Intoxicação Por Medicamentos: Casuística Na Bahia - 2000 A 2002

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INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS: CASUÍSTICA NA BAHIA - 2000 A 2002. JUCELINO NERY DA CONCEIÇÃO FILHO1; EMERSON GOMES2; CLEÓMENES RAMOS CARDOSO2; BÁRBARA FREIRE DOS SANTOS2; DÉBORA LUCRÉZIA PARDO DI NUZZO2; MILA MIRANDA FREITAS2. Centro de Informações Antiveneno (CIAVE). Salvador, Bahia.

_______________________________________________________________ 1-Farmacêutico e Coordenador de Apoio diagnóstico e Terapêutico do Centro de Informações Antiveneno (CIAVE). 2-Acadêmico de Farmácia e estagiário do CIAVE.

RESUMO Números elevados de ocorrências envolvendo medicamentos no Brasil são constatados por todos os centros que compõem o Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (SINITOX). Estas ocorrências constituem um grande problema de saúde pública que se repete todos os anos, como conseqüência de diversos fatores como o hábito da população de se automedicar, o grande número de produtos farmacêuticos disponíveis no mercado e a facilidade de obtenção de medicamentos ditos “controlados” (Portaria 344/98-MS). Este trabalho tem como objetivos traçar o perfil epidemiológico das ocorrências com medicamentos no Estado da Bahia registradas pelo Centro de Informações Antiveneno da Bahia – CIAVE-BA, bem com servir de subsídios para as discussões e propostas visando a busca de soluções para este problema. Foi feito um estudo retrospectivo dos casos registrados pelo CIAVE no período de 1º de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2002, a partir das fichas de atendimento e do banco de dados EPI INFO versão 6.0 utilizado pelo Centro, levantando-se diferentes variáveis como sexo, faixa etária, tipo de ocorrência, circunstância, fármacos mais freqüentes, município de ocorrência, dentre outras. Foram registrados 3.704 casos envolvendo medicamentos no período estudado, equivalente a 18% do total de casos atendidos pelo Centro por diferentes agentes. Verificou-se que 68,9% ocorreram em Salvador. Os tipos de ocorrência mais freqüentes foram intoxicação (85,2%), exposição (4,8%) e diagnóstico diferencial (3,1%). Quanto à circunstância, predominaram os acidentes (principalmente crianças entre 1 a 4 anos de idade, com 24,2%) e as tentativas de suicídio (com um número maior de pacientes do sexo feminino e na faixa etária de 20 a 29 anos). Os fármacos de ação sobre o sistema nervoso central (SNC) estiveram envolvidos em 35% dos casos. Um grupo que também se destacou foi dos analgésicos e antiinflamatórios não esteróides (AINE). Os fármacos mais importantes, por ordem de incidência, foram fenobarbital, haloperidol, diazepan, carbamazepina, bromazepan, clonazepan, paracetamol e dipirona. As crianças continuam sendo as maiores vítimas deste tipo de intoxicação, muitas vezes por culpa dos seus responsáveis que mantém os medicamentos ao seu alcance. Medidas simples como adoção de embalagem de medicamentos com sistema de segurança, distribuição controlada de psicofármacos por serviços públicos de saúde para uso em um curto período, campanhas de orientação à população e uma fiscalização mais efetiva sobre o comércio de medicamentos seriam capazes de reduzir os elevados índices de intoxicação por estes produtos.

INTRODUÇÃO A elevada incidência de intoxicações por medicamentos no Brasil é constatada em todos os Centros que compõem o Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (SINITOX). No Brasil, consiste no o principal agente causador de intoxicações. Este fato se constitui num grande problema de saúde pública que se repete todos os anos como conseqüência do hábito da população de se automedicar, da indução à automedicação pela mídia, do grande número de especialidades farmacêuticas disponíveis no mercado, do fornecimento de grandes quantidades de medicamentos no serviço público de saúde e da facilidade de acesso aos medicamentos denominados “controlados” (Portaria 344/98-MS).

OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo subsidiar as discussões e propostas para a busca de soluções deste problema no âmbito estadual e nacional, bem como servir de parâmetro para rever o elenco de fármacos e sua viabilidade de dosagem através do Laboratório de Toxicologia de Urgência do Centro de Informações Antiveneno (CIAVE), na Bahia, para auxiliar no diagnóstico das intoxicações medicamentosas.

METODOLOGIA Foi feito um estudo retrospectivo dos casos registrados pelo CIAVE no período de 1º de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2002, a partir das fichas de atendimento e do banco de dados EPI INFO versão 6.0 utilizado pelo

______________________________________________________________________________ Trabalho apresentado na forma de pôster no âmbito XIII Congresso Brasileiro de Toxicologia, Londrina-PR, 2003. Resumo publicado na Revista Brasileira de Toxicologia, vol. 16, nº 1 (suplemento), pág. 264, agosto de 2003.

Centro, levantando-se diversas variáveis como sexo, faixa etária, tipo de ocorrência, circunstância, fármacos mais freqüentes, forma farmacêutica e horário do acidente. As faixas etárias utilizadas foram as mesmas adotadas pelo Sistema Nacional de Informações Toxicológicas (SINITOX).

RESULTADOS Foram registrados 3704 casos envolvendo medicamentos no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2002, correspondente a 18% do total de casos atendidos pelo CIAVE por diferentes agentes no mesmo período. Este tipo de agente consiste no terceiro principal causador de intoxicações na Bahia, atualmente. Os tipos de ocorrência mais freqüentes foram intoxicação (85,2%), exposição (4,8%) e diagnóstico diferencial (3,1%). Quanto à circunstância, predominaram as tentativas de suicídio (42,2%) com um número maior de pacientes do sexo feminino (78,0%) e os acidentes (31,7%) (Gráfico 1). O grupo farmacológico de maior incidência foram os psicofármacos com 35% dos casos. Um grupo que também merece destaque são os analgésicos e antiinflamatórios não esteróides (AINE) os quais apresentaram um índice de 10,9%. Os fármacos mais importantes, por ordem de incidência, foram fenobarbital, haloperidol, diazepam, carbamazepina, bromazepam, clonazepam, paracetamol e dipirona.

1% 2%

3% 32% Acidental Uso Terapêutico Prescrição Médica Inadequada Erro de Administração

43%

Automedicação Tentativa de Suicídio 10% 3%

6%

0%

Tentativa de Aborto Outra Ignorado

Gráfico 1. Distribuição das ocorrências atendidas pelo CIAVE no período de 2000 a 2002 de acordo com as circunstância.

Ignorado; 1,1% Masculino; 35,8%

Feminino; 63,2%

Gráfico 2. Distribuição das intoxicações medicamentosas por sexo no período de 2000 a 2002, registradas pelo CIAVE-Bahia.

______________________________________________________________________________ Trabalho apresentado na forma de pôster no âmbito XIII Congresso Brasileiro de Toxicologia, Londrina-PR, 2003. Resumo publicado na Revista Brasileira de Toxicologia, vol. 16, nº 1 (suplemento), pág. 264, agosto de 2003.

Na análise das intoxicações por acidente, verificou-se que não há diferença significativa entre os sexos (Gráfico 2). Quanto à faixa etária, predomina a de 01 a 04 anos de idade (73,4%) sendo aqui as formas farmacêuticas mais envolvidas a sólida e a líquida orais, ambas com 39,2%. Quando da análise dos casos decorrentes de erro de administração, não se observou significância de ocorrência nas faixas etárias superiores a 50 anos, como se esperava. Verificou-se um número maior de ocorrências em horários próximos aos das refeições, principalmente entre 10 a 12 horas.

CONCLUSÃO As crianças continuam sendo as maiores vítimas deste tipo de intoxicação, muitas vezes por culpa dos seus responsáveis que mantém os medicamentos ao seu alcance. Este fato pode ser facilmente observado através do número de intoxicações em crianças entre 01 a 04 anos envolvendo fármacos em forma sólida, sendo esta utilizada por adultos. Os acidentes ocorrem, principalmente, em horário próximos às refeições, quando estas se encontram com fome e geralmente as mães ou responsáveis pelas crianças encontram-se nos afazeres domésticos. Na Bahia, atualmente, os medicamentos cederam o segundo lugar para as intoxicações por raticidas, onde se destaca o “chumbinho”, apesar do número de intoxicações medicamentosas aumentar anualmente. É necessária a realização de campanhas de esclarecimentos à população quanto aos riscos decorrentes do uso abusivo e indiscriminado de medicamentos e do fácil acesso destes pelas crianças.

______________________________________________________________________________ Trabalho apresentado na forma de pôster no âmbito XIII Congresso Brasileiro de Toxicologia, Londrina-PR, 2003. Resumo publicado na Revista Brasileira de Toxicologia, vol. 16, nº 1 (suplemento), pág. 264, agosto de 2003.

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