O Valor do Design Quando digitada no Google, a palavra design apresenta mais de 1.230.000.000 ocorrências. É presença recorrente em mensagens publicitárias, e a sua grafia em inglês já foi incorporada ao português. Para designar as mais diversas formas criativas, muitas vezes até erroneamente, o termo popularizou‐se na sociedade pós‐ industrial como valor agregado a um produto, serviço ou até mesmo a pessoas. A profissão e o profissional de design são hoje de uma importância ímpar dentro do cenário econômico mundial, mesmo que isso nem sempre se traduza numa abertura do mercado de trabalho para esses profissionais. Além disso, à medida que crescem os mercados, diminuem‐se os limites entre as profissões, acirrando a disputa entre diversas áreas do conhecimento que acabam por convergir para um mesmo ofício. É comum, hoje, nos depararmos com publicitários, arquitetos ou até mesmo profissionais de formação não afim transitando livremente entre suas profissões e a de designer com igual desenvoltura e, em muitos casos, igual competência. A informação como matéria‐prima, os efeitos das novas tecnologias, o predomínio da lógica de redes, a flexibilidade nos processos e a crescente convergência de tecnologias são características das sociedades da informação que se constituem em fatores determinantes como, em outros tempos, foram o surgimento da indústria e a migração para os centros urbanos. O fato é que o valor das coisas mudou, assim como mudaram os atores envolvidos nesse processo. E o que torna tudo ainda mais complexo é que o acesso do sujeito, enquanto apenas receptor da informação, ficou para trás e as vias agora correm nos dois sentidos. Em outras palavras, todos podem ser produtores e receptores de conteúdo ao mesmo tempo. A Internet tem cumprido seu papel de democratizadora do trânsito de informações, tornando‐se a ponta‐de‐lança desse processo, mas não a única via. Outras mídias começam a despertar para que cada cidadão comum participe como elemento atuante na geração e assimilação de conteúdo, modificando seus formatos e interferindo na forma de fazê‐los. É a propalada interação entre mídias e expectadores que parece, enfim, ter achado seu sentido real. E tudo isso muda a forma de vermos os produtos, de construirmos nossa visão crítica em relação ao que nos é oferecido e amplia também o repertório visual de cada um. Há de se observar, no entanto, o ritmo que estamos impondo a esse movimento. Num mundo em que a velocidade é a vedete, ser novo ou parecer ser "o novo" é muitas vezes a chave do sucesso fugaz. Nunca a palavra moda, como cita o filósofo Gilles Lipovetsky, nos foi tão útil para tentarmos ilustrar um pouco do nosso momento presente: "… a negação do poder imemorial do passado tradicional, a febre moderna de novidades, a celebração do presente". O design está cada vez mais na moda, agregando valor aos bens de consumo de forma muitas vezes arrasadora, como os cobiçados iPods e iPhones da Apple, que unem tecnologia de ponta a ousados projetos de design. O design hoje extrapola seu propósito primordial e já não se ancora mais somente nos ideais da escola Bauhaus, onde a simplificação da forma e sua funcionalidade eram o
objeto maior de estudo. O poder do design dentro da sociedade da informação é difícil até de ser mensurado, tamanha sua abrangência, e já despertou há muito a indústria da cópia, que trabalha incessantemente minando os copyrights e direitos autorais mundo afora. O poder econômico de empresas e grandes marcas está muitas vezes ancorado no design e em sua repercussão midiática. Ser e ter design é valor. Luciana Fonseca de Oliveira. Publicado em 27.01.2008