Mem óri a e Pat ri môni o ESPAÇOS FORMAIS E NÃO FORMAIS DA HISTÓRIA. Janaina de Paula
Por que o patrimônio histórico, arquitetônico e urbano conquistou atualmente um público mundial? Por que seu conhecimento, conservação e restauração se tornaram
O Patrimônio urbano Françoise Choay nos diz que a preocupação com o “patrimônio urbano vem de eruditos, os antiquários. Sua dedicação e o profundo interesse, pelos objetos materiais do passado fará com que se congreguem, na Inglaterra, nas primeiras associações dedicadas à preservação.
Desenha-se também entre eles uma valorização de outras antiguidades, fazendo surgir uma nova sensibilidade preservacionista cujo olhar se volta para os monumentos medievais ingleses, como testemunho do passado nacional. Conservação abstrata: a ação se traduzia na reprodução
A Revolução Francesa é o divisor de águas no processo em curso. Pela primeira vez, o termo patrimônio, noção emanada do direito, através da qual a sucessão é normalizada em relação ao conjunto das posses, metaforicamente passa a designar as propriedades que doravante pertencem à nação. As razões são já conhecidas: a expropriação dos bens do
valor nacional construção que se contrapõem ao contrato social vigente no Antigo Regime valor cognitivo, de grande abrangência, em cuja pedagogia cívica poderíamos aduzir a cidadania. terceiro valor, capital pelo significado explícito para o turismo: o valor econômico.
o patrimônio seria inerente às sociedades humanas desde sempre? Como diferenciar monumento de monumento histórico? • Todo objeto do passado
pode ser convertido em testemunho histórico sem
Numa arqueologia da palavra e das coisas, é possível identificar uma noção-tipo de monumento cuja intenção é apenas a de perpetuar a memória. Lápides tumulares, obeliscos, arcos do triunfo, exercem uma função precisa para as sociedades que os construíram, não procuram informar de forma neutra, mas excitar e emocionar, atuar sobre a memória para evocar um
Noção de Patrimônio São obras que dispensam saber e prazer, colocadas à disposição de todos, mas também produtos culturais, fabricados, embalados e difundidos tendo em vista o seu consumo.
A metamorfose do seu valor de utilização em valor econômico é realizada graças à ‘engenharia cultural’... (cuja) tarefa consiste em explorar os monumentos por todos os meios possíveis, a fim de multiplicar indefinidamente o número de visitantes
a autora se posiciona mais na ala dos apocalípticos do que na dos integrados. Embora reconhecendo a importância da idéia iluminista de democratização do conhecimento, que se
para ela a massificação e o aparato de efeitos do arsenal tecnológico utilizados para “vender” contribuiriam para o impedimento da contemplação introspectiva e silenciosa dos bens patrimoniais. Daí a condenação veemente das reconstituições históricas e
"Representado por um labirinto dissimulado pela superfície cativante de um espelho, o patrimônio arquitetônico e urbano, com as atitudes conservatórias que o acompanham, pode ser decifrado como uma alegoria do homem na aurora do século XXI: incerto da direção em que o orientam a ciência e a técnica, busca um caminho no qual elas possam libertá-lo do espaço e do tempo para, de forma diferente e melhor, deixar que os invista". (pág. 258)
O autor procura identificar, nas últimas décadas do século XX, dentre outras coisas, fenômenos associados às atuais práticas de memória, como a musealização, a volta do retrô e a obsolescência.
a partir da década de 1980 um foco onde o futuro se fazia predominante se trasladou para o crescente interesse pelos dias que já se passaram: seria a transição dos “futuros presentes” em direção a certos
Relata ainda que, a partir da década de 1990, políticas “genocidas” como nos casos das guerras de Kossovo, Bósnia e Ruanda, tem acrescentado seguidas associações com o fenômeno do Holocausto nazista. Tal como em relação ao termo genocídio, a expressão holocausto (originalmente “sacrifício”, do grego holókauston), vai adquirindo novas colorações de significado, e se torna de uso corrente, passando a se aplicar em situações aparentemente distantes das suas apropriações originais
Huyssen relata haver uma espécie de fenomenologia do passado presente, iniciada nos 1970, com a restauração historicizante de velhos centros urbanos, de cidadesmuseus, com a explosão das modas retrô e dos utensílios reprô, com o comércio da nostalgia e da
O P as sado v end e ma is qu e o fut ur o?
por que teria oc orrid o es ta “volt a ao passad o” ?
Tent am os com ba te r o med o e o pe rig o do esque ci me nto co m estr atég ias de sobr eviv ência de reme mo ra çã o
o enfoque sobre a memória é energizado subliminarmente pelo desejo de nos ancorar em um mundo caracterizado por uma crescente instabilidade do tempo e pelo fraturamento do espaço vivido (p. 20).
memória e da musealização juntas para construir uma proteção contra a obsolescência e o desaparecimento, para combater a nossa profunda ansiedade com a velocidade de mudança e o contínuo encolhimento dos horizontes de tempo e
quanto mais o capitalismo de consumo avançado prevalece sobre o passado e o futuro, sugando-os num espaço sincrônico em expansão, menor a estabilidade ou a identidade que proporciona aos
as práticas de memória expressam, para Huyssen, a necessidade de uma ancoragem espacial e temporal em um mundo moldado por redes cada vez mais densas de espaço e tempos comprimidos
Se nós estamos, de fato, sofrendo de um excesso de memória*, devemos fazer um esforço para distiguir os passados usáveis dos passados dispensáveis. Precisamos de discriminação e rememoração produtiva e, ademais, a cultura de massa e a mídia virtual não são necessariamente incompatíveis com este objetivo. Mesmo que a amnésia seja um subproduto do ciberespaço, precisamos não permitir que o medo e o esquecimento nos dominem."
Não existe separação entre memória real e virtual. A cultura de massas não deve ser encarada como um obstáculo, mas um fator de transformação.
Conservação da capacidade de dar continuidade ao processo de patrimônio e a sua substituição. Propedêutica do patrimônio toma lugar na escola.