o soldado jogador por: leandro gomes de barros era um soldado franc�s que se chamava ricarte jogador de profiss�o e nunca foi numa parte que n�o trouxesse no bolso o resultado da arte. os franceses nesse tempo tinham por obriga��o o militar ou civil seguir a religi�o opapa deitava a lei botava em circula��o ricarte, soldado velho com trinta anos de tarimba aonde ele achava jogo de lasquin� ou marimba dizia logo: - eu vou ver �gua na minha cacimba! um dia faltou-lhe o soldo p�s-se ricarte a pensar onde podia haver jogo que ele pudesse jogar era domingo e a missa n�o havia de tardar. dinheiro n�o tinha um "xis" a cr�dito ele nem falava, pois o soldado franc�s na taberna onde comprava s� pegava no objeto por�m depois que pagava. tocou entrada da missa veio o sargento cham�-lo ricarte ainda pediu para ele dispens�-lo, por�m o sargento disse: - sou obrigado a mand�-lo! ricarte foi para a missa com grande constrangimento, era obrigado a cumprir a lei do seu regimento mas n�o podia afastar o jogo do pensamento. o soldado na igreja chegou, se ajoelhou trouxe no bolso da blusa um baralho ele tirou e endireitando as cartas
uma patota formou. n�o viu que tinha, atr�s dele um sargento ajoelhado e ali observou tudo quanto foi passado e disse: - depois da missa voc� est� preso, soldado! efetuando a pris�o e seguiu no mesmo instante foi com o soldado preso � casa do comandante dizendo ter cometido um crime muito agravante. - pronto, senhor comandante est� aqui preso um soldado, que foi ao templo ouvir missa l� estava ajoelhado encarmassando um baralho que traz no bolso guardado perguntou-lhe o comandante: - quem deu-te esta cria��o? disse ricarte: - senhor, se ouvisse minha raz�o eu lhe dizia o motivo que existe pra esta a��o. - que motivo tem voc� sabendo que � proibido? ignora que o jogo no ex�rcito � abolido? disse o soldado: - meu jogo muda muito de sentido... - muda de sentido, como? disse ricarte: - eu direi; - pois explique como �, porque eu o ouvirei, depois da explica��o o solto ou castigarei! disse o soldado: - primeiro, � preciso confessar que ganho 1 soldo mesquinho e esse soldo n�o dar para eu comprar um livro para na missa rezar! - por isso compro um baralho e rezo nele constante. - que reza h� num baralho? perguntou o comandante, - h� tudo da escritura velha, nova, assim por diante... ent�o disse o comandante: - voc� vem errado � mim. disse o soldado: - eu explico,
do princ�pio at� o fim; como � essa ora��o? disse o soldado: - e assim: - por exemplo: a carta �s que tem um ponto somente, faz recordar que existe um s� Deus onipotente quando chamamos por ele o encontramos presente. - quando eu pego no dois ali premedito eu que em duas t�buas de pedra o criador escreveu quando em sar�as ardentes a mois�s apareceu. - quando eu pego no: tr�s me recordo a divindade por exemplo: as tr�s pessoas da sant�ssima trindade que n�s todos conhecemos o esp�rito, o filho e, o padre - os 4 lembram-me as quatro marias de nazar� que foram maria alfa e maria salom� madalena e a virgem pura esposa de s�o jos�. - os cinco me faz lembrar aquele dia de fel as cinco chagas de cristo feitas por m�o t�o cruel que matou crucificado o filho do deus de israel. - quando eu pego em 6 de ouro fa�o premedita��o seis dias o senhor gastou na obra da cria��o formou tudo quanto existe sem em nada por a m�o. - os 7 lembram-me a hora negra, triste, amargurada o s sete passos de cristo em sua paix�o sagrada com sete espadas de dores a m�e de deus foi cravada. - nos oito, vejo as pessoas - que do dil�vio escaparam no�, a mulher, tr�s filhos e tr�s noras se salvaram o resto as �guas cobriram onde todos se afogaram.
- quando eu pego nos nove vejo na imagina��o os nove meses ditosos da divina encarna��o que jesus passou no ventre da virgem da concei��o. - quando eu pego nos dez n�o posso ali-me esquecer, dez mandamentos ficaram para o mundo se reger os dez se encerram em dois como todo mundo v�. quando eu pegou no rei me lembro do rei da gl�ria o ente mais poderoso que j� vimos na hist�ria que n�o precisa soldado para alcan�ar a vit�ria. quando eu pego na sota me vem lembran�a daquela que toda jerusal�m enriqueceu s� com ela aquela que deu a luz ficando a mesma donzela. eis a�, meu comandante as raz�es do seu soldado n�o posso comprar um livro meu soldo � muito mirrado compro um baralho onde rezo porque s� custa um cruzado. ent�o disse o comandante: - em todas cartas falaste te esqueceste do valete? foi porqu� n�o te lembraste? n�o � tamb�m uma carta, porqu� n�o apresentaste? disse o soldado: essa carta � uma carta ruim, eu quando compro baralho tiro ela e dou-lhe fim tem tra�os deste sargento que denunciou de mim. disse o comandante a ele: ricarte tu �s passado teus vinte anos de pra�a foi tempo bem empregado, vou-te passar a sargento e dou-te o soldo dobrado.
fim