Kabbalah

  • June 2020
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  • Words: 6,509
  • Pages: 144
1

Uma Introdu¸c˜ ao ` a Kabalah Carlos A. P. Campani [email protected] 5 de mar¸co de 2007

˜ MOTIVAC ¸ AO

Motiva¸c˜ ao Quais s˜ao as motiva¸co˜es para estudar Kabalah? • Estudar o juda´ısmo para compreender as origens do cristianismo; • Compreender as tradi¸co˜es esot´ericas do ocidente: – Gnosticismo; – Hermetismo; – Ma¸conaria; • Pr´aticas cabal´ısticas.

2

OBJETIVOS

Objetivos • Apresentar uma vis˜ao geral sobre o assunto; • Mostrar os conceitos b´asicos que permitir˜ao compreender a literatura dispon´ıvel e ser˜ao suporte para o estudo posterior; • Introduzir brevemente a Kabalah m´ıstica (Kabalah meditativa).

3

˜ PREVISTA DURAC ¸ AO

Dura¸c˜ ao prevista

1 hora e 45 minutos

4

´ SUMARIO

Sum´ ario 1. O que ´e a Kabalah? 2. Hist´oria 3. Alfabeto hebraico 4. Kabalah literal: Gematria; notaricon; e temura. 5. Kabalah dogm´atica e luriˆanica ´ 6. A Arvore da Vida 7. Os mundos da Kabalah 8. Kabalah m´ıstica

5

´ A KABALAH? O QUE E

O que ´ e a Kabalah? • Kabalah, KBLH, dlaw, cabal´ a prov´em do verbo KBL, law, cabeil que significa receber ; • Assim, Kabalah significa “tradi¸c˜ao” ou “conhecimento”; • Tradi¸ca˜o esot´erica e m´ıstica dos hebreus; • Ao povo era oferecido o Velho Testamento (c´odigo jur´ıdico e moral, e recomenda¸c˜oes de sanitarismo – ausente de misticismo); • A Kabalah era reservada apenas para os sacerdotes;

6

´ A KABALAH? O QUE E

• Conhecimento sagrado que era originalmente transmitido apenas de forma oral; • Os rabinos passaram a registrar de forma escrita a Kabalah apenas na era crist˜a, devido `a dispers˜ao dos judeus (di´aspora) – que amea¸cava com a perda deste conhecimento; • Nestas lˆaminas abordaremos a Kabalah nas perspectivas judaica, herm´etica e crist˜a. Tamb´em faremos compara¸co˜es com outras tradi¸co˜es m´ısticas, mitologia, filosofia e religi˜ao.

7

´ A KABALAH? O QUE E

8

Tor´a

´ A KABALAH? O QUE E

• A Tor´a (Pentateuco), cuja autoria ´e atribu´ıda a Mois´es, ´e formada por: 1. Bereshit (Gˆenesis); ˆ 2. Shemot (Exodo); 3. Vaikr´a (Lev´ıtico); 4. Bemidbar (N´ umeros); 5. Devarim (Deuteronˆomio); • A Tor´a ´e o livro mais sagrado dos judeus; • A Kabalah, em parte, dedica-se a interpretar a Tor´a.

9

´ A KABALAH? O QUE E

As escrituras sagradas do juda´ısmo tem quatro sentidos (PRDS, qcxt, pardeis significando pomar ou para´ıso – cascas e cerne da noz): Pashut literal e hist´orico; Remmez aleg´orico, introduzido por Ezra; Derush moral; Sod m´ıstico.

10

´ A KABALAH? O QUE E

Pashut O Velho Testamento narra fatos hist´oricos relacionados com o povo hebreu que devem ser considerados de forma literal; Remmez Os fatos narrados devem ser considerados como alegorias; Derush O Velho Testamento ´e um c´odigo moral; Sod Os fatos narrados no Velho Testamento s˜ao simb´olicos, e o objetivo destes s´ımbolos ´e guardar um conhecimento sagrado – h´a um significado mais profundo oculto nos textos sagrados (significado m´ıstico, Kabalah).

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´ A KABALAH? O QUE E

Modalidades da Kabalah: Kabalah n˜ ao escrita a parte da Kabalah que permanece oral; Kabalah pr´ atica envolve a manipula¸c˜ao de s´ımbolos m´agicos (talism˜as e quadrados m´agicos) e a cria¸c˜ao do Golem (um ser humano artificial); Kabalah literal preocupa-se com a interpreta¸c˜ao da lei, buscando significados ocultos nas escrituras; Kabalah dogm´ atica estuda a doutrina da Kabalah.

12

´ HISTORIA

Hist´ oria • A tradi¸ca˜o religiosa dos judeus ´e formada por: Tor´ a (Pentateuco) Atribuido a Mois´es e compilado h´a cerca de 3000 anos (recompilado por Ezra); Talmude Um complexo conjunto de tratados (Mishnah e Gemarah), constituindo-se de coment´arios `a lei; Kabalah Tradi¸ca˜o que se desenvolveu em paralelo `a Tor´a e ao Talmude.

13

´ HISTORIA

• Segundo alguns estudiosos, a Kabalah surgiu na ´epoca da constru¸c˜ao do Segundo Templo, no ano de 515 a.C., embora outros estudiosos opinem que ela ´e t˜ao antiga quanto a pr´opria Tor´a; • A Kabalah ´e capaz de vivificar e reinterpretar o Velho Testamento, dando-lhe o misticismo que est´a aparentemente ausente; • Retira os v´eus que cobrem o conhecimento sagrado das escrituras; • Segundo alguns rabinos cabalistas, a Tor´a ´e o corpo, o Talmude, a alma, e a Kabalah, o esp´ırito.

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´ HISTORIA

Os dois principais tratados da Kabalah s˜ao: Sepher Ietsirah Tamb´em conhecido como “Livro da Cria¸c˜ao”; apresenta um curioso esquema para a cria¸c˜ao e um paralelo entre as letras do alfabeto hebraico, o homem, os planetas e os signos do zod´ıaco; sua autoria ´e atribu´ıda em uma lenda ao patriarca Abra˜ao; cr´ıticos modernos opinam que foi compilado em torno de 200 d.C.;

15

´ HISTORIA

Zohar Conhecido como “Livro do Esplendor”; um conjunto de tratados versando sobre a divindade, os anjos, almas e cosmogˆenese; autoria atribu´ıda ao Rabino Simon Ben Iochai, que viveu no in´ıcio da era crist˜a; recompilado e publicado em 1290 na Espanha pelo Rabino Moses de Leon.

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ALFABETO HEBRAICO

Alfabeto hebraico • Formado por vinte e duas letras mais cinco usadas no final de palavras; • Associa-se a cada letra do alfabeto um valor num´erico (“toda letra ´e um n´ umero e todo n´ umero ´e uma letra”); • Originalmente as letras representavam imagens (pictogramas).

17

ALFABETO HEBRAICO

18

Nome

Valor

Translit.

Pictograma

Observa¸ca ˜o

`

a ´lef

1

A

Boi

Face Pequena

a

bˆet

2

B

Casa/Tenda

b

guimel

3

G

Camelo

c

d´ alet

4

D

Porta

d

hˆei

5

H

Aten¸ca ˜o!

Feminino

e

v´ av

6

V

Gancho

Liga¸ca ˜o

f

zain

7

Z

Espada

g

rˆet

8

Ch

Cerca

h

tˆet

9

T

Serpente/Cesto

i

iud

10

I

Bra¸co e m˜ ao

Divindade

ALFABETO HEBRAICO

19

Nome

Valor

Translit.

Pictograma

k

k´ af

20

Kh

Palma da m˜ ao

l

l´ amed

30

L

Cajado

n

mˆem

40

M

´ Agua

p

nun

50

N

Semente/Peixe

q

sˆ amer

60

S

Suporte

r

´ ain

70

Hw

Olho

t

pˆei

80

P

Boca

v

tz´ adik

90

Ts

Homem de lado

w

kuft

100

K

Sol no horizonte

x

rˆesh

200

R

Cabe¸ca

y

shin

300

Sh

Dentes/Comer

z

t´ av

400

Th

Sinal/Cruz

Observa¸ca ˜o

Face Grande

ALFABETO HEBRAICO

20

Letras de final de palavra j

k´ af sofit

500

m

mˆem sofit

600

o

nun sofit

700

s

pˆei sofit

800

u

tz´ adik sofit

900

ALFABETO HEBRAICO

Observa¸c˜oes: • A escrita no hebraico ´e feita da direita para a esquerda; • N˜ao existem vogais (podem ser representadas pelos sinais massor´eticos).

21

KABALAH LITERAL

Kabalah literal • Os cabalistas descobriram significados ocultos e profundos nas letras do alfabeto hebraico; • As opera¸co˜es utilizadas para obter estes resultados s˜ao: gematria; notaricon; e temura.

22

KABALAH LITERAL

Gematria • Modo de interpreta¸ca˜o em que cada nome ou palavra possui um certo valor num´erico que a coloca em rela¸c˜ao de equivalˆencia com outra palavra que tenha o mesmo valor;

23

KABALAH LITERAL

• Por exemplo, MShICh, giyn, mashirra que significa “Messias” vale 358 (40+300+10+8), o mesmo que IBA ShILH, dliy `ai, abei Shiloh significando “Shiloh vir´a” – “O cetro n˜ao se arredar´a de Jud´a, nem o bast˜ ao de entre seus p´es, at´e que venha Shiloh; e a ele obedecer˜ ao os povos.” (Gˆenesis 49:10); • A serpente ardente que Mois´es levantou no deserto, NChSh, ygp, narrash tamb´em vale 358 (50+8+300);

24

KABALAH LITERAL

Messias = Cristo = Serpente

25

KABALAH LITERAL

“Fez Mois´es uma serpente de bronze [ygp] e a pˆos sobre uma haste; sendo algu´em mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava.” (N´ umeros 21:9); “E do modo por que Mois´es levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado.” (Jo˜ao 3:14).

26

KABALAH LITERAL

27

A serpente que salva e cura

KABALAH LITERAL

• Explica-se o fato dos rabinos terem o n´ umeros 26 e 8 (2+6) como sagrados, j´a que este ´e o valor de IHVH, dedi (10+5+6+5), o sagrado e impronunci´ avel nome de Deus, o “Tetragrammaton”;

28

KABALAH LITERAL

29

• Gematria das partes da letra ´alef:

`

= i+e+i

• 10+6+10=26=IHVH; • O iud superior representa o aspecto n˜ao manifestado de Deus (AHIH, did`, erriˆe – “Eu Sou”), o outro iud representa a manifesta¸c˜ao de Deus (IHVH), e o v´av no meio representa o gancho que liga ambos; • Aspectos transcendente e imanente de Deus (panente´ısmo).

KABALAH LITERAL

Te´ısmo enfatiza o aspecto transcendente de Deus – Deus fora do mundo; Pante´ısmo enfatiza o aspecto imanente de Deus – Deus dentro do mundo; Panente´ısmo Deus possui dois aspectos, um transcendente, outro imanente ao mundo (Kabalah).

30

KABALAH LITERAL

Notaricon ´ uma forma de abrevia¸ca˜o, em que uma palavra ´e • E formada das letras iniciais ou finais de uma ou mais palavras; • Por exemplo, em Deuteronˆomio 30:12 est´a escrito “Quem subir´a por n´os aos c´eus?”, MI IOLH LNV HShMILH, dlinyd epl dlei in, que forma a palavra MILH, dlin, mil´ a, que significa circuncis˜ao, e com as letras finais forma IHVH, dedi, o nome de Deus. Isto sugere que a circuncis˜ao ´e o caminho para alcan¸car Deus no c´eu.

31

KABALAH LITERAL

32

Temura • Um complexo sistema de cifras em que as letras do alfabeto s˜ao transpostas segundo certas regras, permitindo obter novas interpreta¸co˜es; • Um exemplo de cifra ´e escrever metade do alfabeto sobre a outra metade, trocando a letra A, a primeira, pela Th, a u ´ltima, a segunda, B, pela pen´ ultima Sh, e assim por diante (cifra athbash): A

B

G

D

H

V

Z

Ch

T

I

Kh

Th

Sh

R

K

Ts

P

Hw

S

N

M

L

´ KABALAH DOGMATICA

Kabalah dogm´ atica • Desenvolvida para resolver as quest˜oes: – Natureza do Ser Supremo; – Cria¸c˜ao do mundo; – Cria¸c˜ao dos anjos e do homem; – Destino do mundo e dos homens; – Significado da Revela¸ca˜o, a Lei Sagrada (Tor´a).

33

´ KABALAH DOGMATICA

• Dificuldades relacionadas com o problema da cria¸ca˜o: – Creatio ex nihilo? – Como a Unidade manifesta a pluralidade?

34

´ KABALAH DOGMATICA

• A Kabalah prop˜oe as seguintes id´eias: – O Ser Supremo, que os cabalistas chamam de Ain (ou Ain Soph), ´e incompreens´ıvel, oculto, N˜ao Manifestado, N˜ao Existˆencia; – Ain Soph n˜ao foi o criador do mundo material; – O Ser Supremo ´e Ain (Existˆencia Negativa), Ain Soph (Ilimitado) e Ain Soph Aur (Luz Ilimitada) – os Trˆes V´eus Ocultos, as Ra´ızes ´ Negativas da Arvore da Vida.

35

´ KABALAH DOGMATICA

36

Ain Soph Aur Ain Soph Ain

´ KABALAH DOGMATICA

– Ain Soph, por meio de seu poder, manifesta atributos que assumem duas formas (faces, partsuf ): ∗ uma face passiva, feminina, negativa; ∗ uma face ativa, masculina, positiva;

37

´ KABALAH DOGMATICA

– Como passivo, Deus olha para dentro de si, em dire¸c˜ao a Ain Soph, e diz: “Eu Sou Nada” – Deus-sem-Nome-e-Forma; – Como ativo, Deus olha para o lado oposto, em dire¸c˜ao `a cria¸ca˜o, e diz: “Eu Sou Tudo” – Deus-com-Nome-e-Forma; – Estes dois aspectos s˜ao chamados de Face Grande e Face Pequena; – Aspectos transcendente e imanente de Deus.

38

´ KABALAH DOGMATICA

Tradi¸ca ˜o Juda´ısmo e Kabalah

39

Ain Ain, Lo,

`l

oi`,

(N˜ ao)

Face Grande AHIH,

did`,

Face Pequena IHVH,

dedi, `,

Macroprosopus,

Microprosopus,

Arikh Anpin,

Zauir Anpin

Anci˜ ao dos Dias, r

(Olho)

Islamismo

La (N˜ ao)

Illaha

Allah

Hindu´ısmo

Parabrahman

Brahman (neutro),

Brahma (ativo),

(N˜ ao Ser)

Shiva, Lingam

Kali

Deus

Pai

Filho

Cristianismo

´ KABALAH DOGMATICA

“. . . e ningu´em conhece o Pai, sen˜ao o Filho . . . ” (Mateus 11:27)

40

´ KABALAH DOGMATICA

– Au ´nica coisa que podemos compreender de Ain Soph s˜ao suas emana¸c˜oes, seus atributos; – Na Kabalah estas emana¸c˜oes s˜ao chamadas Sephiroth, SPIROTh, zexitq, Sefir´ot; – Estas Sephiroth s˜ao em n´ umero de dez (Pit´agoras);

41

´ KABALAH DOGMATICA

– A Kabalah rejeita a id´eia de uma creatio ex nihilo; – A cria¸ca˜o ´e uma transforma¸ca˜o da Luz de Ain Soph Aur;

42

´ KABALAH DOGMATICA

– A cria¸ca˜o ´e “intradivina” (contra¸c˜ao, tsimtsum) – “Porque Nele vivemos, e nos movemos, e existimos.” (Atos 17:28); – O tsimtsum ´e a auto-delimita¸c˜ao de Deus, recolhimento em Si pr´oprio – ocasionado pela contempla¸c˜ao Dele por Si pr´oprio (Plotino);

43

´ KABALAH DOGMATICA

– A manifesta¸ca˜o divina procede da Fonte Primordial em sucessivas emana¸co˜es, cada uma mais obscura que as anteriores, por estarem progressivamente mais afastadas da Luz de Ain Soph Aur; – Os canais entre estas emana¸co˜es s˜ao como “fluxos de luz”; – Devemos observar que express˜oes como “luz” ou “recipiente” s˜ao s´ımbolos ou contrapartes f´ısicas de aspectos espirituais;

44

´ KABALAH DOGMATICA

– Estas emana¸co˜es (Sephiroth), e os canais que as ´ conectam, formam a Arvore da Vida – uma hierarquia que constitui a natureza divina; – Observe-se que esta id´eia de “emana¸c˜oes” tamb´em aparece no gnosticismo – aeons, seres divinos que formam o pleroma.

45

´ KABALAH DOGMATICA

Resumindo: Ain N˜ao, Existˆencia Negativa, N˜ao Ser, Raiz Desconhecida; Face Grande Aspecto passivo, negativo, oculto de Deus; Face Pequena Aspecto ativo, positivo, manifestado de Deus; ´ Arvore da Vida Formada pelas emana¸co˜es de Deus, representa a natureza divina.

46

ˆ KABALAH LURIANICA

Kabalah Luriˆ anica • Rabino Isaac Luria, ARI (1534–1572); • Doutrina do “rompimento dos recipientes” (schevir´a ): – A natureza divina era perfeita pois estava contida nos recipientes, mas algo saiu errado e os recipientes “quebraram”, e cacos voaram para todos os lados – formaram o material para as klif´ot (cascas); – As chispas divinas espalharam-se e ficaram aprisionadas nas klif´ot;

47

ˆ KABALAH LURIANICA

• A Luz de Ain Soph Aur, que a tudo preenche, ofuscaria toda a cria¸c˜ao poss´ıvel. Assim, h´a a necessidade de um “vazio” onde a cria¸ca˜o possa manifestar-se. Este “vazio” ´e o tsimtsum – “A terra por´em, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo.” (Gˆenesis 1:2); • O tsimtsum ´e o palco para o drama c´osmico (pleroma);

48

ˆ KABALAH LURIANICA

• No tsimtsum penetra o Raio de Luz de Ain Soph Aur, que produz a manifesta¸ca˜o; • H´a a necessidade de restringir o poder de Deus, por isto esta Luz divina ficou contida dentro de “recipientes”; • No entanto, os recipientes n˜ao resistiram `a Luz de Ain Soph Aur e se “despeda¸caram”, formando o material para as klif´ot;

49

ˆ KABALAH LURIANICA

• O homem ´e o reflexo da natureza divina (Adam Kadmon, o Homem Primordial) – “Criou Deus, pois, o homem `a sua imagem, `a imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gˆenesis 1:27); • Assim, a instabilidade na natureza divina provocou o pecado e a queda do homem; • Segundo Luria, esta crise n˜ao ´e um acidente, mas um ato de amor de Deus;

50

ˆ KABALAH LURIANICA

• A crise provocou o ex´ılio de Shekhinah (presen¸ca ´ divina, aspecto feminino de Deus) – a Arvore da Vida tornou-se “ca´ıda”; • A reden¸ca˜o do homem constitui-se no tikun (corre¸c˜ao) – liberta¸c˜ao das chispas divinas aprisionadas nas klif´ot – era messiˆanica; • Este mito tem paralelos claros com o mito de Sophia dos gn´osticos e com o mito cosmogˆonico do manique´ısmo;

51

ˆ KABALAH LURIANICA

• Reencarna¸c˜ao (metempsicose) – chamada por Luria de zenypd leblb, gilgul ha-neshamot – cren¸ca popular entre os judeus durante a ´epoca de Luria e depois durante o Chassidismo (Baal Shem Tov, s´ec. XVIII); • Aceita por grandes rabinos: Isaac Luria; Chaim Vital; Shem Tov; Bahia Ben Asher; e Nachmˆanides.

52

´ A ARVORE DA VIDA

´ A Arvore da Vida “O Senhor Deus, por isto, o lan¸cou fora do jardim do ´ Eden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado. E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim ´ do Eden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da ´arvore da vida.” (Gˆenesis 3:23, 24).

53

´ A ARVORE DA VIDA

• Se um f´ısico fosse descrever a forma¸ca˜o do universo, certamente faria referˆencia `as particulas subatˆomicas como os elementos constitutivos deste universo; • Um cabalista descreveria o mundo e a natureza ´ divina por meio dos elementos que formam a Arvore da Vida; ´ • A Arvore da Vida ´e formada pelas dez Sephiroth (plural de Sephira);

54

´ A ARVORE DA VIDA

• A palavra “Sephira” pode ser traduzida como “emana¸c˜ao” ou “n´ umero”; • Para os cabalistas as Sephiroth s˜ao ao mesmo tempo a essˆencia de Deus e o vaso que cont´em esta essˆencia: essˆ encia Luz de Ain Soph Aur; vaso o que cont´em a Luz (pois a manifesta¸c˜ao divina ´e uma restri¸c˜ao do poder de Deus).

55

´ A ARVORE DA VIDA

56

´ A ARVORE DA VIDA

´ • A Arvore da Vida possui equivalentes em diversas outras tradi¸co˜es (mitologia e religi˜ao): Islamismo (Sufismo) Lataif (plural de Latifa); Yoga e tantrismo Chakras; Mitologia escandinava Yggdrasil; ´ Mitologia grega Arvore dos Pomos de Ouro; Apocalipse de S˜ ao Jo˜ ao Igrejas, selos, anjos, trombetas, etc.

57

´ A ARVORE DA VIDA

´ Arvore da Vida: • Dez Sephiroth – emana¸c˜oes de Deus; • Vinte e dois canais (associados `as vinte e duas letras do alfabeto hebraico) – fluxos de luz.

58

´ A ARVORE DA VIDA

59

KhetherSS l SSS lll SSS l l l SS l l l Binah Chokmah e EE YYYYYYYYYY e e e e YYeYeYeYeYeeee xx EE x YYYYYY xx EE eeeeeee YYxxYY e E e e EE xx GeburahRR EEE Chesed x x l x RRR l x llll RRR EEE x x l RR E xx lll Thiphereth R

RRR RRR RRR

ll l l lll l l ll Hod RRR RRR RRR RR

Iesod

Netsach k kkk k k kk k k k

Malkhuth

´ A ARVORE DA VIDA

• A cria¸ca˜o divina ´e entendida como a emana¸c˜ao das Sephiroth, desde a mais elevada, at´e a mais inferior; • Khether est´a imerso na Luz de Ain Soph Aur (por isto muitas vezes n˜ao ´e considerado uma Sephira); • Cada Sephira recebe luz das que est˜ao acima e envia luz para as inferiores; • Malkhuth ´e a Sephira mais obscura, por isto ´e associada ao mundo material.

60

´ A ARVORE DA VIDA

´ A Arvore da Vida ´e organizada em trˆes pilares ou colunas: Pilar esquerdo feminino – Justi¸ca; Pilar central neutro – Temperan¸ca; Pilar direito masculino – Miseric´ordia.

61

´ A ARVORE DA VIDA

´ Existem trˆes formas diferentes de representar a Arvore da Vida: 1. Como o corpo de um homem (enfatizando o aspecto ´ orgˆanico da Arvore da Vida); 2. Como uma seq¨ uˆencia de emana¸co˜es (progressivamente mais materiais e imperfeitas); 3. Como as cascas de uma cebola (mais no exterior, mais material e imperfeito).

62

´ A ARVORE DA VIDA

63

Ã'!&%"#$D z DD z DD z z DD z z Ã'!&"%$# Ã'&!%"2#$zQQ m Q m 22 QQQ mmm ¯¯ 22mmmmmQQQQQ¯¯ QÃ'!&"%$# ¯ Ã'&!%"#$Dmm 22 ¯ z DD 22 ¯ DD 2 ¯¯ zzz DD2 ¯zz Ã'!&%"¯#$zD zz DDD z DD zz D z z Ã'&!%"#$D Ã'!&"%$# DD z DD zz z DD zz Ã'!&%"#$z Ã'!&%"#$

´ Arvore da Vida na forma de um homem

´ A ARVORE DA VIDA

Cabe¸ca Bra¸co esquerdo Ventre ´ ao sexual Org˜

64

Â_ _ _ _ _ _ _ _ Ã'!&%"#$D  z z DDD  z DD / zz D z z Ã'!&"%$#  Ã'&!"%2$#QQQ m m _ _22 _QQ_QmQ_mm_m _¯¯ _ 22mmmm QQQQ¯¯ ¯ QÃ'!&"%o $# Ã'&!/ "%$#Dmm 22 ¯ DD 22 ¯ z DD 2 ¯¯ zzz D z  _ _ _ _D2Ã'!&%"¯_#$z¯z _ _ _  z DDD z DD / zz DD z z z  Ã'&!"%$#D Ã'!&"%$# _ _DD_ _ _ _ z_z _ DD z DD zzz Ã'/ !&%"#$z Ã'!&o%"#$

    Â

Bra¸co direito    Â

Mulher

´ A ARVORE DA VIDA

Binah e Malkhuth s˜ao associadas ao feminino: • Binah ´e chamada de M˜ae; • Malkhuth ´e chamada de Noiva.

65

´ A ARVORE DA VIDA

66

Khether(1) V

VVVV VVV*

Binah(3) oZZZZZZZZ Geburah(5) Vo

Chokmah(2)

ZZZZZZZZ ZZZZZZZZ ZZZZZ-

VVVVV VV*

Chesed(4)

Thiphereth(6)

VVVV VVVV *

Hod(8) oVVV

VVVV VVVV *

Netsach(7)

Iesod(9) ²

Malkhuth(10) Seq¨ uˆencia de emana¸co˜es das Sephiroth

´ A ARVORE DA VIDA

67

M alkhuth

Khether

Cascas de cebola

´ A ARVORE DA VIDA

Observa¸c˜oes: • S´o existem dez Sephiroth; • Khether possui um reflexo abaixo de Chokmah e Binah; • Este reflexo ´e a Sephira Daath (Conhecimento); • Malkhuth (Shekhinah) ´e Daath ca´ıda.

68

´ A ARVORE DA VIDA

69

Khether UUU i i UUUU ii i i UUU i iiii BinahKKZZZZZZZZZZ ddd Chokmah d d d d s Z d Z d ZdZdZdZdZdZdZd s KK s ZZZZZZZ ss K dddd ZsZsZZ ddKdKdKKddd s s s GeburahUU KKK Chesed s i s i UUUU KK i s s iiiii s UUU KK s s ii ThipherethU

ii i i i ii i i i i Hod UUUUU UUUU UUUU

UUUU UUUU U

Iesod

Netsach i i iii i i i iiii

Malkhuth(Shekhinah) ´ Arvore ca´ıda

´ A ARVORE DA VIDA

70

Khether VVV i i VVVV iii i V i i i Binah UUUU Chokmah h h UUUU h hh UU hhhh Daath VVVV i i i VVVV ii V iiii Geburah UUU Chesed i i i UUUU i iiii ThipherethU

ii i i i iiii Hod UUUUU UUUU UU

UUUU UU

Iesod

Netsach h h hhh h h h hh

´ Arvore da Perfei¸ca˜o

´ A ARVORE DA VIDA

“Vinte e duas letras, Ele as gravou, as cortou, as pesou, as permutou, as combinou, e formou com elas a alma de tudo o que foi criado e a alma de tudo o que ser´a criado no futuro.” (Sepher Ietsirah, Cap´ıtulo 2, Mishnah 2).

71

´ A ARVORE DA VIDA

• Segundo o Sepher Ietsirah a cria¸ca˜o ´e resultado das combina¸co˜es e permuta¸co˜es das letras do alfabeto hebraico.

72

´ A ARVORE DA VIDA

“Dez Sephiroth do nada, e vinte e duas letras de funda¸c˜ao, trˆes s˜ao m˜aes, sete s˜ao duplas e doze s˜ao simples.” (Sepher Ietsirah, Cap´ıtulo 1, Mishnah 2).

73

´ A ARVORE DA VIDA

• O Sepher Ietsirah faz associa¸co˜es com os valores 3, 7 e 12: – As trˆes letras m˜aes s˜ao: `, ´ alef (ar); n, mˆem (´agua); e y, shin (fogo); – 7 ´e associado aos sete planetas sagrados e `as sete dire¸c˜oes do espa¸co (6 dire¸co˜es + Lugar Sagrado – centro); – 12 ´e associado aos doze meses do ano, aos doze signos do zod´ıaco e `as doze arestas do cubo do espa¸co;

74

´ A ARVORE DA VIDA



n

´e associado `a coluna da direita – Miseric´ordia – ´ Bem ou Agua do Bem;



y



`

´e associado `a coluna da esquerda – Justi¸ca e Rigor – Mal ou Fogo do Mal; ´e associado `a coluna central – Temperan¸ca – e media entre elas (concilia¸c˜ao);

75

´ A ARVORE DA VIDA

• As trˆes letras m˜aes representam a dimens˜ao moral ; • As sete dire¸co˜es do espa¸co representam a dimens˜ao espacial ; • Os doze meses do ano representam a dimens˜ao temporal ;

76

´ A ARVORE DA VIDA

´ • A Arvore da Vida ´e formada por trˆes triˆangulos (tr´ıades); • Cada tr´ıade ´e formado por duas Sephiroth que representam princ´ıpios opostos (masculino e feminino) e uma terceira Sephira que faz a concilia¸c˜ao de ambas (filosofia de Hegel).

77

´ A ARVORE DA VIDA

78

KhetherSS l SSS lll SSS l l l SS l l l Binah Chokmah e EE YYYYYYYYYY e e e e YYeYeYeYeYeeee xx EE x YYYYYY xx EE eeeeeee YYxxYY e E e e EE xx GeburahRR EEE Chesed x x l x RRR l x llll RRR EEE x x l RR E xx lll Thiphereth R

RRR RRR RRR

ll l l lll l l ll Hod RRR RRR RRR RR

Iesod

Netsach k kkk k k kk k k k

Malkhuth

´ A ARVORE DA VIDA

79

Khether(=)

ll l l l lll

RRRR RRRR R

Binah(−)

Chokmah(+)

Geburah(−)

Chesed(+)

RRR RRR RR

ll l l l llll

Thiphereth(=) Hod(−) R

RRR RRR R

Netsach(+)

ll l l l llll

Iesod(=)

Malkhuth

´ A ARVORE DA VIDA

• As duas tr´ıades inferiores (apontando para baixo) s˜ao o reflexo da tr´ıade superior (apontando para cima); • A combina¸c˜ao de um triˆangulo apontando para cima e um para baixo forma um conhecido s´ımbolo, o duplo triˆangulo de Salom˜ao ou estrela de Davi.

80

´ A ARVORE DA VIDA

81

´ A ARVORE DA VIDA

82

´ A ARVORE DA VIDA

Sephira Khether,

xzk

Chokmah, Binah,

dnkg

Sabedoria Abra˜ ao

dgeab

Coragem

Isaac

Beleza

Jac´ o

Eternidade

Mois´ es

Gl´ oria

Ar˜ ao

z`xtz gvp

ced ceqi zekln

Observa¸ca ˜o Vontade de Deus

Bondade

Netsach,

Malkhuth,

Coroa

cqg

Thiphereth,

Iesod,

Personagem b´ıblico

Lea

Geburah,

Hod,

Significado

Compreens˜ ao

dpia

Chesed,

83

Sol

Funda¸c˜ ao

Sustenta¸c˜ ao

Reino

Lua

´ A ARVORE DA VIDA

Observa¸c˜oes: • Segundo a Kabalah, no princ´ıpio, antes da cria¸c˜ao, s´o existia Deus e a Sua Vontade (Ain Soph e Khether); • Binah e Malkhuth s˜ao Sephiroth femininos (M˜ae superior e M˜ae inferior); • Lea ´e um personagem b´ıblico que teve sete filhos, seis homens (as seis Sephiroth seguintes) e uma mulher (Malkhuth).

84

´ A ARVORE DA VIDA

85

Sephiroth (Nomes e Associa¸co ˜es) Zohar

Sepher Ietsirah

Khether

Acima

Chokmah

Leste

Binah

Norte

Daath

Primeiro ´ Agua

Chesed

Associa¸c˜ oes

Criador

1o dia 2o

Thiphereth

Fogo ´ Ultimo

Netsach

Sul

4o

Hod

Oeste

5o

Iesod

Abaixo

6o

Pilar de sustenta¸ca ˜o

7o (Shabath)

Mundo material

Geburah

Malkhuth

3o

Descanso de Deus

Dias da cria¸c˜ ao

´ A ARVORE DA VIDA

86

Acima Sephiroth direcionais W

P´atio interno

WWWW+

x x xx x x x xx Primeiro x Oeste xx x {x ´ Fogo Agua

Sul

´ Ultimo

Norte

Leste

Abaixo ´ Arvore da Vida 3D (Sepher Ietsirah)

´ A ARVORE DA VIDA

Dimens˜ ao espacial Sephiroth direcionais; ´ Dimens˜ ao moral Agua do Bem e Fogo do Mal; ´ Dimens˜ ao temporal Primeiro e Ultimo (ou Come¸co e Fim).

87

´ A ARVORE DA VIDA

Observa¸c˜oes: • Khether representa a Face Grande; • As Sephiroth em torno de Thiphereth formam a Face Pequena; ´ • A Arvore da Vida ´e considerada o “corpo” de Adam Kadmon, o Ser Absoluto Manifestado ou Homem Primordial (na vedanta: Purusha).

88

´ A ARVORE DA VIDA

cccc Face Grande c c q c à ' ! & % " # $ U ii UUUUU i i i UUUU ii i i i UUU Ã'&!%"#$KiZiZiZZZZ Ã'&!"%$# KK ZZZZZZZ dddddddddddsds K_K _ _ d_dd_dd_dZdZZ_ZZ_ZZ_ _ _ss_ _ _ _ _ _ KKddd ZZsZssZZZZ   d d d d K d à ' & ! % " # $ à ' & ! " % $ # s K U UUUU KK s iiii   s i UUUU KK s i   UUUKUK ssisisiiii Ã'!&%"#$iUUU   i i i U i U UUUU ii   i i i U i U i U UÃ'&!"%$#   Ã'&!%"#$UiiU ii UUUU i i   i i UUUU i i i UUU iiii   Ã'!&%"#$   _ _ _ _u :_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ uuu Ã'!&%"#$

Face Pequena

89

´ A ARVORE DA VIDA

90

Ã'!&%"#$D z DD z DD z z DD z z Ã'!&"%$# Ã'&!%"2#$zQQ m Q m 22 QQQ mmm ¯¯ 22mmmmmQQQQQ¯¯ QÃ'!&"%$# ¯ Ã'&!%"#$Dmm 22 ¯ z DD 22 ¯ DD 2 ¯¯ zzz DD2 ¯zz Ã'!&%"¯#$zD zz DDD z DD zz D z z Ã'&!%"#$D Ã'!&"%$# DD z DD zz z DD zz Ã'!&%"#$z Ã'!&%"#$

Adam Kadmon

´ A ARVORE DA VIDA

Face Grande ou Macroprosopus Khether Pai de Microprosopus ou Aba Chokmah M˜ ae de Microprosopus ou Ima Binah Face Pequena ou Microprosopus Chesed, Geburah, Thiphereth, Netsach, Hod, Iesod Noiva de Microprosopus Malkhuth ou Shekhinah

91

´ A ARVORE DA VIDA

• O Microprosopus possui dois lados, masculino e feminino (andr´ogino); • O Macroprosopus possui apenas um lado, apenas a face e o olho direito est˜ao vis´ıveis (o lado esquerdo est´a oculto em Ain Soph).

92

´ A ARVORE DA VIDA

“Esta ´e a tradi¸c˜ao: Se o Olho se fechasse ao menos por um momento, nada poderia subsistir. Portanto, Ele ´e chamado Olho Aberto, Olho Sagrado, Olho Excelente, Olho do Destino, o Olho que n˜ao dorme nem cochila, o Olho que ´e o Guardi˜ ao de todas as coisas, o Olho que ´e a substˆancia de todas as coisas.” (Zohar, Idra Rabba Kadisha 136 e 137)

93

´ A ARVORE DA VIDA

Olho que tudo vˆe – s´ımbolo ma¸coˆnico

94

´ A ARVORE DA VIDA

95

Sephiroth Khether

Letra o ponto superior de

Chokmah

i

Binah

d

Chesed, Geburah, Thiphereth, Netsach, Hod, Iesod

e

Malkhuth

d

i

´ A ARVORE DA VIDA

96

Iosher Cabe¸ca

i

Bra¸cos

d

Tronco

e

Pernas

d

´ A ARVORE DA VIDA

97

Iosher circundado pelo Leviat˜a

´ A ARVORE DA VIDA

98

Observa¸c˜oes: • Serpente mordendo o pr´oprio rabo: Ouroboros (alquimia) ou Leviat˜a (juda´ısmo); • A ´area fora do Leviat˜a ´e Ain Soph, a ´area dentro ´e o tsimtsum; • O Iosher ´e formado pelas gotas de veneno que escorrem das mand´ıbulas do Leviat˜a – o Raio de Luz, vindo da Luz Ilimitada, atrav´es do centro que ´e Khether; • Semelhan¸ca com Jonas (Ionah, Leviat˜a.

dpei)

dentro do

´ A ARVORE DA VIDA

99

Entrada do cinema

´ A ARVORE DA VIDA

100

P´ ublico aguardando o filme

´ A ARVORE DA VIDA

Interpreta¸c˜ao: Tudo fora do cinema Ain (ou Ain Soph); O interior do cinema Tsimtsum; Paredes do cinema Leviat˜a; Projecionista Face Grande; Projetor Face Pequena; Filme e pessoas assistindo Ilus˜ao (no budismo: maya).

101

´ A ARVORE DA VIDA

• Somos uma ilus˜ao na mente da Face Grande! • A reden¸ca˜o ´e o despertar desta ilus˜ao, saindo pela porta que leva para fora do cinema; • Lembra o mito da caverna de Plat˜ao.

102

OS MUNDOS DA KABALAH

Os mundos da Kabalah • A Kabalah divide a manifesta¸ca˜o divina em quatro mundos: Atziluth (emana¸c˜ao), Briah (cria¸c˜ao), Ietsirah (forma¸ca˜o) e Assiah (a¸ca˜o); “a todos os que s˜ao chamados pelo meu nome, e os que, para minha gl´oria [Atziluth], criei [Briah], e que formei [Ietsirah] e fiz [Assiah].” (Isa´ıas 43:7);

103

OS MUNDOS DA KABALAH

• Cada mundo ´e progressivamente mais material e imperfeito que o anterior, em uma escala decrescente; • Os mundos s˜ao planos que se sobrep˜oem; ´ • Para alguns cabalistas existe uma Arvore da Vida completa para cada mundo. Assim, s˜ao no total 40 Sephiroth; • Para outros, os mundos se distribuem ao longo das ´ Sephiroth da Arvore da Vida.

104

OS MUNDOS DA KABALAH

105

Ain Soph Khether YYYY e e e YYY e e ee e Binah \ RR\R\\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\bbllChokmah bbR RR ll\\ Chesed o l l Geburah XXXR R l XXX R llfffffff Thiphereth XX f XXXX f fYffff Hod YYYYY e Netsach e e e YYYY e e eee

1o mundo

Iesod

Malkhuth

e Khether YYYYYYY e e e e e ee\ Binah \ RRR\\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\b\bbllChokmah bbR RR ll\\ Chesed o l l Geburah XXXR R l XXX R llfffffff Thiphereth XX f XXXX f f fYfff Hod YYYYY e Netsach e e e YYYY e e eee Iesod

Malkhuth aos mundos inferiores

2o mundo

OS MUNDOS DA KABALAH

106

Mundo

Significado

Sephiroth

Atsiluth

Emana¸c˜ao

Khether

Briah

Cria¸ca˜o

Chokmah, Binah

Ietsirah

Forma¸ca˜o

Chesed, Geburah, Thiphereth, Netsach, Hod, Iesod

Assiah

A¸c˜ao

Malkhuth

OS MUNDOS DA KABALAH

Mundo

Letras/palavras

Atsiluth

Letras soltas

107

` a b c d e f g h i k l n p q r t v w x y z

Briah

Nomes divinos

fios da barba do Macroprosopus (Zohar)

Ietsirah

Nomes ang´elicos

Assiah

Tor´a

midl` `xa ziy`xa

...

ux`d z`e minyd z`

KABALAH M´ISTICA

Kabalah m´ıstica ´ • Entende a Arvore da Vida como um “mapa” para a ilumina¸c˜ao espiritual; ´ • Caminhos da Arvore da Vida representam “portas” para despertar a consciˆencia em planos mais elevados – ascens˜ao pelos mundos (Assiah, Ietsirah, Briah e Atsiluth); • Quando algu´em alcan¸ca Atsiluth, a Face Grande fica “face a face” com a Face Pequena, e todas as ilus˜oes da existˆencia desaparecem – experiˆencia nas Ra´ızes ´ Negativas da Arvore da Vida (na vedanta: nirvikalpa samadhi).

108

KABALAH M´ISTICA

109

Khether M

MMM MMM M

Binah

Chokmah

Geburah

Chesed T hiphereth

Hod

N etsach

qq q q q qqq

Iesod

M alkhuth Caminho dos anjos de Elohim

KABALAH M´ISTICA

• Este caminho caracteriza-se pela observˆancia dos preceitos morais e religiosos; • “Via da m˜ao direita”; • Lento e longo.

110

KABALAH M´ISTICA

111

Khether

rr r X r r r

Binah

Chokmah

Geburah

Chesed T hiphereth

Hod L

LLL LLL L

N etsach

Iesod M alkhuth Caminho dos anjos de destrui¸ca ˜o

KABALAH M´ISTICA

• Este caminho caracteriza-se por complexos rituais m´agicos e a busca de poderes ps´ıquicos; • “Via da m˜ao esquerda” ou “magia negra”; • R´apido e mal sucedido (o adepto ´e lan¸cado no “outro lado”, Sitra Akra).

112

KABALAH M´ISTICA

“Mas, quando tu deres esmola, n˜ao saiba a tua m˜ao esquerda o que faz a tua direita.” (Mateus 6:3).

113

KABALAH M´ISTICA

114

Khether M

MMM MMM M

Chokmah Binah VVV VVVV VVVV VVVV V Geburah Chesed L

LLL LLL L

T hiphereth

MMM MMM MM

Hod L

LLL LLL L

N etsach

Iesod M alkhuth Caminho do santo

KABALAH M´ISTICA

115

Khether

rr r X r r r

Binah

Geburah

Chokmah h h h hhh h h h h hhhh Chesed

q q q qq q q q

T hiphereth

Hod

rr r r r r r r

N etsach

q q q qq q q q

Iesod

M alkhuth Caminho do bruxo

KABALAH M´ISTICA

116

Khether Binah

Chokmah

Geburah

Chesed T hiphereth

Hod

N etsach Iesod M alkhuth

Caminhos de coluna central (Kabalah m´ıstica)

KABALAH M´ISTICA

• Nos caminhos de coluna central se busca a supera¸c˜ao da ilus˜ao de pluralidade (n˜ao dualismo); • Caminho reto e direto para cima; • Buda: “caminho do meio”; • Os dois ladr˜oes crucificados nos dois lados de Jesus crucificado simbolizam as colunas laterais.

117

KABALAH M´ISTICA

“. . . porque estreita ´e a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, . . . ” (Mateus 7:14).

118

KABALAH M´ISTICA

Caminho de coluna direita Bem – observˆancia da lei; Caminho de coluna esquerda Mal – medo; Caminho de coluna central Amor – prazer/desfrute.

119

KABALAH M´ISTICA

Pr´aticas m´ısticas enfocam: 1. Face Grande; 2. Face Pequena; 3. Ambos.

120

KABALAH M´ISTICA

Ioga de Face Grande impessoal (Deus-sem-Nome-e-Forma) – percebendo todo Nome e Forma como ilus˜oes – ren´ uncia a toda a experiˆencia e dissolu¸ca˜o da individualidade; Ioga de Face Pequena pessoal (Deus-com-Nome-e-Forma) – considerando a pluralidade de Nome e Forma como uma Grande Unidade na Face Pequena – submiss˜ao a um ideal de Face Pequena escolhido (IHVH, Allah, Kali, etc.).

121

KABALAH M´ISTICA

122

Estas duas iogas representam as duas grandes escolas de ioga da ´India: Advaita n˜ao dualista, monista – Face Grande; Coisas → Nada

Existˆencia → N˜ao existˆencia

Dualismo → N˜ao dualismo Dvaita dualista – Face Pequena; Coisas → Um

Coisas → Um → Nada

KABALAH M´ISTICA

Pr´aticas i´oguicas caracterizam-se por: 1. Vocaliza¸ca˜o de um Mantra-Raiz; 2. Visualiza¸c˜oes; 3. Exerc´ıcios respirat´orios (Pranayama).

123

KABALAH M´ISTICA

124

KABALAH M´ISTICA

125

• Vocaliza¸co˜es: combina¸co˜es e permuta¸co˜es de IHVH e as cinco vogais (Abra˜ao Abulafia): Io

Ho

Vo

Ho

Ia

Ha

Va

Ha

Iei

Hei

Vei Hei

Ii

Hi

Vi

Hi

Iu

Hu

Vu

Hu

• Visualiza¸c˜ao do nome de Deus – “E pus o nome do Senhor diante de mim para sempre” (Salmos 16:8); • Visualiza¸c˜ao dos seres como Iosher;

KABALAH M´ISTICA

“Eis o nome do SENHOR vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de espessas nuvens; os seus l´abios est˜ao cheios de indigna¸c˜ ao, e a sua l´ıngua ´e como fogo devorador.” (Isa´ıas 30:27).

126

KABALAH M´ISTICA

“o nome de Deus ´e como fogo que queima” Sri Swami Krishnananda (Japa Sadhana)

127

KABALAH M´ISTICA

128

Allah

KABALAH M´ISTICA

Existem dois tipos de ioga na ´India: Dhyana Ioga liberta¸c˜ao por meio de um esfor¸co mental (conhecimento, gnosis); Kundalini Ioga prazer do despertar da divina M˜ae Kundalini.

129

KABALAH M´ISTICA

Kundalini Ioga: • No homem existem centros de energia, chamados pelos hindus de chakras; • Eles s˜ao conectados por certos canais, chamados de nadis; os trˆes principais s˜ao: – Shushumna – nadi central; – Ida e Pingala – nadis laterais.

130

KABALAH M´ISTICA

131

´ Arvore Chakrica (tantrismo)

KABALAH M´ISTICA

• Shakti (aspecto manifestado de Deus) possui dois polos: – positivo, dinˆamico – Prana; – negativo, est´atico – Kundalini; ´ • Kundalini ´e a energia adormecida na base da Arvore Chakrica, representada como uma serpente enroscada; seu despertar e subida pela coluna vai vitalizando os chakras; • A chegada do Kundalini ao alto da cabe¸ca culmina com o samadhi.

132

KABALAH M´ISTICA

133

Caduceu de Merc´ urio

KABALAH M´ISTICA

“Vejo os homens, porque como ´arvores os vejo, andando.” (Marcos 8:24).

134

KABALAH M´ISTICA

´ Arvore ca´ıda homem ca´ıdo; Shekhinah exilada; ´ Arvore da Perfei¸ c˜ ao reden¸c˜ao do homem; era messiˆanica; anjos.

135

KABALAH M´ISTICA

Chakras

136

Centros

Sephiroth

Lataif

Igrejas (Apocalipse)

Muladhara

ˆ Anus

Malkhuth

Qalabiya

´ Efeso

Svadistana

Baixo-ventre

Iesod

Nafsiya

Esmirna

Manipura

Plexo solar

Netsach, Hod

Qalbiya

P´ ergamo

Anahata

Cora¸ca ˜o

Thiphereth

Siriya

Tiatira

Vishuda

Garganta

Daath

Ruhiya

Sardes

Ajna

Testa

Chokmah, Binah

Khafiya

Filad´ elfia

Sahasrara

Alto da cabe¸ca

Khether

Haqiqah

Laodic´ eia

KABALAH M´ISTICA

137

Menor´a

KABALAH M´ISTICA

´ A ascens˜ao de Shekhinah pela Arvore da Vida (ascens˜ao do Kundalini pelos chakras) culmina com o Shabath, que s˜ao as bodas de: 1. Senhor Messias e Rainha Shekhinah; 2. Senhor Shiva e sua consorte Shakti (tantrismo); 3. Coito do rei e da rainha ou o casamento do sol e da lua (alquimia); 4. Esposo e sua noiva, a nova Jerusal´em (Apocalipse de S˜ao Jo˜ao).

138

KABALAH M´ISTICA

“Vi tamb´em a cidade santa, a nova Jerusal´em, que descia do c´eu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.” (Apocalipse 21:2)

139

˜ CONCLUSAO

Conclus˜ ao • A essˆencia da Kabalah ´e comum a todas as tradi¸c˜oes m´ısticas e religi˜oes; • Esta essˆencia foi filtrada e incorporada a estas tradi¸c˜oes, recebendo de cada uma delas uma vestimenta diferente; • Assim, a Kabalah permite desvendar o significado esot´erico de seus s´ımbolos e alegorias.

140

PARA SABER MAIS

Para saber mais • F.V. Lorenz, No¸c˜ oes Elementares de Cabala: A tradi¸c˜ao esot´erica do ocidente, Editora Pensamento, 1912. • William Wynn Westcott, An Introduction to the Study of the Kabalah, 1910. url: http: //www.ufpel.edu.br/~campani/WWWKabalah.pdf.

141

PARA SABER MAIS

• Christopher P. Benton, An Introduction to the Sefer Yetzirah. url: http://www.maqom.com/journal/paper14.pdf. • Gershom Scholem, A Cabala e seu Simbolismo, Editora Perspectiva. • Leonard Glotzer, The Fundamentals of Jewish Mysticism, Jason Aronson, 1992.

142

PARA SABER MAIS

• Daniel Feldman, Qabalah: O Legado M´ıstico dos Filhos de Abra˜ ao, Editora Madras. • Daniel Feldman, Qabalah: The Mystical Heritage of the Children of Abraham. url: http: //www.workofthechariot.com/PDF/qabalah.pdf. • David Cooper, Ecstatic Kabbalah, Sounds True. • Sri Swami Krishnananda, Yoga, Meditation and Japa Sadhana. url: http://www.ufpel.edu.br/~campani/ymj.pdf.

143

144

Uma Introdu¸c˜ ao ` a Kabalah Carlos A. P. Campani [email protected] http://www.ufpel.edu.br/~campani/lamcabala.pdf http://campani.greatnow.com

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