A INVERSÃO DOS PAPÉIS DO HOMEM E DA MULHER E O JUÍZO DE DEUS (Gn 3: 1-24) Rev. Moisés Bezerril Ministro da IPB, professor de Teologia Sistemática e Novo Testamento, Bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte e pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestre em Teologia Sistemática pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper - São Paulo.
O capítulo 3 registra a terrível calamidade da entrada do pecado no mundo, o reinado de Adão. A substância do pecado de Adão foi a transgressão da lei (desobedeceu a ordem de Deus). Contudo, o formato desse pecado foi a inversão dos papéis de homem e mulher. Vejamos algumas características do pecado de Adão que podem lançar excelente luz sobre o papel masculino: 1) Quando procurado por Deus por causa da transgressão, Adão reconhece sua culpa por abandonar sua liderança: “A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi”. 2) Uma das três maldições impostas sobre o casal foi a deturpação dos papéis, quando a mulher, depois do pecado, passaria a resistir a liderança do marido, (“o teu desejo será para o teu marido”) e o marido, ao invés de liderar a mulher como parte igual, a dominaria como escrava, (“ele te governará”). Isto prova que o pecado da inversão de papéis hoje nada mais é do que o fruto da maldição do primeiro pecado da inversão de papéis de Adão e Eva. 3) Deus não disse “porque comeste da árvore”, e sim “porque atendeste à voz de tua mulher”. Deus culpou Adão primeiramente por dar ouvido à mulher, e depois, pelo comer da árvore. Deus levou em conta que Adão abandonou sua liderança como chefe, e atendeu a uma decisão da mulher, sem nem mesmo questionar. Deus esperava que Adão, como o chefe moral da família, tivesse repreendido a mulher por esta ter tomado a frente de uma decisão que arruinaria a vida dos dois. Sua irresponsabilidade e abandono de seu papel culminou num juízo sobre toda a vida na terra. 4) A maldição da terra é culpa direta de Adão, “maldita é terra por tua causa”. A punição de Eva tinha a ver apenas com sua gravidez, mas a de Adão amaldiçoou até a terra. 5) Deus decreta a morte somente para Adão (“tu és pó, e ao pó tornarás”), mas Eva também morre. 6) A maneira como o apóstolo Paulo aborda a questão responsabilizando Adão pela queda, significa
que o apóstolo entende muito bem a natureza do pecado de Adão, sem responsabilizar Eva. A maneira como Deus aborda a desobediência do casal, responsabilizando Adão por tudo, e imputando maior castigo a ele como representante e chefe da mulher, nos dá clara indicação que toda a desgraça que sobreveio ao mundo, veio sob forma de inversão dos papéis de homem e mulher. Teologicamente falando, Eva comete a transgressão, mas a culpa é de Adão. As Escrituras parecem fazer vista grossa ao pecado de Eva como sendo o estopim de toda miséria humana no mundo. Em nenhum lugar chama “o pecado de Eva”, tanto como “o pecado de Adão”. Também não é comum falar sobre “a queda de Eva”, como o é falar da “queda de Adão”. Nunca se diz que o primeiro pecado entrou por uma mulher, e sim por um homem. Repetidamente é usada a expressão “pela ofensa de um só homem entrou o pecado no mundo”. Como pode ser isso, se a ofensa foi por meio de uma mulher, e além do mais, os dois pecaram? Na verdade, o pecado foi primeiro de Adão: seu abandono do papel de chefe do lar. Isto fatalmente culminou no pecado da mulher. O abandono da liderança masculina ou a inversão de papéis culmina em toda sorte de malefícios para uma família. Cabia a Adão toda a direção e supervisão do seu lar, pois ele era o chefe. Mas, estranhamente, Adão configura na narrativa de Gênesis como a mais lerda e passiva das criaturas da terra, frente ao mais ameaçador perigo para toda a humanidade: sua mulher assumindo papel masculino, desafiando a autoridade do marido, desobedecendo a Deus, e com o fruto da desobediência nas mãos pronta para arruinar a vida do marido e da humanidade inteira. Eva, contrariamente, configura na narrativa, como uma chefe, tomando decisões, e doutrinando o marido, pois, embora os dois soubessem da vontade do seu Criador, certamente, Adão foi convencido pela mulher, quando esta fez uso das palavras da serpente. Adão é culpado por não doutrinar sua mulher na obediência ao Criador; é culpado por não assumir o papel masculino para o qual foi criado. Eva é culpada por se apresentar como defensora, porta-voz e líder, estando seu marido presente; podia ter repreendido a serpente e ter dito a ela que perguntasse ao marido.
O QUE SIGNIFICA LIDERANÇA E O GOVERNO MASCULINO Etmologicamente não há muita diferença entre estes dois termos. Neste trabalho, teologicamente falando sobre o papel da verdadeira masculinidade, será empregado o termo “liderança” para a natureza geral do papel masculino em relação à mulher, enquanto o termo “governo”, será entendido no âmbito do exercício da liderança no lar e na igreja. Os relacionamentos básicos da vida funcionam em termos de autoridade e submissão (Deus e homem, pai e filho, marido e mulher, governo e cidadão, Cristo e a Igreja). Para uma melhor compreensão do papel do homem, é mister ter em mente a verdadeira natureza da masculinidade. Se isso não ficar muito bem compreendido, haverá muitas falhas no reconhecimento do papel masculino e no exercício do mesmo. O que é ser masculino? O VARÃO PERFEITO O homem de masculinidade verdadeira não é aquele que prova ser o macho por seu potencial sexual entre as mulheres. O senso da verdadeira masculinidade está na responsabilidade sentida pelo homem em sustentar, liderar, e proteger a mulher. A verdadeira masculinidade é uma forma de amor em dar-se a si mesmo pelo sexo oposto. Qualquer concepção diferente deste padrão reflete um homem imaturo. É necessário deixar claro que o homem não precisa estar ao lado de uma mulher para ser verdadeiramente masculino. Mesmo trabalhando ou vivendo em lugares onde não existam mulheres, cada homem deverá sentir a responsabilidade de liderar, sustentar e proteger o sexo feminino, se quiser ser o varão perfeito ou maduro. Toda verdadeira masculinidade volta-se para o bem da mulher. Para isto, elimina-se o autoritarismo (pensar só em si, auto-exaltação), e exercita-se em valorizar e honrar a mulher, ao invés de patroneála (I Pe 3:7). Muitos homens pensam de sua masculinidade como um direito que eles têm sobre a mulher para a própria satisfação deles; e muitas mulheres pensam da masculinidade como um peso sobre elas, e até mesmo uma ameaça à sua feminilidade. Mas, como todo princípio criado por Deus visa uma perfeição na sua Criação, a masculinidade visa o bem supremo das mulheres e do restante das criaturas. O texto de 1João 5:3 referenda isto sobre todos os princípios estabelecidos em Gênesis
para os papeis do homem e da mulher. Como sendo uma responsabilidade dada ao homem por ocasião de sua criação, Deus requererá de cada homem a responsabilidade do cumprimento da verdadeira masculinidade, o que já foi visto na responsabilidade que Adão teve por deixar de lado sua verdadeira masculinidade. A idéia de “cabeça da mulher” representa a parte principal do corpo que sustenta (boca), dirige (olhos) e protege (ouvido) todo o restante do corpo.
A LIDERANÇA E O GOVERNO MASCULINO Nos dias de hoje, quando se fala de autoridade masculina, logo ouve-se um grito feminista protestando contra toda e qualquer idéia de um homem governar uma mulher. Tudo isto acontece por conta de um terrível mal entendido acerca do papel do homem e da mulher. Normalmente, as mulheres que mais se opõem ao governo masculino foram aquelas massacradas por homens que nunca exerceram seu verdadeiro papel, nem mesmo tomaram consciência da verdadeira masculinidade (cumpre-se assim, no dia-a-dia, a maldição de Gn 3:16). Na maioria dos casos os homens têm exercido autoridade sobre as mulheres para demonstrar sua superioridade sobre elas. Mas isto não foi o que Deus planejou. O autoritarismo de tais homens é tão grande, que eles assumem a autoridade de Cristo na vida de suas mulheres. A verdadeira masculinidade é aquela que leva a mulher a se submeter à autoridade de Cristo. Outra visão errada sobre a masculinidade é aquela que pensa que ser masculino é ser servido sempre por uma mulher. Muitas mulheres também protestam contra essa idéia de servir ao homem. Infelizmente, tanto homens quanto mulheres têm entendido errado seus papéis nessa questão. Os homens acham que trabalham demais para sustentar uma mulher a vida inteira, e as mulheres acham que são verdadeiras escravas dos homens sem nenhuma remuneração. Na verdade, nenhum papel está mais voltado para servir do que o papel masculino. Ser masculino é ser destinado para a missão de servir e sacrificar-se pelo bem de uma mulher. A missão masculina é correr risco pela mulher. A maturidade masculina está em ter esta compreensão em mente sem exigir recompensa. Homens trabalham para o bem das mulheres porque esta é a lei de Deus, e não uma necessidade particular ou social. Mulheres servem aos homens dignos porque estão obedecendo a Deus, e não
atendendo a um capricho dos maridos. Se cada um tiver consciência da origem divina de seus papéis, logo, o egoísmo e orgulho serão evitados no exercício de cada papel. A liderança da família, ou governo da casa, é uma prerrogativa masculina. Mesmo que a mulher tenha uma certa iniciativa no lar, o homem sempre fornece o padrão. Isso significa que o homem é responsável direto por todo o curso que a família tomar. O endividamento, a pobreza, a negligência espiritual, a desobediência e rebeldia dos filhos, a insubmissão e liderança da mulher na família, são falhas pelas quais o homem é responsável direto. A verdadeira masculinidade é responsável pela provisão de todas essas necessidades. Cabe ao homem o planejamento moral e espiritual de toda sua família. Ele é o responsável para conduzir a família para objetivos traçados por sua liderança. Sendo assim, os filhos não viverão como querem, nem sua esposa fará opção por tal estilo de vida contrário ao marido. Tudo isto tem que ser visto e planejado de tal maneira que, ao exercer sua liderança, o marido não satisfaça apenas sua vontade em detrimento da família; mas deverá haver o uso do bom senso por parte do marido em atender os gostos da família sem ameaçar sua liderança. Ao mesmo tempo, o marido deverá ser enérgico para evitar qualquer indício de contrariedade obstinada de sua liderança, mesmo que isso tenha que ferir ou impedir os gostos da família. A tomada de decisão e a palavra final em uma questão na qual há discordância sempre deve pertencer ao homem. Isto, certamente, nunca deveria ser motivo para autoritarismo, mas para uma excelente condução da família. A mulher poderá ser consultada e ouvida; suas idéias deverão ser adotadas e postas em prática, mas nada deverá assumir o caráter de liderança feminina. Essa tomada de decisão também deve ser encontrada na vida sexual do casal. Mesmo que a mulher se apresente com um tipo de “dança do ventre” para o seu marido, ainda assim, ele tem o dever de procurar sugerir e iniciar a vida sexual dos dois. Também é responsável pelo cultivo, adorno e satisfação dos dois. A disciplina dos filhos é uma credencial da masculinidade verdadeira do homem como pai e chefe do lar. Mesmo que a esposa esteja presente, ela nunca deve assumir a disciplina e repressão dos filhos na presença do marido; ao invés disso toda repreensão e disciplina dos filhos deve ser repassada para o homem da casa. Quando há inevitavelmente uma necessidade da mãe repreender ou disciplinar o filho, isso deve ser feito de tal maneira que, naquela disciplina, o pai está liderando. Além disso, toda consulta feita pelos filhos à mãe, deve ter o aval do pai; tudo tem quer ser feito de tal maneira que os filhos percebam o apoio da mãe à liderança do pai. Para isto, a mulher nunca está autorizada a levantar a voz para o seu marido, dar-lhe ordens, repreendê-lo, ou chamar-lhe a atenção por algo que ela não concorda na frente dos filhos. Também deverá ser evitada toda
discussão entre marido e mulher na frente dos filhos, que comprometa a liderança masculina no lar. As expressões culturais que enfatizam e distinguem os papéis do homem e da mulher devem ser observados e praticados na verdadeira masculinidade. Isto significa que, em cada região do Brasil ou do mundo onde há costumes e tradições que correspondem ao perfil da verdadeira masculinidade bíblica, os homens devem praticar, sem reservas. A liderança do homem no lar não é uma missão de exaltação do sexo masculino sobre a mulher, nem um chamado para dominá-la. Parece ser um paradoxo, mas a missão da liderança é servir. “É um chamado a orar como nunca antes oramos; a praticar os princípios da Palavra de Deus constantemente; a sermos mais cuidadosos, menos levados pelo humor do momento; a sermos disciplinados e organizados em nossas vidas; a sermos amáveis e sensíveis; a tomarmos tempo para falarmos com a esposa sobre o que precisa ser falado; e se necessário, a estarmos prontos a dar a própria vida, conforme o exemplo de Cristo.” (John Piper, 1996) A autoridade não é um direito a ser exigido, mas uma responsabilidade a ser assumida. Cristo conduz sua igreja à santidade. (Ef 5:25-27) A liderança masculina é preparar a esposa para depender de Cristo, e não torna-la imatura.
AS PRIORIDADES DO HOMEM PARA COM DEUS PRIMEIRO LUGAR: O REINO DE DEUS
Se o reino de Deus não estiver em primeiro lugar na vida de um homem, as outras coisas não se encaixarão perfeitamente. A vida espiritual é a base do melhor casamento. A aplicação das qualidades divinas em nossa vida criará na criança o gosto pela vida de Deus. SEGUNDO LUGAR: O CASAMENTO
Para ser boa mãe, é necessário que a mulher seja realizada. O ambiente de criação perfeita para os filhos é aquele de harmonia conjugal, (os filhos devem ver os pais apaixonados). Os filhos são temporários dentro de casa, mas o marido e a esposa são para sempre; muitas mulheres que deixaram de servir aos seus maridos em favor dos filhos, hoje não têm os filhos e nem marido ao seu lado.
TERCEIRO LUGAR: OS FILHOS Para se criar filhos é necessário um fundamento sólido de amor conjugal; o melhor presente que uma mãe pode dar ao seu filho é amar o pai dele; e o melhor presente que o pai pode dar a seus filhos é amor àquela que lhes deu à luz. Os filhos são antes do trabalho e da igreja. Uma exccelente dona de casa ou profissional falha gravemente se não encontra tempo para ouvir os filhos, compartilhar das suas alegrias e consola-los em suas tristezas. Os filhos devem ser cultivados como planta valiosa, como jóia preciosa, objetos de investimentos, polidos e prezados. Não se deve ter medo de ter filhos, pois eles são herança do Senhor. Ao homem crente Deus capacita criar a todos eles para o seu Reino. (Sl 127:3) Os seis primeiros anos da criança são fundamentais e denotarão toda a personalidade dela; a mãe não conseguirá muita coisa se não participar desse momento da vida dela.
cedido para estudo por www.belezaimperecivel.com