maria doloresmaria
dolores
"nasceu maria de carvalho leite na cidade sertaneja de bonfim de feira ba, no dia 10 de setembro de 1900, filha de hermenegildo leite, escriv�o da prefeitura, e da dom�stica balbina de carvalho leite. em bufem passou a inf�ncia. do casal hermenegildo e balbina nasceram, com dolores, tr�s homens e duas mulheres. em 1916, diplomou-se professora pelo educand�rio dos perd�es, considerada pelas colegas e professores como adolescente-prod�gio, gra�as � rara intelig�ncia. "a poesia, come�ou a senti-la na cidade natal, ainda quase crian�a, a transformar-se, mais tarde, na poetisa de bons versos que todos conhecemos. reuniu alguns de seus poemas no livro "ciranda da vida". dizem os que a conheceram de perto que n�o sabia de cor nenhum de seus versos! sendo reconhecida na capital pela sua arte, passou a escrever nos jornais "di�rio de not�cias" e "o imparcial" sendo, neste �ltimo, redatora-chefe da "p�gina feminina". durante 13 anos, escrevera nos jornais citados, mostrando o mundo de ternura que trazia dentro de si, adotando o pseud�nimo de "maria dolores". apelidada pelos amigos e familiares de mad� e mariinha, era reconhecida pela simpatia e bondade com que a todos cativava. "dolores lecionou no educand�rio dos perd�es e no gin�sio carneiro ribeiro, em salvador. tamb�m dava cursos particulares. da�, porque entendemos o seu modo todo especial de ensinar, atrav�s dos versos, �s almas aflitas. "seu esp�rito n�o se limitou somente aos versos; ela tamb�m tocava piano, pintava, gostava da costura e da arte culin�ria. humana por excel�ncia, viveu desenvolvendo em si, contudo, qualidades inatas. "mas a sua vida n�o poderia ser somente flores: estava-lhe reservada uma prova de sofrimentos morais. "casara-se com o m�dico odilon machado. suportando infeliz consorcio durante alguns anos, finalmente deu-se a solu��o pelo desquite. n�o houve filhos desta uni�o, como nunca os teria maria dolores. "em sua peregrina��o, morou em v�rias cidades do pr�prio estado baiano, como pirangi e itabuna. nesta �ltima, conheceu carlos carmine larocca, italiano radicado no brasil; tornou-se sua companheira, ajudando-o, ombro a ombro, em suas atividades. "notamos nos seus versos o quanto sofrera, buscando algo que n�o encontrava: a sua complementa��o afetiva, tal como fora planejado pela provid�ncia, para que buscasse o amor maior, que ela soube encontrar um dia - jesus! tanto sofrimento n�o foi capaz de torn�-la indiferente ao sofrimento humano. na imprensa, falava dos direitos humanos e dos sofrimento dos menos felizes. n�o foi compreendida: tacharam-na de "comunista", tendo de responder sobre as acusa��es que lhe faziam, pois fora intimada. "em menina, fora cat�lica; em adulta, o sofrimento fizera-lhe conhecer a doutrina de allan kardec, e veio a consola��o, a aceita��o do sofrimento. "quando alziro zarur fundou a legi�o da boa vontade, ela tornou-se membro integrante, com o seu esp�rito aberto e cheio de ideais. "era a senhora voa e sempre bem-vinda aos bairros pobres de salvador, fazendo campanhas, prendas para os bazares realizados em sua pr�pria casa. fundara um grupo que se reunia em sua resid�ncia, todas as semanas, quando sa�am para distribuir, nos bairros carentes escolhidos, farn�is, roupas, rem�dios... chamavam-se "as mensageiras do bem". no natal, faziam campanha e distribu�am donativos assim como nos dia das m�es. dolores costurava
enxovais, vendia o que era seu ou empenhava; �s vezes, fazia d�vidas para sim a fim de ajudar algu�m. contou-nos uma de suas filhas adotivas que, quando ela desencarnou, algu�m viera com j�ias que lhe pertenceram, as quais foram dadas para que ela providenciasse vender por uma campanha que faziam. "e, no trabalho do senhor, na dedica��o � Causa evang�lica, foi desenvolvendo diversas mediunidades. tudo isto a ajudou a sofrer inj�rias, como quando fora acusada de "comunista", e outros sofrimentos que, em vez de a abater, a elevavam. perdoando sempre por cima de suas l�grimas, qual ensinou jesus. "trazia em si, maria dolores, um grande sentimento maternal e, como n�o lhe foi dado o direito da maternidade, adotou crian�as. a primeira, em itabuna, que foi registrada com o nome de nilza yara larocca (1936), depois em salvador mais duas filhas: maria regina e maria rita (1954). em 1956, vieram leny e eliene e, um m�s antes da sua desencarna��o, lisbeth. "lia muito e escrevia. os amigos eram tantos e admiravam-na! entre eles, podemos citar: jos� Nunes, candinha, maria alice, antonieta, jos� Bastos, maria alice queir�s, faustino, maria carolina sales... "carlos larocca estava na it�lia, quando dolores adoecera. a pneumonia manifestara-se de forma violenta. antonieta bastos fora visit�-la com jos� e faustino e, vendo o seu estado dispn�ico e de real abatimento, providenciaram o seu internamento no hospital portugu�s. in�teis foram os esfor�os m�dicos. poucos dias depois, quatro ou cinco dias, era 27 de agosto de 1959 ela partia de volta � P�tria espiritual. eram 1:40 horas. e, como disse mara em sua cr�nica, "partiu-se o guizo de cristal". nilza foi avisar, imediatamente, a antonieta e maria alice. levaram o corpo para a "casa de tia sara" - sede da lbv - e de l� partiu, com grande acompanhamento, para o campo santo. "numa carta escrita � Maria alice, francisco c�ndido xavier narra o seguinte: maria dolores lhe aparecera no dia 29 de mar�o de 1964, bela e remo�ada. as l�grimas vieram-me aos olhos, de v~v�-la t�o claramente junto a mim. que emo��o! "dolores era alva, de cabelos e olhos pretos, alegre e brincalhona, de estatura mediana e robusta de f�sico. desencarnara aos 59 anos, mas a sua lira continuou vibrando em benef�cio do amor, da caridade e do perd�o - o seu hino ao senhor, n�o diferente dos hinos que tocava e cantava, cheia da alegria de servir". perguntando a chico qual o primeiro poema que maria dolores escreveu por seu interm�dio, ele nos disse ser o bel�ssimo "anseio de amor", inserido nas p�ginas de "antologia da espiritualidade", que aqui transcrevemos. fonte livro: chico xavier mediunidade e a��o - 154 a 156 autor: carlos a. baccelli