O C ANT O DA F ONT E (Zc. 14:8 )
E a água fluiu da fonte... A água mourejava, como que cantava dentro da rocha! Era um canto que vinha da eternidade, um canto sonoro, um canto de amor, um canto de paz! Foi o canto que se ouviu. Na topografia de Jerusalém duas coisas encantam: a rocha (conhecida como leito da rocha) ea fonte. A fon te de Gi on (Gihon) jorra de dentro da rocha. Quando Deus criou os céus, a terra o mar e as fontes de águas, logo Deus estabeleceu Jerusalém, a gloriosa Sião. Três coisas preciosas Ele colocou ali: o mon te do Senh or – a menina dos seus olhos- o leit o da roch a e a fonte . Jerusalém na terra dos cananeus, só foi revelada emMelquizedeque que apareceu no vale de Shavé (vale do Rei), (Gn. 14:17-18) que é o Vale de Cedron. Salém, naquela época, conhecida apenas nos tabletes do vale do Nilo (El Amarna).
A terra de Moriá (o monte do Senhor) (Gn.22:2) foi mostrada a Abraão que caminhou três dias, de Berseba até Jerusalém, quando a conheceu num momento marcante de sua vida; atéentão, Jerusalém continuava escondida nos esboços do Pai (cf. Dt. 12:5), até o dia que o Senhor a quis revelar. Jerusalém ficou como que protegida por montes à sua volta, como que disfarçada no meio da névoa do tempo. O assentamento em volta da fonte de Gion é um período de silêncio da Cidade. Um dia, a rocha e a fonte se apresentaram.. Um pequeno saguão escavado na rocha. Uma escada íngreme levava ao nível da fonte que jorrava, mansamente, por debaixo de um tablado. Foi um dia de grande emoção! A fonte pulsava! O pulsar de milênios não enfraqueceu o seu sussurro. No silêncio, ela como que cantava, um canto que vinha da eternidade de Deus. A fonte de Gion é um desses enigmas de Deus, faz parte dos mistérios do Senhor. O lugar é muito especial. Traz as marcas das mãos do Pai. Pode-se ver e sentir quão importantes são estas três marcas e a interligação entre elas: Jerusalém, a Rocha e a Fonte!
“Estre mece , ó te rr a, na presen ça do Senh or, na presenç a d o Deus de Jac ó, o qua l co nverteu a roch a em lenço l de águ a. ..” (Sl. 114:7-8) A fonte de Gion podeser designada como a fonte de Jeová . No hebraico Gion significa palpitar, refluir, jorrar. No Museu da Cidade (Porta de Jafa), em Jerusalém – dentro da cidade velha - encontram-se detalhes sobre a fonte de Gion e do túnel escavado na rocha e construído pelo rei Ezequias, para levar a água da fonte, de sua nascente, para o “ta nq ue de Sil oé ”. E a água fluiu da fonte para o tanque... Davi escolheu Jerusalém como sua capital tendo ele fortificado a Cidade sob as ruínas da antiga fortaleza jebusita, que a tomou através desse túnel de Ezequias das mãos dos jebuseus, levantando, assim, uma Cidade maravilhosa e bem protegida, na colina de Ofel. O alicerce maciço, ainda hoje visto em Jerusalém, deu origem, provavelmente, à muralha de apoio à Cidade de Davi. Assim, desde, que foram lançados os fundamentos da terra, a fonte de Gion irrompeu no sopé da colina na parte oriental, novale de Cedron. Na descida do vale o seu curso estava fora dos muros da Cidade. Durante a monarquia unida, em 701 a/C, o exército assírio aproximou-se de Jerusalém, e Ezequias, o rei de Judá, providenciou para que a fonte de Gion fosse preservada dos olhos de Senaqueribee do seu exército que desafiou a Deus, tão certo estavam de que Jerusalém não resistiria ao cerco. Ezequias mandou tapar todas as fontes que havia em Jerusalém de sorte que faltasse água para o exército de Senaqueribe (II Cr. 32:2-4-30). O tunel até hoje é motivo
de admiração, tal a técnica empregada. O túnel foi cavado secretamente através da rocha, 1750 pés (cercade 580 m) debaixo de Jerusalém. Conectou assim a fonte de Gion ao tanque de Siloé, localizado entre as paredes do canto sudeste da Cidade. “...e co mo fez o aç ude e o aque dut o, e tr oux e á gu a p ar a dent ro d a ci da de ...” A forma original do tanque devido à construção, reconstrução e à destruição de Jerusalém pelos romanos, perdeu-se para sempre. É interessante considerar-se a designação “t an que de Siloé ”. As águas do Gion corriam pelo túnel e enchiam o tanque. No original hebraico o termo usado é “birchat hashloah”. A palavra “birchah” é da mesma raiz da palavra bênção “bracháh” e Siloé (shloah) significa “O Envia do ” . Ao pé da letra seria: “a bênção do Enviado”. Há sentido e mistério aqui. A água que enchia o tanque provinha da fonte de Gion, de uma Fonte que brotava da Rocha. Otanque de Siloé foi a “benção do Enviado”: Cristo.
“.. .V ai , lava- te no ta nq ue de Sil oé (q ue quer dizer En vi ad o) . Ele foi, lav ou- se e volt ou v en do ”. (Jo.9:7) Andar por dentro da rocha escavada e assentada por Deus em Jerusalém é algo maravilhoso. (cf. Is. 28:16) A pedra da qual o texto está falando é Jesus, a principal pedra de esquina, o Messias de Israel, mas oleito da rocha no qual Jerusalém está edificada tem este propósito de revelar Jesus - a Rocha dos séculos. Caminha-se, assim, por dentro da rocha até onde, umdia, fora a Fortaleza de Antônia. Ali, na sala de audiência de Herodes e Pilatos, Jesus foi julgado. Dali foram ouvidos os gritos: “Cruci fic a- o, Cr uci fic a- o”. (Lc. 23:21) DaFortaleza nada restou senão a Rocha sobre a qual ela foi levantada porque a Rochaé eterna! O Muro das Lamentações conserva suas fundações escavadas sobre o leito da rocha. O Muro está de pé, porque os fundamentos ainda repousam sobre a rocha, a única parede que ficou de pé de todo o complexo do Templo. No livro de Deuteronômio, 12:11: lê-se “... e vós me ad or areis no lug ar que eu esco lher ...” O Senhor apontava para Jerusalém, para um lugar de adoraçãoque Israel ainda não conhecia, e que era o principal e mais importante lugar da Terra Prometida, epara onde se destinavam. Ali “est ão os tro nos d o ju ízo, os tr onos da cas a de Davi ” (Sl. 122:5). ARocha foi ferida para que a Fonte pudesse jorrar água viva de dentro dela. A Fonte era ocoração da Rocha palpitando, refluindo, jorrando água viva que “sai do trono de Deus e do Cordeiro”. São as águas de Ezequiel, (47:2) “E ele me tir ou pe lo ca minh o da por ta do nor te , e me fez da r uma volt a pel o ca minh o de fora, at é à por ta exteri or, pel o ca minh o que olha pa ra o orien te; e eis que corr ia m uma s ág ua s desde a ba nd a direi ta ”
“.. . e sai rá um a font e da ca sa do Senh or, e rega rá o vale de Sit im ”. (Joel 3:18) Um fato bastante relevante ocorreu junto à fonte de Gion: “E o rei lhes disse : to ma i co nvosc o os servos de vosso Senh or, e faze i subi r a meu filho Salo mã o na mula que é minha ; e faze i- o des cer , a Gi on ” (I Re. 1 :33) Trat a-se da unçã o de S al om ão co mo rei de Israel . Des ta que -se aq ui o v as o tr azi do do ta be rná cul o co nheci do co mo o vas o d o “chifre do aze ite ”. Es te vaso se des tin av a tã o-somen te a o azei te da unç ão do rei , os s acerd ot es nã o p od ia m uti liz a-lo . Es ta er a a f un çã o des te v aso. Tão logo o Rei foi ungido, ouviu-se o toque do shofar (a buzina de chifre de carneiro) e a proclamação: “Viv a o Rei Sal om ão ” (1:39). Os simbolismos aqui são de grande importância: amula do rei significava honra, o vaso de chifre de carneiro e oshofar estavam ligados ao Cordeiro “Porque o Corde iro que es tá no meio do tron o os apas cent ar á e lhes servir á de gu ia p ar a as fontes das ág uas d a vi da ”. Ap. 7:17.
Por oportuno, ainda, referências à algumas passagens bíblicas relacionadas a Jesus, podem ser destacadas aqui como, por exemplo, “Fonte de ág ua s viv as”: - A mulher samaritana, junto aopoço de Jacó (Jo 4-14), que se encontra com Jesus sentado à beira do poço. Jesus faz-lhe uma declaração surpreendente: “...aq uele, poré m, que b eber da ág ua q ue eu lhe de r nunca ma is ter á sede , pel o co nt rá rio, a á gu a q ue eu lhe de r será nele uma font e a j or rar pa ra a vid a ete rna ”. Ainda em Jo. 7:38 lemos: “Quem crer em mim , co mo di z a Es cri tu ra, do seu in teri or fluir ão ri os de águ a viv a” Esta declaração foi feita pelo Senhor Jesus, “no últi mo di a da fest a” “Quem tem sede venha a mim e be ba ” (v. 37). Is. 12:3 também cita a mesma festa “E vós com ale gri a ti rare is águ a da s fontes da salv aç ão ”. Tratava-se da “festa da libação da água” que se realizava no oitavo dia da festa dos tabernáculos, dia este conhecido como “shemini atzéret”. Este último dia era um dos espetáculos mais comentados em Israel e a tônica da festa era aalegria (cf. Dt. 16:14). A alegria consistia na participação de Israel do derramamento da água no altar, água esta trazida do tanque de Siloé pelos levitas. Jesus ao pronunciar estas palavras, bastante expressivas, entre o alpendre e o altar, no hebraico, o profeta explicita o nome a quem pertencem as “ fontes de salvação” das quais ele falava: •
“ha / ieshu a / h” (fontes de Jesus)
Eliminando-se o prefixo e o sufixo aparece por inteiro o nome “ieshu a” (Jesus) incorporado e personificado na palavra salvação. São águas de salvação fluindo do Calvário, Jesuscrucificado. O leito da rocha e a fonte de Gion dentro da rocha continuam em Jerusalem, nada mudou na sua topografia. A fonte, intermitente, esguicha a água aintervalos, como se fora uma erupção. E a água no decorrer das épocas (milênios e milênios) jorra sem parar, nunca cessou. A Fonte, a Rocha e Jerusalém são eternas! Essa a razão porque se pode ouvir o canto da fonte! cristal...
O mourejar da água, clara como o
Jesus como a Rocha foi ferido, em Jerusalém, para que a Fonte pudesse palpitar, jorrar e cantar. O grito da Rocha “Tud o Consum ad o” ecoou numa tarde distante pelos céus de Jerusalém! E a Fonte, de dentro da Rocha, em Jerusalém, canta todos os dias: Jesus ...Jesus ... Jesus ...Jesus ..., Sa lv açã o pel os sécul os do s século s, Ame m!
NIV ALDA GUE IRO S LEI TÃO 17/07/01
- Ex-funcionária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Foi Assessora da Presidência; - Tradutora Intérprete; - Cursosno “Jerusalem Center for Biblical Studies and Research”, em Jerusalém – Israel. (1984, 1990, 1994); - Apresentou Painel - “Jesus na Ecologia Bíblica” no XII Congresso Ítalo-Latino Americano de Etnomedicina “Mário Álvares Pereira”, no Rio de Janeiro, de 8 a 12-09-2003.