Protesto Contra A Felicidade

  • June 2020
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  • Pages: 2
Protesto contra a felicidade/Ensaio sobre alegria “Mais importante que ser feliz é ser alegre.” Lucas Vinícius F Malafaia [Idos findos de 2008 d.C.]

Há tempos tenho vontade de escrever este ensaio, que poderá ter uma extenção, com algumas determinações e reflexões sobre esse tema, que se acenderam quando eu ouvir meu pai dizer: “Eu sou feliz!” Então se questiona: O que é a felicidade? Segundo o Dicionário Larousse, felicidade é qualidade ou estado de feliz, aventura, beatitude, contentamento, circunstancia favorável, boa sorte, sucesso. Saindo do dicionário, felicidade é gostar do estado em que se está seja em qual área for. Hoje devemos refletir sobre como seu estado (no sentido, digamos, “established”) individual está, inegavelmente, intimamente ligado aos outros. Em nosso sistema capitalista apenas algumas coisas são importantes para estes outros, como: o que você pode fornecer a elas, quanto é gasto com sua manutenção (num sentido mais amplo, o quanto alguém gasta, seja dinheiro, trabalho ou tempo para manter a relação com você) e se você oferece algum risco (seja em competições ou no trabalho ou em qualquer outra situação) resumindo, numa sociedade baseada no consumo você vale pelo o que é no mesmo status quo, e/ou pelo que pode dar. É lógico que, quase, ninguém pensa instantaneamente assim, mas é inegável que você, com tudo o que tem de bom ou mal, foi, digamos, monetizado. Talvez você seja emotivo (a) o bastante, como eu, para pensar que eu exagerei a pouco, porém a sua qualidade de vida está associada ao seu tempo: de sono, livre e de trabalho ou estudo e seu tempo a sua condição financeira. E se você for pensar que a sua vida poderia ser menos prazerosa, com menos sono, mais trabalho e mais estudo, você concluirá que [não minta!] você ficaria muito mais chato (a) ou mal-humorado (a) e tão logo menos feliz. Tudo isso passaria até que você se acostumasse ao seu novo estado sistêmico e começasse a pensar que nem tudo é tão ruim assim e que a vai melhorar no futuro. Então é aí que volta a instalar-se o velho ideal platônico ocidental de que “vai melhorar” e isto associado ao sentimento de “estou bem” realmente reflete a felicidade. Influenciado por Friedrich Nietzsche posso dizer que a felicidade é uma mal, um vicio, comum, platônico, que a quase todos atinge. Nietzsche era o contrário de feliz, mas ele não era triste....Ele fugia de tolos idealismos, buscando a alegria em si mesmo e no viver, sabendo que realmente “o inferno são os outros” ( Valeu @Ticostacruz !) Uma pesquisa sobre felicidade uma vez mostrou que a classe rica (Über rica) era feliz e [pasme!] a pobre também, mas quem realmente sofre mesmo é, a maioria de nós, a classe média que vive desejando ser, ter, poder algo do qual não pode ou ainda não poderá (está alocado/esperado no futuro). Por isso eu venho hoje expor o meu protesto antagônico contra a felicidade (juntamente com Nietzsche e a Bíblia) mais em prol da ALEGRIA. Deve o leitor estar se perguntando se há alguma diferença entre um e outro e o que isto muda em sua vida. É claro que há! A alegria é a frívola chama que está dentro de nós e toda a santa vez nós a desprezamos. Porém quando a mesma vem após uma declaração de amor ou formatura de Ensino Médio, dá uma vontade de pular tremenda. Ou quando, por exemplo, uma mãe morre um choro sem precedentes

invade o coração do filho. Se vocês por acaso já assistiram o filme “O todo poderoso” devem se lembrar que num momento o Bruce (Jim Carey) faz uma sátira com Deus (Morgan Freeman) o chamando de “Sabidão”, sátira sobre a onisciência dEle, e Deus ouvindo vira-se pra ele e diz que é disso que Ele gosta, da “centelha divina” que é o dom que Bruce tem de fazer-se e fazer os outros rirem até mesmo nas piores situações (não, eu não estou dando ênfase ao viés conformista), Bruce é o nosso antiherói (mais que coisa mais clichê, não sei porque eu usei esse termo!) que reclama de tudo, mas devemos nos espelhar nele pois ele vive tudo com muita intensidade até o choro. Por isso peguei o lápis e o papel, simplesmente para explicar a minha epigrafe, e protestar contra esse ideal de felicidade, livre-se de paradigmas, padrões, idealismos platônicos. Eu não estou dizendo que você não deve buscar algo, entretanto digo que deve ter o “pé no chão”. Se rir, rie alto, mas se chorar, chore profundamente, como disseram-me “curtindo muito a dorzinha”, se perder lembre-se que isto é normal e que, você é apenas um humano e para terminar fico aqui com o “meaning” que Nietzsche não entendeu presente na bíblia “Entristecidos porém alegres, abatidos porém perseverantes, sem nada porém detendo tudo” (2 Co 6:10). P.S: Agradeço a uma das pessoas mais alegres que conheço, minha irmã Mayara Lindsay F. Malafaia (@mah_lfm), por digitar esse texto, dar alegria a minha vida etc.

Lucas Vinicius Ferreira Malafaia ou @lucas_vfm Campinas, 16 de Outubro de 2009

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