Rainha. «Faz-te rainha meu amor» pensou ele desviando os olhos. Volto quando te merecer», disse-lhe ele enquanto o perfume dela o inundava. Quebrou o silêncio naquele quarto e, lentamente afastado com força e indiferença dela. Ela cobriuse melhor pela aragem que começava a entrar, mas não falou. Estava deitada sobre um braço, e com o outro segurava o lençol protegendo-se. «Já só quero o teu sexo a tua boca e os teus seios, já só te quero de costas de baixo de mim, só penso nas tuas mãos os lábios da tua boca, como tu respiras, e os teus olhos de menina quando se fecham vêm o quê? No vazio do quarto, a verdadeira luz que entrava não iluminava o suficiente, fazia-se assim um misterioso silêncio que podiam até ser as mesmas sombras, que eles tapavam as bocas. Ela prostrava-se agora constantemente receptiva a ele. já nem o desejava, pensava ele. E quando ela acabava prostrava-se de novo nessa posição infindável de quem perdera o trono. «Rainha dizia-lhe ele» Ela nem o ouvia: mexia-lhe o sexo e beijava-lhe a pele com as mãos Lembrou-se agora do fundo dos seus pés, onde antes ouvia o movimento do mundo. E abraçou-a interrompendo essa separação, pretendendo interromper. E ela olhou-o, matando lentamente um segredo. No fim destes dias ele começava assim a vê-la nua pela primeira vez. Via-lhe a simplicidade e a extrema dedicação ao prazer, mas não a percebia vialhe a boca a sorrir, e não percebia. Sentia-lhe as mãos e o rosto deitado no seu peito e não entendia. «Rainha», dizia-lhe então. E ele não ouvia.