Let Avril Go!

  • July 2020
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  • Words: 9,416
  • Pages: 25
Sabias que a Avril vem cá? O quê? Sílvia levantou os olhos do ecrã do telemóvel onde escrevia uma mensagem e olhou a melhor amiga, que exibia uma expressão entusiasmada. A Avril vem cá a Portugal dar um concerto acústico – anunciou Isabel, a vez reflectindo toda a excitação que sentia. As duas amigas viviam em Massamá, no concelho de Sintra. Isabel tinha dezasseis anos de idade e a sua melhor amiga, Sílvia, fizera dezassete pouco tempo antes. Isabel era baixa para a idade, tendo pouco mais de cento e sessenta centímetros de altura. Tinha cabelo castanho arruivado ondulado pelos ombros, olhos grandes e verdes, rosto redondo e pele muito branca. Parecia, segundo a sua mãe, uma boneca de porcelana. Parecia, segundo Sílvia, “um Hobbit do Senhor dos Anéis”. Sílvia, por seu lado, era mais alta e um pouco menos atraente que a amiga, embora não se importasse muito com isso. Tinha cabelo castanho-escuro liso, rosto comprido e os olhos cor de avelã eram a sua principal fonte de beleza. As duas amigas tinham acabado de almoçar na cantina da escola na companhia de Ricardo e Salvador, dois colegas de turma. Estes depois do almoço tiveram de ir à procura da professora de Português para tirarem umas dúvidas para o teste que se realizava daí a dois dias. Isabel e Sílvia resolveram esperar pela hora do íníco da aula de Inglês (a última que tinham à Quinta-feira), sentadas nos degraus que davam acesso à entrada principal da escola secundária. Sílvia já reparara que Isabel estava particularmente animada nesse dia. E, de facto, a amiga andara o dia todo ansiosa por falar disso com Sílvia, mas nos nos intervalos da manhã não tivera tempo, pois tivera de falar com colegas sobre um trabalho de grupo. Ao almoço não se sentira à vontade para falar disso à frente de Ricardo e Salvador. Então quando é que ela vem cá cantar para os portugas? – quis saber Sílvia. É daqui a três meses, mais ou menos – respondeu Isabel. Vai ser só ela e um guitarrista, como costumava fazer há uns anos? Não, não exactamente. Vai ser tipo aquele concerto acústico que ela deu há ano e meio, „tás a ver? Uns meses depois de sair o terceiro álbum? A banda toda mas sem guitarras eléctricas, percebes? 1

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Hum hum. O álbum novo dela sai daqui a três meses e meiro e como é um álbum mais acústico, mais calmo, ela está a fazer uma digressão acústica pela Europa para o promover. E finalmente lembrou-se que nós existimos! Também já não era sem tempo… Ela vai cantar umas quatro ou cinco músicas do álbum novo para além dos singles dos outros. E sabes que mais? O marido dela, o Deryck Whibley, aquele que é vocalista dos Sum 41, vai tocar algumas músicas com ela, aquelas novas que ajudou a compôr. E o Evan Taubenfeld, o antigo guitarrista… Isabel continuou a tagarelar alegremente por mais um bocado. Era sempre assim quando falava de Avril Lavigne, a sua cantora preferida. Isabel gostava de música rock em geral, de bandas como os U2, Linkin Park, Radiohead, Green Day, Nickelback, Coldplay, Red Hot Chili Peppers, Alanis Morrissete, Bon Jovi, P!nk, Lenny Kravitz, entre outros. Contudo, não idolatrava nenhuma destas como aquela cantora canadiana. Isabel apaixonara-se por aquela voz única de menina pequena, pela sua personalidade forte de “se não gostam de mim por quem eu sou, então não gostam de mim por quem eu sou e tudo o que irão ter é quem eu sou”, as suas canções que tanto podiam ser muito alegres ou muito tristes e que tantas vezes exprimiam o que Isabel também sentia, a sua atitude brincalhona, sobretudo entre os amigos, a sua maneira de vestir característica, sem obedecer a modas mas sem deixar de se renovar – a cantora chegara mesmo a lançar uma linha de roupas – o facto de saber tocar guitarra, piano e bateria (embora admitisse não ser perita em nenhum deles), o facto de saber lidar com a fama, de se manter o mais longe possível de grandes escândalos, de o seu casamento parecer ser para durar, de não falar muito da sua vida privada, de, apesar de a sua imagem se ter tornado mais comercial e ousada com o tempo, não ser nenhum produto de marketing, de não tentar vender o corpo em detrimento da sua música, de não abusar da sensualidade, ao contrário do que muitos cantores da altura faziam constantemente. A rapariga consultava quase diariamente diveros fóruns e sites de fãs dedicados à cantora que informavam sobre cada passo que esta dava. Logo, estava sempre a par das datas de lançamentos de CD‟s, videoclips, concertos. De vez em quando, falava sobre esses assuntos a Sílvia (a única que tinha pachorra para ouvir os seus monólogs). Sílvia não era grande apreciadora de Avril Lavigne. Os seus gostos musicais diferiam dos da melhor amiga – ela gostava mais de rythm&blues, de cantores como Beyoncé (a sua favorita), Alicia Keys, Mariah Carey, Rihanna, Usher, Leona Lewis, etc. Gostava da música de Avril Lavigne 2

mais porque a amiga gostava, as suas canções pouco lhe diziam (à excepção de I’m With You, de que gostava bastante). Isabel procedia da mesma fora em relação à música de Beyoncé – tirando uma ou duas canções, pouco lhe dizia. Sílvia não se importava muito de ouvir a amiga falar de Avril Lavigne – afinal de contas, quando Sílvia tivera uma paixão platónica por um jovem actor da televisão poucos anos antes, Isabel aturara-lhe horas e horas de monólogos apaixonados sem se queixar uma única vez. Geralmente até se interessava por aquilo que Isabel contava sobre a sua diva, mas, em dias de menos paciência, limitava-se a responder com monossílabos, sem prestar muita atenção. …os bilhetes devem ser postos à venda dentro de duas semanas – informou Isabel a certa altura – Gostavas de vir comigo? Não conheço mais ninguém que vá… Por mim, tudo bem – respondeu Sílvia, encolhendo os ombros – Tenho dinheiro guardado dos meus anos… Mas sabes quanto é que custam os bilhetes? Não, ainda não. Ainda não se sabe onde é que vai ser o concerto. Quando souber, aviso. Tenho algum dinheiro de parte, mas não sei se chega… Ainda tenho tempo para poupar mais. De qualquer forma, não perco este concerto nem à bala! Foi tão difícil fazer aquela miúda vir cá… Hum hum. Sabes, eu por norma não gosto de ouvir músicas novas, sem ser o primeiro single, antes de comprar o CD, mas acho que vou abrir uma excepção. Eu também adoro comprar o CD logo no dia em que é lançado, pôr na minha aparelhagem ou no computador a tocar, ir acompanhando as letras pelo booklet… Isso os downloads não conseguem substituir! Eu também gosto desta altura antes de sair o álbum, da expectativa, das especulações… Os fóruns andam ao rubro! Cada informaçãozinha que sai sobre o CD é logo analisada, comentada, criticada, espremida até ao tutano por centenas de fãs… É bom, depois daquele tempo todo à seca, entre o final da digressão e o anúncio do título do quarto álbum… Nesse momento, a campainha tocou e as duas amigas correram para a aula de Inglês. Isabel mal prestou atenção à aula, entertida a fazer mil planos relacionados com o concerto acústico de Avril Lavigne.

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O concerto realizava-se em finais de Maio na Aula Magna da Universidade de Lisboa, num Sábado, às oito e meia, embora primeiro actuasse a cantora portuguesa Ana Free. Isabel e Sílvia tinham vindo de transportes públicos e planeavam chamar um táxi no fim do concerto, que não devia terminar muito depois das dez e meia da noite, pensavam. Chegaram pouco antes das sete e quarenta e cinco da tarde, mas já se formara uma fila generosa à porta do edifíco. Esta fila era quase totalmente formada por jovens, desde crianças de dez ou onze anos, acompanhados por um dos pais, passando por adolescentes, terminando em jovens já com certa de vinte anos. As raparigas ultrapassavam os rapazes, mas estes não eram assim tão poucos. A grande maioria delas tentavam imitar as várias indumentárias de Avril Lavigne: viam-se várias calças largas, gravatas por cima de t-shirts ou tops, corsários, casacos com capuz a cobrir a cabeça, mini-saias, meias de rede e, sobretudo, ténis da marca All Star. As cores predominantes eram o preto, o branco, o cor-de-rosa, o roxo e o vermelho. Isabel seguira mais ou menos a tendência ao vestir uma t-shirt preta, calças de ganga, um casaco branco com capuz e ténis All Star azuis escuros, indumentária que, de resto, não diferia muito da sua habitual. Isto ainda é capaz de demorar uma beca – observou Sílvia, enquanto se dirigiam à entrada – Ainda bem que viémos cedo. Foi então que reconheceram um dos rostos da multidão: Neves! Que fazes aqui?!? – exclamou Isabel. Um rapaz da idade delas voltou-se e deu de caras com as amigas. Sílvia! Isabel! Olá! – cumprimentou Daniel Neves, colega de turma de ambas. Tinha dezassete anos. Era de estatura mediana, tinha cabelo castanho claro volumoso e olhos pequenos e castanhos. Depois de trocarem beijos, Sílvia perguntou: Também vens para o concerto? Venho, sim. Não sabia que gostavas da Avril – disse Isabel. Pois, quando ela começou a carreira tive uma pequena queda por ela e desde a altura passei a gostar da música dela… E continuas a sentir coisas por ela? – Isabel ouviu-se a si mesma perguntar. Sílvia olhou a amiga. Não – respondeu Daniel – Foi uma cena passageira mas fiquei fã dela. Mas não digam nada ao pessoal. Porquê? – estranhou Sílvia. 4

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Oh, os meus colegas costumavam gozar comigo, dizendo que Avril Lavigne é música de meninas… Que parvoíce! – insurgiu-se Isabel – A Avril até tem bastantes fãs rapazes! Isso de música de gajos ou gajas é uma estúpidez. O meu pai adora a Shakira! – corroborou Sílvia – Passa a vida a cantar o Illegal! Os três conversaram animadamente durante mais quinze minutos, sem vontade de irem já para a fila. Foi então que ouviram alguém anunciar: Hei pessoal, a Avril está ali a dar autógrafos! Isabel, Sílvia e Daniel rodaram nos calcanhares, à semelhança de outros jovens. Quem falava era uma rapariga loira de cerca de doze anos. Onde é que ela está? – perguntou alguém. Lá mais para trás, nas traseiras – respondeu a rapariga. „Bora lá? – perguntou Isabel aos amigos, ao mesmo tempo que vários adolescentes abandonavam o local. Não sei… – hesitou Sílvia – A gente devia ir para a fila… Anda lá, isto é uma oportunidade única para vermos a Avril a menos de dez metros de distânica – insistiu Daniel – Mesmo que não consiga o autógrafo, fico feliz só por vê-la. OK, então vão vocês os dois que eu vou para a fila guardar lugar – decidiu Sílvia. Não queres vir connosco? – quis saber Isabel. Não, não me apetece, deve estar uma granda confusão – insitiu Sílvia. OK, então. Daniel e Isabel foram então dar a volta ao edifíco da Aula Magna. Na parte de trás via-se uma pequena multidão de jovens acotovelando-se. Daniel e Isabel misturaram-se com a multidão e conseguiram vislumbrar atrás de grades ali colocadas, emocionados, a estrela de noite. Avril Lavigne estava, segunto toda aquela multidão, muito bonita, como sempre. Era baixa, loira artificial com várias madeixas mais escuras, tinha pele branca e olhos azuis emoldurados por rímel e eyeliner preto esfumado – uma das poucas coisas que quase não tinham mudado no seu visual ao longo da sua carreira. Vestia um casaco branco com capuz cobrindo a cabeça pertencente à sua linha de roupa, um top negro, calças justas negras e ténis All Star igualmente negros. Ia assinando, com ar sorridente embora parecesse um pouco forçado, os vários blocos, fotografias, posters e booklets de CD‟s que os fãs lhe estendiam. Ela é linda! – exclamou Isabel, extasiada. 5

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Mais bonita ao vivo do que nas fotografias, na televisão ou no YouTube – corroborou Daniel. Entretanto, a multidão de fãs começara a cantar em coro o primeiro single do quarto álbum da cantora, single esse que fora lançado algumas semanas. Isabel e Daniel juntaram-se ao coro. Isabel conseguira estender um bloco e uma caneta por entre vários braços, mas Avril ainda distribuia autógrados a fãs a alguns metros à sua esquerda. A certa altura, um sujeito corpulento, de fato, gravata e óculos escuros, que parecia ser o guarda-costas de Avril, aproximou-se dela e fez menção de querer falar com ela. Avril tentou despachá-lo com modos delicados, voltando de novo a atenção para os fãs, mas o homem insistiu. E a cantora, com uma expressão contrariada, lá se afastou com ele. Os fãs ainda chamaram por Avril. Esta voltou-se rapidamente e gritou: Give me a minute!1 Mas o guarda-costas levou Avril para bastante longe dos fãs que, desiludidos, começaram a dispersar. Daniel deu um toque no ombro de Isabel: Tenho de atender uma chamada. Volto já! „Tá bem… – murmurou Isabel distraidamente, ainda seguindo Avril e o guarda-costas com os olhos. A rapariga nunca soube explicar o que a levara a fazer o que fizera a seguir. Talvez o facto de o guarda-costas estar a conduzir Avril, não de volta para o interior da Aula Magna, mas sim para um local isolado entre carros e carinhas pertencentes à comitiva da cantora. Isabel começou a segui-los discretamente, sem ultrapassar o limite imposto pelas grades. Foi então que, encondida atrás de uma carrinha antiga, a rapariga viu o guardacostas agarrar Avril subitamente e esmagar-lhe um lenço contra o nariz e a boca. Aterrorizada, Isabel viu a cantora perder os sentidos, o guarda-costas pegar nela, colocá-la sobre o ombro e desatar a correr. Isabel olhou desesperadamente em seu redor, procurando alguém a quem pedir ajuda. Apenas encontrou um casal vestido de negro aos beijos, encostados a uma carrinha. Abordou-os: Desculpem, mas preciso de ajuda! O que se passa? – perguntou o rapaz, largando a namorada e admirando-se com a expressão assustada de Isabel. Aparentava ter dezanove ou vinte anos. Era alto, bem constituído, tinha uma voz agradável, cabelo castanho escuro moldado com gel, olhos igualmente castanho escuros, barba cortada rente. Vestia uma tshirt e calças de ganga negras. 1

Dêem-me um minuto!

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A Avril. Aquele gajo levou-a. O que queres dizer? – quis saber a rapariga. Tinha cabelo muito comprido e volumoso pintado de ruivo, olhos castanhos e rosto maquilhado de forma semelhante a Avril. Parecia um pouco mais nova que o namorado. Vestia um top negro, uma saia negra comprida e um par de botas de combate negras. Tal visual lembrava as fotografias do segundo álbum de Avril. Isabel contou-lhes o que vira em poucas palavras. Ainda o apanhamos – disse o rapaz, desatando a correr. As duas raparigas seguiram-no. Conseguiram ver o guarda-costas mais ao longe num parque de estacionamento. Este abriu uma das portas de trás de um Fiat verde e colocou Avril, ainda inconsciente, no banco de trás , antes de entrar para o lugar do condutor e arrancar. Que fazemos agora? – perguntou Isabel. Vamos atrás deles – disse o rapaz, decidido – Ainda bem que estacionámos aqui ao pé. Tirou as chaves de um carro do bolso das calças e abriu com o comando as portas de um Toyota Yaris estacionado no mesmo parque. Não devíamos chamar a Polícia? – lembrou a rapariga ruiva. Não há tempo! – respondeu o namorado – Aquele gajo desaparece com a Avril! Ninguém objectou mais. Isabel entrou para o lugar do morto, sem cerimónias, e a ruiva sentou-se atrás enquanto o seu namorado punha o carro a trabalhar. Nem sequer nos apresentámos – lembrou-se Isabel cerca de dez minutos mais terde enquanto seguiam o Fiat verde já na Radial de Benfica – O meu nome é Isabel. Isabel Duarte. Tiago Martins – apresentou-se o condutor. Ana Luísa Cardoso – disse a rapariga ruiva. Prazer em conhecer-vos – disse Isabel – Pena é ser em circunstâncias… bem… esquisitas.

Mas onde é que ela se meteu? – perguntou Sílvia, exasperada. Sei lá. Sílvia estava prestes a entrar na Aula Magna quando Daniel surgira, aflito, dizendo que não encontrava Isabel em lado nenhum. Quando a Avril se foi embora, eu afastei-me uma beca para atender o „móvel – explicara Daniel – E avisei-a antes. Mas 7

quando voltei ela tinha-se pisgado. Nem demorei cinco minutos! E ainda estive uma beca à procura dela! Evaporou-se, a miúda! Faltavam apenas dez minutos para as oito e meia. A apresentação de Ana Free estava prestes a começar mas nem Sílvia, nem Daniel, tencionavam ir assistir agora que não sabiam do paradeiro de Isabel. Circulava agora o rumor de que Avril desaparecera sem deixar rasto e discutia-se se o concerto iria ser cancelado. Achas que é verdade? – perguntou Sílvia a Daniel – Que a Avril desapareceu? Deve ter desaparecido, deve. Senão não tinham aparecido tantos polícias assim de repente – opinou Daniel, apontando para os vários carros da polícia que haviam estacionado ali ao pé nos últimos dez minutos – Mas não achas estranho que tanto a Isabel como a Avril tenham desaparecido quase ao mesmo tempo? Sílvia olhou para ele. Tu achas que… – balbuciou ela, assustada – alguém raptou as duas, ou assim? Não sei, só acho uma beca estranho – respondeu Daniel – Mas tenta lá ligar-lhe outra vez. Sílvia já tentara várias vezes ligar para o telemóvel de Isabel, sem sucesso. Parecia que a amiga estava sem rede. Logo, quando voltou a ligarlhe não tinha esperanças de ser atendida. Contudo, ao fim de três toques, Isabel atendeu: „Tou? Isabel! Onde é que tu estás, caraças? Neste momento estou no carro do Tiago e da Ana, no IC19. Mas… Quem são o Tiago e a Ana?!? Porque é que estás no carro deles? Começa do princípio, Isabel! – exclamou Sílvia. A amiga obedeceu. Sílvia ficou de queixo caído. Vocês estão a perseguir o gajo que raptou a Avril? – repetiu ela. O quê?!?!?! – exclamou Daniel, sem perceber nada. Sílvia tapou o bocal do telemóvel com a mão. Depois explico-te – sussurrou. De seguida destapou de novo o bocal – Mas isto é uma loucura, Isabel! Porque é que não chamaram a Polícia? Não havia tempo, Sílvia! Nós até pensámos nisso, a sério! – garantiu Isabel, angustiada – Mas o gajo fugia e ninguém mais sabia dele ou da Avril! Ao menos assim sabemos onde estão. E se o gajo percebe que vocês estão a segui-lo? Enquanto nos mantivermos no IC19 não deve perceber, o pior será se sair… Mas já que ligaste, preciso de te pedir uma coisa. 8

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Diz. Há por aí algum polícia? Hum hum. O pessoal já percebeu que a Avril desapareceu, porque apareceram bastantes. Vai ter com um deles e conta-lhes o que aconteceu. Depois pedelhes para me ligarem que eu digo-lhes onde estamos. OK. Então, até já! E… Isabel? Sim? Tenham juízo, OK? Não façam nenhuma loucura. Isabel soltou uma gargalhada. Ó Sílvia, já é uma loucura estarmos aqui a tentar salvar a Avril…

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Eu disse-te que o desaparecimento da Isabel e da Avril estava relacionado! – exclamou Daniel cinco minutos mais tarde depois de ouvir o que tinha acontecido pela boca de Sílvia. Iá, mas isso não interessa agora – retorquiu Sílvia, nervosa – Temos de falar com a bófia. Não foi difícil encontrar polícias. Acabara de parar mais um carro da PSP junto à entrada, deixando vários agentes sair. Sílvia abordou um deles. O polícia ouviu o relato da rapariga sem interromper. No final, disse apenas: Venham comigo. Daniel e Sílvia trocaram um olhar confuso antes de seguirem o agente. Não estavam à espera que este acreditasse no relato deles tão facilmente. Contudo, este explicou a sua atitude quando entraram na Aula Magna. O marido da senhora – Daniel não conseguiu evitar um sorriso ao ouvir o agente usar o termo “senhora” para se referir a Avril – encontrou o guarda-costas dela inconsciente, amarrado e amordaçado, em roupa interior, sem a arma, pouco antes de se ter dado pela falta da senhora. Os meus colegas suspeitam que estes dois eventos estão relacionados e a vossa história encaixa. Fizemos perguntas a alguns miúdos e eles dizem que viram o guarda-costas da senhora com ela mais ou menos na altura em que o marido encontrou o guarda… Então acha que alguém se fez passar por guarda-costas para raptar a Avril? – perguntou Daniel. Sim, tendo em conta a vossa história. O polícia levou os dois jovens até aos camarins, onde se encontravam mais agentes da Polícia. Um sujeito de meia-idade que não estava fardado 9

conversava com Deryck Whibley, o marido de Avril. Daniel reconheceu ainda Butch Walker, cantor, compositor e produtor que já trabalhara com Avril e era amigo desta. Butch andava de um lado para o outro com ar preocupado. Estava lá também Evan Taubenfeld, antigo guitarrista da banda de Avril e um dos seus melhores amigos, sentado num sofá a assistir à conversa de Deryck e dos Polícias. Michelle Lavigne, a irmã mais nova de Avril, estava sentada no mesmo sofá a chorar. O irmão mais velho dela e de Avril, Matt Lavigne, estava sentado ao lado dela tentando consolá-la. Daniel reconheceu ainda membros da banda de Avril mas não se lembrava dos nomes deles. Inspector Vaz– começou o agente que acabara de entrar com Sílvia e Daniel – estes jovens dizem ter infromações sobre o paradeiro da senhora. Todos se voltaram para Daniel e Sílvia, que coraram. What’s going on? – perguntou Evan, levantando-se do sofá e dirigindo-se aos jovens – Who are you two?2 Our friend went after the guy who took Avril – respondeu Daniel, esforçando-se por falar num inglês correcto. Os amigos de Avril arregalaram os olhos – She called us a few minutes ago and said she went with a guy and a girl after the car of the fake bodyguard.3 Are you serious?4 – quis saber Deryck. Espere, jovem, explique-nos tudo desde o início – pediu o Inspector Vaz. Sílvia, que não era tão fluente a inglês como Daniel, relatou tudo em português, ainda pouco à vontade por se sentir observada por pessoas que só conhecia da televisão ou da Internet. Um dos agentes ia traduzindo o discurso para os amigos de Avril. Call you call Isabel, then? – pediu Deryck a Sílvia, no fim do relato – I’ll pay the call.5 No, no, no, Mr Whibley – recusou Sílvia, num inglês pouco firme – It’s not necessary…6 You can call me Deryck, it’s OK.7 Deixe-me ser eu a falar com a sua amiga – pediu o Inspector. 2

Que se passa? Quem são vocês os dois? A nossa amiga foi atrás da Avril e do tipo que a levou. Ela ligou-nos há uns minutos e disse que tinha ido com um rapaz e uma rapariga atrás do carro do falso guarda-costas. 4 Estás a falar a sério? 5 Podes ligar à Isabel, então? Eu pago a chamada. 6 Não, não, não, Mr Whibley. Não é preciso… 7 Podes chamar-me Deryck, não faz mal. 3

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Sim, senhor – dito isto, Sílvia marcou o número de Isabel e quando estava a chamar, passou o telemóvel ao Inspector Vaz. Isabel atendeu ao fim de dois toques: Então Sílvia, já falaste com a Polícia? Falou, sim – respondeu o Inspector – Isabel, daqui fala o Inspector Miguel Vaz da PJ. Ah… Boa tarde, senhor Inspector – Eu… nós acabámos de sair do IC19… Estamos naquela estrada mesmo colada à Mata da Matinha, que vai em direcção a Linda-a-Velha, sabe qual é? Sei – respondeu o Inspector Vaz – Ouça, pode-me descrever o carro do raptor, por favor? Isabel descreveu-o o melhor que pôde. Sabe se vai mais alguém no carro para além da senhora de do raptor? Tal como Daniel, também Isabel não conseguiu evitar um sorriso ao ouvir o Inspector usar o termo “senhora” para se referir a Avril. Eu acho que não, senhor Inspector. Tanto quanto conseguimos ver, é só a Avril e o guarda-costas. O guarda-costas é falso mas isso não interessa. Ouça Isabel, eu vou contactar os meus colegas de Linda-a-Velha. Eles depois entrarão em contacto consigo. Tentem não dar muito nas vistas, mas não percam o carro. Tenham muito cuidado. Estamos a ter, senhor Inspector. E, já agora, podem-me dar a marca e a matrícula do vosso carro, por favor? Isabel assim fez. Pouco depois, o Inspector Vaz desligou. What did she say, Mr Vaz?8 – perguntou Matt, ansiosamente. Isabel told us where the fake bodyguard is taking your sister to – respondeu o Inspector – I’ll have to call my collegues now, so excuse me, please. You can get in the cars, we’re going there.9 O Inspector Vaz afastou-se ligeiramente para falar ao telemóvel. Ao mesmo tempo, Deryck, Evan, Butch, Matt e Michelle preparavam-se para ir com os Polícias. Call us when you find Avril, please10 – pediu o baterista da banda da cantora. We will.11 -

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Que disse ela, Mr Vaz? A Isabel disse-nos para onde é que o falso guarda-costas está a levar a sua irmã. Vou ter de ligar aos meus colegas, por isso, com licença. Podem ir para os carros, nós vamos lá. 10 Liguem-nos quando encontrarem a Avril, por favor. 11 Ligamos. 9

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Excuse me, Deryck – começou Sílvia, timidamente – Can you do me a favour?12 Sure.13 Ask Isabel to call us when you find her, please.14 Don’t be ridiculous, Sílvia, you guys’re coming with us!15 No Deryck, it’s not…16 Look, if it weren’t for you guys, we still wouldn’t know what happened to Avril. I insist, come with us!17 Yeah, and I bet you’re worried about your friend 18 – atalhou Butch. Sílvia e Daniel olharam um para o outro antes de aceitarem: OK, then. Thank you.19 No, thank you for helping us20 – retorquiu Deryck. Don’t thank us to soon – atalhou Daniel, preocupado – We still don’t know what will happen…21 I just hope they’re OK – desabafou Sílvia – Avril, Isabel, Tiago, Ana…22 We all do23 – concordou Evan. -

Já pouco faltava para as nove da noite. A apresentação de Ana Free supostamente acabaria dai a dez minutos para que Avril Lavigne entasse em palco quinze minutos mais tarde. Mas Ana já tinha sido avisada sobre o que acontecera e fora-lhe pedido que prolongasse um bocado o concerto para enterter o público. Ana acabaria por cantar canções de outros cantores e bandas. Entretanto, Sílvia e Daniel tinham seguido com a Polícia e os amigos de Avril para fora do edifício da Aula Magna. Entraram para a parte de trás de um carro da Polícia juntamente com Evan, enquanto Deryck se sentou no lugar do morto. O agente que ia a conduzir ligou as luzes de 12

Desculpe Deryck. Pode fazer-me um favor? Claro. 14 Peça à Isabel para nos ligar quando a encontrarem, por favor. 15 Não sejas ridícula, Sílvia! Vocês vêm connosco! 16 Não Deryck, não é… 17 Ouçam, se não fossem vocês, nós ainda não sabíamos o que tinha acontecido à Avril. Eu insisto, venham connosco! 18 Iá, e aposto que estão preocupados com a vossa amiga. 19 OK, então. Obrigado. 20 Não, obrigado nós por nos ajudarem. 21 Não nos agradeça demasiado cedo, Deryck. Ainda não sabemos o que vai acontecer. 22 Só espero que estejam bem. A Avril, a Isabel, o Tiago, a Ana… 23 Todos esperamos. 13

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emergência, à semelhança dos colegas que conduziam os outros carros, e as sirenes quando se afastaram do Hospital de Santa Maria. A maior parte da viagem decorreu em silêncio. No início, Deryck, Evan, Sílvia e Daniel ainda discutiram em inglês sobre os motivos pelos quais Avril tinha sido raptada. Contudo, as teorias que surgiram assustaram-nos, logo, apressaram-se a mudar de assunto. Are you guys still going to play tonight? 24 – perguntou Daniel, a certa altura. Deryck e Evan trocaram um olhar. Well, it depends on how things work out – respondeu Evan, finalmente – But probably we’re not. We don’t know how long it will take to find Avril. It may take hours!25 But… We waited… – balbuciou Daniel – We waited for so long for her to come to Portugal… You can’t…26 It’s not our fault! – exclamou Deryck – It’s not our fault that the fake bodyguard took Avril! Believe me, Avril hates it when she has to cancel her shows. She cried her eyes out when she cancelled those shows last year!27 Daniel não tinha como contra-argumentar. Sabia que Avril cancelara alguns concertos o ano anterior (pela primeira vez em toda a sua carreira) devido a uma laringite que a deixara sem voz. Também tivera de cancelar um concerto em Espanha devido à greve dos camionistas – tendo em conta que essa mesma greve deixara Portugal parado, ninguém podia questionar a validade desta razão. À parte disso, Avril não voltara a cancelar um concerto que fosse, nem mesmo no dia em que o avô morrera, nem quando a obrigaram a vestir e a comportar-se de uma maneira mais convencional para actuar na Malásia. Mas ninguém podia obrigar Avril a dar um concerto depois de ter sido raptada. Hey, we’re really sorry28 – garantiu-lhe Evan. Yeah, I know – respondeu Daniel – The important thing is that nothing happens to Avril or Isabel or the other two – disse tanto para os companheiros como para si próprio – All the rest doesn’t matter.29 24

Vocês ainda actuam esta noite? Bem, depende de como as coisas correrem. Mas provavelmente não. Não sabemos quanto tempo demoramos a encontrar a Avril. Podemos levar horas! 26 Mas… Nós esperámos… Nós esperámos tanto tempo que ela viesse a Portugal… Não podem… 27 A culpa não é nossa! A culpa não é nossa que o falso guarda-costas levasse a Avril! Acredita, a Avril detesta quando tem de cancelar concertos. Ela fartou-se de chorar quando cancelou aqueles concertos no ano passado! 28 Hei, nós temos imensa pena. 29 Iá, eu sei. O importante é que não aconteça nada à Avril ou à Isabel ou aos outros dois. O resto não interessa. 25

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Isabel já não sabia quanto tempo passara desde que entrara no carro de Tiago e Ana Luísa. Uma hora devia ter passado de certeza, pois quando entraram ainda havia sol e agora era já noite cerrada. Contudo, parecia que tinham passado pelo menos dez horas desde que saira de casa para ir ao concerto. Tinha a garganta seca e uma dor de cabeça, resultado dos nervos. Os seus companheiros de perseguição também se sentiam cansados. Tiago já tinha os braços e as pernas doridas – não estava habituado a conduzir tanto tempo seguido. Ana Luísa já se oferecera mais de uma vez para conduzir em vez do namorado, mas não se arriscavam a parar, recendo perder de vista o Fiat verde. Nenhum deles conhecia a estrada secundária que percorriam – tinham a vaga noção de que estavam perto do Jamor pois tinham acabado de vislumbrar os holofotes do Estádio Nacional. Contudo, a Polícia sabia exactamente onde estavam, uma vez que usavam o telemóvel de Isabel para os localizar. Hei, Isabel, fazes-me um favor? – pediu Tiago, a certa altura. Diz. No porta-luvas tenho uns pacotes de bolachas de água e sal. Podes abrir um e passar-me algumas? Iá. Também queres, Ana? Sim, por favor. Se quiseres, também podes comer, Isabel – ofereceu Tiago. Isabel agradeceu, mas, como não tinha fome, só comeu metade de uma, pois já não comia havia algum tempo. Vais bem, amor? – perguntou Ana Luísa, acariciando o pescoço do namorado. Iá. „Tava cheio de fome, mas já „tou melhor – respondeu Tiago – Mas já „tou farto desta perseguição. Se ao menos a bófia aparecesse… Felizmente daí a cinco minutos começaram a ouvir sirenes. Os três perseguidores deram graças aos céus ao verem uma fila de carros da Polícia pelos espelhos retrovisores. Ana Luísa pediu mais uma vez que a deixassem conduzir. Agora o gajo tem seis carros da Polícia atrás dele – argumentou ela – Já não somos necessários para não lhe perdermos o rasto. Os outros concordaram. Tiago encostou o carro na berma da estrada e trocou de lugar com a namorada. Ao mesmo tempo, os carros da Polícia passavam por eles a grande velocidade. 14

Tenta segui-los à mesma – pediu Isabel, enquanto Ana se sentava no lugar do condutor e Tiago se atirava para o banco de trás, mais morto do que vivo – Depois de tudo isto não quero perder pitada. Nem eu – concordou Ana, ligando o carro. Estranhamente, o aparecimento da Polícia, em vez de aliviar, só deixou Isabel ainda mais nervosa. E se o raptor estivesse armado? E se se assustasse com os carros da Polícia? E se disparasse sobre Avril? E se, não contente com isso, atingisse também Deryck, Evan ou – Isabel sentiu o coração parar só de pensar nisso – Sílvia ou Daniel? Sabia que eles tinham vindo nos carros da Polícia juntamente com os amigos de Avril pois o Inspector Vaz contara-lho quando lhe ligara de novo meia hora antes. Agora que pensava nisso, nisso, talvez não tenha sido muito inteligente armarem-se em heróis. Agora já não dá para voltar atrás, pensou. Dez minutos depois de Ana Luísa ter assumido o volante, repararam que os carros da Polícia tinham parado todos. Quando se aproximaram mais, perceberam que, provavelmente devido aos nervos, o falso guardacosta virara para um beco sem saída e fora encurralado pelos carros da Polícia. Ana Luísa estacionou o carro ali perto. De seguida, os três ocupantes correram para o centro dos acontecimentos. Uma linha de agentes apontavam armas ao Fiat verde. O Inspector Vaz falava ao megafone (Isabel reconheceu-o pela voz): O senhor está cercado neste momento. Liberte a senhora e saia com as mãos na cabeça senão disparamos contra si. Isabel vislumbrou Sílvia e Daniel a alguma distância junto a Deryck Whibley, Evan Taubenfeld, Butch Walker, Matt e Michelle Lavigne. Contudo, os amigos não repararam nela pois fitavam o Fiat verde, de onde ainda não tinham saído nem Avril nem o falso guarda-costas. Será que a Avril está bem? – perguntou Ana Luísa, atrás de Isabel. Foi então que o falso guarda-costas saiu do carro e, antes que os agentes pudessem reagir, abriu a porta de trás e puxou Avril de lá de dentro, enquanto agarrava uma pistola com a outra mão. A cantora tinha os pulsos atados, fita-cola grossa na boca, o cabelo todo despenteado e uma expressão assustada no rosto. Avril! – gritou Deryck ao avistar a mulher. Let Avril go! – gritou Evan, enraivecido – You son of a bitch! Let her go!30 -

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Liberta a Avril! Seu filho da mãe! Liberta-a!

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Pousem as armas! – gritou o falso guarda-costas num português sem sotaque, deitando por terra as teorias de Daniel que achava que o raptor era estrangeiro e andara a seguir a comitiva de Avril havia algum tempo – Pousem já as armas no chão ou ela morre! Para grande espanto de Isabel, Ana Luísa e Tiago, no rosto do Inspector Vaz desenhou-se um sorriso trocista: Quero ver isso – disse ele, calmamente. NÃO!! – gritou Isabel. Os amigos de Avril, Sílvia e Daniel desviaram os olhos de Avril para Isabel. Só agora reparavam na presença dela, de Tiago e de Ana Luísa – NÃO!! AVRIL!! Isabel, cala-te! – berrou-lhe Sílvia, ríspidamente. Ela obedeceu, ainda aterrorizada com o que o Inspector tinha dito. Ele endoidecera? Entretanto, o falso guarda-costas fora também apanhado de surpresa pelas palavras do Inspector, mas logo de seguida apontou a pistola a Avril, que se encolheu de medo. O raptor premiu o gatilho. Nada aconteceu. O raptor voltou a premir o gatilho outra e outra vez antes de atirar a pistola ao chão com um berro de fúria ao perceber que a arma estava descarregada. Largue a senhora e coloque as mãos na cabeça – ordenou o Inspector Vaz. Desta feita, o raptor cedeu. Depois de largar Avril, colocou-se de joelhos com as mãos na cabeça enquanto os agentes se aproximavam. Assim que o falso guarda-costas largou Avril, Deryck correu para ela. Desatou-lhe os pulsos, tirou-lhe a fita-cola da boca e abraçou-a com força antes de a beijar. Conseguimos! – gritou Isabel, exultante – CONSEGUIMOS! Ajudámos a salvar a Avril Lavigne! – exclamou Tiago, como se não acreditasse no que dizia. De seguida, abraçou Isabel e Ana Luísa ao mesmo tempo. Quando Tiago largou Isabel, já Sílvia a esperava para a abraçar também. Muito gostas tu de te armares em heroína! – dizia Sílvia – Pregaste-nos cá um susto! Como é que vocês sabiam que a arma do raptor estava descarregada? – quis saber Isabel, que ainda não se refizera do susto que apanhara com a aparente indiferença do Inspector Vaz pela vida de Avril. A arma tinha sido roubada ao guarda-costas verdadeiro – explicou Sílvia – E ele tinha-se esquecido de a carregar. -

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Bem me podiam ter avisado – barafustou Isabel – Eu ia tendo um AVC… Sílvia riu-se. Quando Isabel se voltou para Daniel, este envolveu-a com os braços e beijou-a em cheio na boca, algo que desejava fazer havia vários meses mas para o qual só arranjara coragem naquele momento. Sílvia olhava-os de queixo caído. Depois de se largarem, Isabel, ligeiramente corada, apresentou: Este é o Tiago e a Ana Luísa. Este é o Daniel e a Sílvia. Então parabéns! – exclamou Daniel – Vocês e a Isabel são os heróis da noite! Não digas isso, nós tivemos uma sorte do caraças – retorquiu Tiago – Se eu não tivesse estacionado ali ao pé… Pois, e seu não me armasse em cusca e seguido a Avril e aquele gajo… – corroborou Isabel. A propósito, e se fôssemos ter com ela? – sugeriu Ana Luísa. Os cinco dirigiram-se então ao grupo formado por Avril e os amigos. Esta já os abraçara todos e agora chorava no ombro do marido. O falso guarda-costas já fora algemado e enfiado num dos carros, que logo abandonou o local. Mais tarde, descobrir-se-ia que o falso guarda-costas pertencia a uma pequena quadrilha que pretendia extorquir dinheiro a Deryck. Quando os cinco jovens se aproximaram do grupo, Evan exclamou: Here they are! The heroes of the year!31 Avril, que entretanto se recompusera, Deryck, Evan, Butch, Matt e Michelle bateram palmas e os cinco coraram violentamente, meio acanhados por verem aquelas pessoas a aplaudirem-nos, quando normalmente era o contrário que sucedia. Avril tinha a maquilhagem levemente esborratada devido às lágrimas. You must be Isabel32 – afirmou Deryck, dirigindo-se a ela. Yes. And these are Tiago e Ana Luísa33 – apresentou Isabel, a que se sentia menos tímida dos cinco. Are you alright, Mrs Whibley? – perguntou Daniel, timidamente – Did that guy do anything to you?34 No, I’m fine. He just made me pass out – tranquilizou-o Avril – And you don’t need to call me Mrs Whibley35 – acrescentou com uma gargalhada. -

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Cá estão eles! Os heróis do ano! Tu deves ser a Isabel. 33 Sim. E estes são o Tiago e a Ana Luísa. 34 Você está bem, Mrs Whibley? Aquele tipo fez-lhe alguma coisa? 35 Não, estou óptima. Ele apenas me fez desmaiar. E não precisas de me chamar Mrs Whibley. 32

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I read somewhere that you call yourself like that all the time 36 – retorquiu Isabel. Avril voltou-se a rir. Yeah, but you guys can call me Avril – disse ela – Anyway, Deryck told me what you guys did and I want to thank you all for it.37 I didn’t do anything!38 – protestou Daniel. Yes, you did – insistiu Avril – You and your friend… Sílvia, right?You warned the cops about what happened. Seriously, if it weren’t for you guys, I don’t want to imagine what would’ve happened!39 Dito isto, Avril abraçou-os um por um, apanhando-os de surpresa mas emocionando-os a todos. Hey Av, what about the show?40 – lembrou-se Butch. Oh yeah, the show! I tottally forgot! – exclamou Avril, subitamente alarmada – What time is it?41 Half past nine 42– respondeu Sílvia. Do you still want to do the show? – estranhou Tiago – After all this?43 Hell yeah! – respondeu Avril, convictamente – It’s not the fans fault that I was abducted! We’ll have the show tonight!44 YES!!! – exclamaram os jovens. Isabel ficou tão contente que abraçou Avril de novo, dizendo: Thank you! Thank you so much, Avril! You rock!45 Avril riu-se. Ev! – chamou ela, assim que Isabel a largou – Call the guys and tell them to tell the fans to wait for us.46 -

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Eu li em qualquer lado que você se chama assim a si mesma o tempo todo. Iá, mas vocês podem chamar-me Avril. De qualquer forma, o Deryck contou-se o que vocês fizeram e queria agradecê-lo a todos. 38 Eu não fiz nada! 39 Fizeste, sim! Tu e a tua amiga… Sílvia, certo? Vocês avisaram os polícias sobre o que tinha acontecido. A sério, se não fossem vocês, nem quero imaginar o que teria acontecido! 40 Hei Av, então e o concerto? 41 Ah pois, o concerto! Esqueci-me completamente! Que horas são? 42 Nove e meia 43 Ainda quer dar o concerto? Depois disto tudo? 44 Claro que sim! Os fãs não têm culpa que eu tenha sido raptada. Vamos ter concerto hoje! 45 Obrigada! Muito obrigada, Avril! A Avril é o máximo! 46 Ev! Liga ao pessoal e diz-lhes para dizerem aos fãs para esperarem por nós. 37

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Ainda tiveram de prestar algumas declarações aos polícias no local antes de estarem prontos para se irem embora. Tiago e Ana Luísa regressaram à Aula Magna no seu carro mas Isabel, Sílvia e Daniel foram à boleia nos carros da Polícia. Avril e Deryck convidaram Isabel, Sílvia e Daniel para irem no mesmo carro que eles. Contudo, como não havia espaço para todos, Sílvia declinou o convite, em parte porque sabia que os amigos gostariam mais de partilhar o carro com a cantora, em parte porque lhe agradava muito a ideia de ir no assento de trás, mesmo ao lado de Evan… Daniel sentou-se no lugar do morto do carro conduzido pelo agente que ele e Sílvia tinham abordado na Aula Magna. Avril sentou-se no assento de trás entre Deryck e Isabel. Durante os primeiros dez minutos de viagem, Avril não falou muito, com a cabeça encostada no ombro do marido, que também se manteve em silêncio. Daniel aproveitou para contar a Isabel o que acontecera na Aula Magna desde que a rapariga fora atrás do raptor de Avril. Foi então que os dois jovens se lembraram de ligar para casa a avisar que o concerto se tinha atrasado e chegariam mais tarde do que o previsto. Were you talking to your mom, Isabel?47 – perguntou Avril, assim que a rapariga terminou a chamada. Yeah – respondeu Isabel – You know, to warn her that I’m arriving later.48 Did you tell her you went after the guy wo took Avril?49 – quis saber Deryck, curioso. No, I din’t – disse Isabel, rindo-se – She doesn’t need to know it right now. Otherwise, she would’ve told me to go home imediately.50 I bet your mom won’t be very happy when you tell her what did51 – opinou Avril, com um sorriso. Yeah, but you know? You don’t always have to do everything right52 – retorquiu Daniel, citando um verso da sua canção preferida da Avril. De seguida, Daniel e Isabel ofereceram-se para ensinar algumas palavras em português a Avril e a Deryck. Com um sorriso de menina má, ela pediu para lhe ensinarem palavrões. E durante o resto da viagem , Avril e Deryck tiveram uma pequena aula de português, com muitas gargalhadas 47

Estavas a falar com a tua mãe, Isabel? Iá. Sabe, para a avisar que vou chegar mais tarde. 49 Contaste-lhe que foste atrás do tipo que levou a Avril? 50 Não, não disse. Ela não precisa de saber para já. Senão, dizia-me para ir imediatamente para casa. 51 Aposto que a tua mãe não vai ficar muito contente quando lhe contares o que fizeste. 52 Pois, mas sabe que mais? Nem sempre temos de fazer tudo certinho. 48

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pelo meio. Depois de dominarem tudo o que era linguagem de baixo nível do português, o casal de estrelas de rock pediu-lhes que ensinassem expressões como “Fixe”, “Meu Deus”, “Amo-te”, “Adoro-te”, “Vocês são o máximo”, “És tão bom”, “Toda a gente a saltar”, “Cantem comigo”, “Gritem bem alto”, etc. Avril pediu ainda a tradução para português de títulos de algumas das suas músicas. A aula culminou com os quatro a cantar o refrão de uma das canções de Avril em português: Tu pões-me em brasa, Fazes-me desmaiar, És tão ridículo, Nem posso parar, Nem posso respirar, Tu fazes me gritar, És tão fabuloso, És tão bom p’ra mim, baby, baby! És tão bom p’ra mim, baby, baby!

Isabel e Daniel já sabiam de outras pessoas que Avril, depois de quebrado o gelo, era bastante divertida e comunicativa, mas só naquele momento o puderam comprovar por si próprios. Isabel desejava secretamente que aquela viagem nunca acabasse, que pudesse ficar para sempre naquele carro ensinando português a Avril e a Deryck. Mas como tinham tomado a auto-estrada, ao fim de meia hora o condutor deixou-os junto à Aula Magna, onde Sílvia, Evan, Butch, Matt e Michelle já os esperavam. Os cinco jovens entraram com Avril e os amigos na Aula Magna e ainda os acompanharam até à porta dos bastidores. Aqui Avril voltou-se para os fãs e disse: I’ll never forget what you guys did for me, I promise. I’ll be in touch, but now I have to go. Thank you guys once again.53 Just one more thing - pediu Ana Luísa – Avril, can you give me an autograph, please?54 Avril riu-se. Pegou no bloco e na caneta e distribuiu autógrafos pelos cinco, não sem antes escrever uma curta dedicatória. Por fim, voltou a abraçá-los um por um de cada vez antes de se despedir.

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Nunca esquecerei o que vocês fizeram por mim, prometo. Manter-me-ei em contacto, mas agora tenho de ir. Obrigada, mais uma vez. 54 Só mais uma coisa. Avril, pode dar-me um autógrafo?

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We’ll see you on stage! – gritou-lhe Daniel enquanto se afastavam – You rock! 55 Os cinco arranjaram lugares juntos na audiência. Repararam que os outros elementos do público conversavam uns com os outros sobre o rato de Avril. Ana Free tinha conseguido prolongar a sua actuação até às nove e meia da noite. Por fim, acabara por contar ao público que alguém tentara raptar Avril, mas que tudo estava resolvido, o concerto não seria cancelado. Só pediu mais um pouco de paciência aos fãs de Lavigne. E, de facto, Avril e a sua banda entraram em palco às dez horas e dez minutos, quase uma hora depois da altura prevista para o iníco da sua apresentação. Assim que a viram, os fãs aplaudiram entusiasticamente e soltaram gritos de alegria, mostrando que estavam felizes, não só por Avril estar ali a actuar, mas também pelo facto de tudo ter acabado bem com a tentativa de rapto. Isabel, Sílvia, Daniel, Tiago e Ana Luísa repararam que Avril trocara o casaco branco (tinha-se sujado durante o rapto), por um cinzento e cor-de-rosa, também da sua linha de roupas. Foi um concerto memorável. O público cantava todas as canções (exceptuando aquelas retiradas do álbum novo), nalgumas como Complicated, o público chegou mesmo a abafar a voz de Avril. Nos intervalos, Avril ia conversando com o público, ora em português, ora em inglês. Quando cantava Hot, Avril surpeendeu tudo e tudos (incluindo Evan, que cantava com ela e tocava guitarra) ao cantar o refrão em português. Da assistência soaram gritos e gargalhadas. Fomos nós que lhe ensinámos a cantar o refrão em português – gabou-se Daniel, no fim da canção. A certa altura, no intervalo entre duas músicas, o público começou a cantar “Avril Lavigne olé, Avril Lavigne olé, Avril Lavigne oléééééééé!”, como se fossem adeptos assistindo a uma partida de futebol. Avril ria-se, surpreendida e divertida. Finalmente chegou a última música. Avril dirigiu-se ao público. You probably know by now why I got delayed. A guy tried to abduct me. But everything turned out fine, thanks to two guys and three girls who saved be! Everyone make some noise to Isabel, Tiago, Ana Luísa, Sílvia and Daniel!56 Os ecrãs de televisão mostraram os cinco amigos. Todo o auditório os aplaudiu de pé, incluindo Avril e a banda. Os jovens coraram mas agradeceram os aplausos. -

55

Vê-la-emos no palco. A Avril é o máximo! Vocês provavelmente já sabem porque me atrasei. Um tipo tentou raptar-me. Mas tudo correu bem graças a dois rapazes e três raparigas que me salvaram! Aplausos para a Isabel, o Tiago, a Ana Luísa, a Sílvia e o Daniel! 56

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You guys were really awsome tonight – continuou Avril – If it weren’t for you, we wouldn’t have had this amazing show! Thank you! This next song goes out especially to you five! And the rest of the audience, I want to thank you for waiting all this time for me to come and for being so f@#€ing great tonight! You mean the world to me, I love you all! I hope you enjoyed this show as much as I did.57 Findo o discurso, ouviram-se mais aplausos. Depois de serenados, soaram então os primeiros acordes de I’m With You. O público soltou logo gritos de entusiasmo. Isabel e os amigos deram as mãos, ergueram-nas e abanaram-nas ao ritmo da música, à semelhança de outras pessoas no público. Antes que Avril pudesse abrir a boca, todo o público cantou a uma só voz: I’m standing on a bridge/ I’m waiting in the dark… Avril foi apanhada de surpresa mas apontou de imediato o microfone para o público. Só se juntou ao coro nos dois últimos versos antes do refrão: Isn’t anyone trying to find me?/Won’t someboby come take me home? A certa altura, talvez levada por aquela música que sempre a tocara, Isabel puxou Daniel para si e beijou-o. Não tivera tempo para pensar no assunto depois de Daniel a ter beijado mas, naquele momento em que sentia os lábios dele nos seus, as mãos dele nas suas costas, o seu cheiro, percebeu que gostava tanto daquele rapaz quanto ele gostava dela só que nunca o tinha percebido. A canção terminou e o público aplaudiu com entusiasmo. Avril acenou, a felicidade estampada no rosto, desta feita totalmente genuína, os olhos brilhantes. Fez várias vénias, mandou beijos para o público, agradeceu a presença de todos e retirou-se. Tiago ofereceu boleia a todos e estes aceitaram de bom grado. Ele e Ana Luísa viviam em Mem Martins. A viagem decorreu quase sempre em silêncio. Estavam todos demasiado cansados para conversar. Antes de se separarem trocaram números de telemóvel e endereços de e-mail, prometendo manter o contacto. -

57

Vocês foram espantosos esta noite! Se não fossem vocês, provavelmente não teríamos tido este concerto espectacular! Obrigada! A próxima canção é dedicada especialmente a vocês os cinco! E ao resto do público, quero agradecer-vos por esperarem este tempo todo por mim e por serem tão fantásticos esta noite! Vocês são o meu mundo, adoro-vos a todos! Espero que tenham gostado do concerto tanto como eu!

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Isabel já sabia que aquela seria uma noite inesquecível, uma das melhores da sua vida, mas não tão boa. Superara todas as suas expectativas. Vivera uma aventura inesquecível, ajudara a salvar a sua diva, convivera com ela e com o marido, fizera dois novos amigos, descobrira que estava apaixonada e que o seu amor era recíproco… Que mais podia ela desejar?

Passaram quase duas semanas. Isabel não tinha aulas nas tardes de Sexta-feira. Estava ao computador quando ouviu a irmã chamá-la do hall de entrada. Interrompeu o que estava a fazer e foi ter com ela. Filipa chamara-a para receber uma encomenta que o carteiro lhe trazia. Intrigada, Isabel trouxe o embrulho de papel pardo (que tinha um tamanho considerável) para o quarto. Rasgou-o o papel. Deixou cair o queixo. A encomenda tratava-se de um casaco branco com capuz igual ao que Avril usara no dia do concerto e do quarto CD dela (que só seria lançado oficialmente na semana seguinte). Isabel abriu a caixa e reparou que o CD estava autografado. Foi então que reparou numa folha de papel dobrada que caíra ao chão quando abrira a encomenta. Pegou nela, desdobrou-a e leu: Dear Isabel, I promised you I’d be in touch, didn’t I? these are just two little gifts to thank you for what you did for me the other day. I bet you already noticed that’s the same hoodie I wore when that guy took me. I’m sending it so that everytime you wear it, you remember what you did, just like I’ll always remember what you, Sílvia, Daniel, Tiago and Ana Luísa did. I’m also sending my fourth album. It’s a bit different from the other one but I hope you like it, still. Just do me a favour: don’t put it on the Internet, at least not before the official release. It’s always exciting to release a new album after spending months working on it. I can’t wait to start touring. And this time I’ll try really hard to come to Portugal once more. And when I do, I’ll find a way to meet you guys again! I really hope you liked this surprise. If you have time you can write me every once in a while. I promise I’ll read your letters. I’ll try to answer them, but it’s a bit difficult. You know I’m always really busy. Tell me if you liked the album! Lots of love, Avril58 58

Tradução da carta no fim.

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Isabel releu a carta dias vezes. De seguida, voltou a dobrá-la e guardou-a religiosamente numa gaveta da secretária. Depois estendeu o casaco novo em cima da cama. Era lindo. Havia muito que sonhava vestir uma peça da linha de roupa de Avril mas a mesma só se encontrava à venda nos Estados Unidos e no Japão. Experimentou o casaco. Estava-lhe um pouco largo mas servia. Mais tarde descobriria que os amigos também tinham recebido encomendas semelhantes, carta incluída. Sílvia recebeu uma réplica do casaco cinzento que Avril usara durante o concerto. Ana Luísa recebeu uma réplica do top preto. Daniel e Tiago receberam t-shirts negras com as capas dos quatros CD‟s de Avril estampadas. Como teria Avril descoberto a sua morada? Isabel calculou que provavelmente a pedira aos polícias, já que, durante as declarações prestadas no local, tinha-lhe sido pedido os dados pessoais, morada incluída. Isabel sorriu para si mesma ao perceber que Avril planeara aquilo quase desde que o falso guarda-costas a largara. Isabel voltou a pegar na caixa do CD. Folheou booklet. Reconheceu várias fotografias, pos já as vira na Internet. Por fim, chegou a altura de ouvir o álbum todo pela primeira vez. Colocou o CD na aparelhagem do quarto. Sentiu um arrepio de excitação antes de carregar no Play e começar a ouvir finalmente, depois de meses e meses de expectativa, o quarto álbum da cantora canadiana Avril Lavigne. Fevereiro de 2009 _____________________________________________________ 58 Querida Isabel, Prometi-te que me manteria em contacto, não prometi? Estes são só dois presentinhos para te agradecer pelo que fizeste por mim no outro dia. Aposto que já reparaste que este é o mesmo casaco que estava a usar quando aquele tipo me levou. Estou a enviar-to para que, sempre que o uses, te lembres do que fizeste, tal como eu sempre me vou lembrar do que tu, a Sívia, o Daniel, o Tiago e a Ana Luísa fizeram. Envio-te também o meu quarto album. É bastante diferente do outro, mas espero que gostes à mesma. Faz-me só um favor: não o ponhas na Internet, pelo menos não antes do lançamento oficial. É sempre excitante lançar um álbum novo depois de passar meses a trabalhar nele. Mal posso esperar pela digressão. E desta vez, vou tentar muito vir a Portugal mais uma vez. E quando vier, arranjarei uma maneira de me encontrar com vocês outra vez. 24

Espero mesmo que tenhas gostado desta surpresa. Se tiveres tempo podes escrever-me de vez em quando. Eu prometo que leio as tuas cartas. Tentarei respondê-las mas é difícil. Sabes que ando sempre ocupada. Dizme se gostaste do álbum! Com muito amor, Avril

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