Paulo Martins
10 de outubro de 1991
máquina do tempo
Morre o ex-vereador e desportista Osmar Xiquinho Zimmermann. Na foto: Alvir Preisner, Fernando Gomes, Osmar Xiquinho Zimmermann, o bicampeão mundial Djalma Santos
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D8 - O Paraná
Domingo, 4/10/2009
HISTÓRIA
Quando os estrangeiros dominavam Metade do Paraná era terra virgem ou propriedade das obrages – empresas de capital argentino e inglês Cascavel - Em 29 de setembro de 1905 o Estado do Paraná passou a Colônia Lopeí (no atual Município de Cascavel) ao domínio da companhia Nuñes y Gibaja (NyG) – dois empresários espanhóis radicados em Posadas. Era então o auge do poder estrangeiro sobre o interior paranaense. Pode-se ter uma ideia do imenso latifúndio controlado pelos estrangeiros na região quando se compreende que a obrage (obraje, em Espanhol) NyG era apenas uma dentre outras empresas de capital estrangeiro que comandavam a economia regional na virada
Jorge Schimmelpfeng, prefeito de Foz do Iguaçu, representou os ingleses na formação da Fazenda Britânia
do século XIX para o XX. Só o tamanho da área cedida pelo governo paranaense a essa empresa argentina é surpreendente: 1,4 mil hectares. Além de Lopeí, foram entregues os Pousos Guajuvira, 1° de Outubro, Arroio Grande, Palmito, Pouso Frio e Toledo. Cada qual tinha cerca de 200 hectares. Lopeí se tornou uma importante sede administrativa da NyG. Com a revolução de 1924, os estudos militares determinaram a grande importância estratégica da região no contexto sul-americano e começou o declínio das empresas estrangeiras, especialmente porque a área cedida pelo Paraná à NyG veio a ser imediatamente em seguida repassada a interesses ingleses. A NyG sequer chegou a impulsionar o desenvolvimento regional, como fez na Argentina, pois apenas assumiu oficialmente a propriedade de uma área superior à do atual Município de Cascavel e logo a transferiu ao capital inglês. Com isso, os serviços de coleta e transporte da erva-mate de seu porto no rio Paraná até Buenos Aires foram logo substituídos pela companhia inglesa que formaria a Fazenda Britânia: a Companhia de
Histórias do Paraná (72) A família de Pedro Zilso Barella abria estradas no interior do atual município de Corbélia, com o apoio de Apélio Casagrande, nesse promissor início de década. Barella havia sido contratado pela Fundação de Colonização e Imigração para abrir estradas com máquinas Catterpillar, além de prestar assistência à Serraria Corbélia no setor de maquinaria. Depois, na década de 60, iria se integrar à direção do Parque de Máquinas da Prefeitura de Corbélia. Já Apélio Casagrande, além de agricultor e construtor de estradas, contribuiu com a construção de pontes e escolas, tendo sido mais tarde vereador em Corbélia, representando a região da Penha. As margens do rio Caixão começaram a receber colonos provenientes de Erechim (RS), que gostaram do lugar mas não do nome que a vila ganhou, derivado do rio, mudando-o para Cafelândia, já que, nessa época, havia grandes plantações de café na região e o Paraná já se destacava como produtor da rubiácea. Novos projetos de colonização no Oeste começaram a se desenvolver na região em 1952, um dos quais o de Palotina. A caravana pioneira que veio para idealizar Palotina partiu de Concórdia (SC) formada por uma camioneta, um automóvel e um caminhão Chevrolet Tigre. A iniciativa foi do farmacêutico Abu Dequech, que, dentre outras proezas, já havia fundado a cidade paranaense de Assaí e a catarinense Ipumirim. (A seguir: A década de 50)
Fotos: Divulgação
Madeiras do Alto Paraná. A NyG, no entanto, não ficou na história por seus frustrados projetos de colonização no interior do Paraná. É à NyG que se deve, além da profissionalização do transporte fluvial no Alto Paraná, o início da exploração do turismo nas Cataratas do Iguaçu. Em 1898, quando ocorre a primeira caravana de visitação, a escritora Victória Aguirre (1860–1927), que in-
NyG sequer chegou a impulsionar o desenvolvimento regional, como fez na Argentina tegrava o grupo, ficou inconformada por não haver uma boa estrada permitindo o acesso do público aos maravilhosos saltos. Foi quando tomou a decisão de patrocinar a construção de uma estrada para permitir o acesso de turistas às Cataratas. A NyG entrou com mais dinheiro, máquinas e pessoal para concluir a obra. Era de seu interesse, pois a estrada daria fácil acesso ao hotel que a empresa tinha no
Dos ingleses aos gaúchos Quando explodiu a II Guerra Mundial, em 1939, os proprietários ingleses da empresa Maderas del Alto Paraná reduziram e depois paralisaram suas atividades até o final do conflito. Afinal, o governo argentino era simpatizante dos nazistas, cujo projeto seria anexar o Brasil – ou ao menos boa par te do Sul brasileiro – ao território platino. Com o fim da guerra, os ingleses redirecionaram seus negócios e a Fazenda Britânia foi posta à venda. Em abril de 1946 um grupo de empresários rio-grandenses – Willy Barth, Alfredo Ruaro, Luiz Alberto Dalcanalle, Curt e Egon Bercht, Julio Gertrum e Azevedo Bastian – compram a área e constituem a Industrial Madeireira e Colonizadora Rio Paraná S/A (Maripá), que passa a controlar 124 mil alqueires de terras. É a origem de Toledo, Marechal Cândido Rondon e seus municípios desmembrados.
A escritora argentina Victória Aguirre, a primeira turista ilustre a visitar as Cataratas lado platino das Cataratas. tríplice fronteira e que viria O nome da escritora bene- dar origem à atual cidade de mérita do turismo foi o nome Puerto Iguazu, que só por que as autoridades argentinas puro machismo não se chama deram ao porto localizado na Victória Aguirre.
O pai do turismo A exploração turística das Cataratas poderia ter começado já em 1889, com a formação da Colônia Militar. No entanto, a administração militar foi um fracasso e com isso os espertos argentinos tomaram frente da iniciativa. Do lado de lá, a escritora Victória Aguirre e os espanhóis Nuñez y Gibaja. Do lado brasileiro, o que hoje é o Parque Nacional pertencia a um espanhol (ou uruguaio), Jesus Val. E assim continuaria se, em 1916, o inventor do avião, Alberto Santos-Dumont, não tomasse conhecimento do fato, ficando indignado com a situação. Assim, Santos-Dumont também pode ser considerado, além de Pai da Aviação, o Pai do Turismo paranaense. Na internet: http://dihitt.com.br/Cascavel; E-mail:
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Calendário 4 de outubro de 1924
8 de outubro de 1904
Rebeldes paulistas invadem Catanduvas e saqueiam a casa comercial de Theodorico Rodrigues de Almeida.
Nasce em Caxias do Sul (RS) o grande colonizador de Santa Catarina e Paraná, Alberto Dalcanale. *** Chega a Foz do Iguaçu para iniciar a demarcação das terras das obrages o engenheiro Ar thur Martins Franco.
5 de outubro de 1930 Como um dos atos iniciais da revolução, ocorre a encampação da Companhia São Paulo– Rio Grande.
6 de outubro de 2000 Morre o ex-ministro (Agricultura e Educação) e ex-governador do Paraná, Ney Braga.
7 de outubro de 1976 Começa a surgir o Parque Ecológico do lago artificial de Cascavel, que mais tarde receberia a denominação de Parque Paulo Gorski.
8 de outubro de 1966 Criado o Município de Céu Azul, através da lei 5.406, desmembrando-se de Matelândia.
10 de outubro de 1952 Padre Luiz Luíse leva a estátua de Nossa Senhora Aparecida em procissão até a atual localização da Catedral de Nossa Senhora Aparecida e declara fundada a nova cidade de Cascavel.