O Meu Brainstorm Da Pornografia

  • July 2020
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  • Pages: 14
O meu Brainstorm da Pornografia Na velha discussão feminista sobre pornografia, erotismo e sexualidade, eu me coloco definitivamente do lado antipornografia e bem resistente quando o assunto é “encontrar o delicado limiar entre pornô e erótico”. E isso não chega nem perto de puritanismo ou problemas com a expressão da minha sexualidade, pra mim a pornografia do senso comum é violência e não sexo, pornografia é a teoria e o estupro é a prática.

“A pornografia interfere na maneira de uma pessoa perceber o sexo. Ela estimula uma relação de mão única com o objeto do desejo, admiração e satisfação, e estimula uma relação de uma pessoa (a que está vendo a pornografia) com uma idéia, um ente com quem não se trava relações, só se obtém satisfações. Esse ente, o objeto do desejo e satisfação é manipulado como o observador bem – ou mal – entender. A pornografia possibilita que uma pessoa possa dedicar ao objeto de seu desejo pensamentos recriminados ou considerados negativos por si mesma, sem em nenhum momento ter resposta negativa a essas idéias, ou resposta alguma. Consequentemente, a pornografia constrói a noção de que essa pessoa possa dedicar sentimentos, idéias e até atos negativos ao objeto de seu desejo sem que haja uma resposta negativa, ou mesmo uma privação da satisfação de seu desejo e ansiedade. Com certeza alimenta uma forma de se relacionar com o objeto de desejos como se fosse um objeto. Com certeza é um treinamento para estupros. E com certeza é condição de possibilidade de que se veja a sexualidade, e sobretudo o sexo como algo ruim, negativo, violento, sujo, pervertido.” Manifesto Antipornografia Este trecho acima é um dos meus preferidos do manifesto, porque expõe claramente a verdadeira relação que há por trás de toda pornografia comercializada. Mais do que a inocente apimentada de relacionamento ou estímulo para masturbação solitária, o formato

pornográfico comum proporciona ao indivíduo que se torne espectador de sua sexualidade, que sujeite objetos à suas vontades e anseios sem qualquer conseqüência.

É assim que eles gostam. Eu já consumi pornografia. Fui exposta muito cedo a esse tipo de conteúdo, assim como a maioria das crianças. No início é uma curiosidade, “o que essas pessoas estão fazendo?”, logo que a ideia de sexo é compreendida a pornografia parece ser o primeiro contato direto com o assunto, somos praticamente educad*s por ela. Se antes os garotos eram levados até os prostíbulos, hoje lhes dão revistas pornográficas. Afirmo com toda a certeza que a pornografia construiu na minha mente um formato de sexualidade totalmente deturpado, hoje posso analisar e constatar esse fato. Quando assistimos pornografia estamos vivendo nossos desejos por meio de outros. Pior, estamos assimilando que aquilo é sexo legítimo, sexo “explícito”, ou seja, o verdadeiro e mais exposto possível. Aprendi que sexo “bom” mesmo era daquele jeito, rápido, bruto, impessoal, focado em um pinto que ejacula mil litros, de preferência em um rosto feminino. Neste momento preciso traduzir alguns trechos de uma lista feita por uma diretora de filmes pornográficos “feministas” (chegaremos lá) sobre clichês do pornô:

Dá vontade de vomitar...ou espancar esse velho. 1. Mulheres usam salto alto na cama. 2. Homens nunca são impotentes. 3. Ao fazer sexo oral em uma mulher 10 segundos são mais que satisfatórios. 4. Se uma mulher for pega masturbando-se por um estranho, ela não gritará ou ficará constrangida, ao invés disse insistirá para fazer sexo com ele. 5. Todo homem tem pelo menos um litro de esperma. 6. Se houverem dois litros, melhor ainda (a garota não sente nojo!). 7. Garotas jovens e belas adoram fazer sexo com homens feios de meia-idade. 8. Mulheres sempre gozam quando os homens gozam. 9. Todas as mulheres trepam berrando. 10. Aqueles peitos são de verdade. 11. Dupla penetração faz uma mulher sorrir. 12. Homens asiáticos não existem. 13. Nem homens de pau pequeno. 14. Se você encontra um cara fazendo sexo com sua namorada em uma moita, ele não reclamará se você esfregar seu pinto na boca da garota. 15. Todas as mulheres adoram levar tapas na bunda. 16. Enfermeiras chupam o pau de pacientes. 17. Quando sua namorada te encontrar sendo chupado pela melhor amiga dela, ela ficará bravinha por alguns instantes antes de trepar com os dois. 18. Mulheres nunca têm dor de cabeça, nem menstruam. 19. Quando uma mulher está chupando um pau, é importante que o indivíduo a lembre constantemente: “Chupa!”. 20. Um cu é sempre limpo e delicioso. 21. Mulheres sempre ficam surpresas e gratas quando abrem as calças de um homem e encontram…um pau. Estes são apenas alguns dos milhares de clichês pornográficos. Sem falar nos ditos pornôs “inclusivos” que colocam pessoas consideradas “feias” para fazer sexo, normalmente em situações duplamente humilhantes e brutais. Sempre percebi que os pornôs envolvendo mulheres negras, especialmente lésbicas, faziam questão de apresentar cenas bastante agressivas, com movimentos que, sinceramente, NUNCA causariam tesão em alguém. Essas mulheres são retratadas de forma selvagem, embrutecida e violenta, parece que esta seria a única forma de vender material excitante de pessoas que são marginalizadas por sua aparência e cor.

Mulheres no pornô geral são representadas, em 99% das vezes, como a parte “dominada” na pornografia. Sim, porque nesses filmes sempre há uma relação dominador/dominado no sexo, não existe troca. Lembrando que mesmo em filmes que usam a figura da “dominatrix” ou filmes gays masculinos impera a ideia de papéis ativos e passivos, regra geral com variações de gênero – diz-se que o passivo é a “mulher”, ou seja, toda passividade e submissão têm caráter feminino. E quando não nos excitamos com nosso papel passivão, dizem que o problema está conosco.

Que porra é essa? Lésbicas na pornografia heterossexual são tão plásticas que dão nojo. É possível sentir a repugnância que as heterossexuais fantasiadas de lésbicas ninfetas expressam ao fazerem sexo oral em outra mulher. E claro, o homem está ali, mediando a situação com seu pênis ereto, o verdadeiro protagonista. Por que afinal mulheres não sentem tesão com filmes de homens gays? Deveria ser super excitante a ideia de flagrar dois homens fazendo sexo e juntar-se a eles pela lógica da “igualdade” que certas pessoas promovem, mas não é bem assim que funciona. As taras são diversas, mas a campeã parece ser o estupro, com a maior incidência de buscas no Google. Até mesmo os filmes que não promovem explicitamente o ato de forçar sexo a uma mulher se apropriam da ideia para “excitar”. Sexo oral claramente forçado, com aqueles empurrões grotescos, expressões de agonia e dor, penetração brutal, gang bang violento, bondage, tudo isso é simplesmente estupro. Aí vem gente dizer que na esfera da fantasia tudo é permitido, que não significa que a pessoa realmente faria aquilo, mas soa muito ingênuo acreditar que uma pessoa que busca essas representações para satisfazer seus desejos não assimila os valores do ato. Meu cérebro não derreteu ainda, não vou cair numa dessas, queridos estupradores potenciais. Há ainda homens que alegam não gostar de pornografia , preferindo algo “não vulgar”. Muitos recorrem ao estereótipo da

mulher “sexy”, através da playboy ou do “Sexy Time” do MultiShow. Julgam que, se não há penetração em órgãos genitais expostos, trata-se da mais leve e saudável forma de exploração do sexo possível, não pode haver algo de errado em belas mulheres siliconadas e photoshopadas em momentos de pura lascívia. Talvez o padrão violento seja suficiente para justificar o repúdio a essas práticas, mas acrescento ainda que os motivos que levam essas garotas a prostituírem a imagem de seus corpos são os mesmos que as colocam sob risco iminente de estupro na própria sociedade.

A expressão mais excitante para um macho Um fenômeno que observei foi a invasão de vídeos exibicionistas de mulheres no Yotube rebolando para a câmera de calcinha. Alguns vídeos parecem ter sido feitos para alguém e depois “vazaram”, outros são feitos para divulgação mesmo. Para aqueles que foram colocados na internet sem permissão, é a mesma situação de milhares de mulheres expostas em vídeos e fotos nas comunidades estilo “caiu na NET”, onde o ex-namorado predador se vinga da garota tornando públicas suas intimidades. Produzir material pornográfico para o namorado é vendida como uma ideia excitante e proveitosa para a vida sexual do casal, embora o homem nunca o faça. É realmente muito excitante poder objetificar a própria companheira, justo aquela mulher que parecia ser a única com características de sujeito, que não podia ser usada como as atrizes do pornô, torna-se disponível. E produzir material exibicionista para vários homens? Dizem que é uma “escolha” deliberada, uma forma genuína de prazer. Eu digo que uma mulher no contexto feminino de sujeição precisa provar constantemente que é atraente e capaz de seduzir um homem, já que sua autoestima é esmagada por todos os lados e seu único valor como indivíduo parece depender de aprovação masculina. Parte dessa necessidade de mostrar-se sexualmente disponível em busca do status da fêmea no patriarcado está exposta nesses vídeos, é uma das poucas saídas que muitas mulheres encontram para sentirem-

se valorizadas e desejadas de alguma forma, mesmo que através de insultos. Mas voltando à indústria pornográfica, este artigo da antropóloga colombiana María Elvira Díaz Benítez, “Nas redes do sexo: bastidores e cenários do pornô brasileiro”, vale uma leitura porque explica bem a questão dos estereótipos femininos trabalhados na pornografia, desde a latina caliente até a ninfetinha asiática. E também um pouco sobre os estereótipos masculinos, como o negro bestial e o tiozão viril.

Garotas dominadas? Enfia no seu cu seu fetiche. É claro que os bastidores do mundo pornô tentam mostrar uma imagem positiva e saudável de suas práticas. Fala-se muito em escolhas, especialmente as escolhas da mulher, que parece “optar” por ser humilhada em um set de filmagem. Para esse assunto eu indico um post escrito pela blogueira Marjorie, simplesmente fantástico, abordando a questão da livre escolha entre outros assuntos, http://marjorierodrigues.wordpress.com/2009/07/24/da-ondafeminista-i-choose-my-choice/ Alguns recortes do texto: “Por exemplo: “se eu escolhi ser prostituta/stripper/atriz pornô/whatever, se eu fiz isso porque quero, então eu não sou uma mulher objetificada. Eu sou sujeito das minhas ações e quem disser que estou numa posição de passividade ou vulnerabilidade está errado. É paternalista dar a entender que eu sou burra, não sei o que faço ou sou apenas um joguete do patriarcado.” “[...]o contexto em que uma determinada escolha é tomada a dota de um significado particular.” “Vulnerabilidade que a Charlotte não escolheu, mas que pode vir de brinde com sua escolha. Logo, não adianta ser sujeito na hora de escolher, se o contexto te coloca numa posição subordinada

depois. O féladaputa do contexto pode te transformar em vítima da sua própria escolha.”

Cala a boca, mulher. “Contextualizar a escolha, dizendo que ela pode levar a uma situação de vulnerabilidade, não é negar o fato de que escolher é uma ação. Nem dizer que o autor da escolha não pense por si. Está-se apenas inserindo esta escolha em um mundo e, então, refletindo quanto à influência do mundo sobre a escolha e o efeito dessa escolha no mundo.” Perfeito, eu não poderia explicar melhor. É isso, nossas escolhas estão sempre inseridas em um contexto, não podemos simplesmente nos separar do mundo inteiro e colocar nossas escolhas em uma bolha em que tudo acontece conforme o esperado. Então, se a atriz pornô escolheu deliberadamente sua profissão, isso não significa que a situação não a torna vulnerável e vítima dentro de um sistema de desigualdade em que mulheres são inferiorizadas. Vítima da própria escolha. Quantas dessas mulheres têm a opção de conhecer outros caminhos? Ou mesmo, quantas tiveram condições de fazer uma análise crítica sobre a pornografia? Não é à toa que várias usam drogas e o índice de suicídio é altíssimo, como no mundo da prostituição, esqueçam o glamour e a liberdade do pornô.

Até que ela parece feliz, não é mesmo? Alguém tem um exemplo melhor que Linda Lovelace? A atriz de “Garganta Profunda” que apanhava e era estuprada no set e só foi protagonista do filme pornográfico mais famoso da História porque foi FORÇADA? Não por acaso, Linda milita contra a pornografia hoje em dia. Ela vivia presa ao homem que a obrigou a realizar o filme, o mesmo homem que a prostituía, estuprava e fazia com que outros homens a estuprassem. É possível ver os hematomas de Linda durante o filme. Ela demorou anos para tomar coragem e fugir do agressor, porque se sentia dependente dele. E ainda tem gente que culpa as mulheres por não conseguirem se defender de certas coisas, ao invés de culpar quem as ataca!

Tente isso e veja se é bom. Este é um vídeo muito interessante, http://br.youtube.com/watch?v=r0q_VGacfNk descrição: “Este poderoso vídeo é em memória de centenas de estrelas pornográficas mortas. Este vídeo é dedicado às estrelas pornográficas ainda vivas. Minha esperança é que este vídeo toque muitas vidas e que elas parem de ver e fazer pornografia. A Pornografia não é glamurosa.” Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e depressão são comuns em pessoas que estão na indústria pornográfica. A razão mais buscada pelas mulheres parece ser o cachê mais alto e pelos homens a oportunidade de reafirmar sua virilidade e potência. No set de filmagem nem a lubrificação vaginal é real, ou não suportaria todas as modalidades de penetração por tanto tempo. Trecho de entrevista com psicólogo especialista em relacionamentos e ansiedade Alexandre Bez: Problemas familiares podem ajudar na escolha pela profissão de ator/atriz pornô? Dr. Alexandre Bez: Sim, devemos lembrar que para todos nós a questão familiar é muito importante. Assim como problemas de ordem social, econômica ou sentimental, falta de carinho ou

constantes dificuldades na família podem ser catalisadores para uma pessoa encarar esse tipo de profissão. Pois é, desde a formação no núcleo familiar existem estímulos e situações que nos levam a fazer escolhas que não são “livres”, pois não temos acesso real a diversas escolhas e reflexões. Não podemos culpar as mulheres por promoverem uma indústria pornográfica que inferioriza elas mesmas, precisamos focar nossos objetivos naqueles que produzem e consomem esses materiais.

Pornografia feminista, será? Mas espera aí, não tem mulher que gosta de pornografia? A maioria, mesmo sem contextualizar, parece sentir uma certa repugnância dos formatos masculinos de pornografia, como os clichês acima citados. O que me surpreendeu foi descobrir que existe uma onda de diretoras de pornografia “feminista” invadindo a Europa. A proposta, tenho que admitir, é louvável. Uma das diretoras, que já foi atriz pornô e hoje é cientista política, reconhece que os filmes insultavam sua inteligência e a colocavam como um objeto domesticado. Os filmes produzidos por ela exploram a sexualidade feminina, orgasmos reais, homens que realmente existem na trama, relações de respeito mútuo e algumas peculiaridades de filmagem como nunca exibir ejaculação masculina e dar preferência ao foco nas expressões faciais de prazer ao invés dos genitais. Duas entrevistas com diretoras explicam mais sobre, http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI6780215220,00CANDIDA+ROYALLE+QUERO+QUE+OS+HOMENS+AS SISTAM.html e

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI6781315220,00PETRA+JOY+ESTAMOS+LUTANDO+POR+LIBERDADE +SEXUAL.html

Liberdade? Ah tah, valeu. Elas afirmam que seus filmes seriam ótimos para educar homens em novos papéis sexuais, mais humanos e reais, além de serem feitos com responsabilidade e envolvimento dos protagonistas. Eu não invalido totalmente a ideia porque de alguma forma é diferente, mas infelizmente está inserido no mesmo contexto machista em que vivemos. Não é um pornô com uma perspectiva feminista que vai revolucionar a indústria pornográfica masculina, além de não estar livre da questão do voyeurismo impessoal. Pesquisei algumas capas de filmes e encontrei alguns clichês como mulheres de seios enormes nuas, fantasiadas e com um padrão próximo ao convencional, não vou arriscar generalizar, mas foi a impressão. Ainda prefiro a extinção dos formatos pornográficos comuns do que reformas desse tipo, acho a questão perigosa. Além do mais, adivinhe como era o troféu que premiava as melhores diretoras? Em formato de PINTO. Também encontrei referências das diretoras enaltecendo o Suicide Girls. Para mim, esse site sempre foi uma Playboy alternativa e de péssimo gosto. Alt-porn não é menos violento nem menos opressor só porque mostra algumas garotas fora do padrão com piercings e tatuagens, buscando um lugar ao sol para serem admiradas com sua resistência estética. Se fosse realmente uma representação de resistência aos padrões, por que colocariam essas mulheres “exóticas” na mesma posição sexualizada e objetificada das garotas da Playboy? No fim, toda a subversão de valores alternativos acaba na masturbação do macho que consome o material. São 5 páginas de Word e eu não consigo sentir que disse tudo o que pensava sobre a pornografia, na verdade são inúmeras as

implicações envolvidas. Sou definitivamente antipornografia, enxergo nesses materiais um ódio repulsivo contra a mulher e um conservadorismo nas questões de gênero absurdo, além de uma forma de construção de uma sexualidade falsa, egoísta, impessoal. Não é a minha sexualidade, não envolve respeito ou responsabilidade, não implica um contato íntimo e real, destrói relações. Eu me sinto livre por não consumir pornografia, assim como conheci pessoas que admitiram sentir-se escravizadas por um vício pornográfico. E o que mais me dói em tudo isso, é ver como as mulheres são constantemente condenadas pela estética pornográfica comum, como a sexualidade feminina é obscura nessa indústria e o quanto ela tem poder de influência sobre os homens. Sobre o que chamam de pornografia alternativa, feita com casais reais, mulheres que representam sujeitos e coisas assim, ainda não tenho opinião formada. É claro que não se deve condenar todas as representações sexuais, o problema é a delicadeza de lidar com isso em um mundo machista que glamouriza o egoísmo. Eu, pessoalmente, não assistiria nem se fosse o vídeo da Maria e do João em casa fazendo um papai-mamãe cheio de ternura, dispenso. Estou bastante satisfeita com a minha sexualidade assim. Publicado em Questão de postura http://whothehelliscely.wordpress.com/2009/08/06/o-meubrainstorm-da-pornografia/#comments Trechos de um debate sobre “ porno feminista” na comunidade Feminismo e Libertação do Orkut: “...dizem "as mulheres precisam de mais referências em que apareçam como sujeito no sexo..." O que eu não entendo bem, desde aqui, é por que é que alguém precisa de referência visual de sexo... Eu posso (devo) dizer pra mulher que ela não é um objeto, certo! Mas eu preciso ilustrar pra ela imitar? Parece que vira literalmente um manual, não me fez sentido. (...)Outra coisa que eu acho é que soft porn, filminho com historinha, tudo isso já existe. Tudo que fica entre sexo com o pé grande, com entregador de pizza e com o príncipe do cavalo branco, em termos de enredo, vc consegue achar (disso pra atrocidades, inclusive), fazer "pornô deglutível" não vai fazer diferença alguma com relação ao pornô degradante de sempre. Aliás, pra mim esse papo de pornô feminista servia pra dizer "olha, tem pra todo mundo, até praquelas irritantes, então não tem problema algum eu curtir meu fetichezinho de estuprador pq cada um tem o seu, ok?", não faz tanto tempo que eu descobri que existem mesmo propostas de levar essa idéia a sério.

a misoginia do filme pornô começa atrás das câmeras! não é só contra o filme em si que eu sou contra, mas contra todo o mecanismo pornográfico... não é uma coisa fácil nem gostosa de fazer, então qual é a graça de assistir? é tudo falso, não preciso dessas referências. quanto mais dermos bola pra pornografia e quanto mais as pessoas reclamarem dela, mas quererem outras formas de pornografia, ela continuará existindo, elá continuará sendo glamourizada, e muitas mulheres entrarão nela e por mais que há quem diga que está nessa pq quer, não consigo acreditar que a pessoa tá sendo feliz assim. continua sendo pornografia, ou seja: continua sendo um excelente exemplo da subestimação do potencial das relações sexuais, um exemplo de como se ensina a mecanizar e limitar o sexo, deixa de ser uma experiência inventada, mas aprendida de fontes externas e aprendida em massa. E principalmente, continua sendo um mercado que vende e compra pessoas, continua abrindo portas para a prostituição (de menores e de adultos), cafetinagem e tráfico de seres humanos, e como falaram já aí, continua não sendo sexo, apenas consumo.” “...mas vejo a massificação que a pornografia traz como uma maneira de trazer o sexo à esfera do "todo mundo faz, deveria ser mais natural e aceito" (aliás, este é um dos argumentos que mais ouço quando querem defender a pornografia, determinando quem é contra como puritano ou beato), porém mostrado de maneiras: - sexistas (não preciso dizer, né?) - opressoras (sm, bondage e coisa e tal) - elitistas (o "piscineiro" pobre porém pintudo e a patroa rica) - preconceituosas ("sexo interracial" - quer termo mais babaca?) - padronizadoras (tipo pornografia alternativa que assimila "estilos" e os transformam em novos padrões sexuais) - especistas (vide tópico sobre o filme "amor cigano") - etc... ou seja: na visão geral, me parece que continua sendo "coisa que todo mundo faz", porém veiculado sempre de maneiras que não são aplicadas na maioria dos casos (sem entrar na questão da imitação da pornografia, uma mimese que vira círculo vicioso).” “referência como sujeito na pornografia? Na pornografia nunca há sujeito, há dois objetos, sexualidade não é comércio,principalmente a sexualidade feminina,como a pornografia prega. Não tenho medo que me chamem de puritana ou o caralho a quatro, já que já chamam as feministas de tantas coisas

mesmo, isso é só mais uma pra lista. Aliás, sempre querem dividir entre puritanos e pevertidos : Castração moralista da sexualidade é o complemento perfeito para a perversão e imundíce. Pornografia e liberalismo não sobrevive sem moralismo e conservadorismo. Sobre o pornô "igualitário" (ainda custo a acreditar que realmente exista) O opressor pode estar introjetado dentro de nós. Podemos fazer um pornô que acabe sendo igual ao convencional, e ainda estar colaborando pra inocentar os impérios pornográficos, protegê-los, confundir a ofensiva sobre eles, suavizar as reações, sem contar que fazer uma pornografia alternativa não faz sequer cócegas no patriarcado ou supremacia masculina Podem existir tentativas de porno igualitário, mas podem não passar de formas de melhorar a imagem da pornografia e até atingir os nichos de mercado mais diferentes que ainda não foram alcançados. “ “Tbm sou muito cetico com essa ideia de porno "feminista", até pela minha experiencia de homem criado a base de pornorafia. Vai muito alem dos filmes serem misogenos, violentos, objetificantes etc... o dano está em separar a imagem da sensacao, em tranformar pessoas em personagens, em criar representacoes sexuais baseadas em mentiras (acredite, ninguem sente prazer num set de filmagem, pelo menos nao o tipo de prazer que sente na intimidade.) Logico que cinema e publicidade tbm transformam a vida em imagens, a diferença é que qualquer um sabe que cinema é faz-de-conta e que propaganda é pra te vender alguma

coisa, enquanto a pornografia ainda é vista como sendo a representaçao dos nossos desejos mais intimos, a referencia sexual para as pessoas, o campo de experimentacao da sexualidade humana etc... como sendo a representaçao dos nossos desejos mais intimos, a referencia sexual para as pessoas, o campo de experimentacao da sexualidade humana etc...

Sinceramente tenho muito medo dessa proposta de pornografia para mulheres. Como se a sexualidade feminina já nao fosse reprimida o suficiente, com o amplo acesso a pornografia (alternativa ou nao) que existe na era da internet, acho que corremoso risco de criar uma geracao de mulheres com uma visao do sexo tao embrutecida e mecanica quanto a dos homens. Acho que era o que faltava pra fazer todo mundo transar que nem um robozinho imitando o que viu no filme. Se sexo nao é feio nem errado, entao deveriamos nos exitar no convivio unxs com xs outrxs, e nao na frente da telinha. “ “não vejo muita diferença entre pornografia e "vídeos de sexo amador", pra mim a única diferença é não ter um loguinho da playboy do lado. Funciona da mesma maneira, também ajuda a cobrir e a defender pornografia amadora "hardcore" (vídeos de estupros reais, estupro de menores, e até o que estava se falando no tópico do sexting, mulheres que são filmadas transando sem o consentimento delas da filmagem que vão parar à público) aliás, essa coisa de mulheres que descobrem que o namorado filmou fazendo sexo sem o consentimento dela me diz muita coisa sobre como as pessoas acham que não basta mais fazer sexo, tem que tornar público, tem que mostrar pra todo mundo, tem que pornografar e etc etc etc”

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