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Uma Introdu¸c˜ ao ` a Kabalah Carlos A. P. Campani
[email protected] 5 de mar¸co de 2007
˜ MOTIVAC ¸ AO
Motiva¸c˜ ao Quais s˜ao as motiva¸co˜es para estudar Kabalah? • Estudar o juda´ısmo para compreender as origens do cristianismo; • Compreender as tradi¸co˜es esot´ericas do ocidente: – Gnosticismo; – Hermetismo; – Ma¸conaria; • Pr´aticas cabal´ısticas.
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OBJETIVOS
Objetivos • Apresentar uma vis˜ao geral sobre o assunto; • Mostrar os conceitos b´asicos que permitir˜ao compreender a literatura dispon´ıvel e ser˜ao suporte para o estudo posterior; • Introduzir brevemente a Kabalah m´ıstica (Kabalah meditativa).
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˜ PREVISTA DURAC ¸ AO
Dura¸c˜ ao prevista
1 hora e 45 minutos
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´ SUMARIO
Sum´ ario 1. O que ´e a Kabalah? 2. Hist´oria 3. Alfabeto hebraico 4. Kabalah literal: Gematria; notaricon; e temura. 5. Kabalah dogm´atica e luriˆanica ´ 6. A Arvore da Vida 7. Os mundos da Kabalah 8. Kabalah m´ıstica
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´ A KABALAH? O QUE E
O que ´ e a Kabalah? • Kabalah, KBLH, dlaw, cabal´ a prov´em do verbo KBL, law, cabeil que significa receber ; • Assim, Kabalah significa “tradi¸c˜ao” ou “conhecimento”; • Tradi¸ca˜o esot´erica e m´ıstica dos hebreus; • Ao povo era oferecido o Velho Testamento (c´odigo jur´ıdico e moral, e recomenda¸c˜oes de sanitarismo – ausente de misticismo); • A Kabalah era reservada apenas para os sacerdotes;
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´ A KABALAH? O QUE E
• Conhecimento sagrado que era originalmente transmitido apenas de forma oral; • Os rabinos passaram a registrar de forma escrita a Kabalah apenas na era crist˜a, devido `a dispers˜ao dos judeus (di´aspora) – que amea¸cava com a perda deste conhecimento; • Nestas lˆaminas abordaremos a Kabalah nas perspectivas judaica, herm´etica e crist˜a. Tamb´em faremos compara¸co˜es com outras tradi¸co˜es m´ısticas, mitologia, filosofia e religi˜ao.
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´ A KABALAH? O QUE E
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Tor´a
´ A KABALAH? O QUE E
• A Tor´a (Pentateuco), cuja autoria ´e atribu´ıda a Mois´es, ´e formada por: 1. Bereshit (Gˆenesis); ˆ 2. Shemot (Exodo); 3. Vaikr´a (Lev´ıtico); 4. Bemidbar (N´ umeros); 5. Devarim (Deuteronˆomio); • A Tor´a ´e o livro mais sagrado dos judeus; • A Kabalah, em parte, dedica-se a interpretar a Tor´a.
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´ A KABALAH? O QUE E
As escrituras sagradas do juda´ısmo tem quatro sentidos (PRDS, qcxt, pardeis significando pomar ou para´ıso – cascas e cerne da noz): Pashut literal e hist´orico; Remmez aleg´orico, introduzido por Ezra; Derush moral; Sod m´ıstico.
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´ A KABALAH? O QUE E
Pashut O Velho Testamento narra fatos hist´oricos relacionados com o povo hebreu que devem ser considerados de forma literal; Remmez Os fatos narrados devem ser considerados como alegorias; Derush O Velho Testamento ´e um c´odigo moral; Sod Os fatos narrados no Velho Testamento s˜ao simb´olicos, e o objetivo destes s´ımbolos ´e guardar um conhecimento sagrado – h´a um significado mais profundo oculto nos textos sagrados (significado m´ıstico, Kabalah).
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´ A KABALAH? O QUE E
Modalidades da Kabalah: Kabalah n˜ ao escrita a parte da Kabalah que permanece oral; Kabalah pr´ atica envolve a manipula¸c˜ao de s´ımbolos m´agicos (talism˜as e quadrados m´agicos) e a cria¸c˜ao do Golem (um ser humano artificial); Kabalah literal preocupa-se com a interpreta¸c˜ao da lei, buscando significados ocultos nas escrituras; Kabalah dogm´ atica estuda a doutrina da Kabalah.
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´ HISTORIA
Hist´ oria • A tradi¸ca˜o religiosa dos judeus ´e formada por: Tor´ a (Pentateuco) Atribuido a Mois´es e compilado h´a cerca de 3000 anos (recompilado por Ezra); Talmude Um complexo conjunto de tratados (Mishnah e Gemarah), constituindo-se de coment´arios `a lei; Kabalah Tradi¸ca˜o que se desenvolveu em paralelo `a Tor´a e ao Talmude.
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´ HISTORIA
• Segundo alguns estudiosos, a Kabalah surgiu na ´epoca da constru¸c˜ao do Segundo Templo, no ano de 515 a.C., embora outros estudiosos opinem que ela ´e t˜ao antiga quanto a pr´opria Tor´a; • A Kabalah ´e capaz de vivificar e reinterpretar o Velho Testamento, dando-lhe o misticismo que est´a aparentemente ausente; • Retira os v´eus que cobrem o conhecimento sagrado das escrituras; • Segundo alguns rabinos cabalistas, a Tor´a ´e o corpo, o Talmude, a alma, e a Kabalah, o esp´ırito.
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´ HISTORIA
Os dois principais tratados da Kabalah s˜ao: Sepher Ietsirah Tamb´em conhecido como “Livro da Cria¸c˜ao”; apresenta um curioso esquema para a cria¸c˜ao e um paralelo entre as letras do alfabeto hebraico, o homem, os planetas e os signos do zod´ıaco; sua autoria ´e atribu´ıda em uma lenda ao patriarca Abra˜ao; cr´ıticos modernos opinam que foi compilado em torno de 200 d.C.;
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´ HISTORIA
Zohar Conhecido como “Livro do Esplendor”; um conjunto de tratados versando sobre a divindade, os anjos, almas e cosmogˆenese; autoria atribu´ıda ao Rabino Simon Ben Iochai, que viveu no in´ıcio da era crist˜a; recompilado e publicado em 1290 na Espanha pelo Rabino Moses de Leon.
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ALFABETO HEBRAICO
Alfabeto hebraico • Formado por vinte e duas letras mais cinco usadas no final de palavras; • Associa-se a cada letra do alfabeto um valor num´erico (“toda letra ´e um n´ umero e todo n´ umero ´e uma letra”); • Originalmente as letras representavam imagens (pictogramas).
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ALFABETO HEBRAICO
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Nome
Valor
Translit.
Pictograma
Observa¸ca ˜o
`
a ´lef
1
A
Boi
Face Pequena
a
bˆet
2
B
Casa/Tenda
b
guimel
3
G
Camelo
c
d´ alet
4
D
Porta
d
hˆei
5
H
Aten¸ca ˜o!
Feminino
e
v´ av
6
V
Gancho
Liga¸ca ˜o
f
zain
7
Z
Espada
g
rˆet
8
Ch
Cerca
h
tˆet
9
T
Serpente/Cesto
i
iud
10
I
Bra¸co e m˜ ao
Divindade
ALFABETO HEBRAICO
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Nome
Valor
Translit.
Pictograma
k
k´ af
20
Kh
Palma da m˜ ao
l
l´ amed
30
L
Cajado
n
mˆem
40
M
´ Agua
p
nun
50
N
Semente/Peixe
q
sˆ amer
60
S
Suporte
r
´ ain
70
Hw
Olho
t
pˆei
80
P
Boca
v
tz´ adik
90
Ts
Homem de lado
w
kuft
100
K
Sol no horizonte
x
rˆesh
200
R
Cabe¸ca
y
shin
300
Sh
Dentes/Comer
z
t´ av
400
Th
Sinal/Cruz
Observa¸ca ˜o
Face Grande
ALFABETO HEBRAICO
20
Letras de final de palavra j
k´ af sofit
500
m
mˆem sofit
600
o
nun sofit
700
s
pˆei sofit
800
u
tz´ adik sofit
900
ALFABETO HEBRAICO
Observa¸c˜oes: • A escrita no hebraico ´e feita da direita para a esquerda; • N˜ao existem vogais (podem ser representadas pelos sinais massor´eticos).
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KABALAH LITERAL
Kabalah literal • Os cabalistas descobriram significados ocultos e profundos nas letras do alfabeto hebraico; • As opera¸co˜es utilizadas para obter estes resultados s˜ao: gematria; notaricon; e temura.
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KABALAH LITERAL
Gematria • Modo de interpreta¸ca˜o em que cada nome ou palavra possui um certo valor num´erico que a coloca em rela¸c˜ao de equivalˆencia com outra palavra que tenha o mesmo valor;
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KABALAH LITERAL
• Por exemplo, MShICh, giyn, mashirra que significa “Messias” vale 358 (40+300+10+8), o mesmo que IBA ShILH, dliy `ai, abei Shiloh significando “Shiloh vir´a” – “O cetro n˜ao se arredar´a de Jud´a, nem o bast˜ ao de entre seus p´es, at´e que venha Shiloh; e a ele obedecer˜ ao os povos.” (Gˆenesis 49:10); • A serpente ardente que Mois´es levantou no deserto, NChSh, ygp, narrash tamb´em vale 358 (50+8+300);
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KABALAH LITERAL
Messias = Cristo = Serpente
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KABALAH LITERAL
“Fez Mois´es uma serpente de bronze [ygp] e a pˆos sobre uma haste; sendo algu´em mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava.” (N´ umeros 21:9); “E do modo por que Mois´es levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado.” (Jo˜ao 3:14).
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KABALAH LITERAL
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A serpente que salva e cura
KABALAH LITERAL
• Explica-se o fato dos rabinos terem o n´ umeros 26 e 8 (2+6) como sagrados, j´a que este ´e o valor de IHVH, dedi (10+5+6+5), o sagrado e impronunci´ avel nome de Deus, o “Tetragrammaton”;
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KABALAH LITERAL
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• Gematria das partes da letra ´alef:
`
= i+e+i
• 10+6+10=26=IHVH; • O iud superior representa o aspecto n˜ao manifestado de Deus (AHIH, did`, erriˆe – “Eu Sou”), o outro iud representa a manifesta¸c˜ao de Deus (IHVH), e o v´av no meio representa o gancho que liga ambos; • Aspectos transcendente e imanente de Deus (panente´ısmo).
KABALAH LITERAL
Te´ısmo enfatiza o aspecto transcendente de Deus – Deus fora do mundo; Pante´ısmo enfatiza o aspecto imanente de Deus – Deus dentro do mundo; Panente´ısmo Deus possui dois aspectos, um transcendente, outro imanente ao mundo (Kabalah).
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KABALAH LITERAL
Notaricon ´ uma forma de abrevia¸ca˜o, em que uma palavra ´e • E formada das letras iniciais ou finais de uma ou mais palavras; • Por exemplo, em Deuteronˆomio 30:12 est´a escrito “Quem subir´a por n´os aos c´eus?”, MI IOLH LNV HShMILH, dlinyd epl dlei in, que forma a palavra MILH, dlin, mil´ a, que significa circuncis˜ao, e com as letras finais forma IHVH, dedi, o nome de Deus. Isto sugere que a circuncis˜ao ´e o caminho para alcan¸car Deus no c´eu.
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KABALAH LITERAL
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Temura • Um complexo sistema de cifras em que as letras do alfabeto s˜ao transpostas segundo certas regras, permitindo obter novas interpreta¸co˜es; • Um exemplo de cifra ´e escrever metade do alfabeto sobre a outra metade, trocando a letra A, a primeira, pela Th, a u ´ltima, a segunda, B, pela pen´ ultima Sh, e assim por diante (cifra athbash): A
B
G
D
H
V
Z
Ch
T
I
Kh
Th
Sh
R
K
Ts
P
Hw
S
N
M
L
´ KABALAH DOGMATICA
Kabalah dogm´ atica • Desenvolvida para resolver as quest˜oes: – Natureza do Ser Supremo; – Cria¸c˜ao do mundo; – Cria¸c˜ao dos anjos e do homem; – Destino do mundo e dos homens; – Significado da Revela¸ca˜o, a Lei Sagrada (Tor´a).
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´ KABALAH DOGMATICA
• Dificuldades relacionadas com o problema da cria¸ca˜o: – Creatio ex nihilo? – Como a Unidade manifesta a pluralidade?
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´ KABALAH DOGMATICA
• A Kabalah prop˜oe as seguintes id´eias: – O Ser Supremo, que os cabalistas chamam de Ain (ou Ain Soph), ´e incompreens´ıvel, oculto, N˜ao Manifestado, N˜ao Existˆencia; – Ain Soph n˜ao foi o criador do mundo material; – O Ser Supremo ´e Ain (Existˆencia Negativa), Ain Soph (Ilimitado) e Ain Soph Aur (Luz Ilimitada) – os Trˆes V´eus Ocultos, as Ra´ızes ´ Negativas da Arvore da Vida.
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´ KABALAH DOGMATICA
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Ain Soph Aur Ain Soph Ain
´ KABALAH DOGMATICA
– Ain Soph, por meio de seu poder, manifesta atributos que assumem duas formas (faces, partsuf ): ∗ uma face passiva, feminina, negativa; ∗ uma face ativa, masculina, positiva;
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´ KABALAH DOGMATICA
– Como passivo, Deus olha para dentro de si, em dire¸c˜ao a Ain Soph, e diz: “Eu Sou Nada” – Deus-sem-Nome-e-Forma; – Como ativo, Deus olha para o lado oposto, em dire¸c˜ao `a cria¸ca˜o, e diz: “Eu Sou Tudo” – Deus-com-Nome-e-Forma; – Estes dois aspectos s˜ao chamados de Face Grande e Face Pequena; – Aspectos transcendente e imanente de Deus.
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´ KABALAH DOGMATICA
Tradi¸ca ˜o Juda´ısmo e Kabalah
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Ain Ain, Lo,
`l
oi`,
(N˜ ao)
Face Grande AHIH,
did`,
Face Pequena IHVH,
dedi, `,
Macroprosopus,
Microprosopus,
Arikh Anpin,
Zauir Anpin
Anci˜ ao dos Dias, r
(Olho)
Islamismo
La (N˜ ao)
Illaha
Allah
Hindu´ısmo
Parabrahman
Brahman (neutro),
Brahma (ativo),
(N˜ ao Ser)
Shiva, Lingam
Kali
Deus
Pai
Filho
Cristianismo
´ KABALAH DOGMATICA
“. . . e ningu´em conhece o Pai, sen˜ao o Filho . . . ” (Mateus 11:27)
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´ KABALAH DOGMATICA
– Au ´nica coisa que podemos compreender de Ain Soph s˜ao suas emana¸c˜oes, seus atributos; – Na Kabalah estas emana¸c˜oes s˜ao chamadas Sephiroth, SPIROTh, zexitq, Sefir´ot; – Estas Sephiroth s˜ao em n´ umero de dez (Pit´agoras);
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´ KABALAH DOGMATICA
– A Kabalah rejeita a id´eia de uma creatio ex nihilo; – A cria¸ca˜o ´e uma transforma¸ca˜o da Luz de Ain Soph Aur;
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´ KABALAH DOGMATICA
– A cria¸ca˜o ´e “intradivina” (contra¸c˜ao, tsimtsum) – “Porque Nele vivemos, e nos movemos, e existimos.” (Atos 17:28); – O tsimtsum ´e a auto-delimita¸c˜ao de Deus, recolhimento em Si pr´oprio – ocasionado pela contempla¸c˜ao Dele por Si pr´oprio (Plotino);
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´ KABALAH DOGMATICA
– A manifesta¸ca˜o divina procede da Fonte Primordial em sucessivas emana¸co˜es, cada uma mais obscura que as anteriores, por estarem progressivamente mais afastadas da Luz de Ain Soph Aur; – Os canais entre estas emana¸co˜es s˜ao como “fluxos de luz”; – Devemos observar que express˜oes como “luz” ou “recipiente” s˜ao s´ımbolos ou contrapartes f´ısicas de aspectos espirituais;
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´ KABALAH DOGMATICA
– Estas emana¸co˜es (Sephiroth), e os canais que as ´ conectam, formam a Arvore da Vida – uma hierarquia que constitui a natureza divina; – Observe-se que esta id´eia de “emana¸c˜oes” tamb´em aparece no gnosticismo – aeons, seres divinos que formam o pleroma.
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´ KABALAH DOGMATICA
Resumindo: Ain N˜ao, Existˆencia Negativa, N˜ao Ser, Raiz Desconhecida; Face Grande Aspecto passivo, negativo, oculto de Deus; Face Pequena Aspecto ativo, positivo, manifestado de Deus; ´ Arvore da Vida Formada pelas emana¸co˜es de Deus, representa a natureza divina.
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ˆ KABALAH LURIANICA
Kabalah Luriˆ anica • Rabino Isaac Luria, ARI (1534–1572); • Doutrina do “rompimento dos recipientes” (schevir´a ): – A natureza divina era perfeita pois estava contida nos recipientes, mas algo saiu errado e os recipientes “quebraram”, e cacos voaram para todos os lados – formaram o material para as klif´ot (cascas); – As chispas divinas espalharam-se e ficaram aprisionadas nas klif´ot;
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ˆ KABALAH LURIANICA
• A Luz de Ain Soph Aur, que a tudo preenche, ofuscaria toda a cria¸c˜ao poss´ıvel. Assim, h´a a necessidade de um “vazio” onde a cria¸ca˜o possa manifestar-se. Este “vazio” ´e o tsimtsum – “A terra por´em, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo.” (Gˆenesis 1:2); • O tsimtsum ´e o palco para o drama c´osmico (pleroma);
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ˆ KABALAH LURIANICA
• No tsimtsum penetra o Raio de Luz de Ain Soph Aur, que produz a manifesta¸ca˜o; • H´a a necessidade de restringir o poder de Deus, por isto esta Luz divina ficou contida dentro de “recipientes”; • No entanto, os recipientes n˜ao resistiram `a Luz de Ain Soph Aur e se “despeda¸caram”, formando o material para as klif´ot;
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ˆ KABALAH LURIANICA
• O homem ´e o reflexo da natureza divina (Adam Kadmon, o Homem Primordial) – “Criou Deus, pois, o homem `a sua imagem, `a imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gˆenesis 1:27); • Assim, a instabilidade na natureza divina provocou o pecado e a queda do homem; • Segundo Luria, esta crise n˜ao ´e um acidente, mas um ato de amor de Deus;
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ˆ KABALAH LURIANICA
• A crise provocou o ex´ılio de Shekhinah (presen¸ca ´ divina, aspecto feminino de Deus) – a Arvore da Vida tornou-se “ca´ıda”; • A reden¸ca˜o do homem constitui-se no tikun (corre¸c˜ao) – liberta¸c˜ao das chispas divinas aprisionadas nas klif´ot – era messiˆanica; • Este mito tem paralelos claros com o mito de Sophia dos gn´osticos e com o mito cosmogˆonico do manique´ısmo;
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ˆ KABALAH LURIANICA
• Reencarna¸c˜ao (metempsicose) – chamada por Luria de zenypd leblb, gilgul ha-neshamot – cren¸ca popular entre os judeus durante a ´epoca de Luria e depois durante o Chassidismo (Baal Shem Tov, s´ec. XVIII); • Aceita por grandes rabinos: Isaac Luria; Chaim Vital; Shem Tov; Bahia Ben Asher; e Nachmˆanides.
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´ A ARVORE DA VIDA
´ A Arvore da Vida “O Senhor Deus, por isto, o lan¸cou fora do jardim do ´ Eden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado. E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim ´ do Eden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da ´arvore da vida.” (Gˆenesis 3:23, 24).
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´ A ARVORE DA VIDA
• Se um f´ısico fosse descrever a forma¸ca˜o do universo, certamente faria referˆencia `as particulas subatˆomicas como os elementos constitutivos deste universo; • Um cabalista descreveria o mundo e a natureza ´ divina por meio dos elementos que formam a Arvore da Vida; ´ • A Arvore da Vida ´e formada pelas dez Sephiroth (plural de Sephira);
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´ A ARVORE DA VIDA
• A palavra “Sephira” pode ser traduzida como “emana¸c˜ao” ou “n´ umero”; • Para os cabalistas as Sephiroth s˜ao ao mesmo tempo a essˆencia de Deus e o vaso que cont´em esta essˆencia: essˆ encia Luz de Ain Soph Aur; vaso o que cont´em a Luz (pois a manifesta¸c˜ao divina ´e uma restri¸c˜ao do poder de Deus).
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´ A ARVORE DA VIDA
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´ A ARVORE DA VIDA
´ • A Arvore da Vida possui equivalentes em diversas outras tradi¸co˜es (mitologia e religi˜ao): Islamismo (Sufismo) Lataif (plural de Latifa); Yoga e tantrismo Chakras; Mitologia escandinava Yggdrasil; ´ Mitologia grega Arvore dos Pomos de Ouro; Apocalipse de S˜ ao Jo˜ ao Igrejas, selos, anjos, trombetas, etc.
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´ A ARVORE DA VIDA
´ Arvore da Vida: • Dez Sephiroth – emana¸c˜oes de Deus; • Vinte e dois canais (associados `as vinte e duas letras do alfabeto hebraico) – fluxos de luz.
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´ A ARVORE DA VIDA
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KhetherSS l SSS lll SSS l l l SS l l l Binah Chokmah e EE YYYYYYYYYY e e e e YYeYeYeYeYeeee xx EE x YYYYYY xx EE eeeeeee YYxxYY e E e e EE xx GeburahRR EEE Chesed x x l x RRR l x llll RRR EEE x x l RR E xx lll Thiphereth R
RRR RRR RRR
ll l l lll l l ll Hod RRR RRR RRR RR
Iesod
Netsach k kkk k k kk k k k
Malkhuth
´ A ARVORE DA VIDA
• A cria¸ca˜o divina ´e entendida como a emana¸c˜ao das Sephiroth, desde a mais elevada, at´e a mais inferior; • Khether est´a imerso na Luz de Ain Soph Aur (por isto muitas vezes n˜ao ´e considerado uma Sephira); • Cada Sephira recebe luz das que est˜ao acima e envia luz para as inferiores; • Malkhuth ´e a Sephira mais obscura, por isto ´e associada ao mundo material.
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´ A ARVORE DA VIDA
´ A Arvore da Vida ´e organizada em trˆes pilares ou colunas: Pilar esquerdo feminino – Justi¸ca; Pilar central neutro – Temperan¸ca; Pilar direito masculino – Miseric´ordia.
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´ A ARVORE DA VIDA
´ Existem trˆes formas diferentes de representar a Arvore da Vida: 1. Como o corpo de um homem (enfatizando o aspecto ´ orgˆanico da Arvore da Vida); 2. Como uma seq¨ uˆencia de emana¸co˜es (progressivamente mais materiais e imperfeitas); 3. Como as cascas de uma cebola (mais no exterior, mais material e imperfeito).
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´ A ARVORE DA VIDA
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´ Arvore da Vida na forma de um homem
´ A ARVORE DA VIDA
Cabe¸ca Bra¸co esquerdo Ventre ´ ao sexual Org˜
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    Â
Bra¸co direito    Â
Mulher
´ A ARVORE DA VIDA
Binah e Malkhuth s˜ao associadas ao feminino: • Binah ´e chamada de M˜ae; • Malkhuth ´e chamada de Noiva.
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´ A ARVORE DA VIDA
66
Khether(1) V
VVVV VVV*
Binah(3) oZZZZZZZZ Geburah(5) Vo
Chokmah(2)
ZZZZZZZZ ZZZZZZZZ ZZZZZ-
VVVVV VV*
Chesed(4)
Thiphereth(6)
VVVV VVVV *
Hod(8) oVVV
VVVV VVVV *
Netsach(7)
Iesod(9) ²
Malkhuth(10) Seq¨ uˆencia de emana¸co˜es das Sephiroth
´ A ARVORE DA VIDA
67
M alkhuth
Khether
Cascas de cebola
´ A ARVORE DA VIDA
Observa¸c˜oes: • S´o existem dez Sephiroth; • Khether possui um reflexo abaixo de Chokmah e Binah; • Este reflexo ´e a Sephira Daath (Conhecimento); • Malkhuth (Shekhinah) ´e Daath ca´ıda.
68
´ A ARVORE DA VIDA
69
Khether UUU i i UUUU ii i i UUU i iiii BinahKKZZZZZZZZZZ ddd Chokmah d d d d s Z d Z d ZdZdZdZdZdZdZd s KK s ZZZZZZZ ss K dddd ZsZsZZ ddKdKdKKddd s s s GeburahUU KKK Chesed s i s i UUUU KK i s s iiiii s UUU KK s s ii ThipherethU
ii i i i ii i i i i Hod UUUUU UUUU UUUU
UUUU UUUU U
Iesod
Netsach i i iii i i i iiii
Malkhuth(Shekhinah) ´ Arvore ca´ıda
´ A ARVORE DA VIDA
70
Khether VVV i i VVVV iii i V i i i Binah UUUU Chokmah h h UUUU h hh UU hhhh Daath VVVV i i i VVVV ii V iiii Geburah UUU Chesed i i i UUUU i iiii ThipherethU
ii i i i iiii Hod UUUUU UUUU UU
UUUU UU
Iesod
Netsach h h hhh h h h hh
´ Arvore da Perfei¸ca˜o
´ A ARVORE DA VIDA
“Vinte e duas letras, Ele as gravou, as cortou, as pesou, as permutou, as combinou, e formou com elas a alma de tudo o que foi criado e a alma de tudo o que ser´a criado no futuro.” (Sepher Ietsirah, Cap´ıtulo 2, Mishnah 2).
71
´ A ARVORE DA VIDA
• Segundo o Sepher Ietsirah a cria¸ca˜o ´e resultado das combina¸co˜es e permuta¸co˜es das letras do alfabeto hebraico.
72
´ A ARVORE DA VIDA
“Dez Sephiroth do nada, e vinte e duas letras de funda¸c˜ao, trˆes s˜ao m˜aes, sete s˜ao duplas e doze s˜ao simples.” (Sepher Ietsirah, Cap´ıtulo 1, Mishnah 2).
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´ A ARVORE DA VIDA
• O Sepher Ietsirah faz associa¸co˜es com os valores 3, 7 e 12: – As trˆes letras m˜aes s˜ao: `, ´ alef (ar); n, mˆem (´agua); e y, shin (fogo); – 7 ´e associado aos sete planetas sagrados e `as sete dire¸c˜oes do espa¸co (6 dire¸co˜es + Lugar Sagrado – centro); – 12 ´e associado aos doze meses do ano, aos doze signos do zod´ıaco e `as doze arestas do cubo do espa¸co;
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´ A ARVORE DA VIDA
•
n
´e associado `a coluna da direita – Miseric´ordia – ´ Bem ou Agua do Bem;
•
y
•
`
´e associado `a coluna da esquerda – Justi¸ca e Rigor – Mal ou Fogo do Mal; ´e associado `a coluna central – Temperan¸ca – e media entre elas (concilia¸c˜ao);
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´ A ARVORE DA VIDA
• As trˆes letras m˜aes representam a dimens˜ao moral ; • As sete dire¸co˜es do espa¸co representam a dimens˜ao espacial ; • Os doze meses do ano representam a dimens˜ao temporal ;
76
´ A ARVORE DA VIDA
´ • A Arvore da Vida ´e formada por trˆes triˆangulos (tr´ıades); • Cada tr´ıade ´e formado por duas Sephiroth que representam princ´ıpios opostos (masculino e feminino) e uma terceira Sephira que faz a concilia¸c˜ao de ambas (filosofia de Hegel).
77
´ A ARVORE DA VIDA
78
KhetherSS l SSS lll SSS l l l SS l l l Binah Chokmah e EE YYYYYYYYYY e e e e YYeYeYeYeYeeee xx EE x YYYYYY xx EE eeeeeee YYxxYY e E e e EE xx GeburahRR EEE Chesed x x l x RRR l x llll RRR EEE x x l RR E xx lll Thiphereth R
RRR RRR RRR
ll l l lll l l ll Hod RRR RRR RRR RR
Iesod
Netsach k kkk k k kk k k k
Malkhuth
´ A ARVORE DA VIDA
79
Khether(=)
ll l l l lll
RRRR RRRR R
Binah(−)
Chokmah(+)
Geburah(−)
Chesed(+)
RRR RRR RR
ll l l l llll
Thiphereth(=) Hod(−) R
RRR RRR R
Netsach(+)
ll l l l llll
Iesod(=)
Malkhuth
´ A ARVORE DA VIDA
• As duas tr´ıades inferiores (apontando para baixo) s˜ao o reflexo da tr´ıade superior (apontando para cima); • A combina¸c˜ao de um triˆangulo apontando para cima e um para baixo forma um conhecido s´ımbolo, o duplo triˆangulo de Salom˜ao ou estrela de Davi.
80
´ A ARVORE DA VIDA
81
´ A ARVORE DA VIDA
82
´ A ARVORE DA VIDA
Sephira Khether,
xzk
Chokmah, Binah,
dnkg
Sabedoria Abra˜ ao
dgeab
Coragem
Isaac
Beleza
Jac´ o
Eternidade
Mois´ es
Gl´ oria
Ar˜ ao
z`xtz gvp
ced ceqi zekln
Observa¸ca ˜o Vontade de Deus
Bondade
Netsach,
Malkhuth,
Coroa
cqg
Thiphereth,
Iesod,
Personagem b´ıblico
Lea
Geburah,
Hod,
Significado
Compreens˜ ao
dpia
Chesed,
83
Sol
Funda¸c˜ ao
Sustenta¸c˜ ao
Reino
Lua
´ A ARVORE DA VIDA
Observa¸c˜oes: • Segundo a Kabalah, no princ´ıpio, antes da cria¸c˜ao, s´o existia Deus e a Sua Vontade (Ain Soph e Khether); • Binah e Malkhuth s˜ao Sephiroth femininos (M˜ae superior e M˜ae inferior); • Lea ´e um personagem b´ıblico que teve sete filhos, seis homens (as seis Sephiroth seguintes) e uma mulher (Malkhuth).
84
´ A ARVORE DA VIDA
85
Sephiroth (Nomes e Associa¸co ˜es) Zohar
Sepher Ietsirah
Khether
Acima
Chokmah
Leste
Binah
Norte
Daath
Primeiro ´ Agua
Chesed
Associa¸c˜ oes
Criador
1o dia 2o
Thiphereth
Fogo ´ Ultimo
Netsach
Sul
4o
Hod
Oeste
5o
Iesod
Abaixo
6o
Pilar de sustenta¸ca ˜o
7o (Shabath)
Mundo material
Geburah
Malkhuth
3o
Descanso de Deus
Dias da cria¸c˜ ao
´ A ARVORE DA VIDA
86
Acima Sephiroth direcionais W
P´atio interno
WWWW+
x x xx x x x xx Primeiro x Oeste xx x {x ´ Fogo Agua
Sul
´ Ultimo
Norte
Leste
Abaixo ´ Arvore da Vida 3D (Sepher Ietsirah)
´ A ARVORE DA VIDA
Dimens˜ ao espacial Sephiroth direcionais; ´ Dimens˜ ao moral Agua do Bem e Fogo do Mal; ´ Dimens˜ ao temporal Primeiro e Ultimo (ou Come¸co e Fim).
87
´ A ARVORE DA VIDA
Observa¸c˜oes: • Khether representa a Face Grande; • As Sephiroth em torno de Thiphereth formam a Face Pequena; ´ • A Arvore da Vida ´e considerada o “corpo” de Adam Kadmon, o Ser Absoluto Manifestado ou Homem Primordial (na vedanta: Purusha).
88
´ A ARVORE DA VIDA
cccc Face Grande c c q c à ' ! & % " # $ U ii UUUUU i i i UUUU ii i i i UUU Ã'&!%"#$KiZiZiZZZZ Ã'&!"%$# KK ZZZZZZZ dddddddddddsds K_K _ _ d_dd_dd_dZdZZ_ZZ_ZZ_ _ _ss_ _ _ _ _ _ KKddd ZZsZssZZZZ   d d d d K d à ' & ! % " # $ à ' & ! " % $ # s K U UUUU KK s iiii   s i UUUU KK s i   UUUKUK ssisisiiii Ã'!&%"#$iUUU   i i i U i U UUUU ii   i i i U i U i U UÃ'&!"%$#   Ã'&!%"#$UiiU ii UUUU i i   i i UUUU i i i UUU iiii   Ã'!&%"#$   _ _ _ _u :_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ uuu Ã'!&%"#$
Face Pequena
89
´ A ARVORE DA VIDA
90
Ã'!&%"#$D z DD z DD z z DD z z Ã'!&"%$# Ã'&!%"2#$zQQ m Q m 22 QQQ mmm ¯¯ 22mmmmmQQQQQ¯¯ QÃ'!&"%$# ¯ Ã'&!%"#$Dmm 22 ¯ z DD 22 ¯ DD 2 ¯¯ zzz DD2 ¯zz Ã'!&%"¯#$zD zz DDD z DD zz D z z Ã'&!%"#$D Ã'!&"%$# DD z DD zz z DD zz Ã'!&%"#$z Ã'!&%"#$
Adam Kadmon
´ A ARVORE DA VIDA
Face Grande ou Macroprosopus Khether Pai de Microprosopus ou Aba Chokmah M˜ ae de Microprosopus ou Ima Binah Face Pequena ou Microprosopus Chesed, Geburah, Thiphereth, Netsach, Hod, Iesod Noiva de Microprosopus Malkhuth ou Shekhinah
91
´ A ARVORE DA VIDA
• O Microprosopus possui dois lados, masculino e feminino (andr´ogino); • O Macroprosopus possui apenas um lado, apenas a face e o olho direito est˜ao vis´ıveis (o lado esquerdo est´a oculto em Ain Soph).
92
´ A ARVORE DA VIDA
“Esta ´e a tradi¸c˜ao: Se o Olho se fechasse ao menos por um momento, nada poderia subsistir. Portanto, Ele ´e chamado Olho Aberto, Olho Sagrado, Olho Excelente, Olho do Destino, o Olho que n˜ao dorme nem cochila, o Olho que ´e o Guardi˜ ao de todas as coisas, o Olho que ´e a substˆancia de todas as coisas.” (Zohar, Idra Rabba Kadisha 136 e 137)
93
´ A ARVORE DA VIDA
Olho que tudo vˆe – s´ımbolo ma¸coˆnico
94
´ A ARVORE DA VIDA
95
Sephiroth Khether
Letra o ponto superior de
Chokmah
i
Binah
d
Chesed, Geburah, Thiphereth, Netsach, Hod, Iesod
e
Malkhuth
d
i
´ A ARVORE DA VIDA
96
Iosher Cabe¸ca
i
Bra¸cos
d
Tronco
e
Pernas
d
´ A ARVORE DA VIDA
97
Iosher circundado pelo Leviat˜a
´ A ARVORE DA VIDA
98
Observa¸c˜oes: • Serpente mordendo o pr´oprio rabo: Ouroboros (alquimia) ou Leviat˜a (juda´ısmo); • A ´area fora do Leviat˜a ´e Ain Soph, a ´area dentro ´e o tsimtsum; • O Iosher ´e formado pelas gotas de veneno que escorrem das mand´ıbulas do Leviat˜a – o Raio de Luz, vindo da Luz Ilimitada, atrav´es do centro que ´e Khether; • Semelhan¸ca com Jonas (Ionah, Leviat˜a.
dpei)
dentro do
´ A ARVORE DA VIDA
99
Entrada do cinema
´ A ARVORE DA VIDA
100
P´ ublico aguardando o filme
´ A ARVORE DA VIDA
Interpreta¸c˜ao: Tudo fora do cinema Ain (ou Ain Soph); O interior do cinema Tsimtsum; Paredes do cinema Leviat˜a; Projecionista Face Grande; Projetor Face Pequena; Filme e pessoas assistindo Ilus˜ao (no budismo: maya).
101
´ A ARVORE DA VIDA
• Somos uma ilus˜ao na mente da Face Grande! • A reden¸ca˜o ´e o despertar desta ilus˜ao, saindo pela porta que leva para fora do cinema; • Lembra o mito da caverna de Plat˜ao.
102
OS MUNDOS DA KABALAH
Os mundos da Kabalah • A Kabalah divide a manifesta¸ca˜o divina em quatro mundos: Atziluth (emana¸c˜ao), Briah (cria¸c˜ao), Ietsirah (forma¸ca˜o) e Assiah (a¸ca˜o); “a todos os que s˜ao chamados pelo meu nome, e os que, para minha gl´oria [Atziluth], criei [Briah], e que formei [Ietsirah] e fiz [Assiah].” (Isa´ıas 43:7);
103
OS MUNDOS DA KABALAH
• Cada mundo ´e progressivamente mais material e imperfeito que o anterior, em uma escala decrescente; • Os mundos s˜ao planos que se sobrep˜oem; ´ • Para alguns cabalistas existe uma Arvore da Vida completa para cada mundo. Assim, s˜ao no total 40 Sephiroth; • Para outros, os mundos se distribuem ao longo das ´ Sephiroth da Arvore da Vida.
104
OS MUNDOS DA KABALAH
105
Ain Soph Khether YYYY e e e YYY e e ee e Binah \ RR\R\\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\bbllChokmah bbR RR ll\\ Chesed o l l Geburah XXXR R l XXX R llfffffff Thiphereth XX f XXXX f fYffff Hod YYYYY e Netsach e e e YYYY e e eee
1o mundo
Iesod
Malkhuth
e Khether YYYYYYY e e e e e ee\ Binah \ RRR\\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\bbllChokmah bbR RR ll\\ Chesed o l l Geburah XXXR R l XXX R llfffffff Thiphereth XX f XXXX f f fYfff Hod YYYYY e Netsach e e e YYYY e e eee Iesod
Malkhuth aos mundos inferiores
2o mundo
OS MUNDOS DA KABALAH
106
Mundo
Significado
Sephiroth
Atsiluth
Emana¸c˜ao
Khether
Briah
Cria¸ca˜o
Chokmah, Binah
Ietsirah
Forma¸ca˜o
Chesed, Geburah, Thiphereth, Netsach, Hod, Iesod
Assiah
A¸c˜ao
Malkhuth
OS MUNDOS DA KABALAH
Mundo
Letras/palavras
Atsiluth
Letras soltas
107
` a b c d e f g h i k l n p q r t v w x y z
Briah
Nomes divinos
fios da barba do Macroprosopus (Zohar)
Ietsirah
Nomes ang´elicos
Assiah
Tor´a
midl` `xa ziy`xa
...
ux`d z`e minyd z`
KABALAH M´ISTICA
Kabalah m´ıstica ´ • Entende a Arvore da Vida como um “mapa” para a ilumina¸c˜ao espiritual; ´ • Caminhos da Arvore da Vida representam “portas” para despertar a consciˆencia em planos mais elevados – ascens˜ao pelos mundos (Assiah, Ietsirah, Briah e Atsiluth); • Quando algu´em alcan¸ca Atsiluth, a Face Grande fica “face a face” com a Face Pequena, e todas as ilus˜oes da existˆencia desaparecem – experiˆencia nas Ra´ızes ´ Negativas da Arvore da Vida (na vedanta: nirvikalpa samadhi).
108
KABALAH M´ISTICA
109
Khether M
MMM MMM M
Binah
Chokmah
Geburah
Chesed T hiphereth
Hod
N etsach
qq q q q qqq
Iesod
M alkhuth Caminho dos anjos de Elohim
KABALAH M´ISTICA
• Este caminho caracteriza-se pela observˆancia dos preceitos morais e religiosos; • “Via da m˜ao direita”; • Lento e longo.
110
KABALAH M´ISTICA
111
Khether
rr r X r r r
Binah
Chokmah
Geburah
Chesed T hiphereth
Hod L
LLL LLL L
N etsach
Iesod M alkhuth Caminho dos anjos de destrui¸ca ˜o
KABALAH M´ISTICA
• Este caminho caracteriza-se por complexos rituais m´agicos e a busca de poderes ps´ıquicos; • “Via da m˜ao esquerda” ou “magia negra”; • R´apido e mal sucedido (o adepto ´e lan¸cado no “outro lado”, Sitra Akra).
112
KABALAH M´ISTICA
“Mas, quando tu deres esmola, n˜ao saiba a tua m˜ao esquerda o que faz a tua direita.” (Mateus 6:3).
113
KABALAH M´ISTICA
114
Khether M
MMM MMM M
Chokmah Binah VVV VVVV VVVV VVVV V Geburah Chesed L
LLL LLL L
T hiphereth
MMM MMM MM
Hod L
LLL LLL L
N etsach
Iesod M alkhuth Caminho do santo
KABALAH M´ISTICA
115
Khether
rr r X r r r
Binah
Geburah
Chokmah h h h hhh h h h h hhhh Chesed
q q q qq q q q
T hiphereth
Hod
rr r r r r r r
N etsach
q q q qq q q q
Iesod
M alkhuth Caminho do bruxo
KABALAH M´ISTICA
116
Khether Binah
Chokmah
Geburah
Chesed T hiphereth
Hod
N etsach Iesod M alkhuth
Caminhos de coluna central (Kabalah m´ıstica)
KABALAH M´ISTICA
• Nos caminhos de coluna central se busca a supera¸c˜ao da ilus˜ao de pluralidade (n˜ao dualismo); • Caminho reto e direto para cima; • Buda: “caminho do meio”; • Os dois ladr˜oes crucificados nos dois lados de Jesus crucificado simbolizam as colunas laterais.
117
KABALAH M´ISTICA
“. . . porque estreita ´e a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, . . . ” (Mateus 7:14).
118
KABALAH M´ISTICA
Caminho de coluna direita Bem – observˆancia da lei; Caminho de coluna esquerda Mal – medo; Caminho de coluna central Amor – prazer/desfrute.
119
KABALAH M´ISTICA
Pr´aticas m´ısticas enfocam: 1. Face Grande; 2. Face Pequena; 3. Ambos.
120
KABALAH M´ISTICA
Ioga de Face Grande impessoal (Deus-sem-Nome-e-Forma) – percebendo todo Nome e Forma como ilus˜oes – ren´ uncia a toda a experiˆencia e dissolu¸ca˜o da individualidade; Ioga de Face Pequena pessoal (Deus-com-Nome-e-Forma) – considerando a pluralidade de Nome e Forma como uma Grande Unidade na Face Pequena – submiss˜ao a um ideal de Face Pequena escolhido (IHVH, Allah, Kali, etc.).
121
KABALAH M´ISTICA
122
Estas duas iogas representam as duas grandes escolas de ioga da ´India: Advaita n˜ao dualista, monista – Face Grande; Coisas → Nada
Existˆencia → N˜ao existˆencia
Dualismo → N˜ao dualismo Dvaita dualista – Face Pequena; Coisas → Um
Coisas → Um → Nada
KABALAH M´ISTICA
Pr´aticas i´oguicas caracterizam-se por: 1. Vocaliza¸ca˜o de um Mantra-Raiz; 2. Visualiza¸c˜oes; 3. Exerc´ıcios respirat´orios (Pranayama).
123
KABALAH M´ISTICA
124
KABALAH M´ISTICA
125
• Vocaliza¸co˜es: combina¸co˜es e permuta¸co˜es de IHVH e as cinco vogais (Abra˜ao Abulafia): Io
Ho
Vo
Ho
Ia
Ha
Va
Ha
Iei
Hei
Vei Hei
Ii
Hi
Vi
Hi
Iu
Hu
Vu
Hu
• Visualiza¸c˜ao do nome de Deus – “E pus o nome do Senhor diante de mim para sempre” (Salmos 16:8); • Visualiza¸c˜ao dos seres como Iosher;
KABALAH M´ISTICA
“Eis o nome do SENHOR vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de espessas nuvens; os seus l´abios est˜ao cheios de indigna¸c˜ ao, e a sua l´ıngua ´e como fogo devorador.” (Isa´ıas 30:27).
126
KABALAH M´ISTICA
“o nome de Deus ´e como fogo que queima” Sri Swami Krishnananda (Japa Sadhana)
127
KABALAH M´ISTICA
128
Allah
KABALAH M´ISTICA
Existem dois tipos de ioga na ´India: Dhyana Ioga liberta¸c˜ao por meio de um esfor¸co mental (conhecimento, gnosis); Kundalini Ioga prazer do despertar da divina M˜ae Kundalini.
129
KABALAH M´ISTICA
Kundalini Ioga: • No homem existem centros de energia, chamados pelos hindus de chakras; • Eles s˜ao conectados por certos canais, chamados de nadis; os trˆes principais s˜ao: – Shushumna – nadi central; – Ida e Pingala – nadis laterais.
130
KABALAH M´ISTICA
131
´ Arvore Chakrica (tantrismo)
KABALAH M´ISTICA
• Shakti (aspecto manifestado de Deus) possui dois polos: – positivo, dinˆamico – Prana; – negativo, est´atico – Kundalini; ´ • Kundalini ´e a energia adormecida na base da Arvore Chakrica, representada como uma serpente enroscada; seu despertar e subida pela coluna vai vitalizando os chakras; • A chegada do Kundalini ao alto da cabe¸ca culmina com o samadhi.
132
KABALAH M´ISTICA
133
Caduceu de Merc´ urio
KABALAH M´ISTICA
“Vejo os homens, porque como ´arvores os vejo, andando.” (Marcos 8:24).
134
KABALAH M´ISTICA
´ Arvore ca´ıda homem ca´ıdo; Shekhinah exilada; ´ Arvore da Perfei¸ c˜ ao reden¸c˜ao do homem; era messiˆanica; anjos.
135
KABALAH M´ISTICA
Chakras
136
Centros
Sephiroth
Lataif
Igrejas (Apocalipse)
Muladhara
ˆ Anus
Malkhuth
Qalabiya
´ Efeso
Svadistana
Baixo-ventre
Iesod
Nafsiya
Esmirna
Manipura
Plexo solar
Netsach, Hod
Qalbiya
P´ ergamo
Anahata
Cora¸ca ˜o
Thiphereth
Siriya
Tiatira
Vishuda
Garganta
Daath
Ruhiya
Sardes
Ajna
Testa
Chokmah, Binah
Khafiya
Filad´ elfia
Sahasrara
Alto da cabe¸ca
Khether
Haqiqah
Laodic´ eia
KABALAH M´ISTICA
137
Menor´a
KABALAH M´ISTICA
´ A ascens˜ao de Shekhinah pela Arvore da Vida (ascens˜ao do Kundalini pelos chakras) culmina com o Shabath, que s˜ao as bodas de: 1. Senhor Messias e Rainha Shekhinah; 2. Senhor Shiva e sua consorte Shakti (tantrismo); 3. Coito do rei e da rainha ou o casamento do sol e da lua (alquimia); 4. Esposo e sua noiva, a nova Jerusal´em (Apocalipse de S˜ao Jo˜ao).
138
KABALAH M´ISTICA
“Vi tamb´em a cidade santa, a nova Jerusal´em, que descia do c´eu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.” (Apocalipse 21:2)
139
˜ CONCLUSAO
Conclus˜ ao • A essˆencia da Kabalah ´e comum a todas as tradi¸c˜oes m´ısticas e religi˜oes; • Esta essˆencia foi filtrada e incorporada a estas tradi¸c˜oes, recebendo de cada uma delas uma vestimenta diferente; • Assim, a Kabalah permite desvendar o significado esot´erico de seus s´ımbolos e alegorias.
140
PARA SABER MAIS
Para saber mais • F.V. Lorenz, No¸c˜ oes Elementares de Cabala: A tradi¸c˜ao esot´erica do ocidente, Editora Pensamento, 1912. • William Wynn Westcott, An Introduction to the Study of the Kabalah, 1910. url: http: //www.ufpel.edu.br/~campani/WWWKabalah.pdf.
141
PARA SABER MAIS
• Christopher P. Benton, An Introduction to the Sefer Yetzirah. url: http://www.maqom.com/journal/paper14.pdf. • Gershom Scholem, A Cabala e seu Simbolismo, Editora Perspectiva. • Leonard Glotzer, The Fundamentals of Jewish Mysticism, Jason Aronson, 1992.
142
PARA SABER MAIS
• Daniel Feldman, Qabalah: O Legado M´ıstico dos Filhos de Abra˜ ao, Editora Madras. • Daniel Feldman, Qabalah: The Mystical Heritage of the Children of Abraham. url: http: //www.workofthechariot.com/PDF/qabalah.pdf. • David Cooper, Ecstatic Kabbalah, Sounds True. • Sri Swami Krishnananda, Yoga, Meditation and Japa Sadhana. url: http://www.ufpel.edu.br/~campani/ymj.pdf.
143
144
Uma Introdu¸c˜ ao ` a Kabalah Carlos A. P. Campani
[email protected] http://www.ufpel.edu.br/~campani/lamcabala.pdf http://campani.greatnow.com