Jornal Tanara

  • June 2020
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  • Words: 2,838
  • Pages: 6
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Tanara Ano 1 - Número 1 - Setembro/2009

Jocana

Carol Neves

Clínica de Estética Prado - (73) 3298-1830

Comercial Cumuru

M. Rodrigues

FARMÁCIA K´SARA

Cumuru Artes

Padaria Cumuru e IMNIANSA S d edM T RTERME M Morro da Fumaça - Cumuruxatiba

TELE-PIZZA - 3573 1350 / 8827 8986

EspaSU

Noveanos anosde de Nove

Resex Corumbau

De olho no ambiente

Ao invés de poluir, óleo vira sabão

Cultura indígena

Nanda Azevedo

A beleza do artesanato pataxó Marciel F. de Souza, de Cumuruxatiba, Maria da Penha Braz Bomfim e Renata F. Nascimento, de Barra Velha

plantadas nos quintais dos artesãos. A maioria têm nomes de origem indígena: pacari, mauí, pariri, tingui, salsa de olho, olho de pombo, entre outras.

A aldeia de Barra Velha, no município de Depois de colher as sementes, as Porto Seguro, é uma das comunidades da melhores são selecionadas pelo tamanho, Resex que mais trabalha com artesanato. e pela qualidade. Antes de produzir o Grande parte de Fotos: Peninha artesanato elas são tratadas seus três mil habitantes vive basicamente da produção de colares, brincos e pulseiras feitos com sementes. Antigamente a aldeia produzia muito artesanato em madeira. Só que para ficarem livres como hoje está difícil de consegui-la, de pragas e de e a mata precisa ser preservada, bolor. Os artesãos vários trabalhos de conscientização usam para isso foram realizados e a comunidade uma fórmula comestá adotando as sementes como posta de óleos principal matéria-prima. vegetais, que perUm pouco do artesanato Cada modelo de artesanato tem mite a durabilidacores com significados diferentes. Verde e de por pelo menos dois anos. amarelo trazem sorte; o vermelho, proteção espiritual - essa cor é a mais usada nos Barra Velha recebe turistas que querem colares que os pataxós utilizam em rituais. conhecer sua cultura. A aldeia fica entre as As sementes são colhidas na mata e comunidades de Corumbau e de Caraíva.

Fernanda Januário de Azevedo e Juliana Sakagawa Prataviera

Depois de fritar aquele peixe suculento ou aquela batata frita, o que você faz com o óleo usado? Joga na pia? No ralo ou no quintal, certo? ERRADO! Você sabia que um único litro de óleo usado pode contaminar milhares de litros de água? O óleo quando cai no solo pode impedir a passagem de água causando entupimentos e enchentes. Se chega aos rios, esse óleo não deixa entrar luz e atrapalha a circulação de oxigênio, o que pode causar a morte de diversas espécies. Então, o que podemos fazer com esse óleo? Em Cumuruxatiba, o cabeleireiro Fábio Ferreira da Silva, conhecido como Binho, há quatro anos resolveu brincar de fazer sabão com óleo usado. “Foi um meio de distração que eu encontrei para passar o tempo e também com a intuição de reciclar”, explica ele, que vende o sabão em pasta e líquido.

Acima, Binho mostra a produção de sabão líquido e de sabão em pasta. Ao lado, ele começando o preparo do sabão com o óleo reutilizado

Quem quiser doar óleo e garrafas plásticas para embalar o sabão, comprar ou até mesmo aprender a fazer pode entrar em contato com Binho pelo tel. (73) 8837-3684.

Cumuru terá festival cultural em 2010 Os grupos Abada (Associação Brasileiro de Apoio e Desenvolvimento da Arte-Capoeira) e Ser Movimento (Grupo de Estudos Afro-Indígenas de Cumuruxatiba) promoverão cursos de capoeira, dança afro-indígena e outras atividades no verão do próximo ano.

O objetivo é fortalecer e desenvolver um trabalho junto à comunidade local e turistas, mostrando e enriquecendo nossa cultura. Os organizadores precisam de apoio para as atividades e quem quiser ajudar pode entrar em contato pelo tel. (73) 8825-2988. TANARA - 03

Palavra da turma

A nova voz da Resex Tanara chegou para ser voz; informando, dando a oportunidade de pensarmos juntos sobre os anseios e necessidades de uma comunidade dona de uma reserva extrativista. Nosso objetivo é trazer para as comunidades que formam a Resex Corumbau, uma oportunidade de informar, refletir, mostrar os problemas e se possível apontar caminhos para achar soluções; apoiar e incentivar atitudes que tragam melhoramentos para nossas comunidades. A primeira edição deste jornal foi feita por uma equipe com gente de Cumuruxatiba, Imbassuaba, Veleiro, Corumbau e Barra Velha, que se reuniram em oficinas promovidas pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes Para a Biodiversidade. Nesse número, o desta-

Tanara

que é a própria Resex. Estamos aqui para incentivar a pesca artesanal e sustentável, e que nossas comunidades continuem se orgulhando de serem vilas de pescadores, sem degradar a natureza, permitindo tudo isso aos nossos filhos, netos , bisnetos. Somos a voz da RESEX-

ECODRINHOS

Por Nanda Azevedo

CORUMBAU, estamos aqui para unir aqueles que desejam o bem para as nossas comunidades, para os nativos, e para apoiar esta idéia... Participe com a gente! Equipe Tanara

Ano 1 - Número 1 - Resex Corumbau Distribuição inicial: 500 exemplares

Equipe Tanara: Jaqueline e Issara Conceição do Carmo (Corumbau), Maria Braz Bonfim e Renata Ferreira Nascimento (Barra Velha), Marciel Ferreira de Souza, Ufredes Nascimento, Shaldson de Jesus, Juliana Sakagawa Prataviera, Welton Reis de Souza, Fernanda Azevedo, Elizabete da Cruz Marinho, Naruan Liro Saraiva Pinto, Alcione Pereira Simão, Pedro Fidel Batista Leão Cangussu, Eliane de Castro Brandão, Emerson Nascimento Matos Neves, Janderson F. Neves (Cumuruxatiba) e Ana Carolina C. Neves (Imbassuaba), Sérgio S. de Jesus e Zeca do Veleiro (Veleiro) Ilustrações capa e motivos pataxós: Vazigton Oliveira Guedes Diagramação: Débora Menezes

2 - TANARA

TANARA - 11

A comunidade de olho

Eventos

Haja paciência com nossas estradas! Calendário de Festas na Barra Velha Pedro Fidel, Ufredes Nascimento e Eliane Brandão, de Cumuruxatiba, e Zeca do Veleiro, de Veleiro

pela prefeitura de Prado em função da recuperação da Ponte do Japara, na estrada de Cumuruxatiba: um da própria ponte e outro de redução do impacto causado no mangue. Quando questionado, o Secretário de Obras do município de Prado, Luis Ramos, informou: “o importante é construir a ponte. Já o mangue...” A previsão é que as obras sejam entregues em dezembro. Depois de entrevistar todos os órgãos envolvidos, percebemos que existe um “jogo de empurra”. É fato que a manutenção dessas estradas na Resex são de responsabilidade do município e o DERBA - Departamento de Estradas e Rodagem, do Estado, precisa repassar verbas para garantir essa manutenção. Vale lembrar que uma parte do IPVA – Imposto sobre Veículos Automotores, é destinada ao município para as estradas. Precisamos de decisões rápidas para melhorar as estradas, sem esquecer de preservar o ambiente em volta!!

As estradas que ligam as comunidades que fazem parte da Resex Corumbau estão em péssimas condições. Todos perdem: o turista deixa de vir por medo de entrar e não sair, além dos danos causados em seu veículo; o comerciante deixa de comprar e vender; se alguém adoece e precisa de atendimento, corre o risco de não chegar ao socorro. Além de todo esse transtorno, temos um outro problema grave: os estudantes perdem em média 40% do ano letivo, não só por causa das chuvas, mas também pelas constantes faltas dos ônibus, que se desgastam e quebram além do normal - e infelizmente não dá para repôr essas aulas. Segundo informações das escolas de Cumuruxatiba, em torno de 250 alunos são prejudicados e,como foi lembrado pelo promotor, Wallace Carvalho Mesquita de Naruam Pinto Barros, a educação é um direito previsto na Constituição e é dever da família, do estado e dos municípios garantirem o acesso. Ele orienta: se a patrola não passa há anos em uma estrada e sequer colocam cascalho nas ladeiras, e as crianças ficam sem aula por isso, reclame, reivindique e acione o Ministério Público, caso a Prefeitura não responda adequadamente. Dois projetos deverão ser implantados O estado da ponte sobre o Japara 4 - TANARA

Marciel Ferreira de Souza

Festas como essas da Barra Velha juntam os amigos e movimentam o comércio local. Venha participar! Festa de São Braz - Barra Velha 3 de fevereiro

cada casa um pouco da casca do pau. Cada vez que se deixa essa casca em uma casa, aquela família ganha energia positiva, para que a paz possa reinar cada vez mais naquele lar. Fonte: Livro, Leituras Pataxó (Raízes e Vivências do povo Pataxó nas Escolas)

Festa de Reis - Barra Velha Essa festa é recente na comunidade 08 de dezembro a 06 de janeiro indígena de Barra Velha, surgiu mais ou menos na década de 1980, quando a Uma das atrações da festa são os família Braz se Arquivo Barra Velha f o l i õ e s , q u e vestem máscaras reuniu e decidiu c antando e comemorar essa tocando instrudata em sua mentos musicais. homenagem. Logo nas No dia de Natal as máscaprimeiras festas, ras são vestidas cada família pelas crianças. colabora como pode. Arrecadam "É uma makaiambá (dinheineira de tirar a ro) e compram O mastro de São Bráz entra nas casas garotada do mau caminho”, explica porcos, vacas. Tudo é dividido pela comunidade, nenhuma Pedro Assunção Miranda, também conhecido como Pedro Piroca, um dos família fica sem comida. Os festejos começam no dia 1º de coordenadores da festa. fevereiro, com um samba na casa dos A Festa de Reis é um evento humilde, festeiros.No dia 3 encerram-se os festejos. mas que retrata fielmente a cultura do seu É quando todos vão para a mata buscar um povo na época da apresentação. mastro de madeira que simboliza o santo. As músicas entoadas transmitem a luta Chegando à aldeia com o mastro, saem de um povo sofrido por dias melhores para visitando todas as casas, deixando em sua gente. TANARA - 9

Especial Resex

Especial Resex

Comida e cultura: é festa!!! Jaqueline e Issara Conceição do Carmo, de Corumbau

O dia 21 de setembro de 2000, data de publicação da criação da Resex Corumbau, é um marco em nossa região. A conquista da Resex foi uma vitória e uma luta dos pescadores que merece não passar em branco. Dessa forma, os primeiros quatro anos das comemorações se deram na comunidade de Corumbau, passando depois para outras comunidades, como Caraíva e Cumuruxatiba, que foi palco da festa no ano passado. Isto favoreceu a interação das comunidades e conhecimento das diversas culturas que fazem parte da reserva. Realizada em dois dias (sábado e domingo), o destaque para a noite do primeiro dia são bandas da região. No segundo dia há apresentações de cada comunidade presente: puxada de rede, capoeira, o awê dos Pataxó, dança afroindígena e o Curumim Batuque, grupo de percussão de Cumuruxatiba. Há também comidas típicas como as moquecas e bobó de camarão, e eventos esportivos - corrida de canoa, pescaria e campeonato de futebol. Ainda há um concurso Garoto e garota Resex. Agradecemos aos apoiadores da festa 8 - TANARA

da Resex 2009: Prefeitura Municipal de Prado, Farmácia do Povo, Pousada Xauá, Look Gás, Portugal, Jubarte Limpeza Pública, Vereador Cona, Pousada Corumbau, Robertinho Brito, Bebete, Martine, Associação dos Nativos e Amigos de Caraíva (ANAC), pescadores de Corumbau, ICMBio, Claudiomar e Itamar. Fotos: Rodrigo Moura

Momentos da festa de 2008, em Cumuru: puxada de rede e bolo gigante são atrações

Os pataxós sempre apresentam seus rituais de dança e de música

Conheça a

Resex Corumbau Eliane Brandão e Juliana S. Prataviera, de Cumuruxatiba

Você sabe o que é Resex? Unidade de conservação? E conselho deliberativo? Já ouviu falar desses termos? Segundo a legislação, uma unidade de conservação é o “espaço territorial e seus recursos ambientais com características naturais de relevante importância”. Entendeu? Isso quer dizer que é um lugar que tem muitas riquezas naturais e passa a ser protegido por lei. A Reserva Extrativista Marinha de Corumbau foi criada em 2000 e abrange uma área de aproximadamente 89 mil hectares. A Resex possui cerca de 420 extrativistas cadastrados, moradores das comunidades de Cumuruxatiba, Imbassuaba, Veleiro e Corumbau – município do Prado e das comunidades de Barra Velha, Caraíva e Curuípe – município de Porto Seguro. A Resex está no grupo das unidades de conservação de uso sustentável - ou seja, a orientação é usar os recursos naturais de maneira que não faltem para as gerações futuras. O objetivo principal é o de proteger os meios de vida e a cultura das populações extrativistas. Para alcançar esse objetivo é necessária a elaboração de um plano de manejo para regularizar as atividades dos mais de 400 extrativistas cadastrados na unidade. Um exemplo de como o plano de manejo atua são as orientações sobre o período de defeso, ou ainda o ordenamento das atividades de embarcações turísticas. O Conselho Deliberativo da reserva é seu principal instrumento de gestão. Os conselheiros participantes devem saber a importância do seu papel e sempre repassar informações e decisões de reuniões. A Resex é a comunidade, não tem como separar. E só vai dar certo para atender às demandas dos pescadores se toda a comunidade participar. TANARA - 5

Especial Resex

Especial Resex

Queremos uma reserva

participativa e sustentável Juliana S. Prataviera, Welton Reis de Souza, Naruan Pinto, Ufredes Nascimento, Pedro Fidel, Eliane Brandão e Emerson Nascimento Matos Neves, de Cumuruxatiba A Resex Corumbau serve para proteger nossa costa de pessoas que querem extrair nossas riquezas naturais, sem se preocupar com os recursos para as gerações futuras. Tudo começou com a mobilização de pescadores do Corumbau, que se sentiam ameaçados por barcos de outras regiões. Da união e mobilização surge a Resex, e os responsáveis por ela são os próprios pescadores, que sustentam suas famílias há várias gerações. Porém, faltam políticas públicas de apoio à pesca artesanal e sustentável. Segundo Valreis Sabino Rodrigues, conhecido por Dureis, pescador de Cumuruxatiba, “como que o nosso filho seguirá a mesma profissão se o que ganhamos mal dá para nos sustentarmos? Ele vai ficando ‘sabedor’ de que ser pescador não é a melhor solução para o futuro.” 6 - TANARA

Então, como essa situação pode mudar? A criação da Resex veio também para incentivar os pescadores a se unirem e organizarem as comunidades para e buscarem incentivos, meios e recursos para valorizar o seu pescado e sua profissão. Carol Neves

E tem mais: “temos que cobrar nossos direitos e políticas do governo para a área; usar os recursos sustentavelmente; e lutar contra grandes empreendimentos que destróem o ambiente” – diz o representante do ICMBio, Ronaldo Oliveira, afirmando que tudo isso ajuda a manter as riquezas de nossa região.

Vale lembrar que tudo depende de vontade e compromisso, e que um dos maiores problemas da reserva é a fiscalização precária sobre as atividades, seja de pesca, seja do turismo, e não cabe ao governo apenas, mas a todos os que fazem parte da Resex Corumbau, chamar a atenção e denunciar pessoas que cometem agressões e destruição - mesmo que elas sejam de nosso próprio meio. Tudo isso é para garantir nosso sustento!

Pescador: retroceder ou mudar? Eliane Brandão, de Cumuruxatiba

A Resex está completando nove anos de existência e atuação, trazendo, na maioria das vezes, benfeitorias indiretas. Muitos dirão que não vêem benefícios; questionam, ficam injuriados, porém, vamos pensar juntos... A unidade tem dono e o dono é o pescador, que deve ser o beneficiado. Os que estão no entorno são bem vindos, mas devem seguir regras do plano de manejo. Quando existe um curso, uma oficina, são sempre as mesmas pessoas que vão. Ou porque os interessados que deveriam ser todos os pescadores têm outro compromisso, ou não viajam para tão longe ou ainda acham que não vão saber falar. Quando o plano de manejo foi construído, ficou claro e está registrado que dali a três anos deveria ser revisto para se adequar à realidade da unidade, para ver as necessidades, tirar o que não serve, colocar o que e como os pescadores precisam, sem destruir o ambiente. Não só os três anos, mas sete anos se passaram e ainda não conseguiram fazer a revisão. Ouvimos dizer: “fecham a pesca, seja do robalo, da lagosta ou camarão quando já está na hora de abrir”; “antigamente, as canoas não precisavam ir tão longe para conseguir o peixe.” Para mudar isso, está na hora de

deixar de reclamar, culpar e ir à luta, participar, ir a reuniões, encontros, cursos, afinal são nessas ocasiões que podemos pensar juntos como conseguir o que precisamos - quem sabe o que o pescador precisa é ele, não quem está fora de sua realidade. Não se pode ter vergonha de falar, de conhecer e brigar pelos seus direitos. Aquele que se cala está fadado a ser explorado e a ficar com o que sobra. É preciso pressionar o ICMBio, órgão responsável pela Resex, para que a revisão do plano de manejo seja terminada. E quando vierem consultores contratados, que muitas vezes não conhecem a região, só com a participação do pescador é que o plano terá a cara da comunidade. A você, pescador, dono desta reserva, um pedido do futuro: pesca é cultura. Permitam e incentivem seus filhos a não deixarem esta cultura morrer. Que eles tenham outros conhecimentos para se virarem na vida, mas que saibam que pescadores unidos podem trazer muitos benefícios não só para si e sua família, mas para a comunidade.

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