem sentido, nem nexo, Relembro neles momentos de alegria E esse tipo de coisa me traz um tipo de nostalgia E os que me lembram coisas ruins Eu rasgo, tentando rasgar aquilo Do passado, que de forma alguma vai sair de mim, Ainda disso sabendo, faço mesmo assim E as fotos, em álbuns bem arrumados, Por mim e por outros, tento reorganizar Tentando mudar a trajetória dos fatos, Tentando, minha vida, modificar Surrealizando a ordem retratada Tentando mudar minha vida já passada, Fingindo que certas coisas não aconteceram Para me sentir bem e pensar melhor no que vem E o futuro me aguarda com muitas outras, Prontas para serem retiradas Fatos que ficam imortalizadas em fotos, Que um dia serão, por alguém que, Nelas não vê sentido, jogar-lhes-á fora

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Cabeça Erguida Coluna ereta, cabeça erguida, Fingindo a todos que tem uma boa vida Tentando, toda hora, achar uma saída Para que sinta alguma alegria Na solidão se sente tão bem É quando pode chorar pelos problemas que tem É quando consegue largar o peso que vive a carregar nas costas, E encontra tempo para se lamentar Mas o que importa é que tem esperança De achar a cura destas doenças E todas as coisas que o atrapalham, seu dia-a-dia Sabe que não pode só viver na agonia E prometeu não mais fingir, Nem para si mesmo, e não vai mais se acomodar Afinal, já é um novo dia, o sol já vai nascer, E ele vai deixá-lo suas lágrimas, para sempre, secar

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Contrariedades Sou sim um ser contraditório Tenho convicções opostas entre si A cada momento, tenho uma incerteza E sigo a investigar Pois a certeza de uma realidade para mim é uma doença É assentar-se numa verdade e não mais se levantar É nas minhas contrariedades que está Toda a minha sabedoria, inteligência e beleza, Na certeza de que certas respostas nunca se mostrarão E por mais que sejas convicto em tua opinião Sei que também te pegas em dúvida, contra a tua vontade, Por mais que penses que tens a verdade, que tens razão

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Além de Mim (Não Posso Ser) Para quê ser perfeito se tenho a chance De ser o que eu quiser ser? E assim sigo, sem querer ter Qualquer traço de cinismo Posso não ser o que querem de mim, Mas pelo menos sou algo Enquanto muitos não são, o que é ruim E questão de ser eu faço Defeitos todos em mim encontram Mas não posso ser outra pessoa Além de mim, de quem eu sou E eu sou, sou sim E crio motivos para existir Diferentemente de muitos por aí

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Desvendando as Palavras Leio e releio o que tu escreves Como quem faz uma prece Quase que em transe Como se assim te desvendasse Assim tento, por tolo meio, Encontrar-te no seio Das páginas do livro, Onde fazes o mais lindo, Mais belo dos ofícios, O de escrever a beleza De criar, como a natureza O ofício de criar em palavras Um mundo à parte Assim te faz como uma deusa Pois este mundo parte de tua alma, Que tento desvendar nas palavras

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O Cultivo do Eu Não sabemos quem somos, perdemo-nos Alienamo-nos no meio do povo, Massificamo-nos, tornamo-nos um todo, Esquecendo de cultivar a alma que nós temos Devemos todos nos sentar e encontrar Aquilo que perdemos, o "eu", O teu, o de cada um que há, Aquilo que temos de especial e no individualizar Egoísmo tem o seu lado ruim, Mas também tem seu lado correto (E há o egotismo, que é o pior, mas a questão não é essa) Devemos ser egoístas do jeito correto Encontrar quem somos, sem influências externas, E, com isto, fazer do "eu" um cultivo E amar o que temos de individual, e também das outras pessoas Relembrar que não somos uma massa Cada qual com sua luz, iluminando aos outros, Assim, talvez, trazer paz as nossas ruas e casas E nos amarmos, como pequenas partes que formam um todo

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Cores Sou um homem de muitos sonhos, Que quando a realidade me assusta, É neles que me escondo Mas muitos deles não quero materializar Só para poder vivê-los em seu estado lúdico, Fantasioso e colorido e assim contrariar O cinza que seriam se efetuados Porque nada real é cor total, As cores são só fruto de nossa mente Que, como vemos, entende-as, Dependendo de como nelas reflete a luz do sol E, por as cores serem fruto de nosso cérebro, Só lá elas podem existir, e não quero realizar, Tirar alguns certos projetos de lá, Para que eu tenha, em meus sonhos, belos quadros para olhar

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Indivíduo Bem Individualizado Não trocaria de jeito algum Minha individualidade por um senso comum Não seria, de forma alguma Um ser de forma massificada Se eu me vendesse a algum todo, seria qualquer um Não que eu seja superior, mas sou um Indivíduo bem individualizado, seria só mais algum Numa soma, sem muito, entre eles, para diferenciar Onde são todos entre si quase iguais, Não existem sozinhos, não têm razão para existir, nem opinião própria têm, Ficam sempre com as mesmas conversar e sempre as mesmas conclusões, Até parece que nem sentem Claro, ser parte de um grupo é necessário, Mas deve ser um diferenciado entre si, E ter noção que tu és um ser e, tem o dever de ser individualizado

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Plantio e Colheita Na vida há sempre dois tempos: O de plantar e o de colher O que se colhe depende do jeito Que tu plantastes a semente Há um tempo certo para o plantio E um tempo certo também para a colheita Não se deve ser, com esse tempo, querer que ele seja corrido, Ser afobado, nem que seja muito de maneira muito lenta É também importante que saibas bem Escolher as sementes que vais a plantar É necessário, elas, saber selecionar Tudo que colhes é como é Pela forma que tu mesmo plantastes, Não por outra coisa qualquer

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Jardim Cândido Um jardim de flores e cores Odores e perfumes pueris Sincero e sem dores Num todo de espíritos juvenis Um jardim cândido Devemos cultivar, puro Doce e brando Onde haja bem em tudo Foi o que nos foi ordenado Criar e cultivar boas coisas E esquecer, deixar as ruins de lado Para serem boas as que colhermos

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Orgasmos Esse momento que nós dividimos, Oh, momento de puro prazer Que me faz eterno ele ser Quando estivemos com nossos corpos unidos No momento que nos violamos Violentamo-nos com amor Unimo-nos e fomos, em prazer, um só Nós dois em um, naquele momento Orgasmo, glória de Jeová, da criação, Fim dum longo prazer, duma união Não só carnal, de muita emoção Tudo começa e acaba com essa sensação, Os franceses chamam isso de "a pequena morte" E eles não estão errados não, Nossa vida é uma sucessão de orgasmos, É o que sentem nossos pais quando somos feitos E, desse gozo, somos uma extensão

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O Todo Uno Vejo Deus no olho dum gato, No sexo, no amor, numa árvore, Numa almofada e até num sapato Vejo-O até em ti, seu paspalho E Ele, Ele do que falo sabe Pois está em todo lugar Des’das pedras até às nuvens, Em todo o ar que respiramos E além É onipresente em espaço e tempo É tudo que somos, Dividiu-Se no Todo, no que vemos e no que nem sentimos, Está em tudo e ao mesmo tempo é Uno E assim Ele sempre foi e continuará sendo Por toda eternidade, interminável, Sendo sempre essa presença amável

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A Lótus Espinhosa A verdade é uma lótus que é espinhosa Nasce do lodo, aonde acorda Com beleza, e sutileza ela exala, Mas faz sangrar segurá-la E é difícil de contá-la Deve-se entregar d quem a quer, Fazer esta pessoa tocá-la De forma a lhe sangrar E fazê-la com que sinta, Fazê-la ver como é nas mãos ter Algo tão belo e doloroso, a mais fina Das flores, que da sujeira vem Mas essa lótus tem um diferencial Tem espinhos, e causam uma dor mortal Dor que ilumina o caminho e traz claridade Tanto pro passado quanto pro futuro Tu queres a verdade?

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A Luz e Suas Ausências Não há pecado, não há benfeitoria, Tudo o que existe é a luz e sua ausência, O Deus Uno, o universo que nos permeia É quem rege nossas vidas O que vemos é pura ilusão e o que há de verdade, A luz e suas ausências, não podem ser vista ou tocada, Não pode ser explicada com nossas palavras, Com a linguagem que criamos para explicar a materialidade Todos tentam explicar, criam pontos-de-vista, Cada qual correto para si, criam guerras por isso Mas não há jeito de, através de nossas línguas, O que em nossas mentes não entendemos, pôr-mos em um livro Somos muito limitados ainda, Não saberemos a verdade em vida, Porque com a mente e a tecnologia que temos e usamos Só podemos é explicar a natureza, pondo nomes e definições, Mas não há jeito ainda de explicar o Deus que a cria E tudo que sabemos é que há a luz e suas ausências

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Um Novo Prazer Quero algo completamente novo Diferente do que têm os outros Que não seja estranho, nem muito louco, Mas que fuja desse cotidiano Não quero nada ilícito nem perigoso, Mas que não esteja ao alcance de todos Algo que seja real e totalmente prazeroso Que me tire de mim e me faça sentir-me poderoso Quero prazer, um novo prazer, Que eu nunca tenha experimentado antes, Do qual seja o descobridor, o inaugurador, Que eu seja o primeiro a sentir, a fazer Vou encontrar este prazer que não sei Onde é que ele pode estar O inventor disso eu serei Estou cansado com esses que por aí há

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Delfos Delfos nos dava difícil tarefa, Conhecemos melhor quem é o outro Do que a nós mesmos, o que leva A crer que é impossível chegar a esse ponto Entrar numa busca do verdadeiro eu... Não temos tempo hoje em dia para isso Mal sabemos do que fazer gostamos, E nem temos tempo para algo fazermos Estamos tão massificados, padronizados, Que nos perdemos no meio do povo Sem nunca descobrirmos quem somos E trocamos nossas desconhecidas individualidades Pelas características das tribos em geral Perdendo, assim, toda nossas identidades

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Dias Simples Dias simples, onde nada acontece Onde meu mundo, parado permanece, Esperando que algo a mim viesse E a mim, uma chance desse Talvez pudesse eu amar Todos que por mim passaram Mas não foi isso, não E os anos se foram sem mim Nada se passa por aqui Nem vem, nem vai Dias simples, vazios, sem nada de mais Tudo estagnado ao meu lado Só o murmúrio de um rádio Embalando alguém badalado Trazendo e levando emoções Cantadas por alguns bons chorões

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Abra os Olhos, Criança Abra os olhos, criança, A venda que os protege, com inocência, Dos mistérios da vida já é desnecessária Já tens tudo para sair da infância Criança, lave a cara e olhe em volta Veja o pesadelo terreno que te rodeia, Transforme-o em areia, E molde em teu maior sonho Ponha-te de pé, criança Pare de engatinhar feito um bebê Confie em tuas pernas, elas podem te levar Aonde quiseres ir, à qualquer lugar Levante e ande, Tu podes És bonito e forte, por fora e por dentro Pegue as armas que tens e vá lutar! Abra os olhos, criança Não és mais um bebê Podes ter o mundo, é só parar de só sonhar, E lutar para seu sonho se concretizar E lutar E lutar E lutar

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O Caminho Procuras por uma nova inspiração, Um novo sentido para tudo que te rodeia, Algo maior, um motivo pra tua existência, Que te dê, para estar aqui, uma razão Olhas por todos lados, nada encontras Não achas sentido na música, nos livros, E nem mesmo no sagrado prato de comida Mas há este lugar que nunca procuras: Olhe para dentro de si, lá está Tudo que precisa para seguir, Só lá que podes encontrar Deus na Sua forma mais pura Livros, músicas ou palavras, Nada vai te levar a Deus Se estiveres fechado para Ele em tua pura alma

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Mausoléu II (Coisas Que Eu Não Disse na Hora Certa) Às vezes ainda me sinto num mausoléu Com coisas repetitivas ao meu redor, Erros do passado que me escurecem como breu E pensamentos mortos, que se levantam do pó E me parece tão difícil redecorar isso, Jogar esses quadros fora me dói Estou, por esses fatos todos, viciado Mas esse passado ruim me corrói Não, nunca vou me esquecer, essas coisas todas vão sempre me perseguir Mas preciso mudar, botar fogo nisso Por mais que, na memória, insista em existir As dores me tomam conta, de coisas que não disse, Atormentam-me até hoje, onde existe Ódio no lugar do amor construidor Mas o tempo de serem ditos já se passou

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Marketing Não importa o que falem de mim, O que importa é o meu marketing Nada mais conta, sendo assim, Faço de tudo para ser comentado, Para ser notado, falado Quero meu nome na boca do povo De ficar no anonimato, estou cansado Quero que falem de mim em côro Assim, de tudo faço para ser apontado No meio do resto das pessoas, Cutucando-se e cochichando, Meu nome baixinho no ouvido dos outros E o marketing cresce, e vai Para além dos limites da cidade A coisa toma conta de mim e sai, Tomando conta de outros lugares

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Coisa Inacabada Não há razão, para mim não há, Tudo anda, tudo se mexe, é um movimento só A coisa toda fica de ponta cabeça Dança, remexe-se, mas morre de inércia E por que querer achar algo deste tipo? Eu fico a me perguntar, E A ME PERGUNTAR FICO! Sinto algo chegar, mas é puro alarme falso E, na indagação, idioticamente eu sigo E só vêm frases sem sentido, histórias sem moral Coisa inacabada, pintura no canto jogada Não há nem esboço e nem arte-final Mas a coisa se mexe e respira, é animada! O pior, a tal coisa fala, apesar de ser idéia abortada E ela não quer morrer, dou-lhe o conselho, mas ela não se mata Tem grande vontade de viver e mostrar para quê veio Tem sentido, por mais que não o ache, por mais que seja coitada

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Refém da Fama Não quero jogar meus ideais Ralo a baixo, mas é o que parece Que a maioria das pessoas faz Quando sua popularidade cresce Não quero me transformar em um nada Em um bonequinho que é manipulado Cujas palavras a serem ditas são dadas E a boca tem cordas dos dois lados Não quero ser o que tu és, Um refém da fama Que faz o possível para ser aclamado Para ser, para todos lugares, convidado Usando ideais falsos como propaganda Para algo que se diz apartidário Fazendo disso tudo, para idiotas, uma ciranda

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Máscaras Quando as máscaras caem e se mostra O verdadeiro Eu das pessoas, O interesse real das coisas A realidade, ela se desdobra Ela grita na nossa cara e assusta, E nos faz ter que mudar Faz-nos uma máscara também ter que usar, E para fora da verdade nos chuta E esta máscara não me enobrece, Ao contrário, espiritualmente me empobrece, Enquanto não chegar aonde quero estar E a verdade me faz mentir, Enquanto a dos outros se faz cair, Temos que uma colocar

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Mise-en-Scéne Perdi-me em minha mise-en-scéne Sim, hoje eu surtei de vez E joguei tudo para o alto, Esquecendo quem sou de fato, Não tem problema, hoje eu surto, Estrago tudo, amanhã eu arrumo Amanhã, os cacos, eu junto E refaço como era antes tudo Recupero amanhã minha mise-en-scéne, Hoje não quero ser dirigido, Hoje serei um pássaro ferido Por uma espingarda a cair, com uma asa furada Sem edição, direção, nada Que me faça ser de outra forma Amanhã o diretor retorna E me retoma

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Fortuna da Alma Nunca se fala do que vem após a bonança Este vazio, falta de propósito, Isto até parece uma doença Isto, que é qualquer coisa Mas vem sempre uma nova tempestade Que é causada pelo, do vazio que se sente, choro Como se, para existir, isto fosse um imposto Então tudo se reestrutura, vem a nova bonança, A fortuna da alma, um motivo para se levantar, a simetria, Até que, nova tempestade virá, um dia

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Um Homem Verdadeiro Vejo a realidade, e não gosto do que vejo Pois ela se opõe ao que desejo Que ela seja, escondo-me na fantasia Analiso minha vida, volto e deleto Tiro da minha realidade o que me desagrada E me torno o que quero ser Sem precisar de artifícios para esconder Qual é minha verdadeira cara E sou quem sou porque sou Quem não sou, porque me ensinaram A ser sempre um homem verdadeiro E sou coroado de felicidade pelos meus atos Ele é bom e sabe, é o único que sabe Toda e qualquer verdade

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Licor dos Deuses Preciso a cada dia de um novo mundo, Uma nova forma de me expressar, um novo sentimento Fazendo-me ir atrás de tudo Que possa me inspirar, por fora e por dentro Então penso e penso, tento e experimento Todas experiências que me levem a tal intento Correndo atrás (às vezes um pouco lento) De,de sentir a cada dia, um novo jeito E assim sigo nessa jornada emocional De sentir-me como um mortal Que experimenta o licor dos deuses Que embriaga de emoções, total Até que se possa ver que nossos quereres Não são coisas só de um ser carnal

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Anjos Não Morrem (À Diná) Um milhão de poesias farei pelo amor que tenho por ti, Minha guardiã, meu anjo sem asas, cheia de esperança e perdão Sempre fostes forte, um exemplo, e sempre estarás Viva em minha alma, em meu coração Não morrestes, eu sei, apenas vestistes tuas asas E voastes alto e de lá, cuidas de teus entes Com a tua proteção, sempre estaremos bem, Sempre haverá a bonança, Mesmo nos momentos de tempestade E quanto a mim, sempre serei a tua criança

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Nautique Tenho navegado a tanto tempo por estas ruas desertas de emoção, No meu barco à vela, contra o vento, sempre chegando à Ilha da Solidão Ainda espero desembarcar naquela esquina inexistente, Paula Soares com Coronel Vicente, e tu estar lá Mas também tenho estado naufragado Nesta ilha de carinho, que é meu lar Isto entra por todos lados do meu barco, Enche-me de pessoas que só posso é amar Quanto a ti, ainda vou te achar, através de uma estrela enfeitada, Guiando-me para onde estás, Esperando para navegar comigo, nesse barco de amor, até que eu vá aportar em um cais

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Lá Estava vindo e, ao mesmo tempo, ouvindo Tua voz a me chamar, meu nome a clamar, A lembrar-me quem sou, este lindo Ser que, desde cedo, aprendi a ser Parece-me que dele esqueci lá Lá estava sendo tão diferente, Lá esqueci quem eu era Mas voltei, e nunca mais esquecerei Naquela terra de bárbaros, muito aprendi Mas agora estou de volta, a ser quem sou E à terra amada, onde nasci e cresci, E tão cedo daqui não quero sair Muito senti falta daqui, agora Estou de volta e quero ficar aqui

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Amor a Retribuir Depois que descobri o sentido para minha vida Tudo mudou, e pensar que saí dela Passei muito tempo sem compreendê-la, Mas nunca deixei de amá-la Recebi muito amor, Agora tenho que retribuir Não precisas ter medo, O que tu não entendes Muita gente não entende também E muitas coisas para sempre Ficarão nesse non-sense

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A Árvore da Vida Vejo, no horizonte de minha vida, Uma árvore a me chamar ao seu topo, Onde há conforto e calor, de onde posso tocar O sol e repousar nas nuvens Mas, para isto, ela me diz, Devo escalar todos seus galhos, Experimentar suas frutas amargas, Verei muitas belas flores, mas terei que me ferir em muitos espinhos Mas farei tudo isso para tocar os céus Tenho que fazê-lo, pois todos estamos aqui Para isto, e por isso tudo, devemos passar Temos que enfrentar a existência, até o fim Devemos escalar esta árvore da vida, Todos merecemos tocar o céu E eu vou me esforçar, com a finalidade De chegar à eternidade

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Imortalidade Material Só há um jeito de tornar a existência terrena Algo além da nossa passagem mortal Pois vivemos no tempo, somos coisa passageira Morremos e só então nos tornamos algo atemporal E o jeito de tornarmos nossa passagem imortal É deixando matéria para os que vierem depois Algo para olharem e lembrarem do tal Ser que existiu mas já se foi Então serás eterno, terás um sinal, Um símbolo, uma marca, uma obra terrena, uma materialidade imortal E serás tatilmente transcendente Não só alguém que por aqui passou Mas que algo deixou e se destacou

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