Disciplina
Fundamentos da Alfabetização
Docente
Carina Maria Terra Alves Magro
Semestre
Data
3
09/10/2007
ATIVIDADES LÍNGUA + LINGUAGEM = COMUNICAÇÃO Carlos Santos (UESB) APRESENTAÇÃO A presente pesquisa objetiva esclarecer a importância de conceitos básicos e etimológicos desta importante equação lingüística da comunicação humana: língua + linguagem = comunicação. Para isto, o saber científico esteve entrelaçado durante sete meses neste estudo, partindo de princípios e conceitos de dicionários especializados e literatura específica. Nesta Era de globalização e contatos com novas mídias, se faz necessário compreender como os falantes ou qualquer comunicador - que emite e recebe mensagens precisam saber sobre o funcionamento do processo de comunicação dos seres humanos. Neste estudo, foi considerada na metodologia, a relatividade de regiões e épocas dos falantes, numa perspectiva dialética. Com isto, teci comentários sobre diversas línguas faladas no nosso planeta. Mesmo porque, desde a Antigüidade, pensamento e linguagem estão ligados num processo de pensar e dizer dos falantes de qualquer comunidade humana. Segundo Rotins, em Pequena História da lingüística, "a língua de um povo é o espírito, e seu espírito é sua língua", ou seja, o modo de pensar e o modo de falar de determinadas comunidades estão indissociavelmente ligados. Para o lingüista Herder, a linguagem e pensamento são inseparáveis: a linguagem é instrumento, conteúdo e forma de pensamento. A estreita relação entre pensamento e linguagem tornou-se lugar-comum na filosofia desde a Antigüidade, ainda que autores como Aristóteles admitisse a anterioridade da abstração e do pensamento, a que, portanto, a linguagem estaria subordinada. Herder, dizia que, tendo em vista a mútua dependência entre o pensar e o dizer, os esquemas conceptuais e a literatura popular das diferentes comunidades só poderia ser adequadamente compreendidos e estudados através das próprias línguas. Na teoria do significado, os teóricos consideram a palavra, que tem seu significado próprio, como símbolos essenciais e imediatos de idéias em estudos de linguagem enquanto enunciados lógicos. Como referencial teórico, fiz consultas em dicionários e leitura da bibliografia citada no final deste trabalho visando obter respostas que convencessem questionamentos do corpus da pesquisa, assim como comprovasse hipóteses no ato de comunicação oral e escrito do corpus. Dessa forma, iniciei a investigação a partir do processo fonológico - vendo a língua e compreendendo o seu funcionamento no processo articulatório, no uso de vogais e consoantes nos órgãos do aparelho fonador. Ao iniciarmos o aprendizado de qualquer idioma, é necessário conhecer onde são produzidos os sons da língua e entender como funciona nosso aparelho fonador. Deve-se também, ter a noção do conceito de língua, seus tipos e suas variações. Biologicamente, a língua humana tem a função de articulador de sons para a produção de sons na execução das palavras. Com as palavras se faz a linguagem ou as linguagens. Com estas, qualquer ser falante passa a se comunicar. Mas para que isto aconteça, o comunicador precisa conhecer os diversos conceitos de língua, de linguagem e de comunicação. INTRODUÇÃO Aparelho fonador e a fala Considerando a produção dos sons necessários à fala, a fonação está associada ao aparelho fonador. Prova disto, estudos da linguagem humana compreendem em duas partes: a primeira, tem por objeto a língua, por ser individual relaciona-se ao psíquico; a segunda, se encontra a fala, que é a fonação, a psicofísica.
Sobre o valor da palavra, constituído por relações e diferenças, são pertinentes alguns comentários. "O que importa na palavra não é o som em si, mas as diferenças fônicas que permitem distinguir essa tal palavra de todas as outras, porque são elas que levam à significação". Com isto, tem-se a noção do fonema, que pode ser "entidades opositivas, relativas e negativas". Com a palavra se constrói a fala, a linguagem. Se a língua é um produto social, a fala pode ser definida como um componente individual da linguagem, um ato de vontade e da inteligência humana. Foram os gregos que perceberam línguas diferentes e divisões dialetais dentro da comunidade da fala grega. Por isto, voltemos ao conceito e considerações a respeito da fala humana. “A fala é um fenômeno físico e concreto que pode ser analisado seja diretamente, com ajuda do ouvido humano, ou com métodos e instrumentos análogos”. Alguns teóricos a definem como “a faculdade natural de falar”. Muitos confundem a fala como linguagem. A fala é um ato individual de vontade e de inteligência. Na verdade, ela é um fenômeno fonético; a articulação da voz de origem a um seguimento fonético audível de pura sensação. O ato da fala se divide fisicamente em três fases: a primeira diz respeito a produção da cadeia sonora pelos órgãos de (articulação e fonação); a segunda, corresponde à transmissão da mensagem com ajuda de uma onda sonora; e a terceira, está associada à recepção da cadeia sonora, isto é, sua interpretação como uma série de elementos de valores distintivo. Sapir, em “A Linguagem”, diz que a fala não é uma atividade simples produzida por órgãos. “Não cabe falar, rigorosamente, de órgãos da fala; existem, somente, órgãos fortuitamente úteis à produção dos sons da linguagem: os pulmões, a laringe, o palato, o nariz, a língua, os dentes e os lábios são utilizados pela fala, mas não devem ser considerados essenciais”... A língua é necessária para que a fala seja inteligível e produza todos os seus efeitos, mas esta é necessária para que se comunique. O ato da fala vem sempre antes da língua. A fala está depositada no cérebro. É a fala que evolui a língua. São as impressões recebidas ao ouvir os outros que modificam os hábitos lingüísticos, por exemplo, dois falantes (emissor-receptor) em comunicação. O ponto de partida será o cérebro, onde os fatos da consciência, a que chamamos de conceitos, se acham associados às representações dos signos lingüísticos ou imagens acústicas que servem para exprimi-los. Com isto, imagina-se que um conceito suscite no cérebro uma imagem acústica, ou seja, um fenômeno inteiramente psíquico, seguido de um processo fisiológico: o cérebro transmite aos órgãos da fonação um impulso correlativo da imagem, depois, as ondas sonoras se propagam da boca A (emissor) até o ouvido de B (receptor), um processo puramente físico. Posteriormente, o circuito se prolonga até (B) numa ordem inversa do ouvido ao cérebro. Isso é uma transmissão fisiológica da imagem acústica. No cérebro, acontece a associação psíquica dessa imagem com o conceito correspondente. O termo (imagem acústica), para Saussure, é a representação natural da palavra enquanto fato da língua virtual, fora de toda realização da fala. Baseado em um dos estudos de Saussure sobre linguagem, destaca-se a relação intrínseca língua/fala. Na definição do lingüista genebrino, língua "é a parte social da linguagem que, em forma de sistema, engloba todas as possibilidades de sons existentes em uma comunidade". Partindo desse princípio, a língua se caracteriza como ato exterior ao indivíduo que, não pode criá-la nem modificála. De acordo com os lingüistas, a língua evolui de geração em geração. Já a fala, é individual e pertence ao falante que tem total liberdade para usá-la. Em "Aula de Português", o poeta Carlos Drummond de Andrade escreve sobre a relação lingüística Língua + Linguagem = Comunicação. Nos versos do poeta, “linguagem/ na ponta da língua/tão fácil de falar/ e entender”... Saussure referiu-se à língua como um “tesouro” onde estariam armazenados os signos, enquanto que a fala seria a organização desses signos em frase, a combinação dos sentidos para construírem o sentido global da frase. Saber um idioma implica receber e memorizar o seu código. Nesta junção, a língua é uma passividade. Enquanto que a fala implica um comportamento ativo sobre a linguagem. O semiólogo Roland Barthes ressalta o caráter dialético do conceito saussuriano, e afirma que só podemos manejar uma fala quando destacamos na língua, a fala. "A língua só é possível a partir da fala: historicamente, os fatos da fala procedem sempre os fatos da língua - é a fala que faz a língua evoluir e, geneticamente, a língua constitui-se no indivíduo, no ser falante, pela aprendizagem da fala que o envolve. A língua é, em suma, o produto e o instrumento da fala, ao mesmo tempo". Com isso, a definição dos termos (fala e língua) depende essencialmente do processo dialético que une um ao outro. LÍNGUA
Língua “é um instrumento de comunicação, um sistema de signos vocais específicos aos membros de uma mesma comunidade. Graças à sua flexibilidade, mobilidade e situação na cavidade bucal, ela desempenha o principal papel na fonação. Seus movimentos provocam modificações na forma da cavidade bucal e exerce uma influência sobre a onda sonora na laringe. A língua, também interfere, em geral, como uma articuladora quando entra em contato na produção do ar dentro da boca, na região laringal e labial que produz o som das palavras” define o Dicionário de Lingüística. Para Ferdinand de Saussure e os estruturalistas, língua é um sistema cuja estrutura se estuda a partir de um corpus, estudo esse que leva a uma classificação, a uma taxionomia dos elementos do sistema. Já no Dicionário de Comunicação (Ática - 1987), em outra concepção de Saussure, língua é o “produto social da faculdade da linguagem”, pode ser também “um conjunto de conversões necessárias, adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício da linguagem”. A língua é, portanto, um sistema de signos cujo seu funcionamento repousa sobre certo número de regras, de correções. É um código que pretende estabelecer uma comunicação entre emissor e receptor. Um sistema de signos construídos pela associação de imagens auditivas a conceitos determinados. E para compreendê-la, é fundamental discernir da fala, o qual será definido posteriormente. Para desvendar esta complexidade, o estudioso francês Roland Barthes, mestre da semiologia, completa a definição Saussure definindo língua como “a linguagem menos a fala”. Sendo uma instituição social e um sistema de valores, para Barthes, a língua é “uma instituição social, ela é parte social e não premeditada da linguagem; o indivíduo, por si só, não pode nem criála nem modificá-la, trata-se essencialmente de um contrato coletivo ao qual temos que nos submeter em bloco se quisermos comunicar”. Em Cours de Linguistique Générale, Saussure explicou: "para nós, ela não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada. Ela é, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de conversões necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. A língua constitui-se algo adquirido e convencional. Pode-se dizer, faz a unidade da linguagem". Portanto, a língua, distinta da fala, é um objeto que se pode compreender separadamente. Enquanto que a linguagem é heterogênea. A língua é um sistema de signos que exprimem idéias, e é comparável, por isto, à escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, aos sinais militares, etc. Pode ser também, "um sistema de sinais acústicos orais, que funciona na intercomunicação de uma coletividade", define Carlota Ferreira e Suzana Cardoso em A dialética no Brasil (Ed. Contexto). No corpus da pesquisa, existiam suas variações, e diversas comunidades e falantes das mesmas. A começar pela língua materna, usada no país do falante, adquirida desde a infância, durante o aprendizado da linguagem. As línguas vivas são todas as línguas utilizadas, tanto na comunicação oral como na comunicação oral como na comunicação escrita, nos mais diversos países. As línguas mortas não estão mais em uso como meio de comunicação oral e escrito, mas substituem essas e são utilizadas, às vezes, em milhares de textos bíblicos, documentos arqueológicos, textos literários, servindo como documento-fonte de pesquisa. O Sânscrito, o Latim, o Grego, também são ditas línguas “mortas”, porém são encontradas em documentos religiosos. No universo pesquisado, existe uma pluralidade de línguas, desde que se fale língua portuguesa, inglesa, francesa, espanhola, entre outras. Aqui, o termo entra em concorrência com outras palavras dialetos, regionalismo, sotaques e patoás -, que também designam sistemas de comunicação lingüísticos. Há diversos tipos e níveis de línguas. Para se conhecer, é necessário mais tempo e mais investigações neste campo. Contudo, uma das principais questões para a lingüística e teórica da comunicação seria: onde essas línguas estão e como são faladas? Para que servem e como surgiram? No meu recorte da presente pesquisa, encontrei algumas definições. A língua-mãe é quando se estabelecem genealogias - ou famílias de línguas tomadas como referência ou resultado. Para o português ou francês, por exemplo, diremos que a língua-mãe é o latim. As línguas-irmãs são todas as que resultam das evoluções divergentes de uma mesma língua antiga, dita língua-mãe. O português, franc6es e espanhol são exemplos de línguas irmãs, sendo o latim, a língua-mãe. A língua franca é o saber falado até o Século XIX nos portos mediterrâneos. Ela é baseada no italiano, compreende diversos elementos das línguas românticas. Denomina-se também língua franca, toda língua composta do mesmo tipo. A língua de união, encontrada nas regiões fragmentadas lingüisticamente, onde nenhuma língua se impõe como veicular, procede-se à constituição de línguas de união. A constituição das línguas de união é baseada na escolha de certos sistemas lingüísticos naturais.
Dialeto, segundo o Dicionário de Comunicação, “é uma forma de língua que tem seu próprio sistema léxico, sintático e fonético, e é usado num ambiente mais restrito que a própria língua”. O termo “dialektos”, de origem grega, enquanto oposto a língua, designa uma língua menor em uma língua maior. Os dialetos são membros de uma família de línguas ou se constituem “famílias” menores inseridas numa família maior. Na Zâmbia e na África oriental portuguesa, encontra-se seis grupos de dialetos diferentes, cujos falantes reunidos estimam-se em cerca de um milhão. Nos países sem uma língua definida, oficial normalizada, os dialetos são formas de línguas vizinhas uma das outras, cujos falantes se compreendem mais ou menos e, por oposição a outros, têm a impressão de pertencerem a uma mesma comunidade lingüística. Eles são também formas locais de comunicação a partir das quais se constitui uma língua de união. Os regionalismos, forma peculiar do falar de indivíduos de qualquer região,(baiano, carioca, gaúcho ou paulista) pode-se entender verificando-se suas diversas maneiras de pronunciar as palavras. Para entender e ser entendido deve-se considerar traços de um falar de pessoas que vivem em um país com variações lingüísticas diversificadas. Os sotaques - conjunto dos hábitos articulatórios realizados por entonações, confere uma identificação própria ou estrangeira à fala de indivíduos. No Brasil, em cada região ou Estado há um tipo de sotaque característico dos falantes nativos. Já o patoá - adaptado do francês patois, é o dialeto social reduzido a certos signos falados somente numa comunidade, em geral, em grupos de falantes rurais. Na visão dos estudiosos da língua, os patois, ou falar patoá, derivam de dialetos regionais ou mudança sofrida de uma língua oficial. Na Jamaica, o patois é formado por uma junção do inglês, francês, espanhol e línguas africanas. É usado pelos falantes nativos da ilha para confundir os turistas. Se para Ferdinand de Saussure, a língua é um sistema, pode-se questionar quais são as unidades deste sistema, defini-la e delimitá-la para que se possa estudar seu funcionamento neste sistema. É um estudo que interessa não só aos lingüistas, mas professores de idioma e jornalistas que fazem uso dela. Mesmo porque, as línguas são unidades complexas, compostas de palavras. LINGUAGEM Os estudos da linguagem foram iniciados na Grécia. Em quase todas as famosas escolas da filosofia grega incluíram a linguagem como seus objetos de investigação científica. Ao contrário dos estóicos, os alexandrinos também se interessaram principalmente pela linguagem como parte dos estudos literários. Lingüisticamente, este reconhecimento se tornou claro na adoção da linguagem adotada entre as províncias ocidentais e orientais. Varrão, gramático latino, foi o mais importante estudioso do assunto. A visão dele sobre a linguagem era que: "o desenvolvimento da linguagem se deu a partir de um conjunto limitado de palavras básicas que se fizeram aceitar para representar os objetos que serviram para reproduzir novas palavras através das mudanças de letras ou da forma fonética". Foi Sibawarth, pesquisador persa com os gramáticos árabes que foram capazes de descrever sistematicamente os órgãos da fala e o mecanismo da fonação. O que contribuiu para novos caminhos e conquistas políticas, sociais e intelectuais que deu início o período histórico na Idade Média nos estudos das línguas e da linguagem humana. A origem da linguagem, ainda que esteja fora do alcance de qualquer ciência lingüística concebível, nunca deixou de fascinar os pesquisadores interessados pelos problemas da fala, e de uma forma ou de outra tem sido permanente centro de atenção desde os primórdios registros históricos. Já houve várias tentativas de afirmações sobre a origem da linguagem. Mas ainda continua a incerteza. O que se sabe é que em meados do século XVIII, dois filósofos franceses (Condillac e Rousseau) já discutiam sua origem. As concepções deles sobre a gênese da linguagem são semelhantes. Para ambos, a linguagem tem origem nos gestos demonstrativos e imitativos e nos gritos naturais. Humboldt foi um dos lingüistas do início do século passado que, em sua teoria da linguagem, ressaltou o aspecto criativo da habilidade lingüística do todo ser humano. Mas o que é linguagem? Segundo o minidicionário “Aurélio”, que classifica linguagem como um substantivo feminino, significa o “uso da palavra como meio de expressão e de comunicação entre pessoas. Forma de expressão pela linguagem própria dum indivíduo, grupo e classe social. Vocabulário, palavreado. No “Dicionário de Lingüística” ela é definida da seguinte forma: “capacidade específica à espécie humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais ou língua, que coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma função simbólica e de centro nervoso
geneticamente especializado”. Esse sistema de signos vocais referido, utilizado por um grupo social ou comunidade lingüística constitui uma língua particular. No “Dicionário de Comunicação”, define-se de outra maneira e dizem claramente que a linguagem está ligada à lingüística e pode ser “qualquer sistema de signos - não só vocais ou escritos, como também visuais, fisionômicos, sonoros e gestuais - capaz de servir à comunicação entre indivíduos. A linguagem articulada é apenas um desses sistemas. Pode ser ainda o recurso usado pelo homem para se comunicar. Instrumento pelo quais os homens estabelecem vínculos no tempo e determinam os tipos de relações que mantêm entre si.” Para o alemão Edward Sapir, estudioso da linguagem, autor de vários livros, a linguagem chega a ser o meio de expressão de uma sociedade, a tal ponto que o mundo real é “inconscientemente construído sobre os hábitos de linguagem do grupo. Em grande parte, vemos, ouvimos e temos outras experiências porque os hábitos da linguagem da nossa comunidade predispõem certas escolhas de interpretação”. Essa concepção mais ampla de linguagem dá margem a duas posições divergentes: a) todas as formas vivas têm certa forma de linguagem; b) a linguagem é um fato exclusivamente humano, um método de comunicação racional de idéias, emoções e desejos por meio de símbolos produzidos de maneira deliberada. A linguagem pode ser caracterizada como a capacidade viva que têm os falantes de produzir e entender enunciados, e não com os produtos observáveis que resulta do ato de falar ou de escrever. Ela é uma habilidade criadora e não um mero produto. Pode ser definida ainda, como um vetor essencial da comunicação e existe uma procura cada vez mais forte de tratamento dos conflitos sociais em termos de disfuncionamento da comunicação. A linguagem também pode ser conceituada como meio de expressões e dos sentimentos individuais que, por ela, o homem se comunica coletivamente. As linguagens são constituídas de três formas: como representação, “espelho” do mundo e do pensamento; instrumento “ferramenta” de comunicação e forma “lugar” de ação ou interação entre falantes. Ou seja, a principal concepção, o homem (ser falante) representa para si o mundo através da linguagem e, assim sendo, a função da língua é representar/refletir seu pensamento e seu conhecimento de mundo. A segunda considera a língua como um código através do qual um emissor comunica-se com um receptor certas mensagens. A terceira concepção, finalmente, é aquela que encara a linguagem como atividade, forma de interação que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais diversos atos. A cada instante, a linguagem implica ao mesmo tempo um sistema estabelecido e uma evolução. A cada instante ela é uma instituição atual e um produto do passado. “De fato nenhuma sociedade conhece nem conheceu jamais a língua de um outro modo que não fosse como um produto herdado de gerações anteriores e que cumpre receber como tal. O único interesse da pesquisa lingüística é investigar a vida normal e regular de idiomas já constituídos. Mesmo porque, um dado estado da língua é sempre o produto de fatores históricos, isto é, que interessa a ciência da linguagem”. (Ferdinand de Saussure, Curso de Lingüística Geral). Existem diversas perturbações da faculdade da linguagem. Como patologias da linguagem há por exemplo: a dislexia e a distografia. Perturbações devidas à patologia mental (autismo, esquizofrenia, entre outras afasias devidas a uma lesão cerebral. A afasia pode ser uma dificuldade ou uma incapacidade de expressão - afasia de expressão, de compreensão - afasia de sensorial; de leitura alexia, ou de escrita - agrafia. COMUNICAÇÃO É o ato ou efeito de comunicar-se. Ação de transmitir e receber mensagens por meio de métodos e ou processos convencionais. Segundo o “Dicionário de Lingüística”, comunicação “é a troca verbal entre um falante, que produz um enunciado destinado a outro falante, o interlocutor de quem ele solicita e escuta e/ou uma resposta explícita ou implícita. Ela é intersubjetiva. No plano psicolingüístico, é o processo em cujo decurso a significação que um locutor associa aos sons é a mesma a que o ouvinte associa a esses sons. Seus participantes ou atores, são as “pessoas”: o eu, ou falantes, que produzem o enunciado/discurso, o interlocutor ou alocutório, enfim, aquilo que se fala, os seres ou objetos do mundo. No sentido que lhe dão os teóricos e os lingüistas, comunicação é o fato de uma informação ser transmitida de um ponto a outro - lugar ou pessoa. A transferência dessa informação é feita por meio de uma mensagem (linguagem), que recebe certa forma, que foi decodificada. A primeira condição, com efeito, para que a comunicação possa estabelecer-se é a condição da informação, isto é, a
transformação da mensagem sensível e concreta em um sistema de signos, ou código, cuja característica essencial é ser uma convenção preestabelecida, sistemática e categórica. O que esta pesquisa objetivou foi mostrar, com alguns conceitos, a relação/equação entre a língua, e a linguagem, para se efetuar a comunicação. Todavia, o esquema da comunicação supõe a transmissão de uma mensagem lingüística entre canais de um emissor (falante A) e um receptor (falante B), que possuem em comum, ao menos parcialmente, o código - língua - para a transcrição da ou das mensagens. CONSIDERAÇÕES E RESULTADOS Conclui-se, contudo, após a investigação científica que o corpus que delimitei a estudar não se esgota tão facilmente. Cabe à lingüística, ciência da linguagem, dá ou abrir novos caminhos de pesquisa e fomentar estudos nesta área. Com isto, nós, seres humanos e falantes de idiomas poderemos compreender seus fenômenos nesta diversidade (mais de 200) línguas do planeta terra, e entender os códigos das línguas ditas naturais faladas no mundo. Ficou constatada também a existência de uma infinidade de línguas, dialetos e patois em várias regiões do mundo ainda desconhecidos para uma grande parcela da humanidade, cuja tipologia é possível estudar cientificamente. Mesmo porque, nesta pesquisa, houve a possibilidade de verificar que no seio de determinadas comunidades lingüísticas, todos os membros (falantes) do português, por exemplo, produzem enunciados que, a despeito das variações lingüísticas diatópicas, diafásicas a diastráticas lhes permitem estabelecer compreensão e comunicação entre os comunicadores/falantes. Tudo repousa sobre um sistema de regras e relações possíveis de descrever, a partir do aparelho fonador. É a esse sistema abstrato, subjacente a todo o ato da fala, que Saussure denominou de língua. E, com ela, os falantes, através da linguagem, se comunicam com o mundo em que vive. Do ponto de vista histórico, a contribuição de Ferdinand de Saussure para a lingüística está dividida em três partes: 1) formalizar e explicar a dimensão sincrônica em que a língua é considerada como ela existe e como funciona num dado ponto de temporal, e a dimensão diacrônica, onde se focaliza as mudanças da língua no tempo; separar a competência lingüística do falante dos fenômenos dandolhes o nome langue - língua, definindo-a como produto histórico e parole - fala como o uso das regras que estão gravadas na mente humana. Saussure mostrou também, com seus estudos, que a langue é a forma e a parole a substância. Definições estas que daria mais um precioso estudo para a teoria da comunicação e a lingüística. No campo fonológico das palavras, a fonética era considerada nos estudos dos lingüistas como ponto de união entre a gramática e a expressão oral. Divididos em intrabucais e extrabucais, os órgãos fonológicos - a glote, os pulmões e a cavidade bucal são responsáveis pelos sons da fala. A fonética, ciência dos sons da linguagem está dividida em três ramos: a articulatória - a mais antiga analisa a maneira como o aparelho fonador produz os sons da linguagem; a acústica - que estuda a estrutura física dos sons da língua, analisando em termos de freqüência, de intensidade e de duração. Efetua uma síntese da fala: auditiva - que estuda os processos da audição da linguagem. Depois de pesquisado a equação Língua + Linguagem = Comunicação na bibliografia específica, constatei que a linguagem não é perceptível, ela é um objeto abstrato cuja existência se postula para explicar as línguas existentes. Para os níveis de língua, foram encontrados conceitos de língua familiar, elevada, língua técnica, erudita e popular, próprias a certas classes sociais, características a subgrupos. Sobre a variação geográfica (que se estuda de forma diafásica, diastrática e diatópica), encontram-se diferentes tipos de línguas. A respeito dos tipos, há teóricos que afirmam existir além de línguas escritas e instituições lingüísticas, há também línguas não ensinadas, como por exemplo, a língua dos ciganos. Diante das constatações do universo pesquisado, pode-se certificar que não existe homem, enquanto ser racional, sem linguagem, nem nenhuma linguagem isolada do ser falante. Com suas peculiaridades e características próprias, os falantes com suas línguas vão construindo suas linguagens e buscando formas de se comunicar em suas comunidades. Assim, o homem por ser histórico e social constrói suas realidades, suas cadeias de comunicação, alcançando lugares de poder e resistência nesta aldeia global de comunicação da sociedade pós - moderna. BIBLIOGRAFIA DUBOIS, Jean & MATHÉE, Giacomo (e outros). Dicionário de Lingüística. São Paulo : Cultrix, 1997-98.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1997. FERREIRA, Carlota & CARDOSO, Suzana. A dialetologia no Brasil. São Paulo : Contexto,1994. MAINGUENEAU, Dominique. Introdução à Lingüística. Lisboa, 1997. RABAÇA, Carlos Alberto & BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação. São Paulo, 1997. ROBINS, R.H. Pequena História da Lingüística. Rio de Janeiro : Ao Livro Técnico, 1997. SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo : Cultrix, 1994. DIALETOLOGIA da ilha confunde os turistas. Folha de S. Paulo, 27/09/99, Caderno Turismo, p. 8, 1999.