NO JARDIM DA SABEDORIA Pensamentos e mensagens para todos os momentos
Seleção e apresentação de Almir Ribeiro Guimarães
12ª Edição
Edi tora Vozes Ltda. Rua Frei Luí s, 100 25689-900 Petrópol i s, RJ Internet: http://www. vozes. com.br Brasil Todos os di re i t os re se rv ados. Ne n h u ma part e de st a obra poderá se r re produzi da ou t ran smi ti da por qual quer forma e/ou qu ai squ e r m e i os ( e l e t rôn i co ou m e cân i co, i n cluindo fotocópi a e gravação) ou arqui vada em qual quer si stema ou banco de dados sem permi ssão escri ta da Edi tora. FICHA TÉCNICA DA VOZES DIRETOR EDITORIAL Avel i no Grassi EDITOR Vi tóri o Mazzuco, OFM EDITOR INDUSTR IAL José Lui z Castro EDITORA ÇÃO Diagramação: Roseni Marques da Si l va Revisão gráfica: Revi tec S/C ISBN 85.326.0223-1
Este l i vro foi composto e i mpresso pel a Edi tora Vozes Ltda.
Dedico estas páginas à minha mãe Maria Thereza. Na cozinha da casa pobre, nos trabalhos de todos os momentos, nas horas de exultação e nos instantes de dificuldades, ajoelhada na igreja vazia balbuciando preces quase ininteligíveis, ela sempre soube colher flores de sabedoria no jardim da vida.
APRESENTAÇÃO É com alegria que apresentamos a todos os n ossos leitores esta nova col etânea de pensamentos e máxi mas de todos os h ori zon tes e de t odos os t e m pos. A fi nal i dade deste buquê de e x pe ri ê n ci as h u m an as prof u n das, de tantos companhei ros da cami nhada da vi da, é propi ci ar a muitos ocasião de reflexão, de meditação e de interiori zação. Convi do que penetrem comi go num jardi m bem i rri gado e chei o de fl ores de todos os tons e de todas as qual i dades. Na manhãzi nha de um novo di a os cantei ros expl odem de vida. Molhadas pelo orvalho da madrugada, as flores expl odem de vi da. E os atentos passantes se detêm aqui e al i . Vi vem a f esta dos ol hos e do coração. Há f l ores com cores purpúreas e tons de l i l ás fal ando do sofri mento e do abandono dol oroso. Há outras mai s cl aras que l embram a esperança. Num cantei ro mai s adi ante estão as bel as fl ores da sol i dari e dade e da am i zade . Ou t ras se de st i n am aos anci ãos que, com cajado na mão, ol ham o hori zonte que se torna cada vez mai s próxi mo. Há uma al ameda cercada de gram a v e rde on de e st ão pl antadas as di scretas fl ores que l e m bram o si l ê n cio e o re col h i m e n t o. H á t am bé m toucei ras de v e rdade e si n ce ri dade. Mai s adi an t e ai nda estão f l ori ndo, com su as pé t al as v ermel has, as rosas dos buscadores de Deus. Gostaria de con v i dá- l os a v i si t ar e sse jardi m m u i t o especi al . Todos são be m - vi ndos a e st e h ort o de paz, de tranqüilidade e de m i st é ri o. E st am os No J ardi m da Sabedoria. Ve n h am con t e m plar e se de i x ar e m be v e ce r pela bel eza de suas fl ores.
I. CAMINHEIROS NA ESTRADA DA VIDA Não se faz a cami nhada sozi nho. Há outros cami nhantes ao nosso l ado. Há cantos de al egri a e l amentos de dor que chegam aos n ossos ou vi dos. São os companhei ros que se unem ao nosso destino. Juntos nos entreajudamos. Enxugamos o suor de mui tas frontes e pal avras de coragem, de compreensão e de perdão chegam aos nossos ouvi dos. E um Peregrino misterioso vem se associar ao nosso cami nhar. J u ntos ol h am os para h ori zontes com gost o de amanhã.
1 Nada mai s bel o do que a sol i dari edade. Senti r-se só na cami nhada da v i da pode se r de se spe rador. Sabe r qu e existem rostos am i gos, m ãos que esperam nossas mãos, que juntos descobri remos cami nhos novos e que juntos novas portas abriremos é extremamente consol ador. 2 Um m an dari m part i u um dia para o além. C h e gou primeiro ao i n f e rno. Viu m u i t os h om e n s di an t e de pratos de arroz, m as t odos m orre n do de fome porque ti nham v aretas com pri das de doi s m e t ros qu e n ão podi am ser uti l i zadas para comerem o arroz. Depoi s foi ao céu. Lá tam bé m h av i a m u i t os h om e n s di an t e de pratos de arroz. Todos estavam contentes e gozavam de boa saúde. Também el es ti nham varetas de doi s metros, mas cada u m u t i l i zava su as v are tas para dar al i mento aos outros. (Conto chinês) 3 Ser sol i dári o é saber fazer l ugar em nós para os outros. É ser capaz de e scu t ar aqu i l o qu e o ou t ro qu e r di ze r. É adi vi nhar a pal avra que ai nda não foi di ta. É anteci par o gesto que o outro ti nha a i ntenção de nos pedi r. 4 Onde não existe amor, i njetai aí amor e haverei s de recol her amor. (Madeleine Delbrêl) 5 Quando tudo parecer obscuro, quando não houver mai s nenhuma porta para bater, quando a sol i dão se i nstal ar em n ossa v i da, é pre ci so ai n da t e r e spe ran ça de qu e corações e mãos poderão nos acol her.
6 No céu não havera mai s ol hares i ndi ferentes. (Santa Teresa d’Ávila) 7 Amar é ter vontade de conti nuar a cami nhada para fazer alguém fel i z. 8 Há duas espéci es de amor, e o úni co que merece um A maiúscul o é o que dá mai s do que recebe. (Gilberto Cesbron) 9 Não e x i st e e x pe ri ê n cia mais dolorosa que não amar ni nguém e por ni nguém ser amado. Preci samos do ar puro do amor para sobrevi ver. 10 Creio qu e n ossa pri n ci pal t are f a n e st a v i da é se rm os felizes: o cam i n h o m ai s curto e mais ce rt o para a felicidade é tornar os outros fel i zes. (Baden-Powell) 11 Amar não é si m pl e sm e n t e u m sentimento mais menos vago. Ama aquele que t e m paci ê n ci a com lentidões dos outros. Ama aquele que é capaz perdoar. Ama quem aprende a esquecer-se de mesmo para pensar no outro.
ou as de si
12 Ama a mul her que cui da do fi l ho da vi zi nha que preci sa trabalhar. A m a qu e m t e m as an t e n as l i gadas para saber o que o outro preci sa. 13 Em grego a pal avra “compai xão” quer di zer “ser tocado nas e n t ranhas”. Na compai xão há um el emento fí si co: sofro com o outro, i denti fi co-me com el e. Não se trata somente de fazer al guma coi sa pel a pessoa do outro. É sofrer com el e seu sofri mento, guardando certa di stânci a para, se possí vel , oferecer-l he ajuda. A compai xão não é somente uma ati tude afeti va, mas efeti va. (Jean Varnier) 14 Ser sol i dári o é ri r com os ri sos dos outros e chorar junto suas l ágri mas. 15
Nem sempre amar é fazer o que o outro quer, mas aqui l o que é i ndi spensável e urgente fazer aqui e agora por ele. 16 O v e rdade i ro am igo n ão e n v e l h ece. A am i zade ( já f oi dito) é como um vinho: quanto mais velho mais saboroso. 17 O amor é fi el . Fi el às coi sas de ontem. Fi el a tudo o que tiver sido com bi n ado. E st á se m pre pron t o para o servi ço do am i go, n o sol e n a ch u v a, n a al e gri a e n o infortúni o. 18 O verdade i ro am i go não faz di scu rsos. E st á presente. Conta-se com el e. Mesmo sua ausênci a momentânea é presença densa. 19 O v e rdade i ro amigo é aqu e l e do qu al pode m os ace i t ar presentes sem que tenhamos nada para l he dar. (Michel Simon) 20 Nas grandes ci dades, no anoni mato das grandes fábri cas, na m u l ti dão qu e corre pe l os corre dore s do m e t rô, ou que pe ram bu l a pe l as ruas com o f orm i gas, buscamos avidamente rostos ami gos. 21 Somos daqu el es qu e son h amos com o di a em qu e as pessoas não tenham mai s presa. Sonhamos com o di a em que se sentem ao nosso lado e não olhem i mpaci entemente para o rel ógi o. Sonhamos com o di a em que estaremos gratui ta e tranqüi l amente um ao l ado do outro. 22 Sorri r é e squ e ce r-se e m prov e i to dos ou t ros, é ser transparente a Deus. Por esse moti vo é que os homens são tão sensí vei s ao sorri so. Insti nti vamente o homem sorri quando se debruça sobre o berço de uma cri ança, um dos m ai ores e spetácul os qu e a t e rra pode of e recer aos homens, espetácul o que vem di retamente do céu. (Cardeal Suenens) 23 As grandes solidariedades são fruto de longas convivências. São o resultado de um e st ar ju n t os. Juntos são traçados os pl anos da ação. No coração da ação as mãos se apertam. D á-se e n tão a v i da por uma causa. Nasce em nós uma i nsuspei tada energi a.
24 Raríssimas vezes existe uma solidariedade total. Infel i zmente di st an ci am o- nos, ao menos por algum tempo, de nossos companheiros de caminhada. Queremos gozar egoistamente a beleza de certas paisagens da vi agem. 25 Ser sol i dári o n ão si gn i fi ca e star fi si camente ao l ado de al guém. Si nto-me sol i dári o do mai s i gnoto habi tante do Pól o Nort e, e m bora n u n ca v e n h a a con h e cê -l o. Temos um desti no comum. 26 Na vi agem da vi da há sempre novos sembl antes que se associ am à nossa peregri nação. Há cri anças que nascem, forasteiros que chegam e náufragos da vida que nos estendem as mãos preci sando de nosso amor. 27 Mai s do que o ouro e a prata, as contas bancári as e as letras de câm bi o, v al em nossos amores e n ossas ami zades. 28 O pi or pe cado con t ra n ossos se m el hantes n ão é o de odiá-los, mas de sermos i ndi ferentes para com el es. (Bernard Shaw) 29 O fundamento de todo re l aci on am e n to fraterno justi ça. Quem não é justo mata o amor do coração.
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30 Quando al guém bat er à t u a port a, de sl i ga a tel evi são, senta-te com el e num canto, busca-l he um copo de água, abre-lhe teu coração e de i x a qu e ele t e re v e l e seu i nteri or. Convi da-o para t omar uma refei ção. Acol he a fal a que vem da al ma de teu i rmão. O hóspede que bate à tua porta pode ser um mensagei ro do céu. 31 Quando no m u n do e x i st i r ai n da alguém qu e é odi ado, desconheci do e não reconheci do, haverá al guma coi sa a fazer na vi da: acercar-se desse homem. (Pavese) 32 O homem sol i dári o não toma i medi atamente o pri mei ro l ugar. O homem fraterno sempre se preocupa em oferecer a outrem o mel hor l ugar. 33
Não col oqu es rót u l os, n e m e t i qu e t as na front e dos outros. Acol he os que chegam a ti tai s quai s são. Não importa que tenham sido assassinos ou ladrões, déspostas ou poços de orgul ho. Convi ve com el es. Quem sabe a partir de então suas v i das se t ran sf orm arão porque esti veram conti go! 34 Meu ami go, junto a t i , n ão tenho que pedi r descul pas, nem apresentar defesa ou provas. Por detrás de mi nhas pal avras de saje i tadas, para al é m de m e u s raci ocí n i os que podem não ser justos, consi dera em mi m apenas o homem. Se di vi rjo de ti , l onge de te l esar, faço com que cresças. Tu me interrogas como se questiona a um estrangei ro. Que tenho a fazer com um ami go que me jul ga? Se acol ho um ami go à mi nha mesa, peço que se assente e, se é coxo, não peço que comece a dançar. (Antoine de Saint-Exupéry) 35 Preci sam de ti o órfão sem pai s, a mul her abandonada pelo mari do, o doente sem cura, o sol i tári o amargo, o jovem que se droga, o homem que se embri aga, o vel ho que não t em forças. Estes carecem de teu apoi o e de tua ami zade. 36 Admiro os h om e n s qu e deram sua v i da pe l a cau sa da sol i dari edade. Admi ro e respei to quem tomou a defesa dos pe qu enos, m e smo com ri sco de pe rde r os própri os bens ou mesmo a vi da. Não exi ste mai or amor do que dar a vi da pel os seus. 37 O sorriso cria laços entre os h om e n s, l an ça pon t e s, torna-os familiares, faz da comunidade humana uma grande f amí l i a e arranca o h om e m, se ja por qu e stão de segundos, do anoni mato gl aci al e hosti l . (Cardeal Suenens) 38 Gostari a de reuni r numa das sal as de meu coração todos os qu e f oram part i cul armente m eus i rmãos. G ostari a de rever seus semblantes e reencontrar a energi a qu e juntos ti vemos ontem. Gostari a de escutar suas novas experiências e sabe r o qu e an dam i n v e n t an do para mel hor amar. Juntos fol hearí amos as pági nas do ál bum da vi da. 39 O am or é paci e n t e . Sabe e sperar o am an h ã para dar uma resposta. Sabe esperar para amanhã a compreensão de um gesto mal compreendi do hoje. 40
O se gre do do am or e st á e m si m pl e sm e n t e am ar se m esperar qualquer tipo de retribuição. Consiste em conti nuar a querer bem, mesmo na certeza de que não haja retribuição. Nunca nos arrependeremos do ter queri do bem.
41 O am or dos e sposos am adurece ao l ongo dos an os. É bel o ver o eufóri co encontro de jovens na pri mavera dos pri mei ros anos de casamento. É encantador acompanhar sua união ao longo dos embates da vida. É enternecedor v e r doi s an ci ãos que festejam suas bodas de ouro saboreando em toda si mpl i ci dade a vi tóri a do amor. 42 O amor é fi el ou não é amor. Se for passagei ro é emoção ou pai x ão. E m oçõe s e pai xões pode m h oje e x i st i r e amanhã desaparecer. O verdadei ro amor tem sabor de eterni dade. 43 Dize-me com quem andas e di r- t e - e i qu e m és. Se freqüentares pessoas que sabem doarse poderás ter um benéfico contági o.
44 O am or n asce do con v í vi o e do conheci mento mútuo. Fortalece-se na compreensão e na aceitação das di ferenças. É regado pel a chuva benfazeja do respei to e da fidelidade. 45 O f i l ho qu e n ão e st av a program ado, o com pan h ei ro que tem de f e i t os qu e n os de sagradam , o h om e m f rágil e i nseguro que n os m agoa, t odos e stes estendem a mão pedi ndo nosso amor. 46 O amor manda que eu si l enci e os defei tos de outrem, mesmo se estes forem verdadei ros. 47 Quase todos andamos no mundo como se f ôsse m os desconhecidos uns dos outros. Não quero que haja desconhecidos. Quero o amor, a mesa aberta, a si nceri dade do abraço. (Sebastião da Gama) 48
Ama não somente quem dá esmola ao m e n di go, m as também e pri n ci pal m e n te quem prepara jovens para construí rem um mundo mai s fraterno e mai s verdadei ro, quem de rru ba prof e t i cam e n t e barrei ras e estruturas que ameaçam matar a esperança de amanhã dos pequenos da face da terra. 49 Quem não tem mais capacidade de am ar ch e gou efetivamente à terra da vel hi ce espi ri tual . 50 Creio no am or. C re i o n os ge st os con cre t os. C re i o n os atos desi nteressados. Crei o na capaci dade l atente em todo homem reto de sai r do centro da cena e preocuparse com hi stóri as di ferentes da sua. 51 O amor pede que eu descul pe os gestos i ngratos e as negligências repeti das.
52 Cada u m t i n h a n e ce ssi dade para v i v e r daqu i l o que o outro reservou para si, que lhe era inútil e se desperdi çou por fal ta de uso. (Isabelle Rivière) 53 Saborei am os del i ci osos frutos do amor e da ami zade os que juntos sofreram, os que juntos vi veram momentos de provação e de i ntensas preocupações. 54 Maxi mi l i ano Kol be de u su a v i da para sal v ar u m pai de família; Martin Luther King morreu pela causa da fraternidade; Oscar Romero tombou celebrando a Eucari sti a e defendendo os i rmãos pequenos e opri mi dos. Morreram como Jesus de Nazaré.
55 Ao verdadeiro amigo não precisamos e x por n ossas necessi dades. E l e n os con h e ce am orosamente. Ao nos aproxi marmos de l e gan h amos pão se esti vermos com fome e al ento se esti vermos desencorajados. 56 Nada m e i m pe dirá de col ocar meu am or e m at i v i dade : prisioneiro num qu art o, e st e n dido numa cama, pe n so i ncendi ar o mundo e se morrer estarei mai s perto do que nunca do mundo, de meus i rmãos, os homens.
(P. Lyonnet) 57 As grandes amizades perduram. Mesmo sem se encontrarem, mui tas vezes os ami gos retomam facilmente o fio da meada interrompido quando se deixaram. A verdadeira amizade vai mesmo para al ém da morte. 58 O ami go não di z ao ami go: “Tu tens que me pagar!” Faz uma pergunta: “Quanto preci sas ai nda?”
59 O amor é i nventi vo. A i magi nação dos ami gos é capaz de cri ar si tuações e arqui tetar projetos qu e f arão o outro mais fel i z. 60 A chave de toda pl eni tude é o amor. (Georges Roux) 61 O am or n ão é e x cl u si v i sta. T e n de a di f u n di r-se. Quem ama deseja que muitos outros partilhem de sua felicidade. 62 Se não tomares a deci são de vi ngar-te dos que te fi zeram mal , estarás em paz. (Guigues I). 63 Onde e x i st e am or, D e us aí e st á. On de são col ocados gestos puros de doação é a casa de Deus. A morada de Deus é o amor.
64 A com pai xão é u m a com u n i cação e scon di da e di scre t a. Quem está na afl i ção corre o ri sco de cai r em desespero e sentir o gosto da morte. O am i go com passiv o e st á presente para ajudar a conti nuar a cami nhada, a vi ver este momento de l uto ou de abandono com uma pequena chama de esperança. (Jean Varnier) 65 Regras para o di ál ogo: • Saberás escutar o outro. Escutarás mui to antes de fal ar. • Procurarás compreender o teu i nterl ocutor de todo o coração e com toda paci ênci a.
• O outro preci sará encontrar em t i u m i nterl ocutor disposto para que se e st abe l e cerá o diálogo: os que di al ogam procurarão se si tuar na mesma onda para que não haja di ál ogo de surdos. • Procurarás fazer com que o outro se si nta l i vre e nunca coagi do. • Às tuas pal avras acrescentarás gestos concretos para que teu fal ar não seja hi pócri ta.
66 O mi stéri o do homem se i l umi na quando percebe que a marcha de seu destino vai na linha de perspectivas fraternas. (Georges Roux) 67 Só o amor sal va da morte.
(Roger Garaudy)
68 Não podemos ser pai s ou mães de al guém senão pregados na cruz. (Chiara Lubich) 69 Quando meus i rmãos vão pel o mundo, eu l hes aconsel ho e l h e s re com endo em Nosso Senhor J e su s C ri st o que evitem as di scu ssões e bri gas, n ão ju l gu e m os outros, mas qu e sejam afávei s, pací fi cos, modestos, chei os de mansidão e h u m i l dade , f al an do h on e stamente a t odos como convém. (2ª Regra de São Francisco de Assis)
70 Seja si ncera a vossa cari dade. Aborrecei o mal , atendevos ao bem. Sede cordi ai s no amor fraterno entre vós. Rivalizai em honrar-vos reci procamente. (São Paulo aos Romanos 12,9-10)
II. A FLOR DISCRETA DA SABEDORIA Sábi o não é aquel e que sabe mui tas coi sas. Nem sempre os que acumularam conhecimentos sãos humildes e profundos. Pode ser que o orgul ho os tenha cegado. Sábi o é aquele que v ai ao f u n do das coi sas. A pobre m u l her qu e mostra o be m a se u f i l h o é sábi a. Sábi o é aqu e l e qu e toma as deci sões depoi s de madura refl exão. Os sábi os são humi l des, mas fortes. Choram, mas nunca desesperam. Por detrás del es há qual quer coi sa da Sabedori a do Senhor.
1 Acontece al gumas v e zes qu e n ão ach amos bom o chá. Descobre-se a cau sa qu an do se ch e ga ao f u n do da xí cara: era o açúcar. Não estava fal tando, mas estava no fundo. Teri a si do necessári o mexer. Tal vez o que esteja f al tando à nossa vi da também tenha fi cado no fundo. Nossa vi da tal vez não tenha sabor porque não temos a coragem de ir ao fundo das coisas ou porqu e n ão queremos. O progresso nos cumul a de seus benefí ci os e nos pe rm i te v i ver e m i n crí vel con f orto. E , n o e n t anto, nossa ci v i l i zação tem um gost o e st ran h o... Fazemos caretas com o ao t om ar ch á se m açú car. Pre ci sarí amos fazer o esforço de mexer a vi da, de tocar nos segredos de Deus em nós. (Philippe Zeissig) 2 O coração tem razões que a razão desconhece. (Pascal) 3 Mel hor acender uma vel a, por menor que seja, do que amal di çoar as trevas. (Provérbio chinês)
4 Meu segredo? Mu i t o si m pl e s: só se vê bem com coração. O essencial é i nvi sí vel aos ol hos. (Antoine de Saint-Exupéry)
o
5 Obrigado por tudo que passou. Ao que vi rá? Si m! (Dag Hammarskjöeld) 6 Sorri ndo para os outros o
homem
vai
ao encontro do
que el es têm de mel hor, desperta a cri ança que jaz no homem fei to, faz ressal tar a espontanei dade por detrás de rí gi dos con f ormi smos e a l i be rdade por de t rás das pressões. (Cardeal Suenens)
7 Importante que não te faças pri si onei ro de teu mundo particul ar ou do fi o de tua hi stóri a pessoal . De quando em vez é preci so del i beradamente suspender tua atenção a respeito de t i m e sm o. F i carás i m pre ssi on ado ao t om ar conheci mento daqui l o que acontece a t an t as pe ssoas e em tantos l ugares enquanto tu estavas preocupado com teus assuntos parti cul ares, mesmo se tai s assuntos não tivessem sido egoí stas e vi sassem o i nteresse dos outros. (Albert-Marie Besnard) 8 A vaidade consi ste em ti rar gl óri a de coi sas desti tuí das de val or e fazer depender dos outros o jul gamento sobre o que fazemos e assi m de nossa ati tude di ante da vi da da opi ni ão de pessoas que não têm tí tul o al gum sobre nós. A vai dade é estado de dependênci a face às reações dos outros frente à nossa própri a personal i dade. (A. Bloom)
9 Aceitar tudo com amor é ser l i vre. Apenas resi gnar-se é ser escravo. (Germain Barbier). 10 A al egri a é fi l ha da ocupação.
(John Lubboch)
11 Infeliz de quem se dei xa l evar pel as coi sas fácei s. (Frison-Roche) 12 Sou al uno da dor.
(Beethoven)
13 O lago não de v e gl ori ar- se da abundância de suas águas, porque el as provêm da fonte. Da mesma forma quanto à paz que há em ti. É se m pre al gu m a coi sa di ferente de ti mesmo que causa a paz. El a será doenti a e enganadora se i nstável for a fonte de que procede. (Guigues I)
14 A felicidade é, sem dúvi da, acei tar corajosamente a vi da. (H. Bordeaux) 15 Ser humilde não significa de modo algum procurar humilhações. Nisto vai muito de imprudência e de orgulho. Basta ser o que se é, sem mai s nem menos, sob o olhar de Deus. (Georges Bernanos) 16 Que eu reze não para ser preservado dos peri gos, mas para encará-l os de frente. (Tagore) 17 O que é a sabedori a? É o conheci mento das coi sas em seu princípio supremo, que dizer, através do próprio pensamento de Deus. Pela sabe dori a con h e ce m os a verdade como se tivéssemos em nós o próprio pensamento de Deus. (Germain Barbier)
18 A dor é como uma decomposi ção necessári a ao nascimento de uma obra mai s pl ena. ( Maurice Blondel) 19 Nascer é começar a morrer. (Francisco Quevedo) 20 Ao que tem fome dá de teu pão, mas ao tri ste dá-l he o coração. (Provérbio chinês) 21 Que tua esmol a transpi re nas mãos até que sai bas a quem dar. (Didaqué)
22 Crustáceo ou v e rt e brado? U m cru st áceo é o se r qu e procura antes de m ai s nada se proteger dos ou t ros. Por medo, por pregui ça ou e goí smo faz funci onar o que tem de m ai s sól ido, su a carcaça, e n t re e l e e se u s semelhantes. Quanto mais se torna resistente exteri ormente, mai s frági l e i nconsi stente é no i nteri or. O v e rt e brado, ao con t rári o, ace i t a o ri sco de v i v e r. É vul nerável exteri ormente e oferece a se us semel hantes a parte mai s se n sí v el de seu ser. Mas é forte e resistente interiormente devi do ao seu esquel eto. (E. Burnier) 23 Quatro qual i dades de caráter pode ter o homem. O que diz: “o que é meu é meu e o que é teu é teu” tem qual i dades medí ocres. O que di z: “o que é meu é teu e o que é teu é meu” tem qual i dades comuns. O que di z: “o meu é teu e o teu é teu” é um santo. Mas o que diz: “o teu é meu e o meu é meu” é um mal vado. (Sabedoria judaica)
24 Alguém é aqui l o que é di ante de Deus, nem mai s nem menos. (Cura d’Ars) 25 Sê o que qui seres, mas procure sê-l o total mente. (Tomás More) 26 Se al guém não renunci a a nada, o ol har permanece turvo e o coração vazi o. (Maurice Blondel) 27 Durante toda a mi nha i nfânci a vi pessoas empal harem cadei ras com a mesma dedi cação e as mesmas mãos com que construí rem catedrai s. (Péguy) 28 Quão amável é o homem se real mente é homem. (Menandro)
29 Deixa que te persi gam. Tu não persi gas a ni nguém. (Isaac, o Sírio)
30 É preci so senti r-se perdi do para desejar ser sal va. (Madeleine Delbrêl) 31 Onde mel hor se conhece o homem é quando trata de dinheiro, comi da e na sua i ra. (Talmude) 32 O homem é a úni ca cri atura que deve ser educada. (Immanuel Kant) 33 Nunca fiz nada contra a mi nha consci ênci a. (Tomás More) 34 Creio no Deus que fez os homens e não nos deuses que os homens fazem. (A. Karr) 35 A vi da é uma aventura aberta, exposta. Não protejam as crianças. Fortifiquem-nas interiormente para que brinquem bem com qual quer espéci e de bri nquedo. (E. Mounier) 36 O sacri fí ci o agi ganta as al mas.
(René Bazin)
37 Devorei prazeres e fi quei fami nto; bebi i l usões e conti nuei sedento. (Bertold Brecht) 38 É preci so l ançar-se na aventura da vi da. Quem qui ser guardá-la há de perdê-l a. (Santa Teresa d’Ávila) 39 É a febre da juventude qu e con serva o mundo na temperatura norm al . Qu an do a ju v e n t u de arre f ece, o resto do mundo bate os dentes. (Georges Bernanos)
40 Para com e çar, f are m os coi sas f áce i s; pouco
a
pou co
defrontar-nos-emos com as maiores; e, quando ti vermos v e n ci do as coi sas gran de s, e m pre e n de re mos aquilo que é i mpossí vel . (São Francisco de Assis) 41 Todo homem se torna i magem do deus que adora. Quem adora coi sa morta, t orna-se coi sa m orta. Quem ama a corrupção, apodrece. Quem ama as coi sas perecí vei s, vi ve no recei o de perdê-l as. (Thomas Merton) 42 Dei xa que te cal uni em, tu não cal uni es. Al egra-te com aquel es que se rejubi l am e chora com os que choram. Aí está um si nal de pureza. Sol i dari za-te com os que sofrem. Derrama l ágri mas com os pe cadore s. Al e gra-te com os que se arre pe n dem. Sê am i go de t odos, m as guarda a soli dão com o Senhor. (Isaac, o Sírio).
43 O homem bom é l i vre, di stanci ando-se de suas própri as frontei ras e l ançando-se a espaços i nfi ni tos. Degusta toda a real i dade em seu sabor ori gi nal . Dei xa todas as coi sas penetrarem em seu coração porque tomou a pei to todas essas coi sas. (Peter Lippert) 44 A menti ra é sempre grave por ser a perversão de um ser que é fei to para di zer o que é. (Germain Barbier) 45 Devemos experi mentar al egri a em morrer se não pudermos ser homens e mul heres l i vres. (Gandhi) 46 É preci so amar somente a verdade com a paz que advém del a. (Guigues I) 47 O que torna di fí ci l a descoberta da verdade a respei to de nós m e sm os é n ossa v ai dade e a m an e i ra com o e sta di ta nosso comportamento. (A. Bloom) 48 Quando al guém feri r tua vai dade, não penses que tua
honra foi atacada.
(Provérbio persa)
49 Não di ssi mul es nunca a verdade. Di zer a verdade pode trazer dor, m as n u n ca arre pe n di m e n t o. Mas, com o a verdade é uma pérol a, não a l ances aos porcos. (Theodor Storm) 50 Fraude da pal avra dada é pi or do que fraude de di nhei ro. (Talmude da Babilônia) 51 A verdade é um remédi o repugnante. Al guns preferem ficar doentes a tomá-l o. (August von Kontzebue)
52 É preci so ter a coragem de expri mi r seu pensamento e a paci ênci a de dei xar que os outros expri mam o seu. (Germain Barbier) 53 A partir do momento em que me outorgo o di re i t o excl usi vo de ter razão, usurpo uma função que pertence à Divi ndade. (Gandhi) 54 Quem tem coração de pobre acei ta-se como é, com seus limites, defi ci ênci as e pecados. (Alfred Ancel) 55 Permanecer cri ança, reconhecer seu nada, esperar tudo de D eus, como u m a cri anci nha e spera t u do de se u pai , não i nqui etar-se de nada, não buscar fortuna al guma. (S. Teresinha)
56 A humi l dade é a chave do amor: com pouqui nho poder al guém pode aparecer, mas para desaparecer é preci so mui to. (François Varillon) 57 Acei tando de não ser mai s o mestre de sua fortuna, de sua ci ênci a e de se u poder, sendo di spensei ro de Cri sto para col ocar sua fortuna, sua ci ênci a e seu poder
a se rv i ço de se u s i rm ãos, o ri co e n t ra n o cam i n h o da sal vação. (Alfred Ancel) 58 A monotoni a é uma pobreza. Acei ta-a. (Madeleine Delbrêl) 59 Quem tem al ma de pobre tem senso para com os pobres. Ele os respeita depois de descobri -l os. Tem quase inveja deles por serem mais pobres do que el e. (Alfred Ancel)
60 Ser pobre, segundo o Evangel ho, n ão é somente se obri gar a f aze r o qu e f az o ú l t i m o, o e scrav o, mas fazê-l o com a al ma e o espí ri to do Senhor. Isso muda tudo. Onde está atuando o Espí ri to do Senhor o coração não é amargo. Não há lugar para qualquer ressentimento. 61 Quem tem al ma de pobre é doce. Não quer i mpor-se aos outros e mui to menos domi ná-l os. Compreende-os e não os condena. (Alfred Ancel) 62 Na m e di da e m qu e v am os e n v e l h e ce n do, pe rcebemos que a úni ca coi sa que enche nossas mãos não é o que tomamos, mas o que demos. (Catherine Paysan) 63 A vel hi ce é a vi da em marcha l enta. Não deveri a exi sti r para o homem. Há velhos que vivem em constante renovação. (D. Baunard)
64 Vem chegando o entardecer... Chega com suas sombras. Vejo muitas e bem espessas. Mas há também luminosidade e, por vezes, o poente é mesmo mui to bel o. (Eugène Groult) 65 A idade n orm al m e n t e de v e ri a fazer crescêssemos na caridade. A característica deveri a ser a bondade. (Germain Barbier)
com que do velho
66 Não gost ari a de m orre r su bi t am ente. T al vez por uma doença de al gu m as se manas para m e pre parar. Não mui to l onga para não ser peso para os outros. Depoi s a morte vi ri a ao meu encal ço. Vejo-a descendo a col i na, subindo a e scada, av an çan do pe l o corre dor, bat e n do então à porta de meu quarto. Não tenh o m e do. Esperava por ela. Digo: “Entra. Mas não partamos i medi atamente. Senta-te u m i n stante. E st ou pron t o ” . Que ela, então, m e l e v e n a mi seri córdi a de Deus. (Patriarca Atenágoras)
67 O desejo dos justos só produz o bem, mas o que os ímpi os esperam é cól era. (Provérbios 10,23) 68 Não v os pre ocu peis com o dia de amanhã. O dia de amanhã terá suas própri as di fi cul dades. A cada di a basta o seu fardo. (Mateus 6,34) 69 Quem ama a correção, ama o saber; mas quem detesta a repreensão, embrutece. (Provérbios 12,1) 70 Tudo quanto desejai s que os homens vos façam, fazei vós a el es. (Mateus 7,12)
III. SABER ENVELHECER A velhice é o cume da caminhada. Passaram as pl aní ci es, v al e s f oram e scal ados, ram pas í n gre m es foram venci das. No al to da col i na se con templ a a pai sagem que fi cou para trás e ai nda há al guma coi sa a ser fei ta. Há certas regras que tornam a vel hi ce um saboroso e abençoado período da v i da. O i m port an t e é ter a ce rt e za de qu e o Amor nunca abandona o homem, mormente quando a estrada está quase no fi m.
1 Tenhamos al guém para querer bem e al guma coi sa para fazer. Este é o segredo de uma vel hi ce sempre jovem. Quem ama não envel hece. 2 Não se jam os di spl i ce n tes. É preciso manter a forma fí si ca, e spi ri tual e i n t el ectual . T e remos assi m m e n os “i ncômodos” e seremos menos pesados para os outros. 3 Com coragem e sem gemi dos suportamos as di fi cul dades que não podemos supri mi r ou evi tar. Procuremos oferecêlas a Deus, generosamente, para que possam ser plenamente útei s porque custam mui to caro. 4 Procuremos ter be m e m m e n t e qu e h á se m pre pe ssoas que são mai s i nfel i zes do que nós e que o mel hor modo de aliviar n osso sof ri m e n t o é de tornar leve o dos outros.
5 Estejamos bem atentos às pequenas coi sas que poderão se transformar em rai os de sol para nós: andar, escutar, l er, conversar, servi r, sorri r, descul par, perdoar e rezar. 6 Afastemos de nós tudo aquilo que nos impede de envelhecer bem: ociosidade, egoísmo, isolamento, rancores, inveja e ci úme. 7 Não nos prendamos doentiamente às alegrias do passado. Lembremo-nos que el as nos foram concedi das e agradeçamos a Deus de no-l as ter dado.
8 Não v i v amos n o passado, n e m n o f u t u ro. Vi v amos da melhor man e i ra possí v el o m i n u t o pre sente com t oda novi dade e chei os de esperança. 9 Não quei ramos nos i mpor. Também não busquemos nos ani qui l ar. Conservemos u m a at i tude de di sponi bi l i dade para o que pudermos e devermos fazer.
10 Emprestemos nosso apoi o efeti vo a tudo o que é promovido e organizado para os anci ãos. 11 Procuremos n os i n t e re ssar pe l os jov e n s, sobre t u do por seu f u t u ro. D e i x e mos qu e e l e s e x pon h am su as i dé i as. Parti l hemos de suas al egri as l embrando-nos das al egri as e desejos de nossa própri a juventude. 12 Se não podemos dar entusiasmo aos jovens, procuremos i nspi rar-l hes confi ança e ser i nstrumentos de concórdia. Já é uma grande mi ssão. 13 Reconheçamos as l i m i t ações da i dade . T e n h am os bem em mente as con se qü ê n cias dos anos que se f oram passando. Coloquemos em destaque as v i rt u de s da Terceira Idade: sabedoria, be n e v ol ê n ci a, bon dade , paciênci a, sereni dade e paz.
14 Al i mentemos em nós a convi cção de que envel hecer é uma grande graça e que assi m podemos parti ci par cada vez mai s na mi ssão redentora do Sal vador. Que conforto e que al egri a! 15 Não nos inqui etemos. Deus há de nos prover do essenci al : o Amor jamai s nos há de fal tar.
IV. ESCUTAR O SILÊNCIO É terrí vel o si l ênci o forçado. A sol i dão forçada de um pri si onei ro ou de um doente sempre nos i mpressi ona. E no entanto é ú t i l , sal utar, provei toso, necessári o a todos nós que falamos empreender uma viagem no coração do recolhimento. Só desta forma deixaremos de ser superfi ci ai s. Deus costuma habi tar os si l ênci os buscados e desejados.
1 Se tens palavras mai s fortes que o si l ênci o, fal a. Se não tiveres, então guarda o si l ênci o. (Eurípedes) 2 A sabedoria sempre convidará os homens de boa vontade a fazerem a experi ênci a do si l ênci o e consi derar esta e xperi ênci a como a pri mei ra tentati va de acesso à felicidade. (Georges Roux) 3 Recolhemo-nos no si l ênci o para aí reconhecermo-nos a nós mesmos. (J. Urteaga) 4 O deserto é uma etapa normal do i ti nerári o da fé. Horas há em que o mundo parece vazi o e i nabi tável . Vazi o de tudo o que preci samos, vazi o de todo senti do. Nada mais que comer, nada para m an t e r nossas forças e entreter o gosto de vi ver. (Jacques Gillet) 5 É no silêncio que podemos nos liberar de nossa superficialidade. O peregrino da vida avança al egremente no cami nho da Luz quando se despojar de tudo o que é i núti l . (Georges Roux) 6 No mui to fal ar não fal tará o pecado, mas quem refrei a seus lábios é sensato. A língua do justo é prata escolhi da, mas o coração dos í mpi os val e bem pouco. (Provérbios 10,19-20) 7
A sol i dão é necessári a tanto para o i ndi ví duo como para a soci edade, de t al f orm a qu e , se e st a n ão con se gu i r espaços su f i ci entes para de senvol ver a v i da i nteri or de seus membros, estes se revoltam e bu scam f al sas solidões. (Thomas Merton) 8 O verdadei ro si l ênci o para o homem é a busca de Deus. (Catherine de Hueck Doherty)
9 No silênci o só se escuta o essenci al . (Camille Berguis) 10 A f al sa sol i dão é u ma posi ção v antajosa do i ndi ví duo ao qual se recusou o di rei to de ser pessoa e que se vi nga da soci edade tornando-se destrui dor. A verdadei ra sol i dão se e n con t ra n a h u m i l dade qu e é i n f i n i t am e n t e ri ca. A falsa solidão é refúgio do orgulho e é i n f i n i t am e n t e pobre. (Thomas Merton) 11 Quando prati cas o recol hi mento, compreendes que uma grande aventura começa a parti r do si l ênci o em ti ; e que este si l ênci o não é fi m, porque avanças através desse vazio interi or na di reção da al egri a i nteri or. (Georges Roux) 12 O silênci o é um ami go que nunca trai . (Confúcio)
13 O si l ênci o é mai s angusti ante que a agi tação barul henta quando não l eva a mai or recol hi mento. (M. Tamboise) 14 O silênci o é um pouco do céu que desce até o homem. (Psichari) 15 Haverá sempre sol i dão para aquel es que del a serão di gnos. (Villiers de l’Isle Adam)
16 Há momentos i nfel i zes em que a sol i dão e o si l ênci o tornam-se mei os de l i berdade. (Valéry)
V. PARA ALÉM DAS SOMBRAS HÁ UMA CLARIDADE O condenado sabe di sso. O doente sem cura al i menta essa esperança. Os qu e f oram f orçados a convi ver com a dor o repetem. Para al ém do caos presente há uma harmoni a e uma ordem i nsuspei tadas. Por i sso os cami nhei ros da vi da cantam canti gas de esperança.
1 O homem tem regi ões em seu pobre coração que ainda não existem. Só começarão a tomar forma quando nel as entrar o sofrimento. (Léon Bloy) 2 O sofrimento é a l ei de ferro da natureza. (Eurípedes) 3 O náufrago do mar, perdi do nas trevas da tempestade, não recusa a mão que lhe vem e m socorro... mas o náufrago da vi da recusa, por vezes, a sabedori a que l he abre as portas da salvação. (Georges Roux)
4 Padeço de u m a e n f e rm i dade há m u i tos anos. E st ou cercado de competênci a, devotamento e presença ami ga. Fico, no entanto, perplexo diante do problema da tortura: v ol untari amente homens f aze m se u s i rm ãos sofrer e uti l i zam os mai s avançados recursos da ci ênci a para m ai s av i l t á-l os. Si nto-me total mente i mpotente di ante de t al h orror. Qu an do o sof ri m e n t o m e parece quase i nsuportável , procuro entrar em comunhão com os torturados. Que outra coi sa posso fazer? (Um doente gravemente enfermo) 5 O paí s onde fl oresce o nascer e o morrer é o paí s do sofrimento. (Santo Agostinho) 6 Deus não v e i o su pri m ir o sof ri m e n t o. Não veio n e m mesmo dar-l he uma expl i cação. Vei o, si m, enchê-l o de sua presença. (Paul Claudel)
7 Um homem que não foi experi mentado pel a dor nada sabe e nada val e. Não é cri ança e não chega a ser um homem de estatura adul ta. (Jacques Maritain) 8 Nunca se esquecem as l i ções aprendi das na dor. (Provérbio africano) 9 O homem é um aprendiz e a dor é seu m e st re . Ninguém conhece a si mesmo enquanto não ti ver sofri do. (Alfred de Musset) 10 É pe l a qu al i dade com o acol h e m os o sof ri m e n t o que se mede o coração do homem, porque o sofri mento é um si nal do outro, di ferente de si , que chega ao homem. O sof ri mento mata al guma coi sa e m n ós e col oca aí uma outra coi sa que não nos pertenci a. (Maurice Blondel)
11 É necessári o afi rmar fi rmemente com toda a Escri tura e a Tradição da Igreja que não temos que amar o sofrimento. Num primeiro momento cabe-n os l u t ar contra ele. Prever e evitar as cat ást rof e s n at u rai s, trabal har pe l a ju st i ça, pe l a paz e pe l o be m e st ar dos homens, curar e reconfortar os doentes é agir na di reção da Bí bl i a, sobre t u do do E v an ge l h o. C ri st o não ensinou e prati cou tudo i sto? (Jean Laborrier) 12 Nada existe de tão i nfel i z do que um homem que nunca tenha sofri do. (Joseph de Maistre) 13 O m al n ão é f e i t o para se r com pre e n di do, m as para ser combatido. O mal no mundo é u m con v i t e para qu e arregacemos as mangas... (Varillon) 14 A Igreja não tem ouro para ser guardado, mas para al i vi ar as necessi dades dos pobres. (Santo Ambrósio)
15 A cari dade é o motor da justi ça. (Jean Lacroix) 16 Carrego no coração o peso das ri quezas que não dei . (Tagore) 17 O aborto l egal i zado já matou nos Estados Uni dos mai s do que as guerras nas quai s parti ci param. (Ronald Reagan) 18 Será o h om e m u m a pe ssoa ou u m a coi sa? Será u m a peça i nsi gni fi cante da roda do Estado ou um ser l i vre e cri ador, capaz de responsabi l i dade? Esta i nterrogação é vel ha como a humani dade e nova como o jornal desta manhã e, embora haja mui ta concordânci a na pergunta, a resposta é mui to di versi fi cada. (Martin Luther King) 19 Nada é mai s sem razão e mai s covarde no cri stão do que o temor servi l e mercenári o que se pode ter di ante dos grandes da terra. (Jean-Élie Avrillon) 20 Para que a paz rei ne numa ci dade é necessári o garanti r a seus membros as coisas essenciais para uma verdadei ra e di gna v i da. Qu e coi sas são e ssas? Uma casa para morar, uma fábri ca para trabal har, uma escol a para apre nder, u m h ospi tal para cu rar, uma prefei tura para governar e uma i greja para rezar. (Giorgio La Pira) 21 A fome e a mi séri a de um homem são a fome e a mi séri a de todos os homens. (M. Sen) 22 Certamente o h om e m pode organi zar a t e rra sem Deus, mas, n o f i n al das con t as, se m D e u s n ão pode se n ão organizá-l a contra o própri o homem. (Henri de Lubac) 23 Sonho com o di a e m qu e m e u s doi s fi l hi nhos vi verão numa nação em que não serão jul gados pel a cor da pel e, mas pel a qual i dade de seu caráter. (Martin Luther King)
24 O progresso não está nas coi sas, mas nos homens. A fel i ci dade não está nos bens materi ai s, mas em nós. O verdadei ro probl ema não está na conqui sta do mundo, mas na conqui sta do homem. (Longás) 25 Cada geração tem uma preocupação domi nante, quer se trate de acabar com as guerras, de el i mi nar a i njusti ça soci al ou de mel horar a condi ção soci al dos operári os. Os jovens de nosso tempo parecem t e r e scon di do a dignidade humana. (Robert Kennedy) 26 A i dade de ouro do ser humano não está atrás, mas di ante de nós. (Duque de Saint-Simon) 27 Não desani memos no momento em que perdermos uma batal ha. R esta-nos se mpre a f orça da oração de onde podem nascer a esperança e u m e spí ri t o de resoluta resistênci a. (Lutero)
28 Somos assassi nos de n ossa própri a v i da e n quanto não ti vermos descoberto em nós razões de esperança. (Georges Roux) 29 Quem espera na paci ênci a já recebeu a força que preci sava. (Paul Tillich) 30 O homem n ão e x i st e ai n da. C om eça mal e mal a se desprender da m i st u ra an i m al e se u di f í ci l n ascimento certamente ainda exi gi rá mui tos mi l êni os. (André Bodart) 31 É necessári o afi rmar nosso compl eto desacordo com os profetas da desgraça, que vi vem sempre anunci ando catástrofes como se o mundo esti vesse perto de seu fi m. (João XXIII) 32 Mesmo na noi te mai s obscura há sempre uma estrel a no horizonte de teu ol har. (Georges Roux)
33 Quando o homem espera, vence o medo, compreende o sentido das provações, confia em Deus, crê no i mpossí vel , percebe Deus presente no coração da noi te, aprende a rezar. (Carlo Caretto) 34 Cada passo que dou me l embra que estou sempre em marcha para a eterni dade. (Hélder Câmara) 35 Não é bat e n do n a e rv a qu e se f az o t ri go cre scer. Importa saber esperar paci entemente, ol har di a após di a os pequenos avanços, a l enta progressão de cada pl anta de tri go. (Abbé Pierre) 36 Quando o homem é habi tado pel a esperança, vence as contradi ções nas quai s se debate. (Carlo Caretto) 37 Nenhum homem pode f racassar t ot al m e n te na vida se uma só pessoa esti ver esperando em seu sucesso. (Georges Roux) 38 Creio que Deus quer nos dar, cada vez que nos encontramos numa si tuação di fí ci l , a força da resi stênci a de que temos necessi dade. (Dietrich Bonhoeffer) 39 O h om e m se f az, f aze n do al gu m a coisa. Na v e rdade o homem tem mai s n e ce ssi dade de trabalho do qu e de salári o. (Lanza del Vasto) 40 Prepara-se o futuro não com preocupações esmagadoras, mas fazendo-se hoje o que se pode. É sobre a fi del i dade de hoje que se constrói o amanhã. (Germain Barbier) 41 Ni nguém é abandonado, se não se abandona a si mesmo, se el e mesmo não renunci a à esperança. (Georges Roux) 42
Homem é aquel e que tem em si mesmo um pouco mai s de âni mo do que de desesperança. (Günther Weisenborn) 43 Naquel e di a o l obo habi tará com o cordei ro e o l eopardo se deitará com o cabrito, (...) a criança de peito bri ncará sobre a toca da áspi de e sobre a cova da serpente a cri ança pequena estenderá a sua mão. Não se fará mal nem destrui ção em todo meu santo monte. (Isaías 11,6-9) 44 Não sou Col ombo, não posso descobri r a Améri ca. Mas quero buscar a verdade. Pel a verdade darei mi nha vi da, meu tempo e mi nha força. Não sou Al ber Schwei tzer. Não posso construi r um hospi tal na sel va vi rgem. Mas quero buscar o homem que de mi m necessi ta, de mi m e de meu am or. Não sou u m ast ron auta. Não pi sarei na l ua nem expl orarei pl anetas. Mas quero buscar o Rei no de Deus que está tão l onge e tão perto, tão di sti nto, tão gl ori osamente di ferente de todos os paí ses e de todas as estrelas deste mundo. (J. Zink) 45 O homem é um mi stéri o porque aparece como estadol i mi te entre doi s m undos. E st á m e rgu l h ado na carne, mas é constituído de espírito; debruçado sobre a matéri a, mas atraí do por Deus; crescendo no tempo, mas já respirando eterni dade. (J. Mouroux) 46 Quando o homem espera, morre já vendo seu corpo na l uz da ressurrei ção. (Carlo Caretto) 47 Não sei o que o futuro me reserva, mas também não i mporta mui to. Crei o na vi da, acredi to em mi m e, aci ma de tudo, acredi to em Deus. Ni sto se basei a mi nha l uta e minha vi tóri a. (Dietrich Bonhoeffer) 48 Coloquemos nossa esperança no Deus vi vo. (1ª Carta de Paulo a Timóteo 4,10)
49 A alegri a é si nal de que a vi da venceu. (Henri Bergson) 50
Crei o no sol , mesmo quando el e não bri l ha mai s; crei o no amor, mesmo quando el e parece não me envol ver; creio em Deus, mesmo quando El e se cal a. (Palavras escritas numa cela de prisão em Colônia, Alemanha Ocidental)
VI. BEM-AVENTURANÇAS DO SÁBIO Alguns pensam que a felicidade está em coisas complicadas. Ou t ros pe rce be m sua presença em coisas pequenas e em mi gal has i nsi gnificantes de nada. Talvez alguns os cl assi fi cassem de i ngênuos e quem sabe até mesmo de tol os. Quem sabe, estes são os verdadei ros sábi os. Fel i zes dos sábi os de coração.
1 Fel i zes os que sabem ri r de si mesmos. Terão sempre tema para diversão. Felizes aqueles que sabem distinguir u m a m on t an ha de u m m on t í cu l o de t e rra. Serão poupados de mui tos aborreci mentos. 2 Fel i zes os que são capazes de descansar e dormi r buscar mui tas descul pas. São sábi os.
sem
3 Felizes os que sabem cal ar e escutar. Aprenderão coi sas novas. 4 Felizes os que são sufi ci entemente i ntel i gentes para não se l evarem por demai s a séri o. Serão apreci ados em seu ambiente. 5 Fel i zes os que são atentos aos apel os dos outros, sem se con si derarem i ndi spensávei s. Se rão se m e adores de alegri a.
6 Felizes vós que sabeis olhar seriamente as coisas pequenas e cal mamente as coi sas séri as. Irei s l onge na vida. 7 Fel i zes se souberdes admi rar um sorri so e esquecer uma “careta”. Vossa estrada será ensol arada. 8 Fel i zes serei s vós se fordes capazes sempre de i nterpretar
com be n evol ênci a as at i t udes dos ou t ros, m esmo se as aparênci as f ore m con t rári as. Pode rei s f azer passar por ingênuos, mas a cari dade tem esse preço! 9 Felizes os que pensam antes de agir e que rezam antes de pensar. Evitarão muitas tol i ces. 10 Fel i zes, sobretudo, v ós qu e sabe i s re conhecer o Senhor em todos aquel es que encontrardes. Encontrarei s então a verdadei ra Luz e a verdadei ra Sabedori a!
VII. DIANTE DE TI, CUBRO MINHA FACE Seu nome é Mi st é ri o. É Oce an o In f i n ito e Port o dos náufragos. E st á pre se n te n o coração de su a au sê n ci a. É mai s í nti mo a nós mesmos do que tudo. Ao mesmo tempo é o todo Outro. É o Grande, o Consol ador, o Mi seri cordi oso, o Si l enci oso, o Forte e o Insondável . Homens de coração reto buscam-no de dia e de n oi t e . Qu an do v i sl u m bram uma nesga de sua C l ari dade , cobrem a f ace e m h u m i l de adoração.
1 Pouco a pou co pe rce bemos qu e D e u s foi nos gui ando tanto pel os fracassos, como pel os sucessos, tanto por provações como por oportuni dades, fechando portas de um lado e abri ndo outras mai s adi ante. (Paul Tournier) 2 Que n ada m e pe rturbe, n ada m e amedronte. Tudo tem um f i m , som e n t e Deus não muda. A paci ê n ci a t u do consegue. Quem possui a Deus não tem necessidade de nada: Deus basta. (Santa Teresa d’Ávila) 3 Cremos que Deus nos fez para el e. Que outro moti vo haveria que pudesse dar senti do à vi da da humani dade?. (René Voillaume) 4 O uni verso é apenas uma sombra de Deus. (Stanislas Fumet)
5 Um estilo de vi da pobre tem i mpacto de testemunho irrefutável. (Pedro Arrupe) 6 Por detrás de todo sembl ante humano, mesmo manchado pel o pe cado, e n du re ci do pe l o e goí sm o, em todo se r humano há sempre u m a l on gí nqua promessa ou v agos traços de pensamento e de amor. Deus aí está presente. (Cardeal Garrone) 7
Senhor, dá-me um coração de cri ança e a i mbatí vel coragem de vi ver como adul to. (Catherine de Hueck Doherty) 8 Os braços do Sal vador cobertos de sangue recebem toda alma que se di ri ge a El e. (Zózimo) 9 Quando se am a, de se ja- se f al ar se m parar a qu e m se quer bem, ou ao menos olhá-l o i ncessantemente. Outra coi sa não é a oração. (Charles de Foucauld)
10 Há duas manei ras de rezar e é i mperi oso conservar as duas. A oração habi tual que se faz de manhã, à tarde, à mesa e a oração di reta. Quando você se encontra numa si tuação di fí ci l sua oração não será mai s l onga do que um suspiro, que uma exclamação, um pensamento de agradecimento, ou então gritos de dor, de arrependimento, de esperança, uma espécie de instantâneo, sem pal avras, quase sem pal avras... (Karl Barth) 11 Senhor, se quiseres que eu descanse, por amor, descansarei . Se me qui seres trabal hando, morrerei no trabal ho. D i ze-me onde e com o, f al a qu e e spe ras de mi m, tu a quem tanto amo, Senhor!. (Santa Teresa d’Ávila) 12 O homem de oração nada procura a não ser aprofundar-se cada vez mai s no deserto mai s denso e no mai s í nti mo segredo de seu própri o coração. (André Louf)
13 Fico admi rado ao ver Deus, gêni o da cri ação, ao mesmo tempo ser a pobreza em pessoa. (René Habachi) 14 Gostari a de di zer a todas as pe ssoas qu e fontes de força, de paz e t am bé m de f e l i ci dade e n contrari am se consentissem em vi ver na i nti mi dade de Deus. (Elisabeth da Trindade) 15
A descoberta do amor, a recepção em nós do Amor Infinito será uma nova criação. O amor quer, a cada instante, cri ar no mei o de nós mai s amor. (Um monge anônimo) 16 Não faças de Deus teu travessei ro e nem da oração teu cobertor. (Hélder Câmara)
17 Quando leio o Evangel ho, si nto-me cri stão. (Gandhi) 18 A eterni dade é Al guém que me encontra a cada momento da vi da, em cada momento deste futuro que vem a mi m, que me é dado. (J. Thomas) 19 Em vão t e n t are m os con st ru i r se Deus não estiver conosco, se não for El e o arqui teto, se não conduzi r os trabal hos, se não fi zer os pl anos, escol her os operári os e comandar tudo. Uma pedra i nadequada ou mal col ocada pode abal ar todo o edi fí ci o. (Antoine Chevrier) 20 Como um mendi go à tua porta estou de pé e te i mpl oro. Dá-me uma e smol a, ó m eu D e us... U m pou co de am or que re ce berei de t u as m ãos am orosas. Não me dei xes chamar e m v ão: n ão t e n h o m é ri to al gum, nada possuo, nada recl amo e te peço somente um dom gratui to. Não dei xes cai r sobre m i m o pe so e sm agador de todas as mi nhas f al tas. Col oco em tuas amorosas mãos meus incontávei s pecados. (Tukaram)
21 Sem a oração, todas as vi rtudes são como árvore sem terra. (Testemuno da Igreja Oriental) 22 Abre as jan e l as. Deus não se dá pe l a m e t ade , dá- se totalmente. Abre tudo. Deus não se vende. El e se doa. (P. Monier) 23 Toda cri atura, por mai s i nsi gni fi cante que seja, sempre reflete alguma i magem da bondade de Deus.
(Imitação de Cristo) 24 Nesta vida tu não podes se r f e l i z, n i n gu é m o pode . Procuras uma boa coi sa, mas esta terra não é o paí s que procuras. Que procuras? A fel i ci dade? El a não é daqui . Se Cristo ti vesse encontrado a fel i ci dade aqui , tu também a encontrari as. El e, no entanto, encontrou aqui a morte... Mas depoi s te convi dou para sua magní fi ca mesa onde ele mesmo é o pão. Descendo até a ti, encontrando sofri mentos em tua pobre casa, não recusou sentar-se à tua mesa, tal qual é, e te prometeu a sua. (Santo Agostinho) 25 Fazei , Senhor, com que me esqueça dos sofri mentos de ontem e não me i nqui ete com os que vi rão amanhã. (Leguay) 26 Quem entrega sua l i berdade ao Senhor, o adora e recebe a li berdade dos fi l hos de Deus. (Thomas Merton) 27 A oração é o fi o da fé.
(Stanislas Fumet)
28 Não h á l i mi tes à sú pl i ca: t u do de pe nde da maturi dade ati ngi da pe l a fé e da con f i an ça absol u t a n o pode r de Deus. O pobre é pobre , m as o pobre do Se n h or t e m o Senhor à sua di sposi ção. Ei s uma tomada de consci ênci a que cau sa v e rt i gem: D e u s à di sposi ção de m i n h a fé... que coi sa terrí vel ! (Carlo Caretto) 29 O coração con t ri to é a bre ch a í n t i m a por on de pode ai nda entrar qual quer coi sa de novo. É uma abertura ao Deus vivo e imprevi sí vel : o Deus que vem. (Eloi Leclerc) 30 No que se refere à vi são de Deus, o esti l o de vi da é mai s importante do que a manei ra de fal ar. (Guillaume de Saint Thierry) 31 Situamo-nos na fé ou fora del a. A fé é um terri tóri o, um reino. (Stanislas Fumet)
32 Senhor, deposi tamos em ti nossas preocupações para que te ocupes del as; nossa inqui etação para que a acal mes; nossas esperanças e nossos desejos a fi m de que seja fei ta a tua e não a nossa vontade; nossos pecados para que os perdoes; nossos pensamentos a fi m de que os puri fi ques; toda a nossa vi da terrestre a fi m de que a l eves à ressurrei ção e à vi da eterna. (Karl Barth) 33 Cada homem deve descobri r por si mesmo o segredo de Jesus. (Monge do Oriente) 34 Integrar-se em Deus é aprender que a vi da está no amor. (Germain Barbier) 35 As mãos de meu pai e os lábios de minha mãe ensinaram-me mai s sobre Deus do que meu cateci smo. (Aimé Duval) 36 Deus pode tudo, menos forçar o homem a amá-l ’O. Todo grande amor é necessari amente cruci fi cado. (Paul Edvokimov) 37 Na v e rdade f u i con ce bi do, Se n hor, para can t ar t e u nome e fui cri ado para anunci ar tua grandeza. (Bahya ibn Paqûda)
38 Senhor, vamos procurar abri r a porta para vós, sabemos que vos desagrada fi car batendo. (Paul Claudel) 39 Hoje não há ambi ente protegi do. Desde a sua i nfânci a o homem é l an çado n o mundo, onde t odas as opi n i õe s, todas as crenças e todos os si st e m as de v al ore s se combatem abertamente. Neste mundo pl ural i sta a fé não pode ser somente uma l i ção aprendi da. El a exi ge escol ha de val ores e aprofundamento da exi stênci a. Está portanto l i gada ao cami nhar do homem. E ni nguém pode fazer essa experi ênci a em nosso l ugar.
(Eloi Leclerc) 40 Perdoa-me, Senhor, este semblante fechado, esse riso mau que deforma minha boca, esse desgosto de viver, esse cansaço e esse abatimento. (L. Chancerel)
41 Mui tas vezes Deus se ocul ta a nossos ol hos, não quer nos ouvir e não permite que O encon t re m os. Ne sse momento é necessári o andar a seu encal ço, o que quer di zer, perseverar na oração. (Lutero) 42 Enquanto aquel e que não abre seu coração à i l umi nação da fé vê este mundo apenas como um objeto confuso e escandal oso, quem cresce na fé vê uma l uz i nvi sí vel ilumi nar seus passos. Cri sto é sua l uz. (Jean Laplace) 43 Dos átomos deste mundo Deus fez um espel ho e projetou em cada um del es um rai o de seu espl endor. (Djami) 44 Rezar é permanecer abraçado ao pai tocado de compai xão por causa de nossa mi séri a. (Jean Lafrance)
45 Meu Deus, eu te supl i co, depõe tua l uz em nossa vi da, tua cl ari dade em nossa morte e que a tua l uz esteja em nossos túmul os no di a da Ressurrei ção. (Oração da peregrinação a Meca) 46 Somos um povo que caminha e ju n t os cam i n h am os. Assim pode re m os al cançar uma cidade que n ão se acaba, sem sofrimentos e sem tristezas, cidade de eterni dade. Somos um povo que cami nha, que marcha através do mundo buscando outra cidade. Somos errantes, peregri nos na busca de um desti no, desti no de unidade. Sempre se re m os cam i n h antes, pois som e n t e cami nhando poderemos al cançar uma ci dade que não se acaba, se m sofri mentos e se m t ri stezas, ci dade de eterni dade. (E.V. Mateu).
47 Aqui nasce para o céu um povo de al ta l i nhagem e o Espí ri to l he dá a v i da n as águ as f e cu n das. Pe cador, desce à fonte sagrada para l avar teu pecado. Descerás vel ho e subi rás com nova juventude. Nada separa os renascidos porque formam uma unidade: há um só bati smo, um só E spí ri to e uma só f é. Nas águ as a Mãe Igreja e n gendra com f e cu ndi dade v i rgi nal os que col oca no m u n do pe l a força do E spí ri t o. Se qu e re s se r puro, l ava-te n estas águ as qu al quer qu e se ja t ua fal ta, teu pecado, de ori gem ou pessoal . Esta é a fonte da vi da que banha o uni verso i ntei ro. Brotou da feri da de Cri sto. Os qu e n asce ram de sta f onte e speram o R e i no. Não basta nascer para chegar ao paí s de Deus. Que ni nguém se assuste nem do número nem do peso de suas fal tas. Santo será aquel e que nascer destas águas. (Inscrição no Batistério da Basílica do Latrão em Roma)
48 Aprendamos a não temer e a di scerni r nas forças cegas a proximidade do Se n h or. Tem os qu e re cu sar de f i car i mpressi onados para al é m do n e ce ssári o n o m om e n t o das av al anches e da ch egada do caos. Nosso ol h ar i nteri or, h umi l de e de se speradamente, f i x ará u m pon t o no h ori zonte onde há de se n os m an i f e st ar a F ace do Senhor. (Albert-Marie Besnard) 49 A fi nal i dade da oração é menos obter o que pedi mos e mai s tornar-nos outros. (J. Green) 50 Deci di col ocar m i nha confi ança em Deus como e onde estiver. El e nunca poderá me rejei tar. (Newman)
51 Quando tudo me parece absurdo, quando estou angusti ada, quando a sensação de i nfi ni to (no tempo e no espaço) me atormenta, si nto a presença de Deus sem poder comunicar-me com Ele. Então volto-me resolutamente para o Cruci fi xo. (Carmen Tessier) 52
A vi da não é si mpl esmente o passar do tempo. O tempo nos é dado para que nel e real i zemos um certo número de vontades di vi nas. Quanto mai s nossa vi da esti ver pl ena dessas vontades di vi nas, mai s será real i zada. (Germain Barbier) 53 Só se obtém o Rei no de Deus renunci ando a tudo o mai s. (Yves de Montcheuil)
54 Não quero, Senhor, nem ouro, nem prata. Dá-me uma fé firme e i nabal ável . Não procuro, Senhor, os prazeres e as al egri as deste mundo. Consola-me e forti fi ca-me pel a tua Pal avra. Não peço honras e a consi deração do mundo, que em nada podem me aproximar de Ti . Dá-me teu santo Espí ri to para i l umi nar meu coração. Fortifica-me e consol a-me em minha mi séri a e em mi nha angústi a. Guarda-me até à morte na verdadei ra fé e na fi rme confi ança em tua graça. (Lutero)
55 Sede de Deus... conhecemos a sede fí si ca quando fal ta água. C on h e ce m os t am bé m a se de e m bri agadora de fel i ci dade de vi da. Será que nossa al ma sabe o que é ter sede de Deus? (Dietrich Bonhoeffer) 56 Para rezar não é necessári o ser i ntel i gente, mas estar em oração. (Madeleine Delbrêl) 57 Abandonar-se a Deus não é si nal de fraqueza, mas de coragem. (Bernard Gavoty) 58 Não há maturi dade de fé naquel e que crê porque recebe uma ce rt a f orça m oral . Não re za m adu ram e n t e aqu e l e que o faz no momento de n e ce ssi dade. Não é cri st ão maduro aquel e que vai à i greja porque i sso pode servi r. Cremos porque nos foi proposto crer e por ser di gno de fé. R ezamos porque é pri v i l égi o de h om e ns l i vres fal ar com D e u s. Vamos à i gre ja porqu e som os f e l i ze s de o fazer e porque a l i turgi a é fonte de al egri a. (J. Moltmann)
59 Exi ste al guém, meu Deus, que te pedi u hospi tal i dade e n ão f oi at e n di do? Que se postou à tua port a com esperança que l he abri sse e dei xou de ser recebi do? (Prece muçulmana) 60 Para a comuni dade cri stã de nossa época há doi s peri gos opostos: o pe ri go de procu rar a san t i dade somente no deserto (na oração) e o perigo de se e squ e ce r da necessi dade do deserto (da oração) para a santi dade. (Jacques Maritain) 61 Senhor, toma todo l ugar em mi m. Senhor, expulsa-me de mim mesmo. (Stanislas Fumet)
62 Como vi ajantes perdi dos num ardente deserto sem água, clamamos a Ti , Senhor. Como náufragos numa costa estéri l , cl amamos a Ti , Senhor. Como o pai de quem foi roubado o pedaço de pão que levava aos fi l hos fami ntos, cl amamos a Ti , Senhor. Como o pri si onei ro que o poderoso i njusto jogou numa cel a úmi da e tenebrosa, cl amamos a Ti , Senhor. Como o escravo rasgado pel o chi cote do mestre, clamamos a Ti , Senhor. Como o i nocente que se l eva ao suplíci o, cl amamos a Ti , Senhor. Como todas a nações da terra antes que houvesse a aurora da l i bertação, cl amamos a Ti , Senhor. Como o Cri sto na cruz que di zi a “meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”, clamamos a Ti , Senhor. (Lamennais)
63 O cri sti ani smo não é somente uma rel i gi ão vol tada para o passado. Seu ol har se vol ta também para avante, na di reção do futuro: sua fé é ao mesmo tempo esperança, porque Cristo não é somente aquele que morreu e ressuscitou, mas Aquel e que vem. (Joseph Ratzinger) 64 Assi m fal a o Senhor: “Conheço tua mi séri a, os combates e as tribulações de tua alma, a fraqueza e as enfermi dades do t e u corpo, t u a f al ta de coragem, teus
pecados, tua fraqueza... e apesar di sso di go-te: Dá-me teu coração, como tu és”. (Obra beneditina) 65 Durante tri nta anos cami nhei na busca de Deus. Quando abri os ol hos descobri que era El e que me procurava. (Bayazid de Bristhan) 66 O val or de uma vi da está no peso da adoração. (P. Monchanin)
67 Quanto mai s al guém reza, mai s quer rezar. É como um pei xe que n ada n a su perfí ci e da água e vai em segui da mergul har nas profundezas do mar. (Cura d’Ars) 68 Assim como a águia ensina seus filhotes a voar, voando sobre el es e os at rai ndo, da m e sm a f orm a D e u s nos ensi na pel as sol i ci tações de sua graça a vi ver em sua presença. Na medida em que o ouvido se torna atento, sua delicadeza aumenta e a al ma segue a Deus cada vez mai s: vive então em sua presença. (Germain Barbier) 69 Senhor, dá-me tudo o que me l eva a ti . Senhor Deus, afasta de mi m tudo o que me desvi a de ti . Senhor Deus, faze com que eu não me pertença mais, mas seja inteiramente tua. (Edith Stein)
70 Os santos eram h om e n s se m e l h an tes a todos nós. Mui tos dentre el es foram mesmo grandes pecadores, mas por seu arrependi mento chegaram ao Rei no dos céus. (Starets Silouane) 71 Assi m como o sol espal ha por todos os cantos seus raios de luz, da mesma forma Deus está pron t o a di fundi r as de l í ci as de seu amor, se n ão f e ch arm os o acesso de nossa al ma por espessas nuvens de pal avras. (John Fischer)
Não
me
72 abandones,
Senhor,
porque
em
Ti
coloquei
mi nha esperança. Não permi tas que mi nha esperança seja confundi da. Que eu Te si rva e farás de mi m o que qui seres. (Santa Teresa d’Avila) 73 Orar significa abrir com ilimitada confiança o seu coração a Deus, ao seu amor paternal e depois sair alegre correndo como uma cri ança. (Basiléa Schlink).
74 Depoi s dos sof ri m e n t os, dos e sf orços, das pe n as, das tribulações e de ce pções da v i da, depois das dú v i das todas e m e sm o das f raqu e zas da al m a... de poi s de tudo i sto exi ste o Cri sto, rocha fi rme à qual se agarram todas as nossas angústi as. É Cri sto e a fé nel e que dá aos cri stãos a razão de suportar tudo i sto. (Y. Azema) 75 Vós não semeai s e nem col hei s e Deus vos al i menta. O Senhor v os de u f on tes e ri os para be be r, montanhas, col i nas e rochedos para buscar abri go, árvores al tas para construir vossos ninhos e, mesmo sem saber fi ar ou costurar, é Deus que fornece a vós e vossos fi l hos a veste necessári a. (Sermão de São Francisco de Assis aos pássaros, segundo os Fioretti)
VIII. SUSSURROS E GEMIDOS DA ALMA Na t ri l h a da v i da, n a cam i n h ada dos cam i n h e i ros, h á momentos em que o coração tem vontade de fal ar com o Senhor. Não adi anta fazer grandes di scursos. Basta uma breve el evação do pe n samento, u m su ssurro e um dol ente gemi do.
1 Senhor, faze com que mi nha jornada seja boa e sem pecado. 2 Senhor, estende sobre mi m tua mão protetora e reforçame no teu temor. 3 Senhor, dá-me paci ênci a e di scerni mento das provações. 4 Li vra-me da i gnorânci a, da cól era e da dureza, Senhor. 5 Senhor, poupa-me do endureci mento do coração. 6 Senhor, l i vra-me de toda tentação. 7 Senhor, inscreve meu nome no l i vro da Vida e dá-me um bom fi m. 8 Senhor, acol he-me no meu arrependi mento. 9 Senhor, não me abandones. 10 Senhor, dá-me a sabedori a e a humi l dade. 11 Senhor, dá-me a paci ênci a e a doçura. 12 Senhor, l i vra-me de todos os fal sos c ompromissamentos. 13 Senhor, expul sa de mi m o esqueci mento e a insensibilidade.
14 Senhor, que meu coração receba o orval ho da tua graça. (Tradição ortodoxa grega)